Dom Lefebvre enxergou o dilema com clareza: ou capitular diante da tirania
sob pretexto de obedecer, ou resistir à tirania, recusando uma falsa obediência:
“Se esse governo [da Igreja conciliar] abandona sua função e se volta contra a fé, o que devemos fazer? Permanecer apegados ao governo ou permanecer apegados à fé? Temos de escolher. A primazia é da fé ou é do governo? Estamos diante de um dilema e nos vemos obrigados a escolher.”
Uma argumentação duplamente falsa
Num pequeno livro publicado no ano passado pelas Edições Santa Madalena do mosteiro do Barroux (França), Dom Fernando Áreas Rifan raciocina exatamente como se o estado de necessidade não existisse mais, 20 anos após as sagrações de Ecône, ou não tivesse jamais existido. Este livro intitulado Tradição e Magistério Vivo é a retomada de uma Orientação pastoral destinada aos padres da Administração Apostólica São João Maria Vianney de Campos. O livro tem 3 capítulos. O primeiro lembra os dados elementares da teologia tradicional sobre o magistério. Os dois capítulos seguintes fazem a aplicação desses princípios: o segundo à questão da missa e o terceiro aos ensinamentos do concílio Vaticano II. O erro fundamental dessa reflexão é duplo: ela apresenta uma ideia falsificada do magistério e nega o estado de necessidade.