Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1. INTRODUÇÃO
O assunto a ser abordado será um caso prático realizado pelo professor, por meio de um
parecer, a fim de ter uma visão prática do trabalho de um P rocurador do Estado na C onsultoria
Jurídica.
C omo é sabido, essa lei foi muito discutida no legislativo, pois havia um C ódigo Florestal
desde 1965, lei nº 4.771/1965, mas que gerava grande descontentamento no agronegócio
brasileiro.
bancada ruralista, a fim de promover alterações no C ódigo Florestal, as quais foram consideradas
pelo legislativo mais adequadas para uma legislação florestal brasileira. P orém, não foi um
processo simples, envolvendo amplo debate na casa legislativa, até alcançar o texto disposto na
novel lei florestal, que seguiu para o C hefe do P oder Executivo, à época a presidenta Dilma
Rousseff, havendo pressão para que o projeto de lei fosse integralmente vetado, mas foi
sancionado com alguns vetos. Em seguida, editou uma medida provisória para equacionar as
questões que tinham sido vetadas, a qual foi convertida em lei, resultando na legislação florestal
em atual vigência.
A partir do momento que a lei entrou em vigor, alguns ajuizaram ações diretas de
maior fundamento dessas ações foi a questão da vedação do retrocesso ambiental. O STF não
concedeu liminar, ou seja, não suspendeu a lei liminarmente, e, desde o ano de 2012, passou a ser
aplicada pelo ordenamento jurídico brasileiro. As ações diretas foram julgadas somente em
fevereiro de 2018, sendo a lei declarada, praticamente, constitucional, com exceção de alguns
dispositivos que o Supremo aferiu interpretação conforme. Entretanto, apesar do tempo, ainda
não há um acórdão publicado, justamente por ter sido um julgamento divergente, visto que
nenhum artigo questionado teve votação unânime, todas ocorreram por maioria.
No ano de 2012, o Estado de São P aulo precisava aplicar a legislação, e como o assunto
Agricultura e Abastecimento.
Era uma questão jurídica a ser resolvida pela P rocuradoria Geral do Estado, órgão jurídico
secretarias, posto que o C ódigo Florestal trabalha com duas lógicas: a primeira parte regulamenta
a questão florestal, do ano de 2012 em diante, isto é, a partir daquele momento, a proteção
florestal no Brasil seguiria o regramento da lei, mas o questionamento foi a lei corrigir o passado,
ou seja, toda a questão florestal abordada na lei florestal revogada, ocasionando polêmica de se a
Regularização Ambiental (P RA), então, todo proprietário ou possuidor rural que estava com o seu
imóvel rural em desacordo com a legislação ambiental, passou a ter esse programa com uma
Foram diversos pontos, mas somente serão examinadas duas situações mais polêmicas e
Supremo, deve-se rever o fundamento institucional por meio do parecer que será analisado, sobre
A rt. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4
(quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em
percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal será constituída com a
área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas
novas conversões para uso alternativo do solo.
A regra posta para essas propriedades tratava sobre quem tinha um fragmento de
vegetação nativa até 22 de julho de 2008. C om este novo C ódigo, a reserva legal passa a ser este
regra geral prevista no C ódigo atual, mas que também vigorava desde a legislação florestal
revogada.
P ara o estado de São P aulo, toda a propriedade rural deve ter uma reserva legal
constituída em uma área de 20% da propriedade, dessa forma, o dispositivo legal traz uma
exceção para os imóveis rurais até 4 módulos, isto é, pequenos imóveis rurais, às vezes nem
EXEMPLO: A pessoa tem uma propriedade rural de até 4 módulos fiscais e em 22 de julho
sendo, a reserva legal é esta área que corresponde a porcentagem da propriedade rural. O vizinho
que tem uma propriedade maior que 4 módulos, a reserva legal será de 20% sobre a área do
imóvel.
20%, e a regra de exceção que é: quem tem um fragmento, a sua reserva legal será este
fragmento, ou seja, se for fragmento de 2% ou 5%, será esta a sua reserva legal.
C ontudo, se o fragmento corresponde a 40%, será de 20%, porque a ideia era trazer um
benefício para quem não tinha os 20%. Nessa lógica, a interpretação jurídica para aquele que não
tem um fragmento, e, consequentemente, não está na regra de exceção, será incluso na regra
geral.
O entendimento causou grande celeuma no campo, posto que transcorridos os seis anos,
verificadas propriedades que são do mesmo tamanho, com o mesmo perfil, contudo, em uma
propriedade teria uma reserva legal de 1%, 2% ou 5%, e em outra, desprovida de fragmento,
haveria uma reserva legal de 20%. Esta alta porcentagem em pequenas áreas rurais, de fato, faz
Então, por uma interpretação de isonomia e sistemática da lei, bem como uma
reserva legal zero, isto é, do proprietário que não tinha qualquer fragmento de vegetação está
Denota-se que o dispositivo não traz qualquer delimitação de propriedade rural. P ortanto,
só para exemplificar, o proprietário rural tem uma fazenda no Mato Grosso do Sul de 600
hectares, e, em determinado momento, suprimiu a vegetação nativa para constituir pasto por ser
criador de gado. P elo C ódigo antigo, tinha que constituir uma reserva legal de 20%, ou seja, pegar
os 120 hectares, cercá-los e colocar uma mata em cima. Entretanto, pelo C ódigo Novo, caso
comprove que no momento histórico fez essa supressão de vegetação de forma regular, nos dias
a redação legal trata da reserva legal, e este instituto jurídico surgiu em uma Lei de 1989 que
alterava o C ódigo Florestal de 1965, expressando aos proprietários que separasse uma área
reserva legal. Depois, teve o comando estabelecendo ao proprietário ou possuidor rural que fez a
averbação, se a área não tiver uma mata em cima será obrigado a fazer uma restauração
ecológica do território.
A reserva legal acima explicada, no Estado de São P aulo nunca variou, sempre foi de 20%.
A interpretação vigente à época foi que como no Estado de São P aulo nunca houve
variação, não se aplicou o art. 68 do C ódigo Florestal. C om o julgamento das ações diretas de
inconstitucionalidade pelo STF, percebeu-se que a interpretação do Supremo não foi a mesma,
sem qualquer rigor técnico comparado ao entendimento da P rocuradoria Geral do Estado. Assim,
o que a redação legal denomina como reserva legal, é apenas a simples supressão de vegetação,
ou seja, aquela em que o proprietário rural suprimiu a vegetação nativa respeitando a legislação
supressão de vegetação, houve variação, pois em determinadas épocas não foi permitida e quem
A diferença é qual olhar é dado para o instituto da reserva legal com o formato de 1989, o
qual foi interpretado pela P rocuradoria no ano de 2012, em que o art. 68 não se aplica em São
P aulo. P orém, sob a ótica do Supremo, a reserva legal de 1968 é a normativa direcionada para o
proprietário rural sobre a supressão ter sido realizada com respeito a legislação vigente à época,
em caso positivo, estará dispensado de recompor a reserva legal. Neste prisma, o dispositivo legal