Vous êtes sur la page 1sur 180

 

 
1. INTRODUÇÃO 
 
A lombalgia é a expressão de um problema que tem origens multifactoriais e que afecta, nos 
“países desenvolvidos”, uma parte significativa da população. É considerada por alguns autores como 
uma  das  principais  causas  de  absentismo  ao  trabalho  e de  morbilidade com  implicações  directas  no 
recurso aos serviços de saúde e com custos socio‐economicos indirectos bastante elevados [1]. 
As  elevadas  repercussões  pessoais,  económicas  e  sociais,  justificam  a  necessidade  de  um 
melhor  conhecimento  das  causas  directas  e  indirectas  do  aparecimento  e  eventual  recorrência  das 
dores  lombares,  bem  como  a  sua  distribuição  na  população,  relativamente  à  presença  ou  não  de 
determinados factores de risco. 
  Pensou‐se  que  este  problema  tinha  início  no  adulto  jovem.  Mas  investigações  realizadas 
[2‐4]
desde  1984    na  população  juvenil,  mostraram  que  uma  parte  significativa  de  adolescentes 
apresentava queixas lombares. Esta situação torna‐se mais importante quando se verifica que existe 
um significativa percentagem de adultos a sofrer de dor lombar desde o período de adolescência ou 
desde os 20 anos de idade  [2]. Encontrou‐se uma prevalência de dor lombar de 51% e uma incidência 
cumulativa de 74% em jovens com uma idade média de 20 anos  [3] e de 17,2% em adolescentes com 
uma idade média de 14 anos [4]. 
Os estudos epidemiológicos sobre a lombalgia são necessários, para se compreender melhor 
a etiologia do problema, os factores de risco associados, bem como o impacto que as dores lombares 
têm na sociedade moderna em geral e nos diferentes grupos sociais nela existentes em particular. 
 
    O  presente  estudo  realizou  um  levantamento  epidemiológico,  prospectivo  e  longitudinal 
com os objectivos de (1) determinar a prevalência e incidência de dores lombares, caracterizando o 
seu padrão de ocorrência, em jovens adolescentes com idades entre os 11 e os 17 anos, ao longo do 
seu crescimento.; (2) analisar a associação entre comportamento da dor lombar ao longo do tempo e 
as características biomorfológicas e psicossociais desses sujeitos. 
 
    A relevância deste tipo de estudos assenta em três argumentos principais: 
1º  ‐  As  dores  e  as  perturbações  da  coluna  são  a  condição  músculo‐esquelética  mais 
frequente  nas  sociedades  modernas,  em  termos  de  absentismo  ao  trabalho,  de  recursos  de  saúde 
utilizados, de morbilidade, logo com custos sociais e económicos para o indivíduo e para a sociedade.  
Como  veremos,  existem  evidências  que  este  fenómeno  se  inicie  logo  nos  jovens  e  que  seja 
precipitado  por  determinados  factores,  quer  de  natureza  biomorfológica,  quer  de  natureza 
psicossocial,  que  conjugados  entre  si  podem  ajudar‐nos  a  compreender  melhor  este  fenómeno.  Por 
outro lado, há estudos que mostram que quanto mais cedo se inicia esta condição nos jovens maior é 
o  risco  de  acontecer  ao  longo  da  vida  adulta  [5],  pelo  que  ganha  particular  importância  o  despiste 
precoce da mesma. 


 

2º ‐ Os factores etiológicos ligados ao fenómeno das lombalgias em todas as faixas etárias e 
grupos populacionais são multifactoriais e não se resumem apenas aos riscos meramente mecânicos 
que  certas  actividades  físicas  e  profissionais  exigem.  Veremos  que  existem  variáveis  psicossociais 
indissociáveis  do  fenómeno  da  lombalgia,  sobretudo  na  instalação  da  sua“  cronicidade”  e 
incapacidade daí resultantes  
Abordar  e  lidar  duma  forma  positiva,  construtiva  e  pedagógica  com  esta  condição  de  dor 
lombar, como uma “experiência normal de vida” nos jovens, despistando e tratando todos os outros 
casos  mais  sérios,  onde  os  factores  de  risco  se  cruzam  cada  vez  mais  cedo,  é  um  desafio  que  não é 
novo, mas que está longe de ser resolvido e plenamente compreendido. 
 
3º  ‐  Estudamos  jovens  que  estão  na  sua  fase  de  formação/maturação,  quer  a  nível 
fisiológico,  quer  a  nível  psicológico  e  que  atravessam  períodos  de  “crise“  e  de  afirmação  individual 
muito  marcados.  É  em  relação  a  estas  idades  que  os conceitos  e  práticas  mais  adequadas,  ligadas à 
saúde  e  à  prevenção  do  risco  deverão  ser  trabalhados  e  promovidos  pelos  diferentes  profissionais, 
numa perspectiva abrangente de Educação para a Saúde. 
   
  Uma  análise  e  compreensão  mais  completa  e  dinâmica  dos  factores  de  risco  associados  à 
ocorrência  de  lombalgias  nos  jovens  e  dos  factores  de  protecção  dessa  condição,  poderá  dar‐nos 
informação  relevante  para  que  os  programas  e  estratégias  de  prevenção  actuem  nas  diversas 
dimensões e domínios de forma mais precoce, eficiente e credível. 

 
 
   


 

 
2. REVISÃO DA LITERATURA 
 
 

2.1. Lombalgias: uma condição comum nos tempos modernos  
 
  O  efeito  psicológico,  social,  económico  que  os  problemas  e  queixas  de  lombalgias  têm  nos 
indivíduos  e  nas  sociedades  actuais  tem  estimulado,  nos  últimos  15/20  anos,  uma  pesquisa 
multidisciplinar exaustiva sobre a sua prevalência e incidência em diversas faixas etárias e em diversos 
grupos populacionais específicos, bem como a análise dos factores de risco e factores de protecção a 
elas associados. 
A incidência cumulativa de lombalgia na população em geral, relativamente ao tempo total de 
vida,  atinge  em  termos  absolutos  valores  entre  os  60%  e  os  80%  [6‐9].  A  maioria  dos  episódios  de 
lombalgia ocorre na vida adulta (principalmente no adulto jovem e na “meia‐idade“), e cerca de 10% 
desses  episódios  tornam‐se  crónicos  (com  uma  duração  sempre  superior  a  três  meses),  causando 
problemas de incapacidade aos indivíduos e problemas de natureza socio‐economica à sociedade  [10‐
12]

A ocorrência e/ou a recorrência de dores lombares, são a expressão da interdependência de 
[6,  13‐16]
uma  multiplicidade  de  factores  de  risco  que  é  preciso  reconhecer  e  identificar  , 
independentemente dos grupos populacionais e da sua faixa etária.  
Apesar  de  actualmente  já  se  conhecerem  melhor  os  mecanismos  fisiopatológicos  e 
biomecânicos relacionados com as dores lombares, muitas vezes eles não explicam, apenas por si só, 
os sintomas apresentados pelo indivíduo e a incapacidade funcional daí resultante. 
Os  factores  psicossociais,  e.g.,  os  “estilos  de  vida”  dos  indivíduos  com  os  factores  de  stress 
psicossocial daí inerentes são tão importantes como os factores físicos, e.g., as sobrecargas mecânicas 
ou as alterações posturais, no aparecimento e recorrência da lombalgia [1, 17, 18]. 
A maioria das vezes, a lombalgia ou dor lombar é considerada “não específica” ou idiopática, 
não havendo diagnósticos definitivos, únicos e absolutamente certos que expliquem a origem dessas 
queixas [19]. 
Neste  contexto,  o  termo  “lombalgia”  pode  incluir  uma  multiplicidade  de  condições  com 
etiologias  diversas  para  as  quais  interagem  permanentemente  múltiplos  factores  de  risco.  Assim,  o 
termo “lombalgia” é tão vasto que pode abranger condições fisiopatológicas muito diversas, mas que 
inclui  na  maioria  das  situações,  quadros  clínicos  (sinais,  sintomas  e  “incapacidades  funcionais”)  que 
não se explicam apenas pelas alterações fisiopatológicas ou biomecânicas. 
O impacto que a lombalgia pode trazer à vida social, profissional e desportiva do indivíduo é 
normalmente um indicador utilizado pelos investigadores nesta área. No entanto, esse impacto está 


 

necessariamente  condicionado  por  variáveis  específicas  de  cada  sujeito  (perfil  físico,  psicológico  e 
solicitações do meio, experiência anterior e nível cultural) e do meio social onde ele se integra [20]. 
Assim,  podemos  encontrar  “quadros  clínicos”  aparentemente  semelhantes,  em  termos  de 
fisiopatologia e de gravidade, mas que em dois sujeitos diferentes, se apresentam com repercussões 
funcionais e psicossociais muito distintas. 
Como  veremos  de  seguida,  a  lombalgia  constitui  um  “problema  de  saúde”  nas  sociedades 
desenvolvidas, que se inicia durante a adolescência e que afectou, afecta ou virá a afectar uma parte 
significativa da população na sua vida activa futura. 
Esta  realidade  tem  repercussões  directas  e  indirectas  a  vários  níveis,  quer  no  domínio 
pessoal, quer no domínio socio‐profissional. Deste modo, torna‐se importante equacionar o fenómeno 
da “lombalgia” em termos de: 
1) Padrão de ocorrência e caracterização dos seus efeitos no indivíduo; 
2) Factores de  risco  associados ao  seu  aparecimento  e/ou  à sua  recorrência  e  factores  de 
protecção relacionados com a sua prevenção; 
3) Impacto  que  as  lombalgias  têm  no  indivíduo,  no  modelo  de  cuidados  de  saúde  em 
particular, e nas organizações sociais em geral. 
 
 
2.2. Dor lombar: conceitos e história natural 
 
A  dor  lombar  é  uma  experiência  universal  e  não  uma  doença  [21]  e  foi  descrita  como  uma 
desordem  complexa  de  natureza  multifactorial,  com  componentes  neurofisiológicos,  cognitivos  e 
emocionais [22]. 
Estima‐se  que  a  dor  lombar  afecte  cerca  de  56%  da  população  em  geral  [23],  sendo  uma 
condição  relativamente  difícil  de  definir  na  sua  etiologia  específica,  e  que  em  apenas  5%  a  10%  dos 
casos, a causa está bem determinada e somente em 50% das condições se consegue um diagnóstico 
diferencial específico [24].  
Estima‐se que cerca de 80% da população irá referir dor lombar num determinado momento 
da  sua  vida  (prevalência  cumulativa  ao  longo  da  vida),  e  que  em  cada  ano,  7%  da  população  adulta 
terá necessidade de consultar um médico devido aos sintomas relativos à região das costas [25]. 
Na  maioria  dos  casos  onde  não  há  uma  etiologia  directamente  conhecida,  de  natureza 
orgânica ou física, fala‐se em lombalgia inespecífica ou lombalgia comum. Constitui a grande maioria 
das situações referidas e o tema central deste estudo relacionado com as populações juvenis. 
A  dor  lombar  inespecífica,  cuja  etiologia  fisiopatológica  é  desconhecida,  não  havendo  um 
diagnóstico absoluto e único responsável pelas queixas lombares  [26‐28], pode ser definida como uma 
dor  na  região  inferior  da  coluna  vertebral,  entre  a  12ª  costela  e  as  nádegas  [29,  30].  Habitualmente 
acompanhada de limitação de movimentos da coluna lombar, pode influenciar as actividades físicas e 


 

a postura do indivíduo, e pode estar associada ou não, a dores irradiadas para a coxa e perna  [12, 29, 31‐
35]

A lombalgia inespecífica é um problema comum na população adulta e está a tornar‐se um 
sério problema de saúde entre os jovens/adolescentes. É um problema de saúde pública com impacto 
no bem‐estar da população, com efeitos socio‐económicos (quer nos indíviduos e suas famílias quer 
nas organizações socio‐profissionais) e que começa a manifestar‐se desde idades muito jovens [36]. 
A  lombalgia  inespecífica  é  uma  desordem comum nos  países  desenvolvidos,  afectando  uma 
parte  considerável  da  população,  tem  uma  origem  multifactorial  [29,  31‐33,  37‐41]  e  a  população  jovem 
encontra‐se  também  predisposta  ao  aparecimento  desta  condição  [21,  25,  31‐33,  42‐50].  Os  valores  de 
prevalência da lombalgia nos sujeitos jovens, apontaram para valores que variaram entre os 6,8 % ‐ 
11/12%  [43,  51‐53]  e  os  70%‐83%  [54‐56].  Estes  valores  são  muito  díspares  e  encontram  uma  possível 
justificação  nas  diferenças  de  metodologia  de  investigação  seguidas  pelos  diferentes  estudos. 
Podemos  salientar  apenas,  alguns  dos  factores  mais  relevantes  que  poderão  explicar  essa  grande 
disparidade e que procuramos caracterizar mais à frente: 
‐ Desenho metodológico dos estudos: tipo de estudo, critérios de selecção, caracterização e 
dimensão  da  amostra,  faixa  etária  estudada,  material  e  instrumentos  de  recolha  dos  dados  (e.g. 
questionários de auto‐resposta, entrevistas, registos clínicos, métodos de observação e exame cliníco) 
e período temporal analisado;  
‐ Definições operacionais de “dor lombar” utilizadas foram distintas entre os estudos; 
‐ Tempo (duração) do estudo considerado; quer nos estudos retrospectivos, quer nos estudos 
prospectivos  com  repercussões  em  prevalâncias  trimestrais,  semestrais  ou  anuais.  Os  conceitos  de 
ponto de prevalência presente também não foram uniformes. 
 
Os  estudos  epidemiológicos  são  necessários  para  se  compreender  melhor  a  etiologia  das 
dores  lombares,  os  factores  de  risco  a  elas  associados  e  os  efeitos  que  têm,  como  qualquer  outro 
problema de saúde, nas sociedades modernas e nos seus diferentes grupos sociais. Pensamos que a 
análise e a compreensão dos factores de risco e a interpretação da sua inter‐relação, podem ajudar a 
desenvolver programas de despiste precoce e de prevenção, melhor sucedidos. 
No  entanto,  para  se  poderem  realizar  estudos  comparativos  entre  diferentes  grupos 
populacionais em diferentes contextos e com idades também diferentes, é necessário encontrar um 
consenso na operacionalização da variável Dor Lombar ou Lombalgia. 
 
 
2.3. História natural da lombalgia em populações juvenis 
 
  Vários  estudos  desenvolvidos  nos  últimos  25  anos  revelaram  que  as  queixas  músculo‐
esqueléticas são bastante comuns entre jovens e adolescentes, revelando um padrão de ocorrência já 
semelhante ao do adulto em idade activa e apresentando um impacto negativo no bem‐estar fisico e 


 

emocional dessas populações. No entanto, a etiologia e os factores de risco associados às lombalgias 
nos  jovens,  permanecem  ainda  por  compreender  na  sua  totalidade,  apesar  da  vasta  literatura 
publicada nos últimos anos. 
  Deste  modo,  diversos  autores  concordam  que  a  dor  lombar  é  comum  na  população  de 
adultos e que se está a tornar num sério problema de saúde entre as crianças e adolescentes, havendo 
uma elevada prevalência de lombalgia durante a idade escolar [6, 21, 25, 41, 49, 57‐59].  
Desde os anos 80 do século XX que vários autores analisaram a prevalência e a incidência de 
lombalgias em jovens (crianças e adolescentes). Diversos estudos publicados nesta época, sugeriram 
que o estudo do fenómeno da lombalgia nas crianças e adolescentes, poderia ajudar a compreender 
melhor a história natural (origem, evolução natural e factores de protecção) das queixas nos adultos [6, 
60, 61]

Muitos  estudos  epidemiológicos  foram  publicados  nos  últimos  25  anos  com  a  finalidade  de 
determinar  a  prevalência  e/ou  incidência  da  lombalgia,  analisar  a  sua  distribuição,  o  seu  padrão  de 
ocorrência e avaliar o papel dos vários factores de risco associados ao seu aparecimento e evolução, 
em populações juvenis [3, 4, 6, 41, 43, 45, 47, 51, 52, 54, 58, 61‐99], [25, 36, 41, 42, 46, 48, 53, 56, 88, 100‐138]. 
Apresentamos  no  Apendíce  1,  um  conjunto  de  tabelas  que  procura  organizar  e  sintetizar  a 
informação  publicada  a  nível  internacional  e  nacional  sobre  esta  temática  e  que  analisaremos  de 
forma desenvolvida mais à frente. 
Na população juvenil portuguesa, também foram realizados alguns estudos  [31‐34,  139‐141], que 
apesar  de  utilizarem  metodologias  diversas  encontraram  valores  de  prevalência  anual  de  lombalgia 
entre os 39% e os 51%, que estão dentro dos valores apontados pelos estudos internacionais. 
Os primeiros estudos internacionais publicados têm cerca de 25 anos  [61, 62], foram realizados 
na  Finlândia  e  no  Reino  Unido,  envolvendo  respectivamente  a  análise  retrospectiva  de  370  e  446 
jovens com idades entre os 11 e os 17 anos. Os seus resultados mostraram que a lombalgia era um 
“fenómeno” comum nas populações juvenis, afectando anualmente entre 17,3% e 19,7% dos jovens 
dessas idades. 
Grande  parte  dos  estudos  foram  inicialmente  efectuados  nos  países  desenvolvidos  (Europa 
do Norte, Europa Central, Estados Unidos e Canadá), embora se possa encontrar mais recentemente 
pesquisas  realizadas  em  países  africanos  como  a  África  do  Sul  [53],  Moçambique  [106],  Tunísia  [114],  e 
outros países como o Kuawiti [108, 109], Brasil [127, 142] e Irão[36]. 
Numa  análise  dos  82  estudos  publicados  (Apendíce  1),  constatamos  a  seguinte  distribuíção 
por regiões e países: 
‐ Europa do Norte: 43 estudos sendo a Dinamarca e a Finlândia os países com mais estudos 
publicados (11 cada um) seguido do Reino Unido com 10; 
‐ Europa Central (Suíça e Alemanha) – cinco estudos; 
‐  Europa  do  Sul  (França,  Itália,  Espanha,  Portugal,  Grécia)  –  13  estudos  sendo  cinco  em 
Portugal 
‐ América do Norte (Estados Unidos e Canadá) ‐ nove estudos 


 

‐ Austrália – quatro estudos 
‐ África (África do Sul, Moçambique e Túnisia) – Três estudos; 
‐ Ásia e Médio Oriente – (Japão, Taiwan, Kuwaiti, Irão) – Quatro estudos; 
‐ América do Sul  – Um estudo (Brasil) 
 
Numa  análise  sumária  constatamos  que  quase  três  em  cada  quatro  estudos  (74,4%  dos  82 
estudos) foram feitos na Europa; aproximadamente 16% (13 estudos) ocorreram nos Estados Unidos, 
Canadá  e  Austrália.  Isto  significa  que  praticamente  nove  em  cada  dez  estudos  foram  realizados  em 
populações juvenis dos países ditos desenvolvidos (74 estudos em 82). Mais de metade dos estudos 
(43 em 82 ou seja 52,4%) foram feitos nos países da Europa do Norte com a Dinamarca e a Finlândia 
no topo da lista. 
No entanto, podemos constatar que esta temática também já tem sido estudada em países 
como Taiwan, Kuwaiti, Irão, Moçambique, Túnisia, África do Sul e Brasil, o que se pode considerar um 
leque  de  países  com  raízes  e  contextos  socio‐culturais  distintos,  para  se  poder  fazer  análises 
comparativas a partir de realidades socio‐culturais distintas. 
Do total dos 82 estudos analisados, apenas nove foram estudos longitudinais [4, 41, 47, 51, 73, 79, 82, 
89, 113, 116, 122, 123, 143]
 e todos eles realizados nos países desenvolvidos (Europa do Norte e Canadá). Todos 
os outros, foram estudos transversais. 
Nestes estudos verificou‐se uma grande variabilidade na dimensão das amostras estudadas e 
nos valores de prevalência de dor lombar encontrados. 
Entre os estudos com amostras de maiores dimensões destacamos sete estudos: 
Um estudo envolvendo inquéritos postais a 62.677 jovens finlandeses e repetidos ao longo de 
cada  dois  anos  entre  1985  e  2001,  questionando  todas  as  ocorrências  de  dores  na  coluna  lombar, 
dorsal e cervical. Neste estudo foram registados valores de prevalência anual de lombalgia entre os 7% 
e  os  17%,  sendo  os  valores  de  prevalência  mais  elevados  nas  raparigas  e  tendo  aumentado  com  a 
idade dos sujeitos (da década de 80 para a década de 90) [47]. 
Um outro estudo realizado no Japão, abrangendo 34.423 jovens entre os nove e os 15 anos 
da Cidade de Niagata, apurou uma prevalência cumulativa ao longo da vida de 28,8% [132]. 
O terceiro estudo com uma amostra de maiores dimensões foi realizado na Finlândia (11.095 
jovens entre os 12 a 18 anos) e encontrou uma prevalência anual de lombalgia de 26% [85]. 
Também  no  estudo  de  Bo  Anderson  et  al,  realizado  na  Dinamarca  com  9.413  jovens  (idade 
média de 17,1 anos) se apurou uma prevalência cumulativa entre os 37% nos rapazes e os 43% nas 
raparigas [120]. 
Nos estudos com amostras de dimensões mais alargadas registamos ainda os estudos feitos 
na Europa do Sul: 
a) Em Itália (Padova), com 7.542 alunos de 13 a 15 anos de idade e uma prevalência anual 
de 20,5% [42]. 


 

b)  em Espanha (Maiorca) com 7.361 jovens entre os 13 e os 15 anos, onde se refere uma 
prevalência cumulativa entre os 50,9% nos rapazes e os 69,3% nas raparigas. Os autores 
concluiem,  que  os  valores  de  prevalência  são  semelhantes  aos  estudos  realizados  na 
Europa do Norte e/ou com adultos [98]. 
 
Por  último,  no  estudo  longitudinal  ao  longo  de  oito  anos  envolvendo  inicialmente  9.567 
gémeos  dinamarqueses  e  chegando  ao  final  com  uma  amostra  de  6.554  jovens  entre  os  12  e  os  22 
anos  [123,  124]  encontraram‐se  valores  de  prevalência  anual,  que  foram  aumentando  com  a  idade  dos 
12‐15  anos  (16%)  para  os  16‐19  anos  (40%)  e  ainda  mais  nos  20‐22  anos  (50%).  Este  estudo 
longitudinal,  é  uma das principais  pesquisas  que  aponta  para uma correlação positiva  forte  entre as 
dores lombares na adolescência e as lombalgias na vida adulta, quer nos valores encontrados, quer no 
padrão  ou  perfil  de  ocorrência.  Estes  autores  são  dos  que  mais  têm  estudado  esta  temática  e 
explicitam neste estudo, o facto de os jovens terem lombalgia ser um factor preditivo de risco para a 
ocorrência de queixas lombares na vida adulta [123, 124]. 
 
Os  estudos  com  amostras  de  menores  dimensões,  logo  com  uma  validade  externa 
comprometida, abrangeram apenas entre 56  [25, 144] e os 88 sujeitos  [94, 111‐113], procurando no entanto 
analisar um conjunto de outras variáveis biomorfológicas e/ou psicossociais. Os valores de prevalência 
anual de lombalgia foram na ordem dos 57%. 
A faixa etária analisada pelos diferentes estudos em populações juvenis, sendo muito diversa, 
apresenta  uma  tendência  para  ser  mais  frequente  no  intervalo  entre  os  dez  e  os  dezoito  anos.  Os 
estudos  que  envolvem  crianças  mais  novas  a  partir  dos  quatro  anos  [117]  e  cinco/seis  anos  [3,  63,  89,  93] 
envolveram  os  pais  como  mediadores  nas  questões  relacionadas  com  as  dores  nas  costas  o  que 
poderá colocar algumas limitações metodológicas discutidas mais à frente. 
Apenas três estudos englobaram também jovens adultos até aos 20 anos [3], 22 anos [104] e 27 
anos [86, 143]. 
A  prevalência  e  a  incidência  de  lombalgias  nas  populações  juvenis  mostram  uma  variação 
grande,  quer  em  termos  de  período  temporal  estudado,  quer  de  valores  absolutos  e  relativos 
encontrados. Apesar disso há uma tendência maioritária para se analisar a prevalência anual, seguida 
da  prevalência  cumulativa  ao  longo  da  vida  e  a  do  ponto  de  prevalência  presente  (neste  aspecto  o 
período considerado também foi variável: de um a dois dias, a uma semana e a um mês). 
Relativamente à prevalência anual de lombalgia encontrámos uma variação que vai entre os 
6,8% em 176 jovens sul‐africanos dos 11 aos 14 anos  [53], e os 82,6% do estudo com 123 adolescentes 
franceses de 14 anos  [54]. No entanto, qualquer destas amostras não é representativa, pelo que estes 
valores extremos deverão ser lidos com o devido cuidado. 
Entre as pesquisas que apresentaram valores de prevalência anual de dor lombar mais baixos, 
destacamos o estudo finlandês envolvendo 689 jovens entre os dez e os 16 anos, provenientes de 43 
escolas a nível nacional e numa amostragem por cluster representativa das diferentes regiões do país, 


 

com um valor de prevalência anual dos mais baixos que encontrámos ‐ 10,7%  [43]. Um valor similar de 
prevalência anual de 11% foi observado no estudo dinamarquês com 640 adolescentes de 14 anos [52]. 
Há diversos estudos que apontam para valores de prevalência anual entre os 17% e os 30%. 
Destes  destacamos,  um  dos  primeiros  a  ser  publicado com  17,3%  [62], e  o  estudo  finlandês  com  370 
jovens entre os 11 e os 17 anos com uma prevalência de 19,7% [61]. 
Devemos ainda referenciar os estudos envolvendo amostras mais significativas, como o que 
avaliou 11.035 adolescentes finlandeses entre os 11 e os 18 anos e encontrou um valor de prevalência 
anual de 26%  [85], e outro que analisou 7.542 jovens italianos entre os 13 e os 15 anos, com um valor 
anual  de  20,5%  [42].  Por  último,  um  estudo  também  feito  na  Europa  do  Sul  (Grécia),  apontou  uma 
prevalência anual de 27,7% em 1.252 adolescentes entre os 12 e os 18 anos [115]. 
Entre  os  30%  e  os  50%  de  prevalência  anual  de  lombalgia,  encontrámos  também  diversos 
estudos  feitos  na  Europa,  Estados  Unidos  e  Austrália  [3,  6,  86,  101,  104,  117,  126]  e  ainda  os  que  foram 
realizados em Portugal [31‐33, 140, 141].  
Dos primeiros destacam‐se o estudo feito na Dinamarca com 6.544 gémeos entre os nove e 
os  22  anos,  encontrando‐se  um  em  cada  três  sujeitos  com  queixas  no  ano  anterior  ‐  33%  [143]  e  o 
estudo holandês com 745 adolescentes de 12 e 13 anos, com uma prevalência anual mais elevada de 
46,5% [101]. 
Estudos que referem mais de 50% de prevalência anual de lombalgias também são comuns [6, 
51, 56, 69, 72, 82, 94, 113, 129]
. Os estudos de Balagué et al em 1988 [6, 69, 145] e Ebrall em 1994 [69] com amostras 
de dimensões similares (615 e 610 sujeitos) e faixas etárias também semelhantes (12‐17 e 12‐19 anos) 
realizados na Suíça e Austrália, encontraram uma prevalência anual de 51% e 57% respectivamente. 
Mais  recente  é  o  estudo  de  Skoffer  &  Folsdspang  (2008)  com  546  adolescentes 
dinamarqueses entre os 14 e os 17 anos e uma prevalência anual de 60,3% [56]. 
No  que  diz  respeito  à  prevalência  nos  seis  meses  anteriores  ao  estudo,  encontrámos  cinco 
[63, 65, 68, 97, 130] 
estudos  com prevalências semestrais que variaram entre os 12% em 1.503 sujeitos de 14 
anos de Salminen et al (1992) e os 44,5% dos 5.999 jovens de 15 e 16 anos de Auvinen et al (2008). 
Ambos os estudos foram realizados na Finlândia [65, 130]. 
Identificámos ainda quatro estudos relatando uma prevalência nos três meses anteriores ao 
estudo e que apontam para valores entre os 23% e os 51,3% [56, 107, 127, 129]. 
Relativamente aos valores de prevalência cumulativa ao longo da vida, observámos diversos 
estudos com valores que variaram entre os 21,1%, relativos a 370 jovens finlandeses com idades entre 
os  11  e  os  17 anos  [61]  e  os  74%  de  adolescentes  suíços entre  os  12  e os  17  anos  [72].  Dentro  destes 
valores, encontramos também os trabalhos realizados em Portugal, em que participámos como autor, 
com resultados de 48,1% e 51,2% respectivamente [32, 33]. 
Devemos  contudo,  interpretar  estes  dados  com  relativo  cuidado,  porque  foram  todos  eles 
obtidos  em  estudos  retrospectivos  e  transversais  onde  a  memória  tem  um  papel  fundamental,  pelo 
que as conclusões deverão ser sempre relativizadas no que se relaciona com a prevalência cumulativa 
ao longo da vida. 


 

Outro  valor  de  prevalência  encontrado  em  diversos  estudos  é  o  “ponto  de  prevalência 
presente” que se refere à presença de dor lombar no momento do preenchimento dos questionários 
e/ou  nos  dias/semanas  anteriores.  A  definição  de  ponto  de  prevalência  presente  não  é  consensual 
pelo  que  poderá  limitar  a  comparação  dos  valores  encontrados.  Deste  modo,  apenas  citaremos  os 
estudos que explicitam este período temporal como o dia do preenchimento e o dia anterior. 
Os “pontos de prevalência presente” mais baixos foram encontrados nos seguintes estudos: 
a) 5,3% no estudo dinamarquês com 1.389 jovens entre os 13 e os 16 anos [51, 82]; 
b) 6% no estudo com 6.554 gémeos dinamarqueses entre os nove e os 22 anos [124, 143] 
c) 9,9% no estudo português de Oliveira et al, com 1.139 jovens da grande Lisboa entre 
os dez e os 18 anos [33]. 
 
Nos  estudos  longitudinais  envolvendo  o  seguimento  de  uma  população  por  um  período  de 
tempo  mais  ou  menos  alargado,  é  possível  determinar  a  incidência  da  lombalgia  (novos  casos  num 
determinado período).  
Estes estudos longitudinais englobam um período de acompanhamento que variou entre um 
[4,  41,  79,  80]
ano  ,  os  oito  anos  [116]  e  os  dez  anos  [89].  Estes  estudos  que  implicam  um  envolvimento 
temporal  de  meios  e  recursos  mais  dispendioso,  foram  realizados  na  Europa  do  Norte  (Finlândia, 
Dinamarca, Suécia, Reino Unido) ou no Canadá (um estudo). 
O  estudo  longitudinal  de  maiores  dimensões,  foi  publicado  em  2003  por  Jones  et  al 
envolvendo o seguimento durante um ano, de 933 jovens ingleses entre os 11 e os 14 anos, dos 1.046 
que  iniciaram  o  estudo.  Os  valores  de  incidência  anual  de  dor  lombar,  deste  estudo  efectuado  no 
Norte de Inglaterra, foram de 12,5% aos 12 anos e de 24,1% aos 15 anos [41]. 
Os valores de incidência anual de lombalgia referidos por Burton et al (1996), reportados num 
estudo com 147 jovens ingleses seguidos ao longo de quatro anos, variaram entre 11,8% aos 12 anos e 
os 21,5% aos 15 anos [73]. 
Os  outros  estudos  longitudinais  apontam  para  valores  de  incidência  anual  intermédios  e 
sempre inferiores a 20% (16,9 % a 19,4%) [51, 82, 116]. 
 
Os  estudos  sobre  as  lombalgias  em  jovens,  feitos  em  países  africanos  (África  do  Sul, 
Moçambique e Túnisia) foram todos transversais e reportaram valores semelhantes aos encontrados 
nos países europeus e desenvolvidos [53, 106, 114].  
Destacamos contudo, que foi o estudo sul‐africano de Puckree et al em 2004, com 176 jovens 
da cidade de Natal entre os 11 e os 14 anos, que reportou a prevalência anual mais baixa (6,8%) de 
todos os estudos publicados [53].  
No  estudo  realizado  em  Moçambique  por  Prista  et  al  (2004)  que  envolveu  uma  amostra 
estratificada e aleatória de 204 alunos entre os 11 e os 16 anos, provenientes de escolas inseridas em 
“meio urbano, rural e semi‐rural”, foi encontrada uma prevalência anual de 13,5% e uma prevalência 
cumulativa ao longo da vida de 28% [106]. 

10 
 

Na pesquisa feita na Tunísia (622 alunos de cinco escolas de Monastir com idades entre os 11 
e  os  19  anos  e  com  uma  média  de  idades  de  14  anos)  por  Bejia  et  al  (2005),  foram  reportadas  os 
seguintes  valores:  ponto  de  prevalência  presente  (dor  lombar  na  semana  anterior)  de  13%; 
prevalência cumulativa de 28,4%; lombalgia crónica em 8% da amostra [114]. 
Também  no  Brasil  (S.Paulo)  foi  realizada  uma  pesquisa  por  Zapata  et  al  (2006)  envolvendo 
791 jovens entre os dez e os 18 anos (média de 14,2 anos), com uma prevalência de dores lombares 
nos três meses anteriores de 23% [127]. 
Encontrámos quatro estudos publicados em países asiáticos (Japão, Taiwan, Irão e Kuwaiti). O 
primeiro  a  ser  realizado  foi  em  Taiwan  (2003),  envolvendo  uma  amostra  aleatória  de  471 alunos  de 
quatro  escolas  e  com  uma  média  de  idades  de  16,7  anos.  A  prevalência  semestral  de  lombalgia 
referida foi de 37,2% [97]. 
Foi no estudo realizado no Kuwaiti, que foram encontrados os valores de prevalências de dor 
lombar  mais  elevados,  entre  as  pesquisas  efectuadas  em  países  asiáticos.  Assim,  para  uma  amostra 
aleatória  e  estratificada  de  400  jovens  entre  os  dez  e  os  18  anos  observou‐se  uma  prevalência 
cumulativa  aos  dez  anos  de  31%  que  subiu  aos  18  anos  para  74%.  A  prevalência  cumulativa  do 
lombalgia para a totalidade da amostra foi de 57,8% [108, 109]. 
Ainda  significativo  é  o  estudo  feito  no  Norte  do  Irão  –  Manzadaran,  com  uma  amostra 
aleatória  de  grandes  dimensões:  4.813  alunos  entre  os  11  e  os  14  anos  (média  de  13,1  anos) 
provenientes  de  escolas  públicas  e  privadas  de  regiões  urbanas  e  rurais.  Neste  estudo  foram 
reportados valores de prevalência anual de 17,4% e de ponto de prevalência presente de 15% [36]. 
O  estudo  japonês  abrangendo  34.423  jovens,  entre  os  nove  e  os  15  anos  da  cidade  de 
Niagata,  apurou  uma  prevalência  cumulativa  ao  longo  da  vida  de  28,8%  e  um  ponto  de  prevalência 
presente de 10,2% [132] . 
Em  Portugal  também  foram  feitos  cinco  estudos,  todos  eles  transversais.  O  primeiro  deles 
realizado por Oliveira et al (1999) envolveu 1.139 adolescentes entre os dez e os 18 anos provenientes 
de  escolas  de todos  os concelhos  da  grande  Lisboa  e  encontrou  valores  de prevalência  semelhantes 
aos  estudos  já  referidos  atrás  nos  países  europeus.  A  prevalência  anual  foi  de  39,2%,  o  ponto  de 
prevalência presente de 9,9% e a prevalência cumulativa ao longo da vida de 51,2%. Talvez o valor de 
14,1%  para  a  lombalgia  crónica  ou  recorrente,  entre  esta  população,  tivesse  sido  o  valor  mais 
significativo neste estudo [33].  
Em  estudos  posteriores,  Coelho  et  al  e  Silva  et  al,  utilizando  os  mesmos  instrumentos  e  a 
mesma metodologia, mas com amostras mais reduzidas (208 jovens de Lisboa e 100 adolescentes da 
ilha  de  S.Jorge  nos  Açores,  respectivamente),  encontraram  valores  semelhantes  para  a  prevalência 
anual: 39,4% em Lisboa e 51% nos habitantes da ilha de S.Jorge [32, 34].  
Num  estudo  mais  recente  de  Robalo  et  al  (2007)  e  com  uma  amostra  aleatória  de  maiores 
dimensões, envolvendo 1.563 jovens, entre os 11 e os 17 anos do concelho de Setúbal, foi reportado 
um valor de prevalência anual de lombalgias de 31,2% [141]. 
 

11 
 

A  grande  maioria  dos  estudos  referidos  atrás  utilizaram  questionários  de  auto‐resposta 
aplicados  na  população  escolar  e  em  amostras,  na  esmagadora  maioria  das  vezes,  escolhida  por 
conveniência (Apendíce 1). No entanto, houve estudos onde se aplicaram entrevistas estruturadas  [61, 
63, 88]
, outros que associaram aos questionários de auto‐resposta a realização de exames clinicos [3, 52, 61, 
75, 78, 81, 95]
, exames físicos e/ou medidas antropométricas [25, 31, 34, 36, 42, 43, 56, 67, 71, 73, 77, 79, 82, 87, 89, 113‐116, 120, 
126‐129, 137, 139]. 

Nos estudos longitudinais, foram aplicados quer questionários de auto‐resposta ao longo do 
tempo, quer realizados testes físicos e/ou medições antropométricas nos diversos momentos [4, 41, 51, 73, 
79, 82, 89, 111, 112, 116]

Houve  um  estudo  longitudinal  onde  apenas  foi  aplicado  um  questionário  de  auto‐resposta 
(respostas enviadas por correio de dois em dois anos ao longo de um período de seis anos), uma vez 
que foi analisada uma amostra de grandes dimensões de 62.677 adolescentes finlandeses, entre os 12 
e os 18 anos [47]. 
Encontrámos  ainda  estudos,  em  que  para  além  de  questionários  de  auto‐respostas  e  de 
medidas físicas, foi calculado o peso da mochila que os alunos transportavam [93, 96, 101, 102, 110, 
115,  126],  foram  aplicados  questionários  de  saúde  geral  [55,  97,  104],  questionários  específicos  [96], 
questionários de natureza psicossocial [100] e uma escala de depressão [121]. 
Por último, houve estudos onde também foram aplicados questionários aos pais das crianças 
e dos jovens mais novos [45, 94, 98, 107, 132, 146]. 
Relativamente  à  definição  operacional  do  termo  lombalgia  ou  dores  nas  costas  também 
encontrámos alguma diversidade. A grande maioria dos estudos questionam sobre o aparecimento de 
dores  exclusivamente  na  região  lombar  ou  parte  inferior  das  costas  sem  explicitar  uma  duração 
mínima, enquanto que outros estudos explicitaram a duração mínima das dores nas costas referindo‐
se a um período temporal mínimo de 24 horas [33, 41, 96, 102, 121, 147], dois dias [86, 128] ou de uma semana [67, 
74, 91, 116]

Em  alguns  destes  estudos  é  mostrado  um  esquema  do  corpo  humano  onde  é  desenhada  a 
região anatómica considerada para reportar a presença de dores. Um conjunto de estudos questionam 
igualmente por dores ao longo de toda a coluna  [43,  47,  53,  61,  68,  76,  85,  97,  101,  110,  119,  120,  128], cabeça [68] e 
ombros [47, 53, 85, 101], através da representação gráfica da figura humana. 
No presente estudo, foi utilizada sempre a mesma definição de lombalgia: “todas as queixas 
dolorosas  existentes  na  região  lombar  (parte  inferior  das  costas)  que  tenham  tido  pelo  menos  uma 
duração de 24 horas. As dores nas costas poderão também te‐se espalhado para as nádegas e para as 
pernas”. 
Esta  definição  operacional  de  lombalgia  já  tinha  sido  utilizada  em  todos  os  estudos 
portugueses que participámos [31‐34, 147] e foi semelhante à aplicada em alguns dos estudos já citados [13, 
58,  66,  72,  73]
  para  se  poder  fazer  análises  comparativas.  Acrescentámos  à  definição  operacional  de 
“lombalgia, a duração mínima de 24 horas para evitar contabilizar as situações de dor lombar ocasional 
com uma componente predominante de fadiga e/ou resultante de “posturas viciosas” que se resolviam 

12 
 

em  poucas  horas  ou  mesmo  minutos.  Posteriormente  ao  nosso  primeiro  estudo  [33,  147],  também 
Watson et al [96, 102] e Diepenmaat et al [121] explicitaram uma duração mínima de 24 horas com queixas 
lombares, para considerarem ter havido lombalgia. 
 
 
 
2.4 Factores de risco associados à dor lombar na população juvenil 
 
Como  é  amplamente  reconhecido  a  lombalgia  é  a  expressão  de  um  cruzamento  e 
interdependência  de  factores  de  risco  que  ultrapassam  largamente  os  domínios  meramente 
anatómicos, mecânicos ou físicos. 
Para  se  compreender  este  fenómeno  é  necessário  abordar  esta  realidade  nas  suas  diversas 
dimensões: anatómica/fisiológica, biomecânica, psicossocial e sociocultural. 
Excluímos  deste  conjunto  de  razões,  os  factores  de  risco  de  natureza  “patológica”,  que 
pressupõem afecções ou doenças diversas por ultrapassarem o âmbito do presente estudo. 
Por outro lado, não é de mais afirmarmos, que a ocorrência de lombalgias é influenciada por 
uma multiplicidade de factores que conjugados entre si, ajudam a explicar a ocorrência e a evolução 
do  “fenómeno”,  pelo  que  os  factores  devem  ser  compreendidos  na  sua  dinâmica  de  inter‐relação  e 
não isoladamente cada um por si. 
  Alguns autores identificaram e classificaram esses factores como “intrínsecos” e “extrínsecos” 
ao indivíduo  [148] e propõem um modelo de análise multifactorial da etiologia das lesões e disfunções 
tendo em conta a interdependência desses factores (Quadro 1). 
Embora  esse  modelo  tenha  sido  originalmente  aplicado  às  lesões  resultantes  da  prática 
desportiva,  ele  poder‐se‐á  adaptar  noutras  situações  relacionadas  com  disfunções  do  sistema 
músculo‐esquelético. 
Um factor de risco pode estar associado ao padrão de ocorrência da dor lombar, em qualquer 
idade  e  em  qualquer  grupo  populacional,  mas  não  se  pode  ter  a  certeza  se  este  é  ou  não  a  causa 
determinante do problema. A extensa evidência epidemiológica realizada neste âmbito indica que não 
existe uma única causa para a dor lombar inespecífica, mas sim uma interacção entre factores de risco 
e factores de protecção, que podem gerar o aparecimento ou agravamento dos sintomas nuns casos, e 
o alívio ou ausência de sintomas noutros casos. 
Sendo assim, o risco de desenvolver dor lombar não‐específica parece ser multifactorial, mas 
as associações da maioria dos factores de risco a este problema de saúde são ainda pouco claras, não 
totalmente compreendidas e com resultados não consensuais na literatura publicada. 
No  quadro  1  estão  listados  os  principais  factores  de  risco  que  têm  sido  associados  à  dor 
lombar inespecífica e que procuraremos desenvolver em seguida.  
 
 

13 
 

Quadro 1 ‐ Factores de risco de lombalgia nas crianças e adolescentes 

A. Factores de Risco Intrínseco B. Factores de Risco Extrínseco 
 
1.Dimensão BioMorfológica / História passada  1. Dimensão Ocupacional/Ambiental 
   
Idade, Estadio maturacional, Género, Raça  Estilos de vida com ausência de prática de 
Altura/Massa Corporal/Indíce de massa  actividade física regular e Hábitos de 
corporal, Composição corporal, Dimensões  sedentarismo 
corporais   
História anterior de lombalgia, História  Prática intensiva precoce e “agressiva”, de certos 
familiar/Factores genéticos  métodos de treino desportivo e físico de algumas 
Lesões/traumatismo(s) prévio(s)  modalidades 
   
2. Dimensão Funcional  Condições relacionadas com o equipamento e 
Mobilidade da coluna vertebral, Flexibilidade  com os locais de prática do estudo, locais dos 
muscular, Força e coordenação muscular,  tempos livres e dos “jogos” 
Resistência/endurance   
Postura / Hábitos Posturais  Condições relacionados com o mobiliário (e.g. 
  secretárias na sala de aula) e/ou com o 
3. Dimensão Psicossocial  transporte de cargas externas (e.g.  mochilas) 
Estilos de vida e níveis de actividade física   
Factores psicológicos: Ansiedade/Depressão,  Sobrecarga funcional 
Motivação, Stress, Autoconceito, “Locus de   
Controle”   
Hábitos tabágicos /Hábitos alimentares 
Factores sociais e culturais 
 
Na  nossa  abordagem  realçaremos  os  principais  factores  de  risco  que  os  diversos  estudos 
publicados  associam  à  ocorrência  de  lombalgia  nas  populações  juvenis,  apesar  de  não  haver  um 
consenso absoluto relativamente à maioria desses factores. 
 
 
2.4.1. Factores de Risco Intrínseco – Dimensão Biomorfológica 
 
a) Idade e “período de crescimento acelerado/Idade Maturacional e lombalgia inespecífica 
 
A prevalência e incidência da dor lombar nos adolescentes aumenta com a idade  [39]. A idade 
cronológica  apresenta  uma  relação  positiva  com  a  ocorrência  de  lombalgia  em  diferentes  estudos 
internacionais [3, 6, 21, 36, 39, 41, 45, 47, 49, 58, 59, 61‐63, 65, 69, 73‐75, 77, 84, 85, 87‐91, 96, 104, 105, 107‐109, 149] e nacionais [33]. 
É durante a adolescência, que para muitos autores, aumenta significativamente a prevalência 
de dores lombares, nomeadamente entre os 12 e os 14 anos de idade [21, 52, 75, 150‐152]. 
Outros estudos apontaram a idade de 15 anos, como aquela em que a lombalgia aparece com 
uma frequência e um padrão de ocorrência similar ao dos adultos jovens [3, 33, 41, 58, 73, 78]. 

14 
 

Olsen et al (1992) e Jones et al (2003) encontraram um aumento da prevalência de lombalgia 
com a idade, em que os sujeitos com 15 anos, apresentaram aproximadamente uma prevalência duas 
vezes superior à encontrada entre os jovens de 12 anos [41, 58]. 
O  estudo  realizado  por  Taimela  et  al,  a  nível  nacional  (Finlândia)  envolveu  cerca  de  1.171 
crianças  e  adolescentes  com  idades  entre  os  sete  e  os  16  anos  de  escolas  públicas,  distribuídas  em 
amostras  estratificadas  representativas  das  diferentes  classes  socio‐económicas  e  das  diferentes 
regiões do país. A prevalência anual de lombalgia foi de 1% nas crianças de sete anos, de 6% ao dez 
anos e de 18% entre os 14 e 16 anos. Estes resultados confirmaram a evidência de que a lombalgia 
constituiu  uma  queixa  comum  nos  adolescentes  e  com  tendência  a  aumentar  com  a  idade.  Parte 
dessas  queixas  deixaram  de  ser  episódicas  e  tornaram‐se  recorrentes  ou  crónicas.  O  número  de 
episódios e a severidade da lombalgia também aumentou com a idade [45]. 
Mas importa referir, que a idade cronológica não apresenta uma relação linear com o estadio 
maturacional. Em adolescentes com a mesma idade cronológica podem existir um conjunto grande de 
diferenças biomorfológicas entre eles, como a altura, a massa corporal, o indíce de massa corporal e a 
composição  corporal,  a  velocidade  de  crescimento  e  “pico  desse  crescimento”,  entre  outras,  que 
traduzem etapas diferentes do processo de maturação biológica [153, 154]. Esta diversidade maturacional 
é ampliada quando consideramos o género dos sujeitos, acontecendo uma maturação biológica mais 
precoce  nas  raparigas  em  relação  aos  rapazes,  particularmente  no  período  de  intenso  e  rápido 
crescimento da adolescência (adolescent growth spurt) [155]. 
A  diversidade  maturacional  é  assim  significativa,  e  os  diferentes  parâmetros  têm  ritmos  de 
crescimento e de maturação neurobiológica individuais, únicos e determinados pela interacção entre 
factores genéticos e factores ambientais. 
Por  exemplo,  nos  rapazes  o  aumento  da  massa  muscular,  da  densidade  mineral  óssea  e  da 
força muscular (por esta sequência) segue‐se sempre ao pico da velocidade de crescimento em altura, 
enquanto  que  nas  nas  raparigas  a  menarca  é  coincidente  com  o  pico  de  aumento  da  massa  óssea 
seguindo‐se  o  pico  de  velocidade  de  crescimento  em  altura  e  o  pico  de  velocidade  do  aumento  da 
massa corporal, por esta ordem [153]. 
A duração total desse processo maturacional também é muito variada, podendo por exemplo, 
na rapariga todos os eventos relacionados com a puberdade, demorar entre 18 meses a cinco anos. 
Esta  realidade  ainda  é  mais  complexa,  por  parecer  que  não  existe  uma  relação  entre  o  início  da 
puberdade e a duração da passagem por todas as fases da adolescência, até se atingir a maturidade 
biológica [153, 154]. 
Assim,  podemos  ter  vários  jovens  exactamente  com  a  mesma  idade  cronológica  mas  com 
níveis  maturacionais  muito  distintos.  Um  dos  indicadores  mais  utilizados  para  caracterizar  o  estadio 
maturacional  é  a  idade  cronológica  média  do  período  de  crescimento  mais  acelerado  (“pico  de 
velocidade do crescimento em altura”) que varia com o género, sendo mais baixa nas raparigas. 
Nos  estudos  clássicos  de  Tanner,  as  raparigas  apresentavam  uma  idade  média  no  pico  de 
crescimento (12,4  0,88 anos) inferior à dos rapazes (14,06  0,92 anos)  [156,  157]. Uma hipótese para 

15 
 

esta diferença poderá estar relacionada com uma maior concentração da hormona testosterona nos 
rapazes,  directamente  envolvida  no  crescimento  dos  corpos  vertebrais  implicando  um  processo  de 
crescimento  vertebral  mais  rápido,  embora  cronologicamente  mais  tardio,  relativamente  ao  que 
acontece nas raparigas. 
  Em  todos  os  estudos  analisados,  com  a  excepção  de  duas  pesquisas,  a  associação  entre  a 
ocorrência de lombalgias e a idade dos jovens adolescentes foi feita exclusivamente com o parâmetro 
idade cronológica. A principal razão compreende‐se, em virtude da grande maioria dos estudos ser do 
tipo  transversal  e  retrospectivo,  logo  de  natureza  estática  e  limitados  à  partida  para  integrarem  e 
analisarem  variáveis  dinâmicas  como  o  pico  de  velocidade  de  crescimento  em  altura  e  as  variações 
antropométricas  e  físicas  que  caracterizam  o  período  de  crescimento  e  se  traduzem  no  perfil 
maturacional. 
No estudo de Feldman et al, considerou‐se que o “crescimento acelerado”, numa amostra de 
de  502  adolescentes  canadianos  de  14  anos,  aumentou  em  três  vezes  o  risco  de  ocorrência  dor 
lombar.  Este  indicador  foi  obtido através das  variações da componente  “altura  em pé”,  medida três 
vezes de seis em seis meses e foi considerado existir “crescimento acelerado” nos casos em que houve 
um  aumento  semestral  de  pelo  menos  cinco  centímetros  ou  mais,  na  altura  em  pé  dos  sujeitos, 
independentemente do género [4]. 
Poussa  et  al  mediram  anualmente,  a  altura  em  pé  e  a  altura  sentado  de  430  alunos 
finlandeses,  ao  longo  de  quatro  anos  (entre  os  11  e  os  14  anos)  e  verificaram  que  o  crescimento 
acelerado em altura estava associado a um maior risco de ocorrência de dor lombar [116]. No entanto, 
não  explicitaram  os  critérios  utilizados  para  definir  o  que  consideravam  como  “crescimento 
acelerado”. 
Apenas  nestes  dois  estudos  se  procurou  compreender  o  efeito  da  variável  “estadio 
maturacional”  na  história  de  dor  lombar,  nos  jovens  em  fase  de  crescimento.  O  período  de 
crescimento rápido constituiu, assim, um factor de risco predisponente da ocorrência de lombalgia nos 
adolescentes [4, 116]. 
Alguns autores afirmaram que o ritmo assíncrono entre o crescimento esquelético vertebral e 
o  crescimento  das  estruturas  músculo‐tendinosas  e  aponevróticas,  originam  situações  de  “stress”  e 
retracções, que seriam predisponentes da lombalgia [4, 62, 116, 151, 158‐160]. 
No  entanto,  importa  referir  que  apenas  em  estudos  longitudinais  que  analisem  uma 
população  juvenil  na  fase  de  crescimento  mais  acelerado,  será  possível  analisar  esta  variável,  como 
apenas  fizeram  Feldman  et  al  [4]  e  indirectamente  Poussa  et  al  [116],  embora  com  metodologias 
diferentes. 
Neste  contexto,  procurámos  no  nosso  estudo  explorar  a  relação  entre  a  história  de  dor 
lombar  e  o  estadio  maturacional  dos  adolescentes.  Neste  sentido  procuramos  determinar  o  desvio 
maturacional em relação ao pico de crescimento da velocidade em altura (PVA), como descreveremos 
na metodologia e que nos pareceu ser uma forma mais credível de caracterizar esta variável. 
 

16 
 

 
b) Género e lombalgia inespecífica 
 
A influência do género na prevalência de lombalgia em jovens não é consensual. Muitos são 
os estudos que apontaram para uma maior prevalência nas raparigas adolescentes [3, 6, 33, 42, 45, 47, 51, 53‐55, 
61, 63, 65, 68, 82, 84, 85, 87, 96, 98, 101, 102, 104, 108‐110, 115, 119, 121, 126, 127]

Desde os primeiros estudos [6, 61] até aos mais actuais [42], passando por estudos em países tão 
diferentes  como  Finlândia,  Dinamarca,  Suíça,  Alemanha,  Holanda,  Reino  Unido,  Estados  Unidos, 
Austrália, França, Itália, Grécia, Espanha, Portugal, Brasil, Kuwaiti, África do Sul, encontrámos o género 
feminino associado a valores de prevalência de dor lombar mais elevados. 
Uma possível explicação para este dado pode estar associado com uma maturidade e o início 
da  puberdade  mais  precoce  nas  raparigas  [161]  e  com  a  tendência  que  os  rapazes  apresentam  para 
negar ou omitir os sintomas, por se preocuparem menos com os mesmos [65].  
Num  estudo  a  nível  nacional  (Finlândia)  já  citado  atrás,  não  se  encontraram  diferenças 
significativas na prevalência anual de lombalgia entre os géneros, mostrando no entanto as raparigas, 
uma  maior  tendência  para  os  casos  de  lombalgias  recorrentes  (33%  nas  raparigas  para  26%  nos 
rapazes) sendo mais significativa essa diferença com o aumento da idade [45]. 
Outros estudos não encontraram diferenças significativas entre géneros [4, 31, 36, 41, 53, 56, 58, 62, 67, 
69, 71, 74, 77, 79, 81, 86, 89‐95, 100, 105, 106, 112, 114, 116, 117, 120, 122, 128‐130, 137, 138, 146, 162, 163]
  e abrangeram países como 
Finlândia,  Islândia,  Dinamarca,  Noruega,  Suécia,  Alemanha,  Bélgica,  Reino  Unido,  Estados  Unidos, 
Itália, Portugal, Túnisia, Moçambique, África do Sul, Irão, Japão.  
Os  estudos  que  apontam  o  género  masculino  como  tendo  uma  maior  prevalência  de 
lombalgia  são  em  muito  menor  número  e  foram  realizados  no  Reino  Unido  atráves  de  pesquisas 
longitudinais [73, 164, 165]. Este resultado pode dever‐se ao facto de os rapazes terem maior exposição do 
que as raparigas, a desportos de elevada exigência física, que por vezes se tornam potencialmente de 
maior risco (desportos de competição). 
Um estudo mais recente parece indicar que o género, por si só, parece não ser um factor de 
risco para a ocorrência de lombalgia em jovens  [135], apesar de se encontrarem diversos estudos que 
apontam valores de prevalência mais elevados nas raparigas. 
Os  resultados  de  todos  estes  estudos  estão  naturalmente  dependentes  das  metodologias 
aplicadas, das idades, do tipo das populações avaliadas e sobretudo da definição de lombalgia usada 
em  cada  pesquisa.  O  conceito  de  “lombalgia”  e  a  forma  como  ele  é  explícito  e  definido 
operacionalmente  tem  grande  importância,  para  que  se  possam  fazer  comparações  entre  os 
resultados dos diferentes estudos. 
Assim, é necessário algum cuidado quando se pretende tirar conclusões e compará‐las, uma 
vez que nem todos os investigadores usaram a mesma definição de “lombalgia”, de “cronicidade” ou 
de “incapacidade” [166]. 
 

17 
 

 
c) Raça e lombalgia inespecífica 
 
O  primeiro  estudo  a  analisar  esta  variável,  foi  o  de  Olsen  et  al  em  1992,  envolvendo  1242 
jovens americanos de uma zona urbana com idades entre os 11 e os 17 anos (média de13,6 anos). Este 
estudo registou uma prevalência de dor lombar de 30,4% e observou uma única diferença racial: os 
adolescentes com 15 anos de idade, de raça negra apresentaram maior prevalência de dor lombar do 
que os jovens de raça caucasiana com a mesma idade (47% vs 31%) [58]. 
Num estudo realizado com 204 jovens moçambicanos da zona de Maputo, com idades entre 
os 11 e os 16 anos, encontrou‐se uma prevalência anual de dor lombar de 13,5% e uma prevalência 
cumulativa  de  28%  em  jovens  de  raça  negra  [106].  Os  autores  salientaram  que  os  resultados  obtidos 
evidenciaram resultados semelhantes aos dos estudos feitos em países ocidentais com jovens de raça 
caucasiana. 
No  continente  africano,  a  menor  prevalência  anual  de  dor  lombar  (6,8%),  foi  apresentada 
num  estudo  com  176  jovens  sul‐africanos  com  idades  entre  os  11  e  os  14  anos  [53].  Já  no  estudo 
realizado na Túnisia (622 jovens com 14,2 anos de idade média) a prevalência cumulativa de lombalgia 
foi de 28,4% [114] . 
Numa revisão sistemática de estudos publicados no âmbito da prevalência de dor lombar em 
diferentes regiões africanas, refere‐se que existe uma diferença miníma nos dados de prevalência de 
dor  lombar  nos  africanos,  quando  se  comparam  as  populações  africanas  com  as  dos  países 
desenvolvidos. Desta forma a média do ponto de prevalência presente de lombalgia nos adolescentes 
e adultos africanos era respectivamente de 12% e 32%, assemelhando‐se aos valores de prevalência 
encontrados nos países ocidentais para os adolescentes (12%) e adultos (33%) [167].  
Também  os  valores  de  prevalência  anual  de  dor  lombar  feito  em  diversos  estudos  com 
populações  africanas  ‐  14  %  a  72%  ‐  estavam  muito  próximos  dos  encontrados  nas  populações  dos 
países desenvolvidos  ‐ 20% a 62% ‐. Esta situação poderá ser explicada pelos avanços tecnológicos e 
industriais que se têm verificado na última década em algumas cidades de África [167].  
Os estudos feitos em populações islâmicas revelaram valores de prevalência semelhantes aos 
já referidos para outras populações: prevalência anual de lombalgia de 17,4% entre 4.813 estudantes 
iranianos, de áreas urbanas e rurais e com uma média de 13,1 anos de idade [36]; 57,8% de prevalência 
cumulativa de dor lombar, encontrada em 400 jovens entre os dez e os 18 anos, da cidade do Kuwaiti 
[108, 109]

Também  em  populações  asiáticas  se  encontraram  valores  semelhantes  em  termos  de 
prevalência de dor lombar: em Taiwan registou‐se uma prevalência semestral de 37% em 471 alunos 
de  quatro  escolas  (16,7  anos  de  idade  média)  [97];  Num  estudo  efectuado  no  Japão  (Niagata  City)  e 
envolvendo  uma  amostra  de  grandes  dimensões  (34.423  jovens  entre  os  nove  e  os  15anos)  foi 
encontrado um ponto de prevalência presente de 10,2% e uma prevalência cumulativa de 28,8% [132]. 

18 
 

Apesar  de  haver  um  predomínio  de  estudos  feitos  nos  países  ocidentais  com  a  raça 
caucasiana, os estudos já publicados envolvendo jovens de outras raças e culturas parecem apontar 
para valores e padrões de ocorrência de lombalgia inespecífica, semelhantes aos que encontrámos nos 
países ditos desenvolvidos e/ou nas sociedades ocidentais. 
 
 
d) História anterior de lombalgia inespecífica 
 
Um  dos  factores  de  risco  determinante  de  dor  lombar  no  futuro,  é  a  existência  de  história 
anterior de dor lombar, estimando‐se que indivíduos com história prévia de dor lombar têm o dobro [2] 
e três ou quatro vez maior probabilidade de desenvolver novamente o mesmo problema  [168]. Neste 
sentido,  apontavam  também  os  resultados  de  Papageorgiou  et  al,  onde  apontaram  a  existência  do 
dobro da probabilidade de ocorrerem novos episódios de lombalgia em sujeitos com história anterior 
de lombalgia, em comparação com os sujeitos que não relataram dor lombar no passado [2, 169]. 
São vários os estudos que invocam, como um dos factores preditivos de dor lombar o facto de 
haver  história  anterior  de  queixas  lombares  [3,  78,  82,  112,  113,  123,  128],  pelo  que  ganha  uma  importância 
adicional conhecer os factores de risco associados ao aparecimento e/ou agravamento dos primeiros 
sintomas nos jovens, para se poderem implementar condutas e estratégias de prevenção. 
 
 
e) História familiar de lombalgia inespecífica 
 
A história de lombalgia na família (pais) e a forma como ela é vivida nesse meio é apontado 
como um factor que está significativamente associado ao aumento da prevalência de lombalgia “não 
específica”  nos  jovens  [42,  57,  59,  61,  66,  68,  72,  81,  82,  114],  apesar  de  a  maioria  das  dores  lombares  serem 
benignas e deverem ser tratadas como tal  [59, 73]. Tal associação traduz uma natural interacção entre o 
papel de factores genéticos e a influência dos factores psicossociais envolventes (meio socio‐familiar e 
estilos de vida). 
Num dos primeiros estudos realizados em jovens finlandeses e já aqui citado várias vezes  [61], 
foi  revelado  que  crianças  com  pelo  menos  um  parente  familiar  com  experiência  anterior  de  dor 
lombar, apresentavam o dobro da probabilidade de também apresentarem lombalgias. 
Para a mesma tendência, apontaram Balagué et al (1994 e 1995) através de uma associação 
significativa entre a história de dor lombar dos pais e a ocorrência da mesma sintomatologia nos seus 
filhos, mostrando que 14% das crianças apresentavam dor lombar e tinham pais “saudáveis”, 21% de 
crianças  “sofredoras”  tinha  um  dos  pais  que  recebera  tratamento  para  a  dor  lombar,  subindo  este 
valor para 24% quando ambos os pais também já tinham feito tratamento para a dor lombar [66, 72]. 

19 
 

Resultados semelhantes foram encontrados por outros autores  [52,  81]. O sofrimento causado 


pela  dor  lombar,  num  ou  em  ambos  os  pais,  causava  um  distúrbio  na  função  parental,  podendo  tal 
facto ter um papel na etiologia e na vivência da dor lombar nos filhos [170]. 
Um dos estudos mais interessantes nesta temática, onde se inquiriram por correio ao longo 
de oito anos, 6.554 gémeos(as) dinamarqueses com idades entre os 12/14 e os 22 anos, revelou que a 
história  anterior  de  dores  prolongadas  nas  costas  (mais  de  30  dias)  durante  a  adolescência, 
aumentavam para mais do triplo (3,5 vezes), o risco de se repetirem oito anos depois. Cerca de 35% 
das  dores  referidas  no  início  deste  estudo  (1994)  tinham  sido  esquecidas  pelos  sujeitos  oito  anos 
depois  (2002)  quando  reportavam  dor  ao  longo  da  vida.  Este  dado  sugere  que  os  valores  de 
prevalência  cumulativa  de  dor  lombar,  quando  questionados  em  estudos  retrospectivos  onde  a 
memória e a cooperação dos sujeitos é essencial, devem ser encarados como muito falíveis, podendo 
o esquecimento das experiências passadas de dores lombares estar relacionado com a sua natureza 
benigna e inespecífica [124]. 
O  único  estudo  em  que  não  foram  encontradas  associações  significativas  entre  a  história 
familiar de dor lombar e a prevalência de lombalgia entre os jovens avaliados, foi o de Murphy et al 
em  2007  [128].  Estes  autores  procuraram  averiguar  o  papel  de  factores  fisícos  e  psicológicos  no 
aparecimento de sintomatologia músculo‐esquelética em 679 adolescentes entre os 11 e os 14 anos, e 
verificaram  que  22%  apresentavam  queixas  de  dor  lombar  no  mês  anterior  ao  preenchimento  do 
questionário e que 55% desses sujeitos referiam já ter tido lombalgia antes da realização do estudo. 
 
 
2.4.2. Factores de Risco Intrínseco – Dimensão Funcional 
 
a) Parâmetros antropométricos e lombalgia inespecífica 
 
A  associação  entre  variáveis  antropométricas  como  a  altura,  a  massa  corporal,  o  índice  de 
massa corporal (IMC) e a prevalência de dor lombar nos jovens é contraditória [25, 39]. 
Alguns  autores  referem  a  existência  de  associações  significativas  entre  as  lombalgias  nos 
jovens e as suas características antropométricas, como é o caso de Salminen et al, que verificaram que 
os rapazes de 15 anos com lombalgias eram em média, significativamente mais altos do que os que 
não tinham tido queixas [65]. 
Num  estudo  longitudinal  de  três  anos,  em  que  se  pretendia  comparar  adolescentes 
finlandeses  de  15  anos  que  se  queixavam  permanente  ou  recorrentemente  de  dor  lombar  com  um 
grupo de controlo (sem queixas), Salminen et al verificaram um aumento mais significativo da altura 
dos rapazes que se queixavam de dor lombar, assim como um aumento da massa corporal durante os 
três anos de follow‐up, que se relacionou com o início recorrente de sintomas [49].  
Resultados semelhantes foram também encontrados por Fairbank et al [62] e Nissinen et al [71]. 
O  primeiro  destes  estudos  apontava  especificamente,  a  maior  altura  do  tronco  como  variável 

20 
 

antropométrica  associada  à  dor  lombar  em  446  jovens  entre  os  13  e  os  16  anos  [62].  O  estudo  de 
Nissinen et al reportava uma associação significativa da dor lombar em 859 jovens finlandeses entre os 
12 e os 14 anos, com a altura sentado e com a assimetria do tronco, sobretudo nos rapazes em idade 
pubertária [71]. 
Mais relevantes são os dados de alguns estudos longitudinais sobre esta temática. Feldman et 
al, num estudo longitudinal ao longo de um ano, com três medições feitas a 502 alunos canadianos de 
14  anos,  concluiram  que  o  “crescimento  rápido”  característico  do  salto  pubertário  nos  jovens  tinha 
sido um factor de risco associado a uma maior frequência de dores lombares [4, 79].  
Poussa et al num estudo longitudinal, envolvendo um follow‐up de 430 jovens finlandeses ao 
longo  de  oito  anos  apontavam  o  rápido  crescimento  em  altura  como  um  dos  factores  de  risco  mais 
significativamente associado às lombalgias em jovens [116]. 
No mesmo ano, Wedderkopp et al num estudo envolvendo 406 raparigas entre os oito e os 
dez anos e os 14 e os 16 anos de idade, afirmavam que o “início e o meio da puberdade nas raparigas 
parecia estar associado ao aumento das dores nas costas” [119]. 
Também Kovacs et al, num estudo alargado com 7.361 alunos espanhois de 13 a 15 anos de 
idade,  de  Palma  de  Maiorca,  reportaram  as  dismetrias  dos  membros  inferiores  e  a  presença  de 
escoliose como factores de risco associados às queixas lombares, sobretudo nas raparigas [98]. 
No  estudo  mais  recente  de  Perry  et  al,  identificava‐se  o  perimetro  torácico  em  raparigas 
australianas (maior largura do peito) como factor de risco associado à lombalgia [137] . 
A associação de variáveis antropométricas (massa corporal, altura, IMC) com a ocorrência de 
lombalgia  nos  jovens  é  influenciada  por  factores  de  natureza  genética,  fisiológica  (metabólica, 
hormonal,  nutricional)  e  ambiental,  o  que  interfere  na  constituição  e  crescimento  osteo‐articular  e 
músculo‐esquelético.  
Talvez  por  isso,  os  resultados  das  investigações  que  envolvem  medições  antropométricas 
variem  muito  de  acordo  com  a  idade  cronológica  e  estadio  maturacional  dos  indivíduos  estudados 
[87], para além da diversidade dos aspectos metodológicos dos diferentes estudos. 
A  obesidade  é  um  dos  factores  associados  ao  estilo  de  vida  de  alguns  sujeitos  que  referem 
dor lombar. Alguns autores associam o excesso de massa corporal à ocorrência de dor lombar. Sheir‐
Neiss et al realizaram um estudo envolvendo 1.126 estudantes com idades entre os 12 e os 18 anos de 
escolas públicas e privadas e apontaram o elevado IMC como factor de risco associado à dor lombar, 
tal como as cargas elevadas transportadas nas mochilas escolares. Este estudo reportava ainda uma 
maior prevalência nas raparigas e nos sujeitos com baixos indíces de saúde geral [55]. 
O  estudo  longitudinal  de  três  anos  de  Sjolie  et  al,  que  seguiu  88  jovens  noruegueses  com 
idades entre os 14 e os 16 anos, também reportava o elevado IMC como factor de risco associado à 
dor lombar, a par de outros factores como a história anterior de lombalgia, o tempo prolongado na 
posição de sentado e a reduzida flexibilidade dos músculo da anca/coxa [113]. 
Há também um estudo português que apontava igualmente o IMC elevado, como factor de 
risco associado à dor lombar reportada em 208 jovens de 11 a 15 anos [31]. 

21 
 

Fanuele  et  al  salientaram  que  os  indíviduos  obesos  sofredores  de  dor  na  coluna  vertebral 
apresentaram  níveis  de  saúde  inferiores,  e  que  estes  tiveram  sintomas  mais  severos  do  que  os 
indivíduos  não‐obesos  também  com  experiência  de  dor  nas  costas.  Deste  modo,  concluíram  que 
valores  mais  elevados  no  índice  de  massa  corporal  (IMC)  estavam  significativamente  associados  a 
níveis mais baixos de estado de saúde e a maior severidade das dores de costas [171]. 
De acordo com o estudo de Leboeuf‐Y et al onde se procurava analisar a associação entre a 
obesidade e a dor lombar, salientou‐se que a obesidade foi um dos factores de risco da ocorrência de 
dor lombar [172]. Estes autores afirmaram que, em muitos estudos epidemiológicos, se verificou uma 
associação positiva entre a obesidade e a dor lombar inespecífica, tendo colocado duas hipóteses:  
a)  a  massa  corporal  excessiva  pode  ter  efeitos  na  postura  e  na  biomecânica  da  coluna 
vertebral 
b) a obesidade por si só não influencia a ocorrência de dor lombar, mas quando associada a 
um estilo de vida sedentário poderia causar a sintomatologia lombar. 
Este estudo que englobava uma amostra de 29.424 sujeitos com idades compreendidas entre 
os  12  e  41  anos,  concluíu  que  “existe  uma  relação  causal  entre  a  obesidade  e  estilos  de  vida 
sedentários  com  a  história  de  dor  lombar”,  sobretudo  como  um  factor  de  risco  na  instalação  de 
processos crónicos das dores lombares. 
Existem estudos onde não se encontrou nenhuma associação significativa entre a obesidade e 
a  lombalgia  [36,  41].  No  entanto  a  existência  de  um  índice  de  massa  corporal  superior  a  25  Kg/m2  foi 
considerado por Balagué et al [39] e Harreby et al [52] como um factor proeminente na ocorrência da dor 
lombar. 
Leboeuf‐Y  [173] realizou numa revisão sistemática, a análise de 65 estudos sobre a prevalência 
de  dor  lombar  e  a  obesidade  (estudos  compreendidos  entre  os  anos  1965  e  1997),  tendo  concluído 
que  32%  desses  estudos  (21/65)  apresentaram  uma  associação  significativamente  positiva  entre  a 
ocorrência  de  dor  lombar  e  a  obesidade.  No  entanto,  devido  à  falta  de  evidência,  a  variável  massa 
corporal foi considerada um possível, fraco indicador de risco para o desenvolvimento do padrão de 
lombalgia.  Leboeuf‐Y  afirmou  não  existirem  bases  suficientes  para  determinar  qual  a  relação  causal 
existente entre a dor lombar inespecífica e o aumento da massa corporal [173]. 
Outros  estudos  não  encontraram  associações  significativas  entre  os  parâmetros 
antropométricos e a prevalência de dor lombar em populações jovens [42, 62, 173]. 
 
 
b) Parâmetros  físicos  como  mobilidade,  flexibilidade,  força  muscular  e  lombalgia 
inespecífica 
 
  À  semelhança  dos  factores  anteriores,  também  aqui  nas  dimensões  mais  funcionais,  não 
existe um consenso sobre a sua influência na história de dor lombar em jovens. 
A associação entre a presença de dor lombar nos jovens e algumas componentes funcionais 
(mobilidade  da  coluna  e  da  anca,  flexibilidade  e  força  muscular  dos  músculos  do  tronco  e  anca) 

22 
 

mostraram‐se significativas, em alguns estudos analisados na revisão sistemática realizada por Balagué 
et al [39]. 
Nos estudos de Mierau et al, envolvendo 402 alunos canadianos com idades entre os seis e os 
18  anos,  a  prevalência  semestral  de  dor  lombar  afectou  26%  da  amostra  e  a  intensidade  da  dor 
reportada  foi  significativamente  mais  intensa  nos  jovens  com  menor  flexibilidade  dos  extensores  da 
anca [63]. 
Apenas um estudo associou a retracção dos flexores da anca (psoas‐ilíaco) ao aparecimento 
mais  frequente  de  lombalgia  em  jovens  [67],  embora  Fairbank  et  al  associassem  a  lombalgia  com 
retracções ou encurtamentos de vários músculos do membro inferior [62, 174]. 
Salminen  et  al  num  estudo  mais  completo,  mas  com  uma  amostra  muito  reduzida,  em  que 
compararam  38  adolescentes  de  15  anos  de  idade  com  dor  lombar  com  outros  38  adolescentes  da 
mesma  idade  e  sem  qualquer  sintomatologia,  constataram  uma  diminuição  da  extensão  na  coluna 
lombar,  um  aumento  da  flexão  do  coluna  lombar  e  uma  diminuição  da  flexibilidade  dos  músculos 
posteriores da coxa, no grupo de adolescentes que apresentava lombalgia. A resistência muscular dos 
músculos abdominais e extensores do tronco, também foi significativamente inferior nos adolescentes 
que reportavam dor lombar, particularmente nos sujeitos com dores persistentes e/ou recorrentes [64]. 
No mesmo sentido e num estudo com as mesmas características metodológicas do anterior, 
Jones  et  al  compararam  28  jovens  com  dor  lombar  não  especifica  e  recorrente  com  28  jovens  sem 
história de lombalgias (grupo de controle) com idade média de 14,9 anos. Os autores concluiram que 
uma menor mobilidade da anca e da coluna lombar (planos sagital e frontal) e uma menor resistência 
muscular da musculatura do tronco (abdominais) eram factores de risco significativamente associados 
às  lombalgias  inespecíficas  mas  recorrentes  em  jovens.  Os  sujeitos  sintomáticos  apresentaram  uma 
redução  significativa  da  mobilidade  da  coluna  vertebral  e  da  resistência  muscular  (endurance)  dos 
músculos do tronco em comparação com o grupo não‐sintomático, pelo que os autores sugeriram que 
a  endurance  dos  músculos  do  tronco,  poderia  constituir  uma  forma  de  prevenir  a  dor  lombar  não‐
específica na vida adulta [144].  
Em sentido oposto, Newcomer et al analisando a força isométrica dos músculos do tronco em 
98  alunos  americanos  com  idades  entre  os  dez  e  os  19  anos  e  numa  prevalência  anual  de  35%, 
afirmaram haver um aumento significativo da força dos flexores do tronco nos jovens que reportavam 
dor lombar [77].  
Estas  ideias  são  contrariadas  por  Balagué  et  al,  que  mediram  os  perfis  antropométricos  e 
índices de força da musculatura do tronco , através de testes isocinéticos, de 117 jovens entre os dez e 
os 16 anos e concluíram que o aparecimento de lombalgia “não específica” não teve uma associação 
significativa  com  esses  perfis  e  índices  [152].  Mais  recentemente  Balagué  e  colegas  confirmaram  a 
inexistência de associação significativa entre a dor lombar nos adolescentes e a força da musculatura 
do tronco, analisando 95 adolescentes suíços com 14 anos de idade média [175] . 
Mikkelsson et al realizaram um estudo envolvendo cerca de 1.637 crianças finlandesas entre 
os  dez  e  os  12  anos,  sobre  a  prevalência  da  hipermobilidade  articular,  medida  pela  Escala  de 

23 
 

Breighton, e a sua associação com dores de natureza músculo‐esquelética. Este estudo mostrou que 
apesar  da  hipermobilidade  e  da  dor  musculo‐esquelética  serem  fenómenos  comuns  nos  pré‐
adolescentes, a hipermobilidade parece não ser um factor que contribua directamente para as queixas 
músculo‐esqueléticas.  A  incapacidade  causada  pelas  queixas  músculo‐esqueléticas  não  esteve 
associada com os valores mais altos de hipermobilidade vertebral [176] . 
A hipermobilidade aparece como factor de risco, sobretudo nos jovens atletas, ainda em fase 
de crescimento e que repetem exaustivamente determinados gestos com a finalidade de aumentarem 
mais a mobilidade vertebral e melhorarem a prestação motora (p.ex. as ginastas) [162] . 
Jacchia  et  al  apontaram  também  para  a  importância  que  as  alterações  posturais  têm  na 
dinâmica vertebral sobretudo nos momentos de “crise lombar“ e de intenso e rápido crescimento [177]. 
  Por  outro  lado,  Feldman  et  al  num  estudo  longitudinal  com  a  duração  de  um  ano,  que 
envolveu 502 adolescentes canadianos (13,4 anos de idade média) depararam‐se com determinados 
factores  de  risco  associados  ao  aparecimento  de  dor  lombar  como,  o  rápido  crescimento  e  a 
diminuição  da  flexibilidade  do  quadricípete  femoral  e  dos  músculos  posteriores  da  coxa,  não  tendo 
sido  encontrado  qualquer  associação  significativa  entre  a  diminuição  da  força  dos  músculos 
abdominais  e  a  ocorrência  de  dor  lombar.  Os  autores  perante  os  resultados  obtidos,  colocaram  a 
hipótese que o rápido crescimento verificado nos adolescentes pudesse estar associado a mudanças 
posturais  e  estruturais  (por  exemplo,  a  diminuição  da  flexibilidade  muscular)  e  estas, 
consequentemente, relacionadas com a dor músculo‐esquelética [4]. 
  O estudo australiano de Perry et al, com 1.608 jovens (idade média de 14,1 anos) encontrou 
resultados  semelhantes,  que  também  associavam  de  forma  significativa  o  indicador  “menor 
flexibilidade dos músculos posteriores da coxa” à ocorrência de dor lombar [137]. 
  No  entanto,  existem  outros  autores  como  Burton  et  al  [73]  e  Harreby  et  al  [82]  que  não 
encontraram  qualquer  associação  significativa  entre  a  dor  lombar  e  a  mobilidade  da  coluna  lombar, 
quer para flexão quer para extensão, nem com a flexibilidade dos músculos posteriores da coxa. 
  A  lombalgia  inespecífica,  tendo  uma  etiologia  multifactorial,  exige  que  estas  diferentes 
componentes  funcionais  (mobilidade,  força,  resistência  muscular,  postura)  não  sejam  analisadas 
isoladamente, mas através da sua interacção. A força muscular parece adoptar um papel importante 
nos jovens com dores recorrentes e/ou crónicas, particularmente quando associada a outros factores 
predisponentes, como as alterações posturais, a mobilidade vertebral ou a flexibilidade muscular. 
Assim, persistirá sempre a questão: serão as alterações dos padrões de força muscular e de 
mobilidade  do  tronco  observados  em  alguns  estudos  que originam  a  dor  lombar  ?  ou  será  esta  que 
mantendo‐se  e/ou  tendo  períodos  de  recidiva  é  que  origina  estratégias  de  compensação  anti‐álgica 
e/ou de defesa, justificando os padrões descritos ? 
  Salminen  et  al,  num  dos  primeiros  estudos  avaliando  370  adolescentes  finlandeses  com 
idades entre os 11 e os 17 anos, afirmaram que os jovens que apresentavam hiperlordose, isolada ou 
associada  a  cifose  dorsal  e  com  fraqueza  dos  músculos  abdominais  e/ou  diminuição  da  flexibilidade 
dos  músculos  posteriores  da  coxa,  queixavam‐se  mais  frequentemente  de  dor  lombar.  No  entanto, 

24 
 

realçavam a ideia de qualquer um destes componentes funcionais isolados não se revelavam, por si só, 
como um factor de risco significativamente associado à ocorrência de lombalgia [61]. 
  Salminen  et  al  [49]  e  Kujala  et  al  [49,  67]  não  encontraram  associações  entre  este  tipo  de 
parâmetros funcionais e a ocorrência de dor lombar. Salminen et al colocaram a possibilidade de estas 
alterações  do  desempenho  muscular,  da  mobilidade  articular  e  das  alterações  posturais  possam  ser 
consequências da dor e não a principal causa da lombalgia inespecífica entre os jovens [49]. 
Almeida et al num estudo onde analisaram a influência de factores de risco biomorfológicos 
na ocorrência de dor lombar, em 208 jovens lisboetas com idades entre os 11 e 15 anos, constataram 
associações significativas entre a ocorrência de lombalgia e o encurtamento dos flexores e extensores 
da  anca  e  do  tronco,  e  com  a  maior  mobilidade  lombar  (os  sujeitos  que  sofriam  de  dor  lombar 
apresentavam maior mobilidade do que os assintomáticos). Os autores concluíram que os factores de 
risco de natureza biomorfológica, se relacionam entre si de forma interactiva, justificando que a dor 
lombar inespecífica deva ser analisada, não de forma isolada, mas no seio desse conjunto de factores 
que interagem entre si [31]. 
Vital et al avaliaram 215 alunos do 5º ano de escolaridade (idade média de 11 anos ± nove 
meses)  de  dois  concelhos  da  região  do  Bombarral  e  concluiram  que  um  rácio  mais  elevado  entre  a 
força  muscular  dos  extensores/flexores  do  tronco,  tal  como  a  reduzida  flexibilidade  dos  músculos 
posteriores da coxa foram factores associados à maior prevalência de dor lombar. Os testes de força 
foram realizados através de testes isométricos aos principais grupos musculares [140]. 
Num estudo longitudinal com cinco anos de follow‐up onde foram acompanhados 67 jovens 
entre  os  17  e  os  19  anos,  Lee  et  al  verificaram  que  os  desequilíbrios  entre  a  força/resistência  dos 
músculos do tronco constituiram um factor de risco para a ocorrência de dor lombar nos jovens (sendo 
o rácio extensores/flexores no grupo de jovens com lombalgia significativamente inferior ao do grupo 
assintomático). Os testes de força muscular foram feitos isocinéticamente (60º/s) [178]. 
Sjolie & Ljunggren, afirmaram que a diminuição de força/resistência dos músculos extensores 
e a elevada mobilidade da coluna lombar, constituíam importantes factores de risco na ocorrência da 
lombalgia  entre  adolescentes.  Os  autores  encontraram  fortes  associações  entre  a  dor  lombar  e  a 
diminuição  da  força  dos  músculos  extensores  da  coluna  vertebral  e  a  elevada  mobilidade  da  coluna 
lombar  (plano  sagital),  o  que  contribui  para  uma  instabilidade  dessa  região  da  coluna  vertebral.  Daí 
considerarem  serem  a  falta  de  força  muscular  e  a  elevada  mobilidade  da  coluna  lombar  factores 
preditivos da lombalgia no futuro, tendo sido encontrados valores de prevalência anual da lombalgia e 
de incidência (três anos de follow‐up) bastante elevados – 43% e 39%, respectivamente [179]. 
Em  sentido  contrário,  cerca  de  75%  dos  estudos  analisados  na  revisão  sistemática  de 
Hamberg‐van R. et al, mostraram uma forte evidência quanto à inexistência de associação significativa 
entre  a  resistência  dos  músculos  do  tronco  e  o  risco  de  aparecimento  de  dor  lombar.  Esta  revisão 
sistemática,  afirmou  ainda,  não  existir  uma  associação  significativa  entre  a  força/resistência  dos 
músculos  do  tronco  e/ou  a  mobilidade  da  coluna  com  o  risco  de  ocorrência  de  lombalgia,  pois  os 
estudos analisados foram contraditórios nas suas conclusões [180]. 

25 
 

Como  se  pode  constatar,  também  nestes factores  os  resultados  dos diferentes  estudos  não 
são  consensuais,  provavalmente  pela  diversidade  metodológica  utlizada  na  medição  da 
força/resistência  musculares  (testes  funcionais  Vs  testes  isocinéticos)  e  da  mobilidade/flexibilidade 
lombar  e  sobretudo  pela  natureza  multifactorial  da  dor  lombar  onde  se  deve  procurar  analisar  a 
interacção entre diferentes factores e comportamentos. 
 
 
2.4.3. Factores de Risco Intrínseco – Dimensão Psicossocial 
 
  Dentro  destes  factores,  incluímos  um  conjunto  de  comportamentos  individuais  –  estilos  de 
vida  e  níveis  de  actividade  física,  hábitos  tabágicos,  características  psicológicas  (personalidade, 
ansiedade,  motivação  e  auto‐conceito)  e  factores  psicossociais,  que  se  cruzam  e  interagem  com  os 
factores da dimensão ocupacional/ambiental, que serão caracterizados mais à frente. 
  De  uma  forma  geral,  os  factores  de  natureza  psicossocial  aparecem  associados  à  lombalgia 
desde os primeiros estudos  [3, 6, 66, 68, 72] até aos mais recentes  [36, 41, 56, 85, 91, 95, 97, 100, 101, 108, 109, 112, 114, 121, 
128,  129,  181] 
envolvendo  jovens  de  diferentes  países  e  culturas  (Túnisia,  Irão,  Islândia,  Reino  Unido, 
Kuawiti, Dinamarca, Países Baixos) incluindo Portugal [32, 140, 141]. 
Já  os  primeiros  estudos  de  Balagué  et  al,  apontavam  para  uma  correlação  positiva 
significativa  entre  o  aparecimento  de  lombalgia  e  a  idade,  o  género,  os  hábitos  de  vida  (tempo 
consumido  a  ver  televisão  ‐  mais  de  duas  horas/dia),  os  hábitos  tabágicos  e  a  prática  intensiva  de 
desportos competitivos [6]. 
Os  factores  psicossociais  têm  um  papel  preponderante  sobretudo  na  forma  de  “encarar  e 
gerir” a problemática da lombalgia, não só por parte dos indivíduos, mas também por parte dos pais, 
professores/educadores, treinadores e profissionais de saúde. 
 
 
a) Estilos de vida, níveis de actividade física e lombalgia inespecífica 
 
Os estilos de vida actuais são marcados pelo fenómeno global e cada vez mais massificado das 
novas  tecnologias  que  facilita  e  promove  o  acesso  à  informação,  que  estimula  a  criação  de  redes 
sociais virtuais e assenta na comunicação e vivência em tempo real das múltiplas experiências que os 
jovens experimentam. 
O  conceito  “estilos  de  vida”  é  muito  lato  e  pode  abranger  diversas  variáveis  que  interagem 
entre si. No contexto deste estudo, a abordagem aos estilos de vida centra‐se sobretudo nas práticas 
regulares  de  actividade  física  e/ou  desportiva,  nos  níveis  de  intensidade  dessa  prática,  nos  hábitos 
sedentários,  no  tempo  de  exposição  à  realidade  das  novas  tecnologias  e  no  contexto  em  que  essas 
actividades são realizadas. 

26 
 

O  aumento  exponencial  do  tempo  de  exposição  da  geração  jovem  aos  “média”,  às  novas 
tecnologias e às redes sociais através desses meios é um fenómeno global [142]. 
No estudo português de Gomes, salientou‐se o facto de os jovens dedicarem as suas horas de 
lazer  (tempos  livres)  sobretudo  a  ver  televisão,  concluíndo  o  autor  que  “os  tempos  livres  dos 
portugueses são fortemente marcados pela exposição à televisão”, e lembrando que a aquisição dos 
comportamentos  e  estilos  de  vida  que  contribuem  para  a  saúde  na  idade  adulta,  são  modelados 
durante a adolescência [182]. 
Nos  estudos  já  citados  anteriormente,  foi  encontrado  um  risco  acrescido  de  dor  lombar, 
quando os jovens passavam mais de uma hora por dia a ver televisão, propondo‐se que o efeito deste 
estilo  de  vida  seria  secundário  à  adopção  de  posturas  desfavoráveis,  por  um  período  de  tempo 
prolongado [3, 6, 66]. 
Burke  &  Peper  constataram  uma  associação  significativa,  entre  o  tempo  que  os  jovens 
ocupavam com os jogos electrónicos e computador (2 h e 40 minutos em média) e as queixas de dor 
nas costas ‐ 15% dos jovens com lombalgias [183]. 
A associação positiva entre o tempo de exposição a ver televisão/jogar computadores e a dor 
lombar em populações juvenis foram descritas por vários estudos: 
a) em 400 alunos do Kuwaiti, com idades entre os dez e os 18 anos, sobretudo nas raparigas 
mais velhas [108, 109]; 
b) num estudo longitudinal durante três anos, envolvendo 88 alunos noruegueses com idades 
entre os 14 e os 16 anos [113] ; 
c) e ainda no norte do Irão, em 4.813 alunos (11‐14 anos) de escolas privadas e públicas de 
áreas urbanas e rurais [36] ; 
d) em 46 alunos dinamarqueses entre os 14 e os 17 anos [56]. 
 
Em sentido oposto, também existem estudos onde não se encontraram associações entre a 
ocorrência de dor lombar em jovens e o tempo ocupado a ver televisão ou a jogar video‐jogos [41, 81, 103, 
106, 128, 142]

No estudo realizado por Zapata et al, analisou‐se a presença de dor e de síndromes músculo‐
esqueléticas  em  791  jovens  brasileiros  de  São  Paulo  com  idades  entre  os  dez  e  os  18  anos  (idade 
média  de  14,2  anos),  procurando  explorar  eventuais  associações  com  o  tempo  de  exposição  ao 
computador e a usar video‐jogos. Os resultados mostraram que o computador era usado por 99% da 
população envolvida no estudo e os video‐jogos eram utilizados por 58%. A dor foi reportada por 312 
dos 791 jovens (39,4%), sendo mais frequente entre as raparigas: 23% salientavam dor nas costas, 9% 
nos  membros  superiores,  4%  apresentava  dor  difusa  e  4%  dor  na  região  dos  trapézios.  Apesar  da 
grande  frequência  em  usar  computador  e  jogar  video‐jogos  entre  os  jovens,  não  foi  encontrada 
associação  significativa  com  as  dores  e  os  síndromes  músculo‐esqueléticos  que  se  revelaram  nos 
participantes do estudo [142]. 

27 
 

Estas  conclusões  aparentemente  contraditórias  nos  diversos  estudos,  podem  ser  explicadas 
pelo  facto  de  a  lombalgia  inespecífica  ser  de  natureza  multifactorial,  e  deste  modo,  parece  existir  o 
consenso de que a dor lombar surge, não pelo tempo de visualização de televisão ou a jogar video‐
jogos  em  si  mesmo,  mas  provavelmente  pelo  risco  que  está  associado  às  posturas  desfavoráveis 
mantidas durante esse período e/ou à inactividade física em geral (sedentarismo). 
Segundo  o  estudo  de  Matos  et  al,  com  amostras  estratificadas  e  representativas  a  nível 
nacional,  os  níveis  de  actividade  física  nos  adolescentes  portugueses  diminuiram  com  a  idade, 
especialmente nas raparigas, em que a adolescência e, em seguida, a entrada no ensino superior ou no 
mundo do trabalho são períodos cruciais para o abandono da actividade física enquanto estilo de vida. 
Os  autores  salientaram  que  as  associações  com  a  prática  da  actividade  física  vêm  de  uma  melhor 
percepção de uma eficácia pessoal, dos conhecimentos relacionados com os benefícios da actividade 
física para a saúde, das atitudes pessoais face à prática da actividade física e dos hábitos de actividade 
física no passado [184].  
Parece consensual que a escola, é um local natural para a promoção da actividade física e/ou 
desportiva  regular,  através  da  Educação  Física  visando  a  melhoria  das  capacidades  físicas  das 
crianças/jovens  e  dando  um  contributo  para  a  promoção  de  estilos  de  vida  saudáveis.  Deste  modo, 
este aspecto assume grande importância, uma vez que a maior parte dos abandonos da prática regular 
de actividade física acontece no final da adolescência, altura da entrada no ensino superior. 
A ausência de hábitos de actividade física regular (“sedentarismo”) nos jovens, pode ser um 
factor de risco para o aparecimento de lombalgia inespecífica nestas idades. À semelhança dos outros 
factores  já  referidos  na  revisão  da  literatura  efectuada,  também  aqui  não  é  unânime  entre  os 
diferentes estudos, a influência que tem no aparecimento de lombalgia entre os jovens. 
São  diversos  os  estudos  que  associam  a  ausência  de  actividade  física  regular  e/ou  hábitos 
sedentários ao aparecimento de lombagia inespecífica na população juvenil  [6,  42,  49,  56,  62,  66,  113,  174,  185] 
incluindo os estudos portugueses [31, 140, 141]. 
Por outro lado, a prática de actividades físicas/desportivas nos tempos livres, tiveram efeitos 
positivos na mobilidade e na força muscular do tronco, diminuindo o risco de ocorrência de lombalgia 
[185]

No seguimento da pesquisa anterior, Salminen et al compararam a mobilidade da coluna, a 
força muscular do tronco e as imagens de ressonância magnética da coluna lombar entre 38 crianças 
com lombalgias e 38 crianças assintomáticas. Foi observado um aumento da degenerescência discal no 
grupo  de  crianças  com  baixo  nível  de  actividade  física  (sedentarismo),  embora  estes  resultados  não 
possam indicar que a ocorrência de lombalgia dependa apenas desse factor [49]. 
A  prática  desportiva  ou  de  actividade  física  de  elevada  intensidade  em jovens  muito  novos, 
também foi considerado como uma factor de risco associado à lombalgia em diversos estudos:  
a) O tempo e a intensidade de treino e o nível de prática desportiva  [43,  62,  67,  76,  77,  109,  130,  174] 
particularmente no período pubertário [75]; 
b) Níveis elevados de competição de certos desportos [66, 73]. 

28 
 

 
Balagué et al mostraram uma associação positiva entre a prática de desportos de competição 
e a prevalência de dor lombar, em jovens com idades entre os oito e os dezasseis anos. Jogar voleibol, 
ténis  ou  praticar  ciclismo  foram  desportos,  que  estavam  associados  ao  aumento  da  prevalência  da 
lombalgia  entre  os  jovens.  Concluiram  que  os  jovens  envolvidos  em  desportos  de  competição, 
queixavam‐se mais de dor lombar, do que aqueles que participam em actividades físicas recreativas de 
forma regular ou irregular [66]. 
De forma semelhante, encontramos autores que mostraram que a prática de exercicio físico 
vigoroso constituiu um factor de risco para o desencadear de sintomas músculo‐esqueléticos [46, 57].  
Num  estudo  onde  se  registaram,  ao  longo  de  um  ano  de  competição,  as  lesões  mais 
frequentes entre 496 jogadores de futebol masculino, com idades entre os 12 e os 18 anos, verificou‐
se‐se que a incidência de lesões aumentou com a idade e que 14% dos jogadores vieram a sofrer de 
dor nas costas [186]. 
Wedderkopp  et  al  apresentaram  resultados  contraditórios  aos  relatados  nos  estudos 
anteriores, ao defender que a actividade física e/ou desportiva de níveis elevados (em termos de carga 
horária  e  semanal)  seria  um  factor  de  protecção  para  a  ocorrência  de  lombalgia  [187].  Os  autores 
realizaram um estudo com três anos de follow‐up, que abrangeu crianças entre os nove e os 12 anos 
de idade, as quais foram sujeitas a medições da actividade fisíca com recurso a um acelerómetro. Das 
364 crianças que constituíram a amostra no período de follow‐up, 265 apresentaram uma actividade 
física elevada (dez ou mais horas por dia de actividade física em pelo menos três dias da semana). Os 
resultados  mostraram  que  as  crianças  menos  activas,  ou  seja,  aquelas  que  tiveram  em  média  cinco 
horas  por  dia  de  actividade  física,  em  pelo  menos  três  dias  da  semana,  apresentaram  maior 
probabilidade de ocorrência de dor lombar (68%) do que as crianças com elevados níveis de actividade 
fisíca  (6%),  três  anos  depois.  O  estudo  concluíu  que  a  prática  de  níveis  elevados  de  actividade  física 
durante  a  infância  (nove  e  dez  anos  de  idade)  pareceu  constituir  um  “factor  de  protecção”  da 
ocorrência  de  lombalgia  no  início  da  adolescência  (12  e  13  anos  de  idade),  realçando  desta  forma, 
mais  uma  das  muitas  razões  da  necessidade  de  promoção  de  actividade  física  durante  a  juventude. 
Além  do  mais,  este  estudo  recomenda  que  não  só  a  actividade  física  moderada,  mas  também  a 
actividade a níveis mais intensos deverá ser promovida [187].  
Recentemente Skoffer & Foldspang, realizaram um estudo em 14 escolas públicas de Aarhus 
(Dinamarca),  envolvendo  546  estudantes  com  idades  entre  os  14  e  os  17  anos,  através  do  qual 
pretendiam  identificar  os  tipos  de  actividade  física  associados  à  ocorrência  de  dor  lombar  [56].  Os 
autores apresentaram os seguintes resultados: 
a) Cerca  de  60,3%  e  51,3%  da  amostra  reportaram  lombalgia  nos  12  e  três  meses 
anteriores, respectivamente. Aproximadamente um quarto dos inquiridos (24,2%), que apresentavam 
dor lombar nos três meses precedentes, referiram limitações na realização das actividades diárias, que 
levaram à procura de cuidados médicos; 

29 
 

b) A dor lombar encontrou‐se associada positivamente com a prática de corrida, andebol e 
ginástica e negativamente com a natação e as horas de prática da modalidade de futebol. 
c) A lombalgia inespecífica entre os jovens, estava associada a uma série de indicadores de 
inactividade,  tais  como,  deslocações  de  carro  para  a  escola,  o  tempo  gasto  a  ver  televisão  e  no 
computador. 
Os autores deste estudo dinamarquês concluiram que não foi possível dizer que a prática de 
actividade  desportiva  resultou  numa  menor  ocorrência  de  dor  lombar,  porém  a  prática  de  natação 
poderia ser considerada como uma recomendação na prevenção da ocorrência da lombalgia.  
Salientam‐se  ainda  os  estudos  de  Sjolie,  onde  a  prática  de  actividade  física  regular,  como 
caminhar ou andar de bicicleta, foram actividades que estavam associadas a menor frequência de dor 
lombar  [112].  Szpalski  et  al  constataram  que  a  lombalgia  ocorria  frequentemente  menos,  entre  os 
jovens adolescentes que realizavam o trajecto casa‐escola‐casa a pé [95]. 
Masiero  et  al  salientaram  que  uma  percentagem  significativa  de  dor  lombar  foi  encontrada 
entre adolescentes que praticavam aeróbica e natação, quando comparado com outros desportos [42]. 
Noutro sentido, há diversos estudos que não encontraram qualquer associação, quer positiva 
quer negativa, entre a história de dor lombar nos jovens e os níveis de actividade física dos mesmos [3, 
4, 79, 103, 106, 112, 128]

Num estudo moçambicano de Prista et al, verificou‐se que caminhar mais de 30 minutos no 
trajecto de casa‐escola‐casa, estava associado à história de dor lombar. Neste estudo foram avaliados 
240 adolescentes de três regiões diferentes de Maputo: região urbana (50%), suburbana (20%) e de 
uma  área  semi‐rural  (30%).  Os  resultados  apontaram  para  uma  baixa  prevalência  de  lombalgia  nos 
jovens que pertenciam às regiões periféricas de Maputo (região suburbana e semi‐rural), ao passo que 
aqueles  que  habitavam  na  zona  urbana  mostraram  valores  de  prevalência  semelhantes  aos 
observados  em  estudos  efectuados  em  países  ocidentais  industrializados.  Estes  dados  foram 
explicados,  com  o  facto  de  os  jovens  das  regiões  periféricas  ocuparem  o  seu  tempo  em  actividades 
físicas regulares e diárias, como por exemplo a agricultura [106]. 
Por  outro  lado,  Balagué  et  al  concluíram  que  as  actividades  desportivas  de  competição 
estavam associadas a um risco acrescido de ocorrência de dor lombar, particularmente entre jovens 
atletas. O risco dependia do tipo de desporto, do nível de competição, da intensidade do treino físico e 
de eventual trauma agudo da coluna associado [39]. 
Deste  modo,  a  prática  de  um  desporto  organizado/estruturado  poderia  ser  protectiva  na 
ocorrência  de  dor  lombar  para  a  maioria  dos  jovens,  mas  o  aumento  da  participação  desportiva 
segundo Grimmer & Williams poderá estar relacionado com o aumento do risco de lombalgia [188]. 
Tal  como  nos  outros  factores  já  analisados,  podemos  constatar  que  há  uma  diversidade  de 
resultados e de conclusões que é, em larga medida, explicada pelas diferentes metodologias utilizadas 
e pela natureza multifactorial da lombalgia. 
 
b) Factores Psicológicos e lombalgia inespecífica 

30 
 

 
Os  factores  de  risco  de  natureza  psicossocial  estão  associados  a  características  individuais, 
que  contextualizam  os  estilos  de  vida  dos  jovens  e  adultos  aos  aspectos  emocionais  e  à  própria 
personalidade do indivíduo. 
Num estudo realizado por Balagué et al, em 615 alunos suíços com idades entre os 12 e os 17 
anos,  verificou‐se  uma  prevalência  anual  de  74%  e  que  existiu  uma  associação  significativa  entre  os 
factores de risco psicossociais e a dor lombar não‐específica, para além da história familiar de dores 
nas costas [72]. 
Os estilos de vida estão inteiramente ligados aos valores, às prioridades e às possibilidades ou 
condicionamentos práticos de situações culturais, sociais e económicas determinadas, em que o estilo 
de  vida  individual  é  modelado  pelos  efeitos  de  interacção  entre  os  indivíduos  e  pela  aprendizagem 
social, os quais influenciam o ambiente social e são simultaneamente condicionados por ele [189]. 
A  exposição  a  factores  psicossociais  adversos  está  intimamente  relacionada  com  o 
desenvolvimento  de  dor  lombar  em  crianças  [68].  Além  do  mais,  crianças  que  mostraram  níveis 
negativos  nas  dimensões  psicossociais,  particularmente  com  problemas  de  conduta  ou 
comportamento  (raiva,  desobediência,  violência),  elevados  níveis  de  hiperactividade  (agitação, 
distracção,  falta  de  concentração)  apresentavam  risco  acrescido  de  ocorrência  de  dor  lombar  num 
período de um ano [41, 102], particularmente nas raparigas [102, 121]. 
Num estudo com 11.095 adolescentes finlandeses com idades entre os 12 e os 18 anos, Vikat 
et  al,  associaram  um  aumento  da  ocorrência  de  dor  lombar  nos  jovens  com  mais  sintomas 
psicossomáticos  [85].  Conclusão  semelhante  foi  apontada  por  dois  estudos  holandeses  [101,  121]  e  pelo 
estudo portugûes de Vital et al [140]. 
Do  mesmo  modo,  indivíduos  adultos,  inicialmente  sem  queixas  de  lombalgia,  quando 
expostos  a  factores  psicossociais  adversos  relacionados  com  o  trabalho,  apresentaram  uma  maior 
probabilidade em desenvolver dor lombar num período de um ano [190]. Resultados semelhantes foram 
apresentados,  num  estudo  feito  com  2.556  pessoas  entre  os  35  e  os  59  anos,  onde  se  pretendia 
descrever  o  impacto  de  factores  psicossociais  (do  local  de  trabalho,  individuais,  entre  outros)  na 
prevalência de dor lombar [191]. 
Parece existir a tendência, de crianças e jovens com história de dor lombar terem estado mais 
expostas a vivências psicossociais negativas, havendo ainda alguma evidência que suporta a hipótese 
de  essas  experiências  negativas  em  jovens  sem  sintomatologia,  serem  preditivas  de  um  risco 
aumentado de ocorrência de lombalgia no futuro [25]. 
Existe  ainda,  alguma  evidência  na  associação  entre  factores  emocionais  (ansiedade, 
depressão), factores cognitivos (coping, medo, atitudes) e factores de personalidade com a história de 
dor  lombar,  enquanto  que,  a  evidência  de  associação  entre  factores  psicológicos  e  a  ocorrência  de 
novos episódios de dor lombar foi moderada [192]. 
Mais completo foi o estudo longitudinal realizado ao longo de 12 anos, numa população de 
1.152  adultos  em  fase  activa,  com  idades  entre  os  20  e  os  55  anos,  onde  foi  analisada  a  associação 

31 
 

[168]
entre  o  stress  emocional  e  o  desenvolvimento  de  disfunção  lombar  .  Apesar  de  ser  numa 
população de mais idade do que a analisada no nosso estudo, as conclusões deste estudo parecem‐
nos relevantes. Neste estudo, o stress emocional englobava o stress psicológico, sintomas depressivos, 
humor depressivo e ansiedade. Os resultados encontrados através de uma análise multivariada foram 
os seguintes:  
a) a disfunção da coluna lombar afectou 131 pessoas (11,4%) no período de follow‐up de 12 
anos (1990‐2002); 
b)  o  grupo  de  pessoas  que  apresentavam  dor  lombar  prévia  e  níveis  elevados  de  stress 
emocional tinham o maior risco de aparecimento de disfunção da coluna lombar;  
c)  o  grupo  de  pessoas  com  antecedente  de  dor  lombar  e  baixo  stress  emocional 
apresentavam significativo aumento do risco de disfunção da região lombar, embora mais moderado 
que o anterior grupo;    
d) o grupo de pessoas com elevado stress emocional, mas sem antecedente de dor lombar, 
não apresentou risco significativo de disfunção da região lombar;  
e) o elevado aumento do risco de desenvolver disfunção da coluna lombar torna‐se evidente 
ao  longo  do  período  de  folllow‐up  de  12  anos,  revelando  a  importância  da  combinação  entre  stress 
emocional e dor ou disfunção lombares prévias;  
f) outros factores psicológicos, como o humor optimista/pessimista, não apresentaram uma 
associação significativa com a dor lombar;  
g)  o  stress  físico  tornou‐se  consistente  e  fortemente  associado  ao  desenvolvimento  de 
disfunção da coluna lombar, e o trabalho pesado e monótono foi um factor preditivo da ocorrência de 
dor lombar;  
h)  o  nível  de  educação/instrução  (mais  baixo)  encontrou‐se  fortemente  associado  ao 
desenvolvimento de disfunção da região lombar.  
Desta forma, a principal conclusão deste estudo, incidiu no facto de pessoas com um elevado 
stress emocional terem um risco aumentado para a disfunção lombar, num período de 12 anos, mas só 
quando  apresentavam  um  historial  prévio  de  dor  lombar,  o  que  confirma  resultados  de  outros 
estudos,  que  mostraram  que  alguns  factores  psicológicos  potenciaram  o  risco  de  transição  da  dor 
lombar aguda, em disfunção lombar a longo termo ou crónica. 
Assim,  este  tipo  de  factores  psicológicos  devem  ser  considerados  e,  devidamente 
compreendidos, em pessoas com história de dor lombar, de forma a reduzir e prevenir a subsequente 
disfunção funcional. 
Os  factores  psicossociais,  que  combinam  variáveis  do  local  de  trabalho  (trabalho  pesado, 
repetitivo, monótono, satisfação com o trabalho, nível de exigência/responsabilidade), características 
psicológicas  individuais  (ansiedade,  depressão,  stress,  catastrofização  da  dor)  e  indicadores  do 
estatuto  social  (idade,  género,  nacionalidade,  absentismo  por  doença)  apareceram  intimamente 
relacionados com a dor nas costas, para Clays et al [134, 193] e Linton, S. [194, 195]. 

32 
 

Também Linton, procurou investigar, a relação entre a ocorrência de dor nas costas com os 
factores acima mencionados em cerca de 1.500 adultos  com idades entre os 35 e os 45 anos, tendo 
verificado que o stress, como factor psicológico, constituíu um potencial factor de risco associado ao 
aparecimento de lombalgias, avançando com diversas implicações [194]: 
(1) os factores psicológicos e variáveis como o local/tipo de trabalho são importantes domínios 
que permitem tomar conhecimento do problema;  
(2) estes factores estão estreitamente implicados no desenvolvimento dos problemas de dor nas 
costas; 
(3) as variáveis psicológicas investigadas são significativamente relevantes como factores de risco 
para o desenvolvimento de dor nas costas; 
Deste  modo,  Linton  defende  uma  visão  multidimensional  na  abordagem  dos  problemas  de 
dor e/ou disfunção da região lombar [194]. 
No  entanto, os  estudos  acabados  de citar  foram  feitos  com  adultos.  Em  populações  juvenis 
também existem diversos estudos que associaram factores psicológicos ao aparecimento e/ou história 
de dor lombar. 
Um  estudo  sueco  com  1.245  jovens  com  idades  entre  os  oito  e  os  17  anos,  salientou  que 
alguns factores psicológicos aumentaram as queixas de dor lombar e ainda mostrou que o aumento do 
risco  de  lombalgia  esteve  fortemente  associado  à  solidão,  a  atitudes  passivas,  ao  bullying  e  a 
dificuldades de comunicação com os pais [68].  
Resultados semelhantes foram encontrados por Jones et al, num estudo longitudinal de um 
ano, que concluiu que as crianças com níveis elevados de factores psicológicos adversos apresentavam 
maior predisposição para o aparecimento de dores lombares [41]. 
Também  Egger  et  al  constataram  que  as  raparigas  depressivas  referiram  cerca  de  13  vezes 
mais,  dores  músculo‐esqueléticas  em  geral,  enquanto  que  os  rapazes  depressivos  tinham  10  vezes 
mais  queixas  de  dores  do  que  os  não  depressivos.  Quanto  ao  nível  de  ansiedade,  as  raparigas  mais 
ansiosas apresentaram uma probabilidade de 3,4 vezes superior de se queixarem de dores músculo‐
esqueléticas, do que as raparigas sem desordens de ansiedade [196]. 
De forma semelhante, os estudos longitudinais de Feldman et al com 502 jovens canadianos 
(14 anos), ao longo de um ano, encontraram uma associação positiva entre a ocorrência de dor lombar 
e  os  níveis  inferiores  de  saúde  mental,  considerando  os  autores  que  estes  resultados  foram 
consistentes com os encontrados na literatura, mas em adultos [4, 80]. 
A  ideia‐chave  principal  aponta  para  que  exista  uma  forte  evidência,  de  que  os  factores 
psicológicos  (atitudes,  cognições,  depressão  e  ansiedade),  possam estar  associados  à história  da  dor 
lombar em diferentes faixas etárias  [197, 198]. Ainda Linton, salientou que este tipo de factores de risco, 
tiveram  um  papel  significativo  não  só  na  manutenção  de  queixas  persistentes,  mas  também  na 
etiologia  da  dor  aguda,  particularmente  na  transição  para  problemas  crónicos.  Desta  forma,  estes 
factores  estão  implicados  no  estabelecimento  da  cronicidade  da  dor  músculo‐esquelética  [197].  O 
mesmo  autor  defendeu  que  a  interacção  entre  os  factores  psicológicos  e  as  dores  lombares  nas 

33 
 

populações dos países desenvolvidos, seria ainda mais relevante na história e na evolução das queixas 
e das disfunções músculo‐esqueléticas, do que as variáveis biomecânicas ou biomorfológicas.  
A  dimensão  psicológica  parece  assim,  exercer  uma  influência  determinante  em  termos  da 
presença/ausência  e/ou  agravamento  da  dor  lombar,  na  qual  a  atitude  que  o  sujeito  tem  perante  a 
dor  percepcionada  e  os  seus  efeitos  na  função,  o  significado  que  lhe  atribuí  e  as  estratégias  que 
adopta  para  lidar  com  os  sintomas  são  factores  modificáveis,  e  igualmente  preditivos  ou  não  do 
desenvolvimento da cronicidade da sintomatologia.  
Pelo  contrário,  Murphy  et  al  não  encontraram  qualquer  associação  significativa  entre  a 
prevalência de dor lombar e os factores emocionais ou psicológicos [128]. 
Distinguir se um sintoma de dor lombar possui uma origem puramente orgânica ou física ou 
se  tem  uma  etiologia  mais  de  natureza  psicológica  não  é  fácil.  Daí  a  necessidade  de  uma  melhor 
compreensão sobre os factores psicológicos que contribuem para o surgimento, padrão de ocorrência 
e evolução da dor e seus efeitos, nomeadamente da dor lombar, principalmente nos adolescentes que 
se  encontram  numa  fase  de  transformações  bio‐psicológicas  aceleradas,  capaz  de  se  fazer 
acompanhar  por  sintomas  próprios  da  vivência  de  stress/ansiedade,  depressão  ou  de  um  conflito 
externo. 
Tem  sido  amplamente  estudada,  a  associação  entre  a  dor  lombar  e  determinados  estados 
psicológicos  [197‐199].  Diversos  investigadores  como  Burton  et  al  [200]  verificaram  a  existência  de  uma 
clara associação entre a dor lombar aguda e (outras) manifestações de ansiedade ou stress agudo. 
Por  outro  lado,  a  dor  lombar  crónica  foi  caracterizada,  como  um  processo  de  habituação  a 
respostas  autonómicas  mantidas  ou como um  padrão  de  sinais  vegetativos  similares  àqueles  que  se 
encontram nas perturbações depressivas [200, 201]. 
Linton  analisou  o  papel  que  alguns  factores  psicológicos  no  aparecimento  de  lombalgias  e 
cervicalgias  através  de  uma  meta‐análise  de  37  estudos.  Os  resultados  apontavam  para  a  grande 
influência que o stress, a ansiedade, os estados emocionais, as funções cognitivas e o comportamento 
da dor têm no aumento da intensidade das dores lombares e cervicais crónicas e também na etiologia 
da dor aguda [197].  
A meta‐análise realizada por Pincus et al., com inclusão de 25 estudos, apontava no mesmo 
sentido,  em  que  a  ansiedade  e  a  depressão  estavam  implicadas  no  processo  de  transição  da  dor 
lombar aguda para a dor lombar crónica [198]. 
Na mesma linha de pensamento, Harma et al associaram os estados psicológicos à ocorrência 
de dor lombar. Os autores estudaram 17.643 alunos finlandeses  entre os 14 e 16 anos de idade, tendo 
concluído  que  adolescentes  com  dores  recorrentes  apresentaram  também  maior  tendência  para  a 
depressão [202]. 
Cho et al realizaram um estudo com 471 estudantes de Taiwan, tendo igualmente concluído 
que  existiu  uma  associação  entre  a  prevalência  de  dor  músculo‐esquelética  e  a  vivência  de  estados 
emocionais, principalmente a ansiedade [97]. 

34 
 

Recentemente, foi estudada a relaçãopotencial existente entre a lombalgia e as respostas de 
medo/stress com ela relacionadas. De acordo com vários investigadores, o medo da dor ou o medo da 
lesão  poderá  ser  mais  limitativo  (psicológica  e  fisicamente)  do  que  a  própria  dor/lesão.  Sabe‐se 
actualmente, que a atitude desenvolvida pelo sujeito em relação à lombalgia, constitui um dos mais 
importantes  factores  preditivos  para  o  desenvolvimento  de  cronicidade  lombar  e/ou  limitação 
funcional relacionada com a sintomatologia dolorosa [203, 204].  
Laborde salientava que o tipo de estratégias desenvolvidas pelo sujeito, para lidar com a dor 
(“coping”)  e/ou  o  tipo  de  suportes  psicológico  e  social  que  tinha,  desempenhavam  um  papel  no 
desenvolvimento de condições crónicas [205]. 
Por outro lado, os jovens encontram‐se ainda num processo de desenvolvimento e maturação 
bio‐psicológica, com transformações por vezes aceleradas, pelo que a falta de maturidade associada a 
alterações  inesperadas  do  meio  envolvente  ou  do  contexto  socio‐familiar,  poderão  predispor  ao 
aparecimento de conflitos internos que se podem manifestar através de sintomas, sendo a dor lombar 
um dos mais frequentes [206]. 
A forma como determinados conflitos internos se podem reflectir na somatização de alguns 
sintomas,  depende  ainda  do  tipo  de  resistência  que  o  jovem  possui,  ou  seja,  da  sua  resiliência.  A 
resiliência traduz‐se na capacidade de resistência psicológica do sujeito à adversidade do meio.  
Segundo  Cyrulnik,  a  reacção  do  adolescente  perante  as  agressões  externas  (ambiente 
familiar,  exigência  escolar,  relações  estabelecidas  com  amigos  e  professores,  etc.)  depende 
essencialmente de três factores: a aquisição de recursos interiores desde os primeiros anos, a forma 
como a ameaça externa é assimilada e a oferta de suportes familiares e institucionais e/ou sistémicos 
que sirvam de apoio [207] . 
Efectivamente,  a  ansiedade  e/ou  depressão,  a  atitude  desenvolvida  em  relação  à  dor,  e  os 
factores de ordem familiar/social/profissional, desempenham um papel no surgimento e/ou evolução 
natural  da  dor  lombar  [94,  208].  Esta  ideia  também  pode  ocorrer  nos  jovens,  pois  são  submetidos 
diariamente  a  níveis  de  stress  e  exigência  muito  elevados.  Para  além  disso,  são  geralmente  muito 
sensíveis  à  evolução  do  meio,  principalmente  do  ambiente  familiar  e  do  comportamento  das  redes 
sociais de envolvimento e de suporte. 
Em suma, a resiliência de um sujeito está intimamente ligada ao construto psicológico mais 
importante em termos das dimensões psicológicas e da personalidade que este exige: o autoconceito. 
O autoconceito foi definido por Veiga, como a “percepção que o indivíduo tem de si próprio 
como tal e de si‐mesmo em relação com os outros” [209]. Conceptualmente o auto‐conceito engloba um 
conjunto multifacetado de aspectos: o si‐mesmo vocacional, a auto‐estima, o si‐mesmo ideal, as fases 
de reconhecimento de si‐mesmo, a imagem corporal e o autoconceito académico. 
O autoconceito distingue‐se da auto‐estima, pois se o primeiro diz respeito à auto‐percepção 
do sujeito, o segundo diz respeito à atitude que a pessoa tem para consigo própria. Burns caracterizou 
a auto‐estima como o aspecto avaliativo do autoconceito  [210], enquanto Wylie distinguiu três partes 

35 
 

no autoconceito: o conceito geral de si‐mesmo, as avaliações sobre aspectos restritos do eu (a auto‐
estima) e ainda o “eu‐ideal”[211]. 
O  “autoconceito”  aparece  muitas  vezes  definido  na  literatura  europeia  nas  expressões 
“representação de si‐mesmo”, “imagem de si‐mesmo”, “percepção de si‐mesmo” ou “consciência de si‐
mesmo”.  Em  geral,  todos  os  termos  citados  referem‐se  ao  “conjunto  de  traços,  de  imagens  e  de 
sentimentos que o indivíduo reconhece como fazendo parte de si‐mesmo, conjunto esse influenciado 
pelo ambiente e organizado de maneira mais ou menos consciente” [212].  
O autoconceito comporta uma dupla identidade psicológica: “traço” e “estado”. Apesar de ser 
alvo de grande polémica, o conceito de si‐mesmo não pode ser considerado um construto estanque, 
sendo  que  para  além  de  possuir  uma  certa  consistência  (traço),  também  possui  uma  determinada 
maleabilidade  (estado),  a  qual  é  função  de  diversos  factores,  dos  quais  o  contexto  social  é  o  mais 
relevante.  Deste  modo,  o  autoconceito  na  sua  dimensão  de  mutabilidade  relativista,  varia  de  forma 
incomensurável de acordo com diversas circunstâncias, fases, contextos, relações, estados emocionais 
e vivenciais [212]. 
Rosenberg referiu que a mutabilidade verificada no autoconceito está igualmente relacionada 
com a idade e com o desequilíbrio emocional, sendo o período juvenil um dos momentos em que o 
autoconceito se apresenta mais instável  [213]. Efectivamente, todo o período da adolescência engloba 
processos consideravelmente complexos, em todos os aspectos psicológicos. 
A  adolescência  é  um  tempo  de  mudança  e  uma  fase  de  transições  para  a  idade  adulta.  O 
sujeito já não é uma criança, mas também ainda não é um adulto. Esta dupla circunstância de negação 
da infância e da dependência familiar por um lado, e de busca da autonomia, do eu‐afirmativo e da 
independência por outro, constitui um período de inúmeros conflitos internos, vividos intensamente 
na relação com a família, com a escola e amigos e com a sociedade em geral. Por isso, o equilíbrio é 
frágil e por vezes difícil de manter. 
Na  adolescência  podem  ocorrer  períodos  depressivos,  próprios  de  sujeitos  que  procuram  a 
sua  identidade  num  meio  social  cada  vez  mais  competitivo,  exigente  e  em  constante  mudança.  O 
autoconceito naturalmente que é influenciado por esse meio envolvente e pelos níveis de adaptação 
que  o  jovem  consegue  ter,  podendo  haver  momentos  de  uma  certa  disrupção,  desorganização, 
moldando‐se ao sabor do contexto e das capacidades próprias da resiliência de cada indivíduo. 
Uma  vivência  de  estados  depressivos  e  emoções  contraditórias,  pode  assim  manifestar‐se 
numa clivagem interna entre o mundo virtual/ideal e a realidade. A somatização pode constituir uma 
importante e relevante fonte de sintomas clínicos referidos, apesar de nem sempre as queixas físicas 
do adolescente serem percebidas como consequência de um estado psicoemocional específico. 
As  lombalgias  aparecem  nos  jovens,  como  nos  adultos,  largamente  associadas  a  variáveis 
psicológicas e psicossociais, e são a expressão sintomática comum de um forte componente subjectivo 
(muitas  das  vezes  o  único  sintoma),  pelo  que  Linton  et  al  recomendaram  uma  análise 
multidimensional desta problemática [194]. 

36 
 

Facilmente  se  pode  perceber  que  existe  uma  forte  correlação  entre  a  depressão  e  o 
autoconceito.  O  autoconceito  assume‐se  como  um  carácter  identitário  (self)  crucial  para  o 
conhecimento  da  idiossincrasia  psicológica  de  um  determinado  indivíduo.  A  depressão,  vista  aqui 
como um estado geral de desagregação e/ou desorganização mental, deriva quase obrigatoriamente 
duma fraca expressão auto‐representativa.  
Fitzgerald  mostrou  que  adolescentes  deprimidos,  são  quase  sempre  sujeitos  com  um  fraco 
autoconceito  [214]. Para além disso, diversos estudos têm demonstrado que um autoconceito reduzido 
constitui um factor de risco major para o desenvolvimento de perturbações mentais com o decurso do 
desenvolvimento psicoemocional do jovem [214, 215] . 
Strauss et al ao estudarem a relação entre as crenças em saúde, o suporte social, os níveis de 
actividade física e o auto‐conceito de 92 jovens entre os dez e os 16 anos, afirmaram que os elevados 
níveis  de  actividade  física  eram  uma  componente  importante  no  desenvolvimento  do  auto‐estima 
desses jovens [216]. 

A  avaliação  do  autoconceito  em  adolescentes,  potencialmente  sofredores  de  dor  lombar, 
poderá  constituir  um  instrumento  de  análise  complementar  entre  os  estados  psicológicos  e  a 
somatização sintomática. 

No  entanto,  também  o  autoconceito  aparece  associado  a  outros  factores  de  âmbito 
psicossocial que interagem com a dinâmica pessoal de cada jovem e podem influenciar a vivência da 
dor  lombar  e  os  seus  efeitos  ou  impacto  na  função.  O  autoconceito  parece  estar  associado  com 
determinados factores psicológicos e sociais relevantes.  

Este facto significa que, havendo factores relacionados simultaneamente com a lombalgia e 
com  o  autoconceito,  também  aqui  as  questões  de  ordem  metodológica  tornam‐se  inevitavelmente 
menos lineares e mais complexas. 
Sujeitos com níveis de autoconceito mais baixos possuem geralmente maior tendência para o 
fracasso escolar, devido principalmente às fracas expectativas que estes sujeitos possuem em relação 
às  suas  capacidades  (muitas  vezes  mediadas  pela  pressão  familiar  com  base  na  exigência  para  a 
perfeição e/ou rendimento) [217]. 
O autoconceito depende também dos níveis educacionais e de exigência dos pais. Para além 
disso, diversos estudos demonstraram que sujeitos que percepcionavam os pais como compreensivos 
apresentavam níveis de autoconceito superiores aos dos alunos com pais autoritários [218, 219]. 
Richman et al referiram que o autoconceito foi mais baixo nas classes economicamente mais 
desfavorecidas,  principalmente  porque  estes  indivíduos  eram  geralmente  mais  descriminados  e 
estavam  mais  vulneráveis  relativamente  a  determinadas  dimensões  psicológicas,  como  o  estatuto 
intelectual, o aspecto comportamental e a ansiedade [220, 221]. 
Em geral, o autoconceito foi mais elevado em sujeitos de classe social mais favorecida  [221‐225] 
e em áreas geográficas mais desenvolvidas nomeadamente as comunidades urbanas [225, 226]. 

37 
 

Tal como o nível sócio‐económico, variáveis como a idade, o género, o ano de escolaridade e 
sucesso,  aparecem  frequentemente  ligados  às  expectativas  socio‐familiares.  O  autoconceito  tende  a 
ser superior nos rapazes em relação às raparigas, não por razões de ordem maturacional, mas porque 
condicionalismos  de  ordem  cultural,  familiar  e  social  tendem  tradicionalmente  a  favorecer  a  auto‐
afirmação  dos  sujeitos  do  género  masculino.  Apesar  de,  em  determinadas  áreas  do  autoconceito 
académico, os resultados de estudos realizados nesta área serem mais favoráveis para as raparigas. 
A  relação  entre  o  autoconceito  e  a  idade  parece  não  ser  consensual.  Se  por  um  lado  o 
desenvolvimento juvenil traz novas e acrescidas responsabilidades e autonomias, objectivos naturais 
de  quem  procura  a  identidade  própria,  por  outro  lado,  a  maturação  do  adolescente  reveste‐se  do 
ganho de defesas próprias da resiliência psicológica e da obtenção de um construto de relação com a 
sociedade e o meio que alterna os momento de estabilidade com instabilidade. 
A  relação  entre  o  autoconceito  e  o  nível  de  escolaridade  também  não  é  linear.  Uma 
escolaridade  mais  elevada  significa  um  maior  número  de  competências  e  um  maior  nível  de 
aculturação,  e  não  será  ilegítimo  pensar  que  estas  capacidades  se  poderão  repercutir  num  maior 
desenvolvimento  psicológico.  Por  outro  lado,  a  escolaridade  avançada  traz  novos  desafios  e  a 
proximidade  de  um  “mundo  dos  adultos”  com  interrogações  e  “caminhos  por  desbravar”,  o  que 
poderá condicionar uma perturbação do positivismo auto‐representativo. 
Devemos entender que muitos dos factores e condicionantes referidos poderão implicar uma 
modulação ou influenciar a experiência do que é sentir dores lombares. 
Sendo assim, o que associa os baixos scores de autoconceito à história de dor lombar, parece 
ser a relação de duas variáveis de abrangência psicocorporal. Há uma justaposição de factores que se 
relacionam com a lombalgia (e o autoconceito) por motivos que superam as componentes meramente 
psíquicas ou físicas vistas isoladamente. 
A  resposta  reside  na  necessidade  de  se  analisar  esta  problemática  da  lombalgia,  nas  suas 
múltiplas dimensões e particularmente na interacção entre elas.  
No estudo português em que participámos, Coelho et al proposeram‐se a estudar a relação 
entre  a  variável  autoconceito  e  a  prevalência  da  dor  lombar  em  208  alunos  de  Lisboa,  com  idades 
entre os 11 e os 15 anos. Este estudo verificou que existia uma associação significativa entre a variável 
do construto psicológico (auto‐conceito) e a ocorrência de dor lombar, em que os sujeitos com menor 
autoconceito  referiram  de  forma  significativa  mais  queixas  lombares.  O  autoconceito,  como  parte 
integrante da personalidade do indivíduo, constituí um factor psicológico que interfere no complexo 
sistema  multidimensional  da  dor,  influenciando  a  sua  percepção  e  submergindo  o  quadro  funcional 
resultante. Daí , os autores consideraram que os factores psicológicos, como a dimensão autoconceito, 
deveriam  ser  importantes  variáveis  a  ter  em  conta  nos  estudos  de  identificação  de  factores 
psicossociais associados à lombalgia [32]. 
 

38 
 

Numa síntese deste capítulo, podemos afirmar que a influência dos factores psicológicos nas 
queixas  de  dor  lombar  inespecífica  não  é  consensual,  apesar  de  existirem  estudos  que  mostram 
associações entre dores músculo‐esqueléticas e os factores psicológicos. 
No entanto, não se poderá estabelecer uma relação de causa – efeito definitiva e única entre 
estes dois elementos, por dois motivos:  
(1)  devido  às  limitações  dos  estudos  realizados  neste  âmbito,  como  por  exemplo,  a 
diversidade  de  metodologias  utilizadas  que  tornam  difícil  a  comparação  de  resultados  entre  os 
estudos, a falta de consenso tanto ao nível das variáveis em estudo como no modo de avaliação das 
mesmas nestes grupos etários (questionários, escalas) e o uso de diferentes terminologias para avaliar 
conceitos semelhantes;  
(2)  devido  às  restrições  ou  constrangimentos  na  informação  que  se  tem,  relativamente  ao 
desenvolvimento psicológico dos adolescentes/jovens considerados “normais”.  
 
 
c) Hábitos tabágicos e lombalgia inespecífica 
 
  Os comportamentos em saúde e estilos de vida estão indissociavelmete relacionados. Existem 
diversos estudos que associam de forma significativa, a história de dor lombar aos hábitos tabágicos, 
quer em populações juvenis [4‐6, 16, 66, 72, 80, 82, 91], quer em populações adultas [227, 228]. 
  Numa meta‐análise recente realizada por Shiri et al, concluia‐se que os valores de prevalência 
e  de  incidência  de  dor  lombar  nos  fumadores  e  ex‐fumadores,  era  mais  elevada  do  que  nos  não 
fumadores,  particularmente  nas  condições  crónicas  e  nos  adolescentes.  No  entanto  a  análise  da 
associação entre essas duas variáveis revelou‐se muito modesta [229]. 
Dados do 4º Inquérito Nacional de Saúde de 2005‐2006 e publicados em 2009 mostraram que 
19,7%  dos  residentes  nacionais  eram  fumadores.  Destes,  cerca  de  10,7%  fumavam  apenas 
ocasionalmente e 89,3% faziam‐no diariamente. A proporção de fumadores activos em 2005, foi mais 
elevada na população masculina (28,9%) do que na feminina (11,2%). Em ambos os géneros, o valor 
mais  elevado  encontrava‐se  no  grupo  dos  35  aos  44  anos:  44,6%  e  20,9%,  respectivamente,  em 
homens  e  em  mulheres.  Relativamente  ao  Inquérito  anterior  (1999)  o  consumo  de  tabaco  desceu 
ligeiramente  nos  homens  (29,3%  em  1999  para  28,9%  em  2005)  mas  subiu  muito  nas  mulheres 
(passou  de  7,9%  em  1999  para  11,2%  em  2005).  Considerando  a  população  residente  que  fumava 
diariamente em 2005, verificou‐se que a maior parte tinha começado a fumar entre os 15 e os 19 anos 
(55,6%), com maior evidência na população com menos de 25 anos (65,1%) e nas que tinham entre 25 
a 44 anos (60,0%) [230]. 
  Macedo & Precioso desenvolveram um estudo, onde procuraram determinar a prevalência do 
consumo  de  tabaco  na  população  adolescente  escolarizada  e  analisar  as  tendências  evolutivas  dos 
hábitos tabágicos em Portugal, recorrendo a dados de estudos sobre Comportamentos de Saúde em 
Adolescentes  Escolarizados  (Health  Behaviour  in  School  –  Aged  Children:  11‐15  anos  –  HBSC), 

39 
 

efectuados por equipas de investigadores de vários países em colaboração com o Gabinete Regional 
da OMS da Europa [231]. Concluíram que existia um nítido aumento do consumo de tabaco com a idade, 
na população adolescente portuguesa escolarizada, tendo‐se verificado uma maior tendência para as 
raparigas  fumarem  mais  do  que  os  rapazes,  sobretudo  nas  faixas  etárias  mais  elevadas  (15  anos  de 
idade), mostrando que os hábitos tabágicos estabilizaram no género masculino, e que estão a crescer 
fortemente no género feminino [231]. 
  Verificaram que contrariamente ao que ocorreu no passado, em que as taxas de fumadores 
eram  das  mais  baixas  da  Europa,  a  situação  inverteu‐se.  Aferiram  uma  grande  aproximação  das 
prevalências  registadas  em  alunos  portugueses  e  os  seus  congéneres  europeus,  sobretudo  nas 
raparigas,  tendo‐se  registado  em  quatro  anos  um  aumento  muito  preocupante  da  prevalência  de 
raparigas fumadores com 15 anos. Nesta faixa etária, a prevalência apresentava‐se mesmo superior à 
média europeia.  
Giraldes realizou um estudo a nível nacional, em que procurou relacionar os estilos de vida, 
designadamente o consumo de tabaco com o nível sócio‐económico da população inquirida (número 
de  anos  de  escolaridade),  verificando‐se  que  os  grupos  etários  entre  os  18  e  os  24  anos  de  idade 
revelavam  a  existência  de  uma  relação  evidente  entre  o  fumo  de  tabaco  e  o  nível  de  escolaridade, 
havendo  uma  tendência  para  diminuir  a  percentagem  de  população  inquirida  que  declarava  fumar, 
com o aumento do nível de escolaridade (sete a 12 anos de escolaridade – 22% e 13 a mais anos de 
escolaridade – 7%) [189]. 
  Os resultados destes estudos mostraram que em Portugal se registou um grande aumento da 
prevalência  do  consumo  de  tabaco  nos  dois  géneros,  particularmente  nas  raparigas  adolescentes  e 
jovens adultas e nos indivíduos com menor grau de escolaridade. 
O  tabagismo  é  portanto  um  problema  de  saúde  pública,  que  afecta  cerca  de  20%  da 
população portuguesa, apresentando uma tendência para atingir uma população cada vez mais nova. 
O  tabagismo  afecta  no  nosso  país,  15%  dos  adolescentes  antes  dos  14  anos,  possuindo  uma  maior 
tipicidade nas áreas urbanas e litorais, nos sujeitos pertencentes a uma classe social média‐alta, e nos 
indivíduos  que  possuem  antecedentes  familiares  de  consumo  de  tabaco.  Para  além  disso,  os  jovens 
consumidores  de  tabaco  possuem  muitas  vezes  baixo  autoconceito  ou um  processo  depressivo,  não 
têm  muitas  vezes  rendimento  escolar  relevante  e  tendem  a  preencher  os  seus  tempos  livres  com 
relações de amizade (amigos muitas vezes fumadores) e hábitos sedentários [230]. 
São  bem  conhecidas  as  consequências  nefastas  associadas  ao  consumo  de  tabaco 
nomeadamente  a  nível  respiratório,  oncológico,  cardio‐circulatório,  gastrointestinal,  imunológico, 
neurológico,  psiquiátrico  e  social.  Mas  nem  todos  possuem  consciência  de  que  o  tabaco  poderá  ter 
efeitos a nível músculo‐esquelético, das quais as lombalgias constituem um exemplo paradigmático.  
Num estudo transversal com 29.424 gémeos dinamarqueses com idades entre os 12 e os 41 
anos, Leboeuf‐Y et al encontraram uma associação positiva significativa entre os hábitos tabágicos e a 
ocorrência  de  lombalgia  inespecífica  (particularmente  na  duração  e  frequência  dos  episódios 
reportados – maior duração e mais episódios de dor lombar nos fumadores). No entanto, os autores 

40 
 

salientaram  que  seria  apenas  uma  associação  positiva  e  não  uma  relação  de  causa‐efeito  ou  um 
verdadeiro  mecanismo  etiológico.  É  de  salientar  ainda,  que  não  foi  encontrada  qualquer  associação 
entre  a  cessação  do  consumo  de  tabaco  e  uma  baixa  prevalência  da  lombalgia.  Deste  modo, 
concluíram  que  a  prevalência  de  dor  lombar  não  diminuiu  em  relação  ao  número  de  anos  de 
abstinência tabágica [228].  
Na literatura, a relação entre o consumo de tabaco e a ocorrência de lombalgia em adultos 
aparece ainda analisada na meta‐análise de Leboeuf‐Y, que fez uma revisão de 41 artigos reportados a 
47 estudos epidemiológicos [232]. Os principais resultados desta meta‐análise foram os seguintes:  
(a)  associação  positiva  entre  tabagismo  e  história  de  lombalgias  em  51%  dos  estudos  com 
uma tendência para a diminuição da dor lombar com a cessação do consumo do tabaco; 
(b)  resultados  positivos  significativos  essencialmente  nos  estudos  com  amostras  de  maiores 
dimensões (superior a 3.000 sujeitos);  
(c) ausência de associação entre a quantidade de cigarros fumados por dia e tempo total em 
anos de consumo de tabaco e a dor lombar referida;  
(d) associação mínima a moderada entre o tabagismo e a lombalgia.  
A conclusão principal desta meta‐análise, foi que o tabagismo deve ser aceite como um factor 
de risco associado ao aparecimento de lombalgias inespecíficas, mas não como um factor etiológico 
das  mesmas.  De  acordo  com  esta  revisão  sistemática,  sugere‐se  que  existam  dois  mecanismos  que 
podem relacionar a dor lombar ao tabaco: (1) arteriosclerose aórtica, que pode causar dor lombar e 
(2) bronquite crónica, que pode induzir a dor lombar, devido ao aumento da pressão discal provocada 
pela tosse [232].  
Nas  populações  juvenis,  de  acordo  com  um  estudo  de  Balagué  et  al,  envolvendo  crianças  e 
adolescentes com idades compreendidas entre os sete e os 17 anos (n=1.715), os adolescentes com 
hábitos tabágicos apresentaram mais queixas lombares do que aqueles que não tinham esses hábitos 
[6]
. Resultados semelhantes foram obtidos com investigações posteriores realizadas pelo mesmo autor 
e colaboradores [39, 72]. 
Por  outro  lado,  Brattberg  não  reportou  qualquer  tipo  de  associação  entre  tabagismo  e  dor 
lombar num estudo realizado com 1.245 sujeitos, com as idades de oito, 11, 13 e 17 anos [68]. Também 
sem correlação evidente entre as duas variáveis foi o resultado obtido por Troussier et al, num estudo 
com 1.178 jovens franceses com idades entre os seis e os 20 anos [3]. 
Já  Feldman  et  al  estudaram  ao  longo  de  um  ano  em  três  momentos  de  avaliação,  502 
estudantes canadianos e mostraram que os jovens fumadores apresentaram maior predisposição para 
a  ocorrência  de  lombalgia,  representando  um  factor  de  risco  acrescido.  Para  além  disso,  o  estudo 
apontava para a existência de uma associação entre a quantidade de cigarros fumados e a prevalência 
de dor lombar  [80]. Os autores continuaram a seguir estes jovens, nos anos seguintes e confirmaram 
essas tendências, verificando‐se um aumento do número de casos e recorrências de dor lombar em 
adolescentes com hábitos tabágicos [4]. 

41 
 

Vogt  et  al  verificaram  no  seu  estudo  alargado  com  25.455  sujeitos,  que  tanto  os  indivíduos 
fumadores  como  os  não‐fumadores  apresentavam  problemas  músculo‐esqueléticos  da  coluna 
vertebral,  com  durações  similares.  No  entanto,  os  fumadores  referiram  sintomas  mais  severos.  Os 
autores salientaram que o mecanismo pelo qual o tabagismo afectava o sistema músculo‐esqulético, 
ainda não tinha sido claramente esclarecido, mas que diversas hipóteses tinham sido sugeridas [233]. 
Num estudo experimental de Cox, foi investigada a influência do fumo de tabaco na nutrição 
do  disco  intervertebral,  e  verificou‐se  que  o  fumo  de  tabaco  afectava  significativamente  a  rede 
vascular  externa  do  disco  intervertebral  e  o  seu  metabolismo,  tornando‐o  mais  susceptível  a 
deformidades mecânicas  e  a  alterações degenerativas.  No  entanto,  salientava‐se  que  este  facto  não 
seria  suficiente  para  se  afirmar  que  existiria  uma  evidência  clínica  que  apontasse  para  uma  relação 
causal entre o tabagismo e a dor lombar, até porque não existe uma relação linear entre as discopatias 
e as queixas lombares [37, 234]. 
 
De  salientar  que  estes  estudos  apenas  associavam  o  tabagismo  activo  (consumo  próprio)  à 
história  de  dor  lombar,  não  tendo  sido  encontrados  estudos  que  analisassem  a  associação  entre  o 
tabagismo passivo e a dor lombar. 
Afinal,  que  argumentos  são  apontados  para  a  associação  existente  entre  o  tabagismo  e  as 
dores  lombares?  A  resposta  a  esta  questão  compreende  uma  diversidade  de  explicações  teóricas 
ainda por comprovar e a sua interacção com outros factores psicossociais e/ou estilos de vida. 
Há diversas explicações de natureza mais biológica ou fisiopatológica que têm sido sugeridas 
para explicar a associação entre o consumo tabágico e a lombalgia: 
- implica  uma  reacção  orgânica  em  forma  de  tosse.  Segundo  Kelsey,  a  tosse,  por  levar  a  um 
aumento da pressão intra‐discal e intra‐abdominal, contribuí para um processo de desgaste 
articular ou mesmo de patologia discal [235]; 
- O  consumo  regular  e  continuado  de  nicotina  provoca  a  desmineralização  óssea,  podendo 
resultar  em  formas  precoces  de  osteoporose  (principalmente  no  género  feminino)  e  no 
aparecimento de microfracturas das trabéculas dos corpos vertebrais [236‐240]; 
- promove a deposição de tecido fibrótico nas estruturas espinais, levando ao desenvolvimento 
de uma resposta inflamatória e concomitante dor lombar [241, 242]. 
- reduz  o  aporte  sanguíneo  para  as  vértebras,  afectando  o  equilíbrio  metabólico  dos  discos 
intervertebrais,  acelerando  os  processos  degenerativos  da  coluna  e  aumentando  a 
vulnerabilidade da coluna em relação à lesão e à deformidade [7, 243‐252]. 
- Ernst  sugeriu  cinco  possíveis  mecanismos  que  poderão  estar  na  origem  da  diminuição  de 
circulação  para  as  estruturas  vertebrais:  (I)  presença  de  monóxido  de  carbono  no  sangue  e 
consequente  bloqueio  do  transporte  de  oxigénio;  (II)  vasoconstrição;  (III)  alterações  da 
pressão arterial; (IV) alterações metabólicas e (V) defeito na quantidade de sangue envolvida 
na vascularização vertebral [247].  

42 
 

- Diversos estudos realizados em laboratório associaram o consumo de nicotina a processos de 
degeneração discal [7, 243, 253] e a alterações do pH na região vertebral [246] aliados à diminuição 
do aporte sanguíneo para a coluna [250, 254, 255]. 
 
Para além das teorias ou explicações de natureza mais biológica, várias outras condicionantes 
devem ser tidas em linha de conta. O que acontece é que o tabagismo, como vimos atrás, parece estar 
ligado  a  diversos  factores  de  natureza  psicossocial  e  ainda  a  certos  estilos  de  vida,  que  também 
podem estar associados à história natural de lombalgia.  
Estas  interacções  factoriais  poderão  levar‐nos  a  questionar  se  o  tabagismo  está 
verdadeiramente  associado  à  lombalgia  ou  se  é  apenas  um  factor  que  em  associação  com  outras 
variáveis, pode provocar ou predispor para o aparecimento da dor lombar. 
Acontece que há outros factores em que esta problemática se torna também relevante como 
é o caso do autoconceito, dos factores psicológicos e dos estilos de vida (sedentarismo). Como vimos 
atrás, a lombalgia pode também ser o reflexo de baixos níveis de autoconceito e/ou da intersecção de 
uma multiplicidade de factores psicológicos. Tabagismo e depressão parecem ser, dois fenómenos que 
se alimentam reciprocamente, como foi sugerido por diversos autores [256, 257]. 
A depressão parece constituir um estado mental que predispõe os sujeitos, principalmente os 
jovens, para o início do consumo tabágico e para a perpetuação deste comportamento de risco. 
Os estilos de vida modernos, com ritmos de vida acelerados e sujeitos a stress contínuos face 
à primazia dos resultados, e com utilização ineficiente dos mecanismos de coping, parecem também 
predispor os jovens para o consumo tabágico  [258,  259], sobretudo naqueles que possuem um nível de 
autoconceito mais baixo [259, 260]. 
Os estudos acerca da relação entre o tabagismo e a prática desportiva são muito diversos [234, 
261‐263]
. Em geral, os sujeitos com maior consumo de tabaco constituem uma população não desportiva 
ou com hábitos de actividade pouco intensa e/ou pouco frequente. 
Ora,  não  devemos  esquecer  a  associação  entre  a  lombalgia  e  os  estilos  de  vida  (hábitos  de 
sedentarismo).  Persiste  assim  a  dúvida  metodológica:  o  que  provoca  a  lombalgia  nos  fumadores?  O 
tabaco, os estilos de vida ou a interacção entre estes dois factores? 
 
 
d) Factores socio‐familiares, culturais e lombalgia inespecífica 
 
Em  interacção  com  os  estilos  de  vida  e  com  outros  factores  psicossociais  já  referidos  atrás, 
aparecem  um  conjunto  de  variáveis  socio‐culturais  e  familiares,  já  analisadas  em  alguns  estudos  e 
explorada uma eventual associação com a história de dor lombar em jovens.  
A  influência  do  contexto  socio‐cultural  e  familiar,  das  “verdades  e  crenças”  e  dos  conceitos 
em  saúde  que  caracterizam  cada  sociedade,  também  podem  moldar  a  forma  de  se  lidar  com  esta 

43 
 

problemática e, por isso, influenciar a percepção que o sujeito, sofredor ou potencialmente sofredor 
de dor lombar, se reporta ao problema e se comporta perante o mesmo. 
  A história familiar de lombalgia e a forma com se lida com o problema, já desenvolvida atrás, 
e  os  estilos  de  vida  (actividades  complementares  de  tempos  livres,  actividade  física  regular,  hábitos 
alimentares,  etc.)  estão  naturalmente  dependentes  do  nível  socio‐economico  e  cultural  das  familias 
onde os jovens vivem. 
  O estudo de Kristjansdottir com 2.173 alunos islandeses, em idades entre os 11 e os 16 anos, 
observou o aumento da idade e a vivência em zonas rurais como os factores com uma associação mais 
significativa com o aparecimento de dor lombar  [74]. Com a mesma amostra e através de um estudo 
longitudinal ao longo de seis anos, a mesma autora associou a dor lombar a factores sociais como o 
reduzido  suporte  familiar,  os  hábitos  alimentares  inadequados,  as  condições  de  saúde  em  geral  e 
ainda os hábitos tabágicos [91]. 
Também  num  estudo  longitudinal  já  citado  várias  vezes,  Leboeuf‐Y  et  al,  interrogaram  806 
alunos dinamarqueses de Odense, com idades entre os oito e os 16 anos, e os seus pais a viverem em 
áreas  urbanas,  suburbanas  e  rurais  através  de  uma  amostra  estratificada  por  cluster.  Este  estudo 
concluiu que o baixo nível de educação dos pais, não nos adolescentes, foi um factor associado à maior 
prevalência de dor lombar (45%) relativamente às famílias de nivel educacional médio/elevado (36% ‐ 
38%) [92].  
Também o estudo belga de Staes et al com 620 alunos de Lovaina, com idades entre os 16 e 
os 18 anos, mostrou que um reduzido suporte social estava significativamente associado à ocorrência 
de dor lombar [100]. 
Na  realidade  socio‐cultural  moçambicana,  Prista  et  al  concluiram  que  para  204  alunos  com 
idades  entre  os  11  e  16  anos,  de  áreas  urbana,  semi‐urbana  e  rural  em  redor  de  Maputo  e  que 
andavam  mais  de  30  minutos  no  percurso  casa‐escola,  reportaram  mais  queixas  de  dores  lombares 
[106]

Já  Beija  et  al  associaram  o  baixo  rendimento  escolar  à  história  de  dor  lombar,  a  par  da 
insatisfação com o mobiliário escolar e a história familiar de lombalgia em jovens tunisinos [114].  
Por  último,  identificámos  estudos  que  associaram  a  maior  ocorrência  de  dor  lombar 
inespecífica a jovens com indicadores da saúde geral [81] ou com a baixa percepção do estado de saúde 
[95]

Os  factores  psicossociais  de  natureza  socio‐cultural  e  socio‐economica  e  o  modelo  de 
organização  e  assistência  de  saúde  pública  desempenham  um  papel  preponderante  sobretudo  na 
forma de “encarar e gerir” a problemática da lombalgia, não só por parte dos indivíduos, mas também 
por parte dos pais, professores, treinadores e profissionais de saúde.  
A  compreensão  do  papel  que  cada  factor  de  risco  Vs  factor  de  protecção  tem  na  história 
natural da lombalgia, assim como da sua potencial interacção com outros factores é crucial para uma 
abordagem mais global e representativa de uma realidade que é multifactorial. 
 

44 
 

2.4.4. Factores de Risco Extrínseco – Dimensão Ocupacional e Ambiental 
 
O conjunto de factores de natureza ocupacional que tem sido associado a um maior risco de 
aparecimento de dor lombar engloba variáveis como o trabalho físico pesado, as posturas estáticas e 
repetidas em pé ou sentado, as condições ergonómicas do local de trabalho, as vibrações  [37, 51, 97, 264‐
266]
, o transporte de mochilas escolares e de cargas externas [53‐55, 93, 110, 115, 126, 129, 140, 267]. 
Segundo  Koskelo  et  al,  um  correcto  ajustamento  das  cadeiras  e  mesas  das  salas  de  aulas, 
promoveu uma correcta postura sentado, aumentou a endurance/resistência dos músculos da tronco, 
aliviou  os  sintomas  e  a  tensão  muscular  dos  trapézios  e  dos  músculos  lombares,  e  pareceu  estar 
associado à obtenção de bons resultados escolares [268]. 
O  tempo  dispendido  na  posição  de  sentado  ‐  ao  computador,  a  jogar  vídeo‐jogos  ou  a  ver 
televisão  ‐  e  a  frequência  com  que  se  praticou  desporto,  foram  dois  factores  associados  ao 
aparecimento  de  dor  lombar  nos  adolescentes.  De  acordo  com  Jones  et  al,  a  aplicação  de  um 
programa regular de exercícios, surge como uma estratégia de intervenção para a prevenção da dor 
lombar  inespecífica  em  adolescentes,  trazendo  benefícios  ao  nível  quer  da  intensidade,  quer  da 
severidade  da  dor,  na  redução  do  absentismo  à  actividade  física,  havendo  um  aumento  da 
participação do adolescente nas actividades desportivas. Consequentemente, os autores consideraram 
que os principais resultados que se devem esperar com intervenções profilácticas, para este tipo de 
condição,  são  o  alívio  da  dor  lombar,  a  diminuição  do  número  de  episódios  recorrentes  de  dor  e  o 
retorno à normal actividade do dia‐a‐dia e às actividades físicas e desportivas [269, 270]. 
A  postura  de  sentado  é  influenciada  pelo  “design”  da  cadeira,  pelo  ângulo  formado  pelo 
assento e o encosto da cadeira, pelo tipo de assento, pela altura da cadeira e pela presença ou não de 
apoio  de  braço  [271]  e  sobretudo  pela  forma  habitual  de  um  indivíduo  se  sentar,  pelo  tempo  que  se 
mantém  sentado  e  pelo  tipo  de  actividades  que  realiza  nessa  posição.  Uma  postura  de  sentado 
desfavorável  ou  mantida  por  longos  períodos  pode  contribuir  para  o  aparecimento  de 
dor/desconforto  na  região  lombar  dos  jovens  alunos  [54,  97,  113].  A  manutenção  de  uma  postura  de 
sentado desfavorável pode levar à alteração das curvaturas normais da coluna, à sobrecarga sobre o 
disco intervertebral e ligamentos posteriores, à diminuição da força dos músculos estabilizadores da 
coluna lombar e consequente fadiga muscular que condiciona a dor . 
  O  uso  de  computadores  aliado  à posição de  sentado por  longos períodos, pode  ser um  dos 
factores  associados  ao  aumento  da  dor  lombar  entre  os  jovens  [47,  272].  Por  outro  lado,  os  alunos 
relacionaram as  suas  dores  de  costas  ao  inadequado  mobiliário  escolar  –  cadeiras e  secretárias  –    e 
não ajustado às dimensões antropométricas ou físicas de cada um [84, 128, 133]. 
  Mobiliário escolar demasiado pequeno obriga os alunos a posturas cifóticas mantidas  [64, 268]. 
Num  estudo  longitudinal  ao  longo  de  dez  anos,  em  que  Widhe  et  al  acompanharam  cerca  de  90 
adolescentes suecos, constatou‐se um aumento da postura cifótica [89]. 
Pope et al consideraram igualmente que o mobiliário deverá permitir ajustamentos, uma vez 
que as posturas estáticas e contínuas apresentam‐se como factores de risco associados à ocorrência 

45 
 

de  dor  lombar.  Os  autores  destacaram  ainda,  que  a  posição  de  pé  estática  e  mantida  por  longos 
períodos, também esteve associada ao aparecimento de lombalgia [264]. 
Observações  clínicas  efectuadas  em  sujeitos  com  lombalgia  em  todas  as  idades,  mostraram 
que  muitos  desenvolvem  alterações  posturais  que  se  tornaram  persistentes  e  que  as  queixas 
aumentaram  quando  permaneceram  na  posição  de  sentado.  Indivíduos  com  lombalgia, 
frequentemente referem intolerância à posição de sentado e, a severidade da sua dor, é normalmente 
inversamente proporcional à capacidade de mudar a postura enquanto sentados. Mesmo indivíduos 
sem história de lombalgia podem referir dor e/ou desconforto durante a posição de sentado de forma 
prolongada. 
O  mobiliário  adaptado  e  adequado  das  escolas  tem  atraído  grande  interesse  nos  últimos 
anos,  uma  vez  que  as  investigações  têm  apontado  para  o  aumento  da  dor  cervical  e/ou  dor  nos 
ombros e da dor lombar entre os jovens/adolescentes  [47, 128]. Uma das possíveis explicações para este 
facto, poderá ser a manutenção de posturas desfavoráveis na posição de sentado, por longos períodos 
de  tempo  durante  as  aulas,  particularmente  quando  combinado  com  o  aumento  do  tempo  que  o 
aluno  passa  ao  computador  e  a  jogar  video‐jogos  em  casa  e  ainda  quando  predomimam  os  hábitos 
sedentários. 
De  acordo  com  os  estudos  de  Saarni  et  al,  a  postura  de  sentado  estática  aumenta  o  stress 
sobre as estruturas articulares vertebrais, eleva a pressão intra‐discal lombar, particularmente quando 
a bacia se encontrava numa posição de báscula posterior, provocando a rectificação da lordose lombar 
ou mesmo cifose lombar  [273, 274]. Os estudos clássicos de Nachemeson, já indicavam resultados nesse 
sentido [275]. 
A degeneração dos discos intervertebrais também foi detectada entre jovens e adolescentes 
com 15 anos de idade, estando estes mais expostos à ocorrência de dor lombar [276‐280]. 
Também  Lord  et  al  investigaram  os  efeitos  da  posição  de  sentado  versus  posição  de  pé  na 
lordose  lombar  em  sujeitos  com  lombalgia  (n=109),  tendo  verificado  resultados  semelhantes.  Os 
autores  observaram  que  a  lordose  lombar  aumentava  em  média  44%,  entre  os  segmentos  L1‐S1, 
quando os pacientes se moviam da posição de sentado para a de pé; a lordose total (L1‐S1) e nos vários 
segmentos (L2‐S1, L3‐S1, L4‐S1 e L5‐S1) era claramente menor na posição de sentado (34º em L1‐S1 vs 49º 
em  L1‐S1);  o  aumento  da  pressão  intra‐discal  lombar  estaria  assim  relacionado  com  a  diminuição  da 
lordose lombar fisiológica na posição de sentado. Os autores referiram ainda efeitos na diminuição da 
pressão intra‐discal lombar, se colocassem um suporte lombar na posição de sentado (repor e apoiar 
lordose lombar fisiológica), o que normalizava os valores da pressão intra‐discal [281]. 
No mesmo sentido, Williams et al referiram que o factor mais importante na dor lombar era a 
manutenção da posição de sentado por longos períodos, que levava à diminuição do ângulo entre o 
tronco  e  a  coxa  com  consequente  diminuição  da  lordose  lombar.  Neste  estudo  verificou‐se  que  um 
menor  número  de  queixas  lombares  estavam  relacionadas  com  a  utilização  de  um  rolo/suporte 
lombar [282]. 

46 
 

Linton  et  al  num  estudo  randomizado,  verificaram  uma  diminuição  das  perturbações 
músculo‐esqueléticas no grupo que utilizou mobiliário de sala de aula ergonómico, relativamente ao 
grupo de controlo, após a intervenção de seis meses [283]. Estes resultados enfatizam a necessidade e a 
importância  de  uma  boa  postura  e  material  adaptado  nas  salas  de  aula,  de  forma  a  atenuar  os 
sintomas músculo‐esqueléticos dos jovens alunos. 
No entanto, em sentido oposto vão os resultados de Troussier et al, ao comparar o design de 
dois tipos de cadeiras e de mesas utilizadas por 972 jovens com idades entre os dez e os 14 anos, não 
tendo  encontrado  diferenças  significativas  entre  os  dois  grupos  e  os  valores  de  prevalência  de  dor 
lombar. Porém, o mobiliário ergonómico era o preferido entre os alunos [84]. 
Saarni  et  al  verificarm  que  o  material  escolar  não  se  encontrava  adaptado  às  medidas 
antropométricas  dos  estudantes,  tendo  como  referências  a  altura  das  mesas,  altura  cotovelo‐solo, 
altura joelho‐solo e a altura das cadeiras. Na comparação entre a altura das cadeiras e das mesas e os 
standards/guidelines aplicados ao mobiliário escolar e seguidos pelo estudo, verificaram que as mesas, 
em  média,  eram  bastante  altas  e  as  cadeiras  muito  baixas  (diferenças  médias  de  6,8  cm  e  2,1  cm 
respectivamente),  relativamente  às  medidas  antropométricas  dos  alunos  observados.  Esta  situação 
levava a que os alunos adoptassem posturas desfavoráveis durante o período de aulas que poderiam 
ter efeitos ao nível do sistema músculo‐esquelético da coluna [273].  
O  facto  dos  estudantes  manterem  posições  de  flexão  do  tronco  mais  frequentemente  e/ou 
durante  mais  tempo,  do  que  uma  postura  com  a  manutenção  das  curvaturas  fisiológicas,  pode  ser 
explicada  em  parte,  pelo  facto  das  cadeiras  convencionais  não  promoverem  a  manutenção  da 
curvatura fisiológica lombar. 
Os autores defenderam que o objectivo de promover a ergonomia do mobiliário da  sala de 
aula,  seria  a  melhoria  da  postura  de  sentado,  mantendo  a  lordose  lombar  fisiológica,  de  forma  a 
reduzir  a  pressão  nos  discos  intervertebrais  lombares  e  minimizar  as  forças  noutras  estruturas  da 
região lombar. Uma concepção inadequada das cadeiras e/ou mesas leva a um desequilíbrio e a uma 
maior  cifose  da  região  lombar,  exigindo  maior  controlo  muscular  para  manter  a  estabilidade  e  a 
postura de sentado [273]. 
Pope et al salientaram que a postura de flexão exagerada na posição de sentado, modificaria 
a linha de acção dos extensores da coluna vertebral com efeitos na redução da sua eficiência e, desse 
modo, contribuiria para o aumento do risco de disfunções lombares [264]. 
Murphy  et  al  analisaram  o  padrão  de  ocorrência  da  dor  lombar  (localização,  intensidade  e 
severidade)  em  63  alunos  com  idades  entre  os  11  e  os  14  anos,  cruzando‐o  com  variáveis  como  a 
intensidade, duração e frequência da posição de sentado. Cerca de 44% dos alunos (n=29), referiram 
dor  lombar  no  mês  que  antecedeu  a  observação  e  25,8%  (n=17)  na  semana  anterior,  considerando 
que uma longa duração da aula (mais de uma hora) estava significativamente associado ao aumento 
de  ocorrência  de  dor  lombar  no  mês  anterior.  Por  outro  lado,  uma  grande  percentagem  do  tempo 
dispendido com o tronco flectido a mais de 20º, estava significativamente relacionado com os relatos 
de  dor  lombar  ocorridos  na  semana  anterior  à  observação.  Apesar  da  reduzida  dimensão  desta 

47 
 

amostra,  os  autores  defenderam  que  havia  uma  associação  entre  a  longa  duração  das  aulas  e  a 
ocorrência de dor lombar nos meses anteriores ao estudo [133].  
Então, porque não implementar momentos de pausa, uma vez que esta situação já é sugerida 
a  trabalhadores  no  seu  local  de  trabalho,  em  que  é  aconselhado  não  permanecer  na  posição  de 
sentado mais do que quatro horas, estabelecendo‐se a regra de pausa em cada 45 – 50 minutos de 
trabalho?  Deste  modo,  deveria  ser  dado  aos  estudantes  o  mesmo  conselho,  de  não  permanecerem 
sentados por longos períodos de tempo sem realizarem pausas. 
No mesmo estudo de Murphy et al foi referido ainda, que o material de sala de aula não se 
encontrava adaptado às características antropométricas dos estudantes, em que as cadeiras e mesas 
eram muito baixas ou muito altas em relação às dimensões físicas dos alunos [133]. 
Na  mesma  linha  de  investigação, Murphy et  al  verificaram  novamente que  o  mobiliário  das 
salas  de  aula  não  estava  adaptado  aos  alunos  e  mantinha‐se  uma  associação  significativa  com  a 
ocorrência de dor lombar. Mais ainda, salientaram que as crianças que adoptavam posturas estáticas 
em  flexão  anterior,  por  longos  períodos  de  tempo,  desenvolviam  rapidamente  fadiga  muscular  dos 
músculos do tronco e que essa condição podia estar associada às queixas de dor nas costas [128]. 
Em  resultado  destes  dois  estudos,  esta  equipa  de  investigadores  sugeriu  que  o  mobiliário 
escolar desajustado poderá contribuir para o início de lombalgia entre os adolescentes. Tal situação, 
terá implicações sérias para o futuro [128, 133]. 
Também já referimos anteriormente, que um dos factores preditivos mais significativos para a 
ocorrência da dor lombar é a presença de história anterior de dor lombar, pelo que quanto mais cedo 
essa condição ocorrer maior será o risco de se repetir e/ou de evoluir para situações recorrentes ou 
mesmo crónicas. 
Estas  conclusões  têm  implicações  para  as  escolas  em  termos  de  organização  de  espaços 
escolares  (salas  de  aula,  espaços  de  estudo,  mobiliário  e  equipamentos  de  apoio),  de  programas 
curriculares,  de  horários  escolares,  de  actividades  complementares  e  devem  envolver  toda  a 
comunidade educativa (jovens e suas familias, professores) e os profissionais de saúde. 
Nesta  condição  de  dor  e/ou  disfunção  lombar,  torna‐se  mais  relevante  a  compreensão  dos 
factores de risco a ela associados, quando se verifica que existe uma grande proporção de adultos a 
sofrer de lombalgia desde o período de adolescência ou desde os 20 anos de idade [2, 169]. 
O problema de as escolas apresentarem mobiliário das salas de aula inapropriado é geral, mas 
provavelmente  ainda  pouco  reconhecido  pelas  mesmas  e  entre  os  políticos  que  podem  atribuir 
recursos  às  instituições  de  ensino  para  a  aquisição  de  novo  e  adequado  material  de  sala  de  aula 
(cadeiras e mesas reguláveis). No entanto, é necessária mais investigação para se analisar a associação 
destas  variáveis  com  a  manutenção  de  posturas  desfavoráveis  durante  as  aulas  e  o  padrão  de 
ocorrência de dor lombar ou dor cervical entre os jovens [273]. 
Vários  estudos  mostraram  uma  associação  positiva  entre  a  ocorrência  de  dor  lombar  e  a 
posição de sentado [3, 61, 71, 188].  

48 
 

De acordo com o estudo do tipo coorte realizado por Nissinen et al, das 55,6% crianças que 
referiram  dor  lombar,  30,2%  referiram  a  posição  de  sentado  como  o  factor  agravante  da 
sintomatologia [71].  
Da  mesma  forma,  Troussier  et  al  num  estudo  com  1.178  jovens  franceses,  verificaram  que 
41,6% dos jovens reportaram sentir a dor lombar enquanto estavam sentados na sala de aula. Cerca 
de 69,5% dos sujeitos referiram o início da dor lombar após uma hora na posição de sentado, e que a 
intensidade  da  dor  aumentava  com  a  manutenção  dessa  postura  por  mais  tempo  [3].  Os  mesmos 
autores, num estudo realizado em 1999 obtiveram resultados semelhantes [84]. 
Grimmer  &  Williams  referiram  que  os  jovens  que  permaneciam  na  posição  de  sentado  por 
longos  períodos  de  tempo,  mesmo  depois  do  tempo  de  aulas,  tiveram  um  risco  acrescido  de 
aparecimento de dor lombar ou de agravamento da mesma, se esta já existisse [188].  
Watson  et  al  verificaram  que  o  transporte  de  cargas  externas  (por  exemplo  a  mochila  da 
escola  em  65%  dos  casos)  e  a  posição  de  sentado  durante  as  aulas  (53%)  foram  as  actividades  que 
causaram grandes dificuldades funcionais aos alunos que reportaram dor lombar [96]. 
É de salientar o estudo realizado por Salminen et al, no qual se encontrou uma prevalência de 
20% em 370 alunos finlandeses, nos quais seis em cada dez dos jovens sintomáticos associava a dor à 
posição de sentado. Diferenças significativas foram encontradas entre a prevalência de dor lombar e a 
manutenção da posição de sentado, quando comparado com a manutenção da posição de pé, deitado 
ou a andar [61].  
Num  outro  estudo,  Salminen  et  al  verificaram  que  38,9%  dos  jovens  com  dor  lombar 
consideravam  que  permanecer  na  posição  de  sentado,  por  mais  de  30  minutos  na  sala  de  aula, 
aumentava gradualmente a intensidade da dor lombar reportada [65]. 
Tendo em conta a variabilidade das dimensões antropométricas que existe na população de 
estudantes,  estes  são  diariamente  expostos  a  mobiliário  de  sala  de  aula  fixos  e  standardizados  ao 
longo  da  sua  vida  escolar,  sem  a  mínima  possibilidade  de  ajustamentos  individuais.  Este  facto, 
associado ao tempo que dispendem na postura de sentado durante o período de aulas, constitui um 
risco elevado para o desenvolvimento de sintomas músculo‐esqueléticos [284]. 
Alguns destes estudos citados, acrescentaram ainda a influência de um leque de factores, tais 
como,  diferenças  na  maturação  músculo‐esquelética,  factores  psicossociais  e  a  influência  das 
actividades extra‐académicas, na capacidade de os jovens estudantes em tolerar o stress de posturas 
estáticas e prolongadas. 
Milanese & Grimmer verificaram que os estudantes mais altos apresentaram maior risco de 
aparecimento  de  dor  lombar,  pois  são  os  que  apresentaram  maior  discrepância  entre  as  suas 
dimensões  antropométricas  e  o  mobiliário  escolar.  Por  isso,  sugerem  uma  associação  entre  o 
mobiliário  escolar  e  o  aparecimento  de  sintomas  lombares  nos  adolescentes,  reforçando  a 
necessidade de desenvolver investigação no sentido da adaptação ergonómica do espaço escolar e da 
implementação de estratégias de prevenção [284]. 

49 
 

A  manutenção  da  posição  de  sentado  por  longos  períodos  de  tempo  constitui  assim,  um 
factor  de  risco  associado  ao  aparecimento  e/ou  agravamento  da  dor  lombar,  o  que  deve  suscitar 
investigação centrada na análise de estratégias de prevenção. 
Balagué et al realizaram o primeiro estudo que visava a implementação de um programa de 
prevenção educacional da dor lombar num período de três anos, em 1755 jovens suíços, tendo obtido 
uma redução significativa da utilização de cuidados médicos em virtude das dores lombares [285].  
Cardon  et  al  analisaram  a  eficácia  de  um  programa  de  educação  postural  em  crianças  com 
idades  entre  os  nove  e  os  11  anos,  que  envolvia  seis  sessões,  cada  uma  de  uma  hora  de  duração, 
tendo  verificado,  cerca  de  três  meses  depois,  elevados  scores  de  conhecimento  do  que  tinha  sido 
leccionado e mudanças de comportamento postural durante as aulas [286]. 
No  mesmo  sentido,  Cardon  et  al  verificaram,  após  a  implementação  de  um  programa  de 
educação  postural  durante  um  ano,  uma  redução  considerável  nas  percentagens  de  prevalência  de 
dores nas costas – de 31,9% para 23,3%, em comparação com o grupo de controlo (grupo que não foi 
sujeito  ao  programa)  –  28,1%  para  29,9%.  Estes  autores  concluíram  que  os  princípios  de  educação 
postural  foram  implementados  pelas  crianças  e  que  a  educação  postural  desempenhava  um  papel 
importante na diminuição dos valores de prevalência de dores nas costas, após um ano de formação. 
Defenderam que a implementação precoce deste tipo de programas de educação postural, poderia ter 
um importante papel de prevenção das dores nas costas nas idades adultas, apesar de reconhecerem 
a inexistência de guidelines específicas, e a necessidade de se estudar a eficácia desses programas nas 
crianças e adolescentes [287]. 
Da  mesma  forma,  Geldhof  et  al  procuraram  investigar  os  efeitos  da  aplicação  de  um 
programa  multifactorial  de  educação postural,  englobado  no  curriculum  escolar  em  adolescentes  de 
13/14 anos de idade, tendo verificado vários aspectos interessantes [288, 289] : 
a) Elevados scores sobre o conhecimento geral e específico da postura; 
b) Dois anos após o fim do programa, na escola, 96% dos alunos lembravam‐se das sessões 
de  educação  postural  (70%  lembrava‐se  de  “muito”  a  “tudo”  das  sessões;  29%  lembrava‐se  apenas 
“um pouco” daquilo que foi dado nas sessões; e apenas um aluno referiu não se lembrar de “nada”); 
c) 55% dos alunos referiu utilizar os princípios para uma postura adequada “a maior parte 
das vezes”; 35% só “às vezes”; 9% “ raras as vezes” e apenas 1% mencionaram “nunca” terem usado 
os princípios leccionados nas sessões de educação; 
d) Cerca  de  31%  dos  alunos  declarou  ter  atenção  à  sua  postura  de  sentado  durante  o 
período de aulas e durante o tempo de estudo em casa; 
e) Grande parte dos alunos afirmou incluir aspectos posturais para prevenir o excesso de 
carga ao nível da coluna vertebral enquanto na posição de sentado (apoio de costas – 68%; suporte de 
braços – 59% e apoio de pés – 68%); 
f) Os  alunos  mencionaram  que  a  utilização  de  material  ergonómico  não  foi  aplicável  nas 
suas escolas; 

50 
 

g) Verificou‐se  também  que  não  existiu  uma  relação  significativa  entre  a  redução  de 
queixas dolorosas ao nível da coluna lombar ou da coluna cervical com a implementação do programa 
de  educação  postural,  mas  salientou‐se  o  facto  de  não  se  ter  verificado  qualquer  aumento  dessas 
queixas.  
Neste contexto, é necessária mais investigação que permita compreender o impacto directo 
da  prevenção  primária  na  prevalência  de  dor  lombar  entre  os  jovens,  uma  vez  que  são  escassos  os 
estudos nesta área, de forma a poder‐se implementarem linhas orientadoras específicas.  
No  entanto,  os  autores  citados  atrás,  consideraram  que  este  tipo  de  iniciativas  se  torna 
importante para que haja uma informação adequada sobre o comportamento postural a adoptar, pois 
é  uma  condição  necessária  para  o  desenvolvimento  de  um  estilo  de  vida  consciente  e  saudável,  do 
ponto  de  vista  da  biomecânica  corporal.  Consideraram  ainda  que  deverá  ser  realizada  mais 
investigação  a  longo‐termo neste  âmbito, de  forma  a  identificar  o  impacto  da  educação  postural  na 
vida adulta destes adolescentes [288]. 
Porém  Trevelyan  &  Legg,  apresentaram  como  limitação  na  maioria  dos  estudos  efectuados 
em ambiente escolar, o facto de terem uma reduzida duração de intervenção, pelo que os efeitos dos 
programas de longa‐duração permanecem desconhecidos. Os autores salientaram ainda a necessidade 
de se investigar a forma como esses programas alteram de facto as práticas quotidianas dos alunos em 
termos  de  comportamento  postural,  e  não  questionar  apenas  se  as  conhecem  e/ou  se  as  adoptam 
[135]

Várias  intervenções  foram  preconizadas  na  prevenção  da  dor  lombar.  As  mais 
frequentemente  salientadas  por  Linton  &  Tulder,  foram  os  programas  de  educação  postural,  a 
utilização  de  suportes  lombares,  o  exercício  físico  e  intervenções  ergonómicas.  Estas  últimas  têm 
vindo a ser utilizadas, sem ter sido avaliada convenientemente a sua eficácia. Este estudo sugere que 
apenas o exercício físico se apresenta como uma forma de intervenção preventiva eficaz [290]. 
Outro factor relacionado com a dimensão ocupacional na população juvenil é o transporte de 
mochilas que tem sido referido como um importante factor a considerar no respeitante à ocorrência 
de  dor  lombar  na  adolescência  ou  num  tempo  posterior  [53‐55,  93,  110,  115,  126,  129,  140,  267],  a  ponto  de 
pesquisas relacionadas com esta variável terem proposto a adopção de medidas de “higiene postural” 
e a assunção de modos alternativos de transporte dos materiais escolares. 
Actualmente  a  mochila  escolar  é  um  objecto  largamente  utilizado  pelos  estudantes,  pelo 
facto  de  necessitarem  de  levar  para  a  escola  diversos  livros,  cadernos  e  utensílios,  material  de 
desporto, de desenho, merendas, etc.  
  Apesar  de  existirem  inúmeras  vantagens  de  utilizar  as  mochilas  escolares  como  forma  de 
transportar  os  materiais  necessários  para  a  escola,  quando  estas  são  mal  transportadas,  ou 
transportam peso a mais, podem influenciar a postura dos jovens, com impactos a diversos níveis. 
  De uma forma geral atribui‐se, entre outros, ao transporte de elevadas cargas nas mochilas 
escolares algum papel no aparecimento de dores nas costas, embora vários autores referiram que essa 

51 
 

associação  não  é  directa  nem  exclusiva,  devido  a  existirem  potencialmente  um  grande  número  de 
factores condicionantes no sistema musculo‐esquelético dos adolescentes [93, 267, 291, 292]. 
  Segundo  Guyer,  algumas  lesões  na  coluna  lombar,  resultantes  do  transporte  incorrecto  das 
mochilas  escolares,  podem‐se  prolongar  por  uma  vida  inteira,  ficando  então  os  indivíduos  mais 
vulneráveis a novas lesões provocadas por outros factores mecânicos, como uma má postura, sapatos 
de tacão alto, levantamento de pesos de uma forma incorrecta, doença e acidentes [293]. 
O  facto  das  crianças  transportarem  as  mochilas  com  peso  excessivo,  pode  originar 
precocemente,  inadequados  hábitos  posturais.  Quando  as  crianças  ou  adolescentes  transportam 
mochilas escolares muito pesadas, com um peso 10% superior à sua massa corporal, tendem a inclinar 
o  tronco  para  a  frente,  “enrolando”  os  ombros  devido  ao  peso  da  mochila  as  “puxarem”  para  trás 
(existe uma deslocação do centro de gravidade para trás que é proporcional ao peso transportado na 
mochila), o que coloca demasiado stress na coluna e nos ombros, causando fadiga muscular e elevada 
tensão  nestas  estruturas  [267,  293‐295].  Estas  posturas  adaptativas  causam  alterações  no  alinhamento 
postural podendo originar por efeito cumulativo, cargas excessivas nas estruturas vertebrais e fadiga 
muscular potencialmente geradoras de dor lombar. 
O estudo de Negrini & Carabalona, envolvendo 237 alunos italianos do 6º ano (11,6 anos de 
idade  média)  verificaram  que  79,1%  das  crianças  sentiam  que  as  mochilas  escolares  eram  pesadas, 
causando  fadiga  em  65,7%  dos  casos  e  dores  na  coluna  vertebral  em  46,1%.  A  fadiga  sentida  pelas 
crianças durante o transporte das mochilas escolares esteve associada às dores referidas pelos alunos 
[93]
.  
Contudo, estes autores afirmaram que os resultados sugerem a existência de factores físicos e 
psicossociais que necessitam de ser investigados na sua interacção com o peso e forma de transporte 
das mochilas, salientando a natureza multifactorial da etiologia das lombalgias. Verificaram também, 
que a comunidade educativa (principalmente os professores), a organização dos sistema de ensino, os 
pais  e  os  jovens  alunos  desempenham  um  papel  muito  importante  na  determinação  do  peso  das 
mochilas. Como principal conclusão, defenderam uma redução do peso transportado pelos estudantes 
nas suas mochilas, pois excedia proporcionalmente os limites propostos para os adultos. 
  Wang et al analisaram 30 estudantes (15 rapazes e 15 raparigas com idade média de 24 anos) 
com  o  intuito  de  investigar  o  efeito  do  transporte  de  uma  mochila  escolar  carregada  com  15%  da 
massa corporal de cada sujeito, no padrão de marcha e nas forças de impacto acumuladas em duas 
cadências  da  marcha.  Concluíram  que  quando  os  alunos  transportavam  uma  mochila  com  15  %  da 
massa corporal, relativamente à marcha sem transporte de qualquer mochila, existia uma diminuição 
na velocidade, uma diminuição do tempo de apoio unipodal e um aumento do tempo de duplo apoio. 
Os  impulsos  por  passo  aumentavam  significativamente  no  tempo  de  duplo  apoio  e  existia  uma 
diminuição significativa do tempo de apoio unipodal [296]. 
O  estudo  realizado  por Chansirinukor  et  al mostrou  que, transportar  a mochila  escolar  com 
ambas  as  alças  colocadas  nos  ombros,  produziu  um  menor  efeito  nos  ângulos  posturais  medidos.  O 
ângulo  craniovertebral  diminuia  após  os  sujeitos  transportarem  a  mochila  durante  cinco  minutos,  o 

52 
 

que indicia que o tempo que um sujeito transporta uma mochila pesada influencia a postura da coluna 
cervical superior e dos ombros. Os resultados revelaram que quando os adolescentes transportavam 
uma  mochila, com  um  peso correspondente  a  15%  da  massa  corporal nos  dois  ombros,  existiu  uma 
aumento da projecção da cabeça para a frente [297].  
  Grimmer et al investigaram a resposta do ângulo craniovertebral ao peso da mochila escolar e 
verificaram que havia uma projecção anterior da cabeça e diminuição do ângulo cranio‐vertebral em 
sujeitos na posição de pé com a mochila, quando comparados com individuos na mesma posição mas 
sem mochila. Esta alteração foi maior nos alunos mais novos [298]. 
No  estudo  de  Pascoe  et  al  analisou‐se  o  efeito  das  diferentes  formas  de  transporte  das 
mochilas  escolares  na  postura  e  na  marcha  de  dez  alunos  com  idades  entre  os  11  e  os  13  anos. 
Quando  a  criança  transportava  a  mochila  com  apenas  uma  alça  existia  uma  projecção  anterior  da 
cabeça, uma elevação do ombro (daquele que não levava a alça da mochila) e uma inclinação lateral 
da coluna, quando comparado com o padrão normal da criança sem mochila. Constataram ainda que o 
tronco sofria uma inclinação anterior de forma a compensar o peso colocado nas mochilas (17% em 
média  da  massa  corporal  do  sujeito),  implicando  uma  alteração  no  padrão  de  marcha  (passos  mais 
pequenos e maior cadência no ciclo de marcha) [295]. 
  Apesar  dos  vários  estudos  sugerirem  que  o  transporte  de  mochilas  escolares  com  cargas 
excessivas e/ou as diferentes formas de transporte, provocavam alterações na postura dos indivíduos, 
existe a necessidade de desenvolver mais investigação com o objectivo de determinar o limite de peso 
aconselhável a levar dentro da mochila e dar as melhores recomendações sobre a melhor forma de as 
transportar. 
  Por  outro  lado,  não  se  deve  isolar  este  factor  dos  restantes  enunciados  anteriormente.  Um 
mesmo rácio entre carga da mochila/massa corporal, para dois jovens com hábitos de vida distintos 
(sedentário Vs atleta ou praticante regular de actividade física) ou de diferentes idades maturacionais 
pode  ter  efeitos  bem  distintos.  Também  a  este  nível  é  necessário  contextualizar  as  análises  nas 
diferentes dimensões do problema. 
 
 
 
2.4.5. Síntese sobre os factores de risco associados à lombalgia em jovens 
 
Como vimos anteriormente, os factores de risco associados à lombalgia, independentemente 
das  faixas  etárias  e/ou  dos  grupos  populacionais  estudados,  não  devem  ser  entendidos  como 
entidades  separadas  e  exclusivas  na  origem  das  dores  lombares.  Na  realidade,  coexistem  sempre 
diversas variáveis, interagindo e influenciando‐se mutuamente, mostrando que as lombalgias têm uma 
etiologia multifactorial. 

53 
 

Apesar  de  não  haver  um  consenso  absoluto  entre  os  autores,  relativamente  a  algumas 
variáveis,  os  factores  de  risco  associados  às  dores  lombares  nos  jovens,  têm  sido  principalmente  os 
seguintes: 
a) Idade e género; 
b) Estadio  maturacional,  período  de  crescimento  rápido  e  “época”  de  transformações 
psicossociais  acentuadas.  Diferentes  rítmos  de  crescimento  e  de  desenvolvimento  das  estruturas 
músculo‐esqueléticas,  coexistem  num  “corpo”  em  transformação  e  “aprendizagens  aceleradas”. 
No entanto, e paradoxalmente, o perfil maturacional dos jovens e a sua eventual associação com 
as  dores  lombares  não  tem  sido  explorado  com  detalhe  nos  estudos  anteriormente  citados  na 
revisão da literatura; 
c) Variáveis  relacionadas  com  dimensões  físicas  (IMC,  altura)  e  funcionais  (postura,  força 
muscular, mobilidade da coluna e flexibilidade); 
d) Alterações  posturais  e/ou  hábitos  posturais  e  factores  ergonómicos  relacionados  com  as 
actividades lectivas e de lazer (p.ex estar sentado a estudar ou a jogar jogos electrónicos); 
e) Estilos  de  vida  com  rotinas  e  hábitos  de  actividade  física  e/ou  desportiva  ausentes  ou 
irregulares; 
f) Factores psicológicos relacionados com o autoconceito e com a afirmação do “eu”; 
g) História anterior de dor lombar; 
h) História familiar de lombalgias e contexto socio‐familiar. Estado de saúde geral; 
i) Factores ambientais relacionados com o contexto escolar e/ou desportivo. 
 
Contudo deve‐se reconhecer que: 
(1) os  factores  “intrínsecos”  e  “extrínsecos”  que  predispõem  as  crianças  e  adolescentes  à 
lombalgia,  durante  o  período  de  crescimento,  são  ainda  insuficientemente  conhecidos  e 
pouco exploradas as suas interacções; 
(2) continua  por  se  explicar  a  relação  entre  a  lombalgia  na  juventude  e  as  lombalgia  na  vida 
adulta dos indivíduos. 
 
 
2.5. Dor lombar e desafios à sua avaliação 
 
  A dor é uma vivência, um fenómeno eminentemente subjectivo. Além de sensação, é também 
percepção matizada pela personalidade de quem sofre e pelos contextos sociais que a rodeiam.  
A dor é algo único, de difícil definição, e intrínseco ao próprio indivíduo. É sempre vivida na 
primeira pessoa, e só acessível a terceiros por aquilo que a própria pessoa comunica, verbalmente ou 
por outra forma [299].  

54 
 

  Para  além  dos  processos  neurofisiológicos  subjacentes  à  dor  e  da  vivência  eminentemente 
subjectiva que transforma a sensação em percepção e esta em emoção, a dor é igualmente modelada 
pelo contexto socio‐cultural em que a pessoa está inserida 
  A  sensibilidade  dolorosa,  ao  contrário  de  outras  modalidades  sensitivas,  caracteriza‐se  por 
uma  grande  versatilidade  de  expressão.  Múltiplos  factores,  desde  o  estado  de  atenção  ao  stress, 
passando pela memória de experiências passadas, a concomitância de outros estímulos, dolorosos ou 
não,  ou  o  contexto  volitivo,  interferem  no  modo  como  um  determinado  acontecimento  nocivo  é 
percebido e no tipo de reacções que origina. Refere‐se ainda o contexto afectivo que é característico 
de  qualquer  experiência  dolorosa  e  determinante  no  modo  como  a  dor  é  percebida  na  situação  em 
curso e em experiências futuras [300]. 
  Segundo Diamond & Coniam a dor não é como as outras modalidades sensoriais. Não é uma 
única sensação mensurável, como a luz e o som; é uma experiência, cuja natureza depende não só da 
natureza dos estímulos, mas também da programação dos mecanismos de percepção da dor e da sua 
interpretação  cerebral.  Não  existe  uma  única  via  no  sistema  nervoso  que  seja  responsável  pela 
percepção da dor, mas sim uma resposta integrada de vários mecanismos neurofisiológicos [301].  
  No  entanto,  a  dor  não  é  um  fenómeno  de  simples  causa‐efeito.  Para  além  do  estímulo, 
qualquer  que  seja,  e  da  transmissão  da  sensação  evocada,  existe  um  sofrimento  subjacente,  cuja 
dimensão  e  significado  varia  de  indivíduo  para  indivíduo,  assim  como  no  mesmo  indivíduo  poderá 
variar  em  circunstâncias  diferentes.  A  atitude  socialmente  aceite  em  relação  à  dor  varia  também 
através  do  tempo,  do  local  e  dos  costumes.  Por  exemplo  nalguns  povos  asiáticos  é  cultivado  o 
estoicismo e nalguns povos africanos existe alguma passividade em relação à dor. Estes e outros são 
exemplos da ambivalência que todos nós sentimos em relação ao fenómeno dor [300]. 
Já  Melzack  &  Wall  explicaram  que  a  intensidade  e  a  natureza  da  dor  são,  também 
influenciados, pelas experiências anteriores, pelas recordações que delas temos e pela capacidade de 
compreender  as  suas  causas  e  consequências.  O  próprio  contexto  socio‐cultural  desempenha  um 
papel essencial na maneira como sentimos, lidamos e reagimos à dor [302, 303]. 
  A dor está presente em todo o ciclo vital, assumindo‐se como uma vivência eminentemente 
subjectiva,  um  fenómeno  complexo  e  multidimensional.  Invoca  emoções,  percepções,  muitas  vezes 
incapacitantes, que traduzem o sofrimento, a incerteza, o medo da incapacidade, da desfiguração e da 
própria  morte;  e  a  preocupação  com  perdas  naturais  e  sociais,  são  alguns  dos  componentes  do 
contexto  de  traços  que  descrevem  a  relação  doente‐dor.  Desta  forma,  poderá  dizer‐se  que  não 
depende  apenas  de  uma  lesão  orgânica,  mas  de  todo  um  vasto  conjunto  de  determinantes  que 
rodeiam o indivíduo [299]. 
  De facto, qualquer pessoa em determinada altura da sua vida vivenciou uma experiência de 
dor, e no entanto é difícil encontrar uma definição que agrade a todas e englobe todas as condições.  
  McCaffery definiu a noção de dor como “tudo o que a pessoa, diz que sente, diz que é, e existe 
sempre que a pessoa o diz”  [304]. Também Melzack descreveu a dor como “uma experiência altamente 

55 
 

pessoal e variável que é influenciada pela cultura, pelos conhecimentos, pelo sentir da situação e por 
outras actividades cognitivas” [302, 303]. 
  Podemos  encontrar  uma  definição de dor  na  International  Association for  the Study  of Pain 
(IASP)  (http://www.iasp‐pain.org)  como  “uma  experiência  sensitiva  e  emocional  desagradável 
associada a lesão tecidular potencial ou actual ou descrita como tal”.  
  A  dor  é  um  experiência  pessoal,  na  qual  pesam  factores  fisiológicos,  vivências  passadas,  a 
educação do indivíduo e a personalidade própria de cada um. A definição destaca duas componentes, 
a  sensorial  e  a  emocional,  correspondendo  a  primeira  ao  estímulo  doloroso  propriamente  dito  e  à 
segunda,  a  resposta  associada  à  carga  negativa  ligada  à  experiência.  Ressalva,  ainda,  a  não 
correspondência entre o estímulo e a dor sentida. Ou seja, o mesmo estímulo poderá ser classificado 
de diferentes maneiras por diversos indivíduos em contextos também distintos  
A dor pode ser um dos problemas mais incapacitantes, intrigantes e de maior incidência na 
saúde.  A  dor  é  uma  experiência  universal  e  não  uma  doença  [21]  embora  esteja  associada  à  doença, 
lesões e/ou disfunções. 
Para uma avaliação mais detalhada da dor é importante que o profissional de saúde e todos 
aqueles  que  procuram  investigar  qualquer  tipo  de  dor,  tenham  em  conta  todo  um  conjunto  de 
variáveis e características individuais, tais como, a idade, o género, a raça, a etnia, os valores pessoais, 
as  experiências  anteriores  de  dor,  a  educação,  o  meio  socio‐cultural,  as  patologias  ou  lesões 
associadas, entre outras. São todos estes factores que tornam o ser único, bem como a sua dor. 
A palavra “dor” representa uma categoria de experiências, que significam uma multiplicidade 
de  vivências  que  têm  diferentes  causas  e  que  podem  ser  caracterizadas  de  múltiplas  formas, 
consoante as dimensões mais afectadas: fisiológica ou sensorial, afectiva, cognitiva e comportamental 
[303] 
A  diversidade  das  “experiências  de  dor”,  explica  a  impossibilidade  de  se  definir  de  forma 
satisfatória, única e objectiva esse fenómeno. 
 
A  dor  lombar  é  como  qualquer  outro  tipo  de  dor,  uma  complexa  experiência  subjectiva 
multidimensional  onde  as  várias  componentes  se  influenciam  entre  si.  Lackner  &  Carosella 
descreveram‐na  como  uma  desordem  complexa  com  componentes  neurofisiológicos,  cognitivos  e 
emocionais, que apresenta uma natureza multifactorial [305]. 
Se  não  podemos  definir  a  dor,  poderemos  talvez  caracterizá‐la.  A  dor  é  mais  do  que  uma 
sensação,  mais  do  que  uma  resposta  fisiológica,  mais  do  que  um  estado  emocional  ou  um 
comportamento. É uma experiência individual única e específica de cada situação ou contexto, que é 
mais ou menos valorizada por um código de referências também individual e personalizado. 
  Deste modo, podemos afirmar que é de facto um desafio sempre “inacabado e imperfeito”, 
caracterizar  e  descrever  essa  experiência  multidimensional,  em  poucas  palavras  ou  quantificá‐la  em 
números ou dados mensuráveis. 

56 
 

Von Korff et al tentaram sistematizar e discutir as dificuldades relacionadas com o processo 
de medir e descrever metodologicamente essa experiência complexa que é “sentir dores” na coluna 
lombar [12, 35]. 
Na  perspectiva  da  investigação,  estes  autores  recomendaram  a  utilização  de  instrumentos 
que obedeçam aos seguintes requisitos: 
a) devem possuir validade de conteúdo; 
b) devem ser específicos da condição em estudo; 
c)  devem  ser  avaliados  de  forma  crítica  por  investigadores  treinados  e  com  experiência 
anterior  em  aplicar  esses  instrumentos  de  forma  a  relacioná‐los  com  outros  tipos  de 
instrumentos; 
d) a fidedignidade dos instrumentos deve ser apropriada para uma análise estatística; 
e) pode ser suficiente assegurar a fiabilidade intra‐observador; 
f) devem possibilitar inferências externas. 
 
Por  último,  a  expressão  da  dor  como  experiência  individual,  por  parte  dos  sujeitos,  é  ainda 
complicada e influenciada por dois factores adicionais: 
1. É sujeita a variações relacionadas com a memória dessas experiências e com o “tempo de 
recuo” relativamente às mesmas; 
2.  A  forma  como  a  dor  é  sentida  e  subsequentemente  descrita  é  mediatizada  por  um 
conjunto de factores de natureza linguística que dependem dos níveis socio‐culturais dos sujeitos e da 
idade dos mesmos. 

    A dor lombar como fenómeno subjectivo e multidimensional, vivenciada e “experimentada” 
por  cada  sujeito,  encontra‐se  muito  dependente  da  memória  que  o  mesmo  tem  sobre  as  situações 
vividas e sobre o impacto na sua vida pessoal, familiar e profissional. 
    Provavelmente,  quanto  mais  retardada  for  essa  vivência,  e  sobretudo,  se  teve  um  reduzido 
impacto  na  sua  vida  pessoal,  pode  ser  mesmo  esquecida  ou  desvalorizada.  Assim,  podemos  ter 
situações  de  lombalgia  “benigna”  que  não  são  relatadas  e/ou  valorizadas  pelos  sujeitos, 
particularmente quando são reportadas a períodos de tempo muito atrasados. 
    Por  outro  lado,  quando  a  experiência  das  dores  lombares  é  muito  recente,  e  sobretudo,  se 
teve  efeitos  directos  na  vida  dos  indivíduos,  os  relatos  dessas  experiências  poderão  ser  “mais 
valorizados e inflacionados” na sua caracterização, em termos de intensidade de dor reportada e de 
efeitos na vida dos sujeitos. 
Será  útil  estarmos  conscientes  destas  condicionantes,  mas  parece‐nos  que  não  há  outras 
metodologias  mais  objectivas  e  eficazes  para  traduzir  uma  vivência  essencialmente  subjectiva  em 
dados externos mensuráveis e objectiváveis. 

57 
 

Os  instrumentos  de  recolha  de  informação  mais  utilizados  nos  estudos  epidemiológicos  da 
lombalgia são os questionários que procuram caracterizar o fenómeno para além do simples registo da 
sua ocorrência.  
Estes  questionários  devem  reunir  o  conjunto  de  pré‐requisitos  e  abranger  de  forma 
sistemática e objectiva todas as variáveis relevantes sobre este fenómeno [12]. 
    Em termos de conteúdo, as linhas de pesquisa sobre a lombalgia deverão dar a informação 
possível e adequada para responder a questões como: quando apareceu a lombalgia ? como e porquê 
surgiu a dor lombar? que intensidade atingiu e quais os locais afectados? quais os efeitos da lombalgia 
na vida do indivíduo? Como tem evoluído a condição? 
Von  Korff  [12],  Burton  et  al  [73]  e  Salminen  et  al  [49,  149,  306]  entre  outros,  descreveram  os 
conteúdos essenciais para a caracterização mais detalhada das dores lombares: 
a) idade em que ocorrem as primeiras queixas; 
b) frequência dos episódios de lombalgia;  
c) intensidade das dores lombares, medida pela escala visual análoga da dor (EVA); 
d) a localização das dores de costas por uma “descrição directa” num desenho do corpo humano 
visto de frente e de perfil; 
e) actividades funcionais que agravam e/ou originam as dores lombares; 
f) causas  directas  e  indirectas  percepcionadas  pelos  sujeitos  como  desencadeadoras  das 
lombalgias; 
g) necessidade de consulta e/ou tratamentos; 
h) evolução da condição. 
 
Na  metodologia  será  caracterizada  a  definição  de  lombalgia  utilizada  no  presente  estudo  e 
descrito de forma pormenorizada, o instrumento desenvolvido e aplicado. 

 
   

58 
 

 
3. METODOLOGIA 
 
 
3.1. Tipo de estudo e objectivos  
 
Este estudo realizou um levantamento epidemiológico, prospectivo, longitudinal, descritivo 
(tipo survey, também designado por descritivo normativo), com uma componente preferencialmente 
correlacional e descritiva e uma componente de análise preditiva e interpretativa. 
    Teve como objectivos principais: 
    1) determinar a prevalência e incidência de dores lombares, caracterizando o seu padrão de 
ocorrência, em jovens adolescentes com idades entre os 11 e os 17 anos, ao longo de um período do 
seu crescimento.; 
    2)  analisar  a  associação  entre  comportamento  da  dor  lombar  ao  longo  do  tempo  e  as 
características biomorfológicas e psicossociais desses sujeitos. 
 
Neste  contexto,  a  partir  de  uma  população  de  jovens  adolescentes  e  mediante  o 
consentimento informado por parte dos pais e/ou encarregados de educação e da autorização de duas 
escolas da região de Lisboa onde decorreram as avaliações, procedeu‐se ao levantamento de dados ao 
longo de dois anos lectivos, através de uma avaliação inicial que se repetiu mais duas vezes com um 
intervalo mínimo de seis meses entre cada avaliação (estudo longitudinal e prospectivo). 
Na sua dimensão correlacional, este estudo pretendeu caracterizar o padrão de ocorrência de 
lombalgia nas suas múltiplas vertentes – frequência, intensidade, duração, local, impacto da lombalgia 
na vida dos jovens – e explorar as eventuais associações com o género, a idade cronológica e desvio 
maturacional em relação ao pico de crescimento em altura e ainda com um conjunto de factores de 
natureza psicossocial, que incluem entre outros, os denominados níveis de actividade física, os hábitos 
tabágicos e um importante construto psicológico – o autoconceito.  
 
Podemos explicitar assim, os objectivos mais específicos deste estudo: 
1) Qual a associação entre a idade e o género com a ocorrência de lombalgia nos adolescentes 
com idades entre os 11 e os 17 anos ? 
2) Qual  a  associação  entre  as  variáveis  antropométricas  e/ou  funcionais  (altura,  massa 
corporal,  Indíce  de  Massa  Corporal  (IMC),  desvio  maturacional  em  relação  ao  pico  de 
velocidade de crescimento em altura, mobilidade lombar, força e flexibilidade musculares, 
presença  de  alterações  posturais  entre  outras)  e  a  ocorrência  de  lombalgia  nos 
adolescentes com idades entre os 11 e os 17 anos ? 

59 
 

3) Qual  a  associação  entre  variáveis  psicossociais  (autoconceito, hábitos tabágicos, níveis  de 


prática  de  actividade  física  e/ou  desporto,  escola  de  origem)  e  a  ocorrência  de  lombalgia 
nos adolescentes com idades entre os 11 e os 17 anos ? 
4) Qual  o  risco  relativo  estimado  e  o  factor  preditivo  de  cada  uma  das  variáveis  para  o 
aparecimento de dor lombar e/ou o seu comportamento ao longo do tempo, na população 
jovem analisada ? 
 
 
3.2. Variáveis e definições conceptuais dos termos 
 
Ao definirmos os objectivos deste estudo surgem‐nos vários conceitos centrais que, pela sua 
importância,  abrangência  e  multiplicidade  de  significados,  necessitam  de  ser  definidos 
operacionalmente, para que a sua referência procure ser tão objectiva quanto possível. 
Um  desses  conceitos  é  a  Lombalgia.  Neste  estudo,  e  à  semelhança  de  estudos  dentro  da 
mesma  temática  e  população,  definimos  lombalgias  ou  dores  lombres  como  “todas  e  quaisquer 
queixas dolorosas existentes na região lombar (parte inferior das costas) que tenham tido pelo menos 
uma duração de 24 horas. As dores nas costas poderão ter também espalhado‐se para as nádegas e 
para as pernas” [31‐34, 147, 307]. 
Explorámos  o  conceito  “Factores  de  risco”  como  “aqueles  factores  cuja  presença  está 
associada  a  uma  maior  probabilidade  de  que  determinada  doença,  lesão  ou  condição  venha  a 
desenvolver‐se” [308]. 
 
Relativamente  às  variáveis  biomorfológicas,  temos  o  género  (sexo  masculino  Vs  sexo 
feminino),  idade  cronológica  (idade  em  anos  completos),  a  massa  corporal  (peso  medido  em 
kilogramas)  e  a  altura  em  pé  e  a  altura  sentado  (medida  em  centímetros),  para  além  de  outras 
variáveis relacionadas com as dimensões corporais que serão descritas mais à frente (comprimentos, 
diâmetros e perímetros do tronco, membros superiores e inferiores).  
A partir das variáveis altura e massa corporal, foi calculado a Indíce de Massa Corporal (IMC) 
e ajustado à idade/género dos jovens, segundo a tabela de Cole et al, para calcular os casos de excesso 
de peso e obesidade Vs os jovens com peso normal [309]. 
A partir de algumas destas variáveis, também se definiu o conceito de “desvio maturacional” 
em relação ao pico de crescimento em altura, que será desenvolvido mais à frente (páginas 74 e 75). Este 
indicador foi calculado de acordo com Mirwald et al [310], e a partir das variações ao longo do tempo de 
medidas  antropométricas  como  a  altura  sentado/altura  em  pé  e  comprimento  dos  membros 
inferiores,  permitiu‐nos  caracterizar  três  estadios  do  processo  maturacional  dos  adolescentes:  (1) 
jovens  ainda  distantes  do  período  de  maior  crescimento  em  altura;  (2)  jovens  em  pleno  período  de 
maior  crescimento  em  altura;  (3)  jovens  que  já  ultrapassaram  o  período  de  maior  crescimento  em 
altura. 

60 
 

A Flexibilidade é uma característica com inúmeras definições já apresentadas. Neste estudo 
foi adoptada a definição de Kisner & Colby, que a classificam como sendo “a habilidade para mover 
uma  articulação  ou  articulações,  através  de  uma  amplitude  de  movimento  livre  de  dor  e  sem 
restrições.  Depende  da  extensibilidade  dos músculos,  que  permite  que estes  cruzem uma  articulação 
para relaxar, alongar e conter uma força de alongamento” [311]. 
A  Mobilidade  da  coluna  lombar  no  plano  sagital  inclui  a  amplitude  de  movimento  no 
segmento funcional lombar e lombo‐sagrado, e é descrita como os movimentos de flexão e extensão 
nesses segmentos, realizados ao longo de toda a amplitude de movimento disponível sem dor e com 
um end‐feel normal. 
Devemos  definir  também  o  conceito  de  “Força  muscular  normalizada”  dos  músculos  do 
tronco, que de acordo com McGill et al, é um score que depende do rácio entre a soma dos tempos 
máximos  de  contracção  isométrica  dos  grupos  musculares  (flexores,  extensores  e  flexores  laterais 
direitos e esquerdos) medido em posições standard e o índice de massa corporal (IMC) [312]. 
Por  último  foram  consideradas  as  Alterações  posturais  da  coluna,  todas  as  assimetrias  do 
tronco  como  desvios  laterais  da  coluna  associados  a  rotações  do  corpo  das  vértebras  com  a 
consequente  gibosidade  dorsal  ou  assimetria  na  morfologia  do  tronco  inferior  que  caracterizam  as 
escolioses e/ou o exagero/rectificação das curvaturas fisiológicas (cifoses e lordoses) da coluna. 
Relativamente  às  variáveis  de  natureza  psicossocial  temos  os  Níveis  de  actividade  física 
descritos no presente estudo como a existência ou ausência de actividade física (na escola e fora da 
escola),  intensidade  e  tempo de  realização dessas  actividades e  ainda  tipo  e tempo médio de outras 
actividades  diárias  realizadas  (tempos  de  sono/descanso;  tempos  a  ver  televisão  e/ou  a  jogar  jogos 
electrónicos) ao longo de um dia‐tipo de escola. 
Hábitos  tabágicos  ‐  Variável  definida  mediante  as  suas  próprias  dimensões  e  respeitante 
unicamente a tabagismo activo. Foi definida, pela idade de início e pelo consumo médio do último ano 
no caso dos jovens fumadores. 
Autoconceito ‐ corresponde à “percepção que o indivíduo tem de si próprio como tal e de si‐
mesmo  na  relação  com  os  outros”.  Esta  variável  é  definida  por  um  nível,  mensurável  mediante  um 
score,  obtido  através  da  aplicação  de  uma  escala,  a  descrever  mais  à  frente  no  sub‐tema  dos 
instrumentos [209, 219]. 
 
 
3.3. População e amostra  
 
Integraram a amostra apenas os alunos entre os 11 e os 17 anos de duas escolas inseridas em 
meios  socio‐economicos  distintos  (Mem  Martins  ‐  Sintra  e  Benfica  ‐  Lisboa)  e  que  aderiram  de  livre 
vontade e mediante o consentimento informado dos pais e/ou encarregados de educação. 
 
 

61 
 

Selecção – critérios de inclusão/exclusão 
 
Foram incluídos todos os adolescentes entre os 11 e os 17 anos, alunos das Escola Básica do 
2º e 3ª ciclos Visconde Juromenha (Mem Martins – Sintra) e da Escola Secundária José Gomes Ferreira 
(Benfica/Lisboa)  que  participaram  de  forma  activa  e  colaborante,  ao  longo  dos  três  momentos  de 
avaliação  ‐  que  se  realizou  de  seis  em  seis  meses,  de  Abril  2005  a  Julho  2006  ‐  e  que  completaram 
todos os questionários e testes de avaliação funcional previstos no estudo.  
Todo  este  processo  implicou  uma  participação  importante  dos  professores  das  escolas 
envolvidas,  uma  vez  que  todas  as  avaliações  foram  feitas  pelo  investigador,  durante  as  aulas  de 
educação física e em espaços cedidos pelos Conselhos Executivos das referidas escolas expressamente 
para o efeito. 
Foram  excluídos  do  estudo  longitudinal,  os  alunos  que  faltaram  por  qualquer  razão,  a  pelo 
menos uma avaliação (2ª ou 3ª avaliações) ou que manifestamente não aderiram ou colaboraram de 
forma activa e positiva ao que se pedia/testava.  
Como  a  avaliação  se  desenrolou  ao  longo  de  dois  anos  lectivos  (2004/2005  e  2005/2006) 
houve perdas de sujeitos da amostra por mudança de escola e por falta de interesse e colaboração em 
continuar o estudo. No primeiro momento foram avaliados cerca de 239 adolescentes. Este número 
reduziu‐se para 181 no segundo momento e terminámos com cerca de 171 jovens que completaram 
os três momentos de avaliação, o que significa uma perda de 28,5% dos alunos avaliados inicialmente. 
 
Caracterização da amostra – variáveis biomorfológicas/morfofuncionais 
A amostra será caracterizada na fase inicial do capítulo da apresentação dos resultados pelos 
seguintes indicadores: 
(a) variáveis biomorfológicas 
1. Dados individuais: idade, género, profissão, raça; idade da menarca (raparigas);  
2. Medidas antropométricas: massa corporal, altura em pé, indíce de massa corporal (IMC) 
perímetros  e  diâmetros  do  tronco,  comprimento  total  dos  membros  superiores  e 
inferiores; 
3. Desvio Maturacional em relação ao pico de velocidade de crescimento em altura; 
4. Mobilidade lombar no plano sagital; 
5. Flexibilidade dos extensores da anca/coxa; 
6. Tempos  máximos  de  contracção  isométrica  dos  grupos  musculares  do  tronco  e  Força 
muscular normalizada (FMN) ou ajustada ao Indíce de Massa Corporal (IMC); 
7. Alterações posturais da coluna vertebral/tronco. 
 
(b) variáveis psicossociais 
1. Autoconceito  ‐  Nível  de  autoconceito,  obtido  mediante  a  utilização  de  um  instrumento 
que avalia diversas dimensões psicológicas e psicossociais do jovem; 

62 
 

2. Hábitos tabágicos: idade de inicío e consumo activo; 
3. Hábitos/níveis de actividade física : Dentro dos estilos de vida, incluímos principalmente a 
prática desportiva (dentro e fora da escola) e a intensidade dessa prática, a ausência de 
prática de actividade física regular (sedentarismo) e o tipo de hábitos sedentários que são 
adoptados (horas dispendidas por semana a ver televisão, a utilizar jogos de video ou de 
computador, a dormir, horas dispendidas nas deslocações casa‐escola); 
4. Escola de origem. 

 
3.4. Material e métodos 
 
Para  a  realização  deste  estudo,  foram  aplicados  diversos  instrumentos  para  a  recolha  de 
dados.  Entre  estes,  contam‐se  um  questionário  de  auto‐resposta  adaptado  do  originalmente 
elaborado  por  Oliveira  et  al  [33,  147]  onde  se  procurou  caracterizar  cada  adolescente  em  análise,  em 
termos  de  variáveis  socio‐demográficas,  dos  seus  hábitos  de  actividade  física  e  de  lazer  e  obter  a 
eventual prevalência de lombalgia e seu padrão de ocorrência ao longo do tempo. Este instrumento 
foi validado e testado previamente, através da sua aplicação quer em pré‐testes, quer no decurso de 
outras pesquisas sobre a mesma temática, em que participámos mas em estudos apenas transversais 
[31, 32, 34]

Na recolha das variáveis antropométricas e morfofuncionais utilizámos um antropómetro, um 
compasso de barras, um compasso de pontas curvas, uma balança, uma fita métrica, um goniómetro e 
um cronómetro digital. 
Para  avaliação  do  autoconceito  dos  estudantes  em  cada  momento,  aplicou‐se  a  escala  de 
autoconceito adaptada e validada para a população portuguesa por Veiga [219]. 
 
3.4.1. Questionários de auto‐resposta (Apendíces 2, 3A, 3B e 3C) 
 
  O  questionário  desenvolvido  por  Oliveira  et  al,  foi  previamente  validado  e  aplicado  no  seu 
estudo  com  cerca  de  1.139  adolescentes  entre  os  dez  e  os  18  anos  da  região  da  grande  Lisboa  [33, 
147] e reaplicado nos estudos posteriores envolvendo o mesmo grupo‐alvo, mas em contextos sociais 
distintos como Lisboa  [31,  32] e Ilha de S.Jorge ‐ Açores  [34] e com amostras mais reduzidas (208 e 100 
jovens respectivamente).  
Não  foi  feita  uma  análise  comparativa  com  outros  questionários  semelhantes  por  não 
existirem para a população portuguesa e em língua portuguesa instrumentos com a mesma finalidade 
e analisando a mesma temática. 
O  questionário  é  reconhecidamente  a  forma  de  recolha  mais  rápida,  acessível  e  economica 
para um estudo de “levantamento” de natureza epidemiológica e foi construído, validado e aplicado 
na  população‐alvo  (adolescentes),  à  semelhança  do  que  aconteceu  com  outros  investigadores  já 

63 
 

citados  na  revisão  da  literatura.  Em  todos  os  estudos  em  que  participámos  [31‐34,  147],  o  instrumento 
utilizado cumpriu bem os objectivos propostos não levantando dúvidas de compreensão e problemas 
de  preenchimento  por  parte  dos  sujeitos,  sendo  por  isso  considerado  adaptado  ao  estudo  e 
sensível/fidedigno para caracterizar a história de dor lombar nos jovens  
A definição de lombalgia empregue no questionário foi semelhante à utilizada em estudos já 
citados anteriormente  [13, 39, 58, 66, 72, 73, 313] por forma a permitir análises comparativas. A esta definição, 
que  procurou  ser  o  mais  clara,  operacional  e  tanto  quanto  possível  objectiva,  foi  acrescentada  a 
definição  “duração  mínima  de  24  horas”  para  se  evitar  contabilizar  as  situações  de  dor  lombar 
ocasional,  com  uma  componente  predominante  de  fadiga  e/ou  resultante  de  “posturas  viciosas”  ou 
inadequadas, que se resolveriam em poucas horas ou mesmo minutos [33, 147]. 
O  questionário  de  auto‐resposta,  elaborado  e  utilizado  como  instrumento  de  recolha  de 
informação, pretendeu ser simples e objectivo na linguagem, acessível ao grupo etário em estudo, não 
muito  longo  (quatro  páginas  possuindo  essencialmente  respostas  fechadas  e  de  fácil  e  rápido 
preenchimento  ‐  10  a  15  min)  e  seguiu,  em  termos  de  conteúdos  relacionado  com  as  disfunções 
lombares/lombalgias, as linhas que outros autores adoptaram para a análise da mesma temática [12, 73].
O  questionário  tinha  uma  folha  de  rosto  que  explicava  de  forma  sucinta  os  objectivos  do 
mesmo e dava as instruções necessárias para o seu preenchimento (Apendíce 2), e ficou constituído em 
duas partes fundamentais (Apendíces 3A, 3B e 3C): 
1ª ‐ Caracterização de variáveis socio‐demográficas (idade, género, raça/etnia) e variáveis 
psicossociais  relacionadas  com  alguns  hábitos  de  vida  como  o  nível  de  actividade  física 
(na escola e fora da escola, actividades de tempos livres), hábitos tabágicos entre outros. 
2ª  –  Ocorrência  de  dor  lombar/lombalgia  objectivamente  definida,  e  seu  padrão  de 
ocorrência nos seis meses anteriores ao preenchimento do questionário. Relativamente 
aos  jovens  que  referiram  lombalgia  nos  últimos  seis  meses,  procurou‐se  efectuar  uma 
caracterização do problema/condição em termos de: 
a) idade em que ocorreram as primeiras dores lombares (anos); 
b) frequência dos episódios de dores lombares nos últimos seis meses (uma vez, duas a 
três vezes, quatro a seis vezes e sete vezes ou mais); 
c) tempo  de  recuo  ‐  há  quanto  tempo  ocorreram  essas  queixas  (dias,  semanas  ou 
meses); 
d) intensidade das dores lombares, medida pela escala visual análoga da dor (EVA); 
e) localização das dores de costas por uma “descrição directa” num desenho do corpo 
humano visto de frente e de costas (bodychart); 
f) actividades funcionais que agravavam as dores lombares; 
g) causas directas e indirectas da lombalgia (traumáticas e não traumáticas); 
h) necessidade de consulta com profissional de saúde por causa das dores lombares; 
i) necessidade de tratamentos para resolução da lombalgia; 

64 
 

j) evolução  da  lombalgia  desde  os  piores  momentos  em  termos  de  dor  até  ao 
momento de resposta ao questionário. 
O  questionário  foi  sempre  preenchido  na  presença  do  investigador  que  esclarecia 
eventuais  dúvidas,  e  imediatamente  antes  ou  logo  após  os  testes  realizados  para  cada 
avaliação. 
  Todos os jovens que participaram nos três momentos de avaliação responderam de 
forma completa ao questionário de auto‐resposta que era igual nos três momentos, apenas 
com as alterações relacionadas com os períodos temporais em que se questionava a eventual 
ocorrência de lombalgias. Sendo assim o que se perguntava abrangeu sempre os seis meses 
anteriores ao momento da resposta ao questionário. 
 
 
Variáveis antropométricas e/ou morfofuncionais 
 
3.4.2. Balança 
 
A balança de chão mecânica Seca, Vogel & Halke (Germany) modelo 761 foi sempre a mesma 
a ser utilizada para determinar objectivamente a massa corporal em kilogramas de cada elemento da 
amostra,  antes  de  cada  uma  das  três  avaliações/medições.  A  recolha  de  dados  desta  variável,  foi 
realizada sempre na mesma balança para todos os elementos da amostra, sendo esta portátil e com 
possibilidade  de  calibração.  A  sua  calibração  foi  feita  colocando  um  peso  standard,  a  partir  de  5  Kg 
sobre esta e observar o peso indicado no mostrador. 
Antes  de  proceder  ao  registo  da  massa  corporal,  o  observador  devia  aferir  a  balança  e 
colocar‐se de frente para o indivíduo que vai medir. Este colocou‐se no centro da plataforma desta, 
com o peso bem distribuído sobre os dois membros inferiores e a olhar em frente. O indivíduo a pesar 
esteve sempre descalço e com roupas muito leves (calção e camisola). Não se pode assegurar que as 
avaliações fosse feitas sempre à mesma hora do dia, uma vez que eram realizadas durante as aulas de 
educação física e os horários variaram de um ano lectivo para outro.  
As medidas foram arredondadas até às 500 g e a margem de erro desta medição é de 0,2 Kg 
[314]

 
3.4.3. Fita métrica 
 
No  presente  estudo  a  utilização  da  fita  métrica  destinou‐se  à  medição  dos  perímetros 
torácicos e abdominais, e dos comprimentos dos membros inferiores, coxas e pernas. A fita métrica 
utilizada era inextensível e com 200 cm de comprimento. 
As  medições  de  perímetros  ocorreram  apenas  ao  nível  do  tronco,  tendo  sido  recolhidos  os 
perímetros xifoideano, mesoesternal e abdominal. Para a medição dos perímetros, circundou‐se com a 

65 
 

fita o segmento a ser medido trazendo cada uma das extremidades até à sua linha média anterior ou 
lateral, cruzou‐se a fita ao nível desta linha e efectuou‐se em seguida a leitura directa desta medida. 
Um  detalhe  importante  foi  a  perfeita  orientação  horizontal  da  fita  métrica  em  relação  ao  plano 
definido pelo solo ou perpendicularmente ao eixo longitudinal do segmento que se estava a medir [314]. 
Para a medição de algums perímetros e comprimento de segmentos foram utilizados pontos 
de  referência anatómicos,  nomeadamente  saliências  ósseas  palpáveis bem  como  marcações na pele 
sobres estes pontos, por forma a permitir uma mais fácil visualização e localização destes no momento 
da medição. As medidas foram tiradas em linha recta sobre o segmento considerado e a sua leitura e 
registo realizada directamente no momento da medição. 
 
O perímetro xifoideano foi medido ao nível do ponto xifoideano (situado no local mais distal 
do esterno – apêndice xifoideu). Encontrou‐se por palpação, partindo do abdómen para o tórax. Para 
facilitar  a  sua  localização  pediu‐se  ao  aluno  para  fazer  uma  inspiração  profunda.  O  investigador 
colocou‐se  de  frente  e  ligeiramente  para  o  lado  em  relação  ao  sujeito.  Este  afastou  ligeiramente  os 
braços  do  tronco  para  permitir  o  envolvimento  do  tórax  com  a  fita,  colocando‐os  em  seguida  na 
posição inicial (antropométrica), isto é, naturalmente pendentes [314] (Figura 1). 
 

 
Figura 1 ‐ Medição do perímetro xifoideano 
 
A medida foi feita no plano horizontal e no final de uma expiração normal. A fita foi colocada 
sempre paralelamente ao solo (figura 1). As medidas foram arredondadas até ao milímetro (0,1 cm) e 
a sua margem de erro é de 2% [314]. 
 
O perímetro mesoesternal foi medido ao nível do ponto mesoesternal (situado no corpo do 
esterno ao nível do plano que passa pelo 3º espaço intercostal ou pela 4ª articulação condro‐esternal. 
Para encontrarmos o 3º espaço intercostal ou a 4ª articulação condroesternal partimos do ângulo de 
Louis que fica ao nível da 2ª cartilagem costal). Os procedimentos foram semelhantes aos já descritos 
(figura 2). Tal como na medição anterior a margem de erro é de 2% e as medidas foram arredondadas 
até ao milímetro (0,1 cm) [314]. 

66 
 

 
Figura 2 ‐ Medição do perímetro mesoesternal 
 
O  perímetro  abdominal  foi  medido  na  região  umbilical  ao  nível  do  maior  volume  anterior 
(abdominal).  Normalmente,  mas  nem  sempre,  foi  tirado  um  pouco  abaixo  do  ponto  umbilical.  Os 
procedimentos são semelhantes aos já descritos (figura 3). 
A margem de erro desta medição é de 3 mm e os valores obtidos são arredondados até ao 
milímetro (0,1 cm) [314]. 
 

   
Figura 3 ‐ Medição do perímetro abdominal 
 
A medição do comprimento dos membros inferiores, coxa e perna revestiu‐se igualmente de 
alguns cuidados. As medidas foram tiradas em posições standard e em linha recta sobre o segmento 
considerado, sendo a sua leitura realizada directamente no momento da medição. 
 
O  comprimento  do  membro  inferior  foi  a  distância  medida  em  linha  recta  entre  a  espinha 
ilíaca  antero‐superior  e  a  porção  mais  distal  e  inferior  do  maléolo  interno,  passando  pelo  centro  da 
rótula. As medidas do membro inferior foram obtidas directamente sobre os pontos de referência e 
foram feitas bilateralmente.O aluno devia estar em decúbito dorsal e na posição anatómica (figura 4). 
As medidas foram arredondadas até ao milímetro (0,1 cm) e a margem de erro estimada é de 
0,5 cm [315, 316]. 
 
 

67 
 

            (a)                       (b)             (c) 

 
Figura 4 ‐ Marcação dos pontos de referência ((a)espinha íliaca antero‐inferior e (b) bordo inferior do 
meléolo tibial) e (c) medição do comprimento dos membros inferiores 
 
O  comprimento  da  coxa  foi  a  distância  medida  entre  o  ponto  marcado  acima  do  bordo 
superior  do  grande  trocânter  e  o  ponto‐médio  marcado ao  nível  da  pele  sobre  a  interlinha  articular 
externa do joelho. Mediu‐se com a fita métrica e na face externa da coxa, com o sujeito em decúbito 
dorsal, com a anca flectida a 45º e com o joelho flectido a 90º, estando o pé apoiado em cima da mesa 
(figura 5). As medidas foram efectuadas bilateralmente, realizadas directamente sobre os pontos de 
referência e arredondadas até ao milímetro (0,1 cm).  
 

 
Figura 5 ‐ Medição do comprimento do segmento coxa 
 
O  comprimento  da  perna  foi  a  distância  medida  na  face  externa  da  perna,  entre  o  ponto 
médio da interlinha articular externa e o vértice do maléolo externo. Mediu‐se com uma fita métrica, 
com o sujeito em decúbito dorsal, com a anca flectida a 45º e com o joelho flectido a 90º estando o pé 
apoiado em cima da mesa (figura 6).  
Estas medidas foram efectuadas bilateralmente, realizadas directamente sobre os pontos de 
referência e arredondadas até ao milímetro (0,1 cm). 

68 
 

 
Figura 6 ‐ Medição do comprimento do segmento perna 
 
 
3.4.4. Antropómetro (Siber Hegner Machines, SA. Zurich) 
 
Outro  instrumento  utilizado  para  a  recolha  de  dados  foi  o  antropómetro  de  Rudolf  Martin. 
Este instrumento destina‐se à recolha de medidas obtidas no sentido vertical, normalmente alturas, e 
a sua fiabilidade e fidedignidade para a obtenção deste tipo de dados está amplamente testada [314]. 
É  essencialmente  constituído  por  uma  haste  metálica  graduada  de  zero  a  2,10  metros  (que 
para  facilidade  de  transporte  pode  ser  separada  em  quatro  partes  iguais).  Sobre  a  haste  graduada 
desliza um cursor, a que se pode fixar uma régua que fica numa posição perpendicular em relação à 
haste. A régua movimenta‐se com o cursor, tanto de cima para baixo como da esquerda para a direita. 
A leitura é feita na haste graduada, dentro da janela do cursor, devendo o zero ficar colocado no solo. 
A  mão  não  dominante  mantém  o  antropómetro  na  posição  desejada  enquanto  a  mão  dominante 
orienta a ponta da régua para o ponto de referência [314].  
Tal como é indicado, neste estudo o antropómetro foi utilizado para as medições verticais da 
altura em pé ou altura total e da altura sentado. 
 
A  altura  em  pé  foi  a  distância  medida  do  vértex  (ponto  superior  da  cabeça)  ao  solo.  O 
indivíduo  estava  descalço  (de  preferência)  usando  pouca  roupa  no  momento  da  medição  para  que 
fosse  visível  a  posição  do  seu  corpo  e  colocava‐se  na  posição  antropométrica  (posição  vertical,  pés 
descalços  unidos  pelos  calcanhares  e  pontas  dos  pés  afastadas  aproximadamente  60º,  braços 
naturalmente pendentes ao longo do tronco, mãos abertas com as palmas encostadas às face laterais 
das coxas e cabeça orientada segundo o plano de Frankfort) sobre uma superfície lisa perpendicular ao 
antropómetro.  
O  peso  estava  distribuído  simetricamente  sobre  os  dois  membros  inferiores  e  a  cabeça 
orientada segundo o plano de Frankfort ou horizontal (plano horizontal que passa pelo bordo superior 
do canal auditivo externo e pelo orbitário – ponto médio do bordo inferior do buraco orbitário)  [314]. 
(Figura 7) 

69 
 

 
Figura 7 ‐ Medição da altura em pé 
 
O  investigador  colocando‐se  do  lado  esquerdo  do  aluno  exercia  uma  tracção  na  coluna 
cervical  e  orientava  a  cabeça  no  plano  de  Frankfort.  Mantendo  a  mão  esquerda  debaixo  do  queixo 
(mandíbula)  do  sujeito,  colocava  com  a  mão  direita  a  haste  móvel  do  antropómetro  sobre  o  vertex 
fazendo uma pressão suficiente para comprimir o cabelo. Sempre que possível pedia‐se ao sujeito que 
fizesse uma inspiração profunda durante o momento de medida [314]. 
O  investigador  devia  minimizar  o  erro  de  paralaxe  durante  a  leitura.  A  medida  foi  
arredondada até ao milímetro (0,1 cm). 
A  altura  sentado  foi  a  distância  vértico‐isquiática.  A  sua  mensuração  requer  uma 
mesa/banco, um antropómetro e uma base para o antropómetro. A mesa devia ser suficientemente 
alta de modo a que as pernas do sujeito ficassem penduradas ou em alternativa o aluno mantivesse 
uma  postura  com  ancas  e  joelhos  flectidos  a  90º.  O  sujeito  sentou‐se  sobre  a  mesa  com  os  joelhos 
direccionados para a frente, sem que a zona posterior da perna estivesse em contacto com a borda da 
mesa. A cabeça devia estar orientada segundo o plano de Frankfort e os braços relaxados ao longo do 
tronco. Os procedimentos de medição foram idênticos aos descritos anteriormente para a altura em 
pé  [314] (Figura 8). O investigador teve em atenção o erro de paralaxe durante a leitura e a medida foi  
arredondada até ao milímetro (0,1 cm). 

 
Figura 8 ‐ Medição da altura sentado 
 

70 
 

3.4.5. Compasso de barras 
 
Para outras medições, igualmente verticais mas de outro carácter, como o comprimento dos 
membros  superiores,  utilizou‐se  o  compasso  de  barras.  Este  compasso  é  composto  por  uma  régua 
metálica graduada de zero a 95 cm, sobre a qual desliza um cursor onde se coloca uma haste móvel de 
30  cm  (que  pode  deslocar‐se  tanto  horizontal  como  verticalmente).  Para  além  desta  haste  móvel 
existe  uma  haste  fixa  que  apresenta  apenas  deslocamentos  da  esquerda  para  a  direita  e  nunca  de 
cima para baixo [314]. 
Com este instrumento, a medição do comprimento total do membro superior não deixou no 
entanto  de  necessitar  de  ser  delimitado.  O  comprimento  total  do  membro  superior  foi  a  distância 
medida em linha recta entre o ponto acromial e o ponto dactylion (ponto mais distal do 3º dedo). As 
medidas  do  membro  superior  foram  feitas  directamente  sobre  os  pontos  de  referência  e  obtidas 
bilateralmente.  O  aluno  estava  em  posição  antropométrica  e  mantinha  a  mão  com  os  dedos  em 
extensão,  os  cotovelos  em  extensão  completa  e  ante‐braço  em  posição  neutra  entre  supinação  e 
pronação [314] (figura 9). As medidas foram arredondadas até ao milímetro (0,1 cm)  
 

 
Figura 9 ‐ Medição dos comprimentos dos membros superiores 
 
3.4.6. Compasso de pontas curvas  
 
A  necessidade  de  obter  dados  sobre  os  diâmetros,  obrigou  ainda  à  inclusão  de  mais  um 
instrumento. O compasso de pontas curvas, que pela sua natureza permite uma mais fácil obtenção de 
dados acerca destas medidas.  
Este  instrumento  com uma estrutura base  semelhante  ao  compasso  de  barras,  difere  deste 
por  apresentar  pontas  rombas.  Destinou‐se  à  medição  dos  diâmetros  do  tronco,  tanto  no  sentido 
transverso  como  no  antero‐posterior,  sendo  ainda  utilizado  na  medição  dos  diâmetros  bi‐acromial, 
toraco‐transverso, toraco‐sagital e bi‐cristal. 
O diâmetro bi‐acromial foi medido por trás do aluno, o que permite localizar mais facilmente 
os pontos acromiais (ponto do acrómio que mais se projecta lateralmente. Localizou‐se percorrendo a 

71 
 

espinha da omoplata – apenas com dois dedos – até ao seu bordo mais externo e lateral). O indivíduo 
devia estar relaxado, com os ombros na posição natural. O compasso devia ser mantido na horizontal 
[314]
 (figura 10). A medida foi arredondada até ao milímetro (0,1 cm) e a sua margem de erro é de 2 
mm.  

 
Figura 10 ‐ Medição do diâmetro bi‐acromial 
 
O diâmetro toraco‐transverso foi uma medida executada colocando as hastes do compasso 
sobre  a  linha  media‐axilar  (linha  imaginária  traçada  entre  o  ponto  médio  da  cavidade  axilar  e  a 
projecção mais lateral do grande trocânter e que correspondia aos limites anteriores visíveis, quando o 
observador se encontrava exactamente de frente para o aluno) em cima das costelas que se situam no 
prolongamento  do  apêndice  xifoideu.  O  sujeito  estava  em  posição  antropométrica  e  o  observador à 
sua frente [314] (figura 11).  
A margem de erro desta medição é de 3 mm e a sua medida foi arredondada até ao milímetro 
(0,1 cm).  
 

 
Figura 11 ‐ Medição do diâmetro toraco‐transverso 
 
O diâmetro toraco‐sagital foi uma medida executada colocando as hastes do compasso sobre 
o apêndice xifoideu e a apófise espinhosa da vértebra, ao mesmo nível num plano paralelo ao solo e 
no  ponto  da  sua  projecção  posterior.  Para  marcar  a  apófise  espinhosa,  o  observador  colocou‐se 
lateralmente  ao  observado  e  “apontava”,  com  o  indicador  da  mão  direita,  o  apêndice  xifoideu 
procurando em seguida colocar o indicador da mão esquerda na parte posterior do tronco ao mesmo 

72 
 

nível do primeiro, de preferência sobre a apófise espinhosa que se encontrava a esse nível  [314](figura 
12).  

 
Figura 12 ‐ Medição do diâmetro toraco‐sagital 
 
A  medida  do  diâmetro  bi‐cristal  foi  efectuada  colocando  as  hastes  do  compasso  na  linha 
media‐axilar  sobre  os  pontos  ílio‐cristais  (ponto  mais  saliente  e  projectado  lateralmente  da  crista 
ilíaca.  Para  a  sua  localização  devemos  encontrar  o  bordo  superior  da  crista  ilíaca  e  verificar  qual  o 
ponto de intercepção desta linha com a linha media‐axilar [314] (figura 13). 
A margem de erro desta medição é de 2 mm e esta medição foi arredondada ao milímetro 
(0,1 cm). 
 

 
Figura 13 ‐ Medição do diâmetro bi‐cristal 
 
  Devemos referir que todos estes testes foram sempre realizados pelo mesmo observador, ou 
seja  o  investigador  deste  estudo.  Antes  da  sua  realização,  o  investigador  integrou  as  equipas  de 
medição  antropométrica  de  outros  estudos,  com  investigadores  experientes  nestes  testes, 
experimentou os mesmos procedimentos e testes noutros sujeitos e orientou/participou em estudos 
que  utilizaram  a  mesma  metodologia  [31,  32,  34].  Para  testar  a  fiabilidade  intra‐observador,  realizámos 
previamente, duas medições com 48 horas de intervalo para teste – reteste, a cerca de 30 alunos que 
não participaram no estudo, e encontrámos um coeficiente de correlação entre elas, que variou entre 
0,80  na  medição  dos  diâmetros  e  0,99  na  medição  das  alturas,  o  que  nos  parece  ser  bastante 
aceitável. 

73 
 

 
Estadio Maturacional 
 
Considerámos que a análise da variável – Estadio Maturacional – num estudo desta natureza 
e com estes objectivos seria uma mais‐valia científica e uma inovação, pelo que procurámos incluí‐la, 
apesar  das  dificuldades  inerentes  à  determinação  do  indíce  maturacional  por  métodos  simples, 
práticos, fiáveis, sensíveis mas indirectos, e aos constrangimentos próprios do local onde decorreram 
as medições (escolas e contexto escolar) e à população estudada (jovens adolescentes) 
Neste  âmbito,  pretendíamos  explorar  a  relação  entre  a  história  de  dor  lombar  e  o  estadio 
maturacional dos adolescentes. Para isso procuramos determinar o desvio maturacional em relação ao 
pico de crescimento da velocidade em altura (Peak velocity heigth ‐ PHV) e que nos pareceu ser uma 
forma credível de caracterizar esta variável, face aos constrangimentos referidos. 
  A  idade  cronológica  tem  uma  utilidade  muito  limitada  na  avaliação  do  perfil  maturacional, 
pelo que se utilizam diversos métodos para determinar esse perfil. A maturidade esquelética da mão e 
punho avaliados por imagem radiológica – Rx ‐  (idade óssea) tem sido um dos métodos mais fiáveis e 
sensíveis para avaliar o indíce maturacional dos jovens durante o seu crescimento  [153]. No entanto, é 
um método caro, que exige a deslocação dos alunos a centros especializados ou a deslocação de um 
aparelho de imagiologia às escolas, e sobretudo submete os jovens a radiações, que neste caso teriam 
de se repetir ao longo dos três momentos. 
  O  aparecimento  das  características  sexuais  secundárias,  faseado  ao  longo  de  cinco  estadios 
descritos  por  Tanner  &  Whitehouse,  é  um  dos  métodos  mais  utilizados  para  se  analisar  o  perfil 
maturacional dos jovens adolescentes  [317‐319]. Contudo é necessária uma avaliação/observação clínica, 
que é considerada intrusiva pelos jovens e pais e pela sociedade em geral. 
  No presente estudo, tivemos algumas recusas por parte de alguns pais e de algumas escolas, 
a integrarem o estudo, por apenas autorizarem que os seus filhos/alunos fossem avaliados totalmente 
vestidos,  o  que  evidentemente  inibia  uma  avaliação  credível  e  rigorosa  das  variáveis  que 
pretendíamos medir. O contexto social (ambiente escolar e não clínico) e temporal (2005 ‐ 2006) em 
que decorreu este estudo inviabilizava por completo a opção por este método de avaliação do perfil 
maturacional.  
  A  auto‐avaliação  dos  indicadores  que  caracterizam  esses  estadios  maturacionais  de  Tanner, 
que é largamente utilizada em muitos dos estudos, também coloca problemas de fiabilidade  [157] e de 
“reserva  privada”,  embora  de  menor  intensidade  do  que  se  houvesse  uma  observação  directa  por 
parte do investigador, no contexto em que foi realizado o estudo. 
Por  outro  lado,  a  maturidade  sexual  é  muito  diferente  entre  os  rapazes  e  raparigas, 
particularmente no período de crescimento acelerado e de maturação pelo que Sherar Baxter‐Jones et 
al,  levantaram  sérias  reservas  à  análise  do  estadio  maturacional  a  partir  das  características  sexuais 
secundárias [320, 321]. 

74 
 

  Existem ainda alguns métodos para determinar a idade de ocorrência do pico de velocidade 
de  crescimento  em  altura  (peak  heigth  velocity  ‐  PHV),  que  é  considerado  com  um  “benchmark 
maturity status” em muitos estudos longitudinais com adolescentes, mas que requerem um conjunto 
de medidas da altura em pé que se repetem ao longo do tempo [322]. 
Neste estudo, o estadio maturacional dos jovens em relação ao seu pico de crescimento de 
velocidade  em  altura  (PHV),  foi  calculado  a  partir  das  pesquisas  de  Mirwald  et  al  [310].  O  método 
aplicado permite calcular o desvio maturacional entre o estadio em que cada adolescente se encontra 
no seu processo maturacional e o período de maior aceleração desse crescimento em altura. 
Este método é não invasivo nem intrusivo, é prático, fiável e assentou em equações preditivas 
a  partir  das  medidas  antropométricas  como  a  altura  sentado/altura  em  pé  e  comprimento  dos 
membros  inferiores  realizadas  de  seis  em  seis  meses,  em  152  jovens  canadianos  entre  os  8  e  os  16 
anos.  Essas  equações  preditivas  foram  consideradas  fiáveis  para  suportar  este  método  prático  e 
indirecto de inferir a maturidade biológica dos jovens em crescimento [310]. 
  Nos rapazes a equação preditiva aplicada foi a seguinte: 
[310]
  Equação  1  rapazes  ‐  Desvio  Maturacional  (Maturity  Offset)  .  =  ‐29,769  + 
0,0003007.comprimento dos membros inferiores × altura sentado – 0,01177.idade × comprimento dos 
membros  inferiores  +  0,01639.  idade  ×  altura  sentado  +  0,445.rácio  comprimento  dos  membros 
inferiores/altura em pé (com R = 0,96, R2 = 0,915 e SEE = 0,490 ). 
Nos raparigas a equação preditiva aplicada foi a seguinte: 
[310]
Equação  1  raparigas  ‐Desvio  Maturacional  (Maturity  Offset)  .  =  ‐16,364  + 
0,0002309.comprimento dos membros inferiores × altura sentada + 0,006277.idade × altura sentada + 
0,179  .rácio  comprimento  dos  membros  inferiores/altura  em  pé  +  0,0009428.idade  ×  peso  (com  R  = 
0,95, R2 = 0,910 e SEE = 0,499). 
 
A unidade de medida é em anos e depois de aplicadas estas equações os valores poderiam ser 
negativos, próximos do zero ou positivos e variaram neste estudo, entre ‐3,60 e 0,82 na 1ª avaliação e 
‐2,78  e  1,42  na  3ª  avaliação.  Os  resultados  negativos  indicavam  que  esses  jovens  ainda  estariam 
atrasados  em  relação  ao  pico  de  velocidade  crescimento  em  altura  (PHV)  e  os  valores  positivos 
indicavam‐nos  que  o  PHV  já  teria  ocorrido.  Os  valores  próximos  de  zero,  segundo  estas  equações 
preditivas, indicavam‐nos que esses jovens estavam em pleno período de PHV. 
Como a variação média deste indicador, entre os momentos inicial e final, foi de 0,70 ± 0,18, 
categorizámos os jovens em três grupos do ponto de vista do desvio maturacional:  
1)  jovens  em  “pré‐pico  de  crescimento  em  altura”  (jovens  com  este  indicador  inferiores  a  ‐ 
0,70) ; 
2)  jovens  em “pleno  período  de  crescimento  em  altura”  (valores  entre  ‐0,70  e  +0,70  com  o 
valor zero como parâmetro central deste grupo) e 
3) jovens no “pós‐pico de crescimento em altura” (valores superiores a +0,70).  
 

75 
 

O critério utilizado para esta divisão, foi assim calculado a partir da média de variação deste 
indicador, da amostra em estudo e tendo em consideração que o valor zero correspondia ao ponto de 
maior aceleração do crescimento em altura. 
É  uma  forma  de  classificação  da  mesma  natureza  que  a  utilizada  nas  raparigaas  (pré‐
menarca/pós‐menarca)  mas  possível  de  aplicar  aos  rapazes  e  raparigas  de  forma  semelhante  e 
atendendo  às  especificidades  maturacionais  do  género,  a  partir  de  variáveis  antropométricas 
sucessivamente medidas ao longo do tempo. 
Naturalmente que os procedimentos de medida e teste destas variáveis foram uniformizados 
e  realizados  sempre  pelo  mesmo  investigador  para  minimizar  os  erros  de  medida  que  poderão 
influenciar os resultados finais. 
 
 
3.4.7. Testes para medição da mobilidade lombar no plano sagital 
 
De  entre  os  inúmeros  instrumentos  passíveis  de  serem  utilizados  para  medir  e  avaliar  a 
mobilidade do coluna lombar (flexão), optou‐se por se utilizar o teste de Schober. Este teste pela sua 
facilidade de  execução  aliada  à  sua  fiabilidade  e  capacidade  para  mensurar  de  forma  credível  e  real 
esta variável tornou‐o no método mais indicado para este estudo.  
Com  o  imenso  manancial  de  instrumentos  e  testes  aplicados  aos  elementos  da  amostra,  a 
selecção  do  instrumento  para  esta  medição  revestia‐se  de  particular  importância.  Para  além  de 
necessitar  de  ser  um  teste  rápido  e  de  fácil  execução,  teria  também  de  ser  rigoroso,  objectivo  e 
concreto nos dados obtidos.  
[323‐326]
O  teste  de  Schober  é  um  teste  comprovadamente  fiável  e  fidedigno    e  é 
frequentemente  utilizado  pelos  médicos  e  fisioterapeutas  na  sua  prática  clinica  e  em  inúmeras 
investigações que estudam a mobilidade lombar. Foi encontrado um elevado coeficiente de correlação 
para medidas repetidas do teste de Schober em adolescentes assintomáticos (r=0,97)  [327] e um pouco 
mais baixo (r=0,85) em adolescentes sintomáticos [64].  
Os  testes  e  procedimentos  para  medir  a  flexão  da  coluna  lombar  (plano  sagital)  são 
influenciados pela complexidade e variedade das acções a efectuar  [328] e pelo contributo de múltiplos 
segmentos pelo que os erros potenciais são quase inevitáveis. Os resultados das diferentes medidas da 
mobilidade lombar podem ser condicionados por diferentes factores fisiológicos como a temperatura 
[328]
, actividade física prévia/período preparatório e variação circadiana  [326, 329]. Nos estudos de Ensink 
et al [326] e Wing et al [329] a mobilidade lombar pareceu ser menor de manhã do que à tarde. 
Não foi possível assegurar que a medição desta variável acontecesse sempre à mesma hora 
do dia, uma vez que pela logística possível de assegurar nas escolas, sem interferir com o decurso das 
restantes  actividade  lectivas,  todas  as  medidas  foram  realizadas  durante  as  aulas  de  educação  física 
que variaram de um ano lectivo para outro. 

76 
 

Todas as medidas e procedimentos do teste associados, têm sempre uma margem de erro e 
nos estudos longitudinais como é este estudo, torna‐se essencial minimizá‐los pela standartização dos 
procedimentos efectuados sempre pelo mesmo observador/investigador. A magnitude do erro padrão 
deve  ser  contextualizada e  interpretada  em  relação  aos  objectivos  em  estudo  [330]  e neste  caso  esse 
potencial erro pareceu‐nos aceitável. 
No  teste  de  Schober  em  pé  marcou‐se  com  uma  caneta  dois  locais:  (1)  o  primeiro  e  o  de 
referência,  na  pele  do  aluno  ao  nível  do  do  ponto  médio  da  linha  que  une  as  duas  espinhas  ilíacas 
postero‐superiores e o (2) segundo, dez centímetros acima do primeiro ponto, também na linha média 
(figura 14). 
Em  seguida,  pediu‐se  ao  sujeito  para  se  inclinar  para  a  frente  (flexão  anterior  do  tronco)  o 
mais que conseguisse sem flectir os joelhos. Em cada avaliação todos os sujeitos repetiam três vezes 
este movimento e a medida era efectuada sempre, após o terceiro movimento. Nesta nova posição foi 
feita uma nova medição utilizando as duas marcas (figura 15).  

Figura 14 ‐ Teste de Schober em pé – marcação dos pontos de referência: ponto inferior no bordo 
superior do sacro e ponto superior ‐ 10 cm acima do primeiro 

 
 
Figura 15 ‐ Teste de Schober em pé – medição da distância entre as duas marcas, após três repetições 
do movimento máximo de flexão anterior, com os joelhos em extensão  
 

77 
 

O valor retirado foi a diferença entre a primeira e a segunda marcação e foi arredondada até 
ao milímetro (0,1 cm). A diferença esperada é em média de 4/5 cms para os casos que é considerada 
haver uma mobilidade normal e pode sofrer algumas variações com a hora do dia em que é medida 
[326]

Burdett et al  [331] e Miller et al  [332] realçaram que o aspecto mais sensível ao erro ocorria na 
fase  da  marcação  dos  pontos  de  referência/marcas  de  medida  e  neste  domínio  é  igualmente 
importante que os testes sejam realizados sempre pelo mesmo observador/investigador. 
Jones  et  al  sugeriram  que  neste  teste, para  se  minimizar  o  erro  se devia  manter  sempre  os 
joelhos  em  extensão  completa,  durante  o  movimento  de  flexão  anterior  do  tronco  [330]  e  foi  o  que 
fizémos.  No  entanto  para  os  sujeitos  com  encurtamentos/retracções  importantes  dos  músculos 
posteriores da coxa (isquio‐tibiais) esse factor podia condicionar a medida da mobilidade lombar. Dai 
termos incluído uma variação ao teste de Schober, mas medido a partir da posição de sentado. 
A presença de um encurtamento ao nível dos músculos posteriores da coxa, poderia limitar 
esta  mobilidade  e/ou  atenuar  os  casos  de  hipermobilidade  lombar.  Com  a  realização  deste  teste  na 
posição  de  sentado,  esta  influência  é  eliminada  e  poderão  ser  obtidos  outros  valores  para  a 
mobilidade da flexão lombar sem influência de uma menor flexibilidade dos músculos posteriores da 
coxa. 
O teste de Schober sentado foi realizado da mesma forma que o anterior, mas com o sujeito 
na  posição  de  sentado  (figura  16).  Embora  os  procedimentos  e  os  pontos  de  referência  sejam 
idênticos, é necessário realizar uma nova marcação ao nível da pele após o indivíduo assumir a posição 
de  sentado  (com  ancas  e  joelhos  flectidos  a  90º)  porque  nesta  posição  verifica‐se  uma 
rectificação/apagamento da lordose lombar e uma consequente deslocação dos pontos de referência 
utilizados para o teste.  
 

 
 
Figura 16 ‐ Teste de Schober sentado – marcação dos pontos de referência e medição da 
distância inicial entre as duas marcas e a mesma distância após a terceira repetição da flexão anterior 
do tronco  
 

78 
 

Deve‐se  ainda  referir,  que  as  medições  em  ambos  os  testes  (teste  de  Schober  em  pé  e 
sentado) foram realizadas após a execução, por parte do adolescente, de três repetições consecutivas 
do  movimento  desejado,  anotando‐se  o  valor  apresentado  por  este  na  conclusão  da  terceira 
repetição. 
A  medição  da  extensão  da  coluna  lombar  não  é  possível  de  realizar  a  partir  do  teste  de 
Schober. Por isso, adoptámos igualmente uma medida indirecta da mobilidade de extensão da coluna 
lombar que foi efectuada a partir da distância na vertical, medida entre o apendice xifóide e o ponto 
projectado na vertical na superfície de apoio, na realização do movimento de extensão máxima com 
apoio  dos  membros  superiores  a  partir  da  posição  de  decúbito  ventral.  Assegurámos  que  a  cintura 
pélvica/espinhas ilíacas antero‐superiores se mantivessem em contacto com o solo de forma a que o 
movimento se realizasse de facto na coluna lombo‐sagrada (figura 17). 
 

 
Figura 17 ‐ Medição da extensão da coluna lombar – Medida indirecta feita a partir da distância entre 
o apendice xifóide e o ponto projectado na vertical da superfície de apoio. 
 
Mediu‐se  da  mesma  forma  que  no  teste  de  Schober  em  pé  e  sentado,  isto  é,  a  medida  da 
distância  referida  foi  obtida  após  a  execução,  por  parte  do  adolescente,  de  três  repetições 
consecutivas  do  movimento  desejado,  anotando‐se  o  valor  apresentado  por  este  na  conclusão  da 
terceira repetição. 
Optou‐se pela medição da extensão da coluna lombar na posição de decúbito ventral e não 
em pé, pois na posição escolhida entra uma componente passiva que permite uma maior amplitude 
de extensão do que na posição de pé. 
Por  último,  devemos  referir  que  nos  casos  dos  jovens  assintomáticos,  não  houve  qualquer 
restrição à realização dos movimentos explorando o máximo das amplitudes disponíveis. No caso dos 
jovens  que  referiam  dores  lombares  durante  a  realização  das  avaliações,  a  dor  condicionou  a 
realização  destes  testes  de  mobilidade  da  coluna  lombar  no  plano  sagital,  optando‐se  por  pedir  as 
amplitudes disponíveis dentro dos limites toleráveis da dor para cada sujeito. 
Este condicionamento foi respeitado em ambos os testes de medição, quer da flexão (testes 
de Schober em pé e sentado) quer da extensão da coluna lombo‐sagrada. 

79 
 

Estes  testes  para  medição  directa  (flexão)  e  indirecta  (extensão)  da  mobilidade  no  plano 
sagital  da  coluna  lombo‐sagrada  permitiram‐nos  obter  um  perfil  de  mobilidade  para  cada  sujeito, 
susceptível  de  ser  replicado  ao  longo  dos  diversos  momentos  de  avaliação  sempre  pelo  mesmo 
investigador  e  de  ser  utilizado  como  meio  de  comparação  entre  os  indivíduos,  que  era  o  objectivo 
principal num estudo desta natureza. 
 
3.4.8. Testes de flexibilidade (anca/coxa) 
 
Para a análise de dados sobre a flexibilidade e/ou o comprimento dos flexores e extensores 
da anca/coxa, foram realizados dois testes de flexibilidade específicos e amplamente usados na prática 
clínica, para cada um destes grupos musculares.  
Estes  testes  são  aceites  e  reconhecidos  pela  comunidade  científica,  como  procedimentos 
fiáveis  e  fidedignos  para  obter  informações  sobre  a  flexibilidade  dos  grupos  musculares  em  estudo, 
estando universalmente padronizados [311].  
Gajdosik & Lusin  [333] e Fredriksen et al  [334] analisaram a fiabilidade do teste de flexibilidade 
para os extensores da anca/coxa medido unilateralmente de forma isolada (“active‐knee extension”). 
Também Gajdosik et al analisaram o teste de flexão anterior, que pretendia medir de forma indirecta a 
flexibilidade  deste  grupo,  mas  bilateralmente  (toe‐touch  test)  e  verificaram  a  sua  sensibilidade  e 
fiabilidade para essa medição [328, 335]. 
Este foi o teste aplicado, mas com a adaptação de ter sido feito a partir da posição anatómica 
e  com  o  aluno  encostado  a  uma  parede,  para  se  evitarem  compensações  ao  nível  dos  músculos 
posteriores da perna e mantendo sempre os joelhos em extensão completa (figura 18). 
 

 
Figura 18 ‐Medida indirecta da flexibilidade dos músculos posteriores da anca/coxa 
 
Após três repetições do mesmo exercício, foi medida a distância entre o plano horizontal que 
passa  pelo  ponto  mais  distal  dos  terceiros  dedos  (mãos  paralelas)  e  um  ponto  projectado  na  sua 
vertical no solo, no caso de os alunos não conseguirem tocar no solo por encurtamentos dos músculos 
posteriores da coxa e perna. 

80 
 

No  caso  em  que  os  alunos  apresentavam  uma  flexibilidade  que  lhes  permitia  tocar  com  os 
dedos no solo, o teste era o mesmo apenas com a diferença de ter sido feito em cima de degrau alto 
para que fosse possível registar a distância em que os alunos, ao realizarem a flexão do tronco com os 
joelhos em extensão, conseguiam ultrapassar o solo. 
 
Para avaliar a flexibilidade muscular dos flexores da anca/coxa pretendiamos utilizar o Teste 
de Thomas amplamente utilizado na prática clinica. Este teste seria realizado bilateralmente, medido 
com  um  goniómetro  manual  e  executando‐se  colocando  o  indivíduo  deitado  em  decúbito  dorsal, 
pedindo‐lhe em seguida a máxima flexão da anca e do joelho de um membro inferior contralateral. 
O observador media no membro em teste (que deve manter‐se com a anca em extensão a 0º 
e o joelho em 90º de flexão, o que só seria possível deitado numa mesa alta) o grau de flexão da anca 
produzido  quando  se  pedia  o  máximo  de  flexão  da  anca  contralateral  mantendo  o  joelho  desse 
membro flectido a 90º (figura 19). 

 
Figura 19 – Teste de Thomas para medição da flexibilidade dos flexores da anca/coxa 
 
No  entanto  face  a  alguns  constragimentos  de  natureza  logística  nos  locais  onde  foram 
realizados  os  testes  (salas  contíguas  aos  ginásios  existentes  nas  escolas  nem  sempre  com 
marquesas/mesas  altas  disponíveis  nos  dias  dos  testes),  não  foi  possível  assegurar  as  mesmas 
condições e os mesmos procedimentos neste teste, pelo que decidimos não analisar esta variável, face 
ao potencial erro de medida ser considerável. 
 
3.4.9. Testes de avaliação da força muscular da musculatura do tronco 
 
Os músculos do tronco têm um papel importante no equilíbrio entre a estabilidade dinâmica 
e  a  mobilidade  funcional  da  coluna  lombo‐sagrada.  Os  principais  grupos  musculares  envolvidos  no 
controlo do tronco são os flexores, os extensores e os flexores laterais (direitos e esquerdos). 
A  função  desses  grupos  musculares  para  a  estabilização  do  tronco,  tem  sido  analisada  em 
diversos  estudos  utilizando  diversos  métodos  e  instrumentos:  electromiografia  de  superfície  e  de 
profundidade, testes isocinéticos, ultrasonografia e ressonância magnética [312, 336].  

81 
 

Salmimen  et  al  [64]  verificaram  existir  uma  diminuição  da  força  muscular  de  resistência  dos 
músculos abdominais e extensores do tronco nos jovens sintomáticos com lombalgias confirmando os 
resultados obtidos por Mayer et al [337], que avaliaram adultos com equipamento isocinético  
Já  Balagué  et  al  não  encontraram  associação  significativa  entre  a  fraqueza  destes  grupos 
musculares  e  a  ocorrência  de  sintomas  lombares  em  jovens,  utilizando  testes  isocinéticos  aos 
músculos do tronco  [152, 338]. No mesmo sentido apontaram Feldman et al, utilizando um protocolo de 
avaliação de força muscular isométrica máxima[4]. 
Com recurso a equipamento isocinético, Lee at al constataram não existir diferenças de força 
muscular entre grupos de jovens com ou sem lombalgias. Contudo, e este é um facto sublinhado neste 
estudo,  os  jovens  com  lombalgias  apresentavam  rácios  de  força  muscular  extensores/flexores, 
significativamente mais baixos que os jovens assintomáticos [178]. 
Sjölie & Ljunggre associaram a fraqueza muscular dos extensores do tronco às lombalgias em 
jovens, não conseguindo contudo, determinar o contributo da força dos abdominais devido aos baixos 
níveis de fidedignidade do respectivo teste muscular [113]. 
A  incerteza  e  a  falta  de  consenso  de  resultados  dos  estudos  acima  referidos  pode  ser 
explicada com a utilização de diferentes protocolos de avaliação, diferentes definições da condição de 
saúde e às dificuldades operacionais inerentes aos trabalhos realizados com população jovem. 
Os  testes  isocinéticos  da  força  muscular  e  análise  por  electromiografia,  são  medidas 
objectivas e mensuráveis da função muscular. Contudo são de muito difícil aplicação, nos estudos que 
se fazem em ambiente escolar, durante as aulas de educação física e com medidas repetidas ao longo 
do tempo como foi o nosso caso. 
Neste contexto, e pretendendo avaliar a força isométrica dos principais grupos musculares do 
tronco  –  flexores,  extensores  e  flexores  laterais  ‐  optámos  por  medir  os  seus  tempos  máximos  de 
contracção  isométrica  em  exercícios/posturas  específicas,  a  partir  do  protocolo  de  McGill  [312]  feito 
numa amostra de 75 sujeitos com idade média de 23 anos, mas adaptado e validado por Vital et al, 
para uma amostra de 202 jovens com 11,1 anos de idade média semelhante à do nosso estudo [139, 140, 
339]
.  
Utilizámos  estes  testes  por  serem  de  fácil  e  simples  aplicação  e  por  terem  demonstrado 
segundo os estudos citados atrás, um elevado coeficiente de fidedignidade que variou entre 0,93 para 
os  flexores  laterais  e  0,99  para  o  grupo  extensor  [312],  quando  medidos  ao  longo  de  cinco  dias 
consecutivos ou passados oito semanas.  
No  mesmo  sentido  vão  os  trabalhos  de  Hyytiäinen  et  al que  reportaram  uma 
reproductibilidade nos testes de resistência estática destes grupos musculares entre 0,74 – 0,80 para 
os músculos extensores e 0,90 – 0,96 para os musculos flexores do tronco (abdominais) [340]. 
Os tempos de contracção máxima foram registados em segundos, desde o momento em que 
o  sujeito  assumia  a  posição  de  teste  até  ao  momento  em  que  deixava  de  conseguir  manter  essa 
posição, e nos casos sintomáticos era mantida a posição dentro dos níveis de dor tolerados por cada 
jovem. 

82 
 

O teste de resistência máxima dos flexores do tronco consistia numa modificação do teste 
dos flexores do protocolo de McGill [312]. Os sujeitos assumiam uma posição de flexão do tronco a 45º, 
com  as  ancas  flectidas  a  45º  e  joelhos  flectidos  a  90º  (plantas  dos  pés  apoiados  no  solo  sem 
estabilização externa); o tronco posicionava‐se a 45º relativamente à superfície do colchão ; os braços 
dos sujeitos mantinham‐se em ligeira flexão com as mãos a localizarem‐se na face externa dos joelhos 
sem os agarrarem. Os sujeitos eram colocados na posição de teste e iniciada a contagem do tempo em 
cronómetro  digital,  sendo  apenas  pedido  ao  sujeito  para  manter  o  máximo  tempo  possível  nessa 
posição. Logo que os alunos abandonavam essa posição de teste, terminava‐se a contagem (figura 20). 

Figura 20 ‐ Posição de teste para medição do tempo máximo de contracção isométrica dos flexores do 
tronco 
 
O teste de resistência máxima dos extensores do tronco foi adaptado a partir do protocolo 
de  McGill  [312].  Os  sujeitos  deitavam‐se  em  decúbito  ventral  sobre  um  colchão,  com  os  pés  a  serem 
estabilizados; e pedia‐se para manter o peito afastado do colchão com as mãos colocadas na cabeça 
(figura  21).  Perante  a  ordem  para  iniciarem  o  teste,  os  sujeitos  levantavam  o  tronco  o  máximo  que 
conseguiam  e  deviam  mantê‐lo  nessa  posição  o  máximo  de  tempo  possível.  A  contagem  do  tempo 
medida em segundos, terminou logo que o sujeito perdia a posição inicial de teste.  
 

Figura 21 ‐ Posição de teste para medição do tempo máximo de contracção isométrica dos extensores 
do tronco 

83 
 

 
O  teste  da  “ponte  lateral”  avaliava  a  resistência  máxima  dos  flexores  laterais  do  tronco  e 
replicava  quase  na  totalidade  o  protocolo  de  McGill  [312].  Neste  teste  os  sujeitos  deitavam‐se  em 
decúbito  lateral  sobre  o  colchão  com  os  membros  inferiores  em  extensão.  Os  pés  eram  mantidos 
juntos/paralelos.  Os  sujeitos  eram  instruídos  a  levantar  a  sua  anca/coxa  e  a  manter  todo  o  tronco 
estático  como  uma  linha  recta.  O  cotovelo  e  antebraço  homolateral  e  os  bordos  dos  pés  eram  os 
únicos  pontos  de  apoio  com  o  colchão  e  serviam  de  suporte  ao  corpo  durante  o  teste.  A  mão  do 
membro superior contra‐lateral repousava ao longo do tronco e não no ombro oposto como propôs 
McGill (figura 22). Foi medido o tempo máximo mantido nesta posição por cada aluno. 
 

 
Figura 22 ‐ Posição de teste para medição dos tempos máximos de contracção isométrica dos flexores 
laterais esquerdos e direitos do tronco 
 
Entre  cada  teste,  foi dado  um  tempo de  repouso  mínimo  de pelo  menos  dois  minutos,  que 
era realizado apenas quando os sujeitos referissem estar aptos e sem sensação de fadiga. 
  Depois de medidos os tempos máximos de contracção isométrica para os diferentes grupos 
musculares,  optámos  por  criar  uma  variável  a  que  chamámos  força  muscular  normalizada  dos 
músculos do tronco (FMN) como propôs Jette et al [341]. 
A  força  muscular  normalizada  (FMN)  corresponde  ao  quociente  entre  a  soma  de  todos  os 
tempos  máximos  de  contracção  isométrica,  obtidos  para  todos  os  grupos  musculares  (flexores, 
extensores e flexores laterais direito/esquerdo) e o Indíce de Massa Corporal (IMC). 
Vital et al  [139, 140] tinham utilizado apenas o melhor tempo obtido pelos flexores laterais, mas 
optámos  por  incluir  ambos  os  tempos  dos  flexores  laterais,  uma  vez  que  a  dominância  de  um  dos 
membros superiores poderia influenciar o teste, já que o mesmo exige uma exigente participação dos 
músculos do ombro e cintura escapular. 
Este  indicador  de  FMN  associado  ao  quociente  entre  a  resistência  muscular  dos 
extensores/flexores (E/F) do tronco permitiu‐nos obter um perfil de força muscular da musculatura do 
tronco para cada aluno, susceptível de ser replicado ao longo dos diversos momentos de avaliação e 
de ser utilizado como meio de comparação entre os sujeitos, que era o objectivo principal num estudo 
com estas características e neste contexto. 
 

84 
 

3.4.10 Avaliação postural – Alterações posturais/Desvios axiais 
 
  A avaliação da postura foi feita por parte do investigador, apenas por observação directa dos 
sujeitos na posição anatómica de pé ‐ vista anterior, posterior (figura 23) e duplo perfil ‐ (figura 24) e 
durante o movimento de flexão anterior ‐ “bending test” – (figura 25) para despiste de assimetrias do 
tronco,  como  desvios  laterais  da  coluna  associados  a  rotações  das  vértebras  com  a  consequente 
gibosidade dorsal ou assimetria na morfologia do tronco inferior que caracterizam as escolioses  
As principais regiões anatómicas sujeitas a avaliação qualitativa através da observação clínica 
directa, apenas para um registo de presença ou ausência de alterações posturais como hipercifoses, 
hiperlordoses e escolioses, foram os seguintes:
‐ Cabeça e pescoço (inclinação, rotação, anteriorização da cabeça, hiperlordose, rectificação – 
relação cabeça – coluna cervical); 
‐ Ombros (nível e/ou anteriorização dos ombros, nível das omoplatas e das clavículas); 
‐ Membros superiores /tronco (rodados, mais afastados do tronco – triângulo ileo‐costal); 
‐  Coluna  vertebral  e  tórax  (cervical,  dorsal,  lombar  –  assimetrias,  escoliose,  aumento  ou 
diminuição da cifose ou lordose – rectificação, assimetrias toracicas); 
 
Na  imagem  da  aluna  da  esquerda  (figura  23a)  foi  considerada  que  não  havia  qualquer 
alteração postural a registar. Nas imagens das alunas do meio (figura 23b) e da direita (figura 23c) da 
mesma  figura,  havia  alterações  posturais  evidentes  como  uma  escoliose  confirmada  pelo  teste  de 
flexão anterior. 
Nestes  casos  foi  registada,  apenas  a  presença  de  uma  escoliose  sem  informações 
complementares. Apenas pretendíamos registar a presença ou não alterações posturais. 
 
        (a)           (b)            (c) 

 
Figura 23 ‐ Posição de análise postural – Vista posterior de três alunas: (a) aluna sem alterações 
posturais; (b) e (c) – Alunas com alterações posturais – escolioses 

85 
 

              (a)        (b) 

 
Figura 24 ‐ Posição de análise postural – Vista de perfil esquerdo e perfil direito 
 
Na imagem do aluno da esquerda da figura 24a, foi registada a presença de uma hiperlordose 
lombar sem outras referências complementares. 
Na imagem da direita da figura 24b foi considerada que não havia qualquer alteração postural 
a registar.  
  No  teste  de  flexão  anterior do  tronco  –  “bending  test” ‐  e  com  observação  a  partir  de  uma 
vista  posterior  é  simples  e  fiável  encontrar  assimetrias  associadas  como  as  escolioses  que  são 
evidentes nas imagens (a), (b) e (c) da figura 25.  
 
                       (a)                (b)          (c) 

 
Figura 25 ‐ Posição de análise postural – Vista posterior no teste de flexão anterior do tronco 
mostrando escolioses inequívocas da coluna em três alunas diferentes 

86 
 

Todos estes testes e medições referidas até aqui foram escritos numa ficha de registo comum 
aos  três  momentos  de  avaliação  (Apendíce  4)  e  que  fez  parte  do  processo  individual  de  cada  aluno, 
juntamente  com  os  três  questionários  de  auto‐resposta  e  as  três  escalas  de  autoconceito  que  cada 
aluno preencheu ao longo dos três momentos do estudo. 
 
Em  síntese,  podemos  dizer  que  houve  um  conjunto  de  material  essencial  à  recolha  destes 
dados, e que se encontrou disponível durante os três momentos de avaliação e que foram: 
a) Questionários de auto‐resposta 

b) Balança Seca  

c) Dois  estojos  antropométricos  (cada  um  com  um  antropómetro  de  Rudolf  Martin,  um 
compasso  de  barras,  um  compasso  de  pontas  curvas  e  uma  fita  métrica),  uma  base 
acrílica, dois lápis para marcar a pele (neste caso, lápis de maquilhagem), um cronómetro 
digital e um goniómetro. 

d) Uma mesa alta/marquesa para deitar os sujeitos da amostra a quando da realização de 
algumas medições e na falta dela um colchão de ginásio. 

e) Sala disponível próxima do espaço onde decorriam as aulas de educação física e cedida 
de  propósito  para  o  efeito,  pelos  Conselhos  directivos  das  duas  escolas  onde  foram 
realizados as avaliações. 

 
 
3.4.11. Escala de autoconceito de Piers‐Harris  
 
A escala de autoconceito de Piers‐ Harris (Piers‐Harris Children’s Self‐Concept Scale ‐ PHCSCS) 
é um instrumento para avaliar de forma autodescritiva o factor homónimo, elaborado por Piers‐Harris 
e validado/adaptado para a população portuguesa por Veiga [219]. 
Esta escala foi construída para ser aplicada à população escolar, com idades entre os oito e os 
dezoito anos de idade, possuindo 80 itens relativos a diversas dimensões do autoconceito, com apenas 
duas hipóteses de respostas: Sim e Não 
Os  itens  caracterizados  na  escala  são  os  seguintes:  aparência  física,  popularidade,  aspectos 
comportamentais,  ansiedade,  estatuto  intelectual/escolar,  auto‐satisfação‐felicidade  e  autoconceito 
não académico em geral (Apendíce 5 A). 
O jovem à medida que vai lendo as sucessivas frases, faz um círculo à volta do “sim” ou do 
“não”,  conforme  se  sinta  mais  ou  menos  reflectido  por  tais  afirmações,  que  umas  vezes  são 
formuladas em sentido positivo e outras em sentido negativo. No final, é utilizada uma cotação: um 
ponto  para  sim  nas  questões  de  enfoque  positivo  ou  não  nas  questões  de  enfoque  negativo;  zero 
pontos para sim nas questões de enfoque negativo ou não nas questões de enfoque positivo. Obtém‐

87 
 

se,  depois,  um  score,  que  será  a  expressão  numérica  do  nível  de  autoconceito  para  o  sujeito  em 
questão.  
Os coeficientes de fidelidade do instrumento variaram entre 0,70 e 0,90 conforme a idade e o 
tipo  de  fidelidade  calculada  (consistência  interna  e  estabilidade  teste‐reteste)  [209,  217,  219].  Segundo 
Veiga, a versão portuguesa do PHCSCS, reúne as qualidades psicométricas adequadas para ser aplicada 
em  diversos  contextos  na  determinação  do  nível  de  autoconceito de  jovens  estudantes  portugueses 
[219]

Wylie  considerou  o  PHCSCS  como  um  dos  instrumentos  de  avaliação  do  autoconceito  mais 
aplicado e adaptado ao estudo em jovens adolescentes  [211]. Na pesquisa efectuada, verificámos que 
esta  escala  continua  a  ser  muito  utilizada  actualmente,  num  amplo  e  diversificado  conjunto  de 
contextos socio‐culturais e em vários países (Estados Unidos, Brasil, Turquia, Quénia, Coreia do Sul e 
China, são apenas alguns dos exemplos), por investigadores e profissionais de diversas áreas. 
Podemos  citar,  apenas  os  estudos  mais  recentes  que  utilizaram  a  PHCSCS,  e  que  foram 
realizados em adolescentes saudáveis e em ambiente escolar como o nosso  [216,  342‐346] ou em jovens 
com diversos problemas de saúde geral  [347,  348], de saúde mental  [349‐351] e jovens com problemas de 
comportamento:  por  exemplo,  em  jovens  com  uso  de  substâncias  [352],  em  jovens  com  problemas 
socio‐familares  [353],  em  jovens  com  problemas  de  aprendizagem  [354]  e  por  último  em  jovens  com 
dificuldades de inclusão social [355]. 
Strauss  et  al  afirmaram  que  os  elevados  níveis  de  actividade  fisica  eram  um 
factor/componente importante no desenvolvimento da auto‐estima de 92 jovens americanos entre os 
10 e os 16 anos  [216], também utilizando esta escala como um dos instrumentos de avaliação do auto‐
conceito. 
Em  Portugal,  depois  da  adaptação  e  validação  realizada  por  Veiga  [219]  para  a  população 
portuguesa, a escala foi aplicada em estudos como são os exemplos dados por Veiga  [209,  217] onde se 
relacionou a transgressão escolar com o (baixo) autoconceito dos jovens e os de Coelho et al  [32] que 
aplicaram a escala, a 208 jovens adolescentes da região de Lisboa, para estudar a eventual associação 
de variáveis psicossociais (incluindo o autoconceito) com a ocorrência de dores lombares. 
Pedimos a autorização formal do autor da tradução, adaptação e validação da escala PHCSCS 
para  a  aplicar  (Apendíce  5B),  o  que  foi concedido  e  testado/aplicado  anteriormente  ao  nosso  estudo, 
numa pesquisa em que também participámos [32]. 
 
 
3.5. Procedimentos no planeamento e realização do estudo 
 
Para a concretização deste estudo foi necessário um planeamento que envolveu um conjunto 
largo de profissionais (professores) das Escolas Secundárias. 
Numa primeira fase, foi feito um estudo exploratório a diversos professores e directores de 
conselhos directivos de várias Escolas da região da Grande Lisboa (Lisboas, Sintra, Oeiras, Cascais) com 

88 
 

a  finalidade  de  conhecer  a  sua  disponibilidade,  interesse  e  capacidade  de  colaboração  para  a 
realização desta pesquisa nas suas escolas. 
Nesse  sentido,  foi  enviada  uma  carta  aos  Conselhos  Directivos  de  cinco  escolas  a  solicitar 
autorização formal para a realização do estudo e onde também se davam todas as informações sobre 
o  tipo  e  objectivos  da  pesquisa  (Apendíces  6A  e  6B),  tipos  de  testes  e  medições  a  realizar,  logística 
necessária  e  princípios  éticos  (consentimento  informado  por  parte  dos  pais  e/ou  encarregados  de 
educação) e de confidencialidade a respeitar (Apendíce 7). 
Recebemos  resposta  positiva  dos  Conselhos  Directivos  da  Escolas  Secundária  José  Gomes 
Ferreira em Benfica e da Escola Básica do 2º e 3º ciclos Visconde de Juromenha em Mem Martins – 
Sintra. 
Posteriormente  reunimos  com  os  Conselhos  Directivos  dessas  escolas,  para  implementar  os 
procedimentos  de  envio  e  recolha  do  consentimento  informado,  que  deviam  ser  preenchidos  por 
parte dos pais e/ou encarregados de educação a autorizarem os seus filhos/educandos a participar no 
estudo. 
De  seguida  reunimos  com  os  professores  coordenadores  do  grupo  da  Educação  Física  das 
mesmas escolas, para planear toda a recolha de dados, testes e medições em sintonia com os horários 
das  aulas  de  Educação  Física  e  com  os  restantes  professores,  por  forma  a  minimizar  os  efeitos  da 
medições no desenrolar normal das actividades lectivas. 
As  recolhas  dos  dados  (preenchimento  dos  questionário  de  auto‐resposta  e  da  escala  de 
autoconceito e todos os testes e medições feitos pelo investigador) demoraram em média para cada 
aluno  cerca  de  45  minutos  e  ocorriam  durante  as  aulas  de  Educação  Física,  pelo  que  em  cada  aula 
eram medidos em média 2 a 3 alunos. 
Os momentos de avaliação ocorreram da seguinte forma 
1º Momento de avaliação – Março a Maio de 2005 
2º Momento de avaliação – Outubro a Dezembro de 2005 
3º Momento de avaliação – Março a Maio de 2006 
 
Devemos relembrar que todos estes testes foram sempre realizados pelo investigador deste 
estudo. Apenas houve a colaboração ocasional de alguns dos professores das escolas envolvidas, mas 
apenas para registar as diferentes medidas feitas pelo investigador.  
Para  a  revisão  da  literatura  recorremos  a  uma  vasta  base  de  dados  (Medscape,  PEDro, 
PhysioBase  e  PubMed.)  e  de  bibiotecas  de  diversas  instituições  (Faculdade  de Motricidade  Humana, 
Centro de Medicina de Reabilitação do Alcoitão, Escola Superior de Saúde do Alcoitão, Faculdade de 
Psicologia  e  Ciências  da  Educação  da  Universidade  de  Lisboa,  Faculdade  de  Ciências  Médicas, 
Fundação  Calouste  Gulbenkian,  Hospital  de  S.  José,  Hospital  de  Sant’Ana,  Instituto  Nacional  de 
Estatística e Instituto Superior de Psicologia Aplicada). 
 
 

89 
 

 
3.6. Tratamento dos dados 
 
A  análise  de  dados  foi  realizado  no  programa  Statiscal  Package for  the  Social Sciences  (IBM 
SPSS Statistics 18.0 – SPSS. Inc., Chicago, Illinois 60606, USA). 
A  base  de  dados  construída  e  utilizada  inclui  mais  de  80  variáveis  repetidas  ao  longo  dos  3 
momentos e definidas de acordo com as suas características e codificações. As tabelas apresentadas 
nos resultados foram obtidas a partir do mesmo programa de SPSS. 
Para o tratamento dos dados, foram utilizados: 
1) métodos  de  estatística  descritiva,  com  tabelas  de  frequências  e  medidas  de  tendência 
central e medidas de dispersão (desvios padrão) para a caracterização quer da amostra 
quer do padrão de ocorrência de dores lombares e da sua distribuição pelas diferentes 
variáveis. 
2) métodos estatísticos de associação, através da análise de regressão logística bivariada e 
multivariada,  entre  o  comportamento  da  dor  lombar  (variável  dependente)  e  todas  as 
variáveis independentes estudadas (biomorfológicas e psicossociais), com determinação 
do  nível  de  significância,  do  risco  relativo  estimado  (Odds  ratios)  para  um  intervalo  de 
confiança de 95%. Os coeficientes de regressão logística são usados para se estimarem os 
Odds Ratios para cada variável independente do modelo. Neste âmbito, aplicámos ainda 
na análise de regressão multivariada, o teste Hosmer‐Lemeshow que permite analisar o 
acerto do ajustamento para o modelo proposto (“Hosmer‐Lemeshow test of goodness of fit”)  
 
   

90 
 

4. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS 
 
 
 
Num  estudo  desta  natureza,  com  um  conjunto  vasto  de  dados  começamos  a  apresentação 
dos  resultados  pela  caracterização  da  amostra  nas  variáveis  mais  relevantes,  ao  longo  dos  três 
momentos  de  avaliação.  Esta  caracterização  pretende  ser  dinâmica  e  centrar‐se  nas  variáveis 
biomorfológicas  e  psicossociais  dos  jovens  adolescentes  que  completaram  os  três  momentos  de 
avaliação. Posteriormente, serão apresentados os valores de prevalência semestral de lombalgia nos 
três momentos de avaliação e a sua distribuição pelas variáveis mais importantes. Aqui será feita uma 
análise dos factores de risco associados às queixas lombares em cada momento de avaliação.  
Será  ainda  feita  uma  descrição  analítica  do  comportamento  da  dor  e  seu  padrão  de 
ocorrência  ao  longo  dos  três  momentos  de  avaliação.  Neste  contexto,  considerámos  os  sujeitos 
assintomáticos,  os  jovens  que  não  referiram  dor  lombar  em  nenhum  dos  momentos  avaliados.  O 
grupo de jovens que apenas referiu dor lombar num dos momentos de avaliação constituiu o grupo de 
dor  ocasional/episódica.  Os  jovens  que  referiam  dores  lombares  em  dois  dos  três  momentos  da 
avaliação (dor lombar recorrente) ou mesmo nos três momentos avaliados (dores lombares crónicas) 
constituiram o último grupo, que em nosso entender, é o que merece uma análise mais específica. 
Por último, faremos uma análise sobre os factores/variáveis que poderão estar associados e 
que explicam o comportamento da dor, particularmente no grupo das raparigas que parece ter sido o 
mais afectado pelas dores lombares recorrentes e/ou crónicas. 
Neste âmbito, fizemos uma análise de regressão logística multivariada e procurámos analisar 
a  influência  relativa  das  variáveis  biomorfológicas  e  psicossociais  (e  a  interacção  entre  elas)  no 
comportamento da dor ao longo dos três momentos de avaliação. 
 
 
  4.1. Caracterização da amostra  
 
Inicialmente a amostra ficou constituída por 239 jovens (11 ‐ 15 anos). Na segunda avaliação, 
avaliámos 181 participantes (75,7% da amostra inicial), com uma perda de 58 indivíduos relativamente 
ao  início  do  estudo,  e  terminámos  com  171  adolescentes  avaliados  nos  três  momentos  (71,5%  da 
amostra inicial), com uma perda de somente dez sujeitos relativamente à segunda avaliação e de 68 
indivíduos relativamente ao início da investigação (perda de 28,5%). 
Apresenta‐se de seguida, de forma sistematizada os dados mais relevantes que descrevem a 
distribuição  dos  sujeitos  da(s)  amostra(s)  relativamente  às  caracteristicas  individuais,  às  variáveis 
biomorfológicas e psicossociais, recolhidas através dos instrumentos descritos na metodologia. 
 
Relativamente à distribuição por idade, os dados são apresentados na tabela 1  
 

91 
 

Tabela 1 – Distribuição dos jovens por idade dos participantes (anos) nas três avaliações 
 
Avaliação/Idade (anos)  Amostra Idade ‐ Variação Média/Desvio‐padrão 
A1  239  11 ‐15  12,97 ± 1,12 

A2  181  12 ‐ 16  13,54 ± 1,05 

A3  171  12 ‐ 17  13,92 ± 1,15 

 
No terceiro e último momento de avaliação, a idade dos jovens, que variou entre os 12 e os 
17  anos  (média  13,92  anos),  concentrou‐se  sobretudo  entre  os  13  e  os  15  anos  (80,7%)  que 
corresponde à idade cronológica habitualmente atribuída ao período de intenso crescimento, sendo a 
faixa etária que se pretendia estudar nessa fase de intensas e rápidas mudanças. 
 
Relativamente  ao  género,  iniciámos  com  109  rapazes  e  130  raparigas  (45,6%  Vs  54,4%)  e 
terminámos  na  terceira  avaliação  com  74  rapazes  e  97  raparigas  (43,3%  Vs  56,7%)  no  total  de  171 
jovens  avaliados  nos  três  momentos.  A  diferença  entre  o  número  de  rapazes  e  de  raparigas  nunca 
superou os 23 indivíduos, correspondendo a percentagens relativas que se mantém estáveis ao longo 
das três avaliações, pelo que se pode considerar que o número de jovens por género é relativamente 
homogénea.  Na  faixa  etária  13‐15  anos  que  representou  cerca  de  80,7%  dos  jovens  avaliados  no 
terceiro momento, a distribuição por género estava distribuída um pouco mais assimétrica em favor 
das raparigas (60,9%) em relação aos rapazes (39,1%). 
A  tabela  2  apresenta  a  distribuíção  entre  género  e  a  média  de  idades,  nas  três  avaliações 
efectuadas.  Verifica‐se  que  em  qualquer  uma  das  avaliações,  a  média  de  idades  é  ligeiramente 
superior para o género feminino. 
 
Tabela 2 – Valores da média e desvio‐padrão (DP) da idade em anos, nos géneros masculino e 
feminino e nas três avaliações  
 
Idade (anos) Idade (anos) Idade (anos) 
Género   
1ª avaliação  2ª avaliação  3ª avaliação 
Média  12,88  13,47  13,85 

Masculino  DP  1,19  1,23  1,31 

n  109  79  74 

Média  13,05  13,60  13,98 

Feminino  DP  1,06  0,89  1,01 

n  130  102  97 

Média  12,97  13,54  13,92 

Total  DP  1,12  1,05  1,15 

n  239  181  171 

 
 

92 
 

Relativamente  aos  elementos  do  género  feminino,  procurou‐se  saber  qual  a  idade  de 
menarca. A tabela 3 reproduz os dados relativamente à idade de menarca das raparigas da amostra, 
nas três avaliações realizadas. 
 
Tabela 3 – Idade da menarca em anos, nas raparigas e nas três avaliações  
 

1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação 


Idade de menarca 
n  % n % n % 
9 anos  4  3,1  3  2,9  3  3,1 

10 anos  10  7,7  9  8,8  9  9,3 

11 anos  18  13,8  13  12,8  13  13,4 

12 anos  35  26,9  29  28,4  24  24,7 

13 anos  16  12,3  13  12,8  13  13,4 

14 anos  1  0,6  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐ 

não responderam  46  35,4  35  34,3  35  36,1 

Total  130  100  102  100  97  100 

 
Podemos verificar que, nas três avaliações realizadas, a maior percentagem de participantes 
do género feminino, refere os 12 anos, como a idade em que ocorreu o primeiro período menstrual 
(menarca). Há a acrescentar que, em todas as avaliações, uma grande percentagem de participantes 
não responderam a esta alínea do questionário (entre 34,3% e 36,1% das raparigas) o que representa 
mais  de  um  terço  das  situações.  Face  a  estes  números  de  ausência  de  resposta,  que  poderá  ser 
explicado por não se lembrar ou não querer responder, esta variável não vai poder ser analisada neste 
estudo.  Sabe‐se  que  a  idade  da  menarca  na  rapariga  está  associada  a  um  período  da  maturação 
importante,  mas  como  não  há  evento  comparável  nos  rapazes  procuraremos  estudar  o  indíce 
maturacional/pico  de  velocidade  de  crescimento  em  altura  através  de  outros  dados/métodos  já 
referidos na metodologia. 
 
Relativamente aos hábitos tabágicos, a amostra está distribuída de acordo com a Tabela 4 
 
Tabela 4 – Jovens não‐fumadores e fumadores no total da amostra nos três momentos de 
avaliação 

1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação 


Tabagismo 
n  % n % n % 
Não 224  93,7  178  98,3  168  98,2 

Raramente  2  0,8  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐ 

Sim 6  2,5  3  1,7  3  1,8 

Não responderam  7  2,9  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐ 

Total  239  100  181  100  171  100 

93 
 

É  possível  verificar  que  numa  amostra  de  239  participantes,  há  somente  seis  jovens  que 
reconhecem serem fumadores frequentes e dois fumadores raros. É igualmente possível dizer que um 
fumador iniciou o seu consumo tabágico na idade de 12 anos, enquanto quatro fumadores iniciaram o 
consumo de tabaco com 13 anos de idade (um não respondeu a esta questão).  
 
  Todos os sujeitos eram estudantes não havendo nenhum a exercer qualquer outra profissão. 
 
No  respeitante  à  raça  podemos  dizer  que  no  grupo  dos  jovens  que  completaram  os  três 
momentos  de  avaliação,  cerca  de  127  dos  171  (74,3%)  eram  de  raça  caucasiana,  40  eram  de  raça 
negra (23,4%) e quatro (2,3%) eram de outra raça. 

 
Nos  171  alunos  da  amostra  apenas  seis  (3,5%)  não  realizaram  actividade  física  na  escola 
(aulas  de  educação  física),  na  maioria  dos  casos  por  razões  de  saúde  e  com  justificações  médicas. 
Relativamente  à  carga  horária  que  os  165  alunos  restantes  dedicaram  ao  desporto  escolar  e/ou 
actividade física escolar a grande maioria (83,1%) ocupou até três horas/semana. Apenas sete alunos 
(4,2%)  estiveram  envolvidos  em  mais  que  as  três  horas  curriculares  o  que  significa  que  estiveram 
envolvidos em modalidades de desporto escolar extra aulas do plano curricular. 
Pretendíamos  igualmente  descrever  os  dados  relativos  à  prática  de  desportos  ou  de 
actividades  físicas  fora  da  escola  (com  uma  regularidade  média  de  pelo  menos  duas  vezes  por 
semana) (tabela 5). 
 
Tabela 5 – Distribuição dos sujeitos por praticantes e não praticantes de desporto nas três 
avaliações  
 

Actividade física fora da  1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação 


escola  n % n % n % 
Não 146  61,1  102  56,4  102  59,6 

Sim 90  37,7  78  43,1  68  39,8 

Não responderam  3  1,2  1  0,5  1  0,6 

Total 239  100  181  100  171  100 

 
  Pode‐se observar que quase quatro em cada dez jovens da terceira avaliação (39,8%) referem 
ter praticado actividades físicas e/ou desportivas fora da escola. Destes, cerca de 57,4% eram rapazes 
e  42,6%  raparigas,  marcando  uma  tendência  para  uma  maior  aderência  dos  rapazes  à  prática 
desportiva fora da escola. 
  Na  análise  da  distribuíção  por  género  dos  jovens  que  não  praticaram  desporto  e/ou 
actividade física fora da escola nos três momentos de avaliação observámos que quase dois terços dos 
alunos (65,7%) eram raparigas confirmando a tendência referida atrás. 

94 
 

  Observa‐se também, que dos 68 alunos que praticaram uma actividade fora da escola, cerca 
de  50  (73,5%)  referem  ter  praticado  apenas  uma  modalidade  e  cerca  de  18  (26,5%)  afirmaram  ter 
praticado  duas  a  três  modalidades  diferentes.  O  futebol  (28%)  e  a  natação  (23%)  foram  as 
modalidades mais referenciadas, estando os outros jovens repartidos por diversas modalidades.  
  Deve‐se  ainda  referir  que  a  grande  maioria  dos  jovens  (92,0%),  apenas  refere  ter  praticado 
essas modalidades até seis horas por semana em média. Apenas 8% dos jovens afirmou ter praticado 
sete  ou  mais  horas  semanais,  traduzindo  uma  maior  componente  de  desporto  de  lazer  e 
aperfeiçoamento do que desporto de competição, na amostra em estudo. 
 
  Também questionámos sobre actividades fisicas desenvolvidas de forma menos formal mas 
que  são  suficientemente  intensas  para  causarem  alterações  do  ritmo  respiratório  e/ou  sudação. 
Neste âmbito os valores apontam para valores mais equilibrados (Sim ‐ 48% / Não ‐ 52%) do que na 
prática  desportiva  mais  formal  (40%  Vs  60%).  Também  neste  indicador,  os  rapazes  (53,7%)  estavam 
em  maioria,  embora  menos  marcada  do  que  na  prática  mais  formal  de  actividade  física  (57,4%).  As 
actividades  mais  citadas  nesta  variável,  foram  “futebol  com  os  amigos”  (40,5%),  andar  de  bicicleta 
(19,8%)  e  jogar  voleibol  com  os  amigos  (13,2%),  ocupando  em  93%  das  situações  até  seis 
horas/semana em média.  
Relativamente ao tempo gasto a ver televisão (TV), em todas as avaliações, o maior número 
de participantes referiu ter visto televisão, em média até dez horas /semana (entre 62,4 e 71,1%). Os 
alunos  que  referem  ter  visto  TV,  11  ou  mais  h/semana  representaram  entre  25,7%  e  34,9%.  Os 
restantes não responderam. Na distribuição por género, constatou‐se que em todos os momentos da 
avaliação, houve uma distribuição mais ou menos homogénea entre rapazes e raparigas relativamente 
aos tempos ocupados a ver TV. 
Da  mesma  forma  no  número  de  horas/semana  com  jogos  de  computador/electrónicos  a 
grande maioria (73,7 a 81,6%) referia ocupar em média até dez horas/semana. No entanto ainda se 
encontraram,  entre  15,8%  e  20,9%  dos  sujeitos,  que  reconheceram  gastar  11  ou  mais  horas  por 
semana nessas actividades. Houve uma taxa média de não resposta a esta questão de 3%. Os rapazes 
parecem de uma forma geral ter ocupado mais tempo com estas actividades (24,0% em média com 
tempos  semanais  mais  altos)  do  que  as  raparigas  (valor  equivalente  de  14,3%  em  média  nos  três 
momentos). 
 
Seguidamente,  o  mesmo  tipo  de  análise  foi  realizada  no  respeitante  ao  número  de  horas 
dispendidas a dormir nos dias úteis. A grande maioria afirmou dormir em média seis a oito h/noite 
nos dias da semana (56,9% a 62% consoante os momentos de avaliação) e 28,6% e 33% que referiram 
dormir  em  média  mais  de  nove  horas  por  noite.  No  pólo  oposto  encontrámos  entre  5,3%  (terceiro 
momento) e 8,4% dos jovens (primeiro momento) que afirmaram dormir em média, apenas até cinco 
horas/noite  aos  dias  úteis.  Relativamente  aos  jovens  que  dormiram  menos  ao  longo  da  semana  de 
aulas, os rapazes apresentaram uma ligeira tendência para ser em maior número (8,0% em média nos 

95 
 

três momentos) relativamente às raparigas (5,7%). A mesma análise feita nas horas dormidas ao fim 
de semana revelou que o número de horas mínimo (até cinco horas/noite) ainda foi menos frequente 
(4,2% na média dos três momentos) mas mantendo‐se a tendência de ser maior nos rapazes (6,1% em 
média nos três momentos) do que nas raparigas (valor equivalente de 2,7%). 
 
Questionaram‐se  os  alunos  sobre  a  forma predominante  de deslocações  realizadas de  casa 
para  a  escola  e  de  escola  para  casa.  As  deslocações  a  pé  representaram  cerca  de  68,6%  dos  casos 
(primeira avaliação), os 71,8% (segunda avaliação) e os 70,8% (terceira avaliação). Neste indicador, a 
distribuição por género foi semelhante entre rapazes e raparigas, com valores próximos dos 70% para 
ambos os grupos. No sub‐grupo dos alunos que fizeram o trajecto casa‐escola‐casa a pé, observou‐se 
que  a  grande  maioria  ‐  entre  75,6%  e  os  81,0%  ‐  referiu  um  tempo  médio  até  20  min/dia  nessas 
deslocações. De seguida, houve entre 15,4% e os 18,9% dos jovens a referir um tempo médio entre os 
20 e os 40 min nessas deslocações e uma pequena minoria (entre 3,3 e 5,5%) referiu mais de 40 min. 
 
A variável autoconceito, foi medida por meio de um score obtido através da escala de auto‐
conceito  Piers‐Harris.  Na  tabela  6,  apresentamos  os  dados  deste  constructo  psicológico  e  a  sua 
distribuição por idade e género, nas três avaliações preconizadas. 
   
Tabela 6 – Valores de média e desvio‐padrão (DP) dos scores de autoconceito e sua distribuição por 
idade e género nos três momentos de avaliação 
 
  1ª avaliação  2ª avaliação  3ª avaliação 
Idade / Género  Média  DP Média DP Média  DP 
11 anos  75,14  11,29  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐ 

12 anos  74,48  13,33  76,17  12,30  79,04  7,91 

13 anos  75,75  12,90  79,90  11,11  79,53  9,52 

14 anos  71,40  10,66  76,64  10,16  76,46  11,95 

15 anos  76,42  11,88  73,77  10,22  75,29  8,79 

16 anos  ‐‐‐  ‐‐‐  71,55  18,25  76,83  11,65 

17 anos  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐  ‐‐‐  90,05  5,30 

Rapazes  76,53  12,24  77,88  11,24  78,29  11,23 

Raparigas  73,0  12,34  76,19  11,29  77,01  9,68 

Total/n 
74,61  12,39  76,93  11,27  77,56  10,37 
(239/181/171) 

 
Pode  ser  verificado  que  a  média  total  de  autoconceito  aumenta  ao  longo  das  avaliações, 
sendo de 74,61  12,39 na primeira avaliação, 76,93  11,27 na segunda avaliação e de 77,56  10,37 
na  terceira  avaliação.  O  score  de  autoconceito  é  ligeiramente  superior  nos  rapazes  do  que  nas 
raparigas em todas as avaliações, sendo a sua diferença maior na primeira avaliação. Para além disso, 
não se pode dizer que o nível de autoconceito aumente com a idade. Na primeira avaliação, os valores 

96 
 

mantêm‐se  homogéneos  excepto  com  a  idade  de  14  anos,  sofrendo  aqui  o  valor  de  score  de 
autoconceito  uma  ligeira  diminuição.  Na  segunda  avaliação,  o  autoconceito  parece  sofrer  uma 
diminuição  progressiva  a  partir  dos  14  anos.  A  terceira  avaliação  apresenta  valores  de  nível  de 
autoconceito relativamente homogéneos; somente se verifica um grande aumento respeitante à idade 
de 17 anos, mas tal é feito à custa de somente dois participantes. 
 
Relativamente  às  escolas  de  origem  onde foram  realizados  as  recolhas  dos dados  temos  os 
seguintes  valores.  Na  Escola  Secundária  José  Gomes  Ferreira  (Benfica  –  Lisboa),  onde  iniciámos  o 
estudo  com  75  alunos  (31,4%  da  amostra  no  momento  1),  terminámos  com  62  alunos  observados 
(36,3%  dos  alunos  que  completaram  os  três  momentos  de  avaliação).  Na  Escola  Básica  do  2º  e  3º 
ciclos ,Visconde Juromenha (Mem Martins – Sintra), iniciámos com 164 alunos (68,6%) e terminámos 
com 109 jovens avaliados (63,7%). Isto significa que o maior número de perdas (55 e 81% do total de 
perdas), ocorreu nesta última escola em virtude de um maior absentismo escolar e mesmo abandono 
precoce da escola, sobretudo entre os rapazes (perda de 31 rapazes entre avaliações inicial e final). 
No  1º  momento  de  avaliação,  relativamente  ao  género,  a  amostra  estava  distribuída 
simetricamente  na  Escola  de  Mem  Martins  (49,4%  de  rapazes  Vs  50,6%  de  raparigas)  mas  era  mais 
assimétrica  na  Escola  de  Benfica  (37,3%  de  rapazes  Vs  62,7%).  No  conjunto  dos  jovens  que 
completaram os três momentos de avaliação, a percentagem relativa entre rapazes e raparigas foi a 
seguinte:  a)  Escola  de  Mem  Martins  (45,9%  Vs  54,1%);  Escola  de  Benfica  (38,7%  Vs  61,3%).  Isto 
significa que a maior perda de alunos para o estudo longitudinal ocorreu entre os rapazes e na Escola 
de MemMartins (dos 81 que começaram terminaram 50). 
 
Passamos de seguida à análise exploratória de dados relativos às variáveis biomorfológicas. 
Relativamente  aos  dados  da  massa  corporal  (Kg)  e  da  altura  (cm)  naturalmente  que 
aumentaram com a idade e foram maiores no género masculino do que no género feminino, para as 
três avaliações efectuadas.  
A massa corporal média dos 74 rapazes que completaram as três avaliações oscilou entre os 
51,3 ± 11,9 Kg (primeira avaliação), os 54,0 ± 11,7 Kg (segunda avaliação) e os 55,2 ± 12,1 kg (terceira 
avaliação). O peso médio das 97 raparigas nos três momentos variou entre os 49,1 ± 9,3 Kg (primeira 
avaliação), os 50,8 ± 8,9 Kg (segunda avaliação) e os 51,6 ± 8,9 kg (terceira avaliação).  
A altura média em pé dos 74 rapazes que completaram as três avaliações registou‐se entre 
160,9  ±  10,0  cm  (primeira  avaliação),  os  163,6  ±  10,1  cm  (segunda  avaliação)  e  os  165,6  ±  9,7  cm 
(terceira  avaliação).  Nas  97  raparigas  medidas,  a  altura  variou  entre  158,0  ±  6,5  cm  (primeira 
avaliação), os 159,2 ± 5,9 cm (segunda avaliação) e os 160,0 ± 5,8 cm (terceira avaliação). Isto significa 
que  as  raparigas  cresceram  em  média,  menos  em  altura,  e  eram  em  média  mais  baixas  do  que  os 
rapazes (2,9 cm na avaliação inicial e 5,6 cm na última avaliação). 
Mas mais importante do que os valores absolutos da massa corporal e da altura é podermos 
apresentar  a  distribuíção  do  Indíce  de  Massa  Corporal  (IMC)  ajustado  à  idade/género  segundo  a 

97 
 

tabela de Cole et al  [309] como referimos na metodologia. Segundo essa tabela, agrupámos os jovens 
em  dois  grupos  principais:  (1)  jovens  com  peso  normal  e  (2)  jovens  com  excesso  de  peso  e/ou 
obesidade. Não obtivémos casos que pudessem ser agrupados na categoria “peso a menos”.  
Neste âmbito, registámos no grupo de excesso de peso/obesidade uma frequência que variou 
entre  os  18,4%  (avaliação  inicial)  e  os  16,4%  (última  avaliação  que  representa  os  alunos  que 
completaram o estudo longitudinal nos três momentos).  
No primeiro momento, do total das raparigas apenas 14,6% estavam no 2º grupo (excesso de 
peso/obesidade)  contra  22,9%  dos  rapazes.  Já  no  último  momento  de  avaliação,  esta  diferença 
atenuava‐se  ligeiramente  (13,5%  das  raparigas  para  18,9%  dos  rapazes),  embora  os  rapazes 
continuassem a ser o género mais representado na categoria (excesso de peso e/ou obesidade). 
 
  Foi  recolhida  um  conjunto  de  medidas  –  altura  sentado,  comprimento  dos  membros 
inferiores,  altura  em  pé  –  que  a  partir  dos  estudos  de  Mirwald  e  colegas  [310]  já  referidos  na 
metodologia  e  aplicando  equações  preditivas  utilizando  estas  medidas,  permitiu  calcular  o  desvio 
maturacional dos jovens relativamente ao seu “pico de velocidade de crescimento em altura” (PHV) e 
cujos valores estão representados na tabela 7.  
Os  valores  próximos  de  zero  (quer  negativos,  quer  positivos)  indicam  que  esses  jovens 
estariam muito próximos do “pico de velocidade de crescimento em altura. Os valores mais negativos 
representam jovens ainda distantes desse período de maior aceleração do crescimento em altura e os 
valores mais positivos representam os jovens que já atravessaram o período de mais intenso e rápido 
crescimento. 
Tabela 7 – Valores do desvio maturacional (média e desvio‐padrão – DP) em relação ao pico de velocidade de 
crescimento em altura (PHV) por género e na amostra total nos três momentos de avaliação e em todos os alunos 
avaliados em cada momento 
 
Desvio Maturacional em  1ª avaliação  2ª avaliação  3ª avaliação 
relação PHV  Média (máx –min) DP Média (máx –min) DP Média (máx –min)  DP
Rapazes (109/79/74)  ‐1,53 (‐3,60 a 0,74)  1,00  ‐1,09 (‐3,21 a 0,83)  1,06  ‐0,82 (‐2,78 a 1,42)  1,09 

Raparigas (130/102/97) ‐1,18 (‐2,86 a 0,82)  0,75  ‐0,84 (‐2,23 a 1,45)  0,67  ‐ 0,62 (‐1,98 a 1,39)  0,69 

Total/n (239/181/171)  ‐1,34 (‐3,60 a 0,82)  0,89  ‐0,95 (‐3,21 a 1,45)  0,87  ‐0,71 (‐2,78 a 1,42)  0,89 

 
Depois de aplicadas estas equações os valores poderiam ser negativos, próximos do zero ou 
positivos e variaram entre (‐3,60 e 0,82 na  avaliação inicial e ‐2,78 e 1,42 na avaliação final). 
Na análise da tabela 7 podemos constatar que no primeiro momento de avaliação, a média 
desses valores era de ‐1,34 ± 0,89 e ainda mais negativa (‐1,53) nos rapazes do que nas raparigas (‐
1,18). Na última avaliação a média foi de 0,71 ± 0,89 e com valores que variaram entre um mínimo de ‐
2,78 e um máximo de 1,42, mantendo‐se a natural tendência de ter havido uma média mais negativa 
nos  rapazes  (‐0,82)  do  que  nas  raparigas  (‐0,62),  traduzindo  um  desvio  maturacional  em  relação  ao 
pico de crescimento em altura, mais atrasado nos rapazes.   

98 
 

Um dado relevante deste indicador de desvio maturacional num estudo longitudinal resulta 
da análise da variação entre os momentos inicial e final no grupo dos 171 alunos e a sua distribuição 
por género que podemos ler na tabela 8. 

Tabela 8 – Variação do desvio maturacional em relação ao pico de crescimento em 
altura (PHV) no grupo todo e a sua distribuição por género 
 
Variação do Desvio Maturacional em 
Min – Máx  (anos)   Média/DP (anos) 
relação PHV 
Masculino (n= 74)  0,45 – 1,23  0,75 ± 0,18 

Feminino (n=97) 0,29 – 1,31  0,66 ± 0,16 

Total (n=171)  0,29 – 1,31  0,70 ± 0,18 

 
Constatamos que entre o primeiro momento e o terceiro momento de avaliação, houve uma 
amplitude de variação deste indicador, entre 0,29 e os 1,31 com uma variação de desvio maturacional 
médio de 0,70 ± 0,18 (sendo 0,75 ± 0,18 nos rapazes e 0,66 ± 0,16 nas raparigas). 
Com  este  valor  de  variação  média  deste  indicador,  entre  os  momentos  inicial  e  final, 
categorizámos os 171 jovens em três grupos do ponto de vista de desvio maturacional:  
Grupo 1 ‐ jovens em “pré‐pico de crescimento em altura” com valores inferiores a ‐ 0,70;  
Grupo 2 ‐ jovens em “pleno período de crescimento em altura” com valores entre ‐ 0,70 e + 
0,70. O valor zero aparece como parâmetro central deste grupo em torno do qual, significa estar‐se 
em pleno período de maior aceleração da velocidade de crescimento em altura;  
Grupo 3 ‐ jovens no “pós‐pico de crescimento em altura”  com valores superiores a +0,70.  
O critério utilizado para esta divisão, foi assim calculado, a partir da média de variação deste 
indicador  de  desvio  maturacional  da  amostra  em  estudo  e  tendo  em  consideração  que  o  valor  zero 
correspondia ao ponto de maior aceleração do crescimento em altura. 
Se apenas nos centrarmos na análise da variação do desvio maturacional –em relação ao pico 
de velocidade de crescimento em altura e a sua distribuíção por esses três grupos, nos 171 jovens (74 
rapazes  e  97  raparigas)  entre  o  primeiro  e  último  momento  de  avaliação,  e  que  são  os  que  nos 
interessam  numa  análise  dinâmica  (uma  vez  que  os  outros  se  perderam  para  o  estudo)  temos  os 
valores apresentados na tabela 9. 
Tabela 9 – Grupos sobre o desvio maturacional em relação ao “pico de velocidade de crescimento em 
altura (PHV)” por género nos 171 alunos avaliados nos três momentos. Grupo 1 < ‐ 0,70 ; Grupo 2 – 
valores entre  ‐ 0,70 e 0,70 ; Grupo 3 > 0,70 
 
Desvio Maturacional em relação  1ª avaliação 3ª avaliação 
PHV  n (masc/fem)        Média/DP  n (masc/fem)      Média/DP 
Grupo 1 (Masc/Fem)  131 (53/78) ‐ 1,73 ± 0,70  80 (39/41) ‐ 1,43 ± 0,55 

Grupo 2 (Masc/Fem)  38 (20/18) ‐ 0,31 ± 0,35  82 (29/53) ‐ 0,16 ± 0,39 

Grupo 3 (Masc/Fem)  2 (1/1) ‐ 0,78 ± 0,54  9 (6/3) 1,13 ± 0,30 

Total/N  171 (74/97)  ‐ 1,39 ± 0,88  171 (74/97)  ‐ 0,69 ± 0,89 

99 
 

Dos  131  alunos  que  no  início  do  estudo,  ainda  estavam  no  grupo  1  (mais  atrasados 
relativamente  ao  período de  pico  de crescimento  mais  rápido) havia  53  rapazes  (71,6  %  do  total  de 
rapazes) e 78 raparigas (80,4 % das 97 alunas). Os valores médios do desvio maturacional deste grupo 
1, na avaliação inicial, foram de ‐1,73 ± 0,70  sendo mais baixos nos rapazes ( ‐2,08 ± 0,75) do que nas 
raparigas (‐1,49 ± 0,48), mostrando um maior atraso maturacional relativo no grupo dos rapazes (em 

valores absolutos). 
Ainda na primeira avaliação, havia 20 rapazes (27%) no grupo 2 – o de mais intenso período 
de  crescimento  –  e  18  raparigas  (18,6%)  e  cujos  valores  médios  deste  indicador  foram  muito 
semelhantes (rapazes = – 0,31 ± 0,39 e  raparigas – 0,30 ± 0,32).  
Ainda na  avaliação  inicial,  havia  apenas  2 sujeitos  (um  rapaz  e  uma  rapariga) no  grupo  3,  o 
que significa que apenas um número muito reduzido já teria ultrapassado o maior pico de crescimento 
em altura. 
No  último  momento  de  avaliação,  a  distribuição  dos  171  jovens  pelos  grupos  de  desvio 
maturacional considerados, foram os seguintes: 
a) Dos 80 jovens (46,8% da amostra) ainda englobados no grupo 1 observámos 39 rapazes 
(52,7%)  e  41  raparigas  (42,3%)  cujos  valores  médios  deste  indicador  foram  de  –  1,66  ± 
0,63  e    ‐1,21  ±  0,35  respectivamente,  traduzindo  a  tendência  também  encontrada  no 
prmeiro  momento  de  avaliação  de  um  maior  atraso  maturacional  dos  rapazes  (em 
valores percentuais e em valores absolutos do desvio maturacional em relação ao pico de 
crescimento em altura). 

b) Identificámos  82  adolescentes  (48%)  no  grupo  2  –  o  de  maior  aceleração  do  pico  de 
crescimento  –  sendo  29  rapazes  (39,2%)  e  53  raparigas  (54,6%)  e  cujas  valores  médios 
deste  indicador  foram  de  0,06  ±  0,41  e  0,22  ±  0,39  respectivamente.  Pode‐se  assim 

afirmar  que  na  avaliação  final,  quase  metade  dos  sujeitos  (48%)  em  análise,  estavam  a 
atravessar o período de maior aceleração do seu crescimento e também aqui com maior 
contributo das raparigas, pois mais de metade delas situavam‐se neste grupo contra um 

pouco menos dos rapazes (quase quatro em cada dez). 
c) De  três  jovens  do  grupo  3,  no  momento  inicial,  passou‐se  para  nove  adolescentes (seis 
rapazes  e  três  raparigas)  que  já  teriam  ultrapassado  o  período  de  mais  intenso 
crescimento  na  avaliação  final.  As  médias  dos  valores  destes  indicadores  foram 
respectivamente de 1,09 ± 0,26 e 1,22 ± 0,41. Contudo estes nove sujeitos representaram 
apenas 5,3% do conjunto de todos os sujeitos da amostra. 

 
Recolhemos  outros  valores  relacionados  com  os  perímetros  do  tronco  (mesoesternal, 
xifoidiano  e  abdominal),  diâmetros  do  tronco/bacia  (bi‐acromial,  toraco‐transverso,  toraco‐sagital  e 

100 
 

bi‐cristal) e comprimento dos membros superiores que serão apenas apresentados de forma genérica 
nos  três  momentos  de  avaliação,  agrupando  os  géneros  e  abrangendo  apenas  os  171  jovens  que 
completaram todas as avaliações. 
Pode‐se  constatar  que  as  variações  destas  medidas  são  mínimas,  apesar  de  haver  um 
aumento generalizado ao longo dos três momentos de avaliação em todas as dimensões.  

 
Os valores dos perímetros do tronco estão representados na tabela 10 
 
Tabela 10 – Valores de média e desvio‐padrão (DP) em centímetros (cm) dos perímetros 
mesoesternal, xifoideano e abdominal, ao longo dos três momentos de avaliação 
 
Avaliação  Mesoesternal Xifoideano Abdominal 
A 1  79,67 ± 7,53 71,53 ± 7,18  70,50 ± 8,53 

A 2  81,73 ± 7,15 73,58 ± 6,64  71,87 ± 8,38 

A 3  82, 54 ± 7,17  74,21 ± 6,73  73,14 ± 8,41 

Os valores dos diâmetros do tronco e bacia dos 171 alunos estão representados na tabela 11 
 
Tabela 11 – Valores de média e desvio‐padrão (DP) em centímetros (cm) dos diâmetros bi‐
acromial, bi‐cristal, toraco sagital e toraco‐transversal, ao longo dos três momentos de avaliação 
 
Diâmetro Toraco‐
Avaliação  Diâmetro bi‐acromial  Diâmetro bi‐cristal  Diâmetro Toraco‐Sagital 
Transversal 

A 1  34,40 ± 2,66 24,07 ± 2,90  15,22 ± 2,61  22,82 ± 2,31 

A 2  35,25 ± 2,72 24,92 ± 2,80  15,43 ± 2,54  23,29 ± 2,32 

A 3  35,54 ± 2,62 25,66 ± 2,74  15,51 ± 2,54  23,44 ± 2,31 

  Os  valores  do  comprimento  dos  membros  superiores  de  todos  alunos  são  apresentados  na 
tabela  12  e  revelam  um  aumento  ligeiro  ao  longo  dos  três  momentos  (cerca  de  1,6  cm  no  total)  e 
mínimas  diferenças  “técnicas”  entre  a  medição  dos  membros  superiores  direito/esquerdo  que  se 
devem provavelmente aos erros de medição marginais inerentes aos procedimentos de medida. 
 
Tabela 12 – Valores de média e desvio‐padrão (DP) em centímetros (cm) dos 
comprimentos dos membros superiores, ao longo dos três momentos de avaliação 
 
Avaliação  Comprimento M. Sup. Dtº  Comprimento M. Sup. Esqº 

A 1  69,37 ± 4,32 69,45 ± 4,35 

A 2  70,48 ± 4,23 70,54 ± 4,26 

A 3  71,06 ± 4,14 71,12  ± 4,21 

101 
 

  Relativamente  à  mobilidade  lombar  no  plano  sagital  registámos  as  distâncias,  medidas  em 
centímetros, obtidas através dos testes de Schober em pé e Schober sentado e o teste de extensão do 
tronco em decúbito ventral, descritos no capítulo da metodologia.  
  Procurámos  sistematizar  essa  informação  na  tabela  13  ao  longo  dos  três  momentos  de 
avaliação e não diferenciámos o género (masculino/feminino) pois as diferenças médias entre as duas 
categorias eram marginais (inferiores a 1 mm em média). 
 
Tabela 13 – Valores de média e desvio‐padrão (DP) da mobilidade no plano sagital – flexão em pé; flexão 
sentado e extensão em decúbito ventral ‐ ao longo dos três momentos de avaliação para os 171 alunos 
 
Schober em pé  Schober sentado  Rácio Schober  Extensão em 
Avaliação  (flexão em pé)  (flexão sentado)  sentado/Schober em pé  decúbito ventral 
(centímetros)  (centímetros)  (percentagem)  (centímetros) 

A 1  4,54 ± 0,81 2,42 ± 0,66  54,10% ± 14,19 %  20,51 ± 4,37 

A 2  4,68 ± 0,70 2,54 ± 0,63  54,73% ± 12,33%  21,41 ± 2,89 

A 3  4,79 ± 0,76 2,57  ± 0,61  54,13% ± 11,72%  21,75 ± 2,83 

 
  Pela análise da tabela 13 pode‐se constatar que a mobilidade de flexão da coluna lombar em 
pé, medida pelo teste de Schober, foi em média de 4,54 a 4,79 cms, traduzindo pequenas diferenças 
entre os diferentes momentos de avaliação (2,5 mm) e dentro do intervalo considerado normal para 
este tipo de mobilidade e faixa etária, que é entre os quatro e os cinco centímetros. 
  A amplitude de variação do teste variou entre os 2,5 cms e os 9,8 cms no terceiro momento. 
  Naturalmente que a mobilidade de flexão lombar medida sentada foi menor (em média variou 
entre 2,42 cms e os 2,57 cms), e que correspondeu a um pouco mais de 50% da flexão medida em pé 
(rácios médios de 54% nas três avaliações). 
 
  Relativamente  à  flexibilidade  do  grupo  muscular  –  Extensores  da  coxa  ‐  apresentam‐se  na 
tabela 14, as distâncias medidas em centímetros, obtidas no teste de flexão anterior (toe‐touch test) 
para os 171 alunos ao longo dos três momentos de avaliação.  
 
Tabela 14– Valores de média e desvio‐padrão (DP) da distância dos dedos ao solo (em centímetros) 
no teste de flexão do tronco, ao longo dos três momentos de avaliação para os 171 alunos 
 
Distância dos dedos  Distância dos dedos  Distância dos dedos  Amplitude de 
Avaliação  ao solo (rapazes)  ao solo (raparigas)  ao solo (grupo)  variação 
(centímetros)  (centímetros)  (centímetros)  (centímetros) 

A 1  ‐ 11,0 ± 8,88  ‐ 5,05 ± 10,13  ‐7,63 ± 10,03  [‐35,0 – 21,0 ] 

A 2  ‐ 9,69 ± 8,97  ‐ 5,16 ± 10,24  ‐7,12 ± 9,94 [‐32,0 – 20,0 ] 

A 3  ‐ 10,21  ± 9,14  ‐ 5,05 ± 10,37  ‐ 7,28 ± 10,15 [‐30,0 – 18,0 ] 

102 
 

    Os números negativos traduzem a distância média em centímetros que faltava ao sujeito para 
conseguir  tocar  no  solo  com  os  dedos  da  mão  (3º  dedo).  Quanto  mais  negativos  forem  os  valores, 
maior é o défice de flexibilidade dos músculos posteriores da coxa e da perna. 
  Os valores positivos representam a distância que o jovem consegue ultrapassar o solo e foram 
medidos  com  o  sujeito  em  cima  de  um  degrau.  Os  valores  positivos  representam  uma  maior 
flexibilidade dos grupos musculares referidos. 
  Podemos  constatar  que  a  flexibilidade  deste  grupo  muscular  é  em  média,  mais  elevada  nas 
raparigas do que nos rapazes (5 a 6 cms) nos três momentos de avaliação. 
  Pelas  razões  explicadas  na  metodologia  (página  81),  não  foi  possível  assegurar  as  mesmas 
condições de teste e de procedimentos para a medição da flexibilidade dos flexores da coxa, através 
do teste de Thomas e ao longo das três avaliações, nas duas escolas onde ocorreram as recolhas, pelo 
que se optou por não analisar este dado. 
 
Testámos a força muscular dos principais grupos musculares do tronco (flexores, extensores, 
flexores laterais direitos e esquerdo) através dos tempos máximos mantidos em posições descritas na 
metodologia  (paginas  81  a  84).  A  partir  desses  tempos  (em  segundos)  calculou‐se  a  “Força  Muscular 
Normalizada”  (FMN),  através  do  quociente  entre  a  soma  dos  quatro  tempos  máximos  relativos  aos 
quatro grupos musculares e o indíce massa corporal do jovem em cada momento. 
  Em primeiro lugar, apresentam‐se os tempos médios dos testes de resistência muscular para 
os  quatro  grupos  musculares  dos  171  sujeitos  sem  distinções  entre  os  géneros  (tabela  15),  e 
seguidamente apenas nos 74 rapazes (tabela 16) e nas 97 raparigas (tabela 17). 
 
Tabela 15 – Valores dos tempos médios em segundos (seg) para os testes de resistência dos quatro 
grupos musculares do tronco, ao longo dos três momentos de avaliação para os 171 sujeitos 
 
Avaliação  Flexores do tronco  Extensores do tronco  Flexores laterais Dtºs  Flexores laterais Esqºs 
Grupo (n=171)  (seg)  (seg)  (seg) (seg)

A 1  53,47 ± 40,89  86,72 ± 73,46  32,38 ± 21,12  29,63 ± 20,18 

A 2  64,21 ± 40,50  84,50 ± 55,78  33,42 ± 19,33 32,44 ± 19,02

A 3  73,20  ± 64,26  82,90 ± 53,09  35,25 ± 21,32 34,19 ± 18,93

 
Numa análise sucinta da tabela 15, podemos constatar que os extensores do tronco foram o 
grupo  muscular  com  tempos  médios  mais  elevados,  seguido  dos  flexores  do  tronco  e  por  fim  os 
flexores  laterais.  Os  tempos  médios  dos  flexores  foram  sempre  subindo  ao  longo  das  avaliações, 
enquanto os tempos médios dos extensores foram diminuindo, embora de forma marginal. 
As  diferenças  entre  os  tempos  dos  flexores  laterais  direitos  e  esquerdos  são  aceitáveis  e 
situaram‐se num intervalo inferior a 10%. 

103 
 

Importa  agora  analisar  estes  tempos  médios  de  resistência  dos  mesmos  grupos  musculares 
segundo o género, uma vez que era esperado que os rapazes tivessem mais força/resistência muscular 
do que as raparigas, como se mostra nas tabelas 16 e 17. 
Pela análise das tabelas 16 e 17 podemos observar que todos os tempos médios dos quatro 
grupos musculares das raparigas foram inferiores aos dos rapazes.  
 
Tabela 16 – Valores dos tempos médios em segundos (seg) para os testes de resistência dos quatro 
grupos musculares do tronco, ao longo dos três momentos de avaliação para os 74 rapazes 
 
Avaliação  Flexores do tronco  Extensores do tronco  Flexores laterais Dtºs  Flexores laterais Esqºs 
Rapazes (n=74)  (seg)  (seg)  (seg) (seg)

A 1  65,98 ± 48,59  103,79 ± 83,46  39,14 ± 23,58  35,00 ± 23,09 

A 2  74,51 ± 41,57  105,45 ± 61,92  39,81 ± 23,01 38,73 ± 21,86

A 3  100,83 ± 79,26  106,56 ± 61,33  43,98 ± 25,63 42,16 ± 23,32

 
 
Tabela 17 – Valores dos tempos médios em segundos (seg) para os testes de resistência dos quatro 
grupos musculares do tronco, ao longo dos três momentos de avaliação para as 97 raparigas 
 
Avaliação  Flexores do tronco  Extensores do tronco  Flexores laterais Dtºs  Flexores laterais Esqºs 
Raparigas (n=97)  (seg)  (seg)  (seg) (seg)

A 1  43,93 ± 30,88  73,42 ± 61,86  27,22 ± 17,46  25,53 ± 16,64 

A 2  56,18 ± 37,95  68,19 ± 44,37  28,54 ± 14,25 27,65 ± 14,97

A 3  52,13 ± 36,69  64,46 ± 36,48  28,52 ± 14,10 28,26 ± 11,89

 
 
Nos flexores do tronco, os tempos de resistência máxima nas raparigas foram mais baixos do 
que os dos rapazes entre 24,6% (na segunda avaliação) e 48,3% no último momento. Relativamente 
aos extensores do tronco essas diferenças foram mais baixas nas raparigas relativamente aos tempos 
equivalentes dos rapazes entre 29,3% (primeiro momento) e os 39,5% (terceiro momento).  
Nos  flexores  laterais  direitos  a  diferença  é  no  mesmo  sentido,  mas  mais  pequena  (entre 
28,3% e 35,2%) tal como nos flexores laterais esquerdos (entre os 27,1% e os 33%). 
 
Com  os  tempos  de  resistência  máxima  para  os  diferentes  grupos  musculares,  criámos  uma 
variável  a  que  chamámos  força  muscular  normalizada  dos  músculos  do  tronco  (FMN)  como 
descrevemos na metodologia (página 84). 
A força muscular normalizada corresponde ao quociente entre a soma de todos os tempos de 
resistência  obtidos  para  os  quatro  grupos  musculares  (flexores,  extensores  e  flexores  laterais 
direito/esquerdo) e o Indíce de Massa Corporal (IMC).  
Na tabela 18 são apresentados os valores encontrados da FMN para o grupo dos 171 sujeitos 
avaliados nos três momentos de avaliação e distribuídos por género 

104 
 

 
Tabela 18 – Valores absolutos da força muscular normalizada – FMN – ao longo dos três momentos de avaliação 
para o grupo todo e sua distribuição por género 
 
Avaliação  Grupo Total (n = 171)  Rapazes (n= 74) Raparigas (n= 97) 
FMN  Amplitude             Média + DP  Amplitude           Média + DP  Amplitude             Média + DP 
A 1  [1,23 – 38,69]  10,74 ± 6,76  [1,27 – 38,69]  12,98 ± 7,84  [1,23 – 27,32]  8,99 ± 5,18 

A 2  [1,05 – 32,87]  11,15 ± 5,75  [2,25 – 32,87]  13,41 ± 6,29  [1,05 – 21,13]  9,40 ± 4,60 

A 3  [1,45– 44,34]  11,85 ± 7,10  [2,15 – 44,34]  15,55 ± 8,15  [1,45 – 23,99]  9,04 ± 4,50 

 
Analisando a tabela 18, confirma‐se que os valores de FNM normalizada e ajustada ao Indíce 
de Massa Corporal de cada jovem em cada momento de avaliação, foram mais elevados nos rapazes 
do  que  nas  raparigas,  com  diferenças  percentuais  similares  às  que  foram  encontradas  nos  tempos 
máximos  de  resistência  dos  grupos  musculares  isoladamente  (entre  29,9%  no  segundo  momento  e 
41,9% na última avaliação). 
Para  completar  este  perfil  funcional de  força  muscular  da  musculatura  do  tronco  para  cada 
aluno e em cada avaliação, apresenta‐se na tabela 19, outro indicador relevante que é o rácio entre os 
tempos  máximos  de  resistência  obtidos  dos  extensores/flexores  (E/F)  do  tronco  e  a  sua  distribuição 
por género . 
 
Tabela 19 – Rácios Médios entre os tempos máximos de resistência dos extensores/flexores (E/F) do tronco, ao 
longo dos três momentos de avaliação para o grupo todo e sua distribuição por género 
 
Avaliação  Grupo Total (n = 171)  Rapazes (n= 74) Raparigas (n= 97) 
Rácio E/F  Amplitude           Média + DP  Amplitude           Média + DP  Amplitude               Média + DP 
A 1  [0,13 – 14,33]  1,95 ± 1,66  [0,52 – 6,29]  1,83 ± 1,20  [0,13 – 14,33]  2,03 ± 1,95 

A 2  [0,17 – 22,10]  1,74 ± 2,08  [0,21 – 6,04]  1,67 ± 1,11  [0,17 – 22,10]  1,80 ± 2,60 

A 3  [0,24 – 16,22]  1,60 ± 1,51  [0,26 – 4,13]  1,44 ± 0,95  [0,24 – 16,22]  1,72 ± 1,83 

Da  análise  da  tabela  19,  pode‐se  verificar  que  o  rácio  médio  entre  os  tempos  máximos  de 
extensores/flexores do tronco variou entre 1,60 e 1,95 para o grupo todo. Isto significa que os tempos 
de  resistência  máxima  dos  extensores  foram  entre  60  e  95%  superiores  aos  tempos  de  resistência 
máxima dos flexores.  
Este  rácio  foi  mais  equilibrado  nos  rapazes  (entre  1,44  e  1,83)  do  que  nas  raparigas  (entre 
1,72  e  2,03),  traduzindo  um  diferença  percentual  compreendida  entre  os  7,8  e  os  19,4%.  Por  outro 
lado, o desvio‐padrão das médias deste rácio E/F, também foi mais elevado nas raparigas, traduzindo 
uma maior heterogeneidade de tempos deste indicador no género feminino. 

A avaliação da postura foi feita apenas por observação clinica directa do sujeito para despiste 
de assimetrias do tronco como desvios laterais da coluna associados a rotações das vértebras, com a 

105 
 

consequente  gibosidade  dorsal  ou  assimetria  na  morfologia  do  tronco  inferior  que  caracterizam  as 
escolioses.  Não  foi  medida  a  magnitude  dessas  alterações,  mas  apenas  registada  a  presença  ou 
ausência de alterações posturais como hipercifoses, hiperlordoses e escolioses e que se mantiveram 
ao  longo  das  três  avaliações.  Estes  resultados  são  apresentados  na  tabela  20  em  termos  da  sua 
frequência absoluta e de frequência relativa das alterações posturais encontradas. 

Tabela 20 – Alterações posturais observadas no grupo todo e para os rapazes e raparigas 

 
Avaliação  Grupo Total (n = 171) Rapazes (n= 74) Raparigas (n= 97) 
Alterações Posturais  n          /        %  n        /        %  n         /        % 
Sem alterações 97 56,7 49 66,2 48  49,5 
Hipercifoses /Hiperlordoses 
74  43,3  25  33,8  49  50,5 
Escolioses/ Assimetrias Tronco 

 
É de registar uma elevada de presença de alterações posturais como as escolioses/cifoses e 
hiperlordoses em mais de quatro em cada dez jovens (43,3 %), afectando sobretudo metade de todas 
as  raparigas  (49  em  97  ou  seja  50,5%).  Nos  rapazes,  as  alterações  posturais  registadas  foram  em 
número e percentagem bem menor (25 e 33,8%), afectando praticamente 1 em cada 3 jovens 
Dentro  das  alterações  posturais,  registámos  em  62  jovens  a  presença  de  algum  grau  de 

escoliose  estrutural,  que  era  quase  sempre  acompanhada  por  hiperlordoses  e/ou  hipercifoses.  Isto 
significa, que em 36,3% dos jovens se encontrou uma assimetria do tronco atríbuível a algum grau de 
escoliose.  Houve  46  raparigas  (47,4%),  onde  observámos  a  presença  de  escolioses  e  apenas  em  16 

rapazes (21,6%) se notou a mesma alteração postural. 
Por outro lado, as hipercifoses (cifose do adolescente) ou hiperlordoses sem escolioses foram 
mais  observados  nos  rapazes  (9  o  que  representa  12,2%  de  todos  os  rapazes)  do  que  nas  raparigas 

(apenas 3 das 97 raparigas). 

106 
 

4.2. Prevalência e incidência de lombalgias e factores de risco associados 
 
Faremos  uma apresentação dos  valores  de  prevalência  e  incidência  semestral  absoluta, do 
ponto  de  prevalência  presente  e  da  prevalência  cumulativa  ao  longo  da  vida,  por  momentos  de 
avaliação, considerando todos os sujeitos avaliados em cada um desses momentos. 
Posteriormente  serão  exploradas  as  eventuais  associações  entre  os  diferentes  factores  ou 
variáveis  analisados  (indicadores  biomorfológicos  e  psicossociais)  ao  longo  dos  três  momentos  de 
avaliação. 
De  acordo  com  os  resultados  da  tabela  21,  na  primeira  avaliação  entre  os  239  jovens  que 
iniciaram  o  estudo,  encontrámos  cerca  de  49  que  referiram  dor  lombar  nos  seis  meses  anteriores  o 
que significa uma prevalência semestral_1 de 20,5%.  

 
Tabela 21 – Valores de prevalência semestral de lombalgia nos três momentos para todos os alunos e 
sua distribuição por género (masculino/feminino) 
 
Avaliação (n) Prevalência  Prevalência  total Prevalência Masculino Prevalência Feminino 
Semestral  n                 %  n                   %  n                    % 
A1 (n=239) 49  20,5  11  10,1  38  29,2 

A 2 (n= 181) 20  11,1  0  0  20  19,6 

A 3 (n=171) 20  11,7  7  9,4  13  13,4 

No  segundo  momento  de  avaliação,  apenas  encontrámos  20  jovens  sintomáticos  em  181  o 
que  significa  uma  prevalência  semestral_2  de  11,1%  e  na  última  avaliação  o  número  de  jovens  que 
referiram dor lombar nos seis meses anteriores também foi de 20 em 171 – prevalência semestral_3 

de 11,7%.  
Estes valores de prevalência contam com todos os sujeitos efectivamente avaliados ao longo 
dos três momentos, incluindo os 58 que se perderam entre a segunda e a primeira avaliação e os dez 
que sairam do estudo entre o terceiro e o segundo período de avaliação. 
 
Em termos de incidência de dor lombar (novos casos) apenas houve três jovens sintomáticas 

(todas as raparigas) no segundo momento, que associados aos oito novos casos (seis rapazes e duas 
raparigas) no terceiro momento, traduzem uma incidência anual de lombalgia de 6,4%. 
 

No entanto, a distribuição por género entre os jovens sintomáticos mostra que a dor lombar 
afectou  mais  selectivamente  o  grupo  das  raparigas,  em  qualquer  dos  momentos  de  avaliação 
considerados (tabela 21): 

107 
 

a) Na primeira avaliação, dos 49 jovens sintomáticos, apenas 11 eram rapazes (10,1% deste sub‐
grupo) e 38 eram raparigas (29,2% do total de raparigas): 
b) Na  segunda  avaliação,  a  totalidade  dos  jovens  sintomáticos  (20)  eram  raparigas  (19,6%  das 
raparigas  avaliadas  neste  período).  Não  registamos  rapazes  que  tenham  referido  sintomas  nos 
seis meses anteriores ao segundo momento de avaliação; 
c) No  último  momento  de  avaliação,  dos  20  jovens  sintomáticos,  13  eram  raparigas  (13,4%)  e 
sete (9,4%) eram rapazes. 
 
  Outro  indicador  essencial  de  análise  é  o  cruzamento  entre  a  prevalência  de  dor  lombar  ao 
longo dos três momentos e o indicador de desvio maturacional em relação ao pico de crescimento 
em  altura,  mais  do  que  a  idade  cronológica.  Este  talvez  seja  um  dos  aspectos  mais  inovadores  e 
importantes  deste  estudo,  uma  vez  que  em  todos  os  estudos  publicados  com  a  excepção  de  dois 
estudos,  e  já  citados  na  revisão  da  literatura,  a  associação  era  feita  exclusivamente  com  a  idade 
cronológica (apresentada logo de seguida). 

  A  distribuição  dos  valores  de  prevalência  semestral  de  lombalgia  por  grupos  de  desvio 
maturacional ao longo dos três momentos de avaliação e relativos a todos os jovens avaliados em cada 
um dos momentos estão representados na tabela 22. 

  Relembramos que este indicador de desvio maturacional permitiu‐nos traçar três estadios do 
processo maturacional e agrupar os adolescentes dentro desses mesmos estadios, como descrevemos 
na metodologia (ver tabela 9, página 99). 

   
Tabela 22 – Valores de prevalência semestral nos três momentos e sua distribuição por grupos de desvio 
maturacional (Grupo 1 – jovens mais atrasados em relação ao pico de crescimento em altura; Grupo 2 – Jovens 
em pleno pico de crescimento em altura; Grupo 3 – Jovens que já atravessaram o pico de crescimento em altura) 

Avaliação (n) Prevalência  Desvio Mat_Grupo 1 Desvio Mat_Grupo 2 Desvio Mat_Grupo3 


Semestral  n                   %  n                   %  n                    % 
A 1 (n=239)  28  15,1  20  40  1  25 

A 2 (n= 181)  12  10,6  8  12,7  0  0 

A 3 (n=171)  7  8,0  10  13,7  3  30 

 
  Podemos verificar na tabela 22, que os valores de prevalência lombar semestral em todos os 
momentos de avaliação foram mais baixos nos jovens que se encontravam mais atrasados em relação 

ao  pico  de  crescimento  em  altura  (grupo 1)  e  mais  elevados  nos  adolescentes  em  pleno  período  de 
maior aceleração de crescimento (grupo 2). 
  Se  analisarmos  a  distribuição  da  prevalência  da  dor  lombar,  apenas  pela  idade  cronológica 

como fizeram todos os estudos anteriores, temos os resultados apresentados na tabela 23. 

108 
 

 
Tabela 23 – Valores de prevalência semestral nos três momentos e sua distribuição por idades (anos) 
 
Avaliação (n)   11 anos  12 anos 13 anos 14 anos 15 anos  16/17 anos
Prevalência Semestral    n           %  n             %  n        %  n           %  n            %  n           % 
A 1 (n=239)  1  4,8  5  7,8  19  23,2  14  31,1  15  37,0  __  __ 

A 2 (n= 181)  __  __  1  2,9  5  9,6  13  20,3  1  4,0  0  0 

A 3 (n=171)  __  __  1  6,3  4  8,0  7  12,7  4  12,1  4  23,5 

Podemos constatar que os valores de prevalência lombar semestral foram mais elevados nos 
14/15  anos  na  primeira  avaliação,  nos  14  anos  na  segunda  avaliação  e  nos  16/17  anos  na  última 
avaliação. No entanto, existe alguma variabilidade no cruzamento do indicador – idade cronológica – 
com  a  prevalência  de  dor  lombar,  embora  se  assista  a  uma  tendência  de  aumento  das  queixas  nos 
jovens com mais idade. 

 
Interessou‐nos também relacionar os valores de prevalência de dor lombar ao longo dos três 
momentos  com  a  presença  ou  não  de  alterações  posturais.  Também  aqui  os  valores  absolutos  de 
prevalência foram mais penalizadores dos jovens onde foram detectadas alterações posturais (29,9%, 
15,8% e 16,2%) do que nos jovens considerados com postura sem alterações (14,1%, 7,6% e 8,2%). A 
prevalência de lombalgias nos jovens com alterações posturais é praticamente o dobro da prevalência 
similar dos jovens sem alterações posturais, em qualquer dos momentos de avaliação considerados. 
 
Na análise dos jovens sintomáticos por raça também encontrámos a seguinte distribuição: na 
avaliação  inicial  houve  39  jovens  de  raça  caucasiana  (22,9%)  contra  16  de  raça  negra  (12,6%).  No 
segundo e terceiro momento de avaliação, a distribuíção por raça esteve mais equilibrada, sendo de 
14,8% Vs 14,3% no segundo momento e de 12,6% Vs 10,0% no último momento. 

 
Relativamente  às  escolas  onde  foram  efectuadas  as  avaliações  também  encontramos  uma 
distribuíção  assimétrica  dos  jovens  sintomáticos.  Na  Escola  de  Benfica,  os  valores  de  prevalência 

semestral de dor lombar, foram sucessivamente de 36,0%, 14,5% e 17,7%, enquanto que na Escola de 
MemMartins, os valores correspondentes foram nitidamente inferiores, ou seja 13,4%, 9,2% e 8,3%. 
 
Nos  três  momentos,  dividimos  os  grupos  relativamente  à  variável  auto‐conceito  em  duas 
metades ou subgrupos a partir da mediana para cada momento: sub‐grupo 1 – jovens com scores de 
autoconceito mais baixos – scores na primeira mediana; sub‐grupo 2 – Jovens com auto‐conceito mais 

elevado –scores na segunda mediana.  

109 
 

No  sub‐grupo  1,  a  prevalência  semestral  de  lombalgia  ao  longo  dos  três  momentos  foi 
sucessivamente de 25,2%, 16,7% e 13,0%, sempre com valores mais elevados do que no sub‐grupo 2 
(15,8%, 5,5% e 10,6%). 
 
Relativamente  ao  ponto  de  prevalência  presente  (dores  reportadas  no  dia  em  que 

responderam ao questionário) encontrámos os seguintes valores: 
a) Avaliação  1  –  18  em  239  jovens  reportaram  dores  no  dia  em  que  preencheram  o 
questionário  o  que  corresponde  a  uma  taxa  de  7,5%.  Destes  18  jovens  sintomáticos,  2 

eram rapazes e 16 eram raparigas (12,3% do género feminino); 
b) Avaliação  2  ‐  não  houve  nenhum  adolescente  em  181  jovens  avaliados,  a  reportar  dor 
lombar  no  dia  em  que  responderam  ao  questionário,  pelo  que  o  ponto  de  prevalência 
presente na segunda avaliação foi de 0%; 
c) Avaliação  3  –  Identificámos  14  sujeitos  (4  rapazes  e  10  raparigas)  que  reportaram  dor 
lombar no dia em responderam ao questionário, o que corresponde uma taxa de 8,2%. 

 
Em  síntese  pode‐se  dizer  que  o  ponto  de  prevalência  presente  foi  mais  elevado  no  último 
momento de avaliação (8,2% dos adolescentes avaliados) e seguiu a mesma tendência, relativamente 

à prevalência semestral, de afectar mais o género feminino (12,3% na primeira avaliação e 10,3% na 
última avaliação). No entanto também se deve registar que no 2º momento de avaliação o ponto de 
prevalência presente foi nulo. 
 
Relativamente à prevalência cumulativa ao longo da vida registámos valores relativos apenas 
ao  primeiro  momento  de  avaliação.  Neste  aspecto,  contabilizaram‐se  todos  os  sujeitos  que 

reportaram  dor  nos  seis  meses  anteriores  à  avaliação  inicial,  associados  aos  sujeitos  que  referiram 
dores antes desse período (história anterior de dor lombar). 
Identificámos assim, uma prevalência cumulativa de dor lombar de 25,5% (61 jovens em 239) 

seguindo a mesma tendência anterior de afectar mais o género feminino (33,1% ou seja, 43 raparigas 
em 130) do que o género masculino (16,5% correspondente a 18 rapazes em 109). 
 
Procurámos ainda explorar as eventuais associações significativas entre todos os factores de 
natureza biomorfológia (género, idade, estadio maturacional, indíce de massa corporal, força muscular 
normalizada,  alterações  posturais  entre  outros)  e  de  natureza  psicossocial  (autoconceito,  escola  de 

proveniência,  hábitos  tabágicos,  actividade  física,  actividades  de  vida  diária)  e  a  ocorrência  de  dor 
lombar referida em cada um dos momentos através de uma regressão logística bivariada com um nível 
de significância de 0,05. 

110 
 

Também calculámos os Odds‐Ratios (OR) de cada uma uma dessas variáveis que traduz o risco 
relativo e os respectivos limites inferior e superior para o nível de confiança de 95%. 
Todas as potenciais associações entre as variáveis estudadas e a ocorrência da dor lombar em 
cada um dos momentos foram exploradas, mas apenas mostramos nas tabelas seguintes as variáveis 
com  os  valores  estatisticamente  mais  significativos,  ou  não  sendo  significativos,  os  valores  das 
variáveis mais relevantes que outros estudos longitudinais associaram à dor lombar em jovens.  
Esses dados estão sistematizados nas tabelas 24 a 29 e resultam de uma análise de regressão 
logística bivariada e multivariada, das diferentes variáveis avaliadas e da sua potencial associação com 
a dor lombar reportada em cada um dos três momentos. 
 
Relembramos que foi na primeira avaliação, que encontrámos a prevalência semestral de dor 
lombar mais elevada, atingindo os 20,5% (n=49), e como veremos na tabela 24, também foi onde se 
verificaram as associações mais significativas entre diferentes factores biomorfológicos e psicossociais 
com a ocorrência de dor lombar nos seis meses anteriores. 
 
Tabela 24 – Associação entre factores de natureza biomorfológica e psicossocial e a ocorrência de dor 
lombar no primeiro momento de avaliação 
 
DOR LOMBAR_1 / AVALIAÇÃO 1  95% C.I.for EXP(B) 
Sig.  OR 
Univariate logit _1    Inferior         Superior 
Género (Masculino/Feminino)  ,000 *  3,680  1,775  7,627 
Desvio Maturacional_1 (phv)  ,000 *  2,480  1,654  3,717 
Idade (anos)_1  ,000 *  1,829  1,352  2,474 
Alterações Posturais (Sim/Não)  ,004 *  2,601  1,369  4,945 
IMC_COLE _1 (ajustado à idade e ao género)  ,673  ,835  ,360  1,933 
Perímetro Abdominal_1 (cms)  ,057  1,033  ,999  1,068 
Força _extensores_1  ,022*   ,992  ,984  ,999 
Rácio Força_Extensores/Flexores_1  ,12  ,780  ,571  1,066 
FMN_1_IMC_1  ,038*   ,937  ,881  ,996 
FMN_PES0_1  ,023*  ,831  ,708  ,974 
Teste de Schober_pé (flexão tronco)_1  ,555  1,126  ,759  1,671 
Flexibilidade dos músculos posteriores coxa_1  ,365  1,011  ,988  1,034 
Autoconceito_1  ,020*  ,416  ,199  ,871 
Escola (1/2)  ,000*  ,275  ,144  ,528 
Ver TV_1  ,517  ,978  ,916  1,045 
Jogar video‐jogos e computador_1  ,086  1,857  ,910  3,791 

* ‐ Nivel de significância inferior a 0,05. OR – Odds Ratio traduz o risco relativo e os respectivos 
limites inferior e superior para o nível de confiança de 95%. IMC_COLE_1 – grupos de indíce de 
massa corporal: peso normal Vs Excesso de peso/obesidade; Rácio entre tempos de resistência 
dos extensores e flexores do tronco; FMN_1_IMC_1 – rácio entre a força muscular normalizada e o 
indíce de massa corporal; FMN_1_peso_1 – rácio entre a força muscular normalizada e o peso

111 
 

Analisando  de  forma  sucinta  a  tabela  24,  constatam‐se  algumas  associações  mais 
significativas, particularmente nas seguintes variáveis:  
a) Género,  com  as  raparigas  a  terem  mais  do  triplo  de  probabilidades  (OR  =  3,680)  de 
sentirem  dor  lombar  relativamente  aos  rapazes  de  forma  altamente  significativa 
(p=0,000). 

b) os jovens com menor desvio maturacional em relação ao pico de crescimento em altura 
(PHV , portanto com estadio maturacional mais adiantado), apresentaram mais do dobro 
do risco (OR =2,480) de referirem sintomas lombares. A idade cronológica mais elevada 

seguiu também esta tendência; 
c) A existência de alterações posturais (escolioses e/ou hiperlordoses/hipercifoses) também 
aumentou para mais do dobro (OR = 2,601), a probabilidade de ocorrência de dor lombar 

na avaliação inicial; 
d) Os jovens com scores mais elevados de autoconceito, medidos pela escala de Piers‐Harris 
apresentaram apenas 41,6% (OR= 0,416) de possibilidades de terem referido dor lombar 

nos seis meses anteriores, relativamente aos jovens com scores mais baixos (inferiores à 
média neste primeiro momento); 
e) Os jovens da Escola de Mem Martins apresentaram uma probabilidade significativamente 
inferior (menos de 1/3 – 27,5%) de terem tido dores lombares quando comparados com 
os jovens da Escola de Benfica (OR= 0,275). 
Não  foram  encontradas  associações  significativas  entre  a  ocorrência  de  dor  lombar  na 

primeira avaliação e as restantes variáveis biomorfológicas e psicossociais analisadas. 
De  seguida  fizémos  uma  análise  de  regressão  logística  multivariada,  utilizando  o  método 
Backward  Stepwise  e  colocando  as  variáveis  preditivas  com  associação  mais  significativa  na  análise 

bivariada e sistematizadas na tabela 24, em competição entre elas (tabela 25). 
 
Tabela 25 – Análise de regressão logística multivariada, incluindo todas as variáveis com associação 
significativa, com a dor lombar no primeiro momento de avaliação 
Variables in the Equation ‐ Method = Backward Stepwise (Conditional) b 
DOR LOMBAR_1 / AVALIAÇÃO 1  95% C.I.for EXP(B) 
Sig.  OR 
Multivariate logit _1  Inferior           Superior 
Género (Masculino/Feminino)  ,009*  2,895  1,308  6,410 
Desvio maturacional_1 (phv)  ,002*  2,110  1,315  3,386 
Força _extensores_1  ,047*  ,992  ,984  1,000 
Autoconceito_1  ,045*  ,972  ,945  ,999 
Escola (1/2)  ,031*  ,427  ,198  ,925 
Constant  ,243  5,546     

* ‐ Nivel de significância inferior a 0,05. OR – Odds Ratio ‐ traduz o risco relativo e os 
respectivos limites inferior e superior para o nível de confiança de 95% 
 

112 
 

Aplicámos  a  esta  análise  multivariada,  o  Hosmer  and  Lemeshow  Test  para  analisar  o 
ajustamento do modelo. O valor deste teste de 0,602, comprova a boa qualidade do ajustamento do 
modelo pelo elevado nível de significância (> 0,05). 

Após  esta  análise  multivariada,  persistiram  três  factores  com  associação  significativa  que 

aumentaram as propabilidades dos jovens referirem dores lombares: as raparigas ‐ quase o triplo das 
probabilidades  dos  rapazes  (OR=2,895),  em  estadios  maturacionais  mais  avançados  (praticamente  o 
dobro de probabilidades relativamente aos jovens com processo maturacional mais atrasado – OR = 

2,110)  e  provenientes  da  Escola  de  Benfica  constituiram  o  grupo  de  maior  risco  (aproximadamente 
com o dobro de probabilidades em relação aos alunos da escola de Mem Martins). 
Neste  modelo  de  análise  multivariada  as  variáveis  idade  cronológica,  alterações  posturais, 

força muscular dos extensores do tronco, Força Muscular Normalizada (FMN) ajustada quer ao peso 
quer ao IMC, deixaram de ter associação significativa com a ocorrência de dor lombar. 
No segundo momento de avaliação, a prevalência semestral de dor lombar foi a mais baixa de 

todas, ou seja 11,1%, correspondente a 20 jovens em 181 e todas elas eram raparigas.  Analisando a 
tabela  26  verifica‐se  que  o  género  feminino  foi  a  variável  com  associação  mais  significativa  com  a 
ocorrência de dor lombar no segundo momento de avaliação. 

 
Tabela 26 – Associação entre factores de natureza biomorfológica e psicossocial e a ocorrência de dor 
lombar no segundo momento de avaliação 
 
DOR LOMBAR_2 / AVALIAÇÃO 2  95% C.I.for EXP(B) 
Sig.  OR 
Univariate logit _2      Inferior          Superior 
Género (Masculino/Feminino)  ,000*  19,024  2,493  145,165 
Desvio Maturacional_2 (phv)  ,382 1,274 ,740 2,194 

Idade (anos)_2  ,474 1,174 ,756 1,824 


Alterações Posturais (Sim/Não)  ,090 2,273 ,880 5,870 
IMC_COLE 2 (ajustado à idade e género)  ,718 1,241 ,385 4,002 
Perímetro Abdominal_2 (cms)  ,775  ,992  ,938  1,049 
Força _extensores_2  ,041* ,986 ,974 ,999 
Rácio Força_Extensores/Flexores_2  ,060 1,199 ,992 1,448 
FMN_2_IMC_2  ,015* ,865 ,769 ,972 
FMN_PES0_2  ,033* ,738 ,558 ,976 
Teste de Schober_pé (flexão tronco)_ 2  ,421 ,763 ,394 1,475 
Flexibilidade dos músculos posteriores coxa_2  ,030*  1,056  1,005  1,109 
Autoconceito_2  ,005* ,950 ,916 ,985 
Escola (1/2)  ,287 ,600 ,234 1,536 
Ver TV_2  ,783 ,971 ,787 1,198 
Jogar video‐jogos e computador_2  ,102 ,211 ,027 1,632 

* ‐ Nivel de significância inferior a 0,05. OR – Odds Ratio traduz o risco relativo e os respectivos limites 
inferior e superior para o nível de confiança de 95%. IMC_COLE_2 – grupos de indíce de massa 
corporal: peso normal Vs Excesso de peso/obesidade; Rácio entre tempos de resistência dos 
extensores e flexores do tronco; FMN_2_IMC_2 – rácio entre a força muscular normalizada e o indíce 
de massa corporal; FMN_2_peso_2  – rácio entre a força muscular normalizada e o peso

113 
 

De seguida, os valores de autoconceito mais baixos e as variáveis biomorfológicas como uma 
menor flexibilidade dos músculos posteriores da coxa, força dos extensores do tronco e força muscular 
normalizada ajustada ao peso e ao IMC, mostraram alguma associação com a dor lombar reportada 
neste segundo momento de avaliação. 
Em todas as outras variáveis, não foi encontrada qualquer associação significativa, deixando 
de existir a associação entre a presença de alterações posturais, a escola de proveniência e o menor 
desvio maturacional em relação ao pico de crescimento em altura com o aparecimento de dor lombar 

como ocorreu na avaliação de partida do estudo. 

De  seguida  fizémos  uma  análise  de  regressão  logística  multivariada,  utilizando  o  método 
Backward  Stepwise  e  colocando  as  mesmas  variáveis  preditivas  já  analisadas  na  primeira  avaliação, 
independentemente  da  sua  associação  com  a  dor  lombar  neste  segundomomento,  em  competição 
entre elas (tabela 27). 
Aplicámos igualmente o Hosmer and Lemeshow Test a esta análise multivariada para analisar o 
ajustamento do modelo. 
O resultado obtido neste teste de 0,949, atesta uma excelente qualidade do ajustamento do 
modelo pelo elevado nível de significância (> 0,05). 
 
Tabela 27 – Análise de regressão logística multivariada, incluindo todas as variáveis com 
associação significativa, com a dor lombar no segundo momento de avaliação 
Variables in the Equation ‐ Method = Backward Stepwise (Conditional) b 
 

DOR LOMBAR_2 / AVALIAÇÃO 2  95% C.I.for EXP(B) 
Sig.  OR 
Multivariate logit _2  Inferior            Superior 
Género (Masculino/Feminino)  ,006*  17,925  2,252  142,698 
Autoconceito_2  ,006*  ,944  ,906  ,984 
Constant  ,208  ,047     

* ‐ Nivel de significância inferior a 0,05. OR – Odds Ratio traduz o risco relativo e os respectivos 
limites inferior e superior para o nível de confiança de 95% 

Após  esta  análise  multivariada,  obervamos  que  as  duas  variáveis  que  se  mantém  com 
altamente significativas e associadas à dor lombar foram o género (raparigas) e o nível mais baixo de 
autoconceito.  Todas  as  outras  variáveis  incluídas  no  modelo  de  análise  multivariada,  deixaram  de 
mostrar associação significativa. 

No  último  momento  de  avaliação,  o  valor  de  prevalência  semestral  da  dor  lombar  foi  de 
11,7%, correspondente a 20 jovens em 171 alunos. 
Na  tabela  28  estão  representados  as  mesmas  variáveis  já  analisadas  nas  duas  primeiras 
avaliações  e  constata‐se  que,  apenas  o  indicador  desvio  maturacional  em  relação  ao  pico  de 

114 
 

crescimento  em  altura  (PHV),  apresentou  uma  associação  significativa  com  a  ocorrência  de  dor 
lombar, no terceiro momento de avaliação. 
Este  indicador  tinha  aparecido  com  uma  forte  asssociação  com  a  dor  lombar  no  primeiro 
momento  de avaliação,  tinha  perdido  essa  associação  no  segundo  momento  e  voltou  a  aparecer  no 
terceiro momento com uma associação, embora menos forte do que na  avaliação inicial. 

 
Tabela 28 – Associação entre factores de natureza biomorfológica e psicossocial e a ocorrência 
de dor lombar no terceiro momento de avaliação 
 
DOR LOMBAR_3 / AVALIAÇÃO 3  95% C.I.for EXP(B) 
Sig.  OR 
Univariate logit 3  Inferior          Superior 
Género (Masculino/Feminino)  ,429 1,481 ,560 3,921 

Desvio Maturacional_3 (phv)  ,025* 1,888 1,081 3,299 

Idade (anos)_3  ,122 1,374 ,919 2,053 


Alterações Posturais (Sim/Não)  ,114 2,153 ,831 5,576 
IMC_COLE 3 (ajustado à idade e género)  ,593 1,380 ,423 4,503 
Perímetro Abdominal_3 (cms)  ,245  1,031  ,979  1,085 
Força _extensores_3  ,702 ,998 ,988 1,008 

Rácio Força_Extensores/Flexores_3  ,908 1,018 ,751 1,381 

FMN_3_IMC_3  ,271 ,953 ,875 1,038 


FMN_PES0_3  ,193 ,865 ,696 1,076 
Teste de Schober_pé (flexão tronco)_ 3  ,692 1,126 ,625 2,028 
Flexibilidade músculos posteriores da coxa_3  ,016*  1,061  1,011  1,114 
Autoconceito_3  ,295 ,978 ,939 1,019 
Escola (1/2)  ,069 ,417 ,162 1,072 
Ver TV_3  ,751 ,959 ,742 1,240 
Jogar video‐jogos e computador_3  ,78 1,017 ,998 1,037 

. * ‐ Nivel de significância inferior a 0,05. OR – Odds Ratio traduz o risco relativo e os respectivos 
limites inferior e superior para o nível de confiança de 95%. IMC_COLE_3 – grupos de indíce de 
massa corporal: peso normal Vs Excesso de peso/obesidade; Rácio entre tempos de resistência 
dos extensores e flexores do tronco; FMN_3_IMC_3 – rácio entre a força muscular normalizada e o 
indíce de massa corporal; FMN_3_peso_3 – rácio entre a força muscular normalizada e o peso 
 

De notar que neste terceiro momento de avaliação, o género feminino e o nível mais baixo de 
autoconceito  deixaram  de  ter  uma  associação  significativa  com  a  ocorrência  de  dor  lombar,  como 

aconteceu nos dois primeiros momentos de avaliação. 
 
  De  seguida  fizémos  uma  análise  de  regressão  logística  multivariada,  utilizando  o  método 
Backward  Stepwise  e  colocando  as  mesmas  variáveis  preditivas  já  analisadas  nas  duas  primeiras 
avaliações,  independentemente  da  sua  associação  com  a  dor  lombar  nesta  avaliação  final,  em 
competição entre elas (tabela 29). 
Aplicámos igualmente o Hosmer and Lemeshow Test a esta análise multivariada para analisar o 
ajustamento do modelo. O resultado obtido neste teste de 0,720 atesta uma excelente qualidade do 
ajustamento do modelo pelo elevado nível de significância (> 0,05). 

115 
 

A  única  variável  do  modelo  de  análise  multivariado,  que  se  mantém  de  forma  significativa 
associada  à  dor  lombar  na  terceira  avaliação,  foi  desvio  maturacional  em  relação  ao  pico  de 
crescimento em altura (PHV). 
Todas as outras variáveis introduzidas no modelo deixaram de ter associação significativa. 
 
Tabela 29 – Análise de regressão logística multivariada, incluindo todas as variáveis com 
associação significativa com a dor lombar no terceiro momento de avaliação 
Variables in the Equation ‐ Method = Backward Stepwise (Conditional) b 
 

DOR LOMBAR_3 / AVALIAÇÃO 3  95% C.I.for EXP(B) 
Sig.  OR 
Multivariate logit _3  Inferior            Superior 
Desvio Maturacional_3 (phv)  ,029  1,997  1,073  3,718 
Constant  ,000  ,165     

* ‐ Nivel de significância inferior a 0,05. OR – Odds Ratio traduz o risco relativo e os respectivos 
limites inferior e superior para o nível de confiança de 95% 
 

Num estudo longitudinal, importa fazer uma análise mais dinâmica como está descrito mais à 
frente  no  ponto  4.4.  (página  123),  em  que  procurámos  explorar  a  associação  entre  estas  diferentes 
variáveis e comportamento da dor ao longo dos três momentos de avaliação e não apenas com um 
dos momentos de forma isolada. 
 

116 
 

  4.3. Comportamento e padrão de ocorrência da dor lombar nos jovens sintomáticos  
   
  Para além dos valores de prevalência semestral, ponto de prevalência presente, prevalência 
cumulativa  e  factores  de  risco  associados  à  dor  lombar  em  cada  um  dos  momentos  de  avaliação, 
importa igualmente caracterizar o padrão de ocorrência da dor lombar em termos da sua severidade, 
intensidade, impacto na vida dos jovens e sua evolução. 
Sabemos que a grande maioria das vezes as queixas são de natureza benigna e que evoluiem 
para a resolução espontânea. No entanto, a persistência dos sintomas ou a sua reincidência afectou 

pelo menos um em cada 10 jovens avaliados (11,1%). Neste contexto, torna‐se relevante analisar um 
conjunto de indicadores que nos possam caracterizar a severidade e a natureza dos sintomas lombares 
referidos pelos jovens do presente estudo (condição benigna Vs Condição com impacto na vida e bem‐
estar do adolescente). 
Na primeira avaliação em 239 adolescentes observados, encontrámos 49 jovens sintomáticos 
(prevalência semestral de 20,5%), sendo 11 rapazes (22,4%) e 38 raparigas (77,6%). 

Nas  questões  para  a  caracterização  do  padrão  de  ocorrência  de  dor  lombar,  nesta  primeira 
avaliação,  houve  um  certo  número  de  sujeitos  que  não  responderam  ou  não  se  lembravam  bem, 
sobretudo nas respostas que apelavam mais à memória (e.g. idade a que sentiram as primeiras dores 

lombares). 
Quando questionados sobre a que idade sentiram as primeiras dores lombares encontrámos 
18,4% dos alunos que referiram os 10/11 anos e 40,8% apontaram os 12 /13 anos. No entanto, houve 
20  alunos  (40,8%)  que  não  responderam  ou  não  se  lembravam,  por  ser  uma  questão  que  apelava 
fortemente à memória sobre factos passados há mais tempo e sobre uma condição que é na grande 
maioria das vezes benigna e por isso facilmente esquecida. 

Relativamente à frequência dos episódios de dor lombar nos últimos seis meses, os 49 jovens 
sintomáticos  reponderam  da  seguinte  forma:  quase  metade  (46,9%)  referiram  2  a  3  vezes  e  40,8% 
responderam 4 ou mais vezes. Houve apenas 8,2% dos alunos que reportaram um único episódio de 

dor lombar e 4,0% dos alunos que não responderam a esta questão. Estes dados parecem sugerir que 
as  dores  lombares  reportadas  nesta  primeira  avaliação,  tiveram  na  sua  grande  maioria  das  vezes 
(87,7%), mais do que um episódio. 

Como  a  memória  recente  é  um  factor  que  pode  influenciar  as  respostas  a  estas  questões, 
quando questionados há quanto tempo sentiram as dores lombares que consideraram as piores ou 
mais intensas, os 49 jovens responderam do seguinte modo: na última semana (26,5%), no último mês 

(34,7%);  entre  1  e  3  meses  (20,4%);  entre  3  e  6  meses  (14,3%)  e  4,1%  não  responderam  ou  não  se 
lembravam. Isto significa que pelo menos seis em cada dez jovens dos 49 adolescentes sintomáticos, 

117 
 

neste  primeiro  momento,  reportaram‐se  a  episódios  de  dor  lombar  com  um  tempo  de  recuo 
relativamente curto (até 1 mês), o que aumenta a fiabilidade das respostas. 
Um  dos  indicadores  que  permite  caracterizar  a  severidade  da  dor  lombar  sentida,  é  a 
intensidade de dor reportada nos momentos mais dolorosos, pela escala visual análoga (EVA). Como 
essa escala apresenta 10 cm de comprimento, encontrámos o seguinte padrão de resposta: cerca de 
60,9% dos jovens classificaram as dores mais intensas na primeira metade (dor entre 0 e 4,9); 30,6% 
classificaram  na  metade  superior  da  escala  de  dores  mais  intensas  (5  a  10)  e  8,2%  dos  jovens  não 
responderam.  De  assinalar  que  houve  quatro  respostas  (8,2%)  que  classificaram  a  dor  mais  intensa 
que sentiram, entre 7,5 e 10 na escala de 0 a 10. 
Pelo  menos  oito  em  cada  dez  dos  episódios  reportados  pelos  jovens  sintomáticos  (81,6%), 
tiveram uma duração da dor lombar entre 24 e 48 horas, o que reforça a ideia de na grande maioria 

das vezes serem situações benignas de resolução rápida e espontânea. No entanto, há a registar 10,2% 
dos episódios que duraram 3 a 7 dias e 4,1% dos jovens que sentiram dores lombares por mais de 8 
dias. Houve 4,1% de jovens que não responderam a esta questão.  

A  localização  anatómica  das  dores  reportada  pelos  49  jovens  sintomáticos  nesta  primeira 
avaliação, nos seus momentos mais dolorosos obteve a seguinte distribuíção: apenas coluna lombar 
(40,8%); coluna dorso‐lombar (36,7%); coluna lombar e cervical (4,1%); toda a coluna (10,2%), coluna 

lombar  e  membro  inferior  (2,0%).  Houve  três  alunos  que  não  responderam  a  esta  questão.  Este 
padrão de localização mostra que a região lombar, isoladamente ou em conjunto com a região dorsal, 
foram as zonas mais afectadas. 

Relativamente  às  actividades  que  os  alunos  associaram  ao  aparecimento  e/ou  ao 
agravamento da lombalgia sentida nos piores momentos, os jovens podiam reportar mais do que uma 
actividade.  As  actividades  mais  citadas  pelos  alunos  sintomáticos,  foram  o  transportar  pesos/cargas 

externas (61,2%), o dobrar‐se à frente (42,9%), o estar sentado por mais de 15 minutos (38,8%) e o 
praticar desporto (24,5%). 
Quando  questionados  sobre  a  possível  causa  da  origem  dos  sintomas  lombares, 

encontrámos  16,3%  dos  jovens  que  associaram  a  um  traumatismo  directo  mas  a  grande  maioria 
(73,5%) referia não haver história ou antecedente traumático conhecido. Tivemos cinco alunos (10,2%) 
que não responderam a esta questão. Dos 36 jovens que referiram ausência de qualquer antecedente 

traumático, 11 reportaram dores durante ou após a prática desportiva, 12 na sala de aula, nove a ver 
televisão e quatro a jogar video‐jogos em casa. 
As dores lombares referidas pelos jovens nesta primeira avaliação, motivaram a necessidade 
de uma consulta a um profissional de saúde em 20,4% dos casos. Houve 73,5% dos jovens que não 
necessitaram  de  qualquer  consulta  e  6,1%  que  não  responderam  a  esta  questão.  Cruzando  estas 
respostas  com  os  tratamentos  efectuados,  verificámos  que  a  grande  maioria  (77,6%)  refere  não  ter 

118 
 

feito  qualquer  tratamento  para  as  lombalgias  sentidas,  e  apenas  oito  alunos  (16,3%)  reportaram 
alguma  forma  de  tratamento.  Estes  dados  sugerem  a  natureza  benigna  da  grande  maioria  das 
situações. 
Estes dados associados quer à intensidade da dor, quer à duração dos episódios reportados 
como mais dolorosos, parecem confirmar que na grande maioria dos casos (pelo menos três em cada 

quatro casos) as lombalgias foram uma condição benigna com uma evolução rápida e espontânea. 
No entanto, houve uma parte dos casos, suficientemente severa num conjunto de indicadores 
como a intensidade da dor reportada na EVA em níveis mais elevados (8,2%), a duração dos episódios 

superior a 8 dias (4,1%), a necessidade de consultar um profissional de saúde (20,4%) e/ou de realizar 
tratamentos (16,3%) que deve merecer uma análise mais atenta dos factores de risco associados, uma 
vez que são estes casos que tendem a evoluir para a recidiva ou para cronicidade nos jovens adultos e 

adultos de meia‐idade. 
Fazendo a mesma análise para a segunda avaliação, encontrámos 20 jovens sintomáticos em 
181  adolescentes  avaliados  (prevalência  semestral  de  11,1%),  sendo  todas  raparigas  (100%).  No 

segundo  momento  de  avaliação,  não  houve  rapazes  que  a  reportar  dor  lombar  nos  seis  meses 
anteriores. 
Quando questionados sobre a que idade sentiram as primeiras dores lombares encontrámos 

20% dos alunos, que reportaram os 10/11 anos e 50% que apontaram os 12/13 anos. Também aqui, 
uma percentagem elevada dos jovens sintomáticos (30%) não se lembrava ou não respondeu a esta 
questão, por apelar à memória de situações que são na sua maioria de natureza benigna. 

Relativamente à frequência dos episódios de dor lombar nos últimos seis meses, as 20 jovens 
sintomáticas reponderam da seguinte forma: 40% referiram 2 a 3 vezes e 50% responderam 4 ou mais 
vezes.  Houve  apenas  10%  das  alunas  que  reportaram  um  único  episódio  de  dor  lombar.  Todas  as 

alunas responderam a esta questão. Estes dados parecem sugerir que as dores lombares reportadas 
nesta avaliação, tal como tinha acontecido na primeira avaliação, tiveram na sua grande maioria das 
vezes (90%) mais do que um episódio. 

No que diz respeito ao tempo de recuo das dores lombares que consideraram as piores ou 
mais intensas, as 20 alunas sintomáticas nesta sgunda avaliação, responderam do seguinte modo: na 
última semana (55%), no último mês (30%); entre 1 e 3 meses (15%). Todas as alunas responderam a 
esta  questão.  Isto  significa  que  a  grande  maioria  das  alunas  sintomáticas  (85%)  neste  segundo 
momento, reportaram‐se a episódios de dor lombar com um tempo de recuo relativamente curto (até 
1  mês),  o  que  diminui  os  problemas  relacionados  com  a  memória,  para  responder  com  mais 
credibilidade às questões que caracterizam a severidade e o padrão da lombalgia reportada. 
Outro  dos  indicadores  que  permite  caracterizar  a  severidade  da  dor  lombar  sentida,  é  a 
intensidade  de  dor  reportada  nos  momentos  mais  dolorosos,  pela  escala  visual  análoga  (EVA). 

119 
 

Encontrámos o seguinte padrão de resposta: cerca de 70% das 20 alunas classificaram as dores mais 
intensas  na  1ª  metade  (dor  entre  0  e  4,9);  30%  classificaram  as  dores  mais  intensas  entre  5  e  7,4. 
Todas  as  alunas  responderam.  Neste  aspecto,  a  intensidade  da  dor  reportada  pelas  alunas 
sintomáticas,  parece  ter  sido  globalmente  menos  intensa  neste  segundo  momento  de  avaliação 
relativamente ao primeiro momento de avaliação descrito atrás. 
Praticamente  dois  em  cada  três  dos  episódios  reportados  pelas  jovens  sintomáticas  (65%), 
tiveram uma duração da dor lombar entre 24 e 48 horas, o que confirma a ideia de serem situações 
benignas. No entanto, há a registar 20% dos episódios que duraram 3 a 7 dias e uma aluna (5,0%) que 
referiu  dores  lombares  por  mais  de  8  dias.  Houve  duas  alunas  (10%)  que  não  responderam  a  esta 
questão.  
A  localização  anatómica  das  dores  reportada  pelas  20  alunas  sintomáticas  nesta  segunda 
avaliação,  nos  seus  momentos  mais  dolorosos,  teve  a  seguinte  distribuíção:  apenas  coluna  lombar 
(45%); coluna dorso‐lombar (35%); coluna lombar e cervical (10%); toda a coluna (10%). Este padrão 
de localização confirma que a região lombar isoladamente ou em conjunto com a região dorsal foram 
os locais anatómicos mais referidos, tal como tinha acontecido na avaliação inicial. 
Relativamente  às  actividades  que  as  alunas  associaram  ao  aparecimento  e/ou  ao 
agravamento  da  lombalgia  sentida  nos  piores  momentos,  podia  haver  mais  do  que  uma  actividade 
referida.  As  actividades  mais  citadas  pelas  alunas  sintomáticas,  foram  o  transportar  pesos/cargas 
externas (75%), o estar sentado por mais de 15 minutos (70%), o levantar‐se da cama/solo (55 %) e o 
dobrar‐se  à  frente  (50%).  As  duas  primeiras  actividades  também  foram  as  mais  citadas  pelos  jovens 

sintomáticos na avaliação inicial. 
Quando  questionados  sobre  a  possível  causa  da  origem  dos  sintomas  lombares, 
encontrámos apenas duas alunas (10%) que associaram a um traumatismo directo e a grande maioria 

(90%) referia não haver história ou antecedente traumático conhecido. Das 18 alunas que referiram 
ausência  de  qualquer  antecedente  traumático,  sete  reportaram  dores  durante  ou  após  a  prática 
desportiva, seis na sala de aula, três a ver televisão e quatro a jogar video‐jogos em casa. 

As  dores  lombares  referidas  pelas  20  alunas  nesta  segunda  avaliação,  implicaram  a 
necessidade de uma consulta a um profissional de saúde em 35% dos casos. Houve 65% das alunas 
que  não  necessitaram  de  qualquer  consulta.  Cruzando  estas  respostas  com  os  tratamentos 

efectuados verificámos que a grande maioria (75%) refere não ter feito qualquer tratamento para as 
lombalgias  e  apenas  uma  cada  quatro  alunas  sintomáticas  (25%)  reportaram  alguma  forma  de 
tratamento face às dores lombares sentidas. 
Estes resultados cruzados entre si, parecem confirmar que na grande maioria dos casos (pelo 
menos dois em cada três casos) as lombalgias foram uma condição benigna com uma evolução rápida 

120 
 

e espontânea. No entanto, há uma parte dos casos, como tinha acontecido na primeira avaliação, que 
deve merecer uma análise mais atenta dos factores de risco associados. 
Fazendo  a  mesma  caracterização  para  a  terceira  avaliação,  encontrámos  20  jovens 
sintomáticos  em  171  adolescentes  avaliados  (prevalência  semestral  de  11,7%),  sendo  sete  rapazes 
(35%) e 13 raparigas (65%). 
Quando questionados sobre a que idade sentiram as primeiras dores lombares encontrámos 
15% dos alunos que reportaram os 10/11 anos, 30% que apontaram os 12/13 anos, 25% apontaram os 
14/15 anos e 30% dos alunos não se lembrava ou não respondeu a esta questão. O perfil de respostas 

a esta questão continua a ter um indíce elevado de não resposta ou” não se lembrar”, face ao apelo á 
memória dos sujeitos. 
Relativamente  à  frequência  dos  episódios  de  dor  lombar  nos  últimos  seis  meses,  os  20 
sujeitos sintomáticos reponderam da seguinte forma: 50% referiram 2 a 3 vezes e 40% responderam 4 
ou mais vezes. Houve apenas 10% dos alunos que reportaram um único episódio de dor lombar Todos 
os  alunos  sintomáticos  responderam  a  esta  questão.  Estes  dados  confirmam,  tal  como  tinha 
acontecido  nas  avaliações  anteriores,  que  a  grande  maioria  das  vezes  (90%)  as  dores  lombares 
ocorreram em mais do que um episódio. 
No que diz respeito ao tempo de recuo das dores lombares que consideraram as piores ou 
mais  intensas,  os  20  sujeitos  sintomáticos  nesta  avaliação  final,  responderam  do  seguinte  modo:  na 
última semana (50%), no último mês (35%); entre 1 e 3 meses (5%); entre 3 e 6 meses (10%). Todos 
responderam a esta questão. Isto significa que a grande maioria das sujeitos sintomáticos (85%) neste 

terceiro momento, reportaram‐se a episódios de dor lombar com um tempo de recuo relativamente 
curto (até 1 mês) , tal como tinha acontecido nas avaliações anteriores. 
Encontrámos o seguinte padrão de resposta relativamente intensidade de dor reportada nos 

momentos  mais  dolorosos:  cerca  de  60%  dos  20  sujeitos  classificaram  as  dores  mais  intensas  na 
primeira metade (dor entre 0 e 4,9); 40% classificaram as dores mais intensas entre 5 e 10. Todos os 
jovens  sintomáticos  responderam  a  esta  questão.  Neste  aspecto,  o  padrão  de  intensidade  da  dor 

reportada pelas sujeitos sintomáticos na terceira avaliação, esteve globalmente mais próximo do que 
aconteceu na primeira avaliação do que o padrão reportado na segunda avaliação. 
Mais  de  metade  dos  episódios  referidos  pelos  jovens  sintomáticos  (55%),  tiveram  uma 

duração da dor lombar entre 24 e 48 horas, o que confirma a ideia de serem situações benignas. No 
entanto,  há  a  registar  uma  percentagem  mais  elevada  (40%  )  de  episódios  que  duraram  3  a  7  dias 
relativamente ao que aconteceu nas avaliações anteriores e houve uma aluna (5,0%) que referiu dores 
lombares por mais de 8 dias. Todos os jovens sintomáticos responderam a esta questão.  
A localização anatómica das dores reportada pelos 20 jovens sintomáticos nesta 3ª avaliação, 
nos seus momentos mais dolorosos teve a seguinte distribuição: apenas coluna lombar (65%); coluna 

121 
 

dorso‐lombar (25%); coluna lombar e cervical (10%). Este padrão de localização confirma que a região 
lombar isoladamente ou em conjunto com a região dorsal foram os locais anatómicos mais referidos 
nos três momentos de avaliação. 
Relativamente  às  actividades  que  os  alunos  associaram  ao  aparecimento  e/ou  ao 
agravamento  da  lombalgia  sentida  nos  piores  momentos,  podia  haver  mais  do  que  uma  actividade 

referida. As actividades mais citadas, pelos alunos sintomáticos, foram o dobrar‐se à frente (60%); o 
transportar pesos/cargas externas (45%), o levantar‐se da cama/solo (45 %) e o estar sentado por mais 
de 15 minutos (40%). Constata‐se que as actividades mais citadas nesta questão, são semelhantes ao 

que  já  tinha  sido  referido  nas  anteriores  avaliações,  apenas  com  alternância  nas  posições  relativas 
entre elas em termos de frequência absoluta. 
Quando  questionados  sobre  a  possível  causa  da  origem  dos  sintomas  lombares, 
encontrámos apenas três sujeitos (15%) que associaram a um traumatismo directo e a grande maioria 
(85%) referia não haver história ou antecedente traumático conhecido, num padrão muito semelhante 
ao descrito nas avaliações anteriores. Dos 17 sujeitos que referiram ausência de qualquer antecedente 
traumático, dez reportaram dores durante ou após a prática desportiva, seis na sala de aula e um a 
jogar video‐jogos em casa. 
As  dores  lombares  referidas  pelos  20  sujeitos  nesta  última  avaliação,  implicaram  a 
necessidade de uma consulta a um profissional de saúde em 40 % dos casos. Houve 60% dos alunos 
que não necessitaram de qualquer consulta, num padrão muito similar às duas primeiras avaliações. 
Cruzando  estas  respostas  com  os  tratamentos  efectuados,  verificámos  que  a  grande  maioria  (65%) 

refere  não  ter  feito  qualquer  tratamento  para  as  lombalgias  e  35%  reportaram  alguma  forma  de 
tratamento  face  às  dores  lombares  sentidas,  um  valor  que  é  superior  às  anteriores  avaliações 
(sobretudo à primeira avaliação onde apenas 16,3% dos jovens sintomáticos refereriram ter realizado 

alguma forma de tratamento para lidar com a dor lombar). 
Estes resultados relacionados com a caracterização do padrão de ocorrência de dor lombar ao 
longo  dos  três  momentos  de  avaliação,  permitem‐nos  dizer  que  na  grande  maioria  dos  casos,  as 

lombalgias  reportadas  pelos  alunos,  foram  uma  condição  benigna  com  uma  evolução  rápida  e 
espontânea. Contudo, há uma parte de casos que se vão repetindo e que devem merecer uma análise 
mais dinâmica dos factores de risco associados. 
A  apresentação  dos  resultados  feita  até  ao  momento,  é  sobretudo  numa  perspectiva 
transversal  e  de  natureza  estática  sobre  os  três  momentos  de  avaliação  e  a  sua  associação  com  as 
variáveis  estudadas.  No  entanto,  a  dor  lombar  enquanto  condição  de  etiologia  multifactorial,  exige 

uma análise mais dinâmica do comportamento dos sintomas ao longo tempo e a sua distribuição por 
género,  por  estadio  maturacional,  por  escola  de  origem  e  a  análise  da  sua  associação  com  as 

122 
 

diferentes variáveis em estudo, como explicitámos nos objectivos descritos na metodologia (páginas 
59 e 60). 
 
4.4. Comportamento da dor lombar e factores de risco associados 
Nesta análise mais dinâmica, procurámos estudar a distribuição da dor lombar ao longo dos 
três momentos avaliados nos 171 jovens que constituem a amostra do estudo longitudinal (tabela 30).  
Considerámos  os  jovens  assintomáticos  todos  aqueles  que  nunca  referiram  qualquer  dor 
lombar  nos  seis  meses  anteriores  aos  três  momentos  do  estudo.  Identificámos  125  jovens  (73,1%) 

assintomáticos ao longo de todo o estudo. Deste grupo, 61 eram rapazes (82,4%) e 64 raparigas (66%), 
o que significa que mais de oito em cada dez rapazes nunca sofreram dor lombar durante o estudo e 
que quase duas em cada três raparigas também esteve assintomática ao longo de todo o estudo. 

O número de jovens com dor lombar episódica ‐ aqueles que apenas referiram dor num dos 
momentos  avaliados  ‐  foi  de  27  (15,8%  do  total),  sendo  12  rapazes  (16,2%)  e  15  raparigas  (15,5%). 
Neste aspecto, as diferenças entre rapazes e raparigas foram marginais. 

Considerámos  existir  dor  lombar  recorrente,  quando  houve  dor  lombar  reportada  em  dois 
dos três momentos avaliados. Encontrámos 11 jovens (6,4%) com dor lombar recorrente, sendo dez 
raparigas (10,3% deste sub‐grupo) e apenas um rapaz.  
 
Tabela 30 – Frequência de jovens assintomáticos, jovens com dor lombar episódica, jovens com dor 
lombar recorrente e dor crónica e sua distribuição por género (masculino/feminino) 
Avaliação (n)  Prevalência total Prevalência Masculino Prevalência Feminino 
Prevalência Semestral  n                     %  n                    %  n                      % 
Sem Lombalgia 125  73,1  61  82,4  64  66,0 

Dor lombar episódica   27  15,8  12  16,2  15  15,5 

Dor lombar recorrente  11  6,4  1  1,4  10  10,3 

Dor lombar crónica  8  4,7  0  0  8  8,2 

TOTAL  171  100%  74  100%  97  100% 

Os resultados permitiram identificar que apenas as raparigas (n=8) referiram dores lombares 
crónicas,  pois  reportaram  sempre  dores  lombares  nos  seis  meses  anteriores  aos  três  momentos  de 
avaliação.  Não  houve  rapazes  a  referirem  dores  lombares  crónicas.  Assim,  podemos  dizer  que  a 
lombalgia crónica afectou 4,7% de todos os sujeitos e 8,2% das raparigas. 
Como defendia Burton el at [73], a dor lombar é na maioria das vezes de natureza benigna e de 

resolução  espontânea,  pelo  que  para  esta  análise  dinâmica  agrupámos  os  jovens  com  dor  lombar 
episódica  (dor  apenas  reportada  num  dos  momentos)  aos  jovens  assintomáticos,  obtendo  um  sub‐
grupo  de  152  sujeitos  (88,9%  do  total),  sendo  73  rapazes  (98,6%)  e  79  raparigas  (81,5%)  que 

considerámos o grupo assintomático. 

123 
 

Se  associarmos  o  grupo  dos  jovens  com  dores  lombares  crónicas  ao  grupo  de  jovens  com 
dores recorrentes, obtemos 19 adolescentes que reportaram queixas frequentes e persistentes (11,1% 
do total). Deste sub‐grupo de maior risco a que chamaremo o grupo dos “jovens sintomáticos”, e que 
merece uma análise mais detalhada, apenas um jovem era rapaz (1,4%) e 18 eram raparigas (18,6%), o 
que  significa  que  quase  duas  em  cada  dez  raparigas  do  nosso  estudo  sentiram  dores  lombares 
recorrentes ou crónicas.  
Neste  contexto,  faremos  a  análise  dos  diferentes  factores  que  apareceram  associados  à 
presença de dores lombares persistentes nos jovens em estudo (11,1%) em confronto com o grupo de 

jovens que nunca referiu dor lombar ou que apenas reportou num único momento (dor episódica) – 
grupo de jovens assintomáticos – e que podemos ver sistematizado na tabela 31. 
 
Tabela 31 – Associação entre factores de natureza biomorfológica e psicossocial e o comportamento da dor 
lombar: Jovens com dor lombar crónica e/ou recorrente Vs Jovens assintomáticos 
DOR CRÓNICA/RECORRENTE ‐ SINTOMÁTICOS 
95% C.I.for EXP(B) 
Vs 
Sig.  OR  Inferior      
SEM DOR/DOR EPISÓDICA ‐ ASSINTOMÁTICOS 
Superior 
Univariate logit 
Género (Masculino/Feminino)  ,007 *  16,633  2,166  127,746 
Raça/Etnia (Caucasiana/Negra)  0,622  ,747  ,234  2,383 
Desvio Maturacional (3º momento) 
,165  2,056  ,742  5,691 
(grupo 1 phv < ‐ 0,70 Vs Grupo 2 phv > ‐ 0,70) 
Variação média do desvio maturacional 
,370  ,612  ,209  1,790 
(Grupo 1 ‐ phv < 0,70 VsGrupo 2 ‐ phv > 0,70) 
Alterações Posturais (Sim/Não)  ,008 *  4,293  1,470  12,538 
IMC_COLE_3 (ajustado à idade e género)  ,515  1,484  ,452  4,873 
Rácio médio Força_Extensores/Flexores 
,139  ,405  ,123  1,339 
(Grupo 1 ‐ rácio ≤ 1,2 VsGrupo 2 ‐ rácio > 1,20) 
FMN_3_IMC_3  ,023*  0,871  ,773  ,981 
FMN_PES0_3  ,026*  ,697  ,507  ,958 
Teste de Schober_mobilidade média em cms 
,600  ,747  ,250  2,228 
(Grupo 1 – média ≤ 4  VsGrupo 2 ‐ média > 4) 
Flexibilidade dos músc posteriores da coxa 
,045*  2,700  1,021  7,140 
(Grupo 1 – valores negativos VsGrupo 2 – 0 ou valores positivos) 
Autoconceito_médio  ,007 *  3,580  1,350  9,493 
Escola (1/2)  ,043 *  2,723  1,031  7,190 
Ver TV (média de h/semana) 3 momentos 
,894  1,067  ,410  2,777 
(Grupo 1 – média ≤ 10 VsGrupo 2 ‐média > 10) 
Video‐jogos/computador (média de h/semana) 
,902  1,069  ,373  3,062 
(Grupo 1 – média ≤ 10 VsGrupo 2 ‐média > 10) 
 
 * ‐ Nivel de significância inferior a 0,05. OR – Odds Ratio traduz o risco relativo e os respectivos limites 
inferior e superior para o nível de confiança de 95%.  IMC_COLE_3 – grupos de indíce de massa 
corporal: peso normal Vs Excesso de peso/obesidade; Rácio médio entre tempos de resistência dos 
extensores e flexores do tronco; FMN_3_IMC_3 – rácio entre a força muscular normalizada e o indíce 
de massa corporal; FMN_3_peso_3 – rácio entre a força muscular normalizada e o peso 

124 
 

Analisando  a  tabela  31,  verifica‐se  que  as  raparigas  tiveram  uma  probabilidade  16,6  vezes 
maior de reportarem dores lombares crónicas/recorrentes do que os rapazes (OR = 16,33 com IC de 
95%:  2,166  –  127,746),  traduzindo  o  facto  já  descrito,  que  18  dos  19  adolescentes  com  sintomas 
lombares persistentes eram raparigas. 
Deste modo, o género feminino apareceu de forma significativa (p=0,007) como o factor mais 
fortemente associado à história de dores lombares persistentes. 
Um  factor  também  fortemente  associado  de  forma  significativa  (p=0,008)  à  existência  de 
dores lombares foi a “Presença de alterações posturais”. Constatámos que dos 19 jovens com dores 

lombares  repetidas,  14  apresentavam  alterações  posturais  e  apenas  em  cinco  não  se  observaram 
essas alterações posturais. O risco relativo dos adolescentes com alterações posturais evidentes, em 
referirem dor lombar crónica/recorrente, foi aproximadamente quatro vezes superior (OR= 4,29 com 
IC de 95%: 1,470 – 12,538) ao grupo de alunos onde não existiam alterações posturais. 
Devemos destacar ainda, que dos 14 jovens com alterações posturais e com dores lombares 
persistentes,  13  apresentavam  escolioses  e  assimetrias  posturais  do  tronco,  evidentes  à  observação 
clínica, e eram todas raparigas. O outro caso, era de exagero das curvaturas fisiológicas (hiperlordose 
lombar).  Encontrámos  quatro  raparigas  com  dores  lombares  repetidas  e  sem  qualquer  alteração 
postural tal como o único rapaz com sintomasrepetidos também não apresentava qualquer alteração 

postural.  
Observámos 46 raparigas e 16 rapazes com algum grau de escoliose num total de 62 jovens 
com  esta  alteração  postural.  Nos  rapazes,  a  presença  de  escoliose  foi  menos  frequente, 

genericamente  mais  discreta  e  não  esteve  associada  à  presença  da  dor  lombar.  Já  nas  raparigas,  a 
presença de escoliose foi mais frequente, era globalmente mais significativa (maior rotação dos corpos 
vertebrais  e  curvaturas  de  magnitude  mais  marcada)  e  esteve  associada  em  13  casos  (28,3%  das 
raparigas com escolioses) à persistência das dores lombares reportadas. 
Por último, as alterações posturais como as hipercifoses e hiperlordoses mais observadas nos 
rapazes  (9)  do  que  nas  raparigas  (3)  não  se  traduziram  em  qualquer  risco  acrescido  de  originarem 
dores lombares. Apenas uma rapariga com essa alteração postural esteve no grupo dos 19 jovens com 
sintomas persistentes. 
Os  adolescentes  que  na  última  avaliação  apresentavam  um  estadio  maturacional  mais 
adiantado  (phv  superior  a  ‐0,70)  e  mais  próximo  do  pico  de  velocidade  de  crescimento  em  altura, 
apresentaram  o  dobro  (OR  =  2,056  ;  IC  de  95%:  0,7642  –  5,691)  das  probabilidades  de  reportarem 
sintomas  lombares  persistentes,  embora  para  um  intervalo  de  confiança  de  95%,  esse  risco  perca 

significado estatístico (p=,0165). 

125 
 

A maior variação do desvio maturacional ao longo do estudo não apresentou por si só, uma 
associação significativa (p=0,370) nem um risco acrescido com a história de dores lombares repetidas 
que afectou sobretudo as raparigas. 
Relativamente  a  outros  dois  factores  de  natureza  biomorfológica,  como  o  Indíce  de  Massa 
Corporal ajustado à idade e género (peso normal Vs excesso de peso/obesidade) e o rácio médio entre 

força dos extensores/flexores do tronco, também não se encontrou qualquer associação significativa 
nem risco aumentado nos jovens com dores lombares persistentes. Isto significa que nem o excesso 
peso,  nem  os  valores  de  rácios  mais  desequilibrados  na  força  entre  extensores/flexores  do  tronco 

apresentaram qualquer associação significativa com as dores lombares persistentes. 
Já os indicadores que relacionavama força muscular normalizada (FMN) com o IMC (p=0,023), 
e  com  o  peso  (p=0,026)  na  última  avaliação,  apresentaram  uma  associação  significativa  e  um  risco 
ligeiramente acrescido, para os jovens onde o rácio entre FMN e o IMC ou o peso foi mais baixo. 
Relativamente  à  mobilidade  de  flexão  lombar  medida  pelo  teste  de  Schober,  não  se 
encontrou  qualquer  associação  significativa  (p=0,60)  nem  um  risco  acrescido  nos  jovens  com  menor 
mobilidade (menos de 4 cms) relativamente ao sujeitos com mobilidade considerada normal (igual ou 
superior a 4 cms). 
Analisando  a  flexibilidade  média  dos  músculos  posteriores  da  coxa,  encontrou‐se  uma 
associação  significativa  (p=0,045)  entre  os  jovens  com  importantes  restrições  da  flexibilidade  deste 
grupo muscular e a história de dores lombares repetidas. A probabilidade desses sujeitos com défices 
de flexibilidade sentirem dores lombares também foi 2,7 vezes superior relativamente aos jovens sem 

esses défices de flexibilidade (OR = 2,700; IC de 95%: 1,021 – 7,140). 
 
Relativamente  aos  factores  de  natureza  psicossocial,  as  duas  variáveis  que  apresentam 

associação  significativa  com  as  dores  lombares  recorrentes,  foram  o  autoconceito  e  a  escola  de 
origem. 
  Relativamente à variável – autoconceito – dividimos a amostra em 2 sub‐grupos (1) seguindo 

o mesmo critério de divisão nos modelos anteriores, em que no primeiro grupo ficaram os jovens com 
scores abaixo da mediana obtida dos três momentos e (2) jovens com scores acima da mediana obtida 
dos três momentos. No grupo dos sintomáticos, houve dez jovens com scores mais baixos (21,7% dos 

jovens com autoconceito mais baixo) e nove alunos com scores acima da média (7,2% dos 125 jovens 
com  valores  acima  da  média).  O  sub‐grupo  1  de  jovens  com  scores  de  autoconceito  mais  baixos 
apresentaram uma probabilidade de se queixarem de dores lombares crónicas e/ou recorrentes cerca 

de 3,5 vezes superior aos jovens com scores de autoconceito mais elevados (OR = 3,580; IC de 95%: 
1,350 – 9,493), com uma associação muito significativa (p=0,007). 
 

126 
 

Relativamente  à  Escola  de  proveniência  constatámos  que  dos  19  jovens  sintomáticos,  11 
eram  da  Escola  de  Benfica  (17,7%  dos  alunos  desta  Escola)  e  8  da  Escola  de  MemMartins  (7,3%  do 
total  tal  de  alunos  desta  escola),  o  que  significa  que  os  alunos  da  primeira  escola  tiveram  quase  o 
triplo das propabilidades (2,72) de reportarem dor lombar crónica ou recorrente quando comparados 
com os jovens da escola de Mem‐Martins (OR = 2,723; IC de 95%: 1,031 – 7,190) que estiveram mais 
englobados  no  grupo  dos  assintomáticos/dor  ocasional  (92,7%).  Esta  associação  entre  a  escola  de 
origem e a história de dores lombares foi significativa (p=0,043). 
Relativamente à raça/etnia, não houve qualquer associação significativa nem existiu um risco 
relativo aumentado de dores lombares persistentes, entre os jovens da raça caucasiana (15 em 112 – 
11,8%) e os jovens de raça negra (4 em 44 com 9,8%). 
Também  nos  hábitos  de  vida  diária,  as  variáveis  psicossociais  como  o  aumento  do  tempo 

dispendido  médio  por  semana,  quer  a  ver  televisão  quer  a  jogar  video‐jogos  ou  computador,  não 
apresentaram  qualquer  associação  significativa  nem  risco  acrescido  para  a  ocorrência  de  lombalgias 
persistentes. 
De  seguida  fizémos  uma  análise  de  regressão  logística  multivariada,  utilizando  o  método 
Backward  Stepwise,  colocando  as  variáveis  com  associação  mais  significativa  na  análise  bivariada, 
referidas  na  tabela  31,  em  competição  entre  elas  (tabela  32).  Aplicámos  igualmente  o  Hosmer  and 
Lemeshow  Test  a  esta  análise  multivariada,  para  analisar  o  ajustamento  do  modelo.  O  valor 
encontrado  de  0,456  atesta  uma  boa  qualidade  do  ajustamento  do  modelo  pelo  elevado  nível  de 
significância (> 0,05). 
 
Tabela 32 – Análise de regressão logística multivariada, incluindo todas as variáveis com associação 
significativa, com a dor lombar crónica ou recidivante 
Variables in the Equation ‐ Method = Backward Stepwise (Conditional) b 
 

DOR CRÓNICA/RECORRENTE 
Vs  95% C.I.for EXP(B) 
Sig.  OR 
SEM DOR/DOR EPISÓDICA  Inferior          Superior 
Multivariate logit  
Género (Masculino/Feminino)  ,021*  11,605  1,456  92,493 
Alterações Posturais (Sim/Não)  ,114  2,569  ,797  8,277 
Autoconceito_médio  ,016*  ,254  ,083  ,778 
Constant  ,003  ,002     
 
* ‐ Nivel de significância inferior a 0,05. OR – Odds Ratio traduz o risco relativo e os respectivos 
limites inferior e superior para o nível de confiança de 95% 
 
 
  Da  análise  da tabela  32,  podemos  afirmar  que  as  raparigas  com  alterações  posturais  e  com 
um  nível  médio  de  autoconceito  mais  baixo  constituiram  o  grupo  de  maior  risco  para  reportarem 
dores lombares persistentes. 

127 
 

  O risco estimado das raparigas apresentarem dores lombares repetidas foi de quase 12 vezes 
superior ao dos rapazes (OR  =11,605: IC 95%: 1,456 – 92,493) numa associação altamente significativa 
(p=0,021. 
  A  presença  de  alterações  posturais,  particularmente  as  escolioses  que  também  foram  mais 
observadas nas raparigas, aumentou o risco para mais do dobro (OR=2,569; IC 95%: 0,797 – 8,277) de 
ocorrerem dores lombares persistentes, embora só significativo a 11% (p=0,114). 
  Por  último,  o  nível  médio  de  autoconceito  mais  baixo  também  esteve  associado  de  forma 
significativa à ocorrência de dor lombar crónica (p=0,016). Os jovens com scores de auto‐conceito mais 
baixo tiveram praticamente quatro vezes mais de probabilidades de se queixarem de dores repetidas 
do que os jovens assintomáticos (OR=0,254; IC 95%: 0,083 – 7,778). 
  Todas  as  outras  variáveis  introduzidas  no  modelo  de  análise  multivariada  como  o  desvio 
maturacional  no  terceiro  momento,  a  variação  média  do  desvio  maturacional  ao  longo  dos  três 
momentos,  a  força  muscular  normalizada  e  ajustada  quer  ao  peso  quer  ao  IMC,  a  flexibilidade  dos 
músculos posteriores e a escola de origem, deixaram de ter associação significativa com a dor lombar 
repetida em dois ou três momentos de avaliação. 
 
   

128 
 

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
Os  estudos  sobre  as  perturbações  e  disfunções  da  região  lombar  são  importantes,  para  se 
compreender  melhor  a  etiologia  e  os  factores  de  risco  a  elas  associados,  bem  como  os  factores  de 
protecção que permitem prevenir a sua ocorrência. Esses estudos permitem ainda analisar o impacto 
que essa condição tem em populações específicas, como foi o presente caso, em adolescentes de duas 
escolas da região de Lisboa. 
A  análise  crítica  deste  estudo  será  realizada  segundo  duas  perspectivas  de  análise  que  se 
complementam 
a) Análise  centrada  em  todo  o  processo  e  desenho  metodológico,  onde  procuramos 
questionar  e  reflectir  as  opções  metodológicas  escolhidas,  analisar  os  problemas  e 
dificuldades vividas e identificar possíveis limitações. 
b) Análise e interpretação dos resultados devidamente contextualizados e em comparação 
com estudos semelhantes. 
 
 
A) Análise centrada em todo o processo e desenho metodológico 
 
  A  lombalgia  é  por  definição  um  fenómeno  subjectivo,  sentido  e  vivido  na  primeira  pessoa, 
que  levanta  imensas  questões  e  desafios  sobre  a  sua  classificação,  natureza,  etiologia,  severidade  e 
história  natural.  Neste  contexto,  as  metodologias  de  estudo  sobre  as  dores  lombares,  são 
inevitavelmente condicionadas pelo fenómeno individual e único que é “sentir dores nas costas”. 
Discutiremos  neste  ponto,  as  opções  metodológicas  tomadas,  analisando  as  suas 
características mas também as suas limitações e eventuais alternativas. 
O  presente  estudo  avaliou  ao  longo  dos  três  momentos  de  avaliação,  com  seis  meses  de 
intervalo entre eles, uma amostra de 171 adolescentes dos 239 iniciais, com idades entre os 11 e os 17 
anos,  estudantes  em  duas  escolas  da  região  de  Lisboa,  que  aderiram  de  forma  voluntária  e 
participativa,  mediante  o  consentimento  informado  por  parte  dos  pais  e/ou  encarregados  de 
educação.  Isto  significa,  que entre  a primeira  avaliação  e a  avaliação  final,  num  período  de um  ano, 
perdemos  cerca  de  68  sujeitos  (28,5%),  por  diversas  razões  relacionadas  com  a  mudança  de  escola, 
abandono  escolar  numa  das  escolas  e  em  nove  casos  por  falta  de  colaboração  ou  de  vontade  em 
continuar integrado nas avaliações a realizar. 
Os  estudos  longitudinais  citados  na  revisão  da  literatura,  englobaram  um  período  de 
acompanhamento que variou entre um ano [4, 41, 79, 80], os oito anos [116] e os dez anos [89]. Estes estudos 
que implicam um envolvimento temporal de meios e recursos mais dispendioso, foram realizados na 
Europa do Norte (Finlândia, Dinamarca, Suécia, Reino Unido) ou no Canadá (um estudo). 

129 
 

O presente estudo implicou a presença do investigador principal, ao longo de dois meses em 
cada um dos três momentos de avaliação, nas duas escolas onde ocorreram as avaliações. É natural 
que os estudos de seguimento longitudinal, vão acumulando perdas ao longo do tempo, por diversas 
razões alheias aos investigadores. 
No presente estudo, a percentagem de alunos que concluiram os três momentos de avaliação 
(71,5%) foi semelhante ao estudo feito ao longo de quatro anos no Reino Unido, por Burton et al  [73] 
com uma retenção de 68% de uma amostra inicial com dimensões similares (n=216) e de faixa etária 
igual ao nosso (11 anos no ínicio do estudo). O estudo canadiano, inicialmente com 810 alunos de 14 
anos ao longo de três momentos de avaliação, de Feldman et al  [4] obteve uma retenção ligeiramente 
inferior de 62%. O estudo ao longo de um ano, que obteve maior percentagem de retenção foi o de 
Jones  el  at  [41]  com  89,2%  dos  1046  alunos  inicialmente  avaliados  e  na  mesma  faixa  etária  (11  –  14 
anos). No pólo oposto, o estudo longitudinal com menor percentagem de retenção, foi o de Poussa et 
al [116] com 50,3%, mas feito com um intervalo de oito anos entre avaliações. 
Numa análise sucinta e comparando com os estudos longitudinais citados, podemos afirmar 
que nos aspectos fundamentais relacionados com a faixa etária estudada (11‐17 anos), com o período 
de acompanhamento (pelo menos 1 ano), com a taxa de retenção ao longo do estudo (71,5%) e com a 
dimensão  da  amostra  (n=171),  a  presente pesquisa  realizada  em  duas escolas  da  região  de  Lisboa é 
comparável  aos  estudos  de  seguimento  feitos  com  populações  juvenis  da  Europa  do  Norte  e  do 
Canadá. 
 
O intervalo de idades entre os 11 e os 15 anos na primeira avaliação e os 12 e 17 anos na 
tereceira avaliação, também está de acordo com a grande maioria dos estudos longitudinais realizados 
com populações juvenis  [4, 41, 51, 73, 113, 116]. A idade cronológica foi um indicador analisado em todos os 
estudos longitudinais. 
No entanto, parece‐nos que em adolescentes com a mesma idade cronológica e num período 
de  maturação  neurobiolólogica  muito  activo,  podem  existir  um  conjunto  grande  de  diferenças 
biomorfológicas entre eles, tais como na altura, na massa corporal, no indíce de massa corporal e na 
composição corporal, na velocidade de crescimento e no “pico desse crescimento”, entre outras, que 
traduzem  fases  diferentes  do  processo  de  crescimento  [153,  154].  Esta  diversidade  maturacional  é 
ampliada  quando  consideramos  o  género  dos  sujeitos,  acontecendo  uma  maturação  biológica  mais 
precoce  nas  raparigas  e  mais  tardia  nos  rapazes,  particularmente  no  período  de  intenso  e  rápido 
crescimento da adolescência (adolescent growth spurt)  [155], como é o caso dos jovens nestas idades e 
avaliados no nosso estudo. 
Apenas  os  estudos  longitudinais  de  Feldman  et  al  [4]  e  Poussa  et  al  [116]  analisaram,  embora 
com metodologias diferentes, variáveis relacionadas com o estadio maturacional.  
No  estudo  de  Feldman  et  al,  considerou‐se  “crescimento  acelerado”,  como  a  variação  da 
altura em pé, igual ou superior a cinco centímetros num período de seis meses, independentemente 
do género, o que nos parece discutível, pelas diferenças maturacionais que existem entre os rapazes e 

130 
 

as  raparigas.  Foram  medidos  502  alunos  canadianos  de  14  anos,  em  três  momentos  de  avaliação 
separados por seis meses  [4] tal como no nosso estudo, mas o critério usado por Feldman não explora 
o  estadio  maturacional  dos  sujeitos  no  “ponto  de  partida”  da  primeira  avaliação,  nem  diferencia  o 
processo maturacional entre géneros que sabemos ser distinto. 
Já Poussa et al, mediram a altura em pé e a altura sentado de 430 alunos anos (entre os 11 e 
os  14  anos)  e  analisaram  a  variação  anual  desses  parâmetros  sem  explicitarem  os  critérios  que 
utilizaram  para  considerarem  o  “período  de  crescimento  acelerado”  que  esteve  associado  ao  maior 
risco de dor lombar [116]. 
Considerámos  que  a  análise  da  variável  –  Estadio  Maturacional  –  numa  pesquisa  desta 
natureza e com estes objectivos seria uma mais‐valia cientifica e uma inovação, pelo que procurámos 
incluí‐la, até porque o presente estudo foi desenhado para acompanhar os jovens adolescentes nessa 
fase de intensas alterações biomorfológicas e psicossociais. 
Para isso procurámos determinar o desvio maturacional em relação ao pico de crescimento 
da velocidade em altura (PVA), como descrevemos na metodologia  (páginas 74 e 75), e que nos pareceu 
ser uma forma adequada de aprofundar a caracterização da variável estadio maturacional, face a um 
conjunto de constrangimentos já referidos atrás. 
No  presente  estudo,  o  estadio  maturacional  dos  jovens  em  relação  ao  seu  pico  de 
crescimento de velocidade em altura (PHV), foi calculado a partir dos estudos de Mirwald et al  [310]. O 
método aplicado permite calcular o desvio maturacional entre o estadio em que cada adolescente se 
encontra no seu processo maturacional e o período de maior aceleração desse crescimento em altura. 
Este  é  um  método  não  invasivo  nem  intrusivo,  prático,  fiável  e  assentou  em  equações  preditivas  a 
partir  das  medidas  antropométricas  como  a  altura  sentado,  a  altura  em  pé  e  o  comprimento  dos 
membros inferiores, realizadas de seis em seis meses, em 152 jovens canadianos entre os oito e os 16 
anos.  Essas  equações  preditivas  foram  consideradas  fiáveis  para  suportar  este  método  prático  e 
indirecto  de  inferir  a  maturidade  biológica  dos  jovens  em  crescimento  e  eram  específicas 
relativamente ao género [310], permitindo caracterizar um processo maturacional diferente. 
A partir de um conjunto de medidas – altura sentado, comprimento dos membros inferiores, 
altura em pé – e dos estudos de Mirwald e colegas [310], aplicando equações preditivas utilizando essas 
medidas,  permitiu‐nos  calcular  o  desvio  maturacional  dos  jovens  relativamente  ao  seu  “pico  de 
velocidade de crescimento em altura” (PHV) e categorizá‐los em três grupos: grupo 1 ‐ jovens em “pré‐
pico de crescimento em altura”; grupo 2 ‐ jovens em “pleno período de crescimento em altura”; grupo 
3  ‐  jovens  no  “pós‐pico  de  crescimento  em  altura”.  Por  outro  lado,  no  presente  estudo  esse  desvio 
maturacional foi calculado nos três momentos de avaliação, permitindo conhecer o “ponto de partida” 
e o “ponto de chegada”e calcular a variação‐média deste indicador, fornecendo‐nos mais informação 
do que os estudos de de Feldeman [4] . 
  Esta  é  uma  perspectiva  de  análise  metodológica  inovadora,  nos  estudos  desta  temática, 
permitindo  explorar  a  eventual  associação  entre  a  ocorrência  de  dor  lombar  nos  jovens  em  fase  de 

131 
 

crescimento  e  o  estadio  maturacional  em  que  se  encontram,  tendo  como  indicador  o  “pico  de 
crescimento de velocidade em altura” (PHV). 
  Pretendíamos ter feito o estudo durante mais tempo de forma a acompanhar esse processo 
de  crescimento  e  de  desenvolvimento  maturacional  até  mais  próximo  do  seu  final,  mas 
constrangimentos alheios à nossa vontade não nos permitiram realizar mais avaliações no ano lectivo 
seguinte.  Poderemos  dizer  que  seria  uma  recomendação  a  fazer,  no  sentido  de  se  poder  sugerir  no 
futuro, um estudo semelhante mas ao longo de pelo menos três anos com avaliações intercalares de 
seis em seis meses. 
 
    Outro dado a salientar é o facto da amostra relativamente às variáveis mais importantes em 
análise (género, idade cronológica, pico de crescimento de velocidade em altura, estudantes) ter uma 
distribuição homogénea o que nos permite fazer comparações e associações sobre a influência dessas 
variáveis nos valores de prevalência e incidência da dor lombar. 
    Apenas  na  variável  hábitos  tabágicos,  a  amostra  esteve  muito  assimétrica  com  os  não 
fumadores  a  representarem  entre  93,7%  e  98,2%  (terceira  avaliação)  dos  jovens  avaliados  nos 
diferentes momentos. Por essa razão, não foi possível neste estudo, analisar a associação entre esta 
variável e o comportamento da dor lombar, apesar de haver estudos anteriores que mostraram haver 
uma associação entre os hábitos tabágicos e a história de dor lombar nos jovens [4‐6, 16, 39, 66, 72, 80, 82, 91] , 
em contraste com outros estudos onde não foi encontrada nenhuma associação significativa  [3,  68]. A 
idade média relativamente baixa dos sujeitos do nosso estudo (entre 12,97 e 13,92 anos) e/ou o não 
assumir perante observadores externos que se fuma, pode contribuir para explicar a taxa reduzida de 
fumadores. 
 
    Relativamente  aos  instrumentos  aplicados  no  presente  estudo,  também  as  pesquisas 
longitudinais já citadas [4, 73, 80, 82, 113, 116] utilizaram‐se questionários de auto‐resposta, medidas físicas e 
antropométricas. O nosso estudo incluíu ainda, a escala de autoconceito de Piers‐Harris para avaliar 
de forma auto‐descritiva o factor hómonino, que em conjunto com certas variáveis relacionadas com 
hábitos de vida diária, presentes no questionário de auto‐resposta, nos permitiu caracterizar a nossa 
amostra também em algumas dimensões de natureza mais psicossocial. Este instrumento já tinha sido 
aplicado em Portugal, com 208 alunos da grande Lisboa, mas apenas num estudo transversal com um 
momento de avaliação [31, 32]. 
 
    A  grande  maioria  dos  estudos,  quer  transversais  quer  longitudinais, utiliza  questionários de 
auto‐resposta para a caracterização da amostra e para a determinação da prevalência e incidência das 
dores lombares e caracterização do seu padrão de ocorrência.   
O  questionário  desenvolvido  por  Oliveira  et  al,  foi  previamente  validado  e  aplicado  no  seu 
estudo com cerca de 1.139 adolescentes entre os dez e os 18 anos da região da grande Lisboa [33, 147] e 
reaplicado  em  estudos  posteriores  [31,  32,  34].  Participámos  nessas  pesquisas  onde  o  questionário  foi 

132 
 

sofrendo algumas adaptações em termos  de caracterização da amostra, mas mantiveram‐se sempre 
os elementos fundamentais relacionados com a definição operacional de lombalgia utilizada e com as 
questões que permitiam caracterizar o padrão de ocorrência da dor lombar e a sua evolução. Nestes 
estudos  [31‐34,  147],  o  instrumento  utilizado  cumpriu  bem  os  objectivos  propostos,  não  levantando 
dúvidas  de  compreensão  e  problemas  de  preenchimento  por  parte  dos  jovens,  sendo  por  isso 
considerado adaptado ao estudo e sensível/fidedigno ao tema em análise. 
O  questionário  de  auto‐resposta,  aplicado  como  instrumento  de  recolha  de  informação, 
pretendeu ser simples e objectivo na linguagem, acessível ao grupo etário em estudo, não muito longo 
(quatro páginas possuindo essencialmente respostas fechadas e de fácil e rápido preenchimento ‐ dez 
a  quinze  minutos)  e  seguiu,  em  termos  de  conteúdos  relacionados  com  as  disfunções 
lombares/lombalgias, as linhas que outros autores adoptaram para a análise desta temática [12, 73].
O questionário foi sempre preenchido na presença do investigador, que esclarecia eventuais 
dúvidas, e foi respondido imediatamente antes ou logo após, os testes realizados para cada avaliação. 
Após a aplicação do questionário de auto‐resposta, ao longo dos tês momentos de avaliação, 
confirmou‐se a sua adequação aos objectivos propostos e a ausência de dificuldades de compreensão 
no seu preenchimento. A ausência de respostas aconteceu, como é compreensível, nas questões que 
apelavam  mais  fortemente  à  memória  passada  (e.g.  “a  que  idade  sentiram  as  primeiras  dores 
lombares”), mas isso é inevitável neste tipo de instrumentos. 
Estamos  conscientes  que  a  ausência  de  respostas  neste  tipo  de  questões  fragiliza  os  dados 
relativos  à  prevalência  cumulativa  de  dor  lombar  ao  longo  da  vida,  pelo  que  relativizámos  esses 
valores.  Por  outro  lado,  nos  jovens  sintomáticos  em  cada  um  dos  momentos  avaliados,  as  dores 
reportadas tinham ocorrido na grande maioria das vezes (60% a 85%) há menos de 1 mês, pelo que 
nos parece um tempo de recuo muito recente onde a memória estará mais presente. Este dado sugere 
que  a  credibilidade  das  respostas  sobre  o  padrão  de  ocorrência  da  dor  lombar  nos  jovens 
sintomáticos, não terá sido muito afectada pelo tempo de recuo relativamente à experiência de sentir 
lombalgias.
Não  foi  feita  uma  análise  comparativa  com  outros  questionários  semelhantes  por  não 
existirem para a população portuguesa e em língua portuguesa instrumentos com a mesma finalidade 
e analisando a mesma temática. 
A  definição  de  lombalgia  empregue  no  questionário  de  auto‐resposta,  foi  semelhante  à 
utilizada  em  estudos  já  citados  anteriormente  [13,  39,  58,  66,  72,  73,  313]  por  forma  a  permitir  análises 
comparativas.  A  esta  definição,  que  procurou  ser  o  mais  clara,  operacional  e  tanto  quanto  possível 
objectiva,  foi  acrescentada  a  definição  “duração  mínima  de  24  horas”  para  se  evitar  contabilizar  as 
situações de dor lombar ocasional com uma componente predominante de fadiga e/ou resultante de 
“posturas inadequadas” que se resolveriam em poucas horas ou mesmo minutos [33, 147]. 
  O  questionário  não  abrangeu  de  forma  sistematizada  e  exaustiva  todos  os  aspectos  de 
natureza psicossocial frequentemente relacionados com a lombalgia  [6, 66, 72], mas apenas alguns deles 

133 
 

como os hábitos tabágicos, os hábitos de vida diária relacionados com a actividade física, com tempo 
dispendido a ver televisão e a jogar video‐jogos, entre outros. 
  Por  exemplo,  não  foi  questionada  a  história  familiar  de  lombalgia  nos  pais  como  fizeram 
vários estudos [42, 52, 61, 66, 72, 114], nem colocadas questões relacionadas com a saúde em geral [55, 81, 91, 97, 
99, 100]
. No entanto, estes estudos não foram de acompanhamento longitudinal. 
  Também  não  analisámos  o  rendimento  escolar,  nem  o  “suporte  social  e  familar”  de  cada 
jovem,  como  fizeram  alguns  estudos  transversais  [100,  114]  que  deram  um  maior  ênfase  aos  factores 
psicossociais. 
  Todo o contexto relacionado com o peso, tipo de mochila e modo de transporte das mochilas 
[53‐55, 93, 110, 115, 126, 129]
, bem como com as posturas de sentado assumidas em sala de aula [113, 130] e a sua 
relação  com  o  mobiliário  escolar  [114,  128]  já  estudadas  anteriormente,  também  não  foram  avaliadas 
neste estudo. 
  Também  não  se  avaliou  o  nível  de  educação  e  a  classe  socio‐economica  das  familias  (pais), 
que por exemplo para Leboeuf – Yde et al  [92], poderia constituir uma factor associado à dor lombar 
nas crianças. 
  Em estudos futuros, seria interessante avaliar a história familiar de lombalgia e enquadrá‐la 
num  conjunto  mais  geral  de  indicadores  de  saúde  em  geral,  caracterizar  o  rendimento  escolar  e  o 
suporte socio‐familiar de cada jovem e determinar o nível de educação dos pais. No entanto, tudo isto 
aumentava  a  complexidade  dos  aspectos  metodológicos  exigindo  uma  integração  nas  equipes  de 
saúde escolar e um envolvimento mais próximo com as famílias dos jovens. 
  A  análise  dos  aspectos  ergonomicos  relacionados  com  o  transporte  de  mochilas  e  com  as 
posturas  assumidas  em  sala  de  aula  ou  mesmo  em  todas  as  actividades  de  vida  diária,  são  dois 
factores  importantes  de  estudar  nesta  temática,  mas  exigem  uma  observação  no  “terreno”  mais 
continuada e detalhada que implicava outros instrumentos e metodologias de avaliação. 
  A nossa opção foi pela elaboração de um questionário de auto‐resposta acessível aos jovens 
mais  novos,  que  fosse  breve,  rápido  e  tão  simples  quanto  possível,  e  que  simultaneamente  nos 
possibilitasse ter uma abordagem válida em termos das variáveis em estudo e da caracterização da dor 
lombar em termos do seu padrão de ocorrência. 
Como  já  vimos,  a  maioria  dos  estudos  anteriormente  realizados  também  utilizaram 
questionários de auto‐resposta como instrumento de recolha de dados sobre a lombalgia nos jovens. 
Em  alguns  questionários  aplicados,  apenas  se  procurava  responder  simplesmente  à  questão  sobre  a 
prevalência  da  lombalgia  [58,  61]  sem  tentar  caracterizá‐la  em  termos  de  condições  de  aparecimento, 
impacto e evolução. 
Para  além  de  quantificar  os  valores  de  prevalência  e  de  incidência  da  lombalgia,  pensámos 
que seria essencial analisar o fenómeno em termos do seu impacto directo ou indirecto na vida dos 
jovens.  É  nossa  convicção,  que  só  assim  poderemos  realizar  uma  análise  que  tenha  uma  base 
consistente e representativa da importância desta condição na população juvenil. 

134 
 

Não poderemos esquecer ainda, que o significado do conceito “dores de costas” pode sofrer 
influências sociais e culturais diversas. Por outro lado, os estudos desta natureza já largamente citados 
reportam‐se sempre a acontecimentos e/ou experiências passadas. Daí a necessidade de se delimitar 
um  horizonte  temporal  ao  qual  se  reportam  esses  momentos.  Este  “horizonte  temporal  passado”, 
deve  estar  suficientemente  próximo  para  poder  ser  lembrado  com  alguma  fiabilidade  por  parte  dos 
sujeitos,  o  que  no  nosso  estudo,  foi  de  seis  meses  à  semelhança  do  que  fizeram  diversos  outros 
autores [63, 65, 68, 97, 130, 356]. 
Devemos  recordar  que  o  termo  “dor  lombar”  como  experiência  subjectiva  individual,  por 
parte dos sujeitos é influenciada por dois factores adicionais [357]: 
a)  variações  relacionadas  com  a  memória  dessas  experiências  e  com  o  “tempo  de  recuo” 
relativamente  às  mesmas.  A  memória  dos  sujeitos  para  relatarem  ou  descreverem  situações 
desagradáveis ou desconfortáveis (“desprazer”) pelas quais passaram, está directamente relacionada 
com a intensidade, com o impacto e com a duração/repetição dessas situações bem como pelo tempo 
de recuo das mesmas  
b) a forma como a dor lombar é sentida e à posteriori descrita é mediatizada por um conjunto 
de factores de natureza linguística que dependem dos níveis socio‐culturais dos sujeitos, da idade dos 
mesmos e dos traços de personalidade individual. 
Por outro lado, a importância que os pais (influência familiar) ou os professores, treinadores e 
amigos  (influência  social)  dão  às  situações  de  lombalgia  poderá  influenciar  a  criação  de  arquétipos 
positivos  que  desvalorizam  essas  experiências  (a  conduta  mais  saudável  para  as  lombalgias 
inespecíficas) ou arquétipos negativos assentes no medo e receio do “desconhecido” e na ansiedade 
pelo  futuro  próximo  que  contribuem  para  a  instalação  de  condições  mais  ou  menos  crónicas  com 
períodos de agravamento.   

  Relativamente  às  medidas  físicas  realizadas  no  presente  estudo,  foram  semelhantes  às 
utilizadas nos diversos estudos longitudinais já citados, em termos das dados antropométricos (massa 
corporal,  altura  em  pé,  altura  sentado,  indíce  de  massa  corporal,  comprimento  dos  membros 
inferiores) [4, 73, 80, 82, 113, 116]. 
  Existem diversos métodos para avaliar a mobilidade da coluna lombar no plano sagital que 
incluem o exame imagiológico, inclinómetros, cifómetros e testes clinicos [63, 64, 89, 280]. 
  Um dos métodos mais acessíveis, prático e com uma relação de custo‐benefício aceitável num 
contexto escolar, como foi o nosso estudo, é representado pelo teste de Schober. 
  Na avaliação da mobilidade no plano sagital, tal como no presente estudo, Feldman et al  [4] e 
Jones et al [41], também aplicaram o teste de Schober para a medição da flexão da coluna lombar. Este 
teste  que  é  largamente  usado  na  prática  clinica,  sofreu  com  Jones  et  al  uma  adaptação  (marcação 
entre os pontos de referência, com o sujeito na posição de pé, de 15 cms e não de 10 cms).  
  Jones et al  [330] sugeriram ainda, que neste teste, para se minimizar o erro se devia manter os 
joelhos em extensão completa, durante o movimento de flexão anterior do tronco e foi o que fizémos. 

135 
 

No entanto para os sujeitos com encurtamentos/retracções importantes dos músculos posteriores da 
coxa  (isquio‐tibiais)  essa  limitação  podia  condicionar  a  amplitude  da  mobilidade  lombar.  Daí  termos 
incluído uma variação ao teste de Schober, mas medido a partir da posição de sentado. 
A presença de encurtamentos dos músculos posteriores da coxa e da perna, poderia limitar 
esta  mobilidade  e/ou  atenuar  os  casos  de  hipermobilidade  lombar.  Com  a  realização  deste  mesmo 
teste na posição de sentado esta influência é eliminada  
Burdett et al [331] e Miller et al [332] afirmaram que aspecto mais susceptível ao erro ocorria na 
fase  da  marcação  dos  pontos  de  referência  ou  marcas  de  medida.  Os  testes  e  procedimentos  para 
medir a flexão da coluna lombar (plano sagital) são influenciados pela complexidade e variedade das 
acções  a  efectuar  e  pelo  contributo  de  múltiplos  segmentos,  pelo  que  há  sempre  uma  margem  de 
variabiliadade [328]. 
Por  outro  lado,  os  valores  da  mobilidade  lombar  podem  ser  condicionados  por  diferentes 
factores fisiológicos como a temperatura  [328], actividade física prévia/período preparatório e variação 
circadiana  [326, 329]. Nos estudos de Ensink et al  [326] e Wing et al  [329] a mobilidade lombar pareceu ser 
menor  de  manhã  do  que  à  tarde.  Não  foi  possível  assegurar  no  nosso  estudo,  que  a  medição  da 
mobilidade  da  coluna  lombar,  acontecesse  sempre  à  mesma  hora  do  dia,  uma  vez  que  que  pela 
logística  possível  de  assegurar  nas  escolas,  sem  interferir  com  o  decurso  das  restantes  actividades 
lectivas,  todas  as  medidas  foram  realizadas  durante  as  aulas  de  educação  física  pelo  que  estivemos 
condicionados pela variação dos horários entre turmas e de um ano lectivo para o outro. 
Widhe mediu a flexão lombar de 90 alunos suecos utilizando o cifómetro de Debrunner  [89] e 
Burton el al mediram a mobilidade lombar através da “flexicurve technique”  [73], optando por outros 
métodos de avaliação da mobilidade lombar. 
A avaliação da extensão foi feita através de um teste utilizado na prática clinica para avaliar a 
mobilidade passiva total da coluna lombar. É uma medida indirecta, efectuada a partir da distância na 
vertical medida entre o apendíce xifóide e o ponto projectado (na vertical) na superfície de apoio, na 
realização do movimento de extensão máxima com apoio dos membros superiores a partir da posição 
de decúbito ventral. Em nenhum dos outros estudos longitudinais foi realizada esta medida. 
Em  todos  estes  testes  de  medição  da  flexão  e  da  extensão  da  coluna  lombar,  nos  jovens 
assintomáticos, não houve qualquer restrição à realização dos movimentos, explorando o máximo das 
amplitudes  disponíveis.  No  caso  dos  jovens  que  referiam  dores  lombares  durante  a  realização  das 
avaliações,  a  dor  condicionou  a  realização  destes  testes  de  mobilidade,  optando‐se  por  pedir  as 
amplitudes disponíveis dentro dos limites toleráveis da dor para cada sujeito. 
 
A avaliação da flexibilidade dos músculos posteriores da coxa foi feita bilateralmente através 
do  “toe‐touch  test”  e  não  unilateralmente  através  do  “active‐knee  extension”  como  fizeram  Widhe 
[89]  e  Harreby  et  al  [82]  .  Gajdosik  et  al  verificaram  uma  boa  sensibilidade  e  fiabilidade  para  essa 
medição bilateral  [328,  335] e nos testes unilaterais as compensações são mais dificilmente controladas, 
pelo que optámos pela medida numa posição mais funcional. 

136 
 

Como  não  conseguimos  reunir  as  mesmas  condições  de  logística,  nos  três  momentos  de 
avaliação,  para  a  realização  do  teste  de  Thomas  que  media  a  flexibilidade  dos  flexores  da  coxa 
optámos por não incluir e analisar esta variável na apresentação dos resultados. 
 
Para a avaliação da força e muscular, os testes isocinéticos e análise por electromiografia são 
medidas  mais  objectivas  e  mensuráveis,  mas  são  de  díficil  aplicação  nos  estudos  que  se  fazem  em 
ambiente escolar, durante as aulas de educação física e com medidas repetidas ao longo do tempo. 
A  medição  da  força  muscular  dos  músculos  do  tronco  não  foi  utilizada  nos  estudos 
longitudinais, com excepção do estudo de Feldeman et al, que avaliou a força isométrica através de 
um  dinamómetro  manual,  mas  apenas  dos  músculos  abdominais  [4].  Tal  como  o  presente  estudo, 
também  Salmimen  et  al  mediram  a  resistência  dos  músculos  abdominais  e  extensores  do  tronco 
através de testes isométricos em 76 adolescentes de 15 anos [356]. Houve outros estudos que avaliaram 
a resitência muscular, através de testes isométricos dos músculos do tronco [25, 77, 140]. 
Houve  autores  que  utilizaram  os  testes  isocinéticos  para  a  medição  da  força  muscular  dos 
músculos do tronco, mas com amostras mais reduzidas [4, 178, 338] do que o nosso. 
Neste contexto, e pretendendo avaliar a força isométrica dos principais grupos musculares do 
tronco  –  flexores,  extensores  e  flexores  laterais  ‐  optámos  por  medir  os  seus  tempos  máximos  de 
resistência estática em exercícios/posturas específicas a partir do protocolo de McGill  [312] e adaptado 
e validado por Vital et al, numa faixa etária semelhante à do nosso estudo [139, 140, 339]. 
Utilizámos estes testes por serem de fácil e simples aplicação e por terem demonstrado um 
elevado  coeficiente  de  fidedignidade  que  variou  entre  0,93  para  os  flexores  laterais  e  0,99  para  o 
grupo  extensor  [312].  No  mesmo  sentido,  vão  os  trabalhos  de  Hyytiäinen  et  al que  reportaram  uma 
reproductibilidade nos testes de resistência estática destes grupos musculares entre 0,74 – 0,80 para 
os músculos extensores e 0,90 – 0,96 para os musculos flexores do tronco (abdominais) [340]. 
 
  Depois de medidos os tempos de resistência máxima para os diferentes grupos musculares, 
optámos por criar uma variável a que chamámos força muscular normalizada dos músculos do tronco 
(FMN),  como  proposeram  Jette  et  al  [341],  que  correspondia  ao  quociente  entre  a  soma  de  todos  os 
tempos  de  resistência  obtidos  para  todos  os  grupos  musculares  (flexores,  extensores  e  flexores 
laterais direito/esquerdo) e o Indíce de Massa Corporal (IMC). 
Este indicador de FMN associado ao quociente extensores/flexores (E/F) do tronco permitiu‐
nos obter um perfil de força muscular da musculatura do tronco para cada aluno, susceptível de ser 
replicado ao longo dos diversos momentos de avaliação e de ser utilizado como meio de comparação 
entre os sujeitos que era o objectivo principal num estudo com estas características e neste contexto. 
Este  indicador  não  foi  analisado  em  nenhum  dos  estudos  longitudinais  realizados 
anteriormente, sobre a dor lombar nas populações juvenis. 
Dos estudos longitudinais já citados, só o de Poussa et al [116] avaliou as alterações posturais e 
as  assimetrias  do  tronco,  também  através  de  um  exame  clínico  e  da  avaliação  postural,  tal  como 

137 
 

aconteceu no presente estudo. A avaliação da postura foi feita nos três momentos de avaliação, por 
observação directa dos sujeitos (vista anterior, posterior e duplo perfil) a partir da posição anatómica 
de referência e durante o movimento de flexão anterior (“bending test”) para despiste de assimetrias 
do  tronco  como  desvios  laterais  da  coluna  associados  a  rotações  das  vértebras  com  a  consequente 
gibosidade  dorsal  ou  assimetria  na  morfologia  do  tronco  inferior  que  caracterizam  as  escolioses.  A 
avaliação  qualitativa  através  da  observação  clínica  directa  apenas  pretendeu  registar  a  presença  ou 
ausência  de  alterações  posturais  como  hipercifoses,  hiperlordoses  e  escolioses  e  esse  aspecto  foi 
plenamente conseguido. 
Existem  outros  métodos  mais  objectivos  que  permitem  visualizar  e  medir  as  alterações 
posturais,  como  os  exames  imagiológicos,  mas  mais  uma  vez  pretendíamos  fazer  apenas  uma 
apreciação  clínica  de  despiste  das  assimetrias  mais  evidentes  sem  as  quantificar  ou  mensurar,  num 
contexto escolar, alargado a uma amostra grande e com avaliações repetidas no tempo.  
 
  Por último, para avaliar o auto‐conceito relativo a cada um dos momentos, aplicámos a Escala 
de  autoconceito  de  Piers‐  Harris  (Piers‐Harris  Children’s  Self‐Concept  Scale  ‐  PHCSCS)  elaborada  por 
Piers‐Harris e validada/adaptada para a população portuguesa por Veiga [219]. Esta escala foi construída 
para  ser  aplicada  a  jovens  com  idades  entre  os  oito  e  os  dezoito  anos  de  idade,  possuindo  80  itens 
relativos a diversas dimensões do autoconceito e com apenas duas respostas possíveis: Sim e Não 
Wylie  considerou  o  PHCSCS  como  um  dos  instrumentos  de  avaliação  do  autoconceito  mais 
aplicado  nos  estudos  com  jovens  adolescentes  [211]  e  de  acordo  com  Veiga,  a  versão  portuguesa  do 
PHCSCS,  reúne  as  qualidades  psicométricas  adequadas  para  ser  aplicada  em  diversos  contextos  na 
determinação do nível de autoconceito de jovens portugueses [219]. 
Confirmámos  a  sua  adequabilidade  no  presente  estudo,  tal  como  já  tinha  acontecido  no 
estudo transversal de Coelho et al  [32], onde também se aplicou a versão portuguesa da escala, a 208 
jovens adolescentes com idades entre 11 e os 15 anos da região de Lisboa, para analisar a eventual 
associação do autoconceito com a ocorrência de dores lombares. 
A  escala  utilizada  obtém  um  nível  de  autoconceito  do  jovem  no  momento  da  resposta  à 
mesma. Coloca‐se sempre a questão de saber se o nível de autoconceito de determinado sujeito não 
seria substancialmente diferente nos momentos em que sentiram as dores lombares. Contudo, apesar 
de  o  autoconceito  constituir  um  construto  psicológico  dinâmico,  ele  tem  tendência  para  uma  certa 
estabilidade  [358]  e  sobretudo,  constatamos  que  o  tempo  de  recuo  das  dores  lombares  reportadas 
pelos  jovens  sintomáticos  foi  na  maioria  das  vezes  inferior  a  1  mês  (61,2%  dos  casos  na  primeira 
avaliação  e  85%  dos  casos  nas  avaliações  seguintes).  Deste  modo,  parece‐nos  que  os  scores 
encontrados  na  aplicação  da  escala  são  perfeitamente  ajustados  para  determinar  o  nível  de 
autoconceito relacionado com o perfil dos jovens nos momentos em que sentiram as dores lombares. 
Em  nenhum  dos  estudos  longitudinais  analisados,  foi  avaliada  esta  dimensão  e  apenas  o 
estudo holandês de Diepenmaat et al, aplicou uma escala de depressão a 3.485 adolescentes entre os 
12 e os 16 anos [121]. 

138 
 

  Os sintomas psicológicos e psicossomáticos medidos por instrumentos mais específicos como 
fizeram diversos autores [85, 97, 101, 121, 196] e os problemas emocionais e de comportamento avaliados em 
alguns estudos [97, 102], não foram objecto de análise no nosso estudo. 
  A avaliação destes aspectos aumentava a necessidade de inclusão de outros instrumentos de 
avaliação, num contexto onde já havia dois questionários de auto‐resposta e um conjunto de medidas 
físicas a realizar e que se repetiram no tempo. 
 
Para  terminar  a  análise  destes  aspectos  metodológicos,  devemos  afirmar  que  o 
preenchimento do questionário de auto‐resposta e da escala de autoconceito associado à medição de 
todas  as  medidas  físicas  e  antropométricas  descritas,  ocupou  em  média  cerca  de  45  minutos  por 
avaliação  e  por  jovem.  Dificílmente  poderíamos  incluir  mais  informação  a  recolher  ou  medidas  a 
realizar, sem originar algum cansaço ou saturação por parte dos jovens que foram submetidos a três 
avaliações. Mesmo assim aconteceu em nove situações, que os jovens ao se aperceberem que iriam 
responder  ao  mesmo  tipo  de  questionário  e  fazerem  as  mesmas  medidas,  optaram  por  declinarem 
explicitamente  continuarem  no  estudo  ou  por  manifestar  falta  de  cooperação,  e  assim  foram 
excluídos. No entanto este número de nove excluídos por estas razões, não altera significativamente a 
ideia que os instrumentos aplicados foram adequados face aos objectivos pretendidos 
 
 
 
B) Análise e interpretação dos resultados  
   
  Os  resultados  dos  estudos  estão  naturalmente  dependentes  dos  diferentes  aspectos 
metodológicos  e  da  definição  conceptual  utilizada  para  caracterizar  a  dor  lombar,  bem  como  dos 
diversos instrumentos aplicados e testes realizados. 
  De  início,  faremos  uma  análise  comparativa  dos  nossos  resultados  com  os  valores  de 
prevalência/incidência  de  lombalgia  e  seu  padrão  de  ocorrência  em  estudos  semelhantes,  quer 
longitudinais quer transversais, já amplamente descritos na revisão da literatura.  
  De seguida procuraremos explicar as associações significativas encontradas no nosso estudo 
entre as diferentes variáveis e o comportamento da dor lombar ao longo do tempo e ainda comparar 
com os resultados de outros estudos. 
 
  Os  valores  de  prevalência  semestral  de  dor  lombar  no  presente  estudo  variaram  entre  os 
11,1%  (segunda  avaliação)  e  os  20,5%  (primeira  avaliação).  Estes  resultados  são  similares  aos 
encontrados  por  Salminen  et  al  [65]  com  12%  em  1.503  alunos  finlandeses  de  14  anos,  mas  bem 
inferiores  aos  obtidos  noutros  estudos  tranversais,  onde  a  prevalência  semestral  de  dor  lombar 
chegou a atingir os 37% em 471 alunos de Tainen – Taiwan [97] e os 44,5% nas raparigas finlandesas do 
estudo  de  Auvinen  et  al  [130].  Este  último  estudo,  incluiu  numa  amostra  alargada  de  5.999  alunos 

139 
 

finlandeses de 15 e 16 anos e o questionário foi enviado por e‐mail. Encontrámos ainda, dois estudos 
que encontraram valores de prevalência semestral intermédios de 26% e 29% [63, 68]. 
  Jones et al no seu estudo de follow‐up de um ano com 933 alunos ingleses de 11 a 14 anos, 
apresentaram uma prevalência de dor lombar nos três meses anteriores ao estudo de 18,6%  [41]. Este 
resultado é muito similar ao nosso, tendo em conta que cerca de 85% dos nossos jovens sintomáticos, 
em  qualquer  das  avaliações  consideradas,  reportaram  a  dor  lombar  sentida,  dentro  dos  3  meses 
anteriores ao momento de responderem ao questionário. 
 
  Nos estudos longitudinais, os valores de prevalência calculados, foram em alguns casos, os da 
prevalência  anual.  Para  podermos  comparar  os  nossos  resultados  com  esses  valores  de  prevalência 
anual, se agruparmos os jovens que sentiram dor lombar nos dois primeiros momentos de avaliação 
(período  de  1  ano)  encontramos  uma  prevalência  anual  de  21,8  %  e  se  agruparmos  os  jovens 
sintomáticos nos dois últimos momentos de avaliação obtemos uma prevalência anual mais baixa de 
15,5%. 
  Estes resultados são apenas ligeiramente superiores aos apresentados por Hakala et al, onde 
se  apurou  uma  prevalência  anual  entre  os  7%  aos  14  anos  e  os  17%  aos  18  anos,  numa  amostra 
alargada de 62.677 jovens que responderam pelo correio. [47]. 
  Todos os outros estudos longitudinais, apresentaram valores de prevalência anual bem mais 
elevados  do  que  o  nosso. Feldman  et  al  avaliaram  a  presença de  outras  dores  músculo‐esqueléticas 
em 502 alunos de 14 anos ao longo de um ano e encontraram uma prevalência anual de 38% [4], assim 
como  Widhe  no  seu  estudo  longitudinal  com  90  alunos  de  15/16  anos,  apontava  para  um  valor 
idêntico de 38%  [89]. Os estudos longitudinais com valores de prevalência anual mais elevados, foram 
os de Harreby et al com 50,8% [51] e os de Sjolie com 58% [113]. 
  Existem  diversos  estudos  transversais  que  apontaram  para  valores  de  prevalência  anual  de 
lombalgia dentro do intervalo 15% a 25%  [6, 36, 42, 58, 61, 62, 66, 67, 71, 74, 78, 81, 84, 91] tal como o nosso estudo. 
No entanto, também encontrámos diversos estudos transversais com valores de prevalência anual de 
lombalgia bem superiores, na ordem dos 35% a 60%  [3, 56, 69, 72, 77, 86, 92, 94, 101, 119, 126, 129, 138, 359], incluindo 
todos os estudos portugueses com valores entre os 39,2% [33] e os 51 % [34]. Com valores de prevalência 
anual de lombalgia, inferiores aos nossos, apenas encontrámos os estudos realizados na África do Sul 
[53] [106]
com  6,8%  ,  em  Moçambique  com  13,6%    e  dois  trabalhos  no  Norte  da  Europa  com 
aproximadamente 11% [43, 82] . 

Nos  estudos  longitudinais  envolvendo  o  seguimento  de  uma  população  por  um  período  de 

tempo  mais  ou  menos  alargado,  é  possível  determinar  a  incidência  da  lombalgia  (novos  casos  num 
determinado período). Em termos de incidência anual de dor lombar (novos casos) o valor de 6,4% 
encontrado no nosso estudo é o mais baixo de todos os estudos longitudinais citados. 

Burton  et  al  apuraram  uma incidência  anual  de  11,8%  aos  12  anos  e  de  21,5%  aos 15  anos 
num estudo de seguimento ao longo de quatro anos [73]. Dentro dos mesmos valores, também Jones et 

140 
 

al apontavam para uma incidência anual de 12,5% aos 12 anos e de 24,1% aos 15 anos em 933 alunos 
seguidos ao longo de um ano [41]. Feldman et al no estudo de follow‐up com um ano de seguimento, já 

citado atrás, apuraram uma incidência anual de 17,2%  [4]. Encontrámos o estudo português de Vital et 
al, com uma incidência semestral de 15,8%, entre 215 jovens de 11 anos de idade  [140] o que é bem 
superior ao do nosso estudo (incidência anual). 
Os resultados quer de prevalência, quer de incidência de dor lombar, encontrados no nosso 
estudo,  são  assim  globalmente  inferiores  aos  estudos  longitudinais  realizados  anteriormente  e 
também estão próximos dos valores mais baixos da maioria dos estudos transversais realizados. 
As diferentes dimensões das amostras, a definição operacional de lombalgia (apenas “dores 
nas  suas  costas”  na  maioria  dos  estudos,  enquanto  no  presente  estudo  acrescentámos  “dores 
lombares com a duração de pelo menos 24 horas”) e as diferentes formas responder aos questionários 

(presencialmente  no  nosso  caso,  o  que  permitiu  esclarecer  eventuais  dúvidas)  poderão  ser 
argumentos  que  nos  ajudam  a  explicar  os  nossos  valores  mais  baixos  em  comparação  com  os 
resultados dos restantes estudos longitudinais. 
Por outro lado, sabemos que a história de dor lombar inespecífica, é na maioria das vezes de 
natureza benigna e considerada como um “acontecimento natural” e de evolução espontânea [73, 147].  
Os  nossos  resultados  relacionados  com  a  caracterização  do  padrão  de  ocorrência  de  dor 

lombar ao longo dos três momentos de avaliação, confirmam essa ideia, uma vez que nos permitem 
dizer  que  na  grande  maioria  dos  casos,  as  lombalgias  reportadas  pelos  alunos,  foram  uma  condição 
benigna  com  uma  evolução  rápida  e  espontânea  (p.exemplo,  a  duração  da  dor  lombar  de  24  a  48 

horas, reportada nos três momentos, variou entre os 55% e os 81,6%) e sem necessidade na grande 
maioria das vezes (60% a 80%) de recurso a consulta de um profissional de saúde. 
Contudo,  encontramos  cerca  de  11,1%  de  sujeitos,  com  sintomas  recorrentes  ou  crónicos, 

que merecem uma análise mais dinâmica do comportamento da dor ao longo do tempo e dos factores 
de risco associados. Este é o sub‐grupo, constituído pelo sujeitos com sintomas lombares persistentes 
e que sabemos serem o de maior risco para desenvolverem na vida adulta quadros clínicos, mais ou 

menos  crónicos  e  incapacitantes,  que  necessitam  de  maior  acompanhamento  pelos  profissionais  de 
saúde. 
São vários os estudos que invocam como um dos factores preditivos de dor lombar o facto de 
haver  história  anterior  de  queixas  lombares  [3,  78,  82,  112,  113,  123,  128],  pelo  que  ganha  uma  importância 
adicional conhecer os factores de risco associados ao aparecimento e/ou agravamento dos primeiros 
sintomas para se poderem implementar condutas e estratégias de prevenção. 

Uma possível explicação para os valores muito díspares de prevalência e de incidência de dor 
lombar nos vários estudos citados, pode ser pelo facto de os diferentes questionários utilizados para a 

caracterização da dor lombar, deverem ser mais sensíveis e fiáveis para descriminar a dor lombar de 

141 
 

natureza benigna, passageira e sem episódios de recidiva nem com impacto na vida dos jovens, da dor 
lombar persistente e com efeitos na vida dos sujeitos. 
Para isso, sugere‐se uma definição operacional de lombalgia, que permita distinguir as dores 
lombares  ocasionais  das  dores  mais  persistentes  e  que  seja  caracterizada  por  um  conjunto  de 
indicadores  que  complementarmente,  nos  dêem  informação  sobre  a  severidade,  a  duração,  a 
intensidade, a evolução dos sintomas e o seu impacto na vida quotidiana dos sujeitos. Julgamos que o 
questionário de auto‐resposta aplicado neste estudo respondeu bem a esses objectivos, despistando 
os casos de lombalgias ocasionais e de resolução quase imediata, que muitas vezes podem inflacionar 

os  valores  de  prevalência,  encontrados  em  estudos  que  aplicam  instrumentos  onde  se  apenas 
questiona a presença de dor lombar em termos de Sim/Não. 
 
Relativamente  ao  ponto  de  prevalência  presente  (dores  reportadas  no  dia  em  que 
respondiam  ao  questionário)  encontrámos  valores  entre  os  0%  (avaliação  intermédia),  os  7,5% 
(avaliação  inicial)  e  os  8,2%  (avaliação  final).  Estes  valores  são  semelhantes  aos  encontrados  em 

estudos que utilizaram uma definição semelhante, com a dor lombar reportada no dia da avaliação e 
no dia anterior, como foram o caso dos estudos dinamarqueses com 1.389 jovens entre os 13 e os 16 
anos e uma taxa de 5,3% [51, 82] ou os 6% em 6.554 gémeos entre os nove e os 22 anos [124, 143]. 

No estudo transversal que realizámos com 1.139 adolescentes portugueses entre os 10 e os 
[33]
18  anos,  registámos  um  ponto  de  prevalência  presente  de  9,9%    mais  próximo  dos  valores 
encontrados no presente estudo, do que os outros estudos portugueses com 16,3% [32] e 14% [34]  

Há  muitos  outros  estudos (Apendíce 1)  que  apresentaram  valores  de “ponto  de  pravalência 
presente” mais elevados, mas o critério de definição deste conceito abrangia mais dias ou mesmo uma 
a duas semanas, pelo que não podemos fazer outras comparações.  
 
Relativamente à prevalência cumulativa ao longo da vida encontrámos um valor de 25,5%, o 
que  é  semelhante  a  diversos  outros  estudos  [58,  61‐63,  67,  114,  132]  e  bem  menor  do  que  os  estudos  já 
realizados em Portugal, com resultados entre os 48,1% e os 69%  [32‐34]. Aliás como se pode constatar 
no Apendíce 1, uma boa parte dos estudos apresenta valores de prevalência cumulativa de lombalgia 
ao longo da vida, superiores a 50%  [3, 51, 56, 72, 77, 94, 98, 108, 109], sendo o valor mais elevado de 74%, entre 
615 alunos suíços [72]. 
Também aqui, o nosso valor da prevalência cumulativa de dor lombar obtido, situa‐se dentro 
dos  valores  mais  baixos  encontrados  por  outros  estudos.  Devemos  contudo  relativizar  estes 
resultados,  porque  este  é  o  indicador  que  apela  mais  à  memória  que  os  sujeitos  têm  sobre  as 
situações vividas há mais tempo e sobre o impacto das mesmas na sua vida pessoal e escolar. 
Quanto  mais  retardada  for essa  vivência,  e  sobretudo,  se  teve  um  reduzido  impacto na  sua 
vida pessoal, pode ser mesmo esquecida ou desvalorizada. Assim, podemos ter situações de lombalgia 

142 
 

“benigna”  que  não  são  relatadas  e/ou  valorizadas  pelos  sujeitos,  particularmente  quando  são 
reportadas a períodos de tempo muito atrasados, o que se traduziu em 30% a 40% de não respostas 
ou de não se lembrarem quando questionados sobre a história anterior de dor lombar. Este resultado 
é semelhante ao estudo de Hestbaek et al, em que cerca de 35% das dores referidas no início tinham 
sido esquecidas pelos sujeitos quando reportavam dor ao longo da vida  [123, 124]. Estes dados sugerem 
que  os  valores  de  prevalência  cumulativa  de  dor  lombar,  quando  questionados  em  estudos 
retrospectivos onde a memória e a cooperação dos sujeitos é essencial, devem ser encarados como 
muito  falíveis,  podendo  o  esquecimento  das  experiências  passadas  de  dores  lombares  estar 
relacionado com a sua natureza benigna e inespecífica [124]. 
 
Relativamente ao comportamento das dores ao longo do tempo, para podermos distinguir os 
jovens  assintomáticos  ou  com  dores  episódicas  dos  jovens  com  dores  lombares  persistentes,  os 
dados mais relevantes são os seguintes: 
(a) quase  nove  em  cada  dez  alunos  (88,9%)  estiveram  ou  sem  dores  (73,1%)  nos  três 
momentos de avaliação ou então apenas reportaram dores episódicas (15,8%) – grupo 
dos jovens assintomáticos;  
(b) Houve pelo menos um em cada dez alunos (11,1%) que reportou sintomas frequentes e 
persistentes  (dores  que  se  repetiam  ou  que  foram  mesmo  referidas  ao  longo  dos  três 
momentos de avaliação) – grupo dos jovens sintomáticos. Dos 19 alunos incluídos neste 
grupo, 18 eram raparigas e apenas um rapaz, o que significou que quase duas em cada 
dez raparigas do nosso estudo sentiram dores lombares recorrentes ou crónicas.  

Numa  análise  comparativa  e  tendo  atenção  aos  diferentes  critérios  utlizados  para  definir 
dores crónicas e/ou recorrentes podemos afirmar que o valor de 11,1% encontrado é semelhante aos 
valores  referidos  por  Burton  et  al  no  seu  estudo  longitudinal  com  11,4%  [73],  ao  de  Perry  at  al  com 
11,3%  [137], ao de Kujala et al com 12%  [67], ao de Jones et al com 13,1%  [105] e ao de Prista et al com 
13,6%  [106].  Dentro  de  valores  semelhantes  (12%  a  14,1%),  encontramos  os  estudos  portugueses, 
apesar de terem sido análises transversais [32, 34, 147]. 

Também  devemos  referir  os  estudos  de  Salminen  et  al,  com  valores  de  dores  lombares 
crónicas  mais  baixos  do  que  este,  situados  entre  os  4,6%  e  os  7,8%,  [61,  65,  356],  tal  como  os  de 
McMeeKen com 5% [86] e os de Hestbaek com 6% [122]. 

Mas  também  existem  estudos  com  valores  de  dor  lombar  recorrente  bem  superiores  aos 
11,1% do nosso estudo. Encontramos valores que variaram entre os 20,6% de Kristjansdottir et al  [91], 
os 39% de Sjolie [113] e os de 66,6% de Viry et al [54]. 

As  raparigas  foram  significativamente  mais  afectadas  pelas  dores  lombares  persistentes  do 
que  os  rapazes,  como  também  tinham  concluído  Taimela  et  al  na  sua  amostra  representativa  e 
estratificada com 1.171 alunos finlandeses  [45], Shehab et al com 400 alunos do Kuwaiti  [108, 109] e Silva 

143 
 

et  al  com  100  alunos  de  S.  Jorge  –  Açores  [34].  Em  contraste,  Kristjansdottir  et  al  não  encontraram 
diferenças  nas  dores  lombares  persistentes  entre  rapazes  (21,1%)  e  as  raparigas  (19,7%),  numa 
amostra de 2.173 alunos islandeses [91]. 
Também neste aspecto, a dor lombar recorrente ou persistente não tem uma definição única, 
o que pode ajudar a explicar a disparidade de alguns dos resultados citados. 

No  nosso  estudo,  os  jovens  com  sintomas  lombares  persistentes  ou  recorrentes,  também 
foram os que reportaram, terem episódios de maior duração, com intensidades de dor mais elevadas e 
que  por  causa  desse  perfil  de  sintomas,  também  foram  os  que  mais  recorreram  ao  apoio  de 
profissionais de saúde (consulta e/ou tratamentos), pelo que devem merecer uma análise mais atenta 
dos factores de risco associados, uma vez que como mostraram Hestbaek et al, a história anterior de 
dores prolongadas nas costas (mais de 30 dias) na adolescência aumentavam em mais do triplo (3,5 
vezes), o risco de se repetirem oito anos depois [124]. 
As  actividades  funcionais  ou  de  vida  diária,  mais  citadas  pelos  jovens  sintomáticos  como 
relacionadas  com  o  aparecimento  e/ou  agravamento  das  dores  lombares,  foram  em  qualquer  das 
avaliações as seguintes: a) transportar pesos ou cargas externas (por exemplo, mochilas); b) dobrar‐se 
à frente fazendo flexão do tronco; c) estar sentado por mais de 15 minutos;  
Neste  âmbito,  já  outros  estudos  tinham  associado  as  dores  lombares  à  manutenção  da 

posição de sentado por longos períodos [41, 47, 61, 62, 64, 69‐71, 84, 112, 113, 133, 174, 188, 269, 272, 298, 356, 360], tal como 
alguns  estudos  relacionaram  as  dores  de  costas  reportadas  pelos  jovens  ao  inadequado  mobiliário 
escolar – cadeiras e secretárias –  e não ajustado às dimensões antropométricas ou físicas de cada um 
[84, 128, 133]

No presente estudo, não foram avaliadas as condições ergonomicas do mobiliário, quer das 
salas de aulas, quer dos espaços mais frequentados pelos jovens, pelo que não podemos tirar qualquer 
conclusão, mas apenas relatar que também no nosso estudo, os jovens sintomáticos percepcionaram 
a posição de sentado, como uma postura que tem alguma relação com a origem ou agravamento das 
suas queixas. 

De  acordo  com  Saarni  et  al,  a  postura  de  sentado  estática  aumenta  o  stress  sobre  as 
estruturas articulares vertebrais, eleva a pressão intra‐discal lombar, particularmente quando a bacia 
se  encontra  numa  posição  de  báscula  posterior,  provocando  a  rectificação  da  lordose  lombar  ou 

mesmo  cifose  lombar  [273,  274].  Murphy  et  al  salientaram  igualmente  que  as  crianças  que  adoptavam 
posturas  estáticas  em  flexão  anterior,  por  longos  períodos  de  tempo,  desenvolviam  rapidamente 
fadiga muscular dos músculos do tronco e que essa condição podia estar associada às queixas de dor 
nas  costas  [128].  No  entanto,  é  necessária  mais  investigação  para  se  analisar  a  associação  destas 
variáveis com a manutenção de posturas desfavoráveis durante as aulas e o padrão de ocorrência de 
dor lombar ou dor cervical entre os jovens [273]. 

144 
 

O transporte de mochilas ou cargas externas também foi uma das actividade mais referidas 
pelos  sujeitos  do  nosso  estudo.  O  transporte  de  mochilas  tem  sido  referido  como  um  importante 
factor associado à ocorrência de dor lombar na adolescência ou num tempo posterior [53‐55, 93, 96, 102, 110, 
115,  126,  129,  140,  267]
,  embora  vários  autores  referiram  que  essa  associação não  é  directa nem  exclusiva, 
devido  a  existirem  potencialmente  um  grande  número  de  factores  condicionantes  no  sistema 
musculo‐esquelético dos adolescentes [93, 267, 291, 292].  
Apesar  de  alguns  estudos  sugerirem,  que  o  transporte  de  mochilas  escolares  com  cargas 
excessivas  e/ou  as  diferentes  formas  de  transporte,  provocam  alterações  na  postura dos  indivíduos, 

existe a necessidade de desenvolver mais investigação com o objectivo de determinar o limite de peso 
aconselhável a levar dentro da mochila e dar as melhores recomendações sobre a melhor forma de as 
transportar. Por outro lado, não se deve isolar este factor dos restantes enunciados anteriormente.  
 
A análise dos factores de risco associados à história da dor lombar nos sujeitos sintomáticos 
do nosso estudo, mostra‐nos que há uma multiplicidade de factores  ‐ género, desvio maturacional em 

relação  ao  pico  de  crescimento  em  altura,  força  muscular  dos  extensores  do  tronco,  alterações 
posturais,  scores  de  autoconceito,  escola  de  origem,  entre  outros  –  que  aparecem  associados, 
particularmente na primeira avaliação, onde a taxa de prevalência semestral foi mais elevada (20,5%). 

Esses mesmos factores vão perdendo força na sua associação à dor lombar nas avaliações seguintes, 
onde  a  prevalência  semestral  desceu  para  valores  de  11,1%  e  de  11,7%  respectivamente.  Essa 
associação também se esbate ou desaparece mesmo em algumas variáveis, quando passamos de uma 
análise bivariada para uma análise multivariada, como está demonstrado nos resultados (tabelas 25,27 
e 29). 
No  entanto,  num  estudo  longitudinal  sobre  uma  realidade  que  é  multifactorial,  torna‐se 

essencial  analisar  o  comportamento  da  dor  lombar  ao  longo  dos  três  momentos,  e  não  de  forma 
isolada em cada um dos momentos, comparando o grupo de jovens com sintomas persistentes (dores 
recorrentes ou crónicas) com o grupo de jovens assintomáticos (sem reportar qualquer dor ou apenas 

dores episódicas de resolução espontânea). 
O género feminino apareceu de forma significativa, como o factor mais fortemente associado 
à  presença  de  dores  lombares  persistentes,  com  uma  probabilidade  de  ocorrência  de  16,6  vezes 

superior relativamente ao género masculino, confirmando‐se a tendência da muitos estudos já citados 
[3, 6, 33, 42, 45, 47, 51, 53‐55, 61, 63, 65, 68, 82, 84, 85, 87, 96, 98, 101, 102, 104, 108‐110, 115, 119, 121, 126, 127]
 .  
Uma possível explicação para este dado pode estar associado com uma maturidade e o início 

da  puberdade  mais  precoce  nas  raparigas  [161]  e  com  a  tendência  que  os  rapazes  apresentam  para 
[65]
negar  ou  omitir  os  sintomas,  por  se  preocuparem  menos  com  os  mesmos  .  O  argumento 
relacionado com nível maturacional mais adiantado das raparigas, tem algum sentido no nosso estudo 

145 
 

ser  invocado,  uma  vez  que  os  rapazes  mostraram  em  todos  os  momentos  de  avaliação,  um  maior 
atraso do que as raparigas, relativamente ao período de maior crescimento em altura. 
 
A “presença de alterações posturais” também foi um factor que esteve associado de forma 
significativa, à história de dores lombares. O risco relativo dos adolescentes com alterações posturais 

evidentes, em referirem sintomas lombares persistentes, foi aproximadamente quatro vezes superior 
ao grupo de alunos onde não existiam alterações posturais. Também constatámos, que as alterações 
posturais  como  as  escolioses  afectaram  muito  mais  as  raparigas  (47,4%)  do  que  os  rapazes  (21,6%). 
Nos rapazes, a presença de escoliose foi menos frequente (21,6%), globalmente mais discreta e não 
esteve  associada  à  presença  da  dor  lombar.  Já  nas  raparigas,  a  presença  de  escolioses  foi  mais 
frequente (47,4%), era mais acentuada (e.g. maior rotação dos corpos vertebrais) e esteve associada 

em 13 casos (28,3% das raparigas com escolioses) à persistência das dores lombares reportadas. 
A presença de alterações posturais e/ou assimetrias do tronco também tinham sido um factor 
associado de forma significativa às dores lombares nos jovens, em estudos anteriores [71, 97, 98, 361] . 

A combinação destes dois factores, género feminino e presença mais frequente de escolioses 
nas  raparigas,  podem  ser  considerados  dois  factores  associados  à  história  de  dores  lombares 
persistentes nos jovens do nosso estudo. 

Os  adolescentes  que  no  final  do  estudo,  se  encontravam  num  estadio  maturacional  mais 
adiantado,  o  que  foi  mais  marcado  nas  raparigas,  apresentaram  o  dobro  das  probabilidades  de 
reportarem dores persistentes. Estes resultados confirmam as conclusões dos estudos longitudinais de 

Feldman  et  al,  que  referiram  que  o  “crescimento  acelerado”,  aumentou  em  três  vezes  o  risco  de 
ocorrência dor lombar em 502 jovens canadianos de 14 anos [4], e o de Poussa et al que concluiram que 
o crescimento acelerado em altura estava associado a um maior risco de ocorrência de dor lombar [116]. 

  É durante a adolescência, que aumenta significativamente a prevalência de dores lombares, 
nomeadamente entre os 12 e os 14 anos de idade [21, 52, 75, 150‐152], apesar de alguns estudos apontarem 
a idade de 15 anos, como aquela em que a lombalgia aparece com uma frequência e um padrão de 

ocorrência similar ao dos adultos jovens  [3, 33,  41,  58,  73,  78]. No entanto, recomendamos que em estudos 


futuros,  a  associação  desta  variável  seja  feita  não  com  a  idade  cronológica,  mas  sim  com  o  estadio 
maturacional ou com a idade biológica de cada jovem, já que a diversidade maturacional é significativa 
e não tem uma relação linear com a idade cronológica. 
Os jovens com mais restrições da flexibilidade dos músculos posteriores da coxa tiveram uma 
probabilidade de sentirem dores lombares persistentes, cerca de 2,7 vezes superior relativamente aos 

jovens  sem  esses  défices,  numa  tendência  já  verificada  nos  estudos  anteriores  [25,  62,  63,  113,  137,  144], 
incluindo os estudos portugueses [31, 140].  

146 
 

Também a variável força muscular normalizada (FMN) da musculatura do tronco no terceiro 
momento  de  avaliação,  apresentou  uma  associação  significativa  e  um  risco  ligeiramente  acrescido 
para  os  jovens  onde  o  rácio  entre  a  FMN  e  o  IMC  era  mais  baixo,  o  que  confirma  uma  tendência 
apontada noutros estudos [25, 61, 64, 120, 139, 140, 144, 178, 179]. 
Relativamente a outros factores de natureza biomorfológica, identificados em alguns estudos 
citados  na  revisão  da  literatura,  como  associados  à  história  de  dor  lombar  nos  jovens,  os  nossos 
resultados não o confirmam. Assim, nem o excesso de peso (IMC ajustado à idade e género segundo a 
Tabela  de  Cole),  nem  valores  de  rácios  mais  desequilibrados  na  força  muscular  entre 

extensores/flexores  do  tronco,  nem  valores  mais  baixos  da  mobilidade  lombar  (flexão),  estiveram 
significativamente associados aos jovens com sintomas persistentes. 
A  lombalgia  inespecífica,  tem  uma  etiologia  multifactorial  que  exige  que  os  diferentes 
componentes  funcionais  (mobilidade,  força  muscular,  resistência  muscular,  postura)  não  sejam 
analisadas  isoladamente  mas  através  da  sua  interacção.  A  força  muscular  parece  adoptar  um  papel 
importante  nos  jovens  com  dores  recorrentes  e/ou  crónicas,  particularmente  quando  associada  a 

outros factores predisponentes, como as alterações posturais e a flexibilidade muscular.  
Assim,  persistirá  sempre  a  questão:  será  a  alteração  dos  padrões  de  força  muscular  e  de 
mobilidade do tronco e membros inferiores que originam a dor lombar ? ou será esta que mantendo‐

se  e/ou  tendo  períodos  de  recidiva  originam  estratégias  de  compensação  de  defesa,  justificando  os 
padrões descritos ? 
Por outro lado, como também realçamos na revisão da literatura os resultados dos diferentes 

estudos não são consensuais nas diferentes variáveis biomorfológicas e sua associação com as dores 
lombares em jovens. A diversidade metodológica utlizada na medição da força/resistência musculares 
(testes funcionais vs testes isocinéticos) e da mobilidade/flexibilidade lombar e sobretudo a natureza 
multifactorial  da  dor  lombar,  são  as  razões  naturais  para  essa  falta  de  consenso  nos  resultados  dos 
diversos estudos. 
Relativamente  às  variáveis  de  natureza  psicossocial,  os  dois  factores  com  associação 
significativa nos jovens com dores lombares persistentes, foram o autoconceito e a escola de origem. 
  Relativamente à variável autoconceito, os jovens com scores mais baixos, apresentaram uma 
probabilidade de se queixarem de dores lombares recorrentes, cerca de 3,5 vezes superior aos jovens 

com scores mais elevados, numa associação muito significativa, confirmando os resultados de Coelho 
et al, que aplicaram a mesma escala a 208 adolescentes lisboetas [32].  
  Encontrámos vários estudos que mostraram uma presdisposição para as dores lombares nas 

populações juvenis com factores psicológicos adversos, como são os seguintes exemplos: 
a) com a solidão, atitudes passivas, bullying e a dificuldades de comunicação com parentes 
(os pais) [68]; 

147 
 

b) com estados depressivos e de ansiedade nas raparigas [121, 196, 202]; 
c) com  níveis  inferiores  de  saúde  mental,  considerando  os  autores  que  estes  resultados 
foram consistentes com os encontrados na literatura, mas em adultos [4, 80]; 
d) com diversos factores psicológicos e emocionais [41, 72, 95, 97, 102, 128]. 
 
  No entanto, apesar de no nosso estudo não terem sido avaliados estes factores psicológicos, 
para  podermos  fazer  análises  comparativas,  julgamos  que  os  scores  de  autoconceito  mais  baixos 
avaliados  pela  escala  de  Piers‐Harris,  constituída  por  um  conjunto  multifacetado  de  aspectos  (o  si‐
mesmo  vocacional,  a  auto‐estima,  o  si‐mesmo  ideal,  as  fases  de  reconhecimento  de  si‐mesmo,  a 
imagem  corporal  e  o  auto‐conceito  académico)  incorporam  implicitamente  diversos  aspectos 
associados a alguns factores psicológicos. 

  Sabe‐se que as dimensões psicológicas exercem uma influência determinante em termos da 
da  forma  como  a  experiência  da  dor  lombar  é  vivida.  A  atitude  que  o  sujeito  tem  perante  a  dor 
percepcionada e o seu impacto nas actividades funcionais de vida diária, o significado que lhe atribuí e 

as  estratégias  que  adopta  para  lidar  com  os  sintomas  são  aspectos  que  podem  influenciar  o 
(re)aparecimento  de  sintomas  no  futuro.  De  acordo  com  vários  investigadores,  o  medo  da  dor  ou  o 
medo  da  lesão  poderá  ser  mais  limitativo  (psicológica  e  fisicamente)  do  que  a  própria  dor/lesão.  A 

atitude desenvolvida pelo sujeito em relação à lombalgia, constitui um dos mais importantes factores 
preditivos para o desenvolvimento de cronicidade lombar e/ou limitação funcional relacionada com a 
sintomatologia dolorosa  [203, 204]. Distinguir se a dor lombar inespecífica possui uma origem puramente 

orgânica ou física ou se tem uma etiologia mais de natureza psicológica não é fácil nem simples. 
  O tipo de estratégias desenvolvidas pelo sujeito, para lidar com a dor (“coping”) e/ou o tipo 
de suportes psicológico e social que tem, desempenham um papel no desenvolvimento de condições 

crónicas [205] , e daí também ser importante avaliar em futuros estudos, quer o contexto familiar (nivel 
educacional dos pais, estrato socio‐economico, tipo de família e relações com os pais) quer a história 
familiar de lombalgia. 
  Relativamente  a  outros  factores  de  natureza  psicossocial  identificados  em  alguns  estudos 
citados  na  revisão  da  literatura,  como  associados  à  história  de  dor  lombar  nos  jovens,  os  nossos 
resultados  não  o  confirmam.  Assim,  variáveis  como  a  raça  (caucasiana  vs  negra),  os  hábitos  de  vida 
diária (como o tempo médio a ver televisão por dia, a jogar video‐jogos, tempo médio de sono, tipo de 
deslocações  casa‐escola)  e  os  níveis  médios  de  actividade  física  e/ou  desportiva,  não  apresentaram 
qualquer associação significativa nem risco acrescido para a ocorrência de lombalgias persistentes. 

  Tal  como  nos  outros  factores  já  analisados,  podemos  constatar  que  há  uma  diversidade  de 
resultados e de conclusões que é, em larga medida, explicada pelas diferentes metodologias utilizadas 
e pela natureza multifactorial da lombalgia. 

148 
 

  Por  último,  constatámos  que  os  alunos  de  uma  das  escolas  tiveram  quase  o  triplo  das 
probabilidades  de  reportarem  dores  lombares  persistentes,  quando  comparados  com  os  jovens  da 
outra escola, apesar de não podermos explicar as razões deste resultado, por falta de avaliação de um 
conjunto  variáveis  socio‐familiares.  Seria  interessante  aprofundar  em  estudos  futuros  a  análise  de 
variáveis psicossociais e sociológicas não contempladas neste estudo. 
  Estes  resultados  foram  obtidos  numa  análise  de  regressão  logística  bivariada  entre  as 
diferentes variáveis e a história de dores lombares persistentes ao longo do tempo. Como a lombalgia 
tem  uma  etiologia  multifactorial,  fizémos  uma  análise  multivariada,  colocando  as  variáveis  com 

associação mais significativa na análise bivariada, em competição entre elas. 
  Com  este  modelo  de  análise,  as  variáveis  como  o  estadio  maturacional,  a  força  muscular 
normalizada  (FMN),  a  flexibilidade  dos  músculos  posteriores  e  a  escola  de  origem,  deixaram  de  ter 
associação significativa com as dores lombares persistentes. 
  As  raparigas  com  alterações  posturais  e  com  um  nível  médio  de  autoconceito  mais  baixo 
constituiram o grupo de maior risco para reportarem dores lombares persistentes. 
  O risco estimado das raparigas apresentarem dores lombares repetidas, foi de quase 12 vezes 
superior ao dos rapazes, numa associação altamente significativa. A presença de alterações posturais, 
particularmente  as  escolioses,  que  também  foram  mais  observadas  nas  raparigas,  aumentou  o  risco 

para mais do dobro de ocorrerem dores lombares persistentes, embora de forma menos significativa. 
  Por  último,  os  jovens  com  scores  de  autoconceito  mais  baixo  tiveram  praticamente  quatro 
vezes  mais  de  probabilidades  de  se  queixarem  de  dores  repetidas  do  que  os  jovens  com  scores  de 

autoconceito mais elevados. 
 
  Ao longo desta discussão de resultados, já fomos identificando as limitações do nosso estudo 

e sugerindo recomendações para futuros estudos. 
  Numa síntese final, pretendíamos salientar as mais importantes:  
  a)  realizar  o  estudo  por  um  período  de  seguimento  mais  alargado  com  uma  amostra  de 

maiores dimensões e se possivel a nível nacional;  
  b)  estudar  jovens  de  diversos  meios  socio‐economicos  e  explorar  determinadas  variaveis 
sociológicas (p.exemplo, nivel de educação dos pais, tipo de família e relações com os pais);  

  c)  avaliar  um  conjunto  de  indicadores  relacionados  com  a  Saúde  em  geral  e  com  a  história 
familiar de lombalgia em particular;  
  d)  analisar  os  aspectos  ergonomicos  relacionados  com  o  transporte  de  mochilas  e  com  as 
posturas assumidas em sala de aula ou mesmo em todas as actividades de vida diária;  

149 
 

  e)  acompanhar  mais  de  perto  e  durante  mais  tempo,  os  jovens  com  dores  lombares 
persistentes e avaliar os diversos indicadores clinicos, funcionais e psicossociais citados na revisão da 
literatura;  
  f) avaliar sempre o estadio maturacional ou a idade biológica quando se inclui jovens em fase 
de crescimento. 
   

150 
 

 
6. CONCLUSÕES 
 
  Os valores de prevalência e de incidência anual de dor lombar encontrados neste estudo, são 
globalmente  inferiores  aos  resultados  dos  estudos  longitudinais  já  realizados  e  também  estão 
próximos  dos  valores  mais  baixos  da  maioria  dos  estudos  transversais.  Na  grande  maioria  dos 
situações,  as  lombalgias  reportadas  pelos  jovens,  foram  uma  condição  benigna  com  uma  evolução 
rápida  e  espontânea  e  sem  impacto  na  vida  diária,  podendo  considerar‐se  como  uma  “experiência 
normal de vida”. 
  Contudo, pelo menos um em cada dez adolescentes reportaram dores lombares persistentes 
que merecem uma análise mais dinâmica do comportamento da dor ao longo do tempo e dos factores 
de risco a ela associados, por serem o de maior risco para desenvolverem na vida adulta lombalgias 
crónicas. 

A análise dos factores de risco associados à história da dor lombar nos sujeitos sintomáticos 
do nosso estudo, mostra‐nos que há uma multiplicidade de factores biomorfológicos ‐ género, desvio 
maturacional  em  relação  ao  pico  de  crescimento  em  altura,  força  muscular  dos  extensores,  força 
muscular normalizada (FMN), flexibilidade dos músculos posteriores da coxa, alterações posturais – e 

psicossociais  ‐  scores  de  autoconceito,  escola  de  origem  –  que  aparecem  associados  à  dor  lombar, 
particularmente na primeira avaliação onde o valor de prevalência semestral de dor lombar foi mais 
elevado. 

No entanto, numa análise multivariada e dinâmica ao longo dos três momentos de avaliação, 
as  variáveis  como  o  desvio  maturacional,  a  força  muscular  normalizada  (FMN),  a  flexibilidade  dos 
músculos  posteriores  e  a  escola  de  origem,  deixaram  de  ter  associação  significativa  com  as  dores 
lombares persistentes. 
  As  raparigas  com  alterações  posturais  e  com  um  nível  médio  de  autoconceito  mais  baixo 
constituiram o grupo de maior risco para reportarem dores lombares persistentes. 
  O risco estimado das raparigas apresentarem dores lombares repetidas, foi de quase 12 vezes 
superior  ao  dos  rapazes.  A  presença  de  alterações  posturais,  particularmente  as  escolioses,  que 
também  afectaram  mais  as  raparigas,  aumentou  o  risco  para  mais  do  dobro  de  ocorrerem  dores 
lombares  persistentes.  Por  último,  os  jovens  com  scores  de  autoconceito  mais  baixo  tiveram 
praticamente  quatro  vezes  mais  de  probabilidades  de  se  queixarem  de  dores  repetidas  do  que  os 
jovens com scores mais elevados de autoconceito. 

  Recomenda‐se  a  continuação  desta  linha  de  investigação,  preferencialmnte  em  estudos 


longitudinais e alargando os períodos de tempo para seguimento dos jovens em todo o seu processo 
de crescimento/maturação.  

151 
 

  Sugerimos ainda, segui‐los no ínicio da vida adulta, para se poder determinar em que medida 
a  história  de  dores  lombares  na  adolescência  foi  preditiva  de  sintomas  no  futuro  e  analisar  o  seu 
comportamento ao longo do tempo. 
  A  exploração  de  outros  factores  de  natureza  mais  sociológica  e  psicossocial  também  é 
aconselhada, tal como o estudo de um conjunto mais alargado de indicadores da saúde em geral. Por 
último,  recomenda‐se  para  estudos  futuros  a  integração  dos  investigadores  nas  equipas  de  saúde 
escolar. 
  O  estudo  da  problemática  das  lombalgias  em  jovens  é  uma  tarefa  sempre  incompleta,  que 
exige  uma  abordagem  multidisciplinar  assente  em  estudos  prospectivos,  que  incluam  variáveis 
biomorfológicas, aspectos afectivo‐emocionais e cognitivos ‐ dimensão psicológica – e aspectos socio‐
familiares‐ dimensão psicossocial – e ainda a influência da experiência anterior e da expressão da dor 

(variável cultural) no adolescente que cresce e se desenvolve. 
  Abordar e lidar duma forma positiva, construtiva e pedagógica com estas situações como uma 
“experiência  normal  de  vida”  nos  jovens,  despistando,  prevenindo  e  tratando  todos  os  outros  casos 

mais sérios, onde os factores de risco se cruzam cada vez mais cedo, é um desafio que não é novo mas 
continua a estar longe de ser resolvido. 
 

 
 
   

152 
 

7. BIBLIOGRAFIA 
 
[1]  Waddell  G.  Low  back  disability.  A  syndrome  of  Western  civilization.  Neurosurg  Clin  N  Am. 
1991 Oct;2(4):719‐38. 

[2]  Papageorgiou AC, Croft PR, Thomas E, Ferry S, Jayson MI, Silman AJ. Influence of previous pain 
experience on the episode incidence of low back pain: results from the South Manchester Back Pain 
Study. Pain. 1996 Aug;66(2‐3):181‐5. 

[3]  Troussier B, Davoine P, de Gaudemaris R, Fauconnier J, Phelip X. Back pain in school children. 
A study among 1178 pupils. Scand J Rehabil Med. 1994 Sep;26(3):143‐6. 

[4]  Feldman DE, Shrier I, Rossignol M, Abenhaim L. Risk factors for the development of low back 
pain in adolescence. Am J Epidemiol. 2001 Jul 1;154(1):30‐6. 

[5]  Harreby  MS,  Neergaard  K,  Hesselsoe  G,  Kjer  J.  [Are  low  back  pain  and  radiological  changes 
during puberty risk factors for low back pain in adult age? A 25‐year prospective cohort study of 640 
school children]. Ugeskr Laeger. 1997 Jan 6;159(2):171‐4. 

[6]  Balague  F,  Dutoit  G,  Waldburger  M.  Low  back  pain  in  schoolchildren.  An  epidemiological 
study. Scand J Rehabil Med. 1988;20(4):175‐9. 

[7]  Frymoyer JW, Pope MH, Clements JH, Wilder DG, MacPherson B, Ashikaga T. Risk factors in 
low‐back pain. An epidemiological survey. J Bone Joint Surg Am. 1983 Feb;65(2):213‐8. 

[8]  Kelsey  JL,  White  AA,  3rd.  Epidemiology  and  impact  of  low‐back  pain.  Spine.  1980  Mar‐
Apr;5(2):133‐42. 

[9]  Nachemson A. The lumbar spine: an orthopaedic challenge. Spine. 1976 1976;6(1):59‐7. 

[10]  Anderson JA. Low back pain ‐ cause and prevention of long‐term handicap (a critical review). 
Int Rehabil Med. 1981;3(2):89‐93. 

[11]  Frymoyer JW. Back pain and sciatica. N Engl J Med. 1988 Feb 4;318(5):291‐300. 

[12]  Von  Korff  M.  Studying  the  natural  history  of  back  pain.  Spine.  1994  Sep  15;19(18 
Suppl):2041S‐6S. 

[13]  Burton  AK,  Tillotson  KM.  Is  recurrent  low  back  trouble  associated  with  increased  lumbar 
sagittal mobility? J Biomed Eng. 1989 May;11(3):245‐8. 

[14]  Waddell G. An approach to backache. Br J Hosp Med. 1982 Sep;28(3):187, 90‐1, 93‐4, passim. 

153 
 

[15]  Waddell  G,  Main  CJ.  Chronic  backache,  distress,  illness  behaviour  and  surgery.  Acta  Orthop 
Belg. 1987;53(2):265‐8. 

[16]  Balague F, Borenstein DG. How to recognize and treat specific low back pain? Baillieres Clin 
Rheumatol. 1998 Feb;12(1):37‐73. 

[17]  Waddell  G.  Biopsychosocial  analysis  of  low  back  pain.  Baillieres  Clin  Rheumatol.  1992 
Oct;6(3):523‐57. 

[18]  Waddell  G.  Occupational  low‐back  pain,  illness  behavior,  and  disability.  Spine.  1991 
Jun;16(6):683‐5. 

[19]  Nachemson A. [Backache without objective findings should not be classified as occupational 
injury]. Lakartidningen. 1992 Oct 21;89(43):3548‐50. 

[20]  Waddell  G.  Low  back  pain:  a  twentieth  century  health  care  enigma.  Spine.  1996  Dec 
15;21(24):2820‐5. 

[21]  Balague  F,  Dudler  J,  Nordin  M.  Low‐back  pain  in  children.  Lancet.  2003  Apr 
26;361(9367):1403‐4. 

[22]  Lackner  JM,  Carosella  AM.  The  relative  influence  of  perceived  pain  control,  anxiety,  and 
functional self efficacy on spinal function among patients with chronic low back pain. Spine. 1999 Nov 
1;24(21):2254‐60; discussion 60‐1. 

[23]  Manchikanti  L,  Boswell  MV,  Singh  V,  Pampati  V,  Damron  KS,  Beyer  CD.  Prevalence  of  facet 
joint pain in chronic spinal pain of cervical, thoracic, and lumbar regions. BMC Musculoskelet Disord. 
2004 May 28;5:15. 

[24]  Pope  MH,  Rosen  JC,  Wilder  DG,  Frymoyer  JW.  The  relation  between  biomechanical  and 
psychological factors in patients with low‐back pain. Spine. 1980 Mar‐Apr;5(2):173‐8. 

[25]  Jones GT, Macfarlane GJ. Epidemiology of low back pain in children and adolescents. Arch Dis 
Child. 2005 Mar;90(3):312‐6. 

[26]  May  CR,  Rose MJ,  Johnstone  FC.  Dealing  with  doubt.  How  patients  account  for  non‐specific 
chronic low back pain. J Psychosom Res. 2000 Oct;49(4):223‐5. 

[27]  May  S.  Patients'  attitudes  and  beliefs  about  back  pain  and  its  management  after 
physiotherapy for low back pain. Physiother Res Int. 2007 Sep;12(3):126‐35. 

[28]  May S, Littlewood C, Bishop A. Reliability of procedures used in the physical examination of 
non‐specific low back pain: a systematic review. Aust J Physiother. 2006;52(2):91‐102. 

154 
 

[29]  Kovacs FM, Fernandez C, Cordero A, Muriel A, Gonzalez‐Lujan L, Gil del Real MT. Non‐specific 
low back pain in primary care in the Spanish National Health Service: a prospective study on clinical 
outcomes and determinants of management. BMC Health Serv Res. 2006;6:57. 

[30]  Galukande M, Muwazi S, Mugisa DB. Aetiology of low back pain in Mulago Hospital, Uganda. 
Afr Health Sci. 2005 Jun;5(2):164‐7. 

[31]  Almeida  V,  Coelho  V,  Oliveira  R.  Lombalgia  Inespecífica  nos  Adolescentes:  Identificação  de 
Factores de Risco Biomorfológicos. Estudo de Levantamento na Região da Grande Lisboa. Re(Habilitar) 
‐ Revista da Escola Superior de Saúde de Alcoitão. 2006 Jun ‐ 2006;1(3):65‐86. 

[32]  Coelho L, Almeida V, Oliveira R. Lombalgia nos adolescentes: identificação de factores re risco 
psicossociais. Revista Portuguesa de Saúde Pública. 2005 Jan 2005(1):81‐90. 

[33]  Oliveira  R,  Cabri  J,  Burton  K.  Self‐reported  low‐back  pain  in  children  and  adolescents  of  the 
Lisbon area. 1999; 1999. 

[34]  Silva  LL,  Cabri    J.,  R.  O.  Influência  de  factores  biomorfológicos  e  psicossociais  sobre  a 
prevalência  de  lombalgia  em  adolescentes  da  Ilha  de  S.Jorge  ‐  Açores.  [Dissertação  elaborada  com 
vista à obtenção do Grau de Mestre na Especialidade de Ciências da Fisioterapia]. Lisboa: Universidade 
Técnica de Lisboa; 2005. 

[35]  Von  Korff  M,  Dworkin  SF,  Le  Resche  L,  Kruger  A.  An  epidemiologic  comparison  of  pain 
complaints. Pain. 1988 Feb;32(2):173‐83. 

[36]  Mohseni‐Bandpei  MA,  Bagheri‐Nesami  M,  Shayesteh‐Azar  M.  Nonspecific  Low  Back  Pain  in 
5000 Iranian School‐age Children. J Pediatr Orthop. 2007 Mar;27(2):126‐9. 

[37]  Cox  JM.  Low  Back  Pain:  Mechanism,  Diagnosis  and  Treatment  6ed:  Williams  &  Wilkins 
Company 2006. 

[38]  Jones GT, Johnson RE, Wiles NJ, Chaddock C, Potter RG, Roberts C, et al. Predicting persistent 
disabling  low  back  pain  in  general  practice:  a  prospective  cohort  study.  Br  J  Gen  Pract.  2006 
May;56(526):334‐41. 

[39]  Balague  F,  Troussier  B,  Salminen  JJ.  Non‐specific  low  back  pain  in  children  and  adolescents: 
risk factors. Eur Spine J. 1999;8(6):429‐38. 

[40]  Nordin  M,  Balague  F,  Cedraschi  C.  Nonspecific  lower‐back  pain:  surgical  versus  nonsurgical 
treatment. Clin Orthop Relat Res. 2006 Feb;443:156‐67. 

155 
 

[41]  Jones GT, Watson KD, Silman AJ, Symmons DP, Macfarlane GJ. Predictors of low back pain in 
British  schoolchildren:  a  population‐based  prospective  cohort  study.  Pediatrics.  2003  Apr;111(4  Pt 
1):822‐8. 

[42]  Masiero S, Carraro E, Celia A, Sarto D, Ermani M. Prevalence of nonspecific low back pain in 
schoolchildren aged between 13 and 15 years. Acta Paediatr. 2008 Feb;97(2):212‐6. 

[43]  Kujala UM, Taimela S, Viljanen T. Leisure physical activity and various pain symptoms among 
adolescents. Br J Sports Med. 1999 Oct;33(5):325‐8. 

[44]  Salminen  JJ,  Kujala  U.  [Frequency  and  back  ground  of  back  pains  in  young  persons]. 
Duodecim. 1999;115(16):1773‐8. 

[45]  Taimela S, Kujala UM, Salminen JJ, Viljanen T. The prevalence of low back pain among children 
and  adolescents.  A  nationwide,  cohort‐based  questionnaire  survey  in  Finland.  Spine.  1997  May 
15;22(10):1132‐6. 

[46]  El‐Metwally  A,  Salminen  JJ,  Auvinen  A,  Macfarlane  G,  Mikkelsson  M.  Risk  factors  for 
development of non‐specific musculoskeletal pain in preteens and early adolescents: a prospective 1‐
year follow‐up study. BMC Musculoskelet Disord. 2007;8:46. 

[47]  Hakala P, Rimpela A, Salminen JJ, Virtanen SM, Rimpela M. Back, neck, and shoulder pain in 
Finnish adolescents: national cross sectional surveys. Bmj. 2002 Oct 5;325(7367):743. 

[48]  Mikkelsson  M,  El‐Metwally  A,  Kautiainen  H,  Auvinen  A,  Macfarlane  GJ,  Salminen  JJ.  Onset, 
prognosis and risk factors for widespread pain in schoolchildren: a prospective 4‐year follow‐up study. 
Pain. 2008 Sep 15;138(3):681‐7. 

[49]  Salminen JJ, Erkintalo M, Laine M, Pentti J. Low back pain in the young. A prospective three‐
year  follow‐up  study  of  subjects  with  and  without  low  back  pain.  Spine.  1995  Oct  1;20(19):2101‐7; 
discussion 8. 

[50]  Stahl  M,  Kautiainen  H,  El‐Metwally  A,  Hakkinen  A,  Ylinen  J,  Salminen  JJ,  et  al.  Non‐specific 
neck pain in schoolchildren: Prognosis and risk factors for occurrence and persistence. A 4‐year follow‐
up study. Pain. 2007 Oct 25. 

[51]  Harreby MS, Nygaard B, Jessen TT, Larsen E, Storr‐Paulsen A, Lindahl A, et al. [Risk factors for 
low back pain among 1.389 pupils in the 8th and 9th grade. An epidemiologic study]. Ugeskr Laeger. 
2001 Jan 15;163(3):282‐6. 

156 
 

[52]  Harreby  M,  Neergaard  K,  Hesselsoe  G,  Kjer  J.  Are  radiologic  changes  in  the  thoracic  and 
lumbar  spine  of  adolescents  risk  factors  for  low  back  pain  in  adults?  A  25‐year  prospective  cohort 
study of 640 school children. Spine. 1995 Nov 1;20(21):2298‐302. 

[53]  Puckree T, Silal SP, Lin J. School bag carriage and pain in school children. Disabil Rehabil. 2004 
Jan 7;26(1):54‐9. 

[54]  Viry P, Creveuil C, Marcelli C. Nonspecific back pain in children. A search for associated factors 
in 14‐year‐old schoolchildren. Rev Rhum Engl Ed. 1999 Jul‐Sep;66(7‐9):381‐8. 

[55]  Sheir‐Neiss  GI,  Kruse  RW,  Rahman  T,  Jacobson  LP,  Pelli  JA.  The  association  of  backpack  use 
and back pain in adolescents. Spine. 2003 May 1;28(9):922‐30. 

[56]  Skoffer B, Foldspang A. Physical activity and low‐back pain in schoolchildren. Eur Spine J. 2008 
Mar;17(3):373‐9. 

[57]  Bockowski L, Sobaniec W, Kulak W, Smigielska‐Kuzia J, Sendrowski K, Roszkowska M. Low back 
pain  in  school‐age  children:  risk  factors,  clinical  features  and  diagnostic  managment.  Adv  Med  Sci. 
2007;52 Suppl 1:221‐3. 

[58]  Olsen TL, Anderson RL, Dearwater SR, Kriska AM, Cauley JA, Aaron DJ, et al. The epidemiology 
of low back pain in an adolescent population. Am J Public Health. 1992 Apr;82(4):606‐8. 

[59]  Balague  F,  Nordin  M.  Back  pain  in  children  and  teenagers.  Baillieres  Clin  Rheumatol.  1992 
Oct;6(3):575‐93. 

[60]  Salminen JJ. [Back pain in the young]. Duodecim. 1989;105(2):114‐22. 

[61]  Salminen JJ. The adolescent back. A field survey of 370 Finnish schoolchildren. Acta Paediatr 
Scand Suppl. 1984;315:1‐122. 

[62]  Fairbank JC, Pynsent PB, Van Poortvliet JA, Phillips H. Influence of anthropometric factors and 
joint laxity in the incidence of adolescent back pain. Spine. 1984 Jul‐Aug;9(5):461‐4. 

[63]  Mierau  D,  Cassidy  JD,  Yong‐Hing  K.  Low‐back  pain  and  straight  leg  raising  in  children  and 
adolescents. Spine. 1989 May;14(5):526‐8. 

[64]  Salminen JJ, Maki P, Oksanen A, Pentti J. Spinal mobility and trunk muscle strength in 15‐year‐
old schoolchildren with and without low‐back pain. Spine. 1992 Apr;17(4):405‐11. 

[65]  Salminen JJ, Pentti J, Terho P. Low back pain and disability in 14‐year‐old schoolchildren. Acta 
Paediatr. 1992 Dec;81(12):1035‐9. 

157 
 

[66]  Balague F, Nordin M, Skovron ML, Dutoit G, Yee A, Waldburger M. Non‐specific low‐back pain 
among  schoolchildren:  a  field  survey  with  analysis  of  some  associated  factors.  J  Spinal  Disord.  1994 
Oct;7(5):374‐9. 

[67]  Kujala UM, Salminen JJ, Taimela S, Oksanen A, Jaakkola L. Subject characteristics and low back 
pain in young athletes and nonathletes. Med Sci Sports Exerc. 1992 Jun;24(6):627‐32. 

[68]  Brattberg G. The incidence of back pain and headache among Swedish school children. Qual 
Life Res. 1994 Dec;3 Suppl 1:S27‐31. 

[69]  Ebrall PS. The epidemiology of male adolescent low back pain in a north suburban population 
of Melbourne, Australia. J Manipulative Physiol Ther. 1994 Sep;17(7):447‐53. 

[70]  Ebrall  PS.  Some  anthropometric  dimensions  of  male  adolescents  with  idiopathic  low  back 
pain. J Manipulative Physiol Ther. 1994 Jun;17(5):296‐301. 

[71]  Nissinen M, Heliovaara M, Seitsamo J, Alaranta H, Poussa M. Anthropometric measurements 
and the incidence of low back pain in a cohort of pubertal children. Spine. 1994 Jun 15;19(12):1367‐70. 

[72]  Balague  F,  Skovron  ML,  Nordin  M,  Dutoit  G,  Pol  LR,  Waldburger  M.  Low  back  pain  in 
schoolchildren. A study of familial and psychological factors. Spine. 1995 Jun 1;20(11):1265‐70. 

[73]  Burton  AK,  Clarke  RD,  McClune  TD,  Tillotson  KM.  The  natural  history  of  low  back  pain  in 
adolescents. Spine. 1996 Oct 15;21(20):2323‐8. 

[74]  Kristjansdottir  G.  Prevalence  of  self‐reported  back  pain  in  school  children:  a  study  of 
sociodemographic differences. Eur J Pediatr. 1996 Nov;155(11):984‐6. 

[75]  Kujala UM, Taimela S, Erkintalo M, Salminen JJ, Kaprio J. Low‐back pain in adolescent athletes. 
Med Sci Sports Exerc. 1996 Feb;28(2):165‐70. 

[76]  Kujala UM, Taimela S, Viljanen T, Jutila H, Viitasalo JT, Videman T, et al. Physical loading and 
performance as predictors of back pain in healthy adults. A 5‐year prospective study. Eur J Appl Physiol 
Occup Physiol. 1996;73(5):452‐8. 

[77]  Newcomer  K,  Sinaki  M.  Low  back  pain  and  its  relationship  to  back  strength  and  physical 
activity in children. Acta Paediatr. 1996 Dec;85(12):1433‐9. 

[78]  Ramirez  N,  Johnston  CE,  Browne  RH.  The  prevalence  of  back  pain  in  children  who  have 
idiopathic scoliosis. J Bone Joint Surg Am. 1997 Mar;79(3):364‐8. 

[79]  Feldman  D,  Shrier  I,  Rossignol  M,  Abenhaim  L.  Adolescent  growth  is  not  associated  with 
changes in flexibility. Clin J Sport Med. 1999 Jan;9(1):24‐9. 

158 
 

[80]  Feldman DE, Rossignol M, Shrier I, Abenhaim L. Smoking. A risk factor for development of low 
back pain in adolescents. Spine. 1999 Dec 1;24(23):2492‐6. 

[81]  Gunzburg  R,  Balague  F,  Nordin  M,  Szpalski  M,  Duyck  D,  Bull  D,  et  al.  Low  back  pain  in  a 
population of school children. Eur Spine J. 1999;8(6):439‐43. 

[82]  Harreby M, Nygaard B, Jessen T, Larsen E, Storr‐Paulsen A, Lindahl A, et al. Risk factors for low 
back  pain  in  a  cohort  of  1389  Danish  school  children:  an  epidemiologic  study.  Eur  Spine  J. 
1999;8(6):444‐50. 

[83]  Troussier  B,  Balagué  F.  Epidémiologie  des  lombalgies  et  des  rachialgies  chez  l’enfant  et 
l’adolescent.  In:  Troussier  B  PXe,  ed.  Le  dos  de  l’enfant  et  de  l’adolescent  et  la  prévention  des 
lombalgies. Paris: Masson 1999:27‐40. 

[84]  Troussier B, Marchou‐Lopez S, Pironneau S, Alais E, Grison J, Prel G, et al. Back pain and spinal 
alignment abnormalities in schoolchildren. Rev Rhum Engl Ed. 1999 Jul‐Sep;66(7‐9):370‐80. 

[85]  Vikat A, Rimpela M, Salminen JJ, Rimpela A, Savolainen A, Virtanen SM. Neck or shoulder pain 
and low back pain in Finnish adolescents. Scand J Public Health. 2000 Sep;28(3):164‐73. 

[86]  McMeeken J, Tully E, Stillman B, Nattrass C, Bygott IL, Story I. The experience of back pain in 
young Australians. Man Ther. 2001 Nov;6(4):213‐20. 

[87]  Steele S, Grimmer K, Williams M, Gill T. Vertical anthropometric measures and low back pain 
in adolescents. Physiother Res Int. 2001;6(2):94‐105. 

[88]  Wedderkopp  N,  Leboeuf‐Yde  C,  Andersen  LB,  Froberg  K,  Hansen  HS.  Back  pain  reporting 
pattern  in  a  Danish  population‐based  sample  of  children  and  adolescents.  Spine.  2001  Sep 
1;26(17):1879‐83. 

[89]  Widhe  T.  Spine:  posture,  mobility  and  pain.  A  longitudinal  study  from  childhood  to 
adolescence. Eur Spine J. 2001 Apr;10(2):118‐23. 

[90]  Goodgold  S,  Corcoran  M,  Gamache  D,  Gillis  J,  Guerin  J,  Coyle  JQ.  Backpack  Use  in  Children. 
Pediatr Phys Ther. 2002 Fall;14(3):122‐31. 

[91]  Kristjansdottir G, Rhee H. Risk factors of back pain frequency in schoolchildren: a search for 
explanations to a public health problem. Acta Paediatr. 2002;91(7):849‐54. 

[92]  Leboeuf‐Yde  C,  Wedderkopp  N,  Andersen  LB,  Froberg  K,  Hansen  HS.  Back  pain  reporting  in 
children and adolescents: the impact of parents' educational level. J Manipulative Physiol Ther. 2002 
May;25(4):216‐20. 

159 
 

[93]  Negrini S, Carabalona R. Backpacks on! Schoolchildren's perceptions of load, associations with 
back pain and factors determining the load. Spine. 2002 Jan 15;27(2):187‐95. 

[94]  Sjolie  AN.  Psychosocial  correlates  of  low‐back  pain  in  adolescents.  Eur  Spine  J.  2002 
Dec;11(6):582‐8. 

[95]  Szpalski M, Gunzburg R, Balague F, Nordin M, Melot C. A 2‐year prospective longitudinal study 
on low back pain in primary school children. Eur Spine J. 2002 Oct;11(5):459‐64. 

[96]  Watson KD, Papageorgiou AC, Jones GT, Taylor S, Symmons DP, Silman AJ, et al. Low back pain 
in schoolchildren: occurrence and characteristics. Pain. 2002 May;97(1‐2):87‐92. 

[97]  Cho  CY,  Hwang  IS,  Chen  CC.  The  association  between  psychological  distress  and 
musculoskeletal symptoms experienced by Chinese high school students. J Orthop Sports Phys Ther. 
2003 Jun;33(6):344‐53. 

[98]  Kovacs FM, Gestoso M, Gil del Real MT, Lopez J, Mufraggi N, Mendez JI. Risk factors for non‐
specific  low  back  pain  in  schoolchildren  and  their  parents:  a  population  based  study.  Pain.  2003 
Jun;103(3):259‐68. 

[99]  Mackenzie  WG,  Sampath  JS,  Kruse  RW,  Sheir‐Neiss  GJ.  Backpacks  in  children.  Clin  Orthop 
Relat Res. 2003 Apr(409):78‐84. 

[100]  Staes F, Stappaerts K, Lesaffre E, Vertommen H. Low back pain in Flemish adolescents and the 
role  of  perceived  social  support  and  effect  on  the  perception  of  back  pain.  Acta  Paediatr.  2003 
Apr;92(4):444‐51. 

[101]  van Gent C, Dols JJ, de Rover CM, Hira Sing RA, de Vet HC. The weight of schoolbags and the 
occurrence of neck, shoulder, and back pain in young adolescents. Spine. 2003 May 1;28(9):916‐21. 

[102]  Watson KD, Papageorgiou AC, Jones GT, Taylor S, Symmons DP, Silman AJ, et al. Low back pain 
in schoolchildren: the role of mechanical and psychosocial factors. Arch Dis Child. 2003 Jan;88(1):12‐7. 

[103]  Wedderkopp  N,  Leboeuf‐Yde  C,  Bo  Andersen  L,  Froberg  K,  Steen  Hansen  H.  Back  pain  in 
children:  no  association  with  objectively  measured  level  of  physical  activity.  Spine.  2003  Sep 
1;28(17):2019‐24; discussion 24. 

[104]  Hestbaek  L,  Leboeuf‐Yde  C,  Kyvik  KO,  Vach  W,  Russell  MB,  Skadhauge  L,  et  al.  Comorbidity 
with low back pain: a cross‐sectional population‐based survey of 12‐ to 22‐year‐olds. Spine. 2004 Jul 
1;29(13):1483‐91; discussion 92. 

160 
 

[105]  Jones MA, Stratton G, Reilly T, Unnithan VB. A school‐based survey of recurrent non‐specific 
low‐back pain prevalence and consequences in children. Health Educ Res. 2004 Jun;19(3):284‐9. 

[106]  Prista  A,  Balague  F,  Nordin  M,  Skovron  ML.  Low  back  pain  in  Mozambican  adolescents.  Eur 
Spine J. 2004 Jul;13(4):341‐5. 

[107]  Roth‐Isigkeit A, Thyen U, Raspe HH, Stoven H, Schmucker P. Reports of pain among German 
children and adolescents: an epidemiological study. Acta Paediatr. 2004 Feb;93(2):258‐63. 

[108]  Shehab  D,  Al‐Jarallah  K,  Al‐Ghareeb  F,  Sanaseeri  S,  Al‐Fadhli  M,  Habeeb  S.  Is  low‐back  pain 
prevalent among Kuwaiti children and adolescents? A governorate‐based study. Med Princ Pract. 2004 
May‐Jun;13(3):142‐6. 

[109]  Shehab  DK,  Al‐Jarallah  KF.  Nonspecific  low‐back  pain  in  Kuwaiti  children  and  adolescents: 
associated factors. J Adolesc Health. 2005 Jan;36(1):32‐5. 

[110]  Siambanes D, Martinez JW, Butler EW, Haider T. Influence of school backpacks on adolescent 
back pain. J Pediatr Orthop. 2004 Mar‐Apr;24(2):211‐7. 

[111]  Sjolie  AN.  Low‐back  pain  in  adolescents  is  associated  with  poor  hip  mobility  and  high  body 
mass index. Scand J Med Sci Sports. 2004 Jun;14(3):168‐75. 

[112]  Sjolie AN. Associations between activities and low back pain in adolescents. Scand J Med Sci 
Sports. 2004 Dec;14(6):352‐9. 

[113]  Sjolie AN. Persistence and change in nonspecific low back pain among adolescents: a 3‐year 
prospective study. Spine. 2004 Nov 1;29(21):2452‐7. 

[114]  Bejia I, Abid N, Ben Salem K, Letaief M, Younes M, Touzi M, et al. Low back pain in a cohort of 
622  Tunisian  schoolchildren  and  adolescents:  an  epidemiological  study.  Eur  Spine  J.  2005 
May;14(4):331‐6. 

[115]  Korovessis P, Koureas G, Zacharatos S, Papazisis Z. Backpacks, back pain, sagittal spinal curves 
and  trunk  alignment  in  adolescents:  a  logistic  and  multinomial  logistic  analysis.  Spine.  2005  Jan 
15;30(2):247‐55. 

[116]  Poussa  MS,  Heliovaara  MM,  Seitsamo  JT,  Kononen  MH,  Hurmerinta  KA,  Nissinen  MJ. 
Anthropometric measurements and growth as predictors of low‐back pain: a cohort study of children 
followed up from the age of 11 to 22 years. Eur Spine J. 2005 Aug;14(6):595‐8. 

[117]  Roth‐Isigkeit A, Schwarzenberger J, Baumeier W, Meier T, Lindig M, Schmucker P. [Risk factors 
for back pain in children and adolescents]. Schmerz. 2005 Nov;19(6):535‐43. 

161 
 

[118]  Roth‐Isigkeit A, Thyen U, Stoven H, Schwarzenberger J, Schmucker P. Pain among children and 
adolescents: restrictions in daily living and triggering factors. Pediatrics. 2005 Feb;115(2):e152‐62. 

[119]  Wedderkopp  N,  Andersen  LB,  Froberg  K,  Leboeuf‐Yde  C.  Back  pain  reporting  in  young  girls 
appears to be puberty‐related. BMC Musculoskelet Disord. 2005;6:52. 

[120]  Bo Andersen L, Wedderkopp N, Leboeuf‐Yde C. Association between back pain and physical 
fitness in adolescents. Spine. 2006 Jul 1;31(15):1740‐4. 

[121]  Diepenmaat AC, van der Wal MF, de Vet HC, Hirasing RA. Neck/shoulder, low back, and arm 
pain  in  relation  to  computer  use,  physical activity,  stress,  and  depression  among  Dutch  adolescents. 
Pediatrics. 2006 Feb;117(2):412‐6. 

[122]  Hestbaek L, Leboeuf‐Yde C, Kyvik KO. Is comorbidity in adolescence a predictor for adult low 
back pain? A prospective study of a young population. BMC Musculoskelet Disord. 2006;7:29. 

[123]  Hestbaek L, Leboeuf‐Yde C, Kyvik KO. Are lifestyle‐factors in adolescence predictors for adult 
low  back  pain?  A  cross‐sectional  and  prospective  study  of  young  twins.  BMC  Musculoskelet  Disord. 
2006;7:27. 

[124]  Hestbaek  L,  Leboeuf‐Yde  C,  Kyvik  KO,  Manniche  C.  The  course  of  low  back  pain  from 
adolescence to adulthood: eight‐year follow‐up of 9600 twins. Spine. 2006 Feb 15;31(4):468‐72. 

[125]  Hestbaek  L,  Leboeuf‐Yde  C,  Ohm  Kyvik  K.  Are  lifestyle‐factors  in  adolescence  predictors  for 
adult  low  back  pain?  A  cross‐sectional  and  prospective  study  of  young  twins.  BMC  Musculoskelet 
Disord. 2006 Mar 15;7(1):27. 

[126]  Skaggs DL, Early SD, D'Ambra P, Tolo VT, Kay RM. Back pain and backpacks in school children. 
J Pediatr Orthop. 2006 May‐Jun;26(3):358‐63. 

[127]  Zapata  AL,  Moraes  AJ,  Leone  C,  Doria‐Filho  U,  Silva  CA.  Pain  and  musculoskeletal  pain 
syndromes in adolescents. J Adolesc Health. 2006 Jun;38(6):769‐71. 

[128]  Murphy  S,  Buckle  P,  Stubbs  D.  A  cross‐sectional  study  of  self‐reported  back  and  neck  pain 
among English schoolchildren and associated physical and psychological risk factors. Appl Ergon. 2007 
Nov;38(6):797‐804. 

[129]  Skoffer  B.  Low  back  pain  in  15‐  to  16‐year‐old  children  in  relation  to  school  furniture  and 
carrying of the school bag. Spine. 2007 Nov 15;32(24):E713‐7. 

[130]  Auvinen J, Tammelin T, Taimela S, Zitting P, Karppinen J. Associations of physical activity and 
inactivity with low back pain in adolescents. Scand J Med Sci Sports. 2008 Apr;18(2):188‐94. 

162 
 

[131]  El‐Metwally A, Salminen JJ, Auvinen A, Kautiainen H, Mikkelsson M. Prognosis of non‐specific 
musculoskeletal  pain  in  preadolescents:  a  prospective  4‐year  follow‐up  study  till  adolescence.  Pain. 
2004 Aug;110(3):550‐9. 

[132]  Sato  T,  Ito  T,  Hirano  T,  Morita  O,  Kikuchi  R,  Endo  N,  et  al.  Low  back  pain  in  childhood  and 
adolescence: a cross‐sectional study in Niigata City. Eur Spine J. 2008 Nov;17(11):1441‐7. 

[133]  Murphy  S,  Buckle  P,  Stubbs  D.  Classroom  posture  and  self‐reported  back  and  neck  pain  in 
schoolchildren. Appl Ergon. 2004 Mar;35(2):113‐20. 

[134]  Clays  E,  De  Bacquer  D,  Leynen  F,  Kornitzer  M,  Kittel  F,  De  Backer  G.  The  impact  of 
psychosocial  factors  on  low back pain:  longitudinal  results  from  the  Belstress  study. Spine. 2007  Jan 
15;32(2):262‐8. 

[135]  Trevelyan  FC,  Legg  SJ.  Back  pain  in  school  children‐‐where  to  from  here?  Appl  Ergon.  2006 
Jan;37(1):45‐54. 

[136]  Jones  GT,  Silman  AJ,  Macfarlane  GJ.  Predicting  the  onset  of  widespread  body  pain  among 
children. Arthritis Rheum. 2003 Sep;48(9):2615‐21. 

[137]  Perry  M,  Straker  L,  O'Sullivan  PB,  Smith  A,  Hands  B.  Fitness,  motor  competence,  and  body 
composition  are  weakly  associated  with  adolescent  back  pain.  J  Orthop  Sports  Phys  Ther.  2009 
Jun;39(6):439‐49. 

[138]  Pellise  F,  Balague F, Rajmil  L,  Cedraschi  C, Aguirre  M, Fontecha  CG, et al.  Prevalence of  low 
back pain and its effect on health‐related quality of life in adolescents. Arch Pediatr Adolesc Med. 2009 
Jan;163(1):65‐71. 

[139]  Vital E, Melo, M. J., Nascimento, A. I., Roque, A. L. A Força Muscular do Tronco e as Queixas 
de  Raquialgias  no  Início  da  Adolescência.  Revista  Portuguesa  de  Fisioterapia  no  Desporto.  2007 
2007;1(1):4‐11. 

[140]  Vital E, Melo M, Nascimento A, Roque A. Raquiagias na entrada da Adolescência: estudo dos 
factores  condicionantes  em  alunos  do  5º  ano.  .  Revista  Portuguesa  de  Saúde  Pública.  2006  Jan 
2006(1). 

[141]  Robalo  LMB,  Dias  C.  Algias  Vertebrais  nosAdolescentes:  Prevalência  e  Factores  de  Risco. 
Lisboa: Universidade de Lisboa; 2007. 

[142]  Zapata  AL,  Moraes  AJ,  Leone  C,  Doria‐Filho  U,  Silva  CA.  Pain  and  musculoskeletal  pain 
syndromes  related  to  computer  and  video  game  use  in  adolescents.  Eur  J  Pediatr.  2006 
Jun;165(6):408‐14. 

163 
 

[143]  Hestbaek L, Iachine IA, Leboeuf‐Yde C, Kyvik KO, Manniche C. Heredity of low back pain in a 
young population: a classical twin study. Twin Res. 2004 Feb;7(1):16‐26. 

[144]  Jones  MA,  Stratton  G,  Reilly  T,  Unnithan  VB.  Biological  risk  indicators  for  recurrent  non‐
specific low back pain in adolescents. Br J Sports Med. 2005 Mar;39(3):137‐40. 

[145]  Hirsch  C.  Efficiency  of  Surgery  in  Low‐Back  Disorders.  Pathoanatomical,  Experimental,  and 
Clinical Studies. J Bone Joint Surg Am. 1965 Jul;47:991‐1004. 

[146]  Roth‐Isigkeit A, Raspe HH, Stoven H, Thyen U, Schmucker P. [Pain in children and adolescents‐
‐results of an exploratory epidemiological study]. Schmerz. 2003 Jun;17(3):171‐8. 

[147]  Oliveira R, Cabri J, Neto C. A lombalgia nas crianças e adolescentes. Estudo epidemiológico na 
região  da  Grande  Lisboa  [Dissertação  apresentada  com  vista  à  obtenção  do  grau  de  Mestre  em 
Desenvolvimento  da  Criança  na  Especialidade  de  Desenvolvimento  Motor].  Lisboa:  Universidade 
Técnica de Lisboa; 1999. 

[148]  Meeuwise  W.  Assessing  causation  in  sport  injury:  a  multifactorial  model.  Clinical  Journal  of 
Sports Medicine. 1994 1994;4 (3):166‐9. 

[149]  Salminen  JJ,  Erkintalo  MO,  Pentti  J.  [Low  back  pain  in  adolescents].  Duodecim. 
1994;110(1):52‐8. 

[150]  Payne WK, 3rd, Ogilvie JW. Back pain in children and adolescents. Pediatr Clin North Am. 1996 
Aug;43(4):899‐917. 

[151]  Harvey J, Tanner S. Low back pain in young athletes. A practical approach. Sports Med. 1991 
Dec;12(6):394‐406. 

[152]  Balague F, Damidot P, Nordin M, Parnianpour M, Waldburger M. Cross‐sectional study of the 
isokinetic muscle trunk strength among school children. Spine. 1993 Jul;18(9):1199‐205. 

[153]  Bailey DA, Baxter‐Jones AD, Mirwald RL, Faulkner RA. Bone growth and exercise studies: The 
complications of maturation. J Musculoskelet Neuronal Interact. 2003 Dec;3(4):335‐7; discussion 56. 

[154]  Bailey  DA,  McKay  HA,  Mirwald  RL,  Crocker  PR,  Faulkner  RA.  A  six‐year  longitudinal  study  of 
the  relationship  of  physical  activity  to  bone  mineral  accrual  in  growing  children:  the  university  of 
Saskatchewan bone mineral accrual study. J Bone Miner Res. 1999 Oct;14(10):1672‐9. 

[155]  Iuliano‐Burns  S,  Mirwald  RL,  Bailey  DA.  Timing  and  magnitude  of  peak  height  velocity  and 
peak tissue velocities for early, average, and late maturing boys and girls. Am J Hum  Biol. 2001 Jan‐
Feb;13(1):1‐8. 

164 
 

[156]  Tanner JM. Population differences in body size, shape and growth rate. A 1976 view. Arch Dis 
Child. 1976 Jan;51(1):1‐2. 

[157]  Tanner JM, Whitehouse RH. Clinical longitudinal standards for height, weight, height velocity, 
weight velocity, and stages of puberty. Arch Dis Child. 1976 Mar;51(3):170‐9. 

[158]  Micheli  LJ.  Overuse  injuries  in  children's  sports:  the  growth  factor.  Orthop  Clin  North  Am. 
1983 Apr;14(2):337‐60. 

[159]  Micheli  LJ,  Klein  JD.  Sports  injuries  in  children  and  adolescents.  Br  J  Sports  Med.  1991 
Mar;25(1):6‐9. 

[160]  Micheli  LJ.  Sports  injuries  in  children  and  adolescents.  Questions  and  controversies.  Clin 
Sports Med. 1995 Jul;14(3):727‐45. 

[161]  Leboeuf‐Yde  C,  Kyvik  KO.  At  what  age  does  low  back  pain  become  a  common  problem?  A 
study of 29,424 individuals aged 12‐41 years. Spine. 1998 Jan 15;23(2):228‐34. 

[162]  Kujala  UM,  Taimela  S,  Oksanen  A,  Salminen  JJ.  Lumbar  mobility  and  low  back  pain  during 
adolescence.  A  longitudinal  three‐year  follow‐up  study  in  athletes  and  controls.  Am  J  Sports  Med. 
1997 May‐Jun;25(3):363‐8. 

[163]  Kujala UM, Kinnunen J, Helenius P, Orava S, Taavitsainen M, Karaharju E. Prolonged low‐back 
pain  in  young  athletes:  a  prospective  case  series  study  of  findings  and  prognosis.  Eur  Spine  J. 
1999;8(6):480‐4. 

[164]  Burton AK, Tillotson KM, Symonds TL, Burke C, Mathewson T. Occupational risk factors for the 
first‐onset and subsequent course of low back trouble. A study of serving police officers. Spine. 1996 
Nov 15;21(22):2612‐20. 

[165]  Burton  AK.  Low  back  pain  in  children  and  adolescents:  to  treat  or  not?  Bull  Hosp  Jt  Dis. 
1996;55(3):127‐9. 

[166]  Duggleby T, Kumar S. Epidemiology of juvenile low back pain: a review. Disabil Rehabil. 1997 
Dec;19(12):505‐12. 

[167]  Louw  QA,  Morris  LD,  Grimmer‐Somers  K.  The  Prevalence  of  low  back  pain  in  Africa:  a 
systematic review. BMC Musculoskelet Disord. 2007 Nov 1;8(1):105. 

[168]  Brage  S,  Sandanger  I,  Nygard  JF.  Emotional  distress  as  a  predictor  for  low  back  disability:  a 
prospective 12‐year population‐based study. Spine. 2007 Jan 15;32(2):269‐74. 

165 
 

[169]  Papageorgiou  AC,  Croft  PR,  Ferry  S,  Jayson  MI,  Silman  AJ.  Estimating  the  prevalence  of  low 
back  pain  in  the  general  population.  Evidence  from  the  South  Manchester  Back  Pain  Survey.  Spine. 
1995 Sep 1;20(17):1889‐94. 

[170]  Vannotti M. [Disabling chronic lumbago: should one be concerned about the couple and the 
family?]. Rev Med Suisse Romande. 1995 Dec;115(12):955‐9. 

[171]  Fanuele JC, Abdu WA, Hanscom B, Weinstein JN. Association between obesity and functional 
status in patients with spine disease. Spine. 2002 Feb 1;27(3):306‐12. 

[172]  Leboeuf‐Yde C, Kyvik KO, Bruun NH. Low back pain and lifestyle. Part II‐‐Obesity. Information 
from a population‐based sample of 29,424 twin subjects. Spine. 1999 Apr 15;24(8):779‐83; discussion 
83‐4. 

[173]  Leboeuf‐Yde C. Body weight and low back pain. A systematic literature review of 56 journal 
articles reporting on 65 epidemiologic studies. Spine. 2000 Jan 15;25(2):226‐37. 

[174]  Fairbank  JC,  Pynsent  PB,  Phillips  H.  Quantitative  measurements  of  joint  mobility  in 
adolescents. Ann Rheum Dis. 1984 Apr;43(2):288‐94. 

[175]  Balague  F,  Bibbo  E,  Melot  C,  Szpalski  M,  Gunzburg  R,  Keller  TS.  The  association  between 
isoinertial  trunk  muscle  performance  and  low  back  pain  in  male  adolescents.  Eur  Spine  J.  2010 
Apr;19(4):624‐32. 

[176]  Mikkelsson  M,  Salminen  JJ,  Kautiainen  H.  Joint  hypermobility  is  not  a  contributing  factor  to 
musculoskeletal pain in pre‐adolescents. J Rheumatol. 1996 Nov;23(11):1963‐7. 

[177]  Jacchia  GE,  Butler  UP,  Innocenti  M,  Capone  A.  Low  back  pain  in  athletes:  pathogenetic 
mechanisms and therapy. Chir Organi Mov. 1994 Jan‐Mar;79(1):47‐53. 

[178]  Lee JH, Hoshino Y, Nakamura K, Kariya Y, Saita K, Ito K. Trunk muscle weakness as a risk factor 
for low back pain. A 5‐year prospective study. Spine. 1999 Jan 1;24(1):54‐7. 

[179]  Sjolie AN, Ljunggren AE. The significance of high lumbar mobility and low lumbar strength for 
current and future low back pain in adolescents. Spine. 2001 Dec 1;26(23):2629‐36. 

[180]  Hamberg‐van Reenen HH, Ariens GA, Blatter BM, van Mechelen W, Bongers PM. A systematic 
review  of  the  relation  between  physical  capacity  and  future  low  back  and  neck/shoulder  pain.  Pain. 
2007 Jan 10. 

166 
 

[181]  Woby  SR,  Watson  PJ,  Roach  NK,  Urmston  M.  Are  changes  in  fear‐avoidance  beliefs, 
catastrophizing,  and  appraisals  of  control,  predictive  of  changes  in  chronic  low  back  pain  and 
disability? Eur J Pain. 2004 Jun;8(3):201‐10. 

[182]  Gomes M. Diversidade e comportamentos juvenis: um estudo dos estilos de vida de jovens de 
origens  étnico‐culturais  diversificadas  em  Portugal.  Revista  Portuguesa  de  Saúde  Pública. 
2001;19(1):41‐64. . 

[183]  Burke  A,  Peper  E.  Cumulative  trauma  disorder  risk  for  children  using  computer  products: 
results  of  a  pilot  investigation  with  a  student  convenience  sample.  Public  Health  Rep.  2002  Jul‐
Aug;117(4):350‐7. 

[184]  Matos  M,  Carvalhosa  S,  Diniz  J.  Factores  associados  à  prática  da  actividade  física  nos 
adolescentes portugueses. Análise Psicológica. 2002;1(XX):57‐66. . 

[185]  Salminen  JJ,  Oksanen  A,  Maki  P,  Pentti  J,  Kujala  UM.  Leisure  time  physical  activity  in  the 
young. Correlation with low‐back pain, spinal mobility and trunk muscle strength in 15‐year‐old school 
children. Int J Sports Med. 1993 Oct;14(7):406‐10. 

[186]  Schmidt‐Olsen  S,  Jorgensen  U,  Kaalund  S,  Sorensen  J.  Injuries  among  young  soccer  players. 
Am J Sports Med. 1991 May‐Jun;19(3):273‐5. 

[187]  Wedderkopp N, Kjaer P, Hestbaek L, Korsholm L, Leboeuf‐Yde C. High‐level physical activity in 
childhood seems to protect against low back pain in early adolescence. Spine J. 2008 May 19. 

[188]  Grimmer  K,  Williams  M.  Gender‐age  environmental  associates  of  adolescent  low  back  pain. 
Appl Ergon. 2000 Aug;31(4):343‐60. 

[189]  Giraldes  M.  Estilos  de  vida  e  nível  sócio‐económico:  o  exemplo  do  consumo  de  tabaco  em 
Portugal. Revista Portuguesa de Saúde Pública. 1996;14(2):69‐76. . 

[190]  Papageorgiou  AC,  Croft  PR,  Thomas  E,  Silman  AJ,  Macfarlane  GJ.  Psychosocial  risks  for  low 
back pain: are these related to work? Ann Rheum Dis. 1998 Aug;57(8):500‐2. 

[191]  Clays E, De Bacquer D, Leynen F, Kornitzer M, Kittel F, De Backer G. Job stress and depression 
symptoms in middle‐aged workers‐‐prospective results from the Belstress study. Scand J Work Environ 
Health. 2007 Aug;33(4):252‐9. 

[192]  Croft PR, Macfarlane GJ, Papageorgiou AC, Thomas E, Silman AJ. Outcome of low back pain in 
general practice: a prospective study. Bmj. 1998 May 2;316(7141):1356‐9. 

167 
 

[193]  Clays E, De Bacquer D, Leynen F, Kornitzer M, Kittel F, De Backer G. Long‐term changes in the 
perception  of  job  characteristics:  results  from  the  Belstress  II‐‐study.  J  Occup  Health.  2006 
Sep;48(5):339‐46. 

[194]  Linton SJ. Do psychological factors increase the risk for back pain in the general population in 
both a cross‐sectional and prospective analysis? Eur J Pain. 2005 Aug;9(4):355‐61. 

[195]  Linton SJ, Gross D, Schultz IZ, Main C, Cote P, Pransky G, et al. Prognosis and the identification 
of workers risking disability: research issues and directions for future research. J Occup Rehabil. 2005 
Dec;15(4):459‐74. 

[196]  Egger  HL,  Costello  EJ,  Erkanli  A,  Angold  A.  Somatic  complaints  and  psychopathology  in 
children  and  adolescents:  stomach  aches,  musculoskeletal  pains,  and  headaches.  J  Am  Acad  Child 
Adolesc Psychiatry. 1999 Jul;38(7):852‐60. 

[197]  Linton  SJ.  A  review  of  psychological  risk  factors  in  back  and  neck  pain.  Spine.  2000  May 
1;25(9):1148‐56. 

[198]  Pincus T, Vlaeyen JW, Kendall NA, Von Korff MR, Kalauokalani DA, Reis S. Cognitive‐behavioral 
therapy  and  psychosocial  factors  in  low  back  pain:  directions  for  the  future.  Spine.  2002  Mar 
1;27(5):E133‐8. 

[199]  Coste  J,  Paolaggi  JB,  Spira  A.  Classification  of  nonspecific  low  back  pain.  I.  Psychological 
involvement in low back pain. A clinical, descriptive approach. Spine. 1992 Sep;17(9):1028‐37. 

[200]  Burton  AK,  Tillotson  KM, Main  CJ,  Hollis  S. Psychosocial  predictors  of  outcome  in  acute  and 
subchronic low back trouble. Spine. 1995 Mar 15;20(6):722‐8. 

[201]  Gatchel  RJ,  Polatin  PB,  Mayer  TG.  The  dominant  role  of  psychosocial  risk  factors  in  the 
development of chronic low back pain disability. Spine. 1995 Dec 15;20(24):2702‐9. 

[202]  Harma  AM,  Kaltiala‐Heino  R,  Rimpela  M,  Rantanen  P.  Are  adolescents  with  frequent  pain 
symptoms more depressed? Scand J Prim Health Care. 2002 Jun;20(2):92‐6. 

[203]  Croft PR, Papageorgiou AC, Ferry S, Thomas E, Jayson MI, Silman AJ. Psychologic distress and 
low  back  pain.  Evidence  from  a  prospective  study  in  the  general  population.  Spine.  1995  Dec 
15;20(24):2731‐7. 

[204]  Pincus  T,  Burton  AK,  Vogel  S,  Field  AP.  A  systematic  review  of  psychological  factors  as 
predictors  of  chronicity/disability  in  prospective  cohorts  of  low  back  pain.  Spine.  2002  Mar 
1;27(5):E109‐20. 

168 
 

[205]  Laborde  JM.  Cognitive‐behavioral  techniques  in  the  treatment  of  chronic  low  back  pain: 
preliminary results. J South Orthop Assoc. 1998 Summer;7(2):81‐5. 

[206]  Nickel R, Egle UT, Hardt J. Are childhood adversities relevant in patients with chronic low back 
pain? Eur J Pain. 2002;6(3):221‐8. 

[207]  Cyrulnik  B.  Resiliência,  essa  inaudita  capacidade  de  construção  humana.  1  ed:  Almada: 
Instituto Piaget 2001. 

[208]  Tsuboi H, Takeuchi K, Watanabe M, Hori R, Kobayashi F. Psychosocial factors related to low 
back pain among school personnel in Nagoya, Japan. Ind Health. 2002 Jul;40(3):266‐71. 

[209]  Veiga F. Transgressão e autoconceito dos jovens na escola 2ª ed. Lisboa: Fim de Século. 1996. 

[210]  Burns R. Self‐concept development and education: London: Dorset Press. 1982. 

[211]  Wylie  R.  The  self‐concept:  A  review  of  methodological  considerations  and  measuring 
instruments 2nd ed: Lincoln: University of Nebraska Press. 1974. 

[212]  L’Écuyer R. El concepto de si mismo. Barcelona: Oikos‐Tau. 1985. 

[213]  Rosenberg M. Conceiving the self. : New York: Basic Books. 1979. 

[214]  Fitzgerald  JM.  Adolescence  depression  and  self‐concept.  Constructing  developmentally 


appropriate models of depression in young people. . Incite: The Mental Health Journal of New Zealand. 
2002 2002;1(3):19‐26. 

[215]  Fitzgerald  JM,  Richardson  H.  Use  of  the  reasons  for  depression  questionnaire  with 
adolescents. J Clin Psychol. 2002 Sep;58(9):1045‐56. 

[216]  Strauss  RS,  Rodzilsky  D,  Burack  G,  Colin  M.  Psychosocial  correlates  of  physical  activity  in 
healthy children. Arch Pediatr Adolesc Med. 2001 Aug;155(8):897‐902. 

[217]  Veiga  F.  Autoconceito  e  disrupção  escolar  dos  jovens:  Conceptualização,  avaliação  e 
diferenciação. Lisboa: Lisboa; 1991. 

[218]  Veiga  F.  Disciplina  maternal,  autoconceito  e  rendimento  escolar.  .  Cadernos  de  Consulta 
Psicológica: Família e desenvolvimento humano. 1988 1988;4:47 ‐ 56. 

[219]  Veiga  F.  Escala  de  autoconceito:  Adaptação  portuguesa  do  “Piers‐Harris  Children’s  Self‐
Concept Scale”. . Psicologia. 1989;VII(3):275‐84. 

169 
 

[220]  Richman  C,  Brown,  K.  &  Clark,  M.  .  The  relationship  between  self‐esteem  and  maladaptive 
behaviours in high school students. Social Behavior & Personality. 1984 1984;12:177‐85. 

[221]  Richman CL, Clark ML, Brown KP. General and specific self‐esteem in late adolescent students: 
race x gender x SES effects. Adolescence. 1985 Fall;20(79):556‐66. 

[222]  Hare B. Racial and socioeconomic variations in preadolescents area‐specific and general self‐
esteem. International Journal of Intercultural Relations. 1977 1977;1:31‐51. 

[223]  Fu  V,  Hinkle,  D.,  &  Korsslund,  M.  A  developmental  study  of  ethnic  self‐concept  among 
preadolescents. Journal of Genetic Psychology. 1983 1983;142:67‐73. 

[224]  Olowu  A.  The  effects  of  social  class  differences  on  the  self‐concepts  of  some  Nigerian 
adolescents. Social Behavior & Personality. 1986 1986;14:171‐5. 

[225]  Buri  J,  Kirchner,  P.,  &  Walsh,  J.  Familial  correlates  of  self‐esteem  in  young  American  adults. 
Journal of Social Psychology. 1987 1987;127:583‐8. 

[226]  Spurlock  J.  Development  of  self‐concept  in  Afro‐American  children.  Hosp  Community 
Psychiatry. 1986 Jan;37(1):66‐70. 

[227]  Leboeuf‐Yde C. Does smoking cause low back pain? A review of the epidemiologic literature 
for causality. J Manipulative Physiol Ther. 1995 May;18(4):237‐43. 

[228]  Leboeuf‐Yde C, Kyvik KO, Bruun NH. Low back pain and lifestyle. Part I: Smoking. Information 
from a population‐based sample of 29,424 twins. Spine. 1998 Oct 15;23(20):2207‐13; discussion 14. 

[229]  Shiri  R,  Karppinen  J,  Leino‐Arjas  P,  Solovieva  S,  Viikari‐Juntura  E.  The  association  between 
smoking and low back pain: a meta‐analysis. Am J Med. 2010 Jan;123(1):87 e7‐35. 

[230]  Instituto  Nacional  de  Estatística  IP,  Instituto  Nacional  de  Saúde  Doutor  Ricardo  Jorge  IP. 
Inquérito Nacional de Saúde 2005‐2006.  2009. 

[231]  Macedo  M,  Precioso  J.  Evolução  da  epidemia  tabágica  em  adolescentes  portugueses 
escolarizados  e  vias  para  o  seu  controlo  –  Uma  análise  baseada  nos  dados  do  Health  Behaviour  in 
School – Aged Children (HBSC). Revista Portuguesa de Pneumologia. 2006;12(5):525‐38. 

[232]  Leboeuf‐Yde  C.  Smoking  and  low  back  pain.  A  systematic  literature  review  of  41  journal 
articles reporting 47 epidemiologic studies. Spine. 1999 Jul 15;24(14):1463‐70. 

[233]  Vogt  MT,  Hanscom  B,  Lauerman  WC,  Kang  JD.  Influence  of  smoking  on  the  health  status  of 
spinal patients: the National Spine Network database. Spine. 2002 Feb 1;27(3):313‐9. 

170 
 

[234]  Cox JM, Trier KK. Exercise and smoking habits in patients with and without low back and leg 
pain. J Manipulative Physiol Ther. 1987 Oct;10(5):239‐45. 

[235]  Kelsey  JL.  An  epidemiological  study  of  the  relationship  between  occupations  and  acute 
herniated lumbar intervertebral discs. Int J Epidemiol. 1975 Sep;4(3):197‐205. 

[236]  Daniell HW. Osteoporosis of the slender smoker. Vertebral compression fractures and loss of 
metacarpal  cortex  in  relation  to  postmenopausal  cigarette  smoking  and  lack  of  obesity.  Arch  Intern 
Med. 1976 Mar;136(3):298‐304. 

[237]  Hopper JL, Seeman E. The bone density of female twins discordant for tobacco use. N Engl J 
Med. 1994 Feb 10;330(6):387‐92. 

[238]  Nguyen T, Kelly, P., Sambrook, P., Gilbert, C., Pocock, N., & Eisman, J. . Lifestyle factors and 
bone  mineral  density  in  the  elderly:  Implications  for  osteoporosis  prevention.  .  J  Bone  Mineral  Res. 
1994 1994;9:1339‐46. 

[239]  Ortego‐Centeno  N,  Munoz‐Torres  M,  Hernandez‐Quero  J,  Jurado‐Duce  A,  de  la  Higuera 
Torres‐Puchol  J.  Bone  mineral  density,  sex  steroids,  and  mineral  metabolism  in  premenopausal 
smokers. Calcif Tissue Int. 1994 Dec;55(6):403‐7. 

[240]  Valimaki  MJ,  Karkkainen  M,  Lamberg‐Allardt  C,  Laitinen  K,  Alhava  E,  Heikkinen  J,  et  al. 
Exercise,  smoking,  and  calcium  intake  during  adolescence  and  early  adulthood  as  determinants  of 
peak bone mass. Cardiovascular Risk in Young Finns Study Group. Bmj. 1994 Jul 23;309(6949):230‐5. 

[241]  Jayson  MI,  Keegan  A,  Million  R,  Tomlinson  I.  A  fibrinolytic  defect  in  chronic  back  pain 
syndromes. Lancet. 1984 Nov 24;2(8413):1186‐7. 

[242]  Kelsey  JL,  Githens  PB,  O'Conner  T,  Weil  U,  Calogero  JA,  Holford  TR,  et  al.  Acute  prolapsed 
lumbar intervertebral disc. An epidemiologic study with special reference to driving automobiles and 
cigarette smoking. Spine. 1984 Sep;9(6):608‐13. 

[243]  Frymoyer JW, Pope MH, Costanza MC, Rosen JC, Goggin JE, Wilder DG. Epidemiologic studies 
of low‐back pain. Spine. 1980 Sep‐Oct;5(5):419‐23. 

[244]  Holm S, Nachemson A. Nutrition of the intervertebral disc: acute effects of cigarette smoking. 
An experimental animal study. Ups J Med Sci. 1988;93(1):91‐9. 

[245]  Battie  MC,  Videman  T,  Gill  K,  Moneta  GB,  Nyman  R,  Kaprio  J,  et  al.  1991  Volvo  Award  in 
clinical  sciences.  Smoking  and  lumbar  intervertebral  disc  degeneration:  an  MRI  study  of  identical 
twins. Spine. 1991 Sep;16(9):1015‐21. 

171 
 

[246]  Hambly MF, Mooney V. Effect of smoking and pulsed electromagnetic fields on intradiscal pH 
in rabbits. Spine. 1992 Jun;17(6 Suppl):S83‐5. 

[247]  Ernst E. Smoking, a cause of back trouble? Br J Rheumatol. 1993 Mar;32(3):239‐42. 

[248]  Ernst E. Smoking and back pain. Ann Rheum Dis. 1991 Sep;50(9):658. 

[249]  Ernst  E,  Matrai  A.  Abstention  from  chronic  cigarette  smoking  normalizes  blood  rheology. 
Atherosclerosis. 1987 Mar;64(1):75‐7. 

[250]  Kauppila  LI,  Penttila  A,  Karhunen  PJ,  Lalu  K,  Hannikainen  P.  Lumbar  disc  degeneration  and 
atherosclerosis of the abdominal aorta. Spine. 1994 Apr 15;19(8):923‐9. 

[251]  Kauppila  LI.  Can  low‐back  pain  be  due  to  lumbar‐artery  disease?  Lancet.  1995  Sep 
30;346(8979):888‐9. 

[252]  Fogelholm RR, Alho AV. Smoking and intervertebral disc degeneration. Med Hypotheses. 2001 
Apr;56(4):537‐9. 

[253]  Iwahashi  M,  Matsuzaki  H,  Tokuhashi  Y,  Wakabayashi  K,  Uematsu  Y.  Mechanism  of 
intervertebral disc degeneration caused by nicotine in rabbits to explicate intervertebral disc disorders 
caused by smoking. Spine. 2002 Jul 1;27(13):1396‐401. 

[254]  Kauppila  LI.  Low  back  pain.  Consider  compromised  blood  supply.  Bmj.  1993  May 
8;306(6887):1267. 

[255]  Kauppila  LI.  [Prolonged  low  back  pain‐‐a  sign  of  poor  circulation?].  Duodecim. 
1993;109(21):1929‐33. 

[256]  Martini  S,  Wagner  FA,  Anthony  JC.  The  association  of  tobacco  smoking  and  depression  in 
adolescence: evidence from the United States. Subst Use Misuse. 2002;37(14):1853‐67. 

[257]  Murphy JM, Horton NJ, Monson RR, Laird NM, Sobol AM, Leighton AH. Cigarette smoking in 
relation  to  depression:  historical  trends  from  the  Stirling  County  Study.  Am  J  Psychiatry.  2003 
Sep;160(9):1663‐9. 

[258]  Siqueira L, Diab M, Bodian C, Rolnitzky L. Adolescents becoming smokers: the roles of stress 
and coping methods. J Adolesc Health. 2000 Dec;27(6):399‐408. 

[259]  Snow PC, Bruce DD. Cigarette smoking in teenage girls: exploring the role of peer reputations, 
self‐concept and coping. Health Educ Res. 2003 Aug;18(4):439‐52. 

172 
 

[260]  Sussman S, Dent CW, McAdams LA, Stacy AW, Burton D, Flay BR. Group self‐identification and 
adolescent cigarette smoking: a 1‐year prospective study. J Abnorm Psychol. 1994 Aug;103(3):576‐80. 

[261]  Assanelli  D,  Donato  F,  Marconi  M,  Corsini  C,  Tonini  G,  Bonvini  L,  et  al.  Smoking  habits  and 
sporting activity among adolescents in north Italy. Rev Epidemiol Sante Publique. 1991;39(5):457‐65. 

[262]  Donato F, Assanelli D, Chiesa R, Poeta ML, Tomasoni V, Turla C. Cigarette smoking and sports 
participation  in  adolescents:  a  cross‐sectional  survey  among  high  school  students  in  Italy.  Subst  Use 
Misuse. 1997 Sep;32(11):1555‐72. 

[263]  Bergamaschi  A,  Morri  M,  Resi  D,  Zanetti  F,  Stampi  S.  Tobacco  consumption  and  sports 
participation: a survey among university students in northern Italy. Ann Ig. 2002 Sep‐Oct;14(5):435‐42. 

[264]  Pope MH, Goh KL, Magnusson ML. Spine ergonomics. Annu Rev Biomed Eng. 2002;4:49‐68. 

[265]  Burton AK, Sandover J. Back pain in Grand Prix drivers: a 'found' experiment. Appl Ergon. 1987 
Mar;18(1):3‐8. 

[266]  Burton  AK,  Symonds  TL,  Zinzen  E,  Tillotson  KM,  Caboor  D,  Van  Roy  P,  et  al.  Is  ergonomic 
intervention  alone  sufficient  to  limit  musculoskeletal  problems  in  nurses?  Occup  Med  (Lond).  1997 
Jan;47(1):25‐32. 

[267]  Negrini S, Carabalona R, Sibilla P. Backpack as a daily load for schoolchildren. Lancet. 1999 Dec 
4;354(9194):1974. 

[268]  Koskelo R, Vuorikari K, Hanninen O. Sitting and standing postures are corrected by adjustable 
furniture with lowered muscle tension in high‐school students. Ergonomics. 2007 Oct;50(10):1643‐56. 

[269]  Jones M, Stratton G, Reilly T, Unnithan V. The efficacy of exercise as an intervention to treat 
recurrent nonspecific low back pain in adolescents. Pediatr Exerc Sci. 2007 Aug;19(3):349‐59. 

[270]  Jones  MA,  Stratton  G,  Reilly  T,  Unnithan  VB.  Recurrent  non‐specific  low‐back  pain  in 
adolescents: the role of exercise. Ergonomics. 2007 Oct;50(10):1680‐8. 

[271]  Harrison DD, Harrison SO, Croft AC, Harrison DE, Troyanovich SJ. Sitting biomechanics part I: 
review of the literature. J Manipulative Physiol Ther. 1999 Nov‐Dec;22(9):594‐609. 

[272]  Hakala PT, Rimpela AH, Saarni LA, Salminen JJ. Frequent computer‐related activities increase 
the risk of neck‐shoulder and low back pain in adolescents. Eur J Public Health. 2006 Oct;16(5):536‐41. 

[273]  Saarni L, Nygard CH, Kaukiainen A, Rimpela A. Are the desks and chairs at school appropriate? 
Ergonomics. 2007 Oct;50(10):1561‐70. 

173 
 

[274]  Saarni  LA, Rimpela  AH, Nummi  TH,  Kaukiainen A,  Salminen  JJ, Nygard CH.  Do  ergonomically 
designed  school  workstations  decrease  musculoskeletal  symptoms  in  children?  A  26‐month 
prospective follow‐up study. Appl Ergon. 2009 May;40(3):491‐9. 

[275]  Nachemson A. Towards a better understanding of low‐back pain: a review of the mechanics of 
the lumbar disc. Rheumatol Rehabil. 1975 Aug;14(3):129‐43. 

[276]  Erkintalo  M.  Early  degenerative  changes  of  lumbar  spine.  In:  Troussier  B  PXe,  ed.  Le  dos  de 
l’enfant et de l’adolescent et la prévention des lombalgies. Paris: Masson 1999:49‐53. 

[277]  Erkintalo  MO,  Salminen  JJ,  Alanen  AM,  Paajanen  HE,  Kormano  MJ.  Development  of 
degenerative changes in the lumbar intervertebral disk: results of a prospective MR imaging study in 
adolescents with and without low‐back pain. Radiology. 1995 Aug;196(2):529‐33. 

[278]  Kujala  UM,  Erkintalo  MO,  Taimela  S,  Salminen  JJ,  Kaprio  J.  Role  of  acute  injury  during 
adolescent  growth  spurt  in  development  of  lumbar  spine  abnormalities.  Lancet.  1994  Oct 
8;344(8928):1020. 

[279]  Paajanen H, Erkintalo M, Kuusela T, Dahlstrom S, Kormano M. Magnetic resonance study of 
disc degeneration in young low‐back pain patients. Spine. 1989 Sep;14(9):982‐5. 

[280]  Salminen  JJ,  Erkintalo‐Tertti  MO,  Paajanen  HE.  Magnetic  resonance  imaging  findings  of 
lumbar  spine  in  the  young:  correlation  with  leisure  time  physical  activity,  spinal  mobility,  and  trunk 
muscle  strength  in  15‐year‐old  pupils  with  or  without  low‐back  pain.  J  Spinal  Disord.  1993 
Oct;6(5):386‐91. 

[281]  Lord  MJ,  Small  JM,  Dinsay  JM,  Watkins  RG.  Lumbar  lordosis.  Effects  of  sitting  and  standing. 
Spine. 1997 Nov 1;22(21):2571‐4. 

[282]  Williams MM, Hawley JA, McKenzie RA, van Wijmen PM. A comparison of the effects of two 
sitting postures on back and referred pain. Spine (Phila Pa 1976). 1991 Oct;16(10):1185‐91. 

[283]  Linton  SJ,  Hellsing  AL,  Halme  T,  Akerstedt  K.  The  effects  of  ergonomically  designed  school 
furniture on pupils' attitudes, symptoms and behaviour. Appl Ergon. 1994 Oct;25(5):299‐304. 

[284]  Milanese  S,  Grimmer  K.  School  furniture  and  the  user  population:  an  anthropometric 
perspective. Ergonomics. 2004 Mar 15;47(4):416‐26. 

[285]  Balague F, Nordin M, Dutoit G, Waldburger M. Primary prevention, education, and low back 
pain among school children. Bull Hosp Jt Dis. 1996;55(3):130‐4. 

174 
 

[286]  Cardon  G,  De  Clercq  D,  De  Bourdeaudhuij  I.  Effects  of  back  care  education  in  elementary 
schoolchildren. Acta Paediatr. 2000 Aug;89(8):1010‐7. 

[287]  Cardon  GM,  De  Clercq  DL,  De  Bourdeaudhuij  IM.  Back  education  efficacy  in  elementary 
schoolchildren: a 1‐year follow‐up study. Spine. 2002 Feb 1;27(3):299‐305. 

[288]  Geldhof  E,  Cardon  G,  De  Bourdeaudhuij  I,  Danneels  L,  Coorevits  P,  Vanderstraeten  G,  et  al. 
Effects  of  back  posture  education  on  elementary  schoolchildren's  back  function.  Eur  Spine  J.  2007 
Jun;16(6):829‐39. 

[289]  Geldhof E, Cardon G, De Bourdeaudhuij I, De Clercq D. Back posture education in elementary 
schoolchildren: a 2‐year follow‐up study. Eur Spine J. 2007 Jun;16(6):841‐50. 

[290]  Linton SJ, van Tulder MW. Preventive interventions for back and neck pain problems: what is 
the evidence? Spine. 2001 Apr 1;26(7):778‐87. 

[291]  Negrini S, Negrini A. Postural effects of symmetrical and asymmetrical loads on the spines of 
schoolchildren. Scoliosis. 2007;2:8. 

[292]  Negrini  S,  Politano  E,  Carabalona  R,  Tartarotti  L,  Marchetti  ML.  The  backpack  load  in 
schoolchildren:  clinical  and  social  importance,  and  efficacy  of  a  community‐based  educational 
intervention. A prospective controlled cohort study. Eura Medicophys. 2004 Sep;40(3):185‐90. 

[293]  Guyer RL. Backpack = back pain. Am J Public Health. 2001 Jan;91(1):16‐9. 

[294]  Iyer SR. Schoolchildren and backpacks. J Sch Health. 2001 Mar;71(3):88. 

[295]  Pascoe  DD,  Pascoe  DE, Wang  YT, Shim DM, Kim  CK.  Influence  of carrying  book  bags  on gait 
cycle and posture of youths. Ergonomics. 1997 Jun;40(6):631‐41. 

[296]  Wang  Y,  Pascoe  DD,  Weimar  W.  Evaluation  of  book  backpack  load  during  walking. 
Ergonomics. 2001 Jul 15;44(9):858‐69. 

[297]  Chansirinukor  W,  Wilson  D,  Grimmer  K,  Dansie  B.  Effects  of  backpacks  on  students: 
measurement of cervical and shoulder posture. Aust J Physiother. 2001;47(2):110‐6. 

[298]  Grimmer  KA,  Williams  MT,  Gill  TK.  The  associations  between  adolescent  head‐on‐neck 
posture, backpack weight, and anthropometric features. Spine. 1999 Nov 1;24(21):2262‐7. 

[299]  Cavaca A. Dor, 5º Sinal Vital. Boletim do Hospital Pulido Valente. 2007;Nº 20(1):33‐7. 

[300]  Rico T, Barbosa A. Dor: Do neurónio à pessoa. 1 ed. Lisboa: Permanyer Portugal. 1995. 

175 
 

[301]  Diamond A, Coniam S. Controlo da dor. Lisboa: Climepsi Editores. 1994. 

[302]  Melzack R. Recent concepts of pain. J Med. 1982;13(3):147‐60. 

[303]  Melzack R, Wall P. O Desafio da dor. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian 1982. 

[304]  McCaffery  M.  Giving  meperidine  for  pain:  should  it  be  so  mechanical?  Nursing.  1987 
Apr;17(4):60‐4. 

[305]  Lackner  JM,  Carosella  AM.  The  relative  influence  of  perceived  pain  control,  anxiety,  and 
functional self efficacy on spinal function among patients with chronic low back pain. Spine (Phila Pa 
1976). 1999 Nov 1;24(21):2254‐60; discussion 60‐1. 

[306]  Salminen J. Recurrent low back pain in the young. In: Troussier B PXe, ed. Le dos de l’enfant et 
de l’adolescent et la prévention des lombalgies. Paris: Masson 1999:41‐8. 

[307]  da Silva RA, Jr., Arsenault AB, Gravel D, Lariviere C, de Oliveira E, Jr. Back muscle strength and 
fatigue in healthy and chronic low back pain subjects: a comparative study of 3 assessment protocols. 
Arch Phys Med Rehabil. 2005 Apr;86(4):722‐9. 

[308]  Mausner  J,  Banh  S.  Introdução  à  epidemiologia.  2ª  Edição  ed.  Lisboa:  Fundação  Calouste 
Gulbenkian 1999. 

[309]  Cole  TJ,  Bellizzi  MC,  Flegal  KM,  Dietz  WH.  Establishing  a  standard  definition  for  child 
overweight and obesity worldwide: international survey. Bmj. 2000 May 6;320(7244):1240‐3. 

[310]  Mirwald  RL,  Baxter‐Jones  AD,  Bailey  DA,  Beunen  GP.  An  assessment  of  maturity  from 
anthropometric measurements. Med Sci Sports Exerc. 2002 Apr;34(4):689‐94. 

[311]  Kisner  C,  Colby  L.  Exercícios  Terapêuticos:  Fundamentos  e  Técnicas  3ª  edição  ed:  Editora 
Manole Lda. Brasil. 1998. 

[312]  McGill SM, Childs A, Liebenson C. Endurance times for low back stabilization exercises: clinical 
targets for testing and training from a normal database. Arch Phys Med Rehabil. 1999 Aug;80(8):941‐4. 

[313]  Burton AK, Tillotson KM, Troup JD. Variation in lumbar sagittal mobility with low‐back trouble. 
Spine. 1989 Jun;14(6):584‐90. 

[314]  Fragoso  I,  Vieira  F.  Morfologia  e  Crescimento.  Lisboa:  Faculdade  de  Motricidade  Humana  ‐ 
Edições 2000. 

[315]  Pope  MH,  Bevins  T,  Wilder  DG,  Frymoyer  JW.  The  relationship  between  anthropometric, 
postural, muscular, and mobility characteristics of males ages 18‐55. Spine. 1985 Sep;10(7):644‐8. 

176 
 

[316]  Biering‐Sorensen F. Physical measurements as risk indicators for low‐back trouble over a one‐
year period. Spine. 1984 Mar;9(2):106‐19. 

[317]  Tanner JM. Growth as a monitor of nutritional status. Proc Nutr Soc. 1976 Dec;35(3):315‐22. 

[318]  Tanner  JM,  Cameron  N.  Investigation  of  the  mid‐growth  spurt  in  height,  weight  and  limb 
circumferences  in  single‐year  velocity  data  from  the  London,  1966‐67 growth  survey.  Ann  Hum Biol. 
1980 Nov‐Dec;7(6):565‐77. 

[319]  Tanner JM, Whitehouse RH, Marubini E, Resele LF. The adolescent growth spurt of boys and 
girls of the Harpenden growth study. Ann Hum Biol. 1976 Mar;3(2):109‐26. 

[320]  Sherar  LB,  Baxter‐Jones  AD,  Mirwald  RL.  The  relationship  between  body  composition  and 
onset of menarche. Ann Hum Biol. 2007 Nov‐Dec;34(6):673‐7. 

[321]  Sherar  LB,  Baxter‐Jones  AD,  Mirwald  RL.  Limitations  to  the  use  of  secondary  sex 
characteristics for gender comparisons. Ann Hum Biol. 2004 Sep‐Oct;31(5):586‐93. 

[322]  Malina RM, Bouchard C, Bar‐Or O. Growth, Maturation, and Physical Activity. 2nd ed: Human 
Kinetics 2004. 

[323]  Pfingsten M, Hildebrandt J, Saur P, Franz C, Seeger D. [Multidisciplinary treatment program on 
chronic low back pain, part 4. Prognosis of treatment outcome and final conclusions]. Schmerz. 1997 
Feb 25;11(1):30‐41. 

[324]  Saur PM, Ensink FB, Frese K, Seeger D, Hildebrandt J. Lumbar range of motion: reliability and 
validity of the inclinometer technique in the clinical measurement of trunk flexibility. Spine. 1996 Jun 
1;21(11):1332‐8. 

[325]  Saur PM, Pfingsten M, Ensink FB, Heinemann R, Koch D, Seeger D, et al. [Interrater studies of 
evaluating the reliability of somatic findings]. Rehabilitation (Stuttg). 1996 Aug;35(3):150‐60. 

[326]  Ensink  FB, Saur  PM,  Frese K,  Seeger  D,  Hildebrandt  J.  Lumbar  range  of  motion:  influence  of 
time of day and individual factors on measurements. Spine. 1996 Jun 1;21(11):1339‐43. 

[327]  Jackson  A,  Baker  A.  The  relationship  of  the  sit  and  reach  test  to  criterion  measures  of 
hamstring and back flexibility in young females. Res Q Exerc Sport 1986 1986;57:183–6. 

[328]  Gajdosik RL, Bohannon RW. Clinical measurement of range of motion. Review of goniometry 
emphasizing reliability and validity. Phys Ther. 1987 Dec;67(12):1867‐72. 

[329]  Wing P, Tsang I, Gagnon F, Susak L, Gagnon R. Diurnal changes in the profile shape and range 
of motion of the back. Spine. 1992 Jul;17(7):761‐6. 

177 
 

[330]  Jones  MA,  Stratton  G,  Reilly  T,  Unnithan  VB.  Measurement  error  associated  with  spinal 
mobility measures in children with and without low‐back pain. Acta Paediatr. 2002;91(12):1339‐43. 

[331]  Burdett  RG,  Brown  KE,  Fall  MP.  Reliability  and  validity  of  four  instruments  for  measuring 
lumbar spine and pelvic positions. Phys Ther. 1986 May;66(5):677‐84. 

[332]  Miller  SA,  Mayer  T,  Cox  R,  Gatchel  RJ.  Reliability  problems  associated  with  the  modified 
Schober technique for true lumbar flexion measurement. Spine. 1992 Mar;17(3):345‐8. 

[333]  Gajdosik R, Lusin G. Hamstring muscle tightness. Reliability of an active‐knee‐extension test. 
Phys Ther. 1983 Jul;63(7):1085‐90. 

[334]  Fredriksen  H, Dagfinrud  H,  Jacobsen  V, Maehlum S.  Passive  knee  extension  test  to measure 
hamstring muscle tightness. Scand J Med Sci Sports. 1997 Oct;7(5):279‐82. 

[335]  Gajdosik  RL,  Hatcher  CK,  Whitsell  S.  Influence  of  short  hamstring  muscles  on  the  pelvis  and 
lumbar spine in standing and during the toe‐touch test Clinical Biomechanics. 1992;7:38‐42. 

[336]  Mayer  TG, Smith  SS,  Keeley J,  Mooney V. Quantification  of  lumbar  function.  Part 2: Sagittal 
plane trunk strength in chronic low‐back pain patients. Spine. 1985 Oct;10(8):765‐72. 

[337]  Mayer  TG,  Smith  SS, Keeley J,  Mooney  V. Quantification  of  Lumbar  Function.  Part2: Sagittal 
Plane Trunk Strength in Chronic Low‐Back Pain Patients. Spine. 1985;10(8):765‐72. 

[338]  Balagué  F,  Damidot  P,  Nordin  M,  Parnianpour  M,  Waldburger  M.  Cross‐Sectional  Study  of 
Isokinetic Muscle Trunk Strength Among School Children. Spine. 1993;18(9):1199‐205. 

[339]  Vital E, Melo MJ, Nascimento AI, Roque AL. Endurance Times for the Trunk Muscles in a Young 
Population:  a  sample  distribution  data  and  reliability  at  one  month  interval  (artigo  submetido). 
European Spine Journal. 

[340]  Hyytiainen  K,  Salminen  JJ,  Suvitie  T,  Wickstrom  G,  Pentti  J.  Reproducibility  of  nine  tests  to 
measure spinal mobility and trunk muscle strength. Scand J Rehabil Med. 1991;23(1):3‐10. 

[341]  Jette AM, Assmann SF, Rooks D, Harris BA, Crawford S. Interrelationships among disablement 
concepts. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 1998 Sep;53(5):M395‐404. 

[342]  Yoon YS, Hur YM. Twins have slightly higher self‐concepts than singletons in the elementary 
school period: A study of South Korean twins and singletons. Twin Res Hum Genet. 2006 Apr;9(2):233‐
9. 

[343]  Readdick  CA,  Schaller  GR.  Summer  camp  and  self‐esteem  of  school‐age  inner‐city  children. 
Percept Mot Skills. 2005 Aug;101(1):121‐30. 

178 
 

[344]  Hur YM. Genetic and environmental influences on self‐concept in female preadolescent twins: 
comparison of Minnesota and Seoul data. Twin Res Hum Genet. 2005 Aug;8(4):291‐9. 

[345]  Hur YM, McGue M, Iacono WG. The structure of self‐concept in female preadolescent twins: a 
behavioral genetic approach. J Pers Soc Psychol. 1998 Apr;74(4):1069‐77. 

[346]  Asci  FH,  Kosar  SN,  Isler  AK.  The  relationship  of  self‐concept  and  perceived  athletic 
competence to physical activity level and gender among Turkish early adolescents. Adolescence. 2001 
Fall;36(143):499‐507. 

[347]  Ho J, Lee A, Kaminsky L, Wirrell E. Self‐concept, attitude toward illness and family functioning 
in adolescents with type 1 diabetes. Paediatr Child Health. 2008 Sep;13(7):600‐4. 

[348]  Waweru  SM,  Reynolds  A,  Buckner  EB.  Perceptions  of  children  with  HIV/AIDS  from  the  USA 
and Kenya: self‐concept and emotional indicators. Pediatr Nurs. 2008 Mar‐Apr;34(2):117‐24. 

[349]  Hamiwka  LD,  Yu  CG,  Hamiwka  LA,  Sherman  EM,  Anderson  B,  Wirrell  E.  Are  children  with 
epilepsy at greater risk for bullying than their peers? Epilepsy Behav. 2009 Aug;15(4):500‐5. 

[350]  Que M, Tao FB, He CY, Zhang LH, Zhu P. [Study on the relationship between mental health and 
overweight, obesity, different sex among junior middle school students]. Zhonghua Liu Xing Bing Xue 
Za Zhi. 2007 May;28(5):460‐3. 

[351]  Kilic BG, Ergur AT, Ocal G. Depression, levels of anxiety and self‐concept in girls with Turner's 
syndrome. J Pediatr Endocrinol Metab. 2005 Nov;18(11):1111‐7. 

[352]  Mouttapa  M,  Weiss  JW,  Hermann  M.  Is  image  everything?  The  role  of  self‐image  in  the 
relationship  between  family  functioning  and  substance  use  among  Hispanic  adolescents.  Subst  Use 
Misuse. 2009;44(5):702‐21. 

[353]  Zanoti‐Jeronymo  DV,  Carvalho  AM.  Self‐concept,  academic  performance  and  behavioral 
evaluation of the children of alcoholic parents. Rev Bras Psiquiatr. 2005 Sep;27(3):233‐6. 

[354]  Hammerberg KW. New concepts on the pathogenesis and classification of spondylolisthesis. 
Spine. 2005 Mar 15;30(6 Suppl):S4‐11. 

[355]  Rousseau C, Drapeau A, Lacroix L, Bagilishya D, Heusch N. Evaluation of a classroom program 
of creative expression workshops for refugee and immigrant children. J Child Psychol Psychiatry. 2005 
Feb;46(2):180‐5. 

[356]  Salminen JJ, Maki P, Oksanen A, Penti J. Spinal Mobility and Trunk Muscle Strength in 15‐Year‐
Old Schoolchildren With and Without Low‐back Pain. Spine. 1992 Apr;17(4):405‐10. 

179 
 

[357]  Zonneveld  LN,  McGrath  PJ,  Reid  GJ,  Sorbi  MJ.  Accuracy  of  children's  pain  memories.  Pain. 
1997 Jul;71(3):297‐302. 

[358]  Bachman JG, O'Malley PM. Self‐esteem in young men: a longitudinal analysis of the impact of 
educational and occupational attainment. J Pers Soc Psychol. 1977 Jun;35(6):365‐80. 

[359]  Balague F. Injections and low back pain: outcome and randomized controlled trials. Bull Hosp 
Jt Dis. 1996;55(4):185‐90. 

[360]  Ebrall P. Motion palpation: it's time to accept the evidence. J Manipulative Physiol Ther. 2000 
Sep;23(7):513‐4. 

[361]  Nissinen  MJ,  Heliovaara  MM,  Seitsamo  JT,  Kononen  MH,  Hurmerinta  KA,  Poussa  MS. 
Development  of  trunk  asymmetry  in  a  cohort  of  children  ages  11  to  22  years.  Spine.  2000  Mar 
1;25(5):570‐4. 
 
 

180 

Vous aimerez peut-être aussi