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TÉCNICA S

E ELA BORA ÇÃ O DE PA RECERES – DA NIEL SMOLENTZOV

A ULA 4 - DA NIEL SMOLENTZOV

1. INTRODUÇÃO

O assunto a ser abordado será um caso prático realizado pelo professor, por meio de um

parecer, a fim de ter uma visão prática do trabalho de um P rocurador do Estado na C onsultoria

Jurídica.

O caso selecionado é um parecer elaborado pelo docente no final do ano de 2018,

versando sobre o Novo C ódigo Florestal, lei nº 12.651/2012.

C omo é sabido, essa lei foi muito discutida no legislativo, pois havia um C ódigo Florestal

desde 1965, lei nº 4.771/1965, mas que gerava grande descontentamento no agronegócio

brasileiro.

Neste contexto, houve uma movimentação no C ongresso Nacional, principalmente da

bancada ruralista, a fim de promover alterações no C ódigo Florestal, as quais foram consideradas

pelo legislativo mais adequadas para uma legislação florestal brasileira. P orém, não foi um

processo simples, envolvendo amplo debate na casa legislativa, até alcançar o texto disposto na

novel lei florestal, que seguiu para o C hefe do P oder Executivo, à época a presidenta Dilma

Rousseff, havendo pressão para que o projeto de lei fosse integralmente vetado, mas foi

sancionado com alguns vetos. Em seguida, editou uma medida provisória para equacionar as

questões que tinham sido vetadas, a qual foi convertida em lei, resultando na legislação florestal

em atual vigência.

A partir do momento que a lei entrou em vigor, alguns ajuizaram ações diretas de

inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF), questionando dispositivos desta lei, e o

maior fundamento dessas ações foi a questão da vedação do retrocesso ambiental. O STF não

concedeu liminar, ou seja, não suspendeu a lei liminarmente, e, desde o ano de 2012, passou a ser

aplicada pelo ordenamento jurídico brasileiro. As ações diretas foram julgadas somente em

fevereiro de 2018, sendo a lei declarada, praticamente, constitucional, com exceção de alguns

dispositivos que o Supremo aferiu interpretação conforme. Entretanto, apesar do tempo, ainda

não há um acórdão publicado, justamente por ter sido um julgamento divergente, visto que

nenhum artigo questionado teve votação unânime, todas ocorreram por maioria.

2. PARECER DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

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No ano de 2012, o Estado de São P aulo precisava aplicar a legislação, e como o assunto

envolvia, à época, a Secretaria do Meio Ambiente (atual Secretaria de Infraestrutura e Meio

Ambiente - integrando a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos -) e a Secretaria de

Agricultura e Abastecimento.

Era uma questão jurídica a ser resolvida pela P rocuradoria Geral do Estado, órgão jurídico

da administração do Estado de São P aulo, envolvendo um conflito de interesses entre as

secretarias, posto que o C ódigo Florestal trabalha com duas lógicas: a primeira parte regulamenta

a questão florestal, do ano de 2012 em diante, isto é, a partir daquele momento, a proteção

florestal no Brasil seguiria o regramento da lei, mas o questionamento foi a lei corrigir o passado,

ou seja, toda a questão florestal abordada na lei florestal revogada, ocasionando polêmica de se a

lei versava sobre ter ocorrido anistia e retrocesso.

Essa regularização da propriedade rural é realizada por meio do P rograma de

Regularização Ambiental (P RA), então, todo proprietário ou possuidor rural que estava com o seu

imóvel rural em desacordo com a legislação ambiental, passou a ter esse programa com uma

normativa própria, a fim da propriedade ficar regularizada.

Foram diversos pontos, mas somente serão examinadas duas situações mais polêmicas e

que a P rocuradoria Geral do Estado teve um posicionamento. Todavia, diante do julgamento do

Supremo, deve-se rever o fundamento institucional por meio do parecer que será analisado, sobre

o P rograma de Regularização Ambiental das propriedades rurais.

O art. 67 da Lei nº 12.561/2012, traz a seguinte normativa:

A rt. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4
(quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em
percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal será constituída com a
área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas
novas conversões para uso alternativo do solo.

A regra posta para essas propriedades tratava sobre quem tinha um fragmento de

vegetação nativa até 22 de julho de 2008. C om este novo C ódigo, a reserva legal passa a ser este

fragmento, e não há mais obrigatoriedade de estabelecer uma reserva legal no percentual da

regra geral prevista no C ódigo atual, mas que também vigorava desde a legislação florestal

revogada.

P ara o estado de São P aulo, toda a propriedade rural deve ter uma reserva legal

constituída em uma área de 20% da propriedade, dessa forma, o dispositivo legal traz uma

exceção para os imóveis rurais até 4 módulos, isto é, pequenos imóveis rurais, às vezes nem

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tanto, porque o módulo varia de acordo com o município.

EXEMPLO: A pessoa tem uma propriedade rural de até 4 módulos fiscais e em 22 de julho

de 2008 já tinha um fragmento de vegetação nativa que corresponde a 2% da propriedade. Assim

sendo, a reserva legal é esta área que corresponde a porcentagem da propriedade rural. O vizinho

que tem uma propriedade maior que 4 módulos, a reserva legal será de 20% sobre a área do

imóvel.

E o sujeito que não tem um fragmento? Qual é a sua reserva legal?

Na época, a interpretação da P rocuradoria Geral do Estado foi observar a regra geral de

20%, e a regra de exceção que é: quem tem um fragmento, a sua reserva legal será este

fragmento, ou seja, se for fragmento de 2% ou 5%, será esta a sua reserva legal.

C ontudo, se o fragmento corresponde a 40%, será de 20%, porque a ideia era trazer um

benefício para quem não tinha os 20%. Nessa lógica, a interpretação jurídica para aquele que não

tem um fragmento, e, consequentemente, não está na regra de exceção, será incluso na regra

geral.

O entendimento causou grande celeuma no campo, posto que transcorridos os seis anos,

verificou-se que a interpretação ocasionou em um problema de isonomia no campo, porque foram

verificadas propriedades que são do mesmo tamanho, com o mesmo perfil, contudo, em uma

propriedade teria uma reserva legal de 1%, 2% ou 5%, e em outra, desprovida de fragmento,

haveria uma reserva legal de 20%. Esta alta porcentagem em pequenas áreas rurais, de fato, faz

diferença para o pequeno proprietário ou possuidor rural.

Então, por uma interpretação de isonomia e sistemática da lei, bem como uma

interpretação teleológica, para analisar a intenção do legislador, no parecer que será

posteriormente disponibilizado, foi revisto o entendimento institucional, considerando que a

reserva legal zero, isto é, do proprietário que não tinha qualquer fragmento de vegetação está

desobrigado de constituir uma reserva legal de 20% em seu imóvel.

O art. 68 da Lei nº 12.561/2012, dispõe que:

A rt. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram


supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal
previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são
dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para os
percentuais exigidos nesta Lei.

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Denota-se que o dispositivo não traz qualquer delimitação de propriedade rural. P ortanto,

só para exemplificar, o proprietário rural tem uma fazenda no Mato Grosso do Sul de 600

hectares, e, em determinado momento, suprimiu a vegetação nativa para constituir pasto por ser

criador de gado. P elo C ódigo antigo, tinha que constituir uma reserva legal de 20%, ou seja, pegar

os 120 hectares, cercá-los e colocar uma mata em cima. Entretanto, pelo C ódigo Novo, caso

comprove que no momento histórico fez essa supressão de vegetação de forma regular, nos dias

atuais, não precisará fazer a separação.

A interpretação da P rocuradoria Geral do Estado, no ano de 2013, foi que, primeiramente,

a redação legal trata da reserva legal, e este instituto jurídico surgiu em uma Lei de 1989 que

alterava o C ódigo Florestal de 1965, expressando aos proprietários que separasse uma área

correspondente a 20% da propriedade, descrevendo na matrícula do imóvel e averbando como

reserva legal. Depois, teve o comando estabelecendo ao proprietário ou possuidor rural que fez a

averbação, se a área não tiver uma mata em cima será obrigado a fazer uma restauração

ecológica do território.

A reserva legal acima explicada, no Estado de São P aulo nunca variou, sempre foi de 20%.

Em outras regiões do P aís houve variação de percentual. Só para ilustrar, na Amazônia o

percentual variou de 80% a 50%.

A interpretação vigente à época foi que como no Estado de São P aulo nunca houve

variação, não se aplicou o art. 68 do C ódigo Florestal. C om o julgamento das ações diretas de

inconstitucionalidade pelo STF, percebeu-se que a interpretação do Supremo não foi a mesma,

sem qualquer rigor técnico comparado ao entendimento da P rocuradoria Geral do Estado. Assim,

o que a redação legal denomina como reserva legal, é apenas a simples supressão de vegetação,

ou seja, aquela em que o proprietário rural suprimiu a vegetação nativa respeitando a legislação

vigente à época. Está, portanto, desobrigado de recompor a reserva legal.

Nesta perspectiva, o Estado de São P aulo também inclui-se, porque em relação a

supressão de vegetação, houve variação, pois em determinadas épocas não foi permitida e quem

respeitou, está beneficiado pelo art. 68 do C ódigo Florestal.

A diferença é qual olhar é dado para o instituto da reserva legal com o formato de 1989, o

qual foi interpretado pela P rocuradoria no ano de 2012, em que o art. 68 não se aplica em São

P aulo. P orém, sob a ótica do Supremo, a reserva legal de 1968 é a normativa direcionada para o

proprietário rural sobre a supressão ter sido realizada com respeito a legislação vigente à época,

em caso positivo, estará dispensado de recompor a reserva legal. Neste prisma, o dispositivo legal

se aplica ao Estado de São P aulo.

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