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T R A T A D O ®9
Círculo do beto
4. verum
bonum
6 o í iq y , d
tc ic ia
q u a n tid a d e
74920
tempo
EVALDO PAU LI
TRATADO DO I
ieio
E D I T Ô R A
Coleção de «FILOLOGIA»:
1. Frutos da imigração,
por Raulino Reitz (1963)
OS NOMES
A PROBLEMATIZAÇÃO
MÉTODO
quo nos põe a ind a ga r se esta a firm ação da existência como o contrário
do nada ó um existir real, ou apenas uma existência como afirm ação
lógica,- assunto menos fundam ental, é p ortanto transferido para o terceiro
capítulo. Retornemos à questão do objeto como posição pura.
Pensaríamos em têrmos de objeto, ou sem objeto? Dispu-
fam-se aqui o terreno psicologistas e intencionalistas, querela em que
vôm lutando desde os primeiros instantes da crítica do conhecimento.
Para o psicologismo radical haveria no conhecimento só o
fa to psíquico, a vivência física, a situação pura e hermética, sem qualquer
relação especificamente mental de ordem lógica, antepondo objeto ao
sujeito. Diante disto nem o belo se com portaria como objeto e todo o
c,ou tratam ento seguiria por veredas irracionais.
Para o intencionalismo o pensamento se desenrolaria de modo
p olarizado, como janelas a se abrirem sôbre um objeto. N ão im porta
a natureza do objeto, se apenas afirm ação ou se ainda real; no prim eiro
instante o pensamento seria intencional; depois (no terceiro capítulo) se
discutirão também entre si idealistas e realistas, agora ainda unidos contra
o adversário comum. Pela via do intencionalismo, com sujeito e objeto,
a metafísica flui como torrente clara e inteligível. Igualmente, a estética,
neste rumo se desenvolve clara e brilhante.
T ratado ora como objeto, ora como essência, ora como rea
lidade, ora como formas e gêneros de essência efetuada, desdobramos
o belo em questões que deitamos ao longo de um caminho; vamos de
uma a outra, com ordem que impede embaralhamentos, por etapas que
nos livram de excesso de esforço. Assim a jornada se converte em pas
seio. A descoberta da beleza se mostra como o panoram a que se
oferece a quem caminha sem tropeços e pode apreciar a região por
onde passeia.
C A P I T U L O I
ESTÉTICA IRRACiONALISTA
A ESTÉTICA INTELETUALISTA
ESSÊNCIA DO BELO
A U TO N O M IA DA ESSÊNCIA
<lo belo. Embora, como coisa concreta uns digam ser o belo apenas
forma apriorística, outros uma efetiva realidade, poderão aco rd a r ccn-
ludo na essência do belo. Assim, para Kant, a beleza consiste no
ajusto de uma coisa com a fin a lid a d e form al (essência a rq u é tip o '; para
platônicos e aristotélicos, igualmente, o belo resulta da concordância de
um objeto com o da essência arquétipa, ou com o respectivo universal
metafísico,• mas, para Emanuel Kant, a fin a lid a d e form al não tem con-
•istôncia, reduzindo-a simplesmente como form a apriorística da faculdade
do Juízo, e para os clássicos gregos é uma va lid a d e na ordem da rea
lidade ontológica. Podendo, embora, discordar em aspectos de detalhe,
fundam entalm ente contudo a questão criteriológica de se o conteúdo do
bolo se realiza na ordem real, ou se se reduz a uma simples projeção
montai do objeto, não influencia a determ inação essencial do belo. A
oportuna observação, a manter clara distinção entre uma prim eira de-
lorm inação do objeto na ordem da essência e uma que ainda lhe é
subseqüente, traz para o campo da estética um alívio na tensão que
geralm ente opõe clássicos e modernos, principalm ente aristotélicos e kcn-
tianos.
A U TO N O M IA DO BELO E DO ARTÍSTICO
com a verdade. Sabendo que o belo não reclama diretam ente a rea
lidade, previne-se o teólogo arguto em distinguir o que vai por conta da
verdade bíblica e o que está por obra da fantasia lite rá ria dos semitas.
AKT. I.°
DA ESSÊNCIA 0 0 BELO COMO PERFEIÇÃO REALÇADA
(EM TÊRMOS DE FILOSOFiA ARISTOTÉLICA)
I 'I' i In n
32
a) A TEORETICIDADE DO BELO
"v o iilu d e ". A inda que alguém quisesse fazer do belo assunto apenas
•I f . olhos e dos ouvidos, também a li a beleza seria uma íeoreticidade,
....... voz que se tra ta ria o assunto apenas como coisa a ser conhecida.
1 miscqüentemente o belo não seria alg o como um bem, ou uma utilidade,
i ii um sentimento.
A teoreticidade do belo, im plicitam ente é afirm ada por todos
• quo tratam do belo como a lg o que se contem pla, que se adm ira, que
• iqrada ao ser visto ou ouvido, porque estas expressões se referem ao
r-o ic íc io do conhecimento.
Tomaz de A quino faz, entretanto, a distinção com expressa
■iilililoza, quando diferenciou o bem e o belo: "O bem diz respeito
cipropriadam ente (proprie) ao a p e tite . .. O belo, porém, diz respeito à
I lü iicialidad e cognoscitiva (Sumina theologica P. I, Q. 5, a . 4, ad primum)
Platão insiste em que o belo absoluto (a idéia real do belo)
• ili ii muito mais nosso amor, do que o belo das coisas terrestres (im itação
'In bolo absoluto e arquétipo); mas " a beleza é visível em todo o seu
• \p lo n d o r" (Fedro 250 c); esta e outras expressões mostram sempre a
Implícita afirm ação da teoreticidade do belo, como coisa que se con
templa, antes de tudo.
O mesmo im plicitam ente referem as expressões de Aristóteles;
do d a r o belo como " o p re fe rid o " para ser conhecido, supõe por con-
'.ttguinfe tratar-se de objeto de conhecimento.
Prova-se a teoreticidade do belo, alegando simplesmente o
loto. Verifica-se diretam ente o fato. A perspiciência de Tomaz de
Aquino o notou e o afirm ou expressamente, distinguindo-o do bem.
O que resta fazer, é conduzir a análise desta propriedade
conhecida, explicando-a mais amplamente, descrevendo novos aspectos
quo talvez possua.
b) A ESTETICIDADE DO BELO
43. — Quem teria mostrado a prim eira vez onde está preci
samente a diferença radical entre os sentimentos comuns e o sentimento
estético? A diferença é um fa to que certamente todos anotam ; o im
portante é saber apo n ta r onde ocorre o motivo da diferença, que con
sistiria em mostrar o estético como o sentimento de aquietação no belo
enquanto apreciado pelo apetite como o objeto a p ro p ria d o para a inte
ligência.
Platão, no d iá lo g o Hipias m aior (302 d), aponta diversas vêzes
para a distinção entre um e outro tipo de sentimento; mas teria achado
também a diferença específica entre ambos As diferenciações que
Platão mostra não passam do mera descrição exterior,- às vêzes não é
42
O ra, afirm a Kant, dizer que alg o é belo, não é d e fin ir sôbre o objeto,
nuts sôbre o seu acabam ento; portanto, o belo não se define como objeto;
11<10 é um conceito de objeto; não é algo que diz interesse (do objeto) mas
. onsidera o objeto como um todo acabado na ordem constitutiva do objeto,
I ira dêle afirm a r apenas algo em função à sua "fin a lid a d e fo rm a l",
ou sua espécie a realizar.
Como d a li se depreende, a afirm ação kantiana de que o belo
ó sem interêsse, se situa em um plano inteiramente diverso daquele em
que nos colocamos ao afiançar que o sentimento estético surge como
aquietação da vontade em um interêsse muito especial exercido polo
inteleto enquanto contem pla o belo como verdade que lhe convém de
modo eminente.
constituem como móveis igualm ente poderosos; mas, não deixa o en-
luslasmo pelo belo de ser uma das fôrças atuantes dêste grande carro
tio instrumentos criadores da beleza. Certamente o desejo de cria r a
I nloza é o mais nobre dos corcéis a puxar neste carro; se fôsse o único,
fariam as mulheres inteiram ente justificadas.
4 — T. do D.
48
nações que lhes eram próprias a tu a lizar, ao mesmo tempo que resultaram
em mais outras determinações, que ficam sendo da q u a lid a d e ...
bilida de; esta p re fe rib ilid a d e se firm a exatam ente na maior expressão do
belo entre os objetos que se mostram à contem plação da mente.
A qu a lid a d e indica diretam ente que o sujeito q u a lifica d o
recebeu algo. Por isso, até a diferença essencial de uma coisa se diz
predicar na ordem da q u a lid a d e ; enquanto determina e contrai o gênero,
acresce algo, resultando d a li a constituição de uma nova composição;
portanto, a qu a lid a d e form a e qua lifica , operando por acréscimo; por
tanto, é também aperfeiçoativa na form ação e na q ualificação dos
acidentes. Dividam-se, em bora, as qualidades em essenciais e em aci-
centais, conforme determinam essências ou acidentes, fundam entalm ente
o motivo que faz ser q u a lid a d e é o mesmo: determ inar por acréscimo,
portanto em ordem ao aperfeiçoam ento, à nobilitação, ao realce (Cf.
J. de S. Tomaz, Cursus phiiosophicus 1, 609 b).
5 .... T. do D.
64
B) OS NOMES DO BELO
O belo não diz respeito diretam ente à noção do fazer; por isso,
0 quo já existe, embora não tenha sido feito, poderia ser belo indepen-
dontomente da noção do fazer.
O ARQUÉTIPO SUPREMO
<i • T. do H.
HO
Mas seria o belo o ser secundum quid relativam ente, afirm ando,
como ocorre em verum ou em bonum? Certamente também não, desde
que vistos êstes valores de maneira geral.
Uma vez que o belo não chega a se constituir como "m o d o "
supremo do ser, deverá reduzir-se a um outro; ou se reduzirá ao bonum,
o que não se apresenta como viável; ou se reduzirá ao verum, que é a
outra alternativa no que diz respeito às conformidades.
porém que a relação para o apetite elícito seja a mesma essência cio
belo; c) e que assim o belo se diferencia, tanto do bonum, que tem
relação im ediata para o apetite elícito; quanto do verum, que tem relação
essencial somente para o apetite natural da potência cognoscitiva" (Ma-
quart, Elementa philosophiae 111-11 pág. 127, Paris, 1938).
ÇÕe*., por acréscimo de maneira um tanto sim ilar ao das diferenças espe-
i íflcas que determinam o gênero. Assim, o conhecimento de um elemento
n<k» invocaria implicitam ente o outro, conforme faziam as noções trans-
condentais.
A filoso fia moderna, que em muitos pontos tra z heranças p la
tônicas, a semelhança do que já ocorre em Scoto, igualm ente desconsi
derou a noção da predicação transcendental. Conto entretanto a p redi
cação analógica das noções transcendentais é quase incontornável, não
raras vôzes reaparece subrepticiam ente entre aquêles que a negam.
T. do B
96
mos à sua estética, na p arte relativa à essência, ela terá sido uma con
tribuição efetivam ente positiva e valiosa.
Q uanto às outras estéticas nos reduzimos a alguns aspectos
isolados.
Também é óbvio que nos limitemos aos autores que trataram
do estético-belo, pois há aquêles que se restringiram apenas ao estético
artístico. Kant, por exemplo, tratou predom inantem ente do belo, ao passo
que Hegel e Croce se concentraram no artístico.
A nova "fa m ília " de noções que Kant descobriu, mas que
não viu em tôda a sua a m plidão, como os escolásticos expunham os trans
cendentais em número de seis, foi por êle isolada como o bjeto tra ta d o
por uma faculdade específica, a Faculdade do Juízo (U rtheilskraft). Em
criando nova faculdade, distanciou-se dos clássicos, que põem as no
ções de qualquer índole, numa só faculdade. Todavia esta circunstân
cia é secundária; o im portante é que Kant houvesse percebido que as
noções categoriais não eram idênticas àquelas ditas transcendentais.
idéia arquétipa de Platão, que tam bém juntava todos sob um só universal,
mas enquanto modêlo único daqueles indivíduos.
A faculdade do Entendimento, de Kant, opera à maneira dos
conceitos de Sócrates; a faculdade do Juízo, de Kant, opera, por sua
vez, à maneira das idéias exemplares de Platão.
No entendimento se juntam dados singulares sob um gênero
universal. Mas, no entendim ento ocorre uma síntese do singular sob
o universal, como simples congraçamento; é o eidos ou o conceito, cie
Sócrates. N o Juízo, o universal funciona à maneira de arquétipo, como
a idéia de Platão, que está por sôbre os indivíduos enquanto modêlo de
todos êles. Em Aristóteles o arquétipo platônico, é o ato a que tôda
a potência aspira; êste ato é concebido como essência absoluta, univer
sal metafísico.
O ato a que a potência aspira, ou o modêlo a que o in d iv i
dual se subordina, assume o caráter de fim , ou seja de "fim fo rm a l".
Isto quer dizer, assume o caráter de form a, segundo a qual se plasma o
indivíduo, ou segundo a qual a potência se atualiza. É a form a interior
que orienta o plasmamento da obra que se realiza. Como um Logos
a anim ar a ação do movimento, a form a dirige o crescimento da planta
e do anim al. Assim também o arquétipo, de modo geral, é o fim fo r
mal que plasma todos os seres.
n 'r. do n
112
Eis outra de fin ição que a poesia é dada como ficção hetero-
cósmica sensível: "S i fin g a n tu r ta lia , quae ob notam et cogitanti et
cogitaturis ipso duce, sicuti praesumi debet, circumstantiam, et hypothesim
eventumque hujus mundi certum, in eodem hoc universo locum non ha-
beant, ut ejusdem possibilia, supposita tamen a lia quadam hypothesi, quae
non est possibile hujus universi, fie ri pulchre potuissent aut possent, vel
turpiter, per cognitionem mediam: tales íictiones heterccosmicae, § 441,
quia inventor earum, quasi novum creat orbem fingendo, si vel maxime
ab historico proferantur, dicuntur poeticae" (Estética, § 511).
tam ente porque sua apreensão requer esforço mental de que são inco
pazes. Tudo isto vem confirm ar que o belo, na sua essência, não é o
sensível.
0 — T, , i„ )\,
128
ART. I.
J
141
ART. II.
ESTÉTICAS IDEALISTAS
159. — Para Kant o belo não está nas côres, nem nos sons.
Por isso, não im porta que êstes sejam meramente fenomenais, como pre
tende o kantismo, ou sejam fundam entados na ordem real, como quer
o aristotelismo. O belo seria uma certa perfeição sobreposta aos fe
nômenos; mas esta sobreposição se efetua de maneira que não é a
constitutiva, como nas categorias, mas de um modo muito especial; em
qualquer hipótese, tôdas as m odalidades se efetuam de maneira aprio-
rística, por obra da mente, resultando d a li um construtivismo estético
espetacular.
A teoria de Kant tem por base dupla: 1) redução do fenô
meno sensível à mera fenom enalidade; 2) os universais e as essências
absolutas ocorrem contudo como afirm ações que se impõem como v á
lidas, e como não se extraem do fenôm eno, que está reduzido só a si
tnosmo, so reduzem também a sua tão só afirm ação, sendo portanto
aprlorísticos.
143
Kl T. cio D.
144
11 — T . <l(i B.
160
b; graus de beleza e de e s t il o
outra, e uma coisa justa mais ou menos que uma outra. Além disto,
u q u alida de em si mesma recebe o crescimento: o que é branco pode
tornar-se mais branco. Esta pro p rie d a d e não pertence, contudo, a tôdas
as qualidades, mas somente à maior parte. Sustentar que a justiça aceita
o mais e o menos não se adm ite sem d ificu ld a d e ; alguns o contestam e
pretendem que não se pode absolutamente dizer que a justiça é suscep
tível do mais e do menos, e igualm ente com referência à saúde. Tudo
o que se pode dizer, é que uma pessoa possui menos saúde que uma
outra ou menos justiça que uma outra, e o mesmo vale para a g ra
mática e outras disposições. . . (depois de mais algumas considerações,
conclui) Tôdas as qualidades não admitem pois o mais e o menos" (Aris
tóteles, Categorias, 10 b 25 - 11a 15).
O ESTILO
t T . do W.
176
uma à d ire ita ; por êste motivo, os escultores quebram a simetria, fazendo
avançar ora um pé mais que outro, ora curvando o busto para um dos
lados, ora inclinando a cabeça mais para a d ire ita , ou para a esquerda.
A simetria da natureza é talvez muito funcional, porque reforça uma
parte com outra igual, porém pouco estética. O corpo humano tem
simetria perfeita de esquerda para a d ire ita , com uma assimetria de
baixo oara cima. O corre, então, um índice de diferenciação de 1x1,50.
O ra, segundo Fechner, as preferências são marcadas pela fig u ra 1x1,66.
Parece que a natureza criou a simetria, deixando à espontaneidade do
indivíduo tom ar as posições estéticas. . .
O BELO NA SUBSTÂNCIA
belo no ser simples e o belo no ser composto. Em afirm ando que o belo
já deve preexistir nas partes, prenuncia também a nossa interpretação
racional do ritm o, que põe o belo nas partes individualm ente considera
das, antes que no todo, e que o ritm o sòmente se desenvolve como ritmo
desde que as partes individualm ente se manifestem.
A O R D E M
IX T do B,
192
uma vez que a ordem das partes para o todo se impõe na q u a lid a d e de
proprium converte-se, por isso mesmo, em elementos de perfeição, no sen
tido exato de perfeição entendida como norma, idéia absoluta essência
eterna. "N o seu lugar p róprio, tudo está bem, tudo é bom, tudo é
g ra n d e " (Alphonse de Lamartine, M éditations poétiques, II, v. 56). No
seu lugar certo, tudo é ordem, tudo é perfeito, tudo é belo.
A PROPORÇÃO
das partes, coordena, em bora adequadam ente, partes nem sempre iguais,
a simetria opera geralm ente com dimensões pares, em que as partos
de cada par conferem, mas não os diferentes pares. " A regularidado
como ta l consiste geralm ente na ig u aldade exterior, ou, com maior p re
cisão, na repetição de uma só e mesma fig u ra determ inada que con
fere à form a a unidade determ inante" (Hegel, Estética I, c. 2, item 1, b).
Na sua origem semântica, regularidade se d iz particularm ente
da seqüência das partes no movimento retilíneo. Aliás, a raiz indu-euro-
péia reg— exprim e o movimento em linha reta. Dali os termos latinos
regere (d irig ir em linha reta), rectum (reto), regula (regra), de onde enfim
procede regularitas (regularidade).
Exerce a re g u la rid a d e uma função personificadora nos estilos.
Para evitar o excesso de novidade que a mudança constante dos elemen
tos provoca sôbre o comportamento estético do indivíduo, se requer o re
torno freqüente de motivos que se repitam , quase como uma tônica. Dali
porque ocorre um compasso no movimento do ritm o a retornar constan
temente sôbre si mesmo; um retorno de certas figuras musicais dom inan
tes (leit motiv); uma repetição de certas linhas fundam entais no mesmo e d i
fício arquitetônico. A re gularidade, portanto, exerce uma função d e fi
nida na composição das partes no todo.
form idade de uma só e mesma determ inação bastam para criar a si
metria que exige diferenças de grandeza, de situação, de form a, de
côr, de som, e outras uniform em ente" (Hegel, Estética, I, c. 2, item I b).
Semânticamente, simetria derivou da ra d ica l indu-européia
me com a idéia de medida; d a li, em grego, metron (metro) e de onde
derivou symmetros (simétricoi. Semelhante origem fa z com que a de
nominação se empregue particularm ente a propósito de volumes e linhas.
N ão nos referimos nunca a uma simetria de côres e dos sons.
Estèticamente, a simetria por si só produz um rendimento rnuito
limitado,- o retorno sôbre uma fig u ra que já fôra abandonada p a ra liza
os movimentos em tôrno dos centros da simetria. As fachadas dos e d i
fícios gregos constituem exem plo típico de p a ra liza çã o da dinâm ica do
movimento das colunatas. O exemplo apresentado por Hegel também
é paraliza dor. Em letras teria esta configuração: 0 0 0 O O O 000
O BELO NA RELAÇÃO
O BELO NO TEMPO
Entretanto, a noção de lugar não diz diretam ente ''p e rfe iç ã o ";
sob êste ponto de vista, lugar "c e rto " incorre em q ualidade. A mesma
observação, aliás, fazemos a propósito de tôdas as categorias; cada uma
é apenas matéria em que a qu a lid a d e inere. Mostramos a gora cjue tam
bém na categoria de lu g a r é possível ocorrer dita q u a lid a d e ; quando
em realce, esta qu a lid a d e coincide com o belo.
228. — A qua lid a d e , como determ inação dos seres ocupa lu
ga r eminentemente peculiar nas funções que exerce como determ inadora
de beleza e da classificação das artes. Estas funções se exercem, p ri
meiramente porque a q u a lid a d e tem como pro p rie d a d e ter "sem elhante";
por isso, a qualid a d e pode exercer a im portante função de se com portar
como signo de outro têrm o; através da semelhança, as impressões rece
bidas na mente, na im aginação e nos sentidos facultam o conhecimento.
O utra im portante função que as qualidades exercem é de que, sendo o
belo uma qualid a d e , ocorrem ainda muitas outras qualidades, que ser
vem de portadoras do belo. Apenas destas procuramos tra ta r agora,
visto que nos ocupamos nesta altura da matéria em que a form a da
beleza inere.
ser visto simplesmente como som em ascensão tonal, como ainda como
ritmo tem poral, bem como ainda na q u a lid a d e de convenção indicadora
de idéias, juízos e raciocínios à maneira de linguagem. Igualmente, a
flo r bela, pode sê-lo em virtude da côr, do desenho das linhas, do uor
que instância representa.
Como se observa, a m ultiplicidade de aspectos cognoscíveis num
só tem po, pela mesma faculdade, ou por muitas faculdades simultânea-
mente, abre o caminho para a beleza complexa e m últipla depositada
no mesmo suporte m aterial.
1-1 T do II,
200
li(ilm os do significado que poderia ter; por isso, sob um outro ponto
do vista, a arte concreta se tem denom inado também de abstrata. Ccrre-
tamonte entendido, arte abstrata, arte concreta, arte de apresentação,
coincidem. Dizemos arte concreta, cogitando no objeto; arte a b strata,
atendendo, já não ao objeto que é concreto, mas na abstração que o
concreto faz de um outro aspecto, o da significação,- fica, portanto, o
objeto a sua mesma e p ró p ria apresentação.
Mas, se, além de pormos nossa atenção no concreto que se
nos apresenta, ainda procuramos relações, êste objeto nos poderá exer
cer a função de sig n ifica d o r de algo. De muitas maneiras se exerce o
poder de significar. Na obra artística a significação se exerce de duas
maneiras fundam entais: por semelhança p ró p ria e por convenção. Na
relação de semelhança p ró p ria , a im itação das côres produz a arte da
pintura; a im itação das linhas, o desenho; a im itação do movimento, o
dram a; a im itação dos volumes, a escultura. Embora falhem os termos,
o sentido fundam ental a que nos referimos agora, é o de que ocorre
um sub-gênero de artes em que o processo de expressão sensível usado
ó o de representar por meio das relações de semelhanças próprias.
I. ARTES DE APRESENTAÇÃO
termos estado desatentos à realidade, agora sabemos ainda por onde des
cer. Começamos pois a descida; doixamos o espaço metafísico, eis-nos de
volta a sentir o mundo das coisas concretas onde a beleza está efetiva.
A u to n o m ia d 3 e s s ê n c ia (2 4 — 2 6 ) ............................................................................................ " 26
A u to n o m ia d o b e lo e d o a r tí s tic o ( 2 7 — 2 9 ) ...................................................................... " 29
AR T, 1.° — Da essência do belo como perfeição realçada (Em term os de
f ilo s o f ia a r is to té lic a ) (3 0 — 10 5 ) .............................................................................. " 31
5 1.° — Da essência do belo a partir das p ropriedades (33—52) ............ " 33
c) A t e o r e tic id a d e do b e lo (3 5 — 3 9 ) ................................................................................. " 34
A p r e f e r ib ilid a d e t e o r é tic a do b e lo (3 6 — 3 9 ) ................................................................. " 35
b) A e s te tic id a d e do b e lo (4 0 — 4 3 ) ................................................................................. " 39
A q u e s tã o d o d e s in te re s s e e o b e lo ( 4 4 — 4 5 ) ............................................................... " 42
A p o s iç ã o d e K a n t s ô b re o d e s in te re s s e ( 4 6 — 4 7 ) ...................................................... " 44
O e n tu s ia s m o e o d e l í r io e s té tic o (4 8 — 5 1 ) .................................................................... " 46
O u tra s p r o p r ie d a d e s do b e lo (5 2 — 5 4 ) ............................................................................ " 50
§ 2 . ° — Chegada à essência do belo (53) .......................................................... " 50
A) Do b e lo com o q u a lid a d e (5 4 — 7 7 ) ............................................................................ " 51
N oçno g e ra l de q u a lid a d e (5 5 — 6 0 ) .................................................................................... " 51
C lo s r iíic a ç ã o de q u a lid a d e (5 5 — 6 0 ) .................................................................................... " 57
O B e lo c o m o q u a lid a d e que d e t e r m in a " s im p lic ite r " a e s s ê n c ia (D o b e to
sem o b je t o e se m c o n c e ito ) (6 5 --Ó 9 ) ................................................................. '' 61
O b e lo com o q u a lid a d e e n t it a t iv a (7 0 ) ......................................................................... " 64
O b e lo c o rn o p e r f e iç ã o em re a lc e (7 1 — 7 7 ) .................................................................... " 65
B) Os nom es do b e lo (7 8 — 8 4 ) ....................................................................................... " 71
C) O b e lo c o m o v e r d a d e o n t o ló g ic a e m re a lc e í8 5 — 8 6 ) ...................................... " 76
O b o lo em fu n ç ã o a um e x e m p la r a r q u é t ip o (8 7 ) .................................................... " 77
O a r q u é t ip o s u p ,e m o (8 8 ) .......................................................................................................... '' 78
ín d o le in a b a lá v e l dos a r q u é t ip o s (S 9 —9 1 ) .................................................................... " 79
O b o lo e os tra n s c e n d e n ta is (9 2 — 9 3 ) ................................................................................. " 82
O b c lc no g ê n e ro da v e rd a d e >.94— 9 5 ) ......................................................................... " 85
O b o lo a p r e c ia d o com o bonum (9 6 — 9 8 ) ....................................................................... " 87
I. tre o v e -d a c íe iro e o b e lo '9 9 — 103 ) ............................................................................... " 89
C o n v e r s ib ilid a d e do b e lo e do se r (1 0 4 ) .................................................................... " 93
C o n c lu s ã o s ô b re a e s s ê n c ia do b e lo (1 0 5 ) .................................................................... " 94
ART. Il.° — A estética de Kant e de outros (106) ............................................ " 95
§ 1.° — A ostóti&3 de Kant (107) ............................................................................. " 96
K n n t o as p r o p r ie d a d e s do b e lo (1 0 8 — 11 2 ) ................................................................. " 97
217
K o n t a a e s s ê n c ia d o b e lo (1 1 3 — 1 1 7 ) .................................................................................
K a n t p r ó x im o à n o ç ã o a r is to té lic a d o t ra n s c e n d e n ta l ( 1 1 8 — 12 3 ) ............................. " 106
KanT e as d is tin ç õ e s e n tr e o b e lo e o b o n u m (1 2 4 ) ................................................................' 111
K a n t e os a r q u é t ip o s d o b e lo e da v e rd a d e o n to lo g ic a (1 2 5 12 7 ) .............. 112
K a n t e a ín d o le c o n s t it u t iv a d o s m o d o s tra n s c e n d e n ta is (128—129) . . . . " 116
§ 2.° — Outras estéticas (130—152) ..................................................................................... " 118
O b e lo n ã o é a lg o m a te ria l co m o p re te n d e o v u lg o (131 — 13 3 ) ................... ............... " 118
O b e lo n ã o é o s e n s ív e l e n e m o a r tí s tic o (a p r o p ó s ito d e B a u m g a rte n e
H e g e l) ( 1 3 4 - 1 4 2 ) .............................................................................................................................. " 120
O b e lo n ã o é a p r o je ç ã o s e n tim e n ta l (a p r o p ó s ito d e L ip p s e o u tr o s )
(1 4 3 -1 4 5 ) ..............................................................................................................................................." 129
O b e lo na f ilo s o f ia d o s v a lo r e s ( 1 4 6 — 151 ) ................................................................................... " 131
O b e lo n ã o é o b e m (1 5 2 ) ......................................................................................................................... " 136
C o n c lu in d o a e ta p a m e s tra do T r a ta d o do B e lo (1 5 3 ) ...................................... ................ " 137