Melhoramento de terrenos arenosos

com estacas de compactação

Alexandre D. Gusmão, D.Sc.

Universidade de Pernambuco
CEFET / PE
Gusmão Engenheiros Associados
Apresentação
l Introdução
l Histórico
l Estacas de areia e brita
l Estacas de argamassa
l Mecanismo de transferência de carga
l Casos de obras
l Conclusões
Introdução
Introdução
l Melhoramento do solo:

– Otimização de projetos
– Redução de custos
– Aumento de capacidade de carga
– Redução das deformações do terreno

l Escolha da técnica de melhoramento:

– Tipo de solo
– Tipo de estrutura
– Disponibilidade de equipamentos
– Custos e prazos
Introdução
l Tipos de melhoramento (Mitchell, 1968):
Introdução
l Objetivos:

– Aspectos de projeto

– Aspectos de execução

– Aspectos de controle
Histórico
Histórico
l Uso no mundo:

– Fundações de barragens
– Fundações de edifícios em áreas sísmicas

l Uso no Brasil:

– Início da Década de 70
– Compactação de camadas arenosas fofas
– Idealizador: Eng. Dirceu Pereira - COPEF
Histórico
l Vantagens:
– Redução de custos
– Experiência comprovada em várias cidades do
Nordeste (Recife, João Pessoa, Aracaju, Natal,
Maceió)

l Desvantagens:
– Não elimina as vibrações
– Possui diversas limitações (tipo de solo,
resistência do terreno, etc)
– Falta de procedimentos racionais de projeto,
execução e controle => normatização
Histórico
l Situação atual:
– Uso em prédios com até 35 pavimentos
– Outras obras: tanques, fundações de
guindastes portuários, etc
– Diversas empresas capacitadas
– Taxas de trabalho do terreno de até 700 kPa
(7 kgf/cm2)
– Pesquisas em várias universidades (UPE,
UFPE, UFCG, UnB)

l Situação futura:
– Normatização de procedimentos
– Melhores equipamentos => produtividade
Estacas de areia e brita
Estacas de areia e brita
l Execução:
Estacas de areia e brita
l Equipamentos:

– Tripé ou bate estacas tipo strauss (mini-torre)

– Peso do pilão: 12 a 20 kN (1,2 a 2 tf)
– Altura de queda do pilão: 3 a 5 m
– Tubo: 320 mm de diâmetro e comprimento de
4a7m
– Produtividade média: 30 a 90 m / dia
Estacas de areia e brita
l Tripé:

– Até 5 m
– Menor produtividade
Estacas de areia e brita
l Mini-torre:

– Até 8 m
– Maior produtividade
Estacas de areia e brita
l Materiais:

– Mistura de areia (ou pó-de-pedra) e brita 50

– Traço em volume: 1 : 3
– Sobreconsumo de material: 15 a 50 % em
relação ao volume do tubo
Estacas de areia e brita
l Pó-de-pedra:
AREIA
ARGILA SILTE PEDREGULHO
FINA MÉDIA GROSSA
100
PERCENTAGEM QUE PASSA

Pó-de-Pedra
90

80 Boa Viagem (Areia e Brita)

Parnamirim (Argamassa)
70
Setúbal (Areia e Brita)
60

50

40

30

20

10

0.0010 0.0100 0.1000 1.0000 10.0000

DIÂMETRO (mm)
Estacas de areia e brita
l Materiais:
Estacas de areia e brita
l Materiais:
Estacas de areia e brita
l Materiais:
Estacas de areia e brita
l Aspectos de projeto:

– Malha quadrada de estacas em toda a projeção

da lâmina do prédio
– 1 ou 2 linhas além dos bordos das sapatas
– Comprimento das estacas: 4 a 7 m
– Taxa de trabalho do terreno: 300 a 600 kPa (3 a
6 kgf/cm2)
– Cota de fundação: 1,5 m abaixo do terreno
melhorado.
l Malha de estacas:

– 2 a 2,5 estacas / m2
Estacas de areia e brita
l Malha de estacas:
l Fatores influentes no Melhoramento:

– Compacidade inicial do solo: eficiente para

solos com Nspt < 15
10.00

E = 39 kN.m
IMPROVEMENT FACTOR (K = Nf / Ni)

8.00

6.00

4.00

2.00

0.00

0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00

INITIAL PENETRATION RESISTANCE OF SPT (Ni)
l Fatores influentes no Melhoramento:

– Granulometria: eficiente em solos granulares

(percentagem de finos inferior a 20 %)
8.00

TYPE OF SOIL

CLEAN SAND
IMPROVEMENT FACTOR (K = Nf / Ni)

6.00 CLAYEY SAND

4.00

2.00

0.00
0.00 4.00 8.00 12.00 16.00
INITIAL PENETRATION RESISTANCE OF SPT (Ni)
l Fatores influentes no Melhoramento:

– Energia de cravação: vibrações excessivas

8.00

ENERGY

E = 39 kN.m
IMPROVEMENT FACTOR (K = Nf / Ni)

6.00 E = 125 kN.m

4.00

2.00

0.00

0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00

INITIAL PENETRATION RESISTANCE OF SPT (Ni)
l Fatores influentes no Melhoramento:

– Espaçamento entre estacas: 2 a 3 vezes o

diâmetro da estaca (tipicamente 90 cm)
Estacas de areia e brita
l Custos:

– Mobilização de equipamentos: R$ 3.000,00

(US$ 1000)

– Execução do melhoramento: R$ 25 a 30,00 / m

(US$ 10 / m)

– 2 a 2,5 estacas / m2 de lâmina

– Na definição da opção, devem ser levados em

conta o volume de concreto das peças de
fundação (sapatas)
Estacas de areia e brita
l Exemplo: prédio com 15 pavimentos e
lâmina de 300 m2)

– No. de estacas: 2 x 300 = 600 estacas

– Comprimento total: 600 x 5 = 3000 m
– Volume das sapatas: 75 m3
– Mobilização de equipamentos: R$ 3.000,00
– Execução do melhoramento: 3000 x R$ 25,00 =
R$ 75.000,00
– Concreto: 75 x R$ 500,00 = R$ 37.500,00
– Total: R$ 115.500,00 (cerca de 2,5 a 3 % do
custo da obra)
– Prazo: 3000 / 75 = 40 dias (01 equipamento)
Estacas de argamassa
Estacas de argamassa
l Uso típico:
– Terrenos com lentes argilosas superficiais

LENTE
ARGILOSA

CAMADA
ARENOSA
Estacas de argamassa
l Uso típico:
– Terrenos com camadas resistentes a
pequenas profundidades (5 a 7 m)

CAMADA
ARENOSA

CAMADA
RESISTENTE
Estacas de argamassa
l Materiais:

– Mistura de cimento , areia (ou pó-de-pedra) e

brita 38 ou 50
– Traço em volume: 1 : 8 : 4 ou 1 : 6 : 3
– Fck típico: 5 a 8 MPa
l Resistência a compressão simples:

12

10

8
Tensão (MPa)

6
CP-01

CP-02
4
CP-03

CP-04
2

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Deformação Específica (%)
l Módulo de elasticidade:

2500

CP-01

CP-02
2000
CP-03
MÓDULO SECANTE (MPa)

CP-04
1500

1000

500

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
Estacas de argamassa
l Aspectos de projeto:

– Malha quadrada de estacas apenas na

projeção das sapatas
– Espaçamento entre estacas: 80 cm
– Comprimento das estacas: 4 a 7 m
– Taxa de trabalho do terreno: 300 a 600 kPa (3 a
6 kgf/cm2)
– Cota de fundação: 1,5 m abaixo do terreno
melhorado
l Malha de estacas:

– 0,75 a 1,5 estacas / m2 de projeção da lâmina

Estacas de argamassa
l Custos:

– Mobilização de equipamentos: R$ 3.000,00

(US$ 1000)

– Execução do melhoramento: R$ 35 a 40,00 / m

(US$ 13 / m)

– 0,75 a 1,5 estacas / m2 de lâmina

– Na definição da opção, devem ser levados em

conta o volume de concreto das peças de
fundação (sapatas)
Estacas de argamassa
l Exemplo: prédio com 15 pavimentos e
lâmina de 300 m2)

– No. de estacas: 1 x 300 = 300 estacas

– Comprimento total: 300 x 5 = 1500 m
– Volume das sapatas: 75 m3
– Mobilização de equipamentos: R$ 3.000,00
– Execução do melhoramento: 1500 x R$ 35,00 =
R$ 52.500,00
– Concreto: 75 x R$ 500,00 = R$ 37.500,00
– Total: R$ 93.000,00 (cerca de 2,5 a 3 % do
custo da obra)
– Prazo: 1500 / 60 = 25 dias (01 equipamento)
Estacas de argamassa
l Comparação: estacas de argamassa
versus estacas pré-moldadas de concreto

– Prédio residencial: q = 10 kPa por pavimento

– Área da lâmina: 225 m2
– Número de pavimentos: 5, 10, 15 e 20
– Estacas de argamassa:
• Malha quadrada com 80 cm de lado
• Comprimento: 5 m
• Mobilização: R$ 3.000,00
• Custo: R$ 35,00 / m
Estacas de argamassa
l Comparação: estacas de argamassa
versus estacas pré-moldadas de concreto

– Estacas pré-moldadas de concreto vibrado:

• Seção quadrada e lados de 200, 250, 300 e 400 mm
• Cargas de projeto: 400, 600, 800 e 1050 kN, respec.
• Comprimento: 6, 12, 18 e 24 m
• Mobilização: R$ 5.000,00
• Estaca de 200 mm: R$ 52,00 / m
• Estaca de 250 mm: R$ 74,00 / m
• Estaca de 300 mm: R$ 104,00 / m
• Estaca de 400 mm: R$ 137,00 / m

– Concreto de sapatas e blocos: R$ 500,00 / m3

 200.00 TIPO DE FUNDAÇÃO

ARGAMASSA (L = 5 m)
CUSTO DA FUNDAÇÃO (x 1000 REAIS)

PRÉ-MOLDADA (L = 6 m)
150.00 PRÉ-MOLDADA (L = 12 m)

PRÉ-MOLDADA (L = 18 m)

PRÉ-MOLDADA (L = 24 m)

100.00

50.00

0.00

0.00 4.00 8.00 12.00 16.00 20.00 24.00

NÚMERO DE PAVIMENTOS
Mecanismo de transferência
de carga
Mecanismo de transferência de carga
l Sapata rígida:

– Parte da carga é transferida ao terreno, e outra

parte às estacas

– As parcelas dependem do tipo de estaca (areia

ou argamassa) e das condições de contorno
da ponta da estaca
 Mecanismo de transferência de carga
l Equação da transferência:
Vsap
q,est
q,solo

Vsap = (q ⋅A ) + (q ⋅A )
est est solo solo
 l Ensaio de placa: solo entre estacas

PRESSÃO (kN/m2)
0 600 1200 1800 2400 3000 3600
0

2
RECALQUE NORMALIZADO (%)

PC-80 (Aflitos 1 - Areia e Brita) PC-80 (Aflitos 2 - Areia e Brita) PC-80 (Candeias - Areia e Brita)
PC-80 (Espinheiro - Areia e Brita) PC-50 (Piedade - Areia e Brita) PC-30 (Parnamirim - Argamassa)
 l Ensaio de placa: sobre 01 estaca

PRESSÃO (kN/m2)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
0

3
RECALQUE NORMALIZADO (%)

12

15

PC-33 (Aflitos - Areia e Brita) PC-40 (Piedade - Areia e Brita) PC-30 (Jequiá 1 - Argamassa)
PC-30 (Jequiá 2 - Argamassa) PC-30 (Jequiá 3 - Argamassa) PC-30 (Parnamirim - Argamassa)
 l Ensaio de placa: solo mais 04 estacas

PRESSÃO (kN/m2)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0

0,5
RECALQUE NORMALIZADO (%)

1,5

2,5

PC-80 (Aflitos - Areia e brita) PC-80 (Piedade - Areia e Brita)

PC-80 (Boa Viagem 1 - Argamassa) PC-80 (Boa Viagem 2 - Argamassa)
PC-80 (Parnamirim - Argamassa)
Casos de obras
Edifício Residencial - Recife
l Estacas de areia e brita:

– Estrutura aporticada de concreto armado

– 24 lajes e 23 pilares (cargas entre 1928 e

5669 kN)

– 559 estacas de 320 mm de diâmetro com

comprimento médio de 4 m, dispostas em
malha quadrada de 90 cm de lado

– Taxa de trabalho do terreno: 450 kPa

l Sondagens:
No. GOLPES / 30 cm
0 10 20 30 40 50

0.00

-2.00
AREIA FINA E MÉDIA
SILTOSA

-4.00

AREIA FINA E MÉDIA -6.00

ARGILOSA

SONDAGEM
-8.00
ANTES
AREIA FINA SILTOSA
DEPOIS

-10.00
COTA (m)
l Recalques:

100.00
CARREGAMENTO (%)

75.00

50.00

25.00

0.00

0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00

RECALQUE (mm)

TEMPO (dias)
10.00
RECALQUE

P7 (MÍNIMO)
20.00
P15 (MÁXIMO)

MÉDIO
30.00
l Velocidade de recalques:

100.00
CARREGAMENTO (%)

75.00

50.00

25.00

TEMPO (dias)
0.00
VEL. RECALQUE (micra/dia)

0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00

20.00

40.00

60.00
MÉDIA

80.00
Hiperbompreço - Natal
l Estacas de areia e brita:

– Estrutura pré-moldada de concreto armado

– Estacas de 320 mm de diâmetro com

comprimento médio de 5 m, dispostas em
malha quadrada de 90 cm de lado

– Taxa de trabalho do terreno: 400 kPa

TECON – Porto de Suape
l Estacas de areia e brita:

– Guindaste para movimentação de containers

– Estacas de 320 mm de diâmetro com

comprimento médio de 5 m, dispostas em
malha quadrada de 90 cm de lado

– Aterro arenoso solto e fofo

– Taxa de trabalho do terreno: 150 kPa

 N-SPT
0.00 10.00 20.00 30.00

0.00
SONDAGEM
(APÓS)

F6
1.00
F7
F8

F9
2.00 F10
F11
PROFUNDIDADE (m)

3.00

4.00

5.00

6.00

7.00
DECAL – Porto de Suape
l Estacas de argamassa:

– Tanques para armazenagem de combustíveis

– Estacas de 350 mm de diâmetro com

comprimento médio de 7 m, dispostas em
malha quadrada de 100 cm de lado

– Presença de lente argilosa

– Eliminação da laje de concreto

– Taxa de trabalho do terreno: 200 kPa

 TANQUE 13 - DECAL - SUAPE - PE

N-SPT
0.00 20.00 40.00

0.00
SONDAGEM

SP-29 (ANTES)

SP-99 (APÓS)

SP-100 (APÓS)

SP-101 (APÓS)
2.00

LENTE
ARGILOSA

PROFUNDIDADE (m)
4.00

6.00

8.00

10.00
 PRESSÃO (kPa)
0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00

0.00
DECAL - SUAPE

RECALQUE NORMALIZADO (%) 0.40

0.80

PROVA DE CARGA
1.20
PC-2 (SOLO) - TQ08

PC-3 (SOLO+ESTACAS) - TQ08

PC-6 (SOLO+ESTACAS) - TQ04

ENCHIMENTO - TQ04

ENCHIMENTO - TQ08
1.60
Conclusões
Conclusões
l A solução de melhoramento de terrenos através
de estacas de compactação tem se mostrado
satisfatória tanto do ponto de vista técnico,
quanto de custos (mas não é “sonrisal”).

l Projeto:
– Tipo de estrutura
– Tipo de terreno
– Cronograma da obra

l Falta de um modelo confiável de transferência de

carga entre o solo e as estacas.
Conclusões
l Necessidade de normatização: maior interação
entre as universidades e o setor produtivo.

l Avanço do conhecimento:
– Ensaios de placas
– Medições de recalques
Muito obrigado pela atenção ...
gusmao.alex@ig.com.br