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INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE LEIRIA

O efeito do sombreamento na potência


produzida pelos painéis fotovoltaicos

Projecto realizado no âmbito da Licenciatura em Energia & Ambiente

Relatório de Projecto elaborado por:


Jorge Guerra nº 2080880
Marta Gomes nº 2071317
Nicole Feliciano nº 2081635

Trabalho efectuado sob a orientação do


Professor Doutor Nuno Gil

Julho de 2011
Resumo

RESUMO
Um dos objectivos deste trabalho consistiu na pesquisa do Estado d’Arte. Nesta pesquisa
achou-se crucial fazer uma breve referência à história dos painéis fotovoltaicos, contextualizar a
energia solar em Portugal e na Europa e referir os estudos recentes nesta área.
O segundo objectivo deste trabalho foi verificar e analisar a eficiência dos conjuntos de
células quando ligados entre si de diversas formas. Nesta análise verificaram-se as várias
configurações possíveis com os 24 módulos (4x6, 6x4, 3x8 e 8x3), sendo escolhida a configuração
4x6 por ser a que mais se adequa ao Setup experimental.
O objectivo fundamental deste trabalho foi o estudo do efeito do sombreamento parcial sob a
potência produzida pelos painéis. Com este estudo foi possível concluir que diversos parâmetros
como a temperatura, uniformidade da radiação e o sombreamento afectam a produção dos módulos.
Por último, foram feitas simulações no Simulink com o objectivo de validar os resultados
práticos do estudo do sombreamento. Dos resultados obtidos, concluiu-se que para os vários tipos
de sombreamento parcial a tendência de variação é quase a mesma em todos os casos. As
diferenças devem-se a limitações/incorrecções na determinação de alguns parâmetros e a factores
como a temperatura que não foi possíveis de controlar.

Palavras-chave: módulos, painel fotovoltaico, sombras e Simulink.

i
Resumo

ABSTRACT
One of the goals in this work was the research of the State of Art. For this purpose, was
crucial to make a brief reference to the photovoltaic panels history, the context of solar energy in
Portugal and in Europe and refer the recent studies in this area.
The second goal was the verification and analysis of the cell arrays efficiency when
connected together in different ways. In this analysis different possible configurations with the 24
modules (4x6, 6x4, 3x8) were analysed. The 4x6 configuration was the chosen one because is the
most suited to the experimental setup.
The main goal of this work was to study the effects of the partial shadows on the power
produced by the panels. With this study it was concluded that different parameters such as
temperature, uniformity of radiation and shading affect the production of modules.
Finally, Simulink was used in order to validate the results of the practical shading studies.
From the results it was concluded that for the different types of partial shading the trend of variation is
almost the same in all cases. The differences are due to limitations/errors in the determination of
some parameters and factors such as temperature, which were not possible to control.

Keywords: cells arrays, photovoltaic panel, shadows and Simulink.

ii
Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

Indeclinavelmente, as nossas primeiras palavras de agradecimento são dirigidas ao


Professor Doutor Nuno Gil, por ter aceite o convite em ser o orientador deste projecto.
Pela dedicação, apoio e trabalho realizado no nosso projecto ao longo deste segundo semestre, tal
como toda a sua disponibilidade e acessibilidade.
Pelo apoio e ajuda dada, tal como as dicas e as boas ideias fornecidas, principalmente no
arranque deste projecto e na parte prática do trabalho, permitindo-nos chegar mais além,
cumpre-nos assim agradecer ao Professor Doutor Pedro Marques
Agradecemos ao Departamento de Electrotécnica, da Escola Superior de Tecnologia e
Gestão (ESTG), que nos facultou a maioria dos equipamentos necessários para a realização do
projecto, tal como o espaço para a execução do mesmo.
Aos Serviços de Manutenção da ESTG por nos terem ajudado de uma forma tão rápida e
eficaz na construção de parte das estruturas do Setup experimental.
Ao senhor Fernando Guerra, pai de um de nós, por nos ter fornecido o material necessário
para a elaboração da estrutura principal, tal como por nos ter ajudado na construção da mesma.
Agradecemos aos professores da Unidade Curricular pelo apoio dado durante o decorrer
do projecto.
Por fim, cumpre-nos agradecer ao Professor Doutor João Ramos por nos ter auxiliado na
aquisição dos módulos fotovoltaicos, que sem eles o nosso projecto nunca teria sido possível de
concretizar.

A Todos a nossa gratidão.

iii
Índice

ÍNDICE

Resumo ................................................................................................................................. i

Abstract ................................................................................................................................ ii

Agradecimentos .................................................................................................................. iii

Índice ................................................................................................................................... iv

Simbologia e notações ........................................................................................................ v

Índice de Tabelas e Gráficos.............................................................................................. vi

Índice de Figuras ............................................................................................................... vii

1. Introdução........................................................................................................................ 1

2. Estado d’Arte ................................................................................................................... 3

3. Caracterização de um módulo ....................................................................................... 7


3.1 Tipos de células fotovoltaicas..................................................................................... 7

3.2 Tipos de ligação ......................................................................................................... 8

3.3 Curva I-V .................................................................................................................. 10

3.4 Sombreamento......................................................................................................... 11
3.4.1 Sombras 11

3.4.2 Tipos de sombreamento 12

3.4.3 Soluções para minimizar o efeito das sombras 12

4. Descrição do Setup ....................................................................................................... 14

5. Resultados Práticos ...................................................................................................... 17

5.1 Estudo das características do módulo ...................................................................... 17

5.2 Estudo do sombreamento ........................................................................................ 18

6. Simulação e Validação .................................................................................................. 21

7. Conclusões e Sugestões .............................................................................................. 24

Bibliografia ......................................................................................................................... 25

iv
Simbologia e Notações

SIMBOLOGIA E NOTAÇÕES
Abreviaturas e simbologia
CEEETA - Centro de Estudos em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente
Curva I-V - Curva tensão-corrente
DGS - Deutsche Gesellschaft für Sonnenenergie e.V.
DEEC - Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores
FER - Fontes de Energia Renovável
I - Corrente
ICC - Corrente de curto circuito
IEA - International Energy Agency
IEC - International Electrotechnical Commission
IMP - Corrente para a máxima potência
ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão
MIT - Massachusetts Institute of Technology
N - Negativo
P - Positivo
PV – Painéis fotovoltaicos
PMP - Potência máxima de pico
Rs - Series resistance
V - Tensão
VCA - Tensão em circuito aberto
VMP - Tensão para a máxima potência

Símbolos
A - Âmperes
cm - Centímetro(s)
kWh/m2 - Kilowatt-hora por metro quadrado
mA - Miliamperes
mm - Milímetro(s)
m2 - Metro quadrado
MWp - Megawatt–pico
V - Volt(s)
W - Watt(s)
W/m2 - Watt por metro quadrado
o
- Grau(s)
o
C - Grau(s) centígrado(s)
% - Percentagem
Ω - Ohm

v
Índice de Tabelas

ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1: Potência instalada em sistemas fotovoltaicos em Portugal nos anos de 2000-2010…..…...4

Tabela 2: Percentagem de módulos sombreados………………………………………………………...22

Gráfico 1: Estudo da tensão das linhas sombreadas…………………………...........................………19

Gráfico 2: Estudo da corrente das linhas sombreadas…………...……..………………...……….…….19

Gráfico 1: Estudo da tensão das colunas sombreadas………………………...………..……………….19

Gráfico 4: Estudo da corrente das colunas sombreadas…………………………….....………………..19

Gráfico 5: Estudo da tensão das outras configurações…...……………………………………….……..20

Gráfico 6: Estudo da corrente das outras configurações……..………………………………………….20

Gráfico 2: Estudo da potência das colunas sombreadas……………………….……………..…………21

Gráfico 8: Estudo da potência das linhas sombreadas……………………………………..……..……..21

Gráfico 9: Outros ensaios com sombreamento por papel………………………………………………..22

Gráfico 10: Estudo da potência das colunas sombreadas……………………………….….…….……..22

Gráfico 11: Estudo da potência das linhas sombreadas………………………………………..………..22

Gráfico 12: Outros ensaios com sombreamento por cartão……………………………………………..23

vi
Índice de Figuras

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Primeira bateria solar da BellI em Americus, Geórgia [1]. ................................................... 3


Figura 2: Radiação solar em Portugal no Inverno (Imagem da esquerda) e no Verão (Imagem da
direita) [6]. ................................................................................................................................... 5
Figura 3: Radiação solar na Alemanha no Inverno e no Verão [Imagem da esquerda] e distribuição
global da irradiação solar em kWh/m² [Imagem da direita] [6]. ................................................... 5
Figura 4: Estrutura interna de uma célula fotovoltaica [11]. ............................................................... 7
Figura 5: Célula, módulo e painel fotovoltaico [12]. ............................................................................ 8
Figura 6: Efeito da temperatura na curva I-V [14]. ............................................................................. 9
Figura 7: Exemplo de uma curva I-V [14]. ........................................................................................ 10
Figura 8: Curva I-V para módulos e conjuntos de módulos [14]. ...................................................... 11
Figura 9: Diodo bypass ligado a uma única célula (esquema da esquerda) e ligado a um
agrupamento de células (esquema da direita) [18]. .................................................................. 13
Figura 10: Revestimento da caixa de cartão. ................................................................................... 14
Figura 11: Projectores de halogéneo, sensor de irradiação Sunshine Sensor, multímetro, Wattímetro
e reóstato. ................................................................................................................................. 15
Figura 12: Descrição do processo de elaboração e execução do estudo. ....................................... 15
Figura 13: Configuração 4x6, 6x4, 6x4 invertido, 3x8 e 3x8 invertido. ............................................. 15
Figura 15: Curvas I-V para diferentes irradiâncias (Simulink). .......................................................... 17
Figura 14: Setup para a caracterização do módulo. ......................................................................... 17
Figura 16: Determinação das colunas e linhas do painel. ................................................................ 18
Figura 17: Linhas sombreadas a cartão. .......................................................................................... 19
Figura 18: Colunas sombreadas a cartão. ........................................................................................ 20
Figura 19: Configurações alternativas, sombreadas a papel (Imagem da esquerda) e a cartão
(Imagem da direita). .................................................................................................................. 20
Figura 20: Esquema de simulação do painel 4x6 (Simulink). ........................................................... 21

vii
Introdução

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho insere-se na unidade curricular “Projecto”, no âmbito do 3º ano da licenciatura


em Energia & Ambiente, sob a orientação do Professor Nuno Gil.

1.1. Motivação e objectivos


A crescente procura mundial de energia e a poluição do meio ambiente estão a motivar a
investigação e o desenvolvimento tecnológico promovendo uma melhoria na eficiência energética e
na procura de alternativas aos combustíveis fósseis. Uma das já existentes é a produção de energia
eléctrica através da energia solar, utilizando para esse efeito painéis fotovoltaicos. No entanto, em
muitas aplicações fotovoltaicas (painéis em edifícios, sistemas de bombagem de água,
microgeração, entre outros), nem sempre se consegue uma iluminação uniforme das células solares.
O motivo desta desuniformidade pode ser originado pelo sombreamento das nuvens, árvores, casas
de vizinhos ou até pelo sombreamento que umas filas de painéis fazem sobre as outras,
principalmente em sistemas sem seguidor solar ou mal instalados/mantidos (crescimento de árvores,
por exemplo).
Assim sendo, para esta unidade curricular, propôs-se o tema “O efeito do sombreamento
na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos” que é um tema ainda pouco conhecido ou
divulgado, tornando o nosso trabalho mais aliciante, estimulante e exigindo-nos uma grande
autonomia no decorrer do projecto e na interacção com o equipamento.
Os objectivos deste projecto são quatro: a pesquisa do Estado d’Arte; o estudo dos efeitos
das sombras parciais sobre a potência produzida por painéis fotovoltaicos utilizando modelos
matemáticos; verificar e analisar a eficiência de conjuntos de células quando ligadas entre si de
diversas formas e verificar a potência do painel quando sombreado de diferentes modos. A
simulação matemática será efectuada no programa Simulink do Matlab e será validada recorrendo a
ensaios de campo utilizando módulos fotovoltaicos e equipamentos de medida.
Pretendia-se ainda proceder à identificação dos tipos de ligação menos susceptíveis aos
efeitos negativos do sombreamento, o que não foi possível devido à escassez de tempo para
efectuar um estudo minucioso dos tipos de ligações. Porém será um ponto interessante de abordar
em trabalhos futuros.

1.2. Organização do documento


Este trabalho encontra-se dividido em capítulos, sendo que a cada capítulo corresponde
uma etapa da evolução do projecto.
O presente capítulo (Capítulo 1) é composto pela Introdução, onde se pretende expor os
factores que motivaram a escolha do tema, bem como os seus objectivos e uma descrição sumária
do que é abordado ao longo dos restantes capítulos do trabalho.

1
Introdução

O Capítulo 2 apresenta o Estado d’Arte em que se insere o tema deste trabalho. Para isto,
achou-se crucial começar por fazer uma breve referência histórica, contextualizar a energia solar
fotovoltaica em Portugal e na Europa e referir os estudos recentes na área abrangida pelo projecto.
No Capítulo 3 pretende-se caracterizar o módulo fotovoltaico utilizado e os diferentes
componentes que integram os módulos e o seu funcionamento, tais como o tipo de células
existentes, os tipos de ligações possíveis de executar, a curva I-V e o sombreamento.
No Capítulo 4 procede-se à descrição do Setup experimental.
No Capítulo 5 é abordado todo o estudo efectuado para a caracterização do módulo e o
estudo do sombreamento, tal como os resultados obtidos.
No Capítulo 6 é abordada a simulação feita no programa Simulink/Matlab, onde se
pretendem validar os resultados obtidos na prática.
Por fim, no Capítulo 7 apresenta-se a discussão dos resultados obtidos ao longo dos
diversos capítulos, quer dos testes de simulação, quer dos testes práticos.

2
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

2. ESTADO D’ARTE
O efeito fotovoltaico foi observado pela primeira vez em 1839 por Alexandre Edmund
Becquerel. Este observou que a tensão que aparecia entre dois eléctrodos imersos num electrólito
dependia da intensidade da luz que incidia sobre eles. O mesmo efeito foi observado mais tarde, por
volta do ano de 1870, por dois inventores norte-americanos, Adams e Day, mas desta vez utilizando
um elemento sólido: o selénio. Só em 1954 é que Chapin, produziu a primeira célula solar
fotovoltaica de silício, aplicando-a como fonte de alimentação de uma rede telefónica (Figura 1). A
partir de então, trabalhou-se na obtenção de um sistema realizável e de longa duração para sistemas
de alimentação de satélites, já que foi no programa espacial norte-americano que a tecnologia
fotovoltaica encontrou a sua principal aplicação: as células fotovoltaicas para satélites [1].

Figura 1: Primeira bateria solar da BellI em Americus, Geórgia [1].

Devido ao seu enorme sucesso, as células fotovoltaicas rapidamente passaram a ser a


escolha preferida para a alimentação de satélites, permanecendo assim até aos nossos dias. No
entanto, a partir dos anos 70, o preço das células para aplicações espaciais diminuiu, incentivando à
produção de células fotovoltaicas para a produção de electricidade. A melhoria da eficiência das
células fotovoltaicas tem sido contínua e actualmente, para aplicações comerciais, situa-se entre os
15 e 18 %, em módulos de película fina, mono e policristalinos.
Em relação à potência fotovoltaica total instalada em Portugal, pode-se avaliar a situação
através dos dados estatísticos publicados pela Agencia Internacional de Energia (IEA). Na Tabela 1
é apresentada a potência instalada em sistemas fotovoltaicos em Portugal desde 2000 até ao final
de 2010. No entanto, para melhor avaliar a situação portuguesa, os sistemas fotovoltaicos são
classificados como sistemas isolados (Off-Grid) e sistemas ligados à rede (On-Grid), podendo-se
observar que no final do ano de 2010, a potência total instalada em sistemas fotovoltaicos em
Portugal alcançou um valor aproximado de 130 MWp (Gráfico anexo à Tabela 1) [2].

3
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

Tabela 1: Potência instalada em sistemas fotovoltaicos em Portugal nos anos de 2000-2010 [3].

As aplicações fotovoltaicas ligadas à rede eléctrica têm vindo a ganhar cada vez mais
importância, como se pode verificar na tabela anterior. No final de 2010 este tipo de aplicações
representava mais de 90 % do total das instalações fotovoltaicas. Tendo por objectivo fazer um
enquadramento do interesse desta tecnologia para Portugal, é de salientar a seguinte directiva que
veio fortalecer a implantação desta tecnologia: a Directiva 2001/77/CE do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 27 de Setembro de 2001, constituiu um inequívoco reconhecimento por parte da
União Europeia no que se refere à actual prioridade para a produção de energia eléctrica a partir de
Fontes de Energia Renovável (FER) no espaço Europeu [2].
Portugal é um país com escassos recursos energéticos próprios, nomeadamente no que
respeita às fontes de energia mais vulgares, nomeadamente as não-renováveis, uma vez que não
dispõe de poços de petróleo explorados ou depósitos de gás. Esta situação de escassez conduz a
uma elevada dependência energética do exterior, nomeadamente das importações de fontes
primárias de origem fóssil. Deste modo, é necessário aumentar a contribuição das energias
renováveis, tais como a hídrica, eólica, solar, geotérmica, biogás, lenhas e resíduos [4]. No ano de
2010 essa dependência traduziu-se em cerca de 80 % da energia necessária [2]. No entanto, e no
que respeita às fontes de energia renováveis, Portugal tem um enorme potencial que tem vindo a ser
explorado, não só numa óptica de reduzir a dependência energética externa mas também do ponto
de vista ambiental. Esta redução é feita no sentido de estabilizar e/ou diminuir o consumo de
energias que acarretam emissões de gases poluentes. Deste modo pretende-se alcançar os tectos
previstos no protocolo de Quioto, permitindo combater as alterações climáticas. Com efeito, Portugal
apresenta uma elevada exposição solar média anual, o que lhe confere a possibilidade de aproveitar
o potencial energético da luz solar, condições únicas que permitem ao país o aproveitamento de uma
das formas de energia alternativa mais rentável na actualidade [4]. Assim, Portugal encontra-se
numa posição privilegiada não só para compensar o défice natural de fontes de energia não
renováveis mas também para ser pioneiro na diminuição da dependência energética em fontes de
energias não renováveis e poluentes, colocando-se na vanguarda da procura de um
desenvolvimento sustentável [4].
Sabendo que a luz solar varia consoante as condições atmosféricas (existência de nuvens e
poeiras), consoante a estação do ano e com a variação da posição da Terra relativamente ao Sol,

4
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

apenas uma percentagem (cerca de 50 %) da luz solar total recebida na Terra atravessa a
atmosfera, sendo que a restante é reflectida para o espaço ou absorvida pela atmosfera.
No caso particular de Portugal, a energia recebida representa um total anual máximo de
1500 a 1800 KWh/m2 no Inverno e entre 1700 e 2000 KWh/m2 no Verão. É a Norte que a irradiação
recebida é menor e a Sul apresenta valores superiores (Figura 2) [5].

Figura 2: Radiação solar em Portugal no Inverno (Imagem da esquerda) e no Verão (Imagem da direita) [6].

A Alemanha é um dos países europeus com maior potência instalada proveniente de


sistemas fotovoltaicos, mesmo apresentando valores de irradiação incidente claramente inferiores
aos de Portugal, atingindo apenas os 1400 KWh/m2. Isto significa que Portugal apresenta melhores
condições para instalação de estações fotovoltaicas, no entanto não as aproveita devidamente (Figura

3) [5].

Figura 3: Radiação solar na Alemanha no Inverno e no Verão [Imagem da esquerda] e distribuição global da
irradiação solar em kWh/m² [Imagem da direita] [6].

5
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

Para maximizar o rendimento de uma célula fotovoltaica, a escolha do local para uma
instalação solar é fundamental, já que os níveis de radiação solar e as condições de temperatura são
pontos preponderantes para uma instalação deste tipo. Na Europa existe uma grande diferença entre
os níveis de radiação solar em função da estação do ano, com valores extremos no Verão e Inverno:
1.900 kWh/m² e 700 kWh/m², respectivamente, tal como se observa na Figura anterior [5].

Estudos recentes referem que cientistas do Laboratório de Energias Renováveis do Estados


Unidos apresentaram um dispositivo capaz de converter a luz solar em electricidade com uma
eficiência entre 45 a 50 %, recorrendo à técnica de inversão do processo de crescimento do cristal
fotovoltaico, provocando assim uma melhoria na estrutura dos átomos dos materiais utilizados para
obter os fotões da luz solar e libertar os electrões para gerar a electricidade. Esta técnica mais
avançada vem demonstrar que os painéis utilizados nos dias de hoje, com um rendimento entre 15-
18 %, ainda estão aquém daquilo que poderão vir a ser. Os dispositivos fotovoltaicos (PV) usam
materiais semicondutores para converter a luz solar directamente em electricidade.
Actualmente procedem-se a vários estudos na área abrangida por este projecto, uma vez
que a crescente curiosidade sobre o efeito do sombreamento parcial de painéis fotovoltaicos permite
o aparecimento de novos equipamentos e o melhoramento dos actuais. Tanto na Europa como nas
principais Universidades mundiais de engenharia são elaboradas teses e projectos sobre este tema,
incluindo o estudo das diferentes ligações e as suas características e diferenças, os diferentes tipos
de sombreamento, controlo da potência activa injectada na rede, sistemas de microgeração, entre
outros. Um dos relatórios analisados, e usado como bibliografia neste trabalho, estuda o
desenvolvimento de um modelo fotovoltaico generalizado usando o Matlab/Simulink [7]. Um outro
artigo utilizado como auxiliar na realização deste relatório, procede à previsão das perdas na
produção de energia das matrizes fotovoltaicas [8] e outro artigo, baseado num estudo recente, que
permitiu compreender o que irá decorrer ao longo da parte prática, fala sobre a modelação baseada
no Matlab para estudar os efeitos do sombreamento parcial sobre as características da matriz PV
[9].
Actualmente são investigadas células solares feitas de nanofios de silício, uma vez que se
verificam mais eficientes e baratas na sua produção. A célula solar construída com nanofios de silício
alcançou uma eficiência de 18 % na conversão da luz solar em electricidade, o que é superior a
várias outras tecnologias actualmente consideradas para a geração de electricidade de forma
inteiramente renovável [10].

6
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

3. CARACTERIZAÇÃO DE UM MÓDULO
A célula fotovoltaica é a unidade fundamental no processo de conversão da radiação solar
em energia eléctrica. Este processo corresponde à absorção da luz pelo material semicondutor da
célula, onde ocorre a transferência de energia dos fotões para as cargas eléctricas gerando corrente
eléctrica.
Cada célula fotovoltaica tem na sua constituição uma camada fina de material tipo N
(Negativo), normalmente constituída por silício com átomos de fósforo, que tem por função doar
electrões à banda de condução, adquirindo carga negativa. A célula é também constituída por uma
camada mais espessa de material tipo P (Positivo), constituída por silício com átomos de boro,
definindo-se como uma carga positiva.
Na célula, a junção P-N corresponde à união da camada fina de material tipo N com a
camada de maior espessura de material tipo P. Esta, quando em contacto com os fotões
provenientes da incidência da luz recebe energia para os electrões. Com essa energia, os electrões
efectuam as trocas entre as camadas P e N, provocando o que se denomina de corrente eléctrica da
célula (Figura 4) [2].
As trocas de electrões, referidas anteriormente, permitem direccioná-los até às extremidades
da célula, onde são absorvidos pelos terminais (contactos de metal), concentrando a energia.

Figura 4: Estrutura interna de uma célula fotovoltaica [11].

3.1 Tipos de células fotovoltaicas

Apesar de todos os tipos de células fotovoltaicas possuírem o mesmo objectivo definido


como sendo a conversão da radiação solar em energia eléctrica, estas diferem entre si dependendo
do material constituinte, dividindo-se principalmente em três tipos de células:
 Células monocristalinas, definidas como a primeira geração de células, têm um
rendimento elevado, podendo atingir os 23 % em laboratório. A sua produção

7
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

necessita de técnicas complexas e dispendiosas, uma vez que os materiais


utilizados são puros e com estrutura cristalina perfeita, necessitando de um gasto
elevado de energia no seu fabrico.
 Células policristalinas, devido às imperfeições na sua estrutura cristalina, o gasto de
energia na sua produção será menor do que nas células monocristalinas, logo a sua
produção tem um custo inferior. No entanto, apresentam um rendimento inferior em
comparação com as células anteriores (18 % em laboratório).
 Células de silício amorfo, são películas muito finas, apresentando um menor custo
de produção e um rendimento mais reduzido comparado com as células mono e
policristalinas, conseguindo um rendimento máximo de 13 % em laboratório [11].

Dentro destes tipos de células existentes, neste projecto, os módulos utilizados são
constituídos por células policristalinas. Cada um destes módulos tem 46 mm de largura, 75 mm de
comprimento e uma espessura de 6 mm e, segundo o fabricante, conseguem fornecer uma corrente
de 200 mA para uma tensão de 1 V. Os principais critérios de escolha do módulo passaram por
encontrar o módulo que mais se adequasse aos objectivos estabelecidos no projecto, que
fornecesse dados o mais próximo da realidade e apresentasse um custo que não inviabilizasse a sua
aquisição.
Cada um dos tipos de célula acima referidos poderá ser ligado entre si formando módulos.
Cada módulo pode ser ligado em série, em paralelo ou em ligações mistas, originando painéis
fotovoltaicos (Figura 5).

Figura 5: Célula, módulo e painel fotovoltaico [12].

O painel utilizado no projecto é constituído por 24 módulos, com o intuito de se ter um


número suficiente de módulos para conseguir resultados fidedignos.

3.2 Tipos de ligação

Cada forma de ligação irá influenciar os parâmetros tensão e corrente, que


consequentemente afectam a potência eléctrica produzida pelo painel.
Na ligação em série, a corrente que circula por uma célula é igual em todas as outras,
enquanto que a tensão é cumulativa de célula para célula, ou seja, a tensão de saída vai
aumentando.

8
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

As ligações em paralelo são preferencialmente utilizadas para se conseguirem correntes


mais elevadas, ao contrário da ligações em série, apresentando um aumento da corrente de saída,
uma vez que esta é cumulativa e a tensão é a mesma em todas as células.
As ligações mistas definem-se como um conjunto de ligações em série e em paralelo,
fazendo com que os valores da tensão e corrente variem consoante o número de ligações de cada
tipologia.
Apesar dos objectivos do projecto incluírem a análise das ligações anteriores, só foi
realizada a análise das ligações mistas. A escolha incidiu sobre este tipo de ligações, uma vez que a
nível construtivo era a ligação mais usada na prática e que mais facilmente se adaptava ao setup
experimental. A realização das restantes ligações e consequente análise e estudo de valores não
foram efectuadas devido fundamentalmente à escassez de tempo.
As diferentes ligações, bem como o tipo de material constituinte das células, influenciam os
valores da corrente e da tensão, alterando o comportamento da eficiência eléctrica do painel. Para
além dos factores supra enunciados, a eficiência eléctrica é sensível a vários factores como:
 Irradiação (valor padrão de ensaio laboratorial – 1000 W/m2 [13]);
 Temperatura da célula fotovoltaica (valor padrão de ensaio laboratorial – 25 oC [13]);
 Distribuição espectral da radiação;
 Sujidade no painel;
 Sombreamento dos módulos.

A irradiação afecta a corrente produzida uma vez que esta é proporcional à quantidade de
luz incidente (n.º de fotões que entram na célula), ou seja, a corrente aumenta com a área da célula
e com a intensidade da radiação.
Um dos factores com maior influência na eficiência eléctrica é a temperatura. Quanto mais
elevada se encontrar, mais reduzido será o valor de tensão, existindo um pequeno aumento da
o
corrente (Figura 6). Assim, cada aumento de 1 C na temperatura da célula, provoca uma perda de
rendimento na ordem dos 0,5 %, tendência de variação observada na prática [14].

Figura 6: Efeito da temperatura na curva I-V [14].

A distribuição espectral da radiação pode provocar uma menor eficiência eléctrica nos
sistemas fotovoltaicos, uma vez que estes só aproveitam a gama visível da radiação solar.
A sujidade tem um efeito similar aos efeitos das sombras, pois não permite que o painel
receba a totalidade da luz incidente, logo a potência debitada será menor.

9
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

O sombreamento dos módulos (em grande escala) é tido em consideração durante a


instalação dos painéis fotovoltaicos, no entanto, e na maioria das vezes, o sombreamento parcial dos
mesmos não é tido em atenção. Contudo, as sombras parciais são de grande importância aquando
da instalação dos painéis, uma vez que este factor altera a eficiência do equipamento, já que
impedem que os módulos do painel absorvam a totalidade da luz que neles incide. É de referir que o
módulo, durante o processo de obtenção de energia eléctrica, está sujeito a variadas perdas (perdas
de reflexão e sombreamento dos contactos frontais, associadas ao movimento dos fotões em
diferentes tipos de onda, perdas por recombinação, entre outras mais insignificantes), provocando
assim a diminuição da eficiência eléctrica do painel [15].

3.3 Curva I-V

As curvas I-V denominam-se de curvas corrente-tensão e são uma representação típica da


característica de saída de um dispositivo fotovoltaico. A corrente e a tensão em que opera o
dispositivo fotovoltaico são determinadas pela radiação solar incidente, pela temperatura ambiente e
pelas características da carga conectadas ao mesmo.
Neste tipo de curvas podem-se retirar informação como a corrente de curto-circuito (ICC), a
tensão de circuito-aberto (VCA), a potência máxima de pico (PMP), a corrente para a máxima
potência (IMP) e a tensão para a máxima potência (VMP), como se pode observar na Figura 7.

Figura 7: Exemplo de uma curva I-V [14].

A corrente de curto-circuito corresponde à corrente máxima que um dispositivo pode


fornecer sob determinadas condições de radiação e temperatura, correspondendo a uma tensão nula
e consequentemente a potência nula. Por sua vez, quando a circulação de corrente é nula tem-se a
máxima tensão que o dispositivo pode fornecer nas condições já referidas e denomina-se de tensão
de circuito aberto. Neste caso, a potência é também igualmente nula.
A potência de pico é o valor máximo de potência que o dispositivo pode entregar e
corresponde ao ponto da curva no qual P=VxI é máximo. A corrente e tensão para a potência
máxima correspondem aos valores de corrente e tensão na potência de pico [16].
Para um módulo ou para um conjunto de módulos, a forma da curva I-V não muda. Como a
escala da curva muda consoante o número de módulos em paralelo e em série (Figura 8), o número de
módulos em paralelo (m) multiplica pela corrente e o número de módulos em série (n) multiplica pela
tensão [14].

10
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

Figura 8: Curva I-V para módulos e conjuntos de módulos [14].

3.4 Sombreamento

A eficiência eléctrica do painel, como anteriormente referido, é afectada por diversos


factores, onde as sombras actuam de uma forma distinta e importante. Neste projecto pretende-se
conhecer um pouco mais sobre este factor e a sua influência relativamente aos painéis fotovoltaicos.

3.4.1 Sombras

Sendo o cerne da pesquisa deste trabalho, é fundamental conhecer as consequências do


sombreamento parcial de um módulo fotovoltaico, e quais as medidas que se podem tomar no
sentido de evitar a diminuição drástica da energia produzida.
As sombras interferem muito mais sobre a produção de uma instalação solar fotovoltaica do
que se pensaria, uma vez que, e ao contrário do que acontece com as instalações solares térmicas,
em que uma sombra de 30 % reduz a produção de energia na ordem dos 30 %, no painel
fotovoltaico um sombreamento de 30 % diminui a produção numa percentagem muito superior,
podendo atingir valores de redução de produção de energia na ordem dos 80 a 90 % dependendo do
tipo de sombras, das ligações existentes entre módulos e do material constituinte de cada célula.
Para além das perdas pelo sombreamento é importante referir a vantagem da auto-limpeza
para a minimização das perdas de potência. Quando a inclinação dos painéis é menor que 20°, a
auto-limpeza é baixa, ao invés do que quando apresenta maiores inclinações. Este processo é
efectuado aquando da queda de aguaceiros e quando o vento é superior, permitindo numa
instalação com uma inclinação superior a 25° ter perdas por sujidade mais reduzidas, em
comparação com menores inclinações. Maiores ângulos de inclinação aumentam a velocidade de
escorrimento da água da chuva e, consequentemente, melhora a limpeza das partículas de
sujidade[2, 17].

11
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

3.4.2 Tipos de sombreamento

Ao observar as instalações solares fotovoltaicas instaladas pela cidade de Leiria e


generalizando para um contexto nacional verifica-se que existe sombreamento parcial num grande
número de sistemas implementados devido, principalmente, à sua localização.
No entanto, estas sombras são classificadas como um factor temporário, resultado da
localização do sistema ou do edifício e da deslocação do Sol ao longo do dia e durante o ano.
Assim, temos três tipos de sombreamentos, o sombreamento temporário típico, o
sombreamento consequência da localização e o sombreamento produzido pelo edifício.
 O sombreamento temporário típico deve-se à presença de folhas e de dejectos de
pássaros, neve, poeiras ou outros tipos de sujidade. É aquele que tem um impacto mais forte
e mais duradouro. A permanência desta sujidade será tanto menor, quanto melhor funcionar
o sistema de auto-limpeza do painel, aumentando a eficiência do sistema. Desta forma, este
tipo de sombreamento pode ser reduzido com o aumento do declive do painel fotovoltaico.
Para uma inclinação óptima em termos da produção de energia e de uma boa auto-limpeza
dos módulos, o painel deve apresentar um declive superior a 22 º em Portugal. De notar que
a neve depositada sobre um sistema fotovoltaico derrete-se mais rapidamente do que a
restante neve que o rodeia. O sombreamento causado pelas folhas, pelos dejectos de
pássaro e pela poluição do ar, tem um impacto mais forte e mais duradouro do que a neve.
Se um sistema for fortemente afectado por estes factores, a limpeza regular dos módulos
fotovoltaicos aumentará de um modo notável a energia produzida.
 O sombreamento que é consequência da localização, contempla todo o sombreamento
produzido pela envolvente do edifício, incluindo os prédios vizinhos altos e/ou edifícios
distantes e as árvores, que poderão sombrear o sistema fotovoltaico ou levar ao
escurecimento do horizonte. Neste tipo de sombreamento também se incluem os cabos
eléctricos por cima do prédio que podem ter um efeito particularmente negativo, projectando
sombras que se movem constantemente.
 O sombreamento produzido pelo edifício, produz sombras constantes, originadas por
chaminés, antenas, pára-raios, antenas de satélite, saliências do telhado e da fachada,
ressaltos da estrutura do prédio, entre outras situações, tendo de ser tido em conta e
avaliado com especial atenção, já que alguns destes sombreamentos podem ser evitados,
deslocando o painel fotovoltaico ou, em alguns casos, o objecto que causa a sombra. Caso a
deslocação não seja possível, o impacto da sombra pode ser minimizado na fase de
concepção do sistema através da escolha do tipo de ligações entre células ou através do
uso de diodos bypass ou micro-inversores [2, 17].

3.4.3 Soluções para minimizar o efeito das sombras

Além dos diodos bypass e dos micro-inversores existem outras soluções para minimizar as
sombras, como:

12
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

 Modificar as interconexões das matrizes (série, paralelo e mistas);


 Seguidores solares.
Um seguidor solar é um dispositivo mecânico capaz de orientar os painéis solares para que
estes permaneçam perpendiculares à irradiação solar, seguindo o Sol.

Existem 3 tipos de seguidores:


- de 1 eixo azimutal;
- de 1 eixo zenital.
- de 2 eixos (azimutal e zenital);

A instalação de um sistema deste tipo permite aumentar a energia solar captada por
seguidores de 1 eixo em cerca de 27 a 32 % e, para o caso dos de 2 eixos, aumenta em 35 a 40 %.
Os seguidores permitem assim a redução das sombras e consequentemente o aumento da potência
do painel.
Quando uma célula, dentro de um módulo, se encontra total ou parcialmente sombreada, o
output de potência do módulo cairá drasticamente o que, devido às ligações em série, comprometerá
todo o funcionamento das restantes células do mesmo. Para que toda a corrente de um módulo não
seja limitada pelo desempenho da célula sombreada, usa-se um diodo bypass. Como se pode ver
na Figura 9 estes diodos podem ser ligados a cada uma das células (esquema da esquerda) ou em
agrupamentos de células (esquema da direita), e servem como um caminho alternativo para a corrente,
limitando ainda a dissipação de calor na célula sombreada ou defeituosa [18].

Figura 9: Diodo bypass ligado a uma única célula (esquema da esquerda) e ligado a um agrupamento de células
(esquema da direita) [18].

Os micro-inversores permitem a conversão de corrente contínua em corrente alternada


separadamente para cada módulo e podem aumentar a eficiência deste tipo de sistemas entre 5 a
25 %. Isto acontece pelo facto dos micro-inversores serem ligados individualmente a cada um dos
módulos do painel fotovoltaico, ao contrário dos painéis fotovoltaicos convencionais, onde os
módulos se encontram ligados em série e a um único inversor central de grandes dimensões. Para
este último caso, os diversos factores (anteriormente referidos) como a sujidade, as sombras, entre
outros, ao afectarem o desempenho de um dos módulos afectam também a eficiência dos restantes
[19].

13
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

4. DESCRIÇÃO DO SETUP
Para se realizar este projecto foi necessário proceder à elaboração de um Setup
experimental, com o intuito de garantir uma maior estabilidade e reprodutibilidade das medições,
permitindo obter resultados mais fidedignos na caracterização do módulo e nos ensaios para
validação da simulação.
O Setup é constituído por uma armação em ferro, que serve de apoio aos projectores, uma
caixa de cartão revestida a papel branco com 52 cm de largura, 43 cm de altura e 67 cm de
comprimento, um conjunto de quatro projectores de halogéneo, um conjunto de módulos ligados
entre si (variando de número consoante o objectivo da análise), um multímetro, um sensor de
irradiação, um reóstato e um Wattímetro.
Como anteriormente referido, a fonte luminosa, constituída pelos projectores de halogéneo
(Figura 11), encontra-se montada na armação de ferro. Cada projector tem uma potência de 500 W e
uma tensão de 230 V. Escolheram-se estes projectores como fonte luminosa por possuírem uma
radiação similar à radiação solar e por uma questão de disponibilidade.
A caixa de cartão foi revestida por folhas brancas no seu interior (Figura 10) evitando perdas
de iluminação e reflexão de sombras, uma vez que a cor branca reflecte quase na totalidade a luz
incidente.

Figura 10: Revestimento da caixa de cartão.

Para medir a intensidade da luz incidente utilizou-se o sensor de irradiação Sunshine


Sensor – type BF3 (informação adicional em http://www.mea.com) (Figura 11). Este foi colocado nas
extremidades e no centro da caixa, permitindo desta forma encontrar o local com maior área de
irradiância constante. No centro da mesma, verificou-se o valor aproximado de 560 W/m2.
Devido às dimensões do sensor, foi necessário elevar o fundo da caixa, colocando-o à
mesma altura que o sensor, possibilitando aos módulos receberem a mesma irradiação lida pelo
sensor. Posteriormente, a caixa, encontra-se em condições de receber o módulo ou módulos
fotovoltaicos, dependendo do tipo de análise pretendida, assim como os aparelhos de medida a
utilizar. Caso a intenção seja medir a tensão e corrente, será adicionado ao setup um multímetro
(Figura 11), uma vez que este mede, além de outras grandezas, tensão (V) e corrente (A).
Quando o intuito é analisar os valores de potência, adapta-se ao Setup um reóstato e um
Wattímetro. O Wattímetro relaciona em simultâneo, os parâmetros tensão e corrente determinando
assim o valor de potência. O reóstato funciona como resistência de carga variável contínua

14
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

(resistência que pode ter qualquer valor entre 0 Ω e um valor máximo específico, neste caso 16 Ω)
(Figura 11) [20].

Figura 11: Projectores de halogéneo, sensor de irradiação Sunshine Sensor, multímetro, Wattímetro e reóstato.

Na Figura 12 está representada a soldadura efectuada nas ligações dos módulos, tal como o
processo de medição da tensão e corrente dos mesmos, em que, depois do módulo inserido dentro
do Setup, ligaram-se os projectores e posteriormente procedeu-se ao arrefecimento da mesma.

Figura 12: Descrição do processo de elaboração e execução do estudo.

Para determinar qual a melhor configuração a utilizar durante o estudo, foram previamente
estudadas 5 configurações distintas. Definidas como 4x6; 6x4 e 6x4 invertidas, ou seja, com uma
rotação de 90º nos módulos; 3x8 e 3x8 invertida (Figura 13), verificou-se que a primeira era a escolha
mais adequada. Esta decisão foi feita tendo em conta a conformidade dos valores de tensão e
corrente medidas e da disposição do painel dentro do Setup. Esta disposição tem em conta a
centralização dos painéis dentro do espaço, evitando o sobreaquecimento dos módulos e as grandes
variações de irradiação.

Figura 13: Configuração 4x6, 6x4, 6x4 invertido, 3x8 e 3x8 invertido

O sobreaquecimento do Setup e dos módulos fotovoltaicos é um dos factores com maior


importância quando se procede a este tipo de estudos, uma vez que a variação da temperatura
afecta directamente a tensão e corrente do painel. Tal como definido na Norma abaixo referida, a

15
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

temperatura deverá ser constante, no valor de 25 ºC. No entanto, neste caso prático a temperatura,
desde o ligar dos projectores à medição dos valores, atingiu valores próximos dos 47 ºC. Este
aumento afectou principalmente a corrente como se poderá observar nos resultados práticos.
Segundo a Norma IEC 60904-1, para se fazer a caracterização da curva I-V de um módulo,
dever-se-á obedecer a determinados parâmetros como a irradiância (1000 W/m2) e a temperatura
(25 ºC ± 1 ºC). Porém, neste estudo, não foi possível obter estas condições devido à escassez de
material e à falta de tempo para se aperfeiçoar ao máximo o Setup experimental. Quando se
aumentou a irradiância, a temperatura aumentou muito, não se conseguindo uniformizar este
parâmetro em toda a área de teste. Esta desuniformidade, pode ser calculada pela fórmula abaixo
apresentada, presente na Norma IEC 60904-9.

A irradiação não uniforme da área de teste depende das condições de reflexão existentes na
mesma, porém não pode ser feita nenhuma generalização pois a desuniformidade depende de cada
sistema.
Para simular as sombras parciais que ocorrem no dia-a-dia, a irradiação absorvida pelos
módulos fotovoltaicos será alterada com recurso a papel e cartão. Este estudo utiliza este tipo de
material com o intuito de representar, por exemplo, as nuvens dispersas de um dia pouco nublado
(papel) e a sujidade presente nos painéis, como os dejectos de pássaro (cartão).

16
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

5. RESULTADOS PRÁTICOS

5.1 Estudo das características do módulo

Depois de construído o Setup experimental, procedeu-se à caracterização do módulo. Esta


caracterização é necessária para se poderem determinar alguns parâmetros necessários à validação
no Simulink. Neste, inseriram-se os valores da resistência interna do módulo (0,3 Ω, calculado
segundo [13]), a potência máxima (0,22 W), a tensão em circuito-aberto (0,786 V) e a corrente de
curto-circuito (0,280 A), de modo a criar um modelo que reproduza o que se obteve na prática.
Para se determinarem estes parâmetros, ligou-se um módulo a um reóstato e a um
Wattímetro (Figura 14) e com o reóstato fez-se variar a resistência do circuito. Com os dados lidos pelo
Wattímetro, durante esse período, pôde-se achar o par tensão-corrente para o qual a potência era
máxima, permitindo calcular a resistência interna.

Figura 14: Setup para a caracterização do módulo.

Depois de se inserir no Simulink os valores acima referidos, obtiveram-se as curvas I-V para
diferentes irradiâncias (Figura 15).

Figura 15: Curvas I-V para diferentes irradiâncias (Simulink).

A curva a vermelho, na figura anterior, representa a curva I-V do módulo sem qualquer
sombra, sendo que neste caso a irradiância absorvida pelo painel é de 560 W/m2. A curva a azul
demonstra o caso para o módulo sombreado com uma folha de papel branca, o que se traduz numa

17
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

diminuição da irradiância absorvida pelo módulo de 560 para 180 W/m2. Por fim, a curva a verde
representa a curva para o módulo sombreado com cartão, obtendo-se uma irradiância de apenas
49 W/m2. Como se pode observar, o sombreamento afecta bastante a eficiência de um módulo.
A tensão de circuito-aberto varia pouco com a radiação incidente, logo a tensão não é muito
afectada com o sombreamento, enquanto que a corrente de curto-circuito varia quase linearmente
com a radiação incidente, sendo assim mais afectada [21]. A partir da observação da Figura 15,
verifica-se um decréscimo de aproximadamente 67 % na corrente, quando sombreado com papel, e
de aproximadamente 89 % quando sombreado com cartão. A tensão decresce apenas 9 % quando o
módulo é sombreado com papel e 18 % com cartão.
De um modo geral, o objectivo da caracterização de um módulo fotovoltaico é verificar a
potência que este é capaz de fornecer, além de detectar defeitos de fabrico, o que não se aferiu.
Com a análise da curva característica I-V são assim obtidos os primeiros parâmetros que definem o
comportamento de um módulo [22].

5.2 Estudo do sombreamento

Depois de analisados os valores relativos aos valores teórico-práticos, analisaram-se e


compararam-se os valores relativos à variação da tensão e corrente em função do sombreamento.
Observando a variação da tensão (V) e corrente (mA) aquando do sombreamento das
colunas (módulos ligados em série) e linhas (módulos ligados em paralelo) do painel (Figura 16),

observam-se comportamentos distintos. Nas ligações em série, quando as colunas são sombreadas,
as restantes não são afectadas. Contudo, quando se sombreiam as ligações em paralelo, todas as
colunas são afectadas, havendo pouca diferença entre o sombreamento de uma ou várias linhas.

Figura 16: Determinação das colunas e linhas do painel.

Nas linhas sombreadas, verifica-se um ligeiro decréscimo na tensão quando os módulos são
sombreados com papel. No entanto, ocorre uma diminuição mais acentuada quando se cobrem os
módulos com cartão (Gráfico 1).
Quando se procede à análise da corrente, verifica-se que o comportamento é muito distinto
do da tensão, uma vez que os módulos se comportam de forma diversa quando tapados com papel
ou com cartão. No primeiro caso, a variação de corrente é acentuada quando se procede ao
sombreamento da primeira linha, contudo no continuar do sombrear das restantes linhas com papel
a variação é muito pouco perceptível. Se se observar o comportamento da corrente quando os
módulos são cobertos com cartão, verifica-se um decréscimo exponencial aquando do

18
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

sombreamento da primeira linha. Posteriormente a corrente aproxima-se do zero, não importando se


se sombreia uma ou mais linhas (Gráfico 2).

Linhas sombreadas Linhas sombreadas

Gráfico 1: Estudo da tensão das linhas sombreadas. Gráfico 2: Estudo da corrente das linhas sombreadas.

Para melhor se compreender o procedimento realizado, apresenta-se o esquema da Figura


17. Ambos os sombreamentos (papel e cartão) são efectuados da mesma forma, através do
sombreamento total de cada linha.

Figura 17: Linhas sombreadas a cartão.

Analisando o comportamento do painel quando as colunas são sombreadas (Gráfico 3),

verifica-se que a variação de tensão é semelhante aquando do sombreamento com papel ou cartão,
exceptuando no tapar da última fila com cartão. Ao proceder-se ao sombreamento desta, a tensão
do painel decresce significativamente.
Observando o gráfico da corrente, verifica-se também um decréscimo ao sombrearem-se os
módulos, no entanto este é muito mais significativo do que na tensão (Gráfico 4).

Colunas sombreadas Colunas sombreadas

Gráfico 3: Estudo da tensão das colunas sombreadas. Gráfico 4: Estudo da corrente das colunas sombreadas.
19
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

Para melhor se compreender o procedimento realizado apresenta-se o esquema da Figura


18. Tal como na Figura 17, é apenas apresentado o procedimento do sombreamento a cartão, uma
vez que é igual ao efectuado com papel.

Figura 18: Colunas sombreadas a cartão

Posteriormente foi estudado o comportamento do painel aquando da utilização de sombras


parciais dispersas pelo mesmo, ou seja, foram determinadas sete configurações, numeradas da
esquerda para a direita e de cima para baixo (Figura 19). Nestas sete configurações foram analisadas
as diferenças de tensão e corrente.

Figura 19: Configurações alternativas, sombreadas a papel (Imagem da esquerda) e a cartão (Imagem da direita).

Como se pode observar nos Gráficos 5 e 6, a variação de tensão com sombreamento a


papel ou cartão é praticamente igual, apenas com uma variação mais significativa na configuração
n.º 6 em que o módulo se encontra 62,5 % sombreado. Na corrente a maior variação decorre
também nesta configuração, em que o sombreamento quando efectuado com cartão leva a que esta
obtenha valores próximos de zero.

Gráfico 5: Estudo da tensão nas outras configurações Gráfico 6: Estudo da corrente nas outras configurações

20
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

6. SIMULAÇÃO E VALIDAÇÃO
Após realizar-se todo o estudo prático, procedeu-se à validação dos resultados obtidos pelo
Simulink. Esta validação foi feita através do esquema da Figura 20. Neste esquema foram
introduzidos, em cada célula, os valores obtidos na caracterização do módulo.

Figura 20: Esquema de simulação do painel 4x6 (Simulink).

Pelo Simulink, para o caso sem sombreamento, determinou-se que a potência máxima do
painel é de 3,6 W, enquanto que na prática foi de 5,40 W. Nos gráficos abaixo representados (Gráficos

7 e 8) podem observar-se as diferenças entre os vários sombreamentos por papel, executados na


prática e pelo Simulink.

Colunas sombreadas Linhas sombreadas

Gráfico 4: Estudo da potência das colunas sombreadas. Gráfico 8: Estudo da potência das linhas sombreadas.

Como se pode observar, existem mais diferenças entre o que aconteceu na prática e na
teoria quando se sombreiam colunas (Gráfico 7), do que quando se sombreiam linhas (Gráfico 8). Este
facto pode dever-se às desuniformidades na iluminação de Setup experimental, que não
conseguiram ser evitadas.

21
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

No Gráfico 9 foram testadas outras configurações para se verificar o que acontecia quando
se sombreavam módulos sem ser em sequência. Pode-se aferir que quando se sombreiam os
módulos centrais (Ensaio 7) e, sabendo que nesta zona as condições se aproximam do óptimo, os
valores práticos e teóricos são muito semelhantes, ao contrário dos outros casos que diferem.
Na Tabela 2 pode-se observar a percentagem sombreada a que correspondem o número de
módulos sombreados dos ensaios do Gráfico 9.

Tabela 2: Percentagem de módulos sombreados.

Nº módulos % módulos
Ensaio
sombreados sombreados
1 1 4,2 %
2 2 8,3 %
3 2 8,3 %
4 4 17,0 %
5 7 29,2 %
6 15 62,5 %
7 4 17,0 %

Gráfico 9: Outros ensaios com sombreamento por papel.

Nos gráficos a seguir representados, podem-se observar as diferenças entre os vários


sombreamentos por cartão, tanto na prática como pelo Simulink.

Colunas sombreadas Linhas sombreadas

Gráfico 10: Estudo da potência das colunas sombreadas. Gráfico 11: Estudo da potência das linhas sombreadas.

Nos Gráficos 10 e 11, os resultados práticos e os do Simulink diferem visivelmente nas


linhas sombreadas e quando o painel está totalmente sombreado com cartão, pois na realidade
quando o painel está sombreado totalmente (ou a partir de 50 % do painel sombreado por linhas) o
produto da tensão-corrente é quase nulo.

22
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

No Gráfico 12 foram testadas as mesmas configurações que no Gráfico 9, mas neste caso o
sombreamento foi feito com cartão.

Gráfico 12: Outros ensaios com sombreamento por cartão.

Como se pode observar, tanto para o sombreamento com papel como para o sombreamento
com cartão, a tendência de variação é quase a mesma em todos os casos.
As variações que surgem entre os resultados práticos e os obtidos pelo Simulink devem-se
principalmente às limitações e/ou incorrecções ocorridas na obtenção dos parâmetros da célula,
dando ênfase ao valor das resistências do equivalente da célula PV (principalmente o Rs) e às
ocorridas na estimativa do valor da irradiação (W/m2), uma vez que o valor não foi constante em todo
o Setup, tendo-se adoptado o valor central mesmo na possibilidade de nas extremidades se ter um
valor mais elevado, por se encontrarem imediatamente por debaixo dos projectores.
As variações também poderão ter ocorrido, mesmo que em menor grau, pelas dificuldades
no controlo da temperatura, que poderão ter conduzido a valores diferentes para os parâmetros da
célula PV (valores utilizados no Simulink) e nos valores dos ensaios práticos, mais demorados e,
possivelmente, obtidos para temperaturas mais elevadas.

23
O efeito do sombreamento na potência produzida pelos painéis fotovoltaicos

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Com a elaboração deste relatório e através da pesquisa do Estado d’Arte, pôde-se verificar
que Portugal tem maior capacidade para produção de energia a partir da energia solar do que aquela
que aproveita. Como tal, o estudo do sombreamento parcial é cada vez mais um tema importante
para estudar.
Neste estudo concluiu-se que o sombreamento, ou seja, a diminuição da irradiância afecta
mais a corrente do que a tensão. Verificaram-se valores de variação na corrente na casa dos 67 %
quando o módulo é sombreado com papel e 89 % quando com cartão. A tensão variou apenas 9 %
quando sombreado com papel e 18 % com cartão. Ao sombrearem-se os módulos com papel não
existem grandes diferenças entre o sombreamento de colunas ou linhas, pois a diminuição da
potência produzida é sempre gradual, enquanto que ao sombrearem-se com cartão a potência é
muito mais afectada quando sombreadas as linhas em comparação com as colunas. Nas outras
configurações, quanto mais módulos se sombreiam com cartão mais a corrente se aproxima do zero,
enquanto que a tensão baixa gradualmente.
Na simulação e validação foi utilizado o programa Simulink que permitiu comparar os
resultados práticos aos teóricos. As diferenças entre estes resultados devem-se a desuniformidades
da irradiância e à dificuldade em controlar a temperatura. Estas são mais visíveis quando se
sombreiam linhas com cartão, que na prática a partir de 50 % sombreado a potência é
aproximadamente zero, o que não acontece na teoria.
Dos objectivos propostos inicialmente, não foi possível proceder-se à identificação dos tipos
de ligação menos susceptíveis aos efeitos negativos do sombreamento devido à escassez de tempo,
ficando este objectivo e o estudo das soluções para minimização do efeito do sombreamento e a
concepção de uma bancada de testes de módulos PV (automatizada e com controlo de temperatura
e iluminação) para possíveis trabalhos futuros.

24
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[22] César Wilhelm Massen Prieb (2002), “Desenvolvimento de um sistema de ensaio de módulos fotovoltaicos,
“Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disponível
ftp://ftp.solar.ufrgs.br/teses/prieb.pdf (consultado a 09-07-2011).

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Anexo A - ???

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