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PARTE I
TEORIA GERAL DO ESTADO
1. ESTADO:
Pessoa coletiva de Direito Público constituído por uma comunidade humana que exerce poder político,
num determinado território. É dotado de autoridade, soberania e coercibilidade.
ELEMENTOS DO ESTADO
B) Soberania:
Catarina Cruz 1
Introdução ao Direito
ESTADOS
UNIÃO REAL
Existe uma identidade governativa com órgãos comuns a dois
ESTADOS CENTRALIZADOS Várias entidades Estados. Os Estados isolados abdicam da capacidade
descentralizadas com internacional a favor da União. Ex. União entre Portugal e Brasil
Total centralização da diferentes graus de no anterior Ultramar e antes da independência da colónia
titularidade e do poder autonomia mas com uma brasileira
político única Constituição
Não há divisão de
competências nem
autonomia ESTADO FEDERAL E ESTADOS FEDERADOS
ESTADOS
Os Estados Unitários unem-se em benefício de um novo Estado
DESCENTRALIZADOS
(Estado Federal). Esses estados unitários transformam-se em
Coletividades com poder
estados federados.
de se autogovernarem;
Divisão de poderes por
O Estado Federal tem competências ao nível das relações
outros órgãos
externas, defesa nacional, orçamentos e receitas. Garante a
ESTADOS administrativos sujeitos a
participação dos Estados Federados.
DESCONCENTRADOS um poder tutelar pelos
Os Estados Federados mantêm estrutura política própria, uma
Repartição de órgãos centrais do Estado
Constituição política, uma organização do poder e uma
competências entre os (autarquias locais, RA)
estrutura jurídica próprias (princípio da autonomia).
órgãos administrativos
centrais e os serviços da
EXEMPLO: os EUA – Estado Federal composto por 50 Estados
Administração Pública;
Federados
Diferentes níveis de
carácter administrativo e
os serviços estão sujeitos CONFEDERAÇÃO
a um poder hierárquico Associação de Estados soberanos cujas atribuições são comuns
e dirigidas por estruturas coletivas, mas não abdicam da sua
soberania e independência.
Catarina Cruz 2
Introdução ao Direito
O ESTADO POSSUI:
Catarina Cruz 3
Introdução ao Direito
FUNÇÕES DO ESTADO
Os seus órgãos definem o Visa a satisfação das necessidades Sentenças e acórdãos dos
interesse público através de meios coletivas de forma regular e tribunais
próprios contínua: segurança, cultura e Atribuição aos tribunais de
bem-estar competência própria para verificar
Exercício de competências de a conformidade de qualquer ato
natureza e conteúdo normativo normativo.
(regulamentos, decretos Os tribunais asseguram a defesa
regulamentares, portarias, dos direitos e interesses dos
despachos normativos). cidadãos, reprimem a violação da
FUNÇÃO FUNÇÃO Atos de conteúdo individual e legalidade democrática e dirimem
GOVERNATIVA LEGISLATIVA concreto: regulamentos, atos os conflitos de interesses públicos
unilaterais (atos administrativos) ou privados.
Atos dos órgãos Aprovação de atos que disciplinam situações
governativos legislativos: leis concretas
respeitantes à (AR), decretos-lei Atos bilaterais (ou contratos
condução da (Governo) e administrativos)
política do país e Decretos
das RA Legislativos
Regionais (ALRA)
CHEFIA DE ESTADO
COLEGIAL SINGULAR
PORTUGAL: República democrática com um chefe de Estado é o Presidente da República designado por
sufrágio universal e secreto
ESPANHA: República democrática com um Chefe de Estado (monarca), designado em 1.ª linha pelo
anterior ditador
Catarina Cruz 4
Introdução ao Direito
A) ELEIÇÃO
Ato de escolha através de um voto, direito de sufrágio, por parte de pessoas (colégio eleitoral).
CARACTERÍSTICAS DO SUFRÁGIO:
Universal: podem votar os cidadãos que preencham os requisitos delimitados para a
capacidade eleitoral ativa e passiva.
Igual: o sufrágio realiza-se independentemente do número de eleitores que vão votar
Livre: não é obrigatório votar. Constitui apenas um dever cívico
Secreto: é proibida qualquer sinalização de voto
Pessoal: o voto é exercido pessoalmente e só excepcionalmente um cidadão se pode
fazer acompanhar por outro eleitor no ato eleitoral.
Periódico: implica que os titulares de cargos políticos têm mandatos com duração
prefixada.
Individual (Presidente da República) ou por lista (o voto recai sobre um elenco de
pessoas preparado pelos partidos políticos. Ex. Deputados da Assembleia da República)
Uninominal (está em disputa um mandato) ou plurinominal (estão em disputa vários
mandatos).
O sufrágio por listas é sempre plurinominal. O sufrágio individual pode ser aplicado a
circunscrições uninominais ou plurinominais (por exemplo, nomes individualmente
considerados para vários mandatos em disputa, em vez de ser apresentada apenas uma
lista partidária).
Direto (a eleição do titular acontece sem intermediação – PR) ou indireto (os eleitores
designam indivíduos que, após eleitos, procedem à eleição dos titulares dos órgãos
governativos – Presidente dos EUA)
C) COOPTAÇÃO – sistema conhecido pela “eleição dos eleitos”. Pode ser simultânea - os membros
que já têm assento num órgão colegial designam alguém para preencher vagas (em Portugal, 3
dos 13 juízes do TC são cooptados pelos 10 juízes eleitos pelo Parlamento) – ou sucessiva (o
titular do órgão designa o seu sucessor
D) NOMEAÇÃO – ato unilateral de provimento num c argo cuja eficácia depende da aceitação do
nomeado. Por exemplo, o PM é nomeado pelo PR.
E) INERÊNCIA – forma de designar um titular de um cargo pelo fato de ele desempenhar outro
cargo. Por exemplo, o PR é, por inerência, o Comandante Supremo das Forças Armadas.
Catarina Cruz 5
Introdução ao Direito
SISTEMAS ELEITORAIS
Formas para conversão de votos em mandatos
MAIORIA RELATIVA, A UMA MAIORIA ABSOLUTA OU A Vários círculos eleitorais territorialmente definidos ou
VOLTA OU À PLURALIDADE DUAS VOLTAS com a existência de apenas um círculo coincidente com
DE VOTOS o território do Estado, mas são círculos plurinominais,
O mandato é atribuído ao com vários mandatos e por lista
O mandato é atribuído ao candidato que obtiver no
candidato que obtiver maior primeiro escrutínio a maioria
número de votos. absoluta dos sufrágios.
Apenas se disputa um 2.º - MÉTODO DE SAINT-LANGUE
mandato Se nenhum dos candidatos o
tiver, realiza-se uma 2.ª Semelhante ao 1.º método. Constitui uma tentativa
volta apenas com os 2 para se alcançar maior proporcionalidade de forma a
candidatos com melhores maximizar a representação, principalmente do 2.º
resultados. partido.
O mandato é atribuído ao
que obtiver maior número
de sufrágios na 2.ª volta
3.º - MÉTODO DE SAINT-LANGUE MODIFICADO
A reter:
Um sistema eleitoral de maioria relativa ou a uma volta tende a gerar um sistema bipartidário –
dois partidos têm 95% ou mais dos mandatos numa assembleia. Exemplo: sistema inglês, onde
existem dois grandes partidos políticos: O Trabalhista e o Conservador, ou nos EUA: Partido
Republicano e o Partido Democrata.
Um sistema eleitoral proporcional tende a gerar um sistema partidário com vários partidos
rígidos.
Catarina Cruz 6
Introdução ao Direito
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
As reuniões das assembleias dos órgãos colegiais são públicas, salvo os casos previstos na lei.
As deliberações dos órgãos colegiais são tomadas com a presença da maioria do número legal
dos seus membros e à pluralidade de votos, não contando as abstenções para o apuramento da
maioria.
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA:
Só pode deliberar quando estão presentes a maioria legal dos seus membros (metade dos
Deputados mais um – 116)
Para a aprovação de proposta ou projeto de lei, regra geral, funciona a pluralidade de votos
(mais votos a favor do que contra, as abstenções não contam para apuramento da maioria)
Catarina Cruz 7
Introdução ao Direito
Órgãos de soberania – são órgãos supremos do Estado que se ligam, necessária e primeiramente, à
soberania como poder próprio e originário do Estado. São peças essenciais do sistema político e não
dependem hierarquicamente uns dos outros. São centros institucionalizados de poderes cuja vontade
expressa é juridicamente atribuível ao Estado.
A) PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Órgão de soberania unipessoal (um único titular) que representa a comunidade nacional
É, por inerência, o Comandante Supremo das Forças Armadas
É o vértice do aparelho político, detém um poder moderador, imparcial e independente
Legitimidade democrática direta – sistema eleitoral maioritário a duas voltas
São elegíveis cidadãos eleitores, portugueses de origem, maiores de 35 anos
Máximo de 2 mandatos – cada mandato tem a duração de 5 anos
Pode renunciar o mandato
Em caso de ausência de território nacional, é substituído pelo Presidente da AR
PODERES PARTILHADOS
Referenda ministerial – função certificatória e implica responsabilização política em razão de atos de promulgação
praticados
CONSELHO DE ESTADO
Órgão político de consulta do PR
COMPOSIÇÃO CONSIDERAÇÕES
Presidente da AR Os seus membros são empossados pelo PR
PM Elaboram o seu regimento
Presidente do TC As reuniões não são públicas – os pareceres são tornados públicos
Provedor de Justiça quando da prática do ato a que se referem
Presidentes dos governos regionais Princípio da irresponsabilidade – não respondem civil, criminal ou
PR disciplinarmente pelos votos e opiniões emitidas no exercício de
Antigos PR eleitos funções
5 cidadãos designados pelo PR Princípio da inviolabilidade – não podem ser detidos
5 cidadãos eleitos pela AR As funções dos membros do CE não são incompatíveis com outras
funções
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Introdução ao Direito
B) ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
ESTRUTURA ORGÂNICA DA AR
COMPETÊNCIAS
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Introdução ao Direito
Vigiar o cumprimento da
Constituição e das leis Desencadear a apreciação Testemunhar a tomada de posse do
Apreciar atos do Governo e da parlamentar de atos legislativos PR
Administração publicados desde que não sejam da Assentir a ausência do PR
Apreciar a aplicação da declaração competência exclusiva do Governo Apreciar o programa do Governo
de estado de sítio e de emergência e, ainda, de decretos legislativos Votar moções de confiança e de
Apreciar, para cessação de vigência regionais aprovados censura ao Governo
ou alteração, os DL’s do Governo e Suspender, no todo ou em parte, a Eleger 5 membros do Conselho de
os decretos legislativos regional das vigência de um DL autorizado, Estado e os membros do Conselho
AL das RA desde que existam propostas de Superior do Ministério Público
Apreciar as contas do Estado e alteração, até à entrada em vigor da Entre outras
demais entidades públicas nova lei. - RESOLUÇÃO
Apreciar os relatórios de execução
dos planos nacionais
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Genérica – regra geral, pode legislar exceto em matérias exclusivas do Governo e das RA
Reservas absolutas ou relativas de competência legislativa face ao Governo
Valor reforçado das leis de base de regimes jurídicos e das leis de autorização legislativa em
relação aos respetivos decretos-leis de desenvolvimento ou autorizados
Susceptibilidade de apreciação política da atividade legislativa do Governo, através da apreciação
parlamentar
Os vetos do PR para as leis da AR têm carácter suspensivo (ao contrário dos diplomas do Governo)
Catarina Cruz 10
Introdução ao Direito
C) GOVERNO
ESTRUTURA
É nomeado pelo PR, ouvidos São nomeados pelo PR sob São responsáveis perante o
os partidos representados na proposta do PM PM e o respetivo Ministro
AR e tendo em conta os São responsáveis perante o Coadjuvam os Ministros do
resultados eleitorais PM e só no âmbito da seu Ministério
É responsável responsabilidade política do Detêm competências
institucionalmente perante o Governo é que são delegadas nos termos da lei.
PR e politicamente perante a responsáveis perante a AR
AR Têm competências próprias
Propõe a nomeação dos Vice- no âmbito da política de cada
Primeiros Ministros, se os Ministério
houver, e dos ministros.
É o Presidente do Conselho
de Ministros –
predominância política COMPETÊNCIAS DO PRIMEIRO-MINISTRO
Dirigir a política geral do Governo, coordenando e orientando a ação
de todos os Ministros
Dirigir o funcionamento do Governo e as suas relações de carácter
geral com os demais órgãos do Estado
Submeter à apreciação da AR o programa do Governo (não necessita
de ser aprovado, basta não ser rejeitado
Exercer as demais funções que lhe sejam atribuídas pela
Constituição e pela lei
Informar o PR acerca dos assuntos respeitantes à condução da
política interna e externa.
Catarina Cruz 11
Introdução ao Direito
COMPETÊNCIAS DO GOVERNO
RESERVADA – organização e
funcionamento do Governo
CONCORRENCIAL – com a da AR Susceptibilidade de aprovar Sistema de Governo semi-
em matérias a esta não Regulamentos (Decretos presidencialista, onde há uma
reservadas regulamentares promulgados combinação de elementos
DERIVADA OU AUTORIZADA – pelo PR; portarias emanadas por estruturantes do sistema
matérias da competência da AR um ou vários membros do parlamentar com elementos do
COMPLEMENTAR – ou de Governo, despachos normativos sistema presidencialista
desenvolvimento dos princípios e outros decretos
gerais dos regimes jurídicos
contidos em leis que a eles se
circunscrevem
GOVERNOS DE GESTÃO
Só podem praticar atos de gestão corrente dos negócios públicos que estejam relacionados com
necessidades urgentes
D) TRIBUNAIS
SENTENÇA ACÓRDÃO
Decisão judicial sobre mérito da Decisão da mesma natureza que a
causa submetida a julgamento e sentença mas proferida por um
proferida por um tribunal singular tribunal coletivo
TRÂNSITO EM JULGADO
Decisão em que tenha esgotado a possibilidade de recorrer para outros tribunais superiores. É a
última palavra sobre o caso em concreto
Catarina Cruz 12
Introdução ao Direito
CATEGORIAS DE TRIBUNAIS
1. O TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
INCONSTITUCIONALIDADE ILEGALIDADE
Existe quando uma norma viola a CRP
Consequências
Catarina Cruz 13
Introdução ao Direito
Acórdãos de Acórdãos de
Julgamento Verificação
PREVENTIVA SUCESSIVA
Acórdãos de Acórdãos de
Pronúncia Declaração
Catarina Cruz 14
Introdução ao Direito
PREVENTIVA SUCESSIVA
Ex. Quando o tribunal recuse aplicar uma norma que considere inconstitucional ou quando aplique
norma cuja inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o processo
Efeitos do acórdão de julgamento - a decisão da questão incidental só se aplica ao caso em
concreto. Continuará a vigorar fora do processo até ser revogada ou o TC declarar
inconstitucionalidade por força obrigatória geral.
A fiscalização concreta passa para abstrata quando a mesma norma, em 3 casos concretos, haja sido
julgada inconstitucional em sede de fiscalização sucessiva concreta – o TC pode declarar
inconstitucionalidade por força obrigatória geral para que a norma deixe de vigorar no
ordenamento jurídico português.
Pode requerer o Provedor de Justiça e os presidentes das AL das RA, apenas no caso de violação de
direitos das RA
2. TRIBUNAIS JUDICIAIS
4. TRIBUNAL DE CONTAS
Tem sede em Lisboa e duas secções regionais sediadas nas RA dos Açores e da Madeira
Abrange toda a ordem jurídica portuguesa, tanto em território nacional como no estrangeiro
Competências:
Catarina Cruz 16
Introdução ao Direito
Emitir parecer sobre a Conta Geral do Estado, incluindo Segurança Social e as contas
das RA;
Verificar ou julgar as contas que a lei mandar submeter-lhe, realizar auditorias e
exercer outras formas de controlo
Fiscalizar previamente os atos e contratos previstos, nomeadamente os que geram
despesa ou representam encargos financeiros públicos;
Assegurar, no âmbito nacional, a fiscalização da cobrança dos recursos próprios e da
aplicação dos recursos financeiros provenientes da UE;
Julgar a efetivação das responsabilidades financeiras.
O Presidente do TC é nomeado, sob proposta do Governo, pelo PR e o seu mandato tem a
duração de 4 anos
É um órgão independente que controla as finanças públicas
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
GOVERNO TRIBUNAIS
GOVERNO
TRIBUNAIS
Propõe ao PR a designação de
titulares de órgãos judiciais
Os meios financeiros,
orçamentais e os recursos
humanos afetos aos tribunais
dependem em grande medida de
proposta ou decisão do Governo
SISTEMAS DE GOVERNO
Integram a Administração do Estado e são consideradas pessoas coletivas de Direito Público, de base
territorial e populacional, com poderes próprios:
Legislar no âmbito regional em matérias que não sejam competência exclusiva dos órgãos de
soberania
Regulamentar legislação regional e leis emanadas pelos órgãos de soberania
Exercer poder executivo próprio
Administrar e dispor do seu património e celebrar atos de seu interesse
Entre outros
Catarina Cruz 18
Introdução ao Direito
É eleita por sufrágio universal, É nomeado pelo PR, ouvido o É politicamente responsável
direto e secreto Governo perante a AL
A sua competência versa sobre O seu mandato tem a mesma O Presidente do GR é nomeado
matérias de interesse específico duração do PR pelo Representante da República,
para as RA e não reservadas à AR É substituído pelo presidente da tendo em conta os resultados
ou ao Governo (Decretos AL eleitorais
Legislativos Regionais) Nomeia e exonera os membros Toma posse perante a AL
do GR, sob proposto do respetivo É responsável pela matéria
presidente respeitante à sua organização e
funcionamento
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Primária
Secundária ou derivada –
exercida ao abrigo de lei de
autorização legislativa
Complementar – exercida para
desenvolver, no interesse das
regiões, leis de bases
Descentralização e
Visa a satisfação das necessidades desconcentração administrativas
coletivas – prática de regulamentos
administrativos, atos O Governo é o órgão superior da Conjunto de pessoas coletivas
administrativos e contratos administração pública públicas – Estado, RA, Autarquias
administrativos Locais e vários órgãos e serviços
Está subordinada ao Direito destas entidades
A função administrativa está Administrativo – os órgãos da AP
subordinada à legislativa e podem impor as suas decisões Pode ser desenvolvida por pessoas
compreende o reconhecimento e recorrendo à força pública. Os coletivas privadas
diagnóstico de necessidades Tribunais Administrativos resolvem
públicas litígios decorrentes de discordância
dos cidadãos e recursos
Catarina Cruz 19
Introdução ao Direito
Os cidadãos têm direito a ser informados pela AP, sempre que o requeiram, sobre o andamento dos processos e têm
direito de aceso a arquivos e registos administrativos
Os atos administrativos estão sujeitos a notificação dos interessados e carecem de fundamentação expressa e acessível
Os cidadãos têm direito de impugnar as normas administrativas
TIPOS DE ADMINISTRAÇÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO: magistratura autónoma mas não independente a quem compete representar o
Estado, exercer a ação penal e defender a legalidade democrática
Catarina Cruz 20
Introdução ao Direito
Catarina Cruz 21
Introdução ao Direito
Catarina Cruz 22
Introdução ao Direito
2. O CONSTITUCIONALISMO
PERÍODOS CONSTITUCIONAIS
Catarina Cruz 23
Introdução ao Direito
Catarina Cruz 24
Introdução ao Direito
CONSTITUIÇÕES MONÁRQUICAS
Catarina Cruz 25
Introdução ao Direito
CONSTITUIÇÕES REPUBLICANAS
São revistas como qualquer lei Os limites para revisão constitucional É admitida a revisão constitucional em
ordinária são muito fortes determinados momentos e
Distinguem-se das outras leis pelo respeitados vários limites
seu objeto e conteúdo
Não consagram limites à revisão PORTUGAL
constitucional ou são muito ténues
CONSTITUIÇÃO – ato formal e solene emanado por uma assembleia constituinte e que só pode ser
alterado através de procedimento próprio e especial. Quando é exercido o poder de revisão
constitucional surge uma Lei Constitucional
Catarina Cruz 26
Introdução ao Direito
5 Anos após a última Prendem-se com Prendem-se com Não pode ser praticada
revisão constitucional – questões de forma e questões ligadas à qualquer revisão
revisão ordinária procedimentos natureza e orgânica do constitucional durante a
Revisão excecional – Iniciativa dos Deputados sistema político vigência de estado de sítio
iniciativa de maioria de As alterações à Limites a respeitar: ou estado de emergência
4/5 dos Deputados em Constituição são independência nacional,
efetividade de funções aprovadas por maioria de separação das Igrejas e
dois terços dos do Estado
Deputados em Coexistência do setor
efetividade de funções público, privado e
O PR não pode recusar a cooperativo
promulgação da lei de Sufrágio universal, direto,
revisão secreto e periódico, etc.
Catarina Cruz 27
Introdução ao Direito
Catarina Cruz 28
Introdução ao Direito
4. OS PARTIDOS POLÍTICOS
PARTIDOS POLÍTICOS:
São associações privadas a quem são reconhecidas funções constitucionais – não são órgãos do
Estado
Têm estruturas específicas de organização que implicam uma delimitação de vários sujeitos –
eleitores, simpatizantes, aderentes e militantes ativos
São organizações que lutam pela aquisição, manutenção e exercício do poder político
Os que não pertencem ao Governo (oposição) têm direito a serem informados e participar nas
grandes questões de Estado – orientação geral da política externa, política de defesa nacional,
marcação de data para eleições dos órgãos das autarquias locais e matérias relacionadas com o
Orçamento de Estado
Catarina Cruz 29
Introdução ao Direito
Catarina Cruz 30
Introdução ao Direito
5. OS REFERENDOS
REFERENDO – instrumento ao dispor dos órgãos do Estado, das RA dos Açores e da Madeira e das
autarquias locais para que consultem os cidadãos eleitores sobre assuntos em concreto
MODALIDADES DO REFERENDO
EFEITOS:
Se o TC pronunciar a inconstitucionalidade ou ilegalidade: o PR não pode convocar o referendo
Se o TC não se pronuncia: o PR decide se convoca ou não o referendo
O referendo tem efeitos vinculativos: os órgãos de soberania são obrigados a decidir pelo
resultado do referendo exceto de o número de votantes for inferior a metade dos eleitores
inscritos
Catarina Cruz 31
Introdução ao Direito
Catarina Cruz 32
Introdução ao Direito
PARTE II
DIREITO – Como típico fenómeno humano, é uma ordem social normativa (faculdade de aprovar
normas), cuja incidência recai sobre os comportamentos da vida social e sobre as diferentes condutas
humanas; sistema de normas de conduta social, assistido de proteção coativa.
“ubi ius ibi societas” – onde existe Direito aí existe sociedade
“ubi societas ibi jus” – onde existe sociedade aí existe Direito
A diferença entre estas ordens normativas e o Direito é o facto de este poder exercer coercibilidade.
Todas as ordens normativas são imperativas – em caso de violação existe uma sanção (consequência
desfavorável)
A lei constitui o modo normal de formação do Direito, obedece a determinadas formas estabelecidas e
emana dos órgãos estaduais competentes – AR, Governo e AL das RA
CASO PORTUGUÊS:
A fonte de direito primordial é a lei
O Estado atua ao abrigo de ius imperi (poder de império) que é um poder superior
característico de entidades soberanas
O sistema jurídico português tem influenciado alguns dos sistemas jurídicos dos países CPLP
(PALOP)
1.2. A COERCIBILIDADE
COERCIBILIDADE – suscetibilidade de aplicar sanções com expressão física. O Estado tem a possibilidade
de punir um agente criminoso caso este viole uma norma do Direito, privando-o de um bem (liberdade
ou quantia pecuniária). Neste caso, o Estado intervém através de mecanismos e instituições próprias.
A aplicação de sanções com expressão física afeta apenas os órgãos públicos, não sendo lícito a ninguém
fazer justiça pelas próprias mãos.
O Estado detém o poder da coercibilidade mas há situações em que um particular pode agir sem esperar
por mecanismos próprios.
Qualquer uma das situações de autotutela privada são formas de atuar face a comportamentos ilícitos e
em que a autoridade pública não tem possibilidade de responder em tempo útil.
Catarina Cruz 33
Introdução ao Direito
Um agente pode recorrer licitamente A lei obriga a que a agressão ilícita Destruir ou danificar coisa alheia para
à força para assegurar um direito que seja atual e que a resposta do agente remover perigo atual de um dano
está em vias de ser inutilizado. seja imediata. superior, quer do agente, quer de
terceiro
Pode consistir na apropriação, O prejuízo causado não pode ser
destruição ou deterioração de uma superior ao da agressão, mas por Existe a obrigação de indemnizar se o
coisa, na eliminação da resistência vezes, durante a atuação defensiva, perigo for provocado por sua culpa
oposta ao exercício do direito. não se consegue medir com rigor a
proporção.
A ação direta não é lícita quando
sacrifique interesses superiores aos Ex. É excesso de legítima defesa
que o agente visa assegurar. alguém usar arma de fogo porque
entra em pânico, ainda que tal não
Ex. Poder paternal seja necessário à defesa do direito.
Mas é desculpável e poderá ser
justificável. Por outro lado, não se
pode matar uma criança para evitar
que esta roube maças
DIREITO
D.
D. Constitucional
Internacional
Privado
SUB-RAMOS: D. Administrativo
Militar Direito Privado Comum:
Cultural D. Financeiro
Direito Civil
Social
Judiciário D. das Obrigações
D. Penal (1)
D. das Coisas
D. Processuais
SUB-RAMOS:
Constitucional D. da Família
Administrativo
Civil SUB-RAMOS: D. das Sucessões
Penal Direito
Orçamental
Direito fiscal Direitos Privados
Especiais
D. Comercial
O DIREITO PÚBLICO Inclui o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, os Direitos Processuais Civil
e Penal, o Direito Penal e o Direito Fiscal.
O DIREITO PRIVADO inclui o Direito Civil e, dentro deste, o Direito das Obrigações, o Direito da Família,
o Direito das Sucessões e o Direito das Coisas ou Direitos Reais.
Catarina Cruz 35
Introdução ao Direito
Regula a relação obrigacional. A obrigação “é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica
adstrita para com outra à realização de uma prestação”. Tem a ver com as relações contratuais.
G) DIREITO DA FAMÍLIA
I) DIREITO DO TRABALHO
J) DIREITO COMERCIAL
K) DIREITO CONSTITUCIONAL
Ordena e consagra o estatuto jurídico do poder político cujo diploma essencial é a CRP, padrão de
referência para o restante Direito ordinário e todas as Leis Constitucionais que resultam das diversas
revisões constitucionais.
L) DIREITO ADMINISTRATIVO
M) DIREITO FINANCEIRO
É dedicado às Finanças Públicas, com os sub-ramos dos DIREITOS ORÇAMENTAL E FISCAL que incidem
sobre o Orçamento do estado e sobre os impostos, contribuições, taxas e relações tributárias.
Catarina Cruz 36
Introdução ao Direito
Prevê um conjunto de condutas ilícitas menos gravosas que não são consideradas crimes, mas
contra-ordenações.
As sanções são administrativas e pecuniárias, aplicadas sob a forma de coimas
ORDEM JURÍDICA – conjunto de normas de Direito que se destinam a produzir os seus efeitos num
determinado território e que são reveladas de forma geral e abstrata; não se destinam a um indivíduo
mas a todos os que se coloquem numa determinada situação ou pratiquem determinado ato.
TIPOS DE NORMAS
Alteram o quadro jurídico Remetem a estatuição ou Aplicam-se a todo o género Aplicam-se apenas a alguns
existente regulação para outras de relações jurídicas tipos de relações jurídicas
normas materiais que de um determinado
regulam a matéria universo, particularizando
um determinado regime
jurídico
Catarina Cruz 37
Introdução ao Direito
B) COSTUME INTERNACIONAL
A) CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
Traduzem-se nos Tratados e Acordos Internacionais a que podemos chamar de Direito Internacional
convencional ou contratual porque resulta de um acordo de vontades entre os diferentes sujeitos do DIP
Catarina Cruz 38
Introdução ao Direito
E) EQUIDADE INTERNACIONAL
Critério legal de decisão que assenta na justiça do caso concreto e afasta qualquer outro critério para decidir
sobre um determinado caso;
Trata-se de decidir atendendo às particularidades e conjuntura que o envolve
Pode afastar, no caso em concreto, normas legalmente em vigor ou, quando permitido, outras potenciais
fontes de direito
Adaptação de uma regra existente a uma situação concreta, observando-se os critérios de justiça e igualdade;
a equidade adapta a regra a um caso específico a fim de deixá-la mais justa.
Quatro funções internacionais da equidade:
Atenuar a aplicação das normas escritas e das restantes fontes do Direito
Completar o Direito escrito e as restantes fontes e possibilitar a aplicação de regras jurídicas a uma
situação específica da vida internacional
Afastar o Direito – ocorre sempre que a equidade entra em conflito com a norma e em que se valoram
as circunstâncias concretas;
Interpretação dos Tratados – a função é interpretativa, tendo em conta as circunstâncias concretas de
cada caso
Catarina Cruz 39
Introdução ao Direito
São atos através dos quais uma só parte desencadeia normas geradoras de direitos e obrigações nas relações
jurídicas internacionais e que têm consequência em outros sujeitos de Direito Internacional Público
Requisitos essenciais:
Serem uma manifestação de vontade de um sujeito de DIP
Serem atos independentes e autónomos
Produzirem efeitos jurídicos
Os atos jurídicos unilaterais podem ter natureza estadual ou ser provenientes de organizações internacionais
– decisões das organizações internacionais
As decisões das organizações internacionais traduzem-se em atos originários de órgãos próprios de uma OI
que se repercutem na ordem jurídica de um Estado, em regra, independentemente da vontade desse Estado e
pela mesma decorrência de pertencer a essa OI – deliberações das Nações Unidas que vinculam os diferentes
Estados membros da Organização.
B) OS USOS
C) EQUIDADE
Trata-se de decidir sobre um caso, tendo em conta as suas particularidades e a conjuntura que o envolve
A equidade pode ter relevância jurídica mas, quando isso não acontece, é considerada uma fonte de Direito
mediata
Os tribunais só podem decidir segundo a equidade:
Quando haja disposição legal que o permita;
Quando haja acordo entre as partes;
Quando as partes tenham previamente convencionado o recurso à equidade
Catarina Cruz 40
Introdução ao Direito
D) JURISPRUDÊNCIA
Conjunto de decisões que exprimem a opinião dos tribunais superiores – Supremos Tribunais e Tribunais da
Relação
Em Portugal, a jurisprudência não é fonte de direito – os Magistrados apenas estão sujeitos à lei e não são
obrigados a decidir tendo em conta as decisões dos restantes tribunais; ao contrário de Inglaterra
No âmbito do Direito Administrativo, fala-se de jurisprudência administrativa ou burocrática – estão em causa
práticas seguidas por diferentes estruturas da Administração Pública na interpretação das normas do Direito;
tem relevância quando o Código do Processo Administrativo obriga a que os órgãos administrativos
fundamentem as suas decisões sempre que decidam de forma diferente daquela que habitualmente é seguida
E) DOUTRINA
São as opiniões dos jurisconsultos – professores que ensinam em Faculdades e Departamentos universitários e
que estudam o Direito de forma científica, transmitidas em manuais, monografias, pareceres, estudos e
artigos; é o estudo científico do Direito
Em Portugal, a doutrina não é fonte de Direito mas muitas decisões dos Tribunais são fundadas em estudos
científicos de juristas conceituados, e pode determinar novas normas de Direito.
F) LEI
É uma disposição jurídica, por via de rega escrita, cujo conteúdo é uma norma proveniente dos órgãos
estaduais competentes.
CRITÉRIOS: formal (solene/escrita), conteúdo (normas dotadas de generalidade e abstracção), e autoria
(órgãos estaduais competentes)
Em Portugal, é a fonte de Direito por excelência
LEI EM SENTIDO MATERIAL: Apela ao conteúdo do ato normativo, geral e abstrato, independentemente de
ser emanado de órgão com competência legislativa. Ex: leis da AR, decretos-leis, decretos legislativos
regionais, regulamentos, portarias, etc.
LEI EM SENTIDO FORMAL: atos normativos emanados de órgãos com competência legislativa e, em regra, são
numerados e escrevem-se com letra maiúscula. Apela à forma do ato e, em regra, são também leis em sentido
material. Ex: leis da AR e decretos-leis do Governo
“Leis de medida” – revestem a forma de Lei mas são aprovadas para resolverem casos concretos. Quando são
aprovadas pela AR quase assumem uma função administrativa.
As leis são a máxima manifestação do Estado a seguir à CRP
ATOS LEGISLATIVOS
O que os distingue é o critério da autoria
Catarina Cruz 41
Introdução ao Direito
TIPOS DE LEIS
Contêm normas constitucionais Respeitam à aprovação dos São as leis que estão relacionadas
originárias ou resultantes de Estatutos Político-Administrativos com o exercício da competência
revisão constitucional das RA dos Açores e da Madeira legislativa ordinária da AR
A CRP (ou Lei Fundamental) é um A iniciativa é reservada a cada uma LEIS ORDINÁRIAS DE VALOR
ato formal aprovado por uma das AL – nenhum Deputado pode REFORÇADO: leis de autorização
assembleia constituinte e, em iniciar processo legislativo sobre legislativa ou as leis de base –
Portugal, só pode ser alterada esta matéria definem os princípios, critérios e
mediante processo de revisão limites a obedecer pelo Governo ou
constitucional com regras definidas AL, sob pena de ilegalidade
na CRP
LEIS DE BASE: através delas a AR
consagra as primeiras soluções
materiais e de regime jurídico
Matérias:
Eleições dos titulares dos órgãos de soberania
Regime dos referendos
Matérias respeitantes à organização, funcionamento e processo do TC
Organização e disciplina das Forças Armadas
Regime de estado de sítio ou de emergência
Catarina Cruz 42
Introdução ao Direito
CONCEITOS
Matérias que só podem ser Matérias que têm de ser Matérias que têm de ser
objeto de tratamento legisladas por determinados tratadas por atos legislativos
legislativo se determinados órgãos e estão-lhe afetas por em todos os seus aspetos.
órgãos derem o respetivo via de uma reserva de
impulso ou tomarem iniciativa competência legislativa Tem de conter os critérios
legislativa necessários e suficientes para a
resolução do caso concreto
Ex. A revisão constitucional
integra a iniciativa dos
Deputados
Regra geral, a competência legislativa é CONCORRENCIAL – tanto a AR como o Governo podem legislar
sobre todas as matérias, desde que não estejam afetas às reservas próprias de cada um destes órgãos.
CONCORRENTE
Quando pode ser exercida por ambos os órgãos de soberania com competência legislativa
Exceto:
Somente a AR pode legislar no âmbito da sua reserva absoluta de competência legislativa
Somente a AR pode legislar no âmbito da sua reserva relativa de competência legislativa, a não ser que
possibilite autorização do Governo
Somente o Governo pode legislar sobre a sua organização e funcionamento (o executivo dispõe igualmente de
reserva exclusiva de competência legislativa
Catarina Cruz 43
Introdução ao Direito
A AR pode aprovar leis sobre Matérias em relação às quais a Matérias em relação às quais a
todas as matérias competência é apenas do competência legislativa é da AR
Parlamento mas pode delega-la no Governo
mediante autorização
Ex. Eleições eleitorais dos legislativa
titulares dos órgãos de
soberania, regime dos Ex. Estado e capacidade das
referendos, organização da pessoas, direitos, liberdades,
defesa nacional, organização e garantiras, definição dos
funcionamento das FA crimes, penas, medidas de
segurança e respetivos
pressupostos, etc.
As AL das RA podem obter autorizações legislativas da AR, mas apenas quando exista interesse específico da
respetiva região, através de um decreto legislativo regional autorizado.
A iniciativa legislativa baixa à comissão parlamentar relacionada com a matéria do projeto ou proposta de lei para emissão de parecer
Nessa comissão, o projeto ou proposta de lei é apreciado(a) e, posteriormente, quando for deliberado pela Conferência de Líderes
(Presidente do Parlamento e os presidentes dos grupos parlamentares), é agendado(a) para discussão e votação, na generalidade, pelo
plenário da AR
Debate Parlamentar – ocorrem diferentes discussões, na generalidade e na especialidade, as diferentes votações, na generalidade e na
especialidade e a final global.
Cada discussão e votação na generalidade versa sobre o projeto ou proposta de lei. Se a proposta ou projeto de lei é APROVADO(A) na
generalidade, volta a baixar à comissão permanente respetiva para se proceder à sua discussão e votação na especialidade (versa sobre
cada artigo, cada número e cada alínea); caso seja REJEITADO(A) não pode ser renovado(a) na mesma sessão legislativa, salvo no caso de
eleição de nova AR.
Após a discussão e votação na especialidade, ocorre no Plenário, a votação final global
SeCatarina Cruz
a iniciativa legislativa é aprovada, por regra, pela maioria relativa, assume depois da redação final, a definição de “decreto da AR” 44
Introdução ao Direito
(continuação)
Após a promulgação e referenda pelo Governo, a lei é remetida para publicação no jornal oficial – Diário da República. Só após a
publicação é que a lei se torna eficaz começando a produzir efeitos jurídicos.
B) PROCESOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS – situações jurídicas em que há particularidades nalgumas fases ou especificidades na forma
externa dos atos
A revisão constitucional só pode ocorrer após 5 anos da última revisão constitucional ordinária ou por iniciativa de quatro quintos dos
Deputados em efetividade de funções (revisão extraordinária)
Limites formais ou processuais: só os deputados têm legitimidade para apresentar processos de revisão constitucional; as alterações à
CRP terão de ser aprovadas por maioria de dois terços do Deputados em efetividade de funções
Promulgação: é obrigatória (o PR não pode recusar) prazo de 20 dias
Limites circunstanciais: não é possível praticar qualquer ato de revisão constitucional durante a vigência de estado de sítio ou estado de
emergência.
Limites materiais: delimitam os princípios que têm de ser acatados pelo poder da AR, que discute e aprova uma revisão, já que a lei de
revisão não poderá deixar de respeitar esses princípios e normas consagradas como limites materiais consagrados
II) PROCESSO RESPEITANTE À APROVAÇÃO DOS ESTATUTOS POLÍTICO-ADMINISTRATIVOS DAS RA DOS AÇORES E DA MADEIRA
As AL das RA têm direito ao agendamento na ordem do dia de duas propostas de lei da sua autoria em cada sessão legislativa
Catarina Cruz 45
Introdução ao Direito
A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência pode implicar dois processos diferentes no quadro parlamentar:
1.º A autorização para a declaração do estado de sítio ou do estado de emergência – a votação da AR incide sobre a concessão da própria
autorização e assume duas formas externas diferentes consoantes o órgão que concede a autorização (lei quando é concedida pelo
Plenário; resolução quando é concedida pela Comissão Permanente)
2.º A confirmação da declaração do estado de sítio ou do estado de emergência – a votação do Parlamento incide sobre a confirmação; a
concessão de confirmação assume a forma de lei e a sua recusa a forma externa de resolução
Cabe ao PR declarar a guerra e fazer a paz, mas estes atos requerem reunião dos diferentes órgãos de soberania: PR, AR e Governo, e ainda,
uma apreciação prévia do Conselho de Estado
Limites de natureza substancial: as leis de autorização legislativa devem indicar expressamente o objeto, o sentido e a extensão da
autorização – princípio da especialidade das autorizações
Limite de natureza formal ou processual: o ato de autorização deve ser expresso através de uma lei de autorização legislativa; o ato
autorizado reveste a forma de decreto-lei autorizado ou delegado, devendo invocar expressamente a lei ao abrigo da qual é aprovado
Limites subjetivos ou orgânicos: proibição da autorização legislativa a outros órgãos que não o Governo e as AL das RA. A autorização
legislativa caduca com o termo da legislatura, a dissolução da AR e a demissão do Governo. Os órgãos que receberam a autorização
legislativa não a podem transferir para qualquer outra estrutura orgânica
Limites de natureza temporal: a autorização legislativa consagra sempre um prazo
A não obediência destes limites implicam inconstitucionalidade
Se o decreto-lei autorizado desrespeitar apenas a respetiva lei de autorização legislativa, estamos na presença de uma ilegalidade
A iniciativa legislativa cabe apenas ao Governo ou às AL das RA – só há propostas de lei de autorização legislativa
As autorizações legislativas necessitam de um ato derivado ou secundário (decreto-lei de desenvolvimento e decreto-lei autorizado) e
condicionam o Governo no conteúdo normativo a aprovar em Conselho de Ministros
DIFERENÇAS: as leis de bases inovam na ordem jurídica ao contrário das leis de autorização legislativa. As leis de bases vigoram no nosso
ordenamento jurídico enquanto as leis autorizantes têm de ser utilizadas, caso contrário caducam.
Com a votação na especialidade pelo Plenário do Estatuto das autarquias locais, incluindo o regime das finanças locais obriga o órgão
legislativo a uma discussão pública de todos os pormenores das propostas ou/e projetos de lei em causa.
Nestes casos, as entidades apenas podem ser ouvidas e participar, mas não têm poder de decisão
Catarina Cruz 46
Introdução ao Direito
1.6.3. OS DECRETOS-LEIS
DECRETOS-LEIS
Atos legislativos emanados do Governo e necessariamente leis em sentido material
VICISSITUDES DA LEI
ELEMENTOS
B) INTEGRAÇÃO DE LACUNAS
Caso omisso – o legislador não regulou determinada situação jurídica; a integração de lacunas é a forma de ultrapassar esta
situação
TIPOS DE LACUNAS
Situações que estão previstas na lei mas Não existe lacuna na lei e o caso tem
em que a regulação jurídica não se aplica regulação prevista.
Catarina Cruz 49
Introdução ao Direito
C) INTERPRETAÇÃO ENUNCIATIVA
Recorre a argumentos da Lógica, através de métodos dedutivos, para alcançar novas normas que não estão consagradas
expressamente
ARGUMENTOS LÓGICO-DEDUTIVOS
ARGUMENTO DE MAIORIA ARGUMENTO “A A LEI QUE PROÍBE O A LEI QUE PERMITE O MAIS
DA RAZÃO CONTRARIO SENSU” MENOS TAMBÉM PROÍBE O TAMBÉM PERMITE O
MAIS MENOS
Ex. Se a lei proíbe Ex. Se a lei permite vender
amputação de membros, um imóvel também o
também proíbe o homicídio permite arrendar
Catarina Cruz 50
Introdução ao Direito
I – PRINCÍPIO HIERÁRQUICO-NORMATIVO
1.º Corolário: superioridade dos atos legislativos relativamente aos restantes atos normativos
regulamentares – princípio da legalidade administrativa (CRP – Atos Legislativos – Regulamentos)
2.º Corolário: tendencial paridade entre leis e decretos-leis devido ao âmbito da matéria
concorrencial (uma lei pode revogar um decreto-lei e vice-versa)
3.º Corolário: As leis orgânicas são superiores aos restantes atos legislativos pois possuem valor
reforçado (por exemplo, leis de enquadramento do Orçamento do Estado); obediência dos
decretos-leis autorizados relativamente às respetivas leis de autorização legislativa e os decretos-
leis de desenvolvimento em relação às respetivas leis de bases.
Só têm força e valor de atos legislativos aqueles que a Constituição prevê como tal.
Nenhum ato legislativo pode criar outras categorias de atos legislativos – reserva de Lei Constitucional
(apenas o legislador constituinte, originário ou derivado tem competência para criar outras categorias
de atos legislativos.
Todos os atos normativos devem estar de acordo com a Lei Fundamental sob pena de
inconstitucionalidade
Catarina Cruz 51
Introdução ao Direito
INVALIDADE - FORMAS
Sanções que recaem sobre atos e não sobre pessoas, sobre as quais podem recair sanções
subjetivas (penas privativas de liberdade, multas, coimas, etc.)
Forma de invalidade jurídica mais O ato jurídico existe mas impede Tem carácter geral e afeta o ato
grave os atos de produzir efeitos mas não o impede de produzir
jurídicos efeitos jurídicos até à sua
O ato não existe no nosso anulação – são atos jurídicos
ordenamento jurídico Acarreta a insanabilidade do ato, a inválidos mas que produzem
impossibilidade de consolidação efeitos
Ex. ato jurídico que não foi na ordem jurídica, a
promulgado ou não foi sujeito a impugnabilidade a todo o tempo Permite a consolidação na ordem
referenda ministerial, a dissolução jurídica com decurso do prazo de
da AR antes de decorridos 6 O seu reconhecimento assume a impugnação sem que o mesmo
meses da sua eleição ou no último forma de declaração contenciosa seja exercido, ou através da
semestre do mandato do PR ou de nulidade (declarada pelos eliminação de ilegalidades com
durante a vigência de estado de Tribunais) ou declaração graciosa ato saneador.
sítio ou de estado de emergência der nulidade (decretada por órgão
da AP) São anuláveis os atos
administrativos praticados com
Recai sobre os atos (sanção ofensa dos princípios aplicáveis
objectiva)
SÍNTESE
Catarina Cruz 52
Introdução ao Direito
INEFICÁCIA
Atos insuscetiveis de produzir efeitos na ordem jurídica
Nem todos os atos inválidos são ineficazes (atos anuláveis são inválidos mas eficazes)
Nem todos os atos válidos são eficazes (existem atos válidos que não produzem efeitos
jurídicos, por exemplo, por terem a sua eficácia suspensa)
A lei publicada no DR é ineficaz durante o período vacatio legis
É ineficaz o ato não publicado em DR mesmo que promulgado pelo Chefe de Estado e
referendado pelo Governo
Catarina Cruz 53
Introdução ao Direito
Catarina Cruz 54
Introdução ao Direito
2. AS PESSOAS.
PESSOAS
Sujeitos das relações sociais tuteladas pelo Direito
São todos os seres humanos, indivíduos São vários tipos de organizações que podem ser
privadas (empresas, sociedades civis, associações
A PERSONALIDADE JURÍDICA (susceptibilidade e fundações privadas) ou públicas (Estado,
de ser titular de direitos e sujeito de obrigações) autarquias locais, institutos públicos)
adquire-se com o nascimento completo e com
vida e cessa com a morte A PERSONALIDADE JURÍDICA é adquirida por
força da lei ou por reconhecimento individual
CAPACIDADE JURÍDICA
Catarina Cruz 55
Introdução ao Direito
ESFERA JURÍDICA
Conjunto de direitos e obrigações com valor Direitos e deveres que não têm, diretamente,
pecuniário direto valor pecuniário
FIM!!!
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