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MONTE CARMELO/MG
2019
ANA CAROLINE DALILA FERREIRA
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MONTE CARMELO/MG
2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que foi minha maior força nos momentos de angustia e desespero.
Sem ele, nada disso seria possível. Obrigada senhor, por sempre me mostrar o caminho certo,
por colocar esperança, amor e fé no meu coração.
Agradeço aos meus pais Maria Marta e Adailton e ao meu irmão Nathanael, eu jamais
serei capaz de retribuir todo carinho, amor e incentivo que recebi de vocês. Eu nunca teria
conseguido sem o apoio de vocês. Obrigada por tudo, de coração.
Agradeço ao meu noivo Jhonata, pelo apoio, carinho e paciência, sempre presente nos
momentos difíceis com uma palavra de incentivo. Obrigada amor.
Agradeço, a professora e orientadora Mestre Jucilaine Figueira De Moura, por sempre
estar presente para indicar a direção correta que o trabalho deveria tomar, pelas valiosas
contribuições dadas durante todo o processo.
Agradeço também à Fucamp e a todos meus professores do curso de Direito pela
excelência da qualidade técnica de cada um.
Muito obrigada a todos. Vocês fizeram toda diferença para ser quem eu sou.
“A conquista é um acaso que talvez dependa mais das
falhas dos vencidos do que do gênio do vencedor.”
(Madame de Stael)
RESUMO
O presente trabalho abordou como tema central, o processo de adoção no Brasil e suas
legislações pertinentes. O objetivo geral da pesquisa foi analisar se há problemas a serem
enfrentados para que o Estado possa garantir às crianças e adolescentes institucionalizados, o
direito fundamental à convivência familiar. Diante da relevância do tema, a problemática da
pesquisa objetivou responder se o processo de adoção apresenta-se efetivo e célere na busca
de garantir as crianças e adolescentes em condições de adoção uma nova família. A pesquisa
se justificou considerando a importância e relevância do instituto da adoção, para a efetivação
dos direitos e garantias dos menores em situação de vulnerabilidade social. Assim, a presente
pesquisa buscou averiguar o porquê de muitas crianças crescem nas instituições de abrigo,
sem que sejam adotadas, apesar da vasta lista de pretendentes a adoção no Brasil. Foi
abordado no primeiro capítulo conceito e natureza jurídica da adoção; no segundo, a adoção
no ordenamento jurídico brasileiro, com análise das principais legislações e, no terceiro e
último, os procedimentos legais para adoção e os resultados do processo de adoção no Brasil,
no que tange a efetividade. A metodologia utilizada no presente trabalho, foi o tipo de
pesquisa bibliográfico, por meio da análise de livros, artigos, monografias e outros atinente ao
tema. Também foi adotado, o tipo de pesquisa documental, por meio da análise da
Constituição Federal e leis que regulamentam a adoção, como fonte primária para exploração
do conteúdo discutido. Adotou-se o procedimento metodológico dedutivo, para a realização
da pesquisa bibliográfica e documental, com intuito responder a problemática da presente
pesquisa. Pelo exposto, o trabalho se dedicou à análise do processo de adoção no Brasil e suas
legislações pertinentes, a fim de avaliar os principais problemas a serem enfrentados.
The present work addressed as its central theme the adoption process in Brazil and its
pertinent legislations. The general objective of the research was to analyze if there are
problems to be faced so that the State can guarantee to institutionalized children and
adolescents, the fundamental right to family life. Given the relevance of the theme, the
research problem aimed to answer if the adoption process is effective and fast in order to
ensure children and adolescents in the conditions of adoption a new family. The research was
justified considering the importance and relevance of the adoption institute for the realization
of the rights and guarantees of minors in socially vulnerable situations. Thus, the present
research sought to ascertain why many children grow up in shelter institutions without being
adopted, despite the vast list of applicants for adoption in Brazil. It was covered in the first
chapter concept and legal nature of adoption; in the second, the adoption in the Brazilian legal
system, with analysis of the main legislations and, in the third and last, the legal procedures
for adoption and the results of the adoption process in Brazil, regarding the effectiveness. The
methodology used in the present work was the type of bibliographic research, through the
analysis of books, articles, monographs and others related to the theme. It was also adopted,
the type of documentary research, through the analysis of the Federal Constitution and laws
that regulate the adoption, as primary source for exploration of the content discussed. The
deductive methodological procedure was adopted for the bibliographic and documentary
research, in order to answer the problem of the present research. Therefore, the work was
devoted to the analysis of the adoption process in Brazil and its pertinent legislations, in order
to evaluate the main problems to be faced.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 29
7
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema central o processo de adoção no Brasil, e suas
legislações pertinentes. O objetivo geral da pesquisa visa analisar se há problemas a serem
enfrentados para que o Estado possa garantir às crianças e adolescentes institucionalizados o
direito fundamental à convivência familiar.
Diante da relevância do tema, a problemática da pesquisa objetiva responder se o
processo de adoção apresenta-se efetivo e célere na busca de garantir as crianças e
adolescentes em condições de adoção uma nova família.
No Brasil não faltam casais ou pessoas que desejam adotar. Segundo dados
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há mais pessoas pretendendo adotar, do que criança
disponíveis para a adoção, e ainda assim, muitas crianças passam anos aguardando uma nova
família e não conseguem ser adotadas, cujos principais problemas serão apontados na presente
pesquisa.
Justifica-se a pesquisa, considerando a importância e relevância do instituto da adoção,
para a efetivação dos direitos e garantias dos menores em situação de vulnerabilidade social.
Assim, a presente pesquisa visa averiguar o porquê de muitas crianças crescem nas
instituições de abrigo sem que sejam adotadas, apesar da vasta lista de pretendentes a adoção
no Brasil.
Será abordado no primeiro capítulo conceito e natureza jurídica da adoção; no segundo
capítulo a adoção no ordenamento jurídico brasileiro, com análise das principais legislações e,
no terceiro e último, os procedimentos legais para adoção e os resultados do processo de
adoção, no que tange a efetividade.
A metodologia a ser utilizada no presente trabalho, será o tipo de pesquisa
bibliográfico, por meio da análise de livros, artigos, monografias e outros atinente ao tema.
Também será adotado o tipo de pesquisa documental, por meio da análise da Constituição
Federal e leis que regulamentam a adoção, como fonte primária para exploração do conteúdo
discutido.
Será adotado o procedimento metodológico dedutivo para a realização da pesquisa
bibliográfica e documental, com intuito responder a problemática da presente pesquisa. Pelo
exposto, o trabalho se dedicará a análise do processo de adoção no Brasil e suas legislações
pertinentes, a fim de avaliar os principais problemas a serem enfrentados.
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O instituto da adoção é conceituado pela maioria dos doutrinadores como ato solene
pelo qual uma pessoa, ou um menor estranho a uma determinada família é recebido como
filho.
Sobre o conceito, Maria Berenice Dias afirma se tratar de “ato jurídico em sentido
estrito, cuja eficácia está condicionada à chancela judicial. A adoção cria um vínculo fictício
de paternidade-maternidade-filiação, entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta da
filiação biológica” (DIAS, 2013, p. 497).
Já, Carlos Roberto Gonçalves aponta a adoção como “ato jurídico solene pelo qual
alguém recebe em sua família, na qualidade de filho, pessoa a ela estranha”. O aludido
autor, destaca também a necessidade de observância do princípio do melhor interesse da
criança, no procedimento da adoção, já que o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe
que só se admite a adoção se apresentar efetivo benefício ao adotando. (GONÇALVES,
2013, p. 379).
Neste diapasão, o procedimento da adoção jamais pode ser admitido se não
apresentar benefício para o adotando, ou seja, com a evolução dos direitos fundamentais e
do direito de família, é inadmissível nos dias atuais prezar pelo interesse dos adotantes. O
princípio do melhor interesse da criança e do adolescente deve ser observado rigorosamente
no procedimento de adoção, a fim de evitar prejuízo ao menor.
Conforme destacaram os referidos autores, a adoção cria um novo parentesco entre
adotantes e o menor adotado, não por laços consanguíneos, mas por laços de afetividade.
A adoção é, por conseguinte, um vínculo de parentesco civil, em linha reta, que
estabelece entre adotante e adotado um liame de paternidade e filiação civil. Esse liame será
definitivo e irrevogável, para todos os efeitos legais, uma vez que desliga o adotado e sua
família biológica (DINIZ, 2013, p. 568).
Portanto, nota-se na adoção a instituição de parentesco civil para o adotado, que terá
desconstituído seu parentesco consanguíneo com sua família natural, para dar origem a um
novo parentesco civil com os adotantes e sua família, parentesco esse que se dá em 1º grau
na linha reta.
Porém a despeito da desconstituição do parentesco natural, no que tange aos
impedimentos de casamento, ainda continuam existindo, já que seria uma aberração, a lei
permitir que pessoas adotadas pudessem estabelecer matrimonio com pais biológicos ou
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irmãos, já que, por mais que seja desconstituído o parentesco, legalmente falando, há ainda
vínculos consanguíneo que relação jurídica nenhuma consegue revogar.
No entanto, os demais efeitos sucessórios só existirão com relação à nova família,
assim, os vínculos com a família biológica serão desconstituídos após a adoção (DINIZ,
2013, p. 568).
Diante disso, constata-se que adoção é um procedimento de suma relevância no direito
de família, já que visa garantir à criança em abrigos, a possiblidade de ingressar em uma nova
família, para que seja garantido seus direitos e bem estar, assegurando sempre seu melhor
interesse.
Desta forma, para as famílias que sonham em ter filhos e não conseguem por questões
de esterilidade, ou mesmo por optar pela criação de filhos sem ligação genética, o
procedimento da adoção apresenta-se como uma alternativa viável, já que possibilitam a essas
famílias a realização de um sonho, que para além de suprir com os objetivos dos adotantes,
possibilitam aos adotados crescerem dentro de uma nova família acolhedora, que garantirá sua
segurança e bem estar.
Quanto à natureza jurídica da adoção, há muitas divergências doutrinárias, pois
alguns doutrinadores apontam que a adoção seria um contrato, outros, dizem se tratar de ato
solene ou mesmo instituto de ordem pública.
Carlos Roberto Gonçalves afirma ser controvertida a natureza jurídica da adoção.
Para ele, no Código Civil de 1916, era nítido o caráter contratual do instituto, tratava-se de
um negócio jurídico, bilateral e solene, já que era realizada mediante escritura pública,
presente o consentimento de ambas as partes. Se adotado fosse maior e capaz comparecia
em pessoa, se fosse incapaz, seria representado pelos pais, tutor ou curador.
Supreendentemente, admitia-se a dissolução do vínculo, sendo as partes maiores, pelo
acordo de vontade (GONÇALVES, 2013, p. 380).
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a adoção passou a constituir-
se por ato complexo e a exigir sentença judicial, prevendo-se expressamente o ECA em seu
art. 47 e o Código Civil em seu art. 1.619.
A norma constitucional, ao determinar que a adoção será acompanhada pelo Poder
Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetividade por parte de
estrangeiro, demonstra que a matéria refoge dos contornos da simples apreciação
juscivilista, passando-se a ser interesse de ordem pública (GONÇALVES, 2013, p. 380-
381).
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A adoção no Brasil buscava-se muito além de atender aos interesses dos menores,
atender às famílias que pretendiam ter filhos e não conseguiam. O instituto era restrito e
somente as pessoas casadas e sem filhos poderiam adotar.
O Código Civil de 1916 denominava-se de simples a adoção de filhos, que era
realizada em Cartório e se tratava de um contrato meramente solene, e sem qualquer
intervenção do Estado, sendo que só as famílias sem filhos poderiam adotar (DIAS, 2013,
497).
A adoção se realizava mediante escritura pública em cartório, e o vínculo de
parentesco estabelecia somente entre adotante e adotado não estendia aos ascendentes e
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Assim sendo, nota-se que o Código de menores trouxe uma evolução significativa
para o instituto da adoção, pois a adoção simples não assegurava o melhor interesse do
menor, vista que podia ser revogável, não estabelecia parentesco com a família dos
adotantes, e se mostrando extremamente preconceituosa.
irreparáveis aos menores, que, não raras vezes, acabam crescendo em abrigos, ocasião em
que diminui suas chances de serem adotados, já que o perfil exigido pela maioria dos
pretendentes é de criança de 0 a 4 anos de idade (DOMINGOS, 2006, p. 543).
No entanto, é indiscutível a importância da constitucionalização do instituto, visto
que não permite qualquer forma discriminatória de filhos por adoção, estabelece os mesmos
direitos e obrigações, assegurando sempre o melhor interesse do menor.
O adotante há de ser pelo menos dezesseis anos mais velho que o adotando. Os
divorciados ou separados judicialmente e os ex companheiros podem adotar conjuntamente,
conquanto que acordem sobre a guarda e o regime de visita e desde que o estágio de
convivência tenha sido iniciado na constância do casamento ou da união, e que seja
comprovada a existência de vínculo de afinidade e afetividade com aquele não detentor da
guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão, o que poderá ser deferida a guarda
compartilhada, caso apresente benéfica ao menor.
O Estatuto traz ainda que a adoção depende de consentimento dos pais biológico ou
representante legal do adotando, no entanto, se os pais forem destituídos do poder familiar,
ou se tratar de desconhecido não será necessário o consentimento dos mesmos.
Ademais, o ECA em seu art. 41, § 1º estabelece de forma excepcional, a manutenção
dos vínculos biológicos, na hipótese de um dos cônjuges ou companheiro adotar o filho do
outro, assim, em relação ao adotando com o genitor biológico e sua respectiva família,
permanece inalterado.
Com o intuito de preservar o melhor interesse da criança e do adolescente, e por se
tratarem de sujeitos de direito, deverão, sempre que possível, serem previamente ouvido a
respeito da adoção. Logo, as crianças com 12 anos de idade deverão obrigatoriamente
manifestar em audiência o seu consentimento a respeito da adoção, conforme prevê o art. 45,
§ 1º e 168 do ECA.
Consequentemente, a discordância do adotando com 12 anos ou mais acarreta a
improcedência do pedido de adoção, em contrapartida, sua concordância não tem caráter
absoluto, ou seja, mesmo concordando, deverão ser cumpridas as demais exigências para que
haja êxito no pedido.
Ademais, o referido Estatuto traz em seu art. 46, que a adoção será precedida de
estágio de convivência com a criança ou adolescente, por um período de até noventa dias,
observada a idade do adotando e as peculiaridades do caso concreto. Todavia, o prazo de
noventa dias poderá ser prorrogado por igual período, mediante decisão fundamentada.
Portanto, só pode haver separação de irmãos caso reste constatado a existência de
risco ou abuso ou outra circunstância que justifique a excepcionalidade da medida,
procurando-se em qualquer caso, evitar que haja o rompimento definitivo dos vínculos
fraternais.
Por fim, com relação aos efeitos da adoção, após o trânsito em julgado, os adotantes
poderão modificar o nome do adotado, inclusive o sobrenome. Por conseguinte, nota-se que
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casais habilitados, possibilitando também a habilitação de casais que residem fora do país,
como última medida, consultados nos casos de falta de postulantes que residem no país.
Insta trazer à baila, outro aspecto importante, qual seja, a necessidade dos casais ou
pessoas solteiras que pretendem adotar de se submeterem a um curso preparatório ofertado
pela Justiça da Infância e Juventude, com o objetivo de orientá-los e estimulá-los a adoção
de crianças fora do perfil escolhido pela maioria dos candidatos, como a adoção inter-racial,
adoção tardia, adoção de criança doentes, com deficiência e até mesmo grupos de irmãos
(DIAS, 2013, p. 515).
Cabe destacar que a Lei Nacional de Adoção praticamente revogou a adoção no
Código Civil, já que essa apresentava divergência com o ECA, no que se refere ao tema. A
referida norma estabeleceu o ECA como norma responsável por regulamentar a adoção de
menores de 18 anos, deixando para o Código Civil apenas estabelecer parâmetros gerais em
relação a adoção de maiores de 18 anos.
Assim, atualmente existem apenas dois arts. no CC/02 sobre a adoção, o art. 1.618,
que dispõe acerca da necessidade de observância do ECA para a adoção de crianças e
adolescentes e o art. 1.619, que prevê acerca da adoção de maiores de dezoito anos,
estabelecendo que este procedimento dependerá de assistência efetiva do Poder Público, e de
sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais do Estatuto da Criança e
do Adolescente (CUNHA, 2011, n/p).
Ante o exposto, verifica-se se que a Lei n.º 12.010 de 2009 dispõe cuidadosamente
do procedimento de adoção, visando dar mais segurança ao instituto e celeridade, a fim de
preservar, acima de tudo, o melhor interesse das crianças e adolescentes disponíveis para a
adoção, porém devido a outros fatores não atribuídos diretamente ao Estado, à adoção ainda
carece de efetividade, conforme será relatado adiante.
sendo que sua alimentação e a convocação dos candidatos devem ser fiscalizada pelo
Ministério Público.
Além da listagem local, existe um cadastro estadual e nacional, para que, crianças de
um Estado possam ser adotadas por pessoas residentes em outro. Também há a previsão de
cadastro de candidatos fora do país (DIAS, 2013, p. 517).
A finalidade da lista é justamente agilizar o processo de adoção, pois se fosse
necessário aguardar crianças serem destituídas do poder familiar, para inserir no rol dos
adotáveis, para só então, proceder com à habilitação do candidato à adoção, muito tempo
passaria, o que não atenderia ao melhor interesse da criança ou do adolescente (DIAS, 2013,
p. 517).
Embora seja a regra, a exigência prévia de cadastro dos candidatos na lista, há
exceções, conforme dispõe o ECA em seu art. 50 § 13, nos casos de adoção unilateral,
formulada por parente com o qual o menor mantém vinculo de afinidade e afetividade, ou
nos casos de quem já possui a guarda ou tutela da criança maior de três anos ou adolescente,
desde que o lapso temporal de convivência comprove a existência de vínculos de afinidade e
afetividade.
Outra possibilidade de adoção sem prévio cadastro se dá nos casos que a criança é
colocada em família substituta, ocasião em que bastam os pais concordarem com o pedido, o
que pode ser formulado diretamente em cartório, sem a necessidade de advogado, bastando
tão somente ser ouvidos judicialmente, conforme dispõe o art. 166 § 1º. Em qualquer dessas
hipóteses, devem os candidatos comprovarem que preenchem os requisitos para adoção, nos
termos do disposto no art. 50 § 4º do ECA.
O procedimento para a habilitação, é de jurisdição voluntária, e a competência para
tramitação é da Vara da Infância e Juventude, não prescinde de advogado.
Por conseguinte, nota-se que o cadastro serve para organizar o procedimento da
adoção, a fim de agilizar e facilitar a concessão da medida, e não para obstaculiza-la. No
entanto, quem já estabeleceu vínculo afetivo com a criança deve ter preferência sob o
inscrito, pois o objetivo da adoção é priorizar o melhor interesse da criança ou adolescente e,
com certeza, para o menor é muito mais benéfico ser adotado por quem já possui afetividade
do que por um estranho que está com preferência no cadastro.
Na petição inicial para a habilitação, deve o candidato informar o perfil do menor que
deseja adotar, juntar uma série de documentos, dentre eles, comprovante de renda, de
endereço, atestado de sanidade física e mental, certidão de antecedentes criminais e negativa
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provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas, nos termos do
disposto no art. 158 do ECA, prazo esse que diverge do estabelecido no CPC, de 15 dias
(DOMINGOS, 2006, p. 532).
Devem esgotar todos os meios de citação pessoal dos pais ou represente legal e na
impossibilidade, serão citados por edital, no entanto, não se plicará os efeitos da revelia nos
processos de adoção e deverá ser nomeado curador especial para defender os interesses da
criança ou do adolescente (DOMINGOS, 2006, p. 532).
É necessário também a elaboração de um relatório que será observado pelo
magistrado. Sobre o relatório minuciosos, Carla Hecht Domingos afirma que:
Nestes termos, nota-se que o relatório a ser elaborado pela equipe interprofissional é
imprescindível no processo de adoção e, por mais que a lei processual estabelece que o juiz
não está adstrito a laudo pericial, nos casos de adoção, o relatório será a prova indispensável
para que o juiz fundamente sua decisão.
Assim, caso o relatório apresente informações incompatível com a adoção,
comprovando que a família não atende às exigências legais, a sentença será de improcedência,
pois o princípio do melhor interesse da criança permeia todo o processo de adoção e, caso a
adoção seja desfavorável para o menor, dado as circunstâncias pessoais e familiar dos
postulantes, não pode ser deferida.
Diante do exposto, nota-se que, nos casos de pais vivos ter-se-á o procedimento de
jurisdição contenciosa, pois os mesmos serão citados a apresentar defesa, salvo se concordar
com a adoção (DOMINGOS, 2006, p. 538).
Mas, nos casos de pais falecidos, ou destituídos do poder familiar ou quando os
próprios genitores tiverem interesse na adoção, o procedimento de jurisdição será voluntário,
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podendo ser formulada pelos próprios requerentes em Cartório, devendo ser ouvidos pela
autoridade judiciaria (DOMINGOS, 2006, p. 536).
Por fim, a adoção é estabelecida por sentença judicial, que dispõe de eficácia
constitutiva e produz efeito a partir de seu trânsito em julgado, no entanto, nos casos que
ocorrer o falecimento do adotante no curso do processo, a sentença retroagira à data do óbito,
desde que tenha havido inequívoca manifestação de vontade do adotante (DIAS, 2013, p.
523).
Ademais, insta salientar que a sentença judicial de adoção tem eficácia imediata, logo,
eventual recurso não terá efeito suspensivo, exceto nos casos de adoção internacional ou nos
casos de eventual risco ao menor, também não goza de efeito suspensivo a sentença que
desconstituir um ou ambos os genitores do poder familiar (DIAS, 2013, p. 523).
Aplica-se nos casos de recurso o disposto no CPC, esses recursos independem de
preparo, e o prazo é de 10 dias, salvo nos embargos de declaração. O recurso tem prioridade
absoluta e o julgamento deve ocorrer dentro de 60 dias (DIAS, 2013, p. 523).
Pelo Exposto, verifica-se que há duas fases no processo de adoção, a primeira diz
respeito à habilitação para inscrição no Cadastro Nacional de Adoção e a segunda fase dá
início, após o postulante encontrar a criança com o perfil exigido, ocasião em que ajuizará o
pedido de adoção.
12.010/09 1.º § 1.º e ECA 19, § 3.º, 39 §1.º 50 § 13 II, 92 I e II, 100,
parágrafo único X 101 §§1.º, 4.º, 7.º, 9.º). Claro que ninguém questiona que
o ideal é crianças e adolescentes crescerem junto a quem os trouxe ao
mundo. Mas é chegada a hora de acabar com a visão romanticamente
idealizada da família biológica (DIAS, 2013, p. 516).
Como se vê, a adoção se tornou medida excepcional, e só deve ser recorrida para os
casos em que restarem esgotados todos os recursos de manutenção da criança ou adolescente
na família natural ou extensa. Devido isso, a Lei Nacional de Adoção não consegue alcançar
seu propósito.
Para mais, existe apontamento na dificuldade de cumprir rigorosamente os prazos
processuais, em todo o tipo de processo, o que não é diferente no processo de adoção. Assim,
é difícil acreditar que esses prazos são cumpridos rigorosamente, tendo em vista que depende
não só do Poder Judiciário, mas de uma equipe interprofissional, o que acaba por dificultar o
cumprimento dessa exigência. O Judiciário, o Ministério Público com a demanda exacerbada
de processo, vem enfrentado um caos crítico de lentidão, difícil de ser abolida.
A demanda exacerbada de processo no Judiciário é um problema social, que precisa
ser resolvido, mas, que requer uma conscientização por parte da sociedade, que acaba levando
tudo para discussão judicial, e o que era para ser exceção, acaba sendo regra. O Poder
Judiciário é para ser provocado quando outros meios alternativos não puderem resolver a
demanda, no entanto, tem se tornado regra.
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Portanto, como relatado acima, 50% dos postulantes ainda exige criança de até três anos, o
que faz com outras crianças que não encaixam nesse perfil, e acabam passando muito tempo em
casas de abrigo, à espera de adoção, o que pode acarretar uma série de problemas psicológicos,
culpa, frustações e, quando acabam adotados, carregam consigo uma carga negativa que pode até
trazer problemas com sua nova família, pois o sentimento de rejeição não acaba da noite para o dia.
Outro fator que vem gerando discussão, diz respeito a redução dos prazos processuais
no processo de adoção, visando garantir uma maior celeridade. Inclusive, em novembro de
2017 foi sancionada a Lei 13.509, que visa reduzir esses prazos processuais.
No entanto, não se pode permitir que a busca por efetividade comprometa a qualidade
do serviço prestado nesses processos, por isso, é necessária muita cautela, principalmente para
evitar prejuízo às crianças, pois se forem adotadas por famílias que não estejam preparadas,
pode acarretar prejuízos irreparáveis a esses menores.
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exigir perfil tão insignificante como esses? De fato, infelizmente a maioria dessas crianças e
adolescentes se tornarão adultos sem encontrarem uma nova família, o que representa um
trauma insuperável para a maioria.
Lamentavelmente, as pessoas não param para pensar que pequenos gestos tornariam
seus sonhos e de muitas crianças realidade, e somente no dia 25 de maio essa discussão vem à
tona, ou seja, no dia nacional da adoção.
É preciso conscientização não só dos candidatos, mas de toda a sociedade, pois é
difícil para os pais adotivos verem seus filhos sofrendo preconceito por serem adotivos, por
serem negros, quando eles são brancos. Infelizmente, a sociedade ainda tem preconceito com
filhos por adoção, o que é lastimável.
Existem iniciativas que podem amenizar o sofrimento dessas crianças e adolescentes
nas instituições, como os projetos de apadrinhamento. Essas iniciativas são de extrema
relevância e representam muito para esses menores (BRASIL, MINISTÉRIO PÚBLICO DO
PARANÁ, 2019, n/p).
Por isso, é importante cobrar do Poder Público providências, inclusive com destinação
de verbas para custear esses projetos e exigir da sociedade comprometimento com essa
questão, que se trata de um problema social, que indiscutivelmente trarão prejuízos futuros
para essas crianças e adolescentes na fase adulta, e até mesmo para a sociedade.
Na rede paranaense de comunicação, foi desenvolvido pelas Varas da Infância e da
Juventude e pelas Promotorias de Justiça, um projeto denominado, “cuida de mim”. Essa
iniciativa objetiva encontrar padrinhos para adolescentes nos termos do disposto no art. 19-B
ECA, com divulgação de imagem desses jovens para que as pessoas tomem conhecimento da
existência desses menores (BRASIL, MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ, 2019, n/p).
Ante o exposto, nota-se que é preciso um comprometimento dos três Poderes, no que
se refere à adoção, com intuito de desburocratizar o que ainda apresenta-se burocrático,
desenvolver projetos visando uma maior conscientização e comprometimento de toda a
sociedade com essas crianças e adolescentes institucionalizados em abrigos, para que não haja
discriminação em relação a cor, sexo, idade, grupos de irmãos e deficiência.
Que essas discriminações seja apenas um problema do passado, e que a conta comece
a fechar, a ponta de terem candidatos disponíveis sem ter nenhuma criança aguardando ser
adotadas, pelo menos é o que se deve esperar, pois se existe muito mais pretendentes a
adoção, não deveria haver crianças aguardando adoção, e que tudo isso não seja uma utopia,
mas sim, uma realidade bem próxima.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL, Código Civil. Lei nº. 10.402, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>.
Acesso em mai. de 2019.
_______. Lei Nacional de Adoção. Lei nº. 12.010, de 03 de agosto de 2009. Dispõe sobre
adoção; altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente, 8.560, de 29 de dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei no 10.406, de 10
de janeiro de 2002 - Código Civil, e da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada
pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943; e dá outras providências. Diário Oficial da
União. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L12010.htm >. Acesso em mai. de 2019.
CUNHA, Tainara Mendes. A Adoção no Código Civil Brasileiro de 2002, após o Advento
da Lei 12.010/09. 2011. Disponível em: investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/direito-
civil/214996-a-adocao-no-codigo-civil-brasileiro-de-2002-apos-o-advento-da-lei-1201009.
Acesso em: jul. 2019
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 9ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2013.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 29ª ed. São
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