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2019
ISSN 1807-1384 : https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019v16n3p95
Artigo recebido em: 01.06.2019 Revisado em 29.07.2019 Aceito em: 21.08.2019
Abstract:
By the Law 11.340 / 2006 (BRAZIL, 2006), this article seeks to analyze the
implementation of public policies to assist women in situations of domestic and family
violence within the Specialized Police Stations of Santa Catarina. The methods used
are bibliographical and documentary research, including specialized literature on the
subject, and data collection in specialized official databases of the state of Santa
Catarina. Through this analysis, it was possible to verify the implementation of Police
Stations for the Protection of Children, Adolescents, Women and the Elderly
(DPCAMIs in Portuguese), distributed in the regions the Florianópolis, Oeste, Serrana,
South of the State and Itajaí Valley. However, we must pay attention to the fact that
the guidelines aim at the creation of Police Stations for Women.
1 Bacharel em Direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina; Especialista em Ciências Penais
pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Professor curso de Direito da Universidade do Extremo
Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil E-mail: leandrodarosa@unesc.net
2 Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do
Keywords: Domestic and Family Violence. Gender Violence. Public Policy. Law
11.340/2006. Police Stations for Women.
Resumen:
Este artículo busca analisar, de acuerdo con la Ley 11.340 / 2006 (BRASIL, 2006), la
implementación de políticas de atención a mujeres en situación de violencia doméstica
y familiar en el ámbito de las Comisarías Especializadas de Santa Catarina. Para el
desarrollo de la investigación, se utilizó material bibliográfico y documental,
envolviendo la literatura especializada sobre el tema y el levantamiento de datos en
bases especializadas/oficiales del estado de Santa Catarina. Por medio del
levantamiento realizado y del análisis, fue posible verificar la instalación de Comisarías
de Protección al Niño, al Adolescente, a la Mujer y al Adulto Mayor (DPCAMIs, por su
sigla en portugués), distribuidas en las regiones de la gran Florianópolis, Oeste,
Serrana, Sur del Estado y Valle del Itajaí. Sin embargo, hay que prestar atención al
hecho de que las directrices orientan hacia la creación de Comisarías de Atención a
la Mujer.
Palabras-clave: Violencia Doméstica y Familiar. Violencia de Género. Políticas
Públicas. Ley 11.340 / 2006. Comisarías de Atención a la Mujer.
1 INTRODUÇÃO
A implementação de políticas de atendimento a mulheres em situação de
violência doméstica e familiar no âmbito das Delegacias Especializadas não se
apresenta como um novo tema, mas requer estudos continuados, conforme
evidenciam algumas das pesquisas realizadas antes e depois da promulgação da Lei
11.340/2006 (DEBERT; GREGORI, 2002; PASINATO, 2005; DEBERT, 2006;
SANTOS, 2010; BARSTED; PITANGUY, 2013; SANTOS, 2015; CAMPOS, 2015).
Em artigo que trata da absorção/tradução de demandas feministas pelo Estado
brasileiro, no que se refere ao combate à violência doméstica contra as mulheres, a
partir da década de 1980, Santos (2010, p. 155) identifica três momentos: “[...]
primeiro, o momento da criação das delegacias da mulher, em 1985; segundo, o do
surgimento dos Juizados Especiais Criminais, em 1995; terceiro, o do advento da Lei
11.340, de 7 de agosto de 2006, a chamada Lei Maria da Penha”.
A divisão temporal apresentada pela autora demonstra que o enfrentamento da
violência contra as mulheres exigiu posicionamentos do Estado brasileiro diante de
um contexto histórico de lutas feministas. Na reflexão em questão, ressalta-se a
criação das delegacias e a promulgação da Lei 11.340/2006 como os momentos que
provocaram importantes mudanças no tratamento da violência contra as mulheres
pelo Estado. Apesar disso, a implementação da Lei Maria da Penha revela obstáculos
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que demonstram avanços parciais, como, por exemplo, o foco em “[...] medidas
criminais e na constitucionalidade da lei, levando alguns agentes do Estado a uma
tradução restrita da nova legislação”. (SANTOS, 2010, p. 155, grifos da autora).
Em grande medida, a denúncia da gravidade da situação envolvendo a
violência doméstica e familiar contra as mulheres e a necessidade de implementação
de políticas eficazes de enfrentamento, que se busca analisar, justificam-se pelos
índices de violências. Como representativo de um cenário extremamente
preocupante, o Mapa da Violência de 2015 (WAISELFISZ, 2015, p. 69-70) apresenta
uma estimativa do número de feminicídios no Brasil a partir dos dados de homicídios
de mulheres, conforme demonstrado:
Dos 4.762 homicídios de mulheres registrados em 2013 pelo SIM, 2.394, isso
é, 50,3% do total nesse ano, foram perpetrados por um familiar da vítima. [...]
1.583 dessas mulheres foram mortas pelo parceiro ou ex-parceiro, o que
representa 33,2% do total de homicídios femininos nesse ano.
A política pública pode ser compreendida, de acordo com Souza (2006, p. 26),
“[...] como o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, ‘colocar o governo
em ação’ e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário,
propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente)”. Segundo a
autora, a política pública possui um ciclo de criação formado por vários estágios, em
um processo dinâmico e de aprendizado, constituído de diversas etapas a serem
alcançadas, a saber: definição de agenda, identificação de alternativas, avaliação das
opções, seleção das opções, implementação e avaliação (SOUZA, 2006).
No campo das políticas públicas de atendimento a mulheres em situação de
violência doméstica e familiar, é central a compreensão de etapas da trajetória de
formulação e mecanismos dispostos pela Lei 11.340/2006, promulgada em 07 de
agosto de 2006 e popularmente chamada de Lei Maria da Penha (LMP). No
preâmbulo, destacam-se os objetivos:
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher,
nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código
Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. (BRASIL, 2006).
Santos (2015, p. 580) observa que “[...] a primeira delegacia da mulher foi criada
na cidade de São Paulo, em agosto de 1985, num contexto de redemocratização
política e de intensas mobilizações feministas pelo reconhecimento dos direitos das
mulheres”. De acordo com Debert (2006, p. 16), as primeiras Delegacias de Polícia
de Defesa da Mulher (DDMs) representaram “[...] uma invenção pioneira brasileira que
depois se expandiu para outras cidades do país e para outros países da América
Latina”.
No Brasil, a criação das delegacias “[...] foi a primeira experiência de
implementação de uma política pública de combate à violência contra as mulheres
[...]”, conforme registrou o documento da Norma Técnica de Padronização das
Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres (DEAMs), edição atualizada
em 2010, (BRASIL, 2010, p. 7). Como visto no tópico anterior, as ações e serviços do
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mulher, vítima de qualquer violência física ou moral praticada por homem, deve ser
atendida na unidade”, (OLIVEIRA; GHISI, 2019, p. 05).
Além disso, cabe registrar que, no estado de Santa Catarina, tem-se a
denominação Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso
(DPCAMI), sendo atribuída, administrativamente, em 2008, com o objetivo de “[...]
garantir uma padronização mínima”, (OLIVEIRA; GHISI, 2019, p. 8). Acerca da não
padronização e de especificidades que marcam a organização/funcionamento das
delegacias especializadas em cada estado, o relatório do Observatório pela Aplicação
da Lei Maria da Penha (OBSERVE, 2010, p. 32) apresenta o seguinte registro:
A localização das DEAMS no organograma das Polícias Civis varia de estado
para estado. Em alguns casos, são alocadas em divisões ou departamentos,
em conjunto com outras delegacias especializadas – do idoso, da criança e
do adolescente, por exemplo; em outros, estão subordinadas às delegacias
seccionais. Um dos grandes problemas que afeta o funcionamento das
DEAMS e tem se constituído como obstáculo para a aplicação da Lei
11.340/2006 é a falta de padronização na forma de funcionamento destas
instâncias e no atendimento que oferecem às mulheres.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BANDEIRA, Lourdes Maria; ALMEIDA, Tânia Mara Campos de. Vinte anos da
Convenção de Belém do Pará e a Lei Maria da Penha. Rev. Estud. Fem.,
Florianópolis, v. 23, n. 2, p. 501-517, ago. 2015. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
026X2015000200501&lng=en&nrm=iso Acesso em: 30 maio 2018.
OLIVEIRA, Ana Claudia Delfini Capistrano de; GHISI, Ana Silvia Serrano. Norma
Técnica de Padronização e as Delegacias das Mulheres em Santa Catarina. Rev.
Estud. Fem., Florianópolis, v. 27, n. 1, e46855, 2019. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
026X2019000100204&lng=pt&nrm=iso Acesso em: 09 mar. 2019.