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Julho de 2011
Resumo
RESUMO
Um dos objectivos deste trabalho consistiu na pesquisa do Estado d’Arte. Nesta pesquisa
achou-se crucial fazer uma breve referência à história dos painéis fotovoltaicos, contextualizar a
energia solar em Portugal e na Europa e referir os estudos recentes nesta área.
O segundo objectivo deste trabalho foi verificar e analisar a eficiência dos conjuntos de
células quando ligados entre si de diversas formas. Nesta análise verificaram-se as várias
configurações possíveis com os 24 módulos (4x6, 6x4, 3x8 e 8x3), sendo escolhida a configuração
4x6 por ser a que mais se adequa ao Setup experimental.
O objectivo fundamental deste trabalho foi o estudo do efeito do sombreamento parcial sob a
potência produzida pelos painéis. Com este estudo foi possível concluir que diversos parâmetros
como a temperatura, uniformidade da radiação e o sombreamento afectam a produção dos módulos.
Por último, foram feitas simulações no Simulink com o objectivo de validar os resultados
práticos do estudo do sombreamento. Dos resultados obtidos, concluiu-se que para os vários tipos
de sombreamento parcial a tendência de variação é quase a mesma em todos os casos. As
diferenças devem-se a limitações/incorrecções na determinação de alguns parâmetros e a factores
como a temperatura que não foi possíveis de controlar.
i
Resumo
ABSTRACT
One of the goals in this work was the research of the State of Art. For this purpose, was
crucial to make a brief reference to the photovoltaic panels history, the context of solar energy in
Portugal and in Europe and refer the recent studies in this area.
The second goal was the verification and analysis of the cell arrays efficiency when
connected together in different ways. In this analysis different possible configurations with the 24
modules (4x6, 6x4, 3x8) were analysed. The 4x6 configuration was the chosen one because is the
most suited to the experimental setup.
The main goal of this work was to study the effects of the partial shadows on the power
produced by the panels. With this study it was concluded that different parameters such as
temperature, uniformity of radiation and shading affect the production of modules.
Finally, Simulink was used in order to validate the results of the practical shading studies.
From the results it was concluded that for the different types of partial shading the trend of variation is
almost the same in all cases. The differences are due to limitations/errors in the determination of
some parameters and factors such as temperature, which were not possible to control.
ii
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
iii
Índice
ÍNDICE
Resumo ................................................................................................................................. i
Abstract ................................................................................................................................ ii
Índice ................................................................................................................................... iv
1. Introdução........................................................................................................................ 1
3.4 Sombreamento......................................................................................................... 11
3.4.1 Sombras 11
Bibliografia ......................................................................................................................... 25
iv
Simbologia e Notações
SIMBOLOGIA E NOTAÇÕES
Abreviaturas e simbologia
CEEETA - Centro de Estudos em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente
Curva I-V - Curva tensão-corrente
DGS - Deutsche Gesellschaft für Sonnenenergie e.V.
DEEC - Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores
FER - Fontes de Energia Renovável
I - Corrente
ICC - Corrente de curto circuito
IEA - International Energy Agency
IEC - International Electrotechnical Commission
IMP - Corrente para a máxima potência
ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão
MIT - Massachusetts Institute of Technology
N - Negativo
P - Positivo
PV – Painéis fotovoltaicos
PMP - Potência máxima de pico
Rs - Series resistance
V - Tensão
VCA - Tensão em circuito aberto
VMP - Tensão para a máxima potência
Símbolos
A - Âmperes
cm - Centímetro(s)
kWh/m2 - Kilowatt-hora por metro quadrado
mA - Miliamperes
mm - Milímetro(s)
m2 - Metro quadrado
MWp - Megawatt–pico
V - Volt(s)
W - Watt(s)
W/m2 - Watt por metro quadrado
o
- Grau(s)
o
C - Grau(s) centígrado(s)
% - Percentagem
Ω - Ohm
v
Índice de Tabelas
vi
Índice de Figuras
ÍNDICE DE FIGURAS
vii
Introdução
1. INTRODUÇÃO
1
Introdução
O Capítulo 2 apresenta o Estado d’Arte em que se insere o tema deste trabalho. Para isto,
achou-se crucial começar por fazer uma breve referência histórica, contextualizar a energia solar
fotovoltaica em Portugal e na Europa e referir os estudos recentes na área abrangida pelo projecto.
No Capítulo 3 pretende-se caracterizar o módulo fotovoltaico utilizado e os diferentes
componentes que integram os módulos e o seu funcionamento, tais como o tipo de células
existentes, os tipos de ligações possíveis de executar, a curva I-V e o sombreamento.
No Capítulo 4 procede-se à descrição do Setup experimental.
No Capítulo 5 é abordado todo o estudo efectuado para a caracterização do módulo e o
estudo do sombreamento, tal como os resultados obtidos.
No Capítulo 6 é abordada a simulação feita no programa Simulink/Matlab, onde se
pretendem validar os resultados obtidos na prática.
Por fim, no Capítulo 7 apresenta-se a discussão dos resultados obtidos ao longo dos
diversos capítulos, quer dos testes de simulação, quer dos testes práticos.
2
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
2. ESTADO D’ARTE
O efeito fotovoltaico foi observado pela primeira vez em 1839 por Alexandre Edmund
Becquerel. Este observou que a tensão que aparecia entre dois eléctrodos imersos num electrólito
dependia da intensidade da luz que incidia sobre eles. O mesmo efeito foi observado mais tarde, por
volta do ano de 1870, por dois inventores norte-americanos, Adams e Day, mas desta vez utilizando
um elemento sólido: o selénio. Só em 1954 é que Chapin, produziu a primeira célula solar
fotovoltaica de silício, aplicando-a como fonte de alimentação de uma rede telefónica (Figura 1). A
partir de então, trabalhou-se na obtenção de um sistema realizável e de longa duração para sistemas
de alimentação de satélites, já que foi no programa espacial norte-americano que a tecnologia
fotovoltaica encontrou a sua principal aplicação: as células fotovoltaicas para satélites [1].
3
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
Tabela 1: Potência instalada em sistemas fotovoltaicos em Portugal nos anos de 2000-2010 [3].
As aplicações fotovoltaicas ligadas à rede eléctrica têm vindo a ganhar cada vez mais
importância, como se pode verificar na tabela anterior. No final de 2010 este tipo de aplicações
representava mais de 90 % do total das instalações fotovoltaicas. Tendo por objectivo fazer um
enquadramento do interesse desta tecnologia para Portugal, é de salientar a seguinte directiva que
veio fortalecer a implantação desta tecnologia: a Directiva 2001/77/CE do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 27 de Setembro de 2001, constituiu um inequívoco reconhecimento por parte da
União Europeia no que se refere à actual prioridade para a produção de energia eléctrica a partir de
Fontes de Energia Renovável (FER) no espaço Europeu [2].
Portugal é um país com escassos recursos energéticos próprios, nomeadamente no que
respeita às fontes de energia mais vulgares, nomeadamente as não-renováveis, uma vez que não
dispõe de poços de petróleo explorados ou depósitos de gás. Esta situação de escassez conduz a
uma elevada dependência energética do exterior, nomeadamente das importações de fontes
primárias de origem fóssil. Deste modo, é necessário aumentar a contribuição das energias
renováveis, tais como a hídrica, eólica, solar, geotérmica, biogás, lenhas e resíduos [4]. No ano de
2010 essa dependência traduziu-se em cerca de 80 % da energia necessária [2]. No entanto, e no
que respeita às fontes de energia renováveis, Portugal tem um enorme potencial que tem vindo a ser
explorado, não só numa óptica de reduzir a dependência energética externa mas também do ponto
de vista ambiental. Esta redução é feita no sentido de estabilizar e/ou diminuir o consumo de
energias que acarretam emissões de gases poluentes. Deste modo pretende-se alcançar os tectos
previstos no protocolo de Quioto, permitindo combater as alterações climáticas. Com efeito, Portugal
apresenta uma elevada exposição solar média anual, o que lhe confere a possibilidade de aproveitar
o potencial energético da luz solar, condições únicas que permitem ao país o aproveitamento de uma
das formas de energia alternativa mais rentável na actualidade [4]. Assim, Portugal encontra-se
numa posição privilegiada não só para compensar o défice natural de fontes de energia não
renováveis mas também para ser pioneiro na diminuição da dependência energética em fontes de
energias não renováveis e poluentes, colocando-se na vanguarda da procura de um
desenvolvimento sustentável [4].
Sabendo que a luz solar varia consoante as condições atmosféricas (existência de nuvens e
poeiras), consoante a estação do ano e com a variação da posição da Terra relativamente ao Sol,
4
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
apenas uma percentagem (cerca de 50 %) da luz solar total recebida na Terra atravessa a
atmosfera, sendo que a restante é reflectida para o espaço ou absorvida pela atmosfera.
No caso particular de Portugal, a energia recebida representa um total anual máximo de
1500 a 1800 KWh/m2 no Inverno e entre 1700 e 2000 KWh/m2 no Verão. É a Norte que a irradiação
recebida é menor e a Sul apresenta valores superiores (Figura 2) [5].
Figura 2: Radiação solar em Portugal no Inverno (Imagem da esquerda) e no Verão (Imagem da direita) [6].
3) [5].
Figura 3: Radiação solar na Alemanha no Inverno e no Verão [Imagem da esquerda] e distribuição global da
irradiação solar em kWh/m² [Imagem da direita] [6].
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O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
Para maximizar o rendimento de uma célula fotovoltaica, a escolha do local para uma
instalação solar é fundamental, já que os níveis de radiação solar e as condições de temperatura são
pontos preponderantes para uma instalação deste tipo. Na Europa existe uma grande diferença entre
os níveis de radiação solar em função da estação do ano, com valores extremos no Verão e Inverno:
1.900 kWh/m² e 700 kWh/m², respectivamente, tal como se observa na Figura anterior [5].
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O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
3. CARACTERIZAÇÃO DE UM MÓDULO
A célula fotovoltaica é a unidade fundamental no processo de conversão da radiação solar
em energia eléctrica. Este processo corresponde à absorção da luz pelo material semicondutor da
célula, onde ocorre a transferência de energia dos fotões para as cargas eléctricas gerando corrente
eléctrica.
Cada célula fotovoltaica tem na sua constituição uma camada fina de material tipo N
(Negativo), normalmente constituída por silício com átomos de fósforo, que tem por função doar
electrões à banda de condução, adquirindo carga negativa. A célula é também constituída por uma
camada mais espessa de material tipo P (Positivo), constituída por silício com átomos de boro,
definindo-se como uma carga positiva.
Na célula, a junção P-N corresponde à união da camada fina de material tipo N com a
camada de maior espessura de material tipo P. Esta, quando em contacto com os fotões
provenientes da incidência da luz recebe energia para os electrões. Com essa energia, os electrões
efectuam as trocas entre as camadas P e N, provocando o que se denomina de corrente eléctrica da
célula (Figura 4) [2].
As trocas de electrões, referidas anteriormente, permitem direccioná-los até às extremidades
da célula, onde são absorvidos pelos terminais (contactos de metal), concentrando a energia.
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O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
Dentro destes tipos de células existentes, neste projecto, os módulos utilizados são
constituídos por células policristalinas. Cada um destes módulos tem 46 mm de largura, 75 mm de
comprimento e uma espessura de 6 mm e, segundo o fabricante, conseguem fornecer uma corrente
de 200 mA para uma tensão de 1 V. Os principais critérios de escolha do módulo passaram por
encontrar o módulo que mais se adequasse aos objectivos estabelecidos no projecto, que
fornecesse dados o mais próximo da realidade e apresentasse um custo que não inviabilizasse a sua
aquisição.
Cada um dos tipos de célula acima referidos poderá ser ligado entre si formando módulos.
Cada módulo pode ser ligado em série, em paralelo ou em ligações mistas, originando painéis
fotovoltaicos (Figura 5).
8
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
A irradiação afecta a corrente produzida uma vez que esta é proporcional à quantidade de
luz incidente (n.º de fotões que entram na célula), ou seja, a corrente aumenta com a área da célula
e com a intensidade da radiação.
Um dos factores com maior influência na eficiência eléctrica é a temperatura. Quanto mais
elevada se encontrar, mais reduzido será o valor de tensão, existindo um pequeno aumento da
o
corrente (Figura 6). Assim, cada aumento de 1 C na temperatura da célula, provoca uma perda de
rendimento na ordem dos 0,5 %, tendência de variação observada na prática [14].
A distribuição espectral da radiação pode provocar uma menor eficiência eléctrica nos
sistemas fotovoltaicos, uma vez que estes só aproveitam a gama visível da radiação solar.
A sujidade tem um efeito similar aos efeitos das sombras, pois não permite que o painel
receba a totalidade da luz incidente, logo a potência debitada será menor.
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O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
10
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
3.4 Sombreamento
3.4.1 Sombras
11
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
Além dos diodos bypass e dos micro-inversores existem outras soluções para minimizar as
sombras, como:
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O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
A instalação de um sistema deste tipo permite aumentar a energia solar captada por
seguidores de 1 eixo em cerca de 27 a 32 % e, para o caso dos de 2 eixos, aumenta em 35 a 40 %.
Os seguidores permitem assim a redução das sombras e consequentemente o aumento da potência
do painel.
Quando uma célula, dentro de um módulo, se encontra total ou parcialmente sombreada, o
output de potência do módulo cairá drasticamente o que, devido às ligações em série, comprometerá
todo o funcionamento das restantes células do mesmo. Para que toda a corrente de um módulo não
seja limitada pelo desempenho da célula sombreada, usa-se um diodo bypass. Como se pode ver
na Figura 9 estes diodos podem ser ligados a cada uma das células (esquema da esquerda) ou em
agrupamentos de células (esquema da direita), e servem como um caminho alternativo para a corrente,
limitando ainda a dissipação de calor na célula sombreada ou defeituosa [18].
Figura 9: Diodo bypass ligado a uma única célula (esquema da esquerda) e ligado a um agrupamento de células
(esquema da direita) [18].
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O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
4. DESCRIÇÃO DO SETUP
Para se realizar este projecto foi necessário proceder à elaboração de um Setup
experimental, com o intuito de garantir uma maior estabilidade e reprodutibilidade das medições,
permitindo obter resultados mais fidedignos na caracterização do módulo e nos ensaios para
validação da simulação.
O Setup é constituído por uma armação em ferro, que serve de apoio aos projectores, uma
caixa de cartão revestida a papel branco com 52 cm de largura, 43 cm de altura e 67 cm de
comprimento, um conjunto de quatro projectores de halogéneo, um conjunto de módulos ligados
entre si (variando de número consoante o objectivo da análise), um multímetro, um sensor de
irradiação, um reóstato e um Wattímetro.
Como anteriormente referido, a fonte luminosa, constituída pelos projectores de halogéneo
(Figura 11), encontra-se montada na armação de ferro. Cada projector tem uma potência de 500 W e
uma tensão de 230 V. Escolheram-se estes projectores como fonte luminosa por possuírem uma
radiação similar à radiação solar e por uma questão de disponibilidade.
A caixa de cartão foi revestida por folhas brancas no seu interior (Figura 10) evitando perdas
de iluminação e reflexão de sombras, uma vez que a cor branca reflecte quase na totalidade a luz
incidente.
14
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
(resistência que pode ter qualquer valor entre 0 Ω e um valor máximo específico, neste caso 16 Ω)
(Figura 11) [20].
Figura 11: Projectores de halogéneo, sensor de irradiação Sunshine Sensor, multímetro, Wattímetro e reóstato.
Na Figura 12 está representada a soldadura efectuada nas ligações dos módulos, tal como o
processo de medição da tensão e corrente dos mesmos, em que, depois do módulo inserido dentro
do Setup, ligaram-se os projectores e posteriormente procedeu-se ao arrefecimento da mesma.
Para determinar qual a melhor configuração a utilizar durante o estudo, foram previamente
estudadas 5 configurações distintas. Definidas como 4x6; 6x4 e 6x4 invertidas, ou seja, com uma
rotação de 90º nos módulos; 3x8 e 3x8 invertida (Figura 13), verificou-se que a primeira era a escolha
mais adequada. Esta decisão foi feita tendo em conta a conformidade dos valores de tensão e
corrente medidas e da disposição do painel dentro do Setup. Esta disposição tem em conta a
centralização dos painéis dentro do espaço, evitando o sobreaquecimento dos módulos e as grandes
variações de irradiação.
Figura 13: Configuração 4x6, 6x4, 6x4 invertido, 3x8 e 3x8 invertido
15
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
temperatura deverá ser constante, no valor de 25 ºC. No entanto, neste caso prático a temperatura,
desde o ligar dos projectores à medição dos valores, atingiu valores próximos dos 47 ºC. Este
aumento afectou principalmente a corrente como se poderá observar nos resultados práticos.
Segundo a Norma IEC 60904-1, para se fazer a caracterização da curva I-V de um módulo,
dever-se-á obedecer a determinados parâmetros como a irradiância (1000 W/m2) e a temperatura
(25 ºC ± 1 ºC). Porém, neste estudo, não foi possível obter estas condições devido à escassez de
material e à falta de tempo para se aperfeiçoar ao máximo o Setup experimental. Quando se
aumentou a irradiância, a temperatura aumentou muito, não se conseguindo uniformizar este
parâmetro em toda a área de teste. Esta desuniformidade, pode ser calculada pela fórmula abaixo
apresentada, presente na Norma IEC 60904-9.
A irradiação não uniforme da área de teste depende das condições de reflexão existentes na
mesma, porém não pode ser feita nenhuma generalização pois a desuniformidade depende de cada
sistema.
Para simular as sombras parciais que ocorrem no dia-a-dia, a irradiação absorvida pelos
módulos fotovoltaicos será alterada com recurso a papel e cartão. Este estudo utiliza este tipo de
material com o intuito de representar, por exemplo, as nuvens dispersas de um dia pouco nublado
(papel) e a sujidade presente nos painéis, como os dejectos de pássaro (cartão).
16
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
5. RESULTADOS PRÁTICOS
Depois de se inserir no Simulink os valores acima referidos, obtiveram-se as curvas I-V para
diferentes irradiâncias (Figura 15).
A curva a vermelho, na figura anterior, representa a curva I-V do módulo sem qualquer
sombra, sendo que neste caso a irradiância absorvida pelo painel é de 560 W/m2. A curva a azul
demonstra o caso para o módulo sombreado com uma folha de papel branca, o que se traduz numa
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O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
diminuição da irradiância absorvida pelo módulo de 560 para 180 W/m2. Por fim, a curva a verde
representa a curva para o módulo sombreado com cartão, obtendo-se uma irradiância de apenas
49 W/m2. Como se pode observar, o sombreamento afecta bastante a eficiência de um módulo.
A tensão de circuito-aberto varia pouco com a radiação incidente, logo a tensão não é muito
afectada com o sombreamento, enquanto que a corrente de curto-circuito varia quase linearmente
com a radiação incidente, sendo assim mais afectada [21]. A partir da observação da Figura 15,
verifica-se um decréscimo de aproximadamente 67 % na corrente, quando sombreado com papel, e
de aproximadamente 89 % quando sombreado com cartão. A tensão decresce apenas 9 % quando o
módulo é sombreado com papel e 18 % com cartão.
De um modo geral, o objectivo da caracterização de um módulo fotovoltaico é verificar a
potência que este é capaz de fornecer, além de detectar defeitos de fabrico, o que não se aferiu.
Com a análise da curva característica I-V são assim obtidos os primeiros parâmetros que definem o
comportamento de um módulo [22].
observam-se comportamentos distintos. Nas ligações em série, quando as colunas são sombreadas,
as restantes não são afectadas. Contudo, quando se sombreiam as ligações em paralelo, todas as
colunas são afectadas, havendo pouca diferença entre o sombreamento de uma ou várias linhas.
Nas linhas sombreadas, verifica-se um ligeiro decréscimo na tensão quando os módulos são
sombreados com papel. No entanto, ocorre uma diminuição mais acentuada quando se cobrem os
módulos com cartão (Gráfico 1).
Quando se procede à análise da corrente, verifica-se que o comportamento é muito distinto
do da tensão, uma vez que os módulos se comportam de forma diversa quando tapados com papel
ou com cartão. No primeiro caso, a variação de corrente é acentuada quando se procede ao
sombreamento da primeira linha, contudo no continuar do sombrear das restantes linhas com papel
a variação é muito pouco perceptível. Se se observar o comportamento da corrente quando os
módulos são cobertos com cartão, verifica-se um decréscimo exponencial aquando do
18
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
Gráfico 1: Estudo da tensão das linhas sombreadas. Gráfico 2: Estudo da corrente das linhas sombreadas.
verifica-se que a variação de tensão é semelhante aquando do sombreamento com papel ou cartão,
exceptuando no tapar da última fila com cartão. Ao proceder-se ao sombreamento desta, a tensão
do painel decresce significativamente.
Observando o gráfico da corrente, verifica-se também um decréscimo ao sombrearem-se os
módulos, no entanto este é muito mais significativo do que na tensão (Gráfico 4).
Gráfico 3: Estudo da tensão das colunas sombreadas. Gráfico 4: Estudo da corrente das colunas sombreadas.
19
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
Figura 19: Configurações alternativas, sombreadas a papel (Imagem da esquerda) e a cartão (Imagem da direita).
Gráfico 5: Estudo da tensão nas outras configurações Gráfico 6: Estudo da corrente nas outras configurações
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O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
6. SIMULAÇÃO E VALIDAÇÃO
Após realizar-se todo o estudo prático, procedeu-se à validação dos resultados obtidos pelo
Simulink. Esta validação foi feita através do esquema da Figura 20. Neste esquema foram
introduzidos, em cada célula, os valores obtidos na caracterização do módulo.
Pelo Simulink, para o caso sem sombreamento, determinou-se que a potência máxima do
painel é de 3,6 W, enquanto que na prática foi de 5,40 W. Nos gráficos abaixo representados (Gráficos
Gráfico 4: Estudo da potência das colunas sombreadas. Gráfico 8: Estudo da potência das linhas sombreadas.
Como se pode observar, existem mais diferenças entre o que aconteceu na prática e na
teoria quando se sombreiam colunas (Gráfico 7), do que quando se sombreiam linhas (Gráfico 8). Este
facto pode dever-se às desuniformidades na iluminação de Setup experimental, que não
conseguiram ser evitadas.
21
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
No Gráfico 9 foram testadas outras configurações para se verificar o que acontecia quando
se sombreavam módulos sem ser em sequência. Pode-se aferir que quando se sombreiam os
módulos centrais (Ensaio 7) e, sabendo que nesta zona as condições se aproximam do óptimo, os
valores práticos e teóricos são muito semelhantes, ao contrário dos outros casos que diferem.
Na Tabela 2 pode-se observar a percentagem sombreada a que correspondem o número de
módulos sombreados dos ensaios do Gráfico 9.
Nº módulos % módulos
Ensaio
sombreados sombreados
1 1 4,2 %
2 2 8,3 %
3 2 8,3 %
4 4 17,0 %
5 7 29,2 %
6 15 62,5 %
7 4 17,0 %
Gráfico 10: Estudo da potência das colunas sombreadas. Gráfico 11: Estudo da potência das linhas sombreadas.
22
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
No Gráfico 12 foram testadas as mesmas configurações que no Gráfico 9, mas neste caso o
sombreamento foi feito com cartão.
Como se pode observar, tanto para o sombreamento com papel como para o sombreamento
com cartão, a tendência de variação é quase a mesma em todos os casos.
As variações que surgem entre os resultados práticos e os obtidos pelo Simulink devem-se
principalmente às limitações e/ou incorrecções ocorridas na obtenção dos parâmetros da célula,
dando ênfase ao valor das resistências do equivalente da célula PV (principalmente o Rs) e às
ocorridas na estimativa do valor da irradiação (W/m2), uma vez que o valor não foi constante em todo
o Setup, tendo-se adoptado o valor central mesmo na possibilidade de nas extremidades se ter um
valor mais elevado, por se encontrarem imediatamente por debaixo dos projectores.
As variações também poderão ter ocorrido, mesmo que em menor grau, pelas dificuldades
no controlo da temperatura, que poderão ter conduzido a valores diferentes para os parâmetros da
célula PV (valores utilizados no Simulink) e nos valores dos ensaios práticos, mais demorados e,
possivelmente, obtidos para temperaturas mais elevadas.
23
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos
7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Com a elaboração deste relatório e através da pesquisa do Estado d’Arte, pôde-se verificar
que Portugal tem maior capacidade para produção de energia a partir da energia solar do que aquela
que aproveita. Como tal, o estudo do sombreamento parcial é cada vez mais um tema importante
para estudar.
Neste estudo concluiu-se que o sombreamento, ou seja, a diminuição da irradiância afecta
mais a corrente do que a tensão. Verificaram-se valores de variação na corrente na casa dos 67 %
quando o módulo é sombreado com papel e 89 % quando com cartão. A tensão variou apenas 9 %
quando sombreado com papel e 18 % com cartão. Ao sombrearem-se os módulos com papel não
existem grandes diferenças entre o sombreamento de colunas ou linhas, pois a diminuição da
potência produzida é sempre gradual, enquanto que ao sombrearem-se com cartão a potência é
muito mais afectada quando sombreadas as linhas em comparação com as colunas. Nas outras
configurações, quanto mais módulos se sombreiam com cartão mais a corrente se aproxima do zero,
enquanto que a tensão baixa gradualmente.
Na simulação e validação foi utilizado o programa Simulink que permitiu comparar os
resultados práticos aos teóricos. As diferenças entre estes resultados devem-se a desuniformidades
da irradiância e à dificuldade em controlar a temperatura. Estas são mais visíveis quando se
sombreiam linhas com cartão, que na prática a partir de 50 % sombreado a potência é
aproximadamente zero, o que não acontece na teoria.
Dos objectivos propostos inicialmente, não foi possível proceder-se à identificação dos tipos
de ligação menos susceptíveis aos efeitos negativos do sombreamento devido à escassez de tempo,
ficando este objectivo e o estudo das soluções para minimização do efeito do sombreamento e a
concepção de uma bancada de testes de módulos PV (automatizada e com controlo de temperatura
e iluminação) para possíveis trabalhos futuros.
24
BIBLIOGRAFIA
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pvps.org/ (consultado a 05-07-2011);
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Negócios, disponível em
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=482943 (consultado a 09-07-2011);
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Mestrado, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;
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Lisboa, disponível em http://www.ceeeta.pt/downloads/pdf/Solar.pdf (consultado a 09-07-2011);
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do Tipo Solar”;
[13] IEC http://www.eyesolarlux.com/Solar-simulation-PV-IEC-specifications.htm (consultado a 09-07-2011);
[14] National Instruments: http://zone.ni.com/devzone/cda/tut/p/id/7230 (consultado a 09-07-2011);
[15] Paulo dos Santos (2009) “Metodologia de otimização do aproveitamento da energia de painéis fotovoltaicos
sombreados usando a teoria dos conjuntos aproximados”, Dissertação de Pós graduação , Universidade
Federal de Itajubá, disponível em http://adm-net-a.unifei.edu.br/phl/pdf/0034966.pdf (consultado a 09-07-2011);
[16] tripod: http://alagador.tripod.com/4.htm (consultado a 09-07-2011);
[17] DGS (2004), “Energia Fotovoltaica - Manual sobre tecnologias, projecto e instalação” Programa Altener;
[18] Solar Jet: http://www.solarejet.com.br/web/produtos_painel_solar.htm (consultado a 09-07-2011);
[19] MIT: http://www.technologyreview.com/energy/22661/# (consultado a 09-07-2011);
[20] Electrónica: http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/26/37/ (consultado a 09-07-2011);
[21] Rui M.G. Castro (2002), “Energias Renováveis e Produção Descentralizada” ,DEEC / Secção de Energia,
Instituto Superior Técnico, disponível em http://inerte.horabsurda.org/wp-
content/uploads/Introducao_a_Energia_Fotovoltaica.pdf (consultado a 09-07-2011);
[22] César Wilhelm Massen Prieb (2002), “Desenvolvimento de um sistema de ensaio de módulos fotovoltaicos,
“Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disponível
ftp://ftp.solar.ufrgs.br/teses/prieb.pdf (consultado a 09-07-2011).
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Anexo A - ???
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