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Paulo Bregantin - SBPI
Não seguirei um roteiro muito que lógico, pois tenho em mente passar as
informações de Lacan conforme tenho dado as aulas dele (Lacan) na SBPI
(Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa), portanto, creio que seja muito
importante que o leitor não seja tão critico os o cronológico do que Lacan
escreveu ou falou, ou seja, as datas podem variar, porém o conteúdo será
preservado para que as idéias propostas por Lacan para a releitura de Freud
seja sempre preservada e mantida.
Claro que como Professor da SBPI, utilizarei nossa forma integrativa para
escrever esse material, sempre levando em conta uma forma simples para o
entendimento e, tentando desmistificar o “medo” do ensino e aprendizado que
Lacan oferece.
Desafio você aluno e leitor a viver esse desafio de conhecer Lacan, um homem
que em seu tempo ensinou e desvendou muitos mistérios sobre o ser humano,
fazendo uma releitura minuciosa sobre a obra de Freud.
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É na década de 1970 que Lacan dará cada vez mais prioridade ao registro do
Real. Em sua tópica de três registros, Real, Simbólico e Imaginário, RSI, ao
Real cabe aquilo que resiste a simbolização, "o real é o impossível", "não cessa
de não se inscrever".
Se grande parte de sua obra foi marcada pelo signo de um retorno a Freud,
Lacan considera o Real, junto com o Objeto a ("objeto ausente"), suas
criações.
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1932: Inicia sua análise com Rudolf Loewenstein. Defende a sua tese de
doutorado, Da psicose paranóica em suas relações com a
personalidade.
1934: Casa-se com Marie-Louise Blondin, com quem terá três filhos.
Caroline (1937), Thibault (1939) e Sybille (1940).
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Tese
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Seminários publicados
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SINTOMA
UM POUCO DE FREUD
GOZO I E GOZO II
ESTÁGIO DO ESPELHO
A FANTASIA
QUARTO NÓ / SINTOMA.
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Vamos conhecer um pouco sobre sintoma, pois para Lacan o sintoma tem
três características:
Escrito isso vamos sempre que pensar em “Sintoma” levar em conta o que
Lacan pensa sobre essa palavra e, em todo esse material é fundamental
que tenhamos em mente que Lacan utilizava de todas as ferramentas
gramaticais e o que for preciso para explicar suas teorias e entendimento
dos escritos de Freud para que por fim a psicanálise fosse como ele mesmo
escreveu: “O inconsciente é estruturado como uma linguagem. ”
Para Lacan o sintoma é muito importante e, por isso, vamos analisar como
Lacan vê a palavra sintoma:
Bem, mas o que é um sintoma para Lacan? Vamos tentar explicar como ele
entendia o que era sintoma:
Experiência para o analista é quando o paciente diz e não sabe o que diz, é
quando o paciente gagueja, é o instante que ele hesita, balbucia e sua fala
subtrai...enfim, é quando o paciente sem perceber “fala” ou até gesticula
fazendo com que o inconsciente fale e, ás vezes, até mesmo grite.
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Gozo
Saber inconsciente (S2)
Não existe relação
sexual
O inconsciente é estruturado com uma linguagem
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Exemplo: O analisando fala que tudo que ele está vivendo desde quando
começou a analise tem relacionamento com o que está sendo tratado no
período da analise.
Não podemos ficar ouvindo o analisando se nos identificarmos com o que está
sendo falado e, como veremos para Lacan o falar é muito mais que
simplesmente expressar sentenças pela boca. O falar que Lacan descreve é
como ele mesmo chama “Alíngua” – falaremos sobre isso mais adiante...
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UM POUCO DE PSICANÁLISE
I. DEFINIÇÃO
II. HISTÓRICO
Primórdios da Psicanálise
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A Regra Fundamental
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Essa intensa vivência dos conflitos originais era um processo doloroso para o
paciente, mas a elaboração desse sofrimento emocional (insight) tornava o
tratamento eficaz, devido a um novo equilíbrio e distribuição de energia
psíquica, promovendo uma reorganização das estruturas psicológicas, com
configurações mentais mais saudável.
Histeria
O termo origina-se do grego, hystéra, que significa útero. Uma antiga teoria
sugeria que o útero vagava pelo corpo e a histeria era considerada uma
moléstia especificamente feminina, atribuída a uma disfunção uterina. Na
verdade, os sintomas histéricos podem se manifestar em homens e mulheres e
são mais comumente observados na adolescência.
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causar grande sofrimento com dores agudas, para as quais nenhuma causa
orgânica pode ser determinada.
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ANSIEDADE
MECANISMOS DE DEFESA
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Assim, em "O Ego e o Id" (1923), Freud diz que a psicanálise é o instrumento
que permite ao ego uma conquista progressiva do id.
Desenvolvimento Psicossexual
Fase Oral
Primeiro estágio do desenvolvimento psicossexual
Karl Abraham sugeriu a fase sádico-oral como uma subdivisão da fase oral, de
acordo com as seguintes atividades:
Uma estrutura de caráter oral caracteriza-se por traços tais como a ganância,
dependência, intolerância, agitação e curiosidade.
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Fase Anal
Segundo estágio do desenvolvimento psicossexual
Karl Abraham sugeriu que a fase sádico-anal fosse sub-dividida em duas fases:
Primeira fase - o erotismo anal está ligado à evacuação enquanto que a pulsão
sádica tem por objetivo a destruição do objeto;
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Fase Fálica
Terceiro estágio do desenvolvimento psicossexual
Pela primeira vez, em "A Organização Genital Infantil" (1923), Freud define a
fase fálica (3-5 anos de idade), subseqüente às fases oral e anal, que são
organizações pré-genitais.
Essa fase corresponde à unificação das pulsões parciais sob a primazia dos
órgãos genitais, sendo uma organização da sexualidade muito próxima àquela
do adulto (fase genital).
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Período de Latência
Ainda que este período constitua uma pausa na evolução da sexualidade, este
fato não significa necessariamente que a criança não tenha nenhum interesse
sexual até chegar à puberdade, mas principalmente que não se desenvolverá
nesse período uma nova organização da sexualidade.
Fase Genital
Quarto estágio do desenvolvimento psicossexual
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Complexo de Édipo
Inspirado pela lenda grega, Oedipus Rex, de Sófocles, Freud descobriu o
Complexo de Édipo durante sua auto-análise.
A proibição contra o incesto é uma lei universal nas mais variadas culturas. O
destino de Hamlet mostra que mesmo um triunfo edipiano disfarçado pode
tornar-se uma sombra ameaçadora, devido à trágica "gratificação" de seu
desejo inconsciente.
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Referências
Freud, S.
http://www.geocities.com/~mhrowell/paginadefreud.html
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O Signo para Laca é aquilo que representa algo para alguém. É um dado
sintoma que representa algo para aquele que sofre e, ás vezes, para aquele
que escuta. (Analista e Analisando).
Lacan indicará aos analistas em formação que lhes sejam ensinados alguns
rudimentos de lingüística, nem que fosse apenas “ a instituição do significado e
significante”.
Ele demonstra que o vínculo entre um nome e uma coisa é, ao contrário do que
pode parecer, uma operação complexa.
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O Signo Lingüístico
Assim, o signo “árvore”, por exemplo, estabelece uma relação entre dois
termos de ordem psíquica: o conceito árvore e a imagem árvore.
Conceito
_______________________
Imagem acústica
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Valor Lingüistico:
Suassure trata a língua como um sistema de puros valores. Cada uma das
partes se sustenta pelas outras.
A Língua:
Não da para conceber idéias sem que elas estejam configuradas na ordem da
língua.
Lacan entende que entre o significado e significante não há união em si, mas
sim uma separação.
ALGORITMO LACANIANO
S
S
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Arvore
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Nesse outro exemplo pense em duas portas de banheiro, o que faz com essas
portas sejam diferentes? Vejam a figura abaixo:
Cavalheiros Damas
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3 aspectos do significante:
Obs: Para Lacan a repetição tem como conceito S1 – Significante UM, ou seja,
o número 1 vem assinalar que trata de um acontecimento ÚNICO, o sintoma é
sempre da ordem de UM e a letra S é notação da palavra SIGNIFICANTE.
Ou seja, uma piada ou forma de falar que leva o analisando a demonstrar uma
forma de falar espontânea e, que mesmo triste abatido força uma risada dele
mesmo e do analista.
Pois se o analista avaliar um chiste, pode fazer uma pergunta pertinente que dê
acesso ao inconsciente do analisando.
Não é “por que” que o analista quer e necessita saber e sim o “como” ex.;
Como se organiza o desfile dos acontecimentos de sua vida? Qual é a ordem
da repetição?
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Ex.: Quando o analisando ri, fala um chiste, sonho, etc., e, o analista percebe
somente “como” e não “por que” entra no inconsciente e, isso é terapia...
O Inconsciente é um saber, não apenas porque sabe colocar uma dada palavra
num dado instante, mas também porque garante a característica da repetição,
logo, o inconsciente é o saber da repetição.
O GOZO:
Para dar conta da teoria do gozo, Lacan parte da tese freudiana de energia
psíquica. O ser humano é perpassado pela aspiração, sempre constante e
jamais realizada, de atingir um objetivo impossível: o da felicidade absoluta,
uma felicidade que se reveste de diferentes imagens, dentre elas a de um
hipotético prazer sexual absoluto, experimentado durante o Nincesto.
Essa aspiração, chamada desejo, esse ímpeto nascido das zonas erógenas do
corpo, gera um estado doloroso de tensão psíquica – uma tensão tão mais
exacerbada quanto mais o ímpeto do desejo é refreado pelo dique
do Nrecalcamento.
O gozo para Lacan não é uma energia como diria Freud. Porém, ele diria que é
uma energia do inconsciente quando o inconsciente trabalha, isto é, quando o
inconsciente está ativo e, ele está constantemente ativo, e garante a repetição
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Veja a formula de Lacan para isso: “...o inconsciente é que o ser, ao falar,
goza.”. Lacan em um de seus seminários.
Por Lacan falar muito em seus seminários sobre GOZO creio que vale muito
fazer uma diferenciação entre GOZO e PRAZER:
O gozo faz-se ouvir por atos cegos, sejam eles ações produtivas, quando um
pintor cria, fora de si, sua tela, ou ações destrutivas.
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Uma parte que sobra dessa energia passa para o exterior (Pc- Pré-consciente
e C - Consciente) e, se manifesta através do sonho, lapso ou sintoma.
O gozo, portanto, é aquilo que está para além do princípio de prazer, que é da
ordem do excesso, da transgressão, e que, segundo Lacan, é causa de
sofrimento.
Pode-se dizer que o princípio de prazer funcionaria como uma espécie de limite
ao gozo. De acordo com o princípio de prazer, o sujeito deveria “gozar apenas
o possível”, para que não adviesse o desprazer.
Percebemos, assim, que o princípio de prazer pode ser encarado como uma
espécie de “guardião” de um estado de homeostase* e constância, o qual o
gozo insistentemente ameaça romper.
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Porem J.A. Miller propõe uma outra periodização da obra de Lacan diferente
daquela de 1982. No seminário Los signos del goce[ii], de 1987, ele sugere a
idéia de um primeiro e um segundo Lacan. Essa divisão é baseada na idéia de
mudança de axioma. Miller afirma que em Lacan não há evolução, não há
avanço, não há progresso, mas rupturas.
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II O que é o gozo?
Para pensar noção de gozo em Lacan, pode-se dividir sua obra em antes e
depois do Seminário 20[iii], pois há uma mudança radical ocorrida nesse
Seminário. Antes dele, a principal definição de gozo se referia à concepção
jurídica do termo.
Ou seja a noção de gozo para Lacan é gozar de, que é outra coisa que gozar,
por isso pode-se identificar o momento anterior ao Seminário 20 como gozo do
Outro, ou seja gozar de alguma coisa.
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O sexo só tem valor pelo valor de gozo. Seu valor ão é pela descarga que
produz, o que importa a Lacan é o valor de gozo que o objeto sexual produz
para o sujeito.
Por isto Lacan no Seminário 14, A lógica da fantasia, aula 20, 31/05/1967
afirma: "De que goza o amo? A coisa em Hegel está suficientemente
percebida. A relação instaurada pela articulação do trabalho do escravo, faz
que o amo goze, não é no limite, senão forçar um pouco as coisas?.
Lacan fala que Hegel força um pouco as coisas, fazendo o amo gozar. ?E
quanto a nós, digamos que o amo goza do seu ócio, o que quer dizer, da
disposição do seu corpo?. A partir daí Lacan começa a insistir que o Outro é o
corpo.
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Como pensar de que maneira? Estar na posse de? Satisfaz a pulsão? Não se
ensina que a pulsão não se satisfaz? Então, o gozo é impossível. O gozo do
Outro é impossível. O gozo não se realiza porque a satisfação da pulsão
também não existe.
Lacan refere-se a vários tipos de gozo antes do Seminário 20, porém eles não
se encontram articulados entre si, são expressões do gozo do Outro, são
maneiras do sujeito estar na posse de alguma coisa
Todas as vezes que Lacan faz referencia ao gozo no Seminário I, ele está se
referindo a Hegel. Ele tinha falado em gozo poucas vezes antes, Ele fala em
gozo no texto A Família, e na "Introdução teórica às funções da psicanálise em
criminologia" (Escritos, p. 127), umas duas ou três vezes.
Portanto existe um tipo fundamental de gozo que é o gozo do Outro que não
vai ter o mesmo sentido que no Seminário 20.
A partir do Seminário 11, ele retoma Hegel sob outro ponto de vista e a partir
do Seminário 14, aparece a idéia de valor de gozo, que vai culminar no
Seminário 20, definindo p gozo como sendo gozo do Um
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Por que gozo do Outro não pode ser gozo do Um? Pode-se dizer que a partir
desse momento um vai ser sinônimo de gozo. É uma outra definição de gozo.
Por isso falamos da definição de gozo antes do Seminário 20 para apontar que
essa definição é um deslocamento da concepção do próprio gozo, onde ele é
anunciado como gozo do Um.
Antes o gozo era gozo do Outro, numa referência à linguagem. Não existe
signo. O signo é arbitrário. O significante e o significado nunca coincidem
então, o saber está sempre no Outro. A verdade está sempre no Outro. Nada
consiste em si mesmo. É um gozo que não se pode alcançar.
Se Lacan fala em gozo do Um significa que o gozo não está no Outro, mas ele
está lá, ele existe. A mudança de perspectiva é radical.
O que é Um?
Não há uma unidade entre a coordenação dos braços, das pernas e da cabeça.
Isso vai se dando céfalo-caudalmente na evolução neuromotora, o que Lacan
articula com a desmielinizarão do córtex cerebral
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Traço Unário um termo que Lacan tira de Freud de Psicologia das Massas. A
identificação se dá com um traço, se dá com um significante e não com a
imagem. O que determina a identificação do sujeito é um significante que
registra a ausência da falta, chamada por Freud de traço unário,e que é o outro
Um da psicanálise.
Lacan já usava este termo desde 57 em "A Instância da letra", onde ele
colocava a letra como causa material do significante.
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Se não há nada antes da linguagem, tem que haver uma sustentação material
que seja em si mesma. A isso aponta a crítica de Derrida. Tudo levaria a supor
que Lacan responde a essa crítica confirmando que a letra seria um traço
mnêmico, um engrama, um registro psíquico definitivo uma forma de conexão
neuronal, como queriam os colegas de orientação kleiniana.
No entanto, sempre fica uma marca. Freud diz que o inconsciente é assim: o
recalque apaga as inscrições anteriores, mas tem sempre uma marca material
que fica e que condiciona traços do que é escrito posteriormente.
Lacan diz que o inconsciente não opera como no Bloco Mágico. Para Lacan, o
significante não é um traço mnêmico, não é um registro material no sentido
neurobiológico do termo, mas no sentido formal do termo. No sentido do
materialismo formal., material é o que produz efeitos
Então, a idéia de materialismo econômico, é a idéia de que existe algo que não
precisa ser concreto, molecular, mas que produz efeitos.
O que seria então o Um no Real? O Um no Real foi pensado por Lacan através
do nó borromeano. Por isso, a conseqüência do Seminário 20 é a introdução
dessa figura topológica
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No Seminário 20, Lacan retorna ao gozo de Deus desde uma outra posição: vai
colocar o gozo de Deus como uma face do gozo da mulher.
Esses modos de gozo são pensados por Lacan a partir da articulação dos
registros entre si, proposta pela primeira vez em 1974 no texto "A Terceira",
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O espantoso é que Lacan vai citar o gozo fálico como gozo do órgão, quase
como gozo sexual, posição que retorna com toda força em Lacan a partir do
Seminário 18..
Para falar em gozo sexual como gozo do órgão Lacan situa o gozo fálico na
detumescência do pênis depois do orgasmo
Como entender esse gozo do Outro neste momento? Gozo do Outro é o que
está fora do simbólico, fora da palavra
É uma combinatória possível e muito útil para a clínica pois, por exemplo, é o
que permite pensar o fenômeno psicossomático, que não é um sintoma, mas
um fenômeno, é uma lesão de órgão., que decorre de uma marca que o
significante produziu no corpo. e que existe fora do simbólico, por isso é gozo
do Outro.
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[ii] MILLER, Jacques-Alain. Los signos del goce. Buenos Aires: Paidós, 1998.
[iii] LACAN, Jacques. O Seminário ? livro 20 Mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar
Ed., 1975.
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ALÍNGUA
Lacan cria uma palavra “alíngua” para distinguir a língua e a linguagem, para
algo muito mais complexo, ou seja, “alíngua” significa para Lacan o
inconsciente estruturado na linguagem, isto é, relativo a fala da mãe, a língua
da pele e de tudo que é relativo ao corpo.
Existe a língua que a mãe fala ou língua materna. É aqui que o inconsciente se
manifesta.
É nesse sentido que Lacan junta o artigo “A” com o substantivo “ Língua”
criando ALÍNGUA, ou seja, o jeito da pessoa não somente falar mas também
se portar, podemos dizer então que é “jeitão” da pessoa, ou a “zona de
conforto” de cada um de nós.
Dois pontos são fundamentais para “alingua” ou seja, a estrutura que significa
para lacan uma cadeia de elementos distintos em sua realidade material, mas
semelhantes em seu pertencimento a um mesmo conjunto.
1- Metonímia ou elos
2- Metáfora ou substituição.
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Metáfora:
Exemplos de metáforas
Eu estou sempre dando murro em ponta de faca.
Eu carrego o mundo nos meus ombros.
Os jogadores já estão preparados e estão no gramado que é um lindo tapete
verde.
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Metáfora do Iceberg
A Metáfora do Iceberg consiste no fato que muitas vezes a parte visível de um
iceberg desde a superfície é muito pequena quando comparada com a parte
do iceberg que está submersa. Esta metáfora tem sido muito usada para
explicar vários fenômenos sociais. A metáfora do iceberg é frequentemente
usada para descrever a mente humana, em que a parte que fica à superfície é
a parte consciente e a maior, a submersa, é a parte relativa ao subconsciente.
Esta metáfora pretende fazer com que as pessoas entendam que muitas
vezes há muito mais verdade além do que os nossos olhos conseguem ver.
Através dela também podemos aprender que há muita coisa além do
superficial e que muitas vezes tem mais valor do que o que está à superfície e
é visível para todos.
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A partir de 1964, Lacan se permite fazer uma leitura mais ampla dos conceitos
da psicanálise. Neste período, ele rompe com a IPA (Associação psicanalítica
Internacional) e funda a Escola Freudiana de Paris (EEP).
Com o conceito de sujeito, que não é um conceito inaugurado por Freud, mas
que tem sua origem na filosofia, é que será trabalhada a relação entre Lacan e
Descartes.
Ele é o que ocorre ao longo da cadeia significante e o que surge por um lapso,
por um esquecimento, pelo sonho ou por um chiste, é o sujeito do inconsciente.
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Creio que antes de continuarmos seria muito bom ler um resumo sobre “objeto”
e Objeto “a” e um resumo de o lemos até aqui:
Quem é esse outro amado e agora desaparecido, de quem faço luto? Freud o
chama de objeto, e Lacan, de objeto a. “Li luto e melancolia” – confidencia
Lacan, “e bastou eu me deixar guiar por esse texto para encontrar o objeto a”.
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Isso não significa que o outro desaparecido se chame objeto a, mas que
o objeto a responde à pergunta “quem é o outro?”. Por quê? Para melhor nos
fazermos compreender, desdobremos a pergunta sobre o outro e perguntemo-
nos: “Quem é esse diante de mim? Quem é ele? É um corpo? É uma imagem?
É uma representação simbólica?” Coloquemo-nos no lugar do analisando, que,
deitado no divã, pergunta a si mesmo: “Quem é essa presença atrás de mim?
É uma voz? Uma respiração? Um sonho? Um produto do pensamento? Quem
é o outro?” A psicanálise não responderá que “o outro é...”, mas se limitará a
dizer: “para responder a essa pergunta, construamos o objeto a.”
Que é o objeto a? O objeto a é apenas uma letra, nada além da letra a, uma
letra que tem a função central de nomear um problema não resolvido, ou
melhor ainda, de expressar uma ausência.
Que ausência? A ausência de resposta a uma pergunta que insiste sem parar.
Já que não encontramos a solução esperada e necessária, marcamos então,
com uma notação escrita – uma simples letra –, o furo opaco da nossa
ignorância, colocamos uma letra no lugar de uma resposta não fornecida.
Ora, qual é a pergunta cuja resposta é a, ou seja, uma simples letra, vazia de
sentido? Essa pergunta poderia formular-se de maneiras diferentes, segundo
os contextos teóricos, mas a que se abre imediatamente para oobjeto a é:
“Quem é o outro, meu parceiro, a pessoa amada?”
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Quando Freud escreve que o sujeito faz o luto do objeto perdido, ele não diz
“da pessoa amada e perdida”, e sim “do objeto perdido”. Por quê? Quem era a
pessoa amada que se perdeu? Que significa, para nós, esse outro a quem
amamos, hoje ou no passado, esteja ele presente ou desaparecido? Que lugar
ocupa para nós a “pessoa” amada? Mas, será realmente uma pessoa?...
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O sujeito é o traço comum dos objetos amados e perdidos no curso da vida. Foi
exatamente isso que Lacan denominou de traço unário.
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(o outro como traço que condensa uma história) –, em nenhuma dessas três
respostas revela-se a essência do outro amado.
Não sabemos, afinal, quem é o outro eleito. Ora, é justamente aí que aparece
o objeto a, no lugar de uma não-resposta. Todavia, veremos que, das três
abordagens possíveis para definir o outro, imaginária, fantasística e simbólica,
é a segunda que remete mais diretamente ao conceito lacaniano de objeto a: o
outro eleito é a parte fantasística e gozosa de meu corpo que me prolonga
e me escapa.
Bem, após esse resumo da teoria de Lacan, vamos continuar mais um pouco
sobre O outro, objeto, objeto “a” entre outros aprendizados.
Causa de desejo.
Lacan esclarece que o objeto se constitui na falta.
O objeto não existe antes de faltar, e que na própria constituição, o objeto fica
ligado a falta.Objeto causa do desejo;
O objeto é o desejo.
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Falta do Objeto
Privação: é falta do real. Lacan designa esta falta de objeto como um buraco
no real. Contudo, o objeto de privação é um objeto simbólico.
Creio que para entendermos bem sobre isso podemos ler o que diz nossa
amiga: Terezinha costa - Corpo Freudiano do Rio de Janeiro
Teresinha Costa
1[1]
Este trabalho é parte de uma pesquisa sobre O conceito de objeto na teoria psicanalítica, onde
trabalhamos o conceito de objeto em Freud, Abraham, Melanie Klein, Winnicott e Lacan.
2[2]
FREUD, Sigmund. Frau Emmy Von N. ESB, v. II, p.92.
3[3]
Citado por M. Foucault. Nascimento da clínica. Forense Universitária, Rio de Janeiro, cap. VI.
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“Na castração, há uma falta fundamental que se situa, como dívida, na cadeia
simbólica. Na frustração, a falta só se compreende no plano imaginário, como
dano imaginário. Na privação, a falta está pura e simplesmente no real, limite
ou hiância real”.8[8]
A castração é um dos conceitos fundamentais da teoria psicanalítica, tendo
sido introduzido por Freud ligada à noção da lei primordial, à interdição do
4[4]
JORGE, Relatório do I Congresso de Convergência, Paris, 2 a 4 de fevereiro de 2001. In: Documentos,
Revista do Corpo Freudiano do Rio de Janeiro – Escola de Psicanálise, p. 28.
5[5]
ibidem
6[6]
JORGE, Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan – vol. 1: as bases conceituais. p. 142.
7[7]
LACAN, O Seminário, livro 4: A relação de objeto. p. 35.
8[8]
LACAN, O Seminário, livro 4: A relação de objeto. p. 54.
67
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9[9]
LACAN, O Seminário, livro 5: As formações do inconsciente. p. 212.
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10[10]
FREUD, Projeto para uma psicologia científica. ESB, v. I, p. 438.
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“a Coisa está na origem da instituição de Lei, enquanto Lei da palavra. Essa Lei
não se resume à proibição, sendo uma lei positiva que ordena o desejo como
verdade parcial, a partir da castração, já que não há objeto absoluto do
desejo”.11[11]
Os fundamentos da lei moral para Freud se afirmam na lei primordial, aquela
que instaura o corte entre cultura e natureza, a lei da proibição de incesto. O
desejo pela mãe não pode ser satisfeito, pois implica a morte da demanda, que
articula o inconsciente do homem.
Ao confundir o objeto materno com das Ding, os psicanalistas pós-freudianos
acabaram desembocando numa concepção desenvolvimentista e
normativizante da subjetividade. Acreditam que o objeto da pulsão é parcial em
conseqüência da imaturidade do sujeito e que, com o passar do tempo, o
sujeito adquirirá uma maturidade. Tal concepção implica um desvio significativo
da ética da psicanálise, onde o tratamento fica submetido a normas sociais e a
moral coletiva, onde o analista acredita saber como conduzir o sujeito para que
ele se torne um adulto maduro, equilibrado e, portanto, bem adaptado a
realidade, capaz de alcançar o sucesso e felicidade sociais.
A virada que Freud dá no que tange à lei moral está ligada a esse objeto – das
Ding. O Bem Supremo não existe.
Em O Seminário, livro 7, A Ética da psicanálise, Lacan coloca das Ding como
um conceito central. Para ele, a coisa apresenta-se sempre velada e, para que
possamos concebe-la, é necessário contorna-la. A busca da coisa só se dá
pela via do significante. Isso é exemplificado por Lacan através do vaso, objeto
representativo da função do significante como obra de criação. Assim como o
oleiro que, ao criar o vaso com suas mãos, faz isto em torno de um vazio, Deus
também criou o mundo, ex-nihilo, “a partir do furo”.12[12] Portanto, é em torno
desse vazio no centro do real da coisa, das Ding, que se articula a trama
significante.
11[11]
RINALDI, A Ética da Diferença – Um debate entre psicanálise e antropologia. p. 78.
12[12]
Idem, p. 153.
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Assim, o que Lacan vem nos mostrar, é que o sujeito é determinado por uma
trama discursiva cuja origem ele desconhece, mas onde deve advir para
resgatar sua verdade e encontrar o seu lugar.
BIBLIOGRAFIA.
Freud, S. Projeto para uma psicologia científica. Rio de Janeiro, Imago, 1980,
v. I.
Freud, S. Casos Clínicos. Rio de Janeiro, Imago, 1980, v. II.
Freud, S. Sobre o narcisismo: uma introdução. Rio de Janeiro, Imago, 1980. v
XIV.
Freud, S. A pulsão e seus destinos. Rio de Janeiro, Imago, 1980. v. XIV.
Freud, S. O ego e o id. Rio de Janeiro, Imago, 1980. v. XIX.
Freud, S. A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da
sexualidade. Rio de Janeiro, Imago, 1980, v. XIX.
Freud, S. A dissolução do complexo de Édipo. Rio de Janeiro, Imago, 1980. v.
XIX.
Freud, S. Algumas conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os
sexos. Rio de Janeiro, Imago, 1980, v. XIX.
Freud, S. A negativa. Rio de Janeiro, Imago, 1980, v. XIX.
Freud, S. Inibições, sintomas e angústia. Rio de Janeiro, Imago, 1980. v. XX.
Freud, S. O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro, Imago, 1980, v. XXI.
Freud, S. Sexualidade Feminina. Rio de Janeiro, Imago, 1980. v. XXI.
Garcia-Roza, Luiz Alfredo. Introdução à metapsicologia. v. 2. Rio de Janeiro,
Jorge Zahar, 1991.
Green, André. O objeto a de Lacan, sua lógica e teoria freudiana. In:
Psicanálise ciência e prática. Rio de Janeiro, Rio, 1975.
Guyomar, Patrick. O gozo do trágico – Antígona, Lacan e o desejo do analista.
Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1996.
Hisgail, F. (Org.) 14 conferências sobre Jacques Lacan. São Paulo, Escuta,
1989.
Jorge, Marco Antonio Coutinho. Fundamentos da psicanálise – De Freud a
Lacan. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2000.
Jorge, Marco Antonio Coutinho. Sexo e discurso em Freud e Lacan. Rio de
Janeiro, Jorge Zahar, 1988.
Jorge, Marco Antonio Coutinho. Relatório do I congresso de convergência,
Paris, 2 a 4 de fevereiro de 200l. Rio de Janeiro, Documentos – Revista do
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O Nome do Pai
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A função da Metáfora
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É Uma teoria do próprio Lacan, onde o “objeto “a”” significa NÃO a letra a do
alfabeto mas sim um símbolo “a”(autre – outro).
Na teoria lacaniana existe o “outro” com “a” minúsculo e o Outro com “A”
maiúsculo.
Lacan utiliza-se disso para descrever sobre o a pessoa (o outro) como objeto
“a”
Freud diz: Quem é essa pessoa amada e agora desaparecida, de quem faço
luto?
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A Psicanálise não responderá que o “outro é...” mas limitará a dizer: “para
responder a essa pergunta, construamos o “objeto a”. A letra “a” é uma
maneira de nomear a dificuldade; ela surge no lugar de uma não-resposta.
O objeto “a” para Lacan, é apenas uma letra, nada além de uma letra “a”, uma
letra que tem a função central de nomear um problema não resolvido, ou,
melhor ainda, de expressar uma ausência. Que ausência? A Ausência de
resposta a uma pergunta que insiste sem parar...
O outro então é no contexto geral: uma imagem, uma parte do meu próprio
corpo, um traço da humanidade, um traço da minha história e da própria
história em geral. ( Texto de Freud intitulado “psicologia das massas e análise
do ego”.
O objeto “a” para Lacan: “ ...o seio, o címbalo (formas fecais), o olhar, a voz;
essas partes destacáveis, mas intrinsecamente ligadas ao corpo, é disso que
se trata no objeto “a”.
Logo, o objeto a é por onde percorre todo o fluxo de “Gozo” pela “borda” dos
orifícios do corpo e, nessa condição, como causa local que move o
inconsciente e o faz trabalhar.
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O Nó Borromeano na História
O uso que se faz da tríade para representar uma Unidade, também data de
tempos muito antigos.
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Em uma forma triangular são conhecidas como valknut, símbolo dos mortos de
alguns povos nórdicos. O valknut é encontrado em pedras rúnicas, datadas do
século VII, na Escandinávia.
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A inscrição da figura ao lado deve ser lida iniciando-se com a palavras unitas,
no centro, e seguindo as sílabas a partir da esquerda em sentido
horário:Unitas Tri-ni-tas, ou seja Um em Três, ilustrando a Trindade dos
nomes do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
http://www.psicanaliselacaniana.com/estudos/magicoreal.html
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A partir do seminário XIX Lacan introduz a teoria dos nós , nesta fase, uma
psicanálise para o futuro não atribui ao simbólico a sua primazia, como
anteriormente, ao contrário sustentasse existe uma equiparação hierárquica
entre os registros e que essas estruturas se enlaçam: RSI, SIR,IRS, etc. Lacan
introduz um quarto elemento na estrutura o Nome –do Pai: a estrutura do Nó
Borromeano.
Três círculos em foram de trevo se simbolizam uma tríplice aliança, tendo como
sua especificidade o fato de que, se cada um dos anéis for retirado, os outros
três ficarão livres, sem que se forme um par.
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Cada rodinha representa um dos registros pensados por Lacan e é uma parte
autônoma, intercambiável.
O nó, porém, só ocorre pela amarração da terceira rodinha, que enlaça todas
num único laço.
Lacan propõe o enigma: como fazer para que as rodinhas fiquem juntas de tal
modo que, se uma delas for cortada, as outras fiquem livres?
O que faz laço entre todas e o que impede que elas façam par é exatamente a
dobra. Impossível entender como se dá essa nodulação sem, ao menos
visualizar a figura. O melhor seria que cada leitor tomasse um tempo para
“experimentar” o nó.
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Matema – o que é?
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Imagens de Matemas:
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A Invenção do Real
(...) eu veiculei muitas coisas chamadas freudianas... mas o que eu chamo real
ou o real, eu inventei, porque isso se impõe a mim. Pode ser que haja alguém
aqui que se lembre como em que momento surgiu esse famoso no que e tudo
aquilo que ha de mais figurativo. E o Maximo que se pode figurar em relação
ao imaginário e ao simbólico, coisas que são tão estranhas uma a outra sendo
o real o elemento que as une”(Op. Cit., p. 132).
O REAL
Freud abordou o real pelos mitos. Pode-se dizer que Lacan pega pelos
“matema”, que são fórmulas sui generis que forçam uma escritura para aquilo
que ainda não teria nome.
O Simbólico
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O Imaginário
Desde cedo, em sua obra Lacan vai trabalhar a função das imagens na
subjetividade, e o espelho como o lugar e a figura por onde se organiza o que
circula entre o humano e seu mundo de representação (imaginárias).
Com Freud, o pênis é promovido a único órgão que suporta o atributo fálico.
Ele domina no imaginário pela presença, e, até a declinação do Édipo, a vagina
é excluída como inexistente. O pênis prevalece em relação ao clitóris, e
também pela possibilidade do prazer decorrente de ser órgão visível.
É a partir desta valorização que o homem pode “dar” à mulher o falo, enquanto
esta recebe, “dando” os filhos em troca. O que está em jogo é uma equação:
Falo=criança.
Portanto, eu me vejo como fui vista. Minha imagem foi projetada e me foi
devolvida. Preciso, então, do outro para me constituir enquanto imagem e para
ter acesso à linguagem e aos significantes.
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O ESTÁDIO DO ESPELHO.
Três momentos:
Imaginário
Identificatório
2- A criança descobre que o outro no espelho não é real e sim uma imagem.
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E, também:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0006-
59432008000200002&script=sci_arttext
RESUMO
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Para o Psicanalista tudo aquilo que sabe , bem como tudo o que NÃO sabe.
Entre o Analista e Analisando a relação NÃO é entre duas pessoas, mas sim
“Um Único Lugar Psíquico” é a vida psíquica do “entre-dois” Analista e
analisando.
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6- trata de um relato que retrata uma cena, imaginada com seus locais, suas
cores, sua época, sua luz e seus sons.
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A lógica da fantasia
1- Um sujeito
2- Um objeto
3-Um significante
4-Imagens
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aparelho psíquico, e com isto nasce uma relação profícua e indissolúvel entre
psicanálise, ficção e arte.
Rivera (2005) nos lembra das referências constantes das obras literárias na
obra de Freud, onde as mesmas, fundamentalmente se constituem como fonte
privilegiada de conhecimento sobre o inconsciente, tal como acontecia com
seus pacientes.
Ele surpreende-se, assim, com o fato de seus estudos de caso poderem ser
lidos como romances, e reconhece que a ficção é o modo pelo qual se constitui
o homem. Uma teoria do homem deve, portanto, retomar esse movimento de
criação ficcional, fazendo-se um pouco literatura. (RIVERA,2005, p. 8)
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campo ficcional era cada vez mais estreito, configurando assim uma
aproximação irreversível com a fantasia, sendo agora o artista, e não mais o
cientista seu maior interlocutor.
Lacan nos mostra como o trauma e a angústia apresentam íntima relação com
a fantasia, onde a mesma é convocada para apaziguar o sujeito frente ao
desamparo, sempre desamparo do Outro. Aqui entendemos o traumático a
partir do contato inesperado e momentâneo com o real excedente que escapa
ao simbólico.
A fantasia oferece, então, suplência frente ao traumático, que por sua entrada
no real remete o sujeito no vácuo da falta de significação, no desamparo frente
à impossibilidade de representação, o impossível de dizer.
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Sobre esta discussão Zizec (2010) nos fala de uma aparente ideia de que a
psicanálise se encontra obsoleta nos dias atuais a partir de três níveis que
atuam interligados, a saber:
No entanto Zizec nos fala que a psicanálise não está ultrapassada e vai além
ao dizer que só hoje o tempo dela está chegando:
Vistos através dos olhos de Lacan, através do que Lacan chama de seu
“retorno a Freud”, os insigths fundamentais de Freud emergem finalmente em
sua verdadeira dimensão. Lacan compreendeu esse retorno como um retorno
não ao que Freud disse, mas ao âmago da revolução freudiana, da qual o
próprio Freud não tinha plena consciência.” (ZIZEC, 2010, p. 9)
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Bibliografia
RUDGE, Ana Maria. Trauma. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2009.
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http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-tao-forte-e-tao-perto-dublado-
online.html
Qual o papel do Pai, da mãe, dos avós e de cada pessoa que Oskar Schell
visita?
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Nas telas, longas como Voo United 93 e Torres Gêmeas tocaram na ferida,
porém uma outra obra chamou a atenção por tratar o tema pelo olhar de uma
criança afetada diretamente pela tragédia que matou centenas de
pessoas. Extremamente Alto e Incrivelmente Perto, livro lançado em 2005 pelo
escritor norte-americano Jonathan Safran Foer, conta a saga de um garoto de
9 anos em se ater à memória do pai morto que trabalhava em um dos prédios
do WTC.
Autor de Tudo se Ilumina (que se tornou um longa metragem extremamente
competente com o título Uma Vida Iluminada), Foer teve sua segunda obra
transposta para as telas com o título Tão Forte e Tão Perto no Brasil. Com
roteiro adaptado por Eric Roth (Forrest Gump – O Contador de Histórias) e
direção de Stephen Daldry (da trinca de ouro Billy Elliot, As Horas e O Leitor).
Indicado ao Oscar 2012 de Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante (Max Von
Sydow),Tão Forte e Tão Perto, na verdade, desperdiçou uma ótima história em
um filme que tropeça justamente na sua peça principal: o ator escolhido para
protagonista. Assim, somos forçados a aguentar o insuportável Thomas Horn,
que dá vida a Oskar Shell que, após a morte do pai (Tom Hanks), encontra
uma chave escondida em um envelope com a palavra Black escrita. Sempre
incentivado pelo lúdico pai a se aventurar – seja na imaginação ou na vida real
– ele começa uma jornada audaciosa: procurar por toda a cidade as pessoas
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com o sobrenome Black para, assim, entender o que aquela chave será capaz
de desvendar. Para isso, conta com a ajuda d’O Inquilino (Von Sydow), um
idoso mudo que esconde um grande segredo envolvendo a família do garoto.
Assim, vamos conhecendo a vida de dores e alegrias de cada Black ao longo
do caminho de Oskar e O Inquilino, de um filme de menor qualidade, porém
ainda bem dirigido pelo talentoso Daldry. E neste vai e vem de personagens,
que inclui Viola Davis (indicada ao Oscar de Melhor Atriz por Histórias
Cruzadas), John Goodman (presente também no vencedor O Artista) e Sandra
Bullock (que interpreta a mãe do menino), o foco é mesmo o trauma da morte
do pai no garoto. Porém, quando temos um protagonista que não cria empatia,
tudo tende a ir por água abaixo.
Neste caso, tentei abstrair a questão Thomas Horn e imaginei como o filme é
um exemplo contundente e preocupante da questão dos efeitos de um evento
traumático na vida de uma criança. O problema já preocupa a comunidade
médica, que tem visto crianças lotando cada vez mais os consultórios de
psicanálise. Em Oskar observamos, por meio de flashbacks, como um dia
comum pode mudar nossa vida para sempre. Para ele, o 11/09, sempre
chamado de “o pior dia”, um filme inquietante em sua aparente calmaria.
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inconscientemente, não nos damos conta que o fim do outro também é questão
de tempo.
Para muitas pessoas, falar da única certeza que se tem na vida é considerado
morbidez. Falar de morte, a meu ver, faz parte da vida e deve ser encarada,
como uma questão inevitável e natural. Dois anos depois Freud escreveu “Luto
e melancolia”, abordando a morte e as consequências dela para quem fica.
Nada mais propício, vindo de um homem que perdeu dois filhos e um neto e
explicitou que a morte é ruim, mesmo, para os vivos. Diante de Oskar, lembrar
da voz do pai, do cheiro, do toque, tudo isso o dilacera de forma preocupante e
velada, deixando a mãe praticamente impossibilitada de interferir.
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E para seguir em frente, deve-se honrar aqueles que partiram, vivendo para si
e por eles o tempo que ainda resta. A despedida, inevitável e dolorosa, pode
demorar, mas sempre virá. De qualquer forma, a saudade perpetuará diante da
perda de um ente querido, mas se prender a ela só prolonga o sentimento.
Lembrando de uma das cenas mais marcantes de Reencontrando a Felicidade,
em que Becca (personagem de Nicole Kidman), que sofre com o luto recente
da morte do filho de 4 anos, pergunta à mãe, que também sofreu com a morte
de um filho, se um dia a dor vai embora, vê-se como suportar tal ausência. Ela,
em onze anos de luto, responde: “o peso da dor muda, eu acho. Em algum
ponto, torna-se suportável. Ela se transforma em algo como um tijolo no bolso.
E você pode até esquecer por um tempo que ele está lá. Mas, então, por
alguma razão, essa dor pesa e você percebe que ela ainda está lá”. Ou seja,
fugir da dor é inevitável, mas aprender a conviver com ela é inacreditavelmente
possível.
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O quarto nó
O sintoma, que se espera que caia durante a analise, não e o mesmo que
sinthome, da antiga grafia francesa, para designar aquilo que não cai, que se
fixa em torno da falta primeira e da necessidade de que esta não cesse, para
que continuem sendo possíveis gozo e desejo.
Lacan prossegue: (...) parece que o mínimo que se pode esperar da cadeia
borromeana e esta relação de um com três outros (...) e sempre em três
suportes que chamaremos, no momento de subjetivos, quer dizer, pessoais,
que um quarto se apoiara (...) o quarto será o que anuncio este ano como
sinthoma.(Ibidem, p. 52)
A necessidade do quarto elo se impõe, uma vez que, no nó com três anéis,
mudando-se a vontade a ordem dos mesmos, não se sabe qual e o real, ou
seja, aquele que faz o nó. Com quatro elos, uma distinção se impõe, definindo
três tipos de enlaçamento.
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O quarto nó: sinthoma (Σ) (...) O quarto nó e o que, neste anel duplo, suporta o
simbólico daquilo por que ele e efetivamente feito, a saber, o Nome do Pai”.
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Minha expectativa com esse material é que você tem uma visão panorâmica
sobre os ensinos de Lacan.
Claro que isso é apenas uma introdução para a grandiosa obra lacaniana, mas
com a leitura atenciosa creio que teremos um pouco de conhecimento.
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Apêndice:
Vídeo 1
https://www.youtube.com/watch?v=nKOiaYjnmqU
Vídeo 2
https://www.youtube.com/watch?v=JMt--sebzds
Vídeo 3
https://www.youtube.com/watch?v=QlE7P61H4i8
Vídeo 4
https://www.youtube.com/watch?v=yL817Ep-3PU
Vídeo 5
https://www.youtube.com/watch?v=enc6TLHzd5Y
Vídeo 6
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https://www.youtube.com/watch?v=hHF3UTVU7Lc
Apêndice 1 :
https://www.youtube.com/watch?v=n6JnwM0FXvQ
https://www.youtube.com/watch?v=vX5CNrVIPrQ
https://www.youtube.com/watch?v=UHcqJkC6Fx8
https://www.youtube.com/watch?v=BXLHyRkYBt0
https://www.youtube.com/watch?v=OI8tQQkXVI8
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https://www.youtube.com/watch?v=ZjxrxPZgKnI
https://www.youtube.com/watch?v=8xD3vK-3MNY
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Apêndice 2:
Breve descritivo sobre Jacques Lacan e a relevância de sua obra para a Psicanálise.
Primeira clínica de Lacan, ou seja, para o homem antes da globalização. 1953 até 1970
(simbólico para dar sentido do que está acontecendo.)
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Primeira Clinica:
O saber não está com o analista, nem com o médico e nem com analisando, pois a
cura está em outro local, ou seja, EGO e o EGO – ou o ambiente de atendimento
(inconsciente), daí ele cria o “outro” que na realidade não é nem o médico e nem o
analisando, mas o próprio ambiente, e isso acontece na Associação livre.
Em Lacan o analista organiza as palavras e diminui/exclui os sentimentos.
1973 Lacan outros escritos pág.553 em Alemão: Existe um feliz acaso, aliás, só
existe isso, felicidade do acaso, os seres falantes são felizes por natureza e, desta
mesma tudo que nos resta. Será que através do discurso analítico isso não poderia
tornar-se mais feliz?
1975 – Numa conferência Lacan recebe uma pergunta: Quando termina uma
análise? Felicidade não é bem que se mereça. A proposta é uma vida qualificada e
não qualidade de vida. A felicidade não pode ser nomeada – Lacan. ( livro
Profanações)
Lacan trabalha o reverso do bom senso. Mais confunde que explica. Porém, na
confusão é onde existe o pensamento e a visão de si mesmo e ajuda a termos
todas as visões do mundo.
A psicanálise não é uma verdade (prefacio em inglês em outros escritos). A
satisfação não está como era antes.
A psicanálise para Lacan é algo que está além ou fora da palavra. Ou seja, a
verdadeira Associação livre.
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Entendendo Lacan:
Não confunda Imaginário com imaginação. Simbólico com símbolo. Real com
realidade.
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