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Bioética Personalista

Conferencia apresentada durante o III Encontro de


Bioética de Belém -27 e 28 de agosto de 2008
Dalton Luiz de Paula Ramos1
Para que possamos enfrentar o tema do Sofrimento e da dor, a luz da Bioética,
começo retomando conceito, contexto, fundamento e princípios da Bioética. Neste
sentido o meu referencial é o modelo bioético denominado Bioética Personalista como
proposto por Elio Sgreccia (Sgreccia, 2003). Em uma segunda etapa retomo o
percurso que desenvolvi em recente publicação (Ramos, 2008) onde aprofundo os
conceitos de vida, saúde e qualidade de vida; por último o de doença, para chegar a
questão da dor, do sofrimento, uma reflexão de cunho antropológico e não de clínica
médica ou psicológica.

Bioética Personalista - Conceito e contexto.


A Bioética, a “ética” que se preocupa com a “vida” (bios) não é novidade, pelo
menods enquanto preocupaçãodesebuscar sempre o melhor caminho (ética)que possa
favorecer a sobrevivência da hmanidade (vida/bio). De uma forma ou de outra vamos
encontrar, desde os primórdios da História, quem se preocupou em refletir sobre o uso
correto das tecnologias - como o fogo, a pólvora, as máquinas, a energia elétrica etc -
, e seus impactos para a melhoria ou para a destruição da vida, em particular da vida
humana.
O neologismo “Bioética” é que é recente no cenário das reflexões acadêmicas.
Seu emprego pela primeira vez devemos ao médico oncologista norte americano Van
Rensselaer Potter que publica, em 1970 e 1971, duas obras, “Bioethics - The science
of survival” e “Bioethics - Bridge to the future”. Nestes textos Potter propõe a
sociedade científica uma nova disciplina que combine o conhecimento biológico com o
conhecimento dos valores humanos que represente a “ponte” entre duas culturas: a
científica e a humanística.
A Bioética se desenvolve a largos passos e em uma diversidade de escolas ou
modelos. Com uma proposta interdisciplinar, vence as fronteiras da medicina, hoje
envolve todas as áreas de conhecimento: medicina, biologia, genética, filosofia,
direito, teologia, sociologia, psicologia, economiatar. Seus, segundo o Dicionário de
Bioética (Leone, Privitera e Cunha, 2001) são:

1
Livre Docente. Professor de Bioética da FOUSP. Membro do Centro de Bioética da
Amazônia – CBAm. Membro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP. Membro
Correspondente da Pontifícia Academia Para a Vida – Vaticano. Coordenador Adjunto
da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP/MS.
Bioética Personalista – Dr. Dalton Ramos – III Encontro de Bioética de Belém – Ago/2008

“indicar os limites e as finalidades da intervenção do


homem sobre a vida, identificar os valores de
referência racionalmente proponíveis, denunciar os
riscos das possíveis aplicações.”
Segundo Sgreccia (2003) um outro aspecto, decorrente desta visão da Bioética,
não restrita ao universo biomédico, é que não basta que a Bioética fale aos cientistas.
A Bioética é oferecida também às populações, aos políticos, à classe médica e às
famílias.
Portanto o debate e o aprofundamento dos temas de Bioética não podem ficar
restritos ao cenário acadêmico, embora, obviamente, os acadêmicos tenham sua
parcela de responsabilidade nesta reflexão. Por se tratar de um tema que diz respeito
a todos, pois a Bioética trata da vida e o tema vida interessa a todos os seres vivos
racionais, é importantíssimo que os debates sobre Bioética se estendam a todos os
seguimentos da sociedade. Neste sentido, além das instituições de ensino, a mídia
tem um papel importantíssimo pois além de poder propiciar a segmentos cada vez
maiores da população o acesso a estes debates, tem também a responsabilidade de
oferecer ao público informações honestas a este respeito.
É importante contextualizar o debate sobre questões éticas. Se pretendemos
refletir sobre nossas ações na busca de um caminho mais verdadeiro não podemos
desconsiderar o cenário cultural de nosso tempo, isto é, o elenco de idéias e ideologias
que, queiramos ou não, acabam por exercer forte influência sobre a nossa forma de
pensar e de agir.
Para uma análise da pertinência das análises que se seguem utilizemos como
método de verificação uma posição que leve em conta todos os elementos em jogo,
inclusive o que chamamos de “experiência elementar”: desejo de realização, de
satisfação, de felicidade, de beleza, do bem, etc. Nessa empreitada é urgente não
privilegiar um esquema que já tenhamos em mente em detrimento de uma
observação global.
Nossa sociedade vive condicionada e sob influência de mentalidades ou
ideologias que necessitam ser identificadas e bem entendidas, para que as reflexões e
decisões possam expressar os verdadeiros interesses da cada indivíduo. Hoje, aquilo
que nos é apresentado em primeiro plano, como as grandes questões Bioéticas (o
aborto, a eutanásia, o uso das células-tronco etc) são vistas, com maior ou menor
nitidez, sob a influência de correntes de pensamento, mais ou menos hegemônicas.
Destacamos, entre outras, três correntes de pensamento: o individualismo, o
hedonismo e o utilitarismo, verdadeiras ideologias que exercem forte influência
também na reflexão ética, entendendo-se “ideologia” como uma redução inteligente
da realidade o que supõe que, na sua raiz, existem “elementos de verdade”, um algo,

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uma parte do que é verdadeiro, algo de atrativo que se constitui num componente da
verdade. Só que este aspecto da verdade é absolutizado; uma “parte” da verdade
assume a conotação de “toda” a verdade. É por existir nesta ou naquela ideologia este
componente de verdade que muitos, estando desatentos, se convencem da sua
adequação.
O individualismo, típico do que se denomina “ética liberal”, resume tudo na
reivindicação da liberdade. Qualquer discurso contrário à defesa irrestrita da liberdade
passa a ser “politicamente incorreto”. Ora, sabemos que a liberdade implica em
responsabilidades. Nenhum ato humano (decorrente do uso da liberdade) deixa de
ter, em maior ou menos grau, algum tipo de implicação para quem o pratica e para
outros. Liberdade e responsabilidade são duas palavras que não se separam.
A expressão que será empregada com maior destaque nesta lógica da ética
liberal é, então, a “autonomia” como a grande bandeira a ser defendida a todo custo.
Autonomia, nesta ótica, passa a ser entendida como a livre escolha do sujeito que não
aceita nem obrigações nem limites à própria liberdade a não ser o respeito, difícil e
utópico, da liberdade alheia. E aqui, mais uma vez, nos deparamos com uma distorção
da realidade. É verdade que a defesa da liberdade é algo pelo qual devemos lutar. Mas
o individualismo, que aparentemente isto pretende, na verdade favorece o contexto
contrário, onde cada um fica escravo dos poderosos, pois se o limite da minha
liberdade fica condicionado pela liberdade do outro tudo dependerá, então, do meu
poder em conquistar o espaço no confronto, no “cabo-de-guerra”, com os interesses
do outro. E vencerá quem tiver mais força. Assim, em vez de propiciarmos a defesa
das liberdades individuais estamos favorecendo que o mais forte se imponha, em
detrimento do mais fraco.
Já no hedonismo, a busca da supressão da dor e a extensão do prazer, se
constituiriam no sentido do agir moral. Aqui se confunde prazer físico, representado
pela ausência de fenômenos dolorosos, com felicidade. Obviamente não se pretende
fazer apologia do sofrimento ou, ainda, se defender uma postura masoquista, mas
sabemos que, para alcançarmos a felicidade, não basta o prazer físico; a natureza
humana deseja muito mais do que isto. Assim, esta apologia do prazer físico coloca-
nos numa perspectiva terrena e utópica ao mesmo tempo. Terrena porque materialista
e imediatista; utópica porque sabemos, a partir das nossas próprias experiências, que
a simples sucessão da dor e a extensão do prazer físico não são suficientes para nos
garantir a felicidade.
A postura hedonista vai implicar, na reflexão ética, na redução do sentido da
vida, pois esta passa a ser, unicamente, a capacidade de provar dor ou prazer. Assim,
não seria uma vida digna de ser levada em consideração aquela que ainda não é

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capaz de experiências sensitivas ou que não é mais capaz de conseguir esta


percepção.
No hedonismo fica empobrecido o sentido da expressão “qualidade de vida”,
como veremos adiante.
Quanto ao utilitarismo, onde se faz uma correlação entre custos e benefícios, o
sentido do agir moral passa a ser o que dá lucro, ou, pelo menos não dá um grande
prejuízo ou minimiza seus efeitos. Tal qual na lógica contábil, passa a se buscar um
equilíbrio financeiro entre os interesses que estão em jogo. E este aspecto pragmático
desta forma de pensar leva a que se proponha, como forma de se alcançar a harmonia
entre as diferentes liberdades – muitas vezes em litígio entre elas –, que se estabeleça
um “pacto ético” que vai se tornar o fundamento da eticidade.
Para se alcançar este “pacto” resta se buscar o “consenso”, o caminho do
contrato social. A questão é como chegar ao consenso. Na sociedade política, o
consenso tende a ser uma posição onde forças sociais com idéias antagônicas
encontram seu equilíbrio. Menos que o fruto de um processo racional de discussão,
corresponde a um processo político de entendimento e representa mais correlações de
força entre posições sociais concretas e definidas que resultados de discussões lógicas
e abstratas. Mais uma vez vai imperar os grupos sociais mais fortes, em detrimento
dos mais fracos. Pode até ser “democrático”, mas não necessariamente é mais justo.
Estas três posturas – individualismo, hedonismo e utilitarismo –, isoladamente
ou em conjunção, favorecem um clima cultural onde não se reconhece nada como
definitivo. É o que podemos chamar de relativismo: a última medida passa a ser o
próprio eu e suas vontades.
Neste contexto como podemos, então, construir uma reflexão Bioética ? A
Magna Quaestio como chamou Sgreccia (2000) pode ser traduzida nas seguintes
indagações: Existe um fundamento? Em que se deve identificar o critério para
distinguir o lícito e o não lícito no âmbito do tecnicamente possível ? Existe um critério
tal que possa ser reconhecido como verdadeiro e partilhado que prescinda da
diversidade das culturas e das sociedades ? Existe uma verdade do homem que se
torne e seja ponto de referência para todos ? O que no homem, agente responsável e
beneficiário de algum tempo da Bioética, existe de intangível, de imutável, de
sagrado, para que deva ser respeitado ?
Afirma Sgreccia (2000) que sem uma resposta a estas perguntas não se pode fazer
Bioética a não ser em sentido débil e aproximativo.
O modelo bioético personalista, também denominado Personalismo
Ontologicamente Fundado nos propõe um fundamento: A pessoa humana, considerada
em sua essência, em sua natureza, em sua verdade.

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A Pessoa Humana – o fundamento da Bioética


Ao centrar a questão na pessoa humana é importante frisar que nosso objeto de
estudo fica focado em uma realidade que nós conhecemos, justamente à partir das
nossas “experiências elementares” pois cada um de nós é “pessoa”. Destaco este
aspecto porque, a reflexão que se segue tem como método da verificação da sua
veracidade a comparação com a nossa própria experiência, com o meu “eu”. Mesmo
que não possamos explicar integralmente cada um dos componentes do que vem a
ser a pessoa humana, sabemos do que se trata.
Para esta nossa reflexão basta que se reconheça que de fato existem as
categorias apresentadas.
O Modelo Personalista, proposto por Sgreccia (2003) considera que a pessoa
humana é composta por uma unicidade, representada pela unidade entre corpo e
espírito, que constitui a sua singularidade ou identidade. Segundo este autor, A
pessoa é, antes de tudo, um corpo espiritualizado, um espírito encarnado, que vale
por aquilo que é e não somente pelas escolhas que faz.
Mesmo que não se aceite que esta identidade se componha também por um
componente metafísico e, como referencial, se utilize apenas do conhecimento que
nos é oferecido pelas ciências experimentais, minimamente temos que reconhecer que
a pessoa, cada pessoa humana, é dotada de particularidades que lhe conferem uma
identidade.
Este é o nosso primeiro ponto: a pessoa humana é uma unicidade ou,
minimamente, uma singularidade ou identidade.
O segundo ponto é que reconhecemos que cada pessoa humana apresenta
várias dimensões, minimamente: corpórea ou física, psicológica, social ou moral.
Cada uma delas tem sido objeto de estudo de diferentes ciências; a dimensão
corpórea ou física é objerto das ciências da saúde, as psicológica, social ou moral, da
Psicologia, Sociologia, Filosofia etc.
O Modelo Personalista vai somar, a estas dimensões, a metafisica ou
espiritual, objeto de estudo da Filosofia e da Teologia.
Observando esta complexidade em que se compõe a pessoa humana é que
vamos entender seu valor, a sua dignidade. Também para esta constatação
podemos empregar a “experiência elementar” pois quando o meu “eu” não é
respeitado em todas estas dimensões, digo que “não fui tratado como pessoa e sim
como uma coisa”.
Todos podemos testemunhar, todos já “experimentaram” isto quando, por
exemplo, ao solicitarmos ajuda médica para um problema de saúde, pequeno ou
grande, nos deparamos com um profissional que durante a consulta se relaciona com
o meu “eu” como se eu fosse apenas um estômago que dói ou uma garganta

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inflamada; nestes momentos sentimos como foi reduzida a minha pessoa a um dos
seus componentes (estômago, garganta etc), o que não me satisfaz plenamente pois,
de alguma forma, não corresponde a minha dignidade e ao meu valor.
O reconhecimento do valor, da dignidade de pessoa humana não é uma opção. É
algo implícito na nossa própria experiência.

Saúde e Qualidade de Vida.


O segundo conceito importante para esta nossa reflexão é o de saúde
entendido como a unidade harmônica e recíproca de todas as dimensões da pessoa:
Biológica, Psicológica, Espiritual, Moral.
Esta dimensão moral, quando aplicada ao conceito de saúde, merece um
esclarecimento especial. Ela se refere à responsabilidade que cada pessoa tem a
respeito da própria saúde e da responsabilidade que se tem quanto à saúde das
pessoas que ainda não alcançaram à maturidade ou já não tem a capacidade de
administrar a sua própria saúde. A circunstância em que se encontra a pessoa doente,
não é, então, um problema só dela ou de seus parentes próximos a quem caberia
“autonomamente” decidir pela vida ou pela morte. A circunstância (saúde ou doença)
em que se encontra uma determinada pessoa é um desafio para todos. Com esta
abordagem pretendemos alargar o conceito clássico de responsabilidade social, quanto
se fala de saúde.
Já o significado da expressão “qualidade de vida” hoje é interpretada como
eficiência econômica, consumismo desenfreado, beleza e prazer da vida física.
Esquece-se das dimensões mais profundas da existência, como são as
interpessoais, espirituais e religiosas.
Para retomarmos um correto entendimento antropológico da expressão
“qualidade de vida”, devemos reconhecer e promover dois aspectos: “Qualidade
Essencial” e “Condição Essencial”
O de “qualidade essencial” implicar em reconhecer que a pessoa humana é
constituída de uma unidade de corpo e de espírito e por esse motivo ela possui por
essência uma dignidade superior às outras criaturas visíveis, vivas e não vivas. Essa é
a “qualidade” e “dignidade” do ser humano que existe em cada momento da vida,
desde o primeiro instante da sua concepção até à morte natural. Como conseqüência
desse entendimento o homem deve ser reconhecido e respeitado em qualquer
condição de saúde, de enfermidade ou de falta de habilidade.
Aspecto decorrente do primeiro (reconhecimento do direito à vida e da dignidade
peculiar de cada pessoa) é o conceito de “condição essencial” que implica que a
sociedade deve promover, em colaboração com a família e com os outros organismos
intermediários, as condições concretas para desenvolver de maneira harmoniosa a

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personalidade de cada homem, em conformidade com as suas capacidades naturais.


Para a promoção harmoniosa de todas as dimensões da pessoa humana devem existir
condições sociais e ambientais adequadas, oferecidas a todos os homens, qualquer
que seja a realidade social em que vivam.

A Doença e a Dor.
Se saúde é a unidade harmônica e recíproca de todas as dimensões da pessoa a
doença vem a ser a falta desta harmonia. Uma das implicações práticas desta situação
é que a pessoa, doente, declara “sentir uma dor”.
Uma das situações mais paradigmáticas em que a dor é um elemento presente e
que implica em grandes dilemas éticos é o do paciente terminal, portadores de
doenças incuráveis e moribundos cuja experiência de dor pode ser tão grande que
muitos pedem até para morrer, pedindo a eutanásia, um dos grandes temas da
Bioética. Por eutanásia direta, entendemos a ação ou omissão que, em si ou na
intenção, gera a morte a fim de suprimir a dor. A dor é colocada, então, como a
explicação dada para o pedido de eutanásia.
Na verdade o pedido da eutanásia pode ser entendido como um pedido de
socorro. Aquele que sofre está muitas vezes dominado pela dor (a dor física, a do o
abandono)e pode não conseguir ver muito além; desesperado pede a morte. Mas se
pudermos lhe oferecer algo mais positivo (como uma opção de vida com dignidade) é
a isto que vai aderir.
No caso do doente terminal que pede para morrer, de que forma esta dor pode
se apresentar? Podemos, sinteticamente classificá-las em três categorias, classificação
esta proposta no sentido de facilitar nossa reflexão sobre a sua origem, o seu impacto
sobre a pessoa e de como lidar com ela.
Uma primeira modalidade de dor é aquela de natureza física, de origem
neurológica. A Medicina moderna oferece múltiplos recursos para aliviar ou sanar a
dor física, constituindo-se em um campo de atuação bastante profícuo.
Uma segunda modalidade de dor é causada pelo sofrimento que impede que o
paciente consiga enxergar algo de positivo ao seu redor. Nestes casos a solução inclui
aproximar-se da intimidade do enfermo, conhecer sua história de vida para entender a
razão da angústia do paciente. É preciso criar empatia com quem sofre, relacionar-se
com sua dor, criar laços de confiança e carinho. Este é um caminho que pode ser
trabalhoso, mas não é impossível.
Uma terceira modalidade de dor ocorre quando se esgotamento do projeto de
vida onde e necessário resgatar a auto-estima do doente, fazendo-o compreender que
a vida não depende somente do funcionamento perfeito dos órgãos do corpo. É
possível ajudá-lo a resgatar o sentido da vida.

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Para a implementação de ações neste sentido necessitamos de recursos


humanos, tecnológicos e materiais. Os humanos estarão disponíveis na proporção
direta em que os cuidadores em potencial, quer sejam eles das equipes de saúde ou
da sociedade em geral, puderam percorrer um caminho que lhes propicia de retomar,
e reconhecer, o ponto que é o fundamento desta nossa reflexão que é o valor e a
dignidade da pessoa humana; é necessário re-humanizar os cuidadores e também
cuidar deles. É necessário um ambiente cultural que favoreça ações de solidariedade.
Já os recursos tecnológicos e materiais implicam em desenvolvimento de novas
tecnologias – em neurologia, psicologia, serviço social etc – e na possibilidade de
acesso a eles, uma vez que muitos deles já existem mas, infelizmente, não estão
disponíveis a todos em função da carência dos recursos financeiros, muitas vezes
devido a políticas públicas equivocadas, mal implementadas ou, pior, que não
atendem os interesses da maioria pois visam apenas privilegiar os interesses
econômicos ou de poder de minorias. Muitas vezes também o administrador ou gestor
do bem público precisa retomar uma postura ética bem fundamentada.
Finalizando vale lembrar que o mais adequado, em vez de se propor a eutanásia
direta é se implementar os chamados “cuidados paliativos”, em todos os níveis e
acessíveis a todos os segmentos da sociedade, entendidos como os recursos técnicos
(equipamentos e medicamentos) e humanos (equipe de saúde – médicos,
enfermeiros, psicólogo, assistente social, espiritual etc. ), para atendimentos
hospitalares e/ou domiciliares, que garantam os cuidados devidos a uma pessoa
doente de forma a ampará-la em todas as suas dimensões de saúde.

Referências Bibliograficas:

Leone S; Privitera S; Cunha JT. Dicionário de Bioética. Editora Santuário, 2001.

Sgreccia, E. Manuale di Bioética: Fondamenti ed ética biomedica. 3ª. Ed. Milano: Vita
e Pensiero; 2003. 817p.

Sgreccia, E. A Bioética e o novo milênio. Bauru: EDUSC; 2000.

Ramos DLP. Dor e qualidade de vida, à luz da bioética de modelo personalista, in


Hoffmann A, Massimi M, Oliveira LM. Reflexões em torno da dor. Ribeirão Preto:
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 2008. P. 57-80.

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