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Serro
2017
Otacília da Silva Rocha
Serro
2017
1 O INSTITUTO DA ADOÇÃO
Percebe-se que está sendo criada uma relação de filiação, a qual não pode
sofrer nenhuma distinção em relação à filiação biológica, por força de previsão
constitucional. O Art. 227, § 6º da CF/881 assegura essa igualdade de tratamento.
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§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. (BRASIL, 1988)
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Neste mesmo sentido, a adoção é definida por Venosa (2011, p. 273) como
sendo:
[...] modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação natural. Daí
ser também conhecida como filiação civil, pois não resulta de uma relação
biológica, mas de manifestação de vontade, conforme o sistema do código
civil de 1916, ou de sentença judicial, no atual sistema.
2 A ADOÇÃO INTERNACIONAL
Eis que em 1945 surge a ONU, Organização das Nações Unidas que em
1948 aprova a Declaração Universal dos Direitos dos Direitos Humanos, servindo
como norte para ordenamentos jurídicos de todo o mundo. (ANNONI, 2002)
Diante então da preocupação de dar uma proteção especial à infância, a
declaração prevê nos seguintes termos em seu Art. 25: “ A maternidade e a infância
têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou
fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social.” (DECLARAÇÃO, 1948)
Dando continuidade a essa preocupação com a infância, Maciel (2010) afirma
que a UNICEF elaborou a Declaração Universal dos Direitos da Criança, sendo esta
aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em Novembro de 1959,
prevendo em seu segundo princípio os seguintes termos:
ARTIGO 1.
A presente Convenção tem por objetivo:
a) estabelecer garantias para que as adoções internacionais sejam feitas
segundo o interesse superior da criança e com respeito aos direitos
fundamentais que lhe reconhece o direito internacional;
b) instaurar um sistema de cooperação entre os Estados contratantes que
assegure o respeito às mencionadas garantias e, em consequência previna
o sequestro, a venda ou o tráfico de crianças;
c) assegurar o reconhecimento nos Estados contratantes das adoções
realizadas segundo a Convenção.
ARTIGO 2.
1. A Convenção será aplicada quando uma criança com residência habitual
em um Estado contratante (“o Estado de origem”) tiver sido, for, ou deva ser
deslocada para outro Estado contratante (“o Estado de acolhida”), quer após
sua adoção no Estado de origem pelos cônjuges ou por uma pessoa
residente habitualmente no Estado de acolhida, quer para que essa adoção
seja realizada, no Estado de acolhida ou no Estado de origem.
(CONVENÇÃO DE HAIA, 1993)
a) A não discriminação, que quer dizer que todas as crianças devem exercer
seu potencial, independentemente do momento e da circunstância e esse
direito deve poder ser exercido em qualquer parte do mundo;
b) O interesse superior da criança, que deve ser sempre respeitado em
todas as ocasiões, vale lembrar que é esse princípio que norteia todo o
nosso Estatuto da Criança e do Adolescente;
c) A sobrevivência e desenvolvimento é fazer garantir o acesso aos serviços
básicos, assim como garantir a igualdade de oportunidades, para que
possam se desenvolver de forma mais completa;
d) A opinião da criança, que significa dizer que em relação aos seus direitos,
a voz da criança deve ser sempre ouvida em todas as circunstâncias.
Esse mesmo dispositivo que trata da proteção à família, traz em seu § 6º uma
legitimação aos filhos adotivos, tratando-os de forma igualitária, conforme se vê: “[...]
os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação”. (BRASIL, 2009)
Seguindo a lógica do direito internacional, o § 5º do Art. 227 da Constituição
Federal assegura que as adoções internacionais devem ser assistidas pelo Poder
Público: “[...]§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que
estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.”
(BRASIL, 2009)
Com base nessa previsão constitucional, surge então a Lei 8.069 de 13 de
Julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para Marques (1993,
p. 8): “[...] toda a ênfase da lei é dada aos novos direitos da criança, entre os quais
se inclui o direito à convivência familiar, na família natural ou na família substituta, no
caso a adotiva.”
Conforme ensina Alvim (2012), o ECA adota o princípio da proteção integral
da criança e do adolescente, buscando sempre priorizar o maior interesse destes,
conforme é possível perceber já em seu Art. 3º:
Neste sentido, o Código Civil também estipula regras para adoção em alguns
casos, conforme se vê:
[...] tratam-se mais do que normas, de princípios, que uma vez cumpridos
darão a ambos os Estados envolvidos a garantia de que não houve “venda”,
“tráfico”, “coação”, “sequestro” ou “indução” ao abandono e que os pais
adotivos estão aptos, tanto juridicamente como psicologicamente, a receber
a criança adotada.
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Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. (BRASIL, 1990)
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http://www.lidiaweber.com.br/Artigos/1998/1998Ofilhouniversal.pdf
https://www.conjur.com.br/2011-mai-30/cai-numero-criancas-brasileiras-
adotadas-estrangeiros2
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Dimas Messias de. Adoção e guarda. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito de Família. 22 ed.
São Paulo: Saraiva, 2007, p.483-484
DINIZ. João Seabra. A adoção: notas para uma visão global. In: Abandono e
adoção: contribuições para uma cultura da adoção. 2000. v.1, p. 67.
MARQUES, Cláudia Lima. Notícia sobre a nova Convenção de Haia sobre adoção
internacional. Perspectivas de Cooperação Internacional e Proteção das Crianças.
Revista Igualdade Ministério Público do Paraná, Curitiba, n. 4, p. 1-15, 1996.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Direito de Família. São Paulo: Saraiva. 1982, v.
VI, p. 332.
SILVA, Regina Beatriz Tavares da; Neto, Theodureto de Almeida Camargo (Coord.).
Grandes temas de direito de família e das sucessões. São Paulo: Saraiva, 2011.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. São Paulo: Atlas, 2011. v.6