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A empresa X efetuou compensação de débitos do IPI com créditos de precatórios. Estes precatórios
derivaram de decisão que condenou a União a pagar indenização por dano que uma obra pública causou
à sede da empresa. A Receita Federal considerou como não declarado, impedindo a compensação. Neste
FA, você ocupará duas posições.
Etapa 1: você será um advogado recém contratado que deverá redigir uma manifestação de
inconformidade dirigida à DRJ pedindo o acatamento da compensação
Etapa 2: você será o fiscal da DRJ que deverá negar o pedido de compensação da empresa X.
Para auxiliar esta análise, o aluno deverá observar a Lei n.º 9.430/1996, a lei do PAF e a repercussão geral
tema 558, pendente de julgamento no STF.
Após cada postagem, o professor poderá pedir complementos antes de iniciar a fase seguinte ou concluir o FA.
Também poderá solicitar que o aluno faça leituras complementares para concluir o FA.
Critério de Notas:
Fase 1:
d. Pedido: 15 pontos.
Fase 2:
O presente FA trata de compensação de débitos do IPI com créditos de precatórios, realizados pela
“Empresa X”. Os créditos utilizados na compensação são oriundos de decisão que obrigou a União a
indenizar referida empresa por danos a ela causados por obra pública. A Receita Federal considerou
como não declarados tais créditos de precatórios. Assim, foi solicitado ao aluno que defenda duas
posições antagônicas, em duas etapas distintas:
1. Etapa 1: pede-se ao aluno que assuma a posição do advogado que defenderá a compensação
perante a DRJ.
2. Etapa 2: pede-se ao aluno que assuma a posição do fiscal da DRJ que denegará o pedido de
compensação.
DO DIREITO
O Código Tributário Nacional, norma de status de Lei Complementar, impõe as regras gerais em
matéria tributária e, no tocante à questão da compensação, permite a sua realização nos termos de
seu artigo 170:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso
atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos
líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.
A lei que regulamenta a compensação é a Lei nº 9.430/96, que em seu artigo 74, autoriza a
compensação de créditos de origem judicial com trânsito em julgado com quaisquer tributos e
contribuições administrados pela Receita Federal. Trata-se, exatamente, da situação em que se
enquadra a Empresa X. Vejamos o teor do artigo 74:
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a
tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de
ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e
contribuições administrados por aquele Órgão.
II - em que o crédito:
a) seja de terceiros;
f) tiver como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei, exceto nos casos em que a
lei:
1 – tenha sido declarada inconstitucional pela Supremo Tribunal Federal em ação direta de
inconstitucionalidade ou em ação declaratória de constitucionalidade;
4 – seja objeto de súmula vinculante aprovada pela Supremo Tribunal Federal nos termos do art.
103-A da Constituição Federal.
Os precatórios nada mais são do que um ofício que o Juiz encaminha para o Presidente do Tribunal,
determinando que o valor da condenação seja comunicado ao ente público. Como se vê, a
compensação pretendida pela contribuinte não encontra impedimentos na lei por não se enquadrar
em nenhuma das hipóteses de vedação ou de compensação não declarada.
Devemos dar destaque à redação das alíneas “d” e “e” do parágrafo 12 do artigo 74, que contém a
palavra “ou”, o que evidencia a admissão de ambas as hipóteses. Em outras palavras, a compensação
é considerada não declarada quando: d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em
julgado; ou e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita
Federal - SRF.
Para que não reste sombra de dúvidas, vejamos o teor do parágrafo 3º do artigo 74, a que se refere
o inciso I do parágrafo 12:
§ 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser
objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o:
III - os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal
que já tenham sido encaminhados à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para inscrição em
Dívida Ativa da União;
IV - o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da
Receita Federal - SRF;
V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se
encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa;
IX - os débitos relativos ao recolhimento mensal por estimativa do Imposto sobre a Renda das Pessoas
Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apurados na forma do art. 2º
desta Lei.
Portanto, Senhor julgador, são estes, em síntese, os pontos de discordância apontados nesta
Manifestação de Inconformidade:
DOCUMENTOS ANEXADOS
DO PEDIDO
Referências bibliográficas:
2. MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Código Tributário Nacional. São Paulo, Editora Atlas,
6ª Edição, 2017.
3. SCHOUERI, Luis Eduardo. Direito Tributário. São Paulo, Saraiva Educação, 8ª Edição, 2018.
Prezada Elza,
sua postagem está boa, com uma argumentação consistente, focando-se em compara o conceito de
precatório com as restrições legais. Em uma petição verdadeira, talvez não seja necessário
transcrever todo o artigo da lei. Elabore a decisão da Receita, lembrando que deve ser negado o
pedido de compensação.
Abs., Georgenor.
Etapa 2: pede-se ao aluno que assuma a posição do fiscal da DRJ que denegará o pedido de
compensação.
MINISTÉRIO DA FAZENDA
Vistos, etc., acorda a 1ª Turma da Delegacia de Julgamento da Secretaria da Receita Federal do Brasil em São Paulo, NEGAR, por unanimidade dos votos,
PROVIMENTO AO RECURSO.
Fulano de Tal
Relator
Sessão de 18/11/2019
VO TO
É o relatório.
A legislação tributária permite a compensação de débitos de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil com créditos da
A matéria é disciplinada pelo art. 74 da Lei nº 9.430/96, que traz a seguinte redação:
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da
Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições
administrados por aquele Órgão. (grifos nossos)
No entanto, a compensação será vedada e considerada como não declarada na hipótese em que os
créditos que não se refiram a tributos administrados pela RFB. Tal vedação está expressa no §12, II,
“e” do art. 74 da Lei nº 9.430/96, que tem a seguinte redação:
[...]
II - em que o crédito:
a) seja de terceiros;
e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal - SRF.
(grifos nossos)
Referências bibliográficas:
1. BRASIL. Secretaria da Receita Federal do Brasil. Pesquisa Ementário dos Acórdãos das
Delegacias da Receita Federal de Julgamento, disponível em
http://decisoes.fazenda.gov.br/netahtml/decisoes/decw/pesquisaDRJ.htm, acesso em 19.11.2019.
2. BRASIL. Secretaria da Receita Federal do Brasil. Sistema Normas. Instrução Normativa RFB
nº 1717, de 17 de julho de 2017, disponível em
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=84503,
acesso em 19.11.2019.