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Estressores presentes no luto

Dra. Giovana Kreuz¹

É importante conhecermos alguns dos estressores muito intensamente presentes


no luto por suicídio que podem configurar como caraterísticas do luto por suicídio
(Cândido, 2011; Silva, 2015; Worden, 2013), assim, potencializando a possiblidade de
complicações:
1. Os enlutados podem experimentar sentimentos de culpa e um questionamento de
dúvida insistente, traduzido como: “Eu poderia ter evitado, se...”;
2. São comuns os sentimentos de vergonha e constrangimento, referindo-se ao fato de
sentirem-se expostos socialmente e, consequentemente, rejeitados pela comunidade
devido ao suicídio na família – sentimento intensificado, muitas vezes, pelos
comentários nas mídias sociais.
3. Sentimentos ambíguos, incluindo raiva, pois é corrente o questionamento: “Como
pôde ter coragem de fazer isso comigo, de deixar os filhos; me fazendo passar por tudo
isso?”.
4. Sensação de angústia ou falta de sentido existencial, estigmatização, de falta de apoio
ou compreensão dos outros, assim como uma maior tendência ao isolamento.
5. Medo da repetição, pois há o risco de que mais pessoas próximas, caso não recebam
apoio, tentem o suicídio.
6. A dificuldade em falar sobre suicídio pode favorecer o pacto do silêncio e a
cristalização de um segredo familiar, afetando a comunicação e a credibilização do
sofrimento.
7. A depender de como o corpo fica após o ato (muitas vezes mutilado, exigindo urnas
lacradas) pode haver impedimentos para as práticas de rituais fúnebres.
8. Questões de cunho religioso podem ser complicadores para os familiares, pois o
suicídio ainda é considerado como ato pecaminoso ou castigável para muitas religiões.
É necessário considerar, segundo Cook et al (2015), que as pessoas enlutadas
pelo suicídio podem ser potencialmente afetadas por três tipos de trauma:
* O Trauma psicológico – associado à reflexão ou reconstrução da trajetória de dor
psicológica pela qual passou a pessoa falecida.
* A exposição direta à cena do suicídio – ocorrendo quando o enlutado é aquele que
testemunhou o ato ou encontrou o corpo.
* A exposição imaginada – quando o enlutado, mesmo não estando presente no ato,
considera ou recria uma imagem mental do ocorrido ou do sofrimento pelo qual passou
a pessoa ao morrer ou anteriormente ao ato.
Diante de tantos aspectos específicos, a prevalência de luto complicado pode
aumentar quando a causa da morte é o suicídio, isso devido a fatores como “falta de
preparação para a morte (morte inesperada), a dificuldade na atribuição de um
significado/explicação para o suicídio, e a presença de diversos estressores sociais”
(Nakagima et al, 2012 apud Ferro, 2014, p.247). Por isso, sinais importantes como os
listados a seguir, devem servir de alerta e serem cuidadosamente avaliados em conjunto
com a expectativa da pessoa enlutada:
1. Pensamento intrusivo e persistente relacionados à morte;
2. Ansiedade de separação;
3. Descrença intensa e prolongada em tudo que antes fazia sentido X extrema
dificuldade em construir novos sentidos ou adaptar-se à perda;
4. Luto que perdura muito no tempo, impedindo a pessoa de dar sentido ou continuidade
à própria vida, ou seja, causando disfunções, prejudicando suas atividades ou colocando
sua integridade em risco.

Referências

Cândido, A.M. (2011). O enlutamento por suicídio: elementos de compreensão na


clínica da perda. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, Brasília.

Cook, F.; Jordan, J.R. & Moyer, K. (2015). Responding to Grief, Trauma, and Distress
After a Suicide: Survivors of Suicide Loss Task Force. U.S. National Guidelines.

Ferro, A. (2014). Luto e suicídio. In: Barbosa, A. (org.). Contextos do luto (pp.245-
260). Lisboa: Núcleo acadêmico de estudos e intervenção sobre o luto, Faculdade de
Medicina, Universidade de Lisboa.

Silva, D.R. (2015). Na trilha do silêncio: múltiplos desafios do luto por suicídio. In.
Casellato, G. (org.). O resgate da empatia: suporte psicológico ao luto não reconhecido.
SP: Editora Summus.
Worden, J.W. (2013). Aconselhamento do Luto e Terapia do Luto: um manual para
profissionais da saúde mental. São Paulo: Roca.

¹Psicóloga (Pontifícia Universidade Católica do Paraná Brasil PUCPR, 1999),


Especialista em Psicologia Hospitalar (Conselho Federal de Psicologia - CFP) e da
Saúde (pela Associação Latinoamaericana de Psicologia da Saúde - ALAPSA),
aprimoramento em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto (Instituto de Psicologia 4
Estações-São Paulo), Mestre em Saúde Coletiva (Universidade Estadual do Rio de
Janeiro - UERJ), Doutora em Psicologia Clínica (Pontifícia Universidade Católica PUC-
SP, 2017). Trabalhou como psicóloga hospitalar no Hospital do Câncer UOPECCAN
(2001-2011). Atende em consultório de psicologia. Foi colaboradora voluntária na
capacitação sobre Prevenção e Posvenção do suicídio (para 840 funcionários na
Secretaria de Saúde/Prefeitura de Maringá-PR, em 2016/2017), colaboradora do Centro
de Valorização da Vida em Maringá o qual representa no Comitê de Prevenção e
Posvenção do suicídio da Secretaria de Saúde de Maringá PR.
Email de contato: giovana@spespsicologia.com.br
Acesso ao CLattes: http://lattes.cnpq.br/4829032098768031

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