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Você está pensando em investir em ações, pois se acha mais inteligente que a maioria.
Você crê que seus julgamentos estão corretos porque foi bem sucedido em suas análises passadas.
Você acredita que suas previsões darão certo porque fez um estudo profundo e detalhado.
Então você compra aquela ação desvalorizada porque ela simplesmente não poderia cair mais, e se
caísse rapidamente o mercado iria perceber e ela iria subir.
Desacreditado, você fica inerte, paralisado. Não dá para vender e sair no prejuízo dessa forma.
O tempo passa e o preço de suas ações caem a valores nunca antes visto. Mas você não consegue
vender.
É difícil deixar uma posição que você escolheu, ainda mais quando está convicto de suas decisões.
A dor em ver o prejuízo crescer cada vez mais o obriga a vender aquela ação. Você perde tudo que
ganhou e ainda sai com um baita prejuízo do mercado de ações.
Se você se identificou em algum momento com essa história então tenho duas notícias para te dar,
uma boa e uma ruim.
Vou começar pela ruim: você está cometendo erros cognitivos ao tomar atalhos em suas decisões.
A maioria dos investidores não apenas apoiam suas decisões no preço, na alta e na euforia do
mercado. Eles também são guiados pelos vieses cognitivos.
Agora vamos a notícia boa: você pode aprender a detectar esses vieses e, com uma boa dose de
treinamento, pode tentar evitá-los.
Neste artigo vou apresentar uma lista com 19 vieses cognitivos. Existem vários estudos e diversos
outros vieses, mas eu acredito que essa lista traz os mais proeminentes e que mais podem afetar
suas decisões de investimento.
A realidade é, no entanto, que nossos julgamentos e decisões são muitas vezes crivados com erros e
influenciados por uma grande variedade de vieses.
Viés é utilizado para expressar o sentido de parcialidade, onde uma análise é feita de maneira
tendenciosa, baseadas não em evidências, mas na percepção pura e simples que a pessoa tem de
uma situação.
O cérebro humano é notável e poderoso, mas certamente sujeito a limitações. Vieses cognitivos são
apenas um tipo de limitação fundamental no pensamento humano. Eles podem estar associados a:
Eu já expliquei em outro artigo sobre o que são heurísticas, como elas estão associadas aos vieses
cognitivos e porque você deveria estudar esse assunto para tomar melhores decisões.
Antes de mais nada, é importante distinguirmos entre os vieses cognitivos e falácias lógicas.
Uma falácia é uma falha de raciocínio. Já o viés cognitivo é uma deficiência genuína ou limitação do
nosso pensamento – como um erro de julgamento causado por uma falha de memória, atribuição
social ou erro de cálculo (como erro estatístico ou um falso senso de probabilidade).
#1 – Viés da Confirmação
Confirmation Bias
Nós adoramos concordar com pessoas, textos e pensamentos que concordam conosco. E
paradoxalmente, a internet piora esta tendência. Por isso nós só acessamos sites que expressam
nossa opinião política e andamos com pessoas que têm gostos parecidos com os nossos.
Tendemos a nos distanciar de pessoas, grupos e noticiários que nos deixam desconfortáveis ou
inseguros sobre nosso modo de ver as coisas – o que o psicólogo comportamental B.F. Skinner
chama de dissonância cognitiva.
Ou seja, nós não gostamos de que discordem de nossas opiniões e de sermos contrariados. Somos
uma máquina de procurar sempre algo ou alguém que confirme nossos pensamentos e atitudes.
Muitas vezes estamos errados e mesmo assim não gostamos de admitir.
De forma inconsciente, os investidores estão o tempo inteiro sofrendo deste viés cognitivo.
Nosso cérebro busca confirmar nossas avaliações, comparações e suposições porque é disso que
ele gosta.
Quando estamos avaliando algo e já temos um pensamento em curso, é natural procurarmos coisas
que confirmem nossas hipóteses.
Isso é perigoso porque pode guiar o investidor a tomar decisões julgadas de forma errada.
Por exemplo, um investidor pode acreditar que um certa empresa é um bom investimento apenas por
procurar informações que confirmam com seu ponto de vista (ficando fechado a opinões ou fatos
contrários).
Avalie seu modo de pensar e tente detectar padrões que levem a seguir por caminhos fáceis
(que tendem a confirmar suas hipóteses)
Tente procurar diferentes pontos de vista sobre uma determinada avaliação ou análise
Não embase suas decisões em achismos, especulação e eventos de curto prazo
Busque sempre os fatos, fundamentos e o longo prazo
Não tenha medo de estar errado (pois uma hora ou hora, nós sempre erraremos).
#2 – Excesso de Confiança
Overconfidence Effect
A pesquisa clássica é a pergunta aos motoristas se eles estão acima ou abaixo da média dos outros
motoristas quanto a sua habilidade no volante. Um percentual elevado responde que suas habilidades
são superiores a da média, o que revela este excesso de confiança.
Excesso de confiança é superestimar ou exagerar a capacidade de executar com êxito uma tarefa
específica. E isso piora para quem é considerado um especialista em determinado assunto.
Isso porque os especialistas são mais propensos a esse preconceito do que os leigos, já que estão
mais convencidos de que estão certos.
Dos 26% restantes pesquisados, a maioria se considerava média. Incrivelmente, quase 100% do
grupo de pesquisa acreditava que seu desempenho no trabalho era médio ou melhor.
Claramente, apenas 50% da amostra pode estar acima da média, sugerindo o nível irracionalmente
alto de excesso de confiança exibido por esses gestores de fundos.
Em um estudo de 1998 intitulado “Volume, Volatility, Price, and Profit When All Traders Are Above
Average”, o pesquisador Terrence Odean descobriu que os traders excessivamente confiantes
geralmente fazem mais operações do que os traders menos confiantes.
Odean descobriu que os traders excessivamente confiantes tendem a acreditar que eles são
melhores do que outros na escolha das melhores ações e melhores momentos para entrar/sair de
uma posição.
Infelizmente, a Odean também descobriu que os traders que realizavam a maior parte das
negociações tendiam, em média, a receber rendimentos significativamente menores do que o
mercado.
Em termos de investimento, o excesso de confiança pode ser prejudicial para a sua capacidade de
escolha de ações no longo prazo.
Além disso, o perigo do excesso de confiança não mora apenas no fato de operar de forma mais
frequente, mas também não fazer a diversificação eficiente da carteira de investimentos..
Quem sofre de excesso de confiança pode abrir grandes posições ou usar estratégias muito
arriscadas acreditando possuírem algum controle da situação.
#3 – Viés da Ancoragem
Anchoring Bias
Em uma negociação salarial quem faz a primeira oferta estabelece uma gama de possibilidades
razoáveis na mente de cada pessoa.
É uma tendência que temos de comparar e contrastar apenas uma quantidade de valores, mesmo
que tenhamos outras informações a nosso dispor.
É mais ou menos assim: você escolhe um valor ou número (mesmo sem saber porque) e passa a usá-
lo como padrão para comparar tudo o mais que surgir.
Isso significa que a primeira impressão sobre um fato é muito poderosa em nossa mente. Todas as
comparações posteriores a essa impressão serão “ancoradas” a partir dela.
Por exemplo, em alguns restaurantes o valor da entrada é muito alto, e depois eles os pratos
principais são mais baratos. Porque fazem isso? Simples, para você ter a impressão que só a entrada
é cara e para você ter como base de comparação o primeiro preço.
Você pode achar que isso possa espantar o cliente, mas não. Na realidade a maioria das pessoas tem
vergonha de sair do restaurante após entrarem e mais ainda se forem muito bem atendidas.
Digamos que uma ação ou fundo imobiliário esteja vendida a R$ 35,00, um valor abaixo dos preços
dos meses anteriores (que oscilaram, digamos, entre R$ 45 e 50 reais)
O investidor pode associar esse preço baixo a uma oportunidade, apenas porque o valor está mais
baixo que o histórico ou mesmo porque existe um fundo formado ao redor deste preço no passado
(ou por estar em uma região de suporte).
Então esse investidor simplesmente acredita que a ação não vai mais cair abaixo de R$ 35,00 só
porque sua ideia está “ancorada” no preço histórico.
Para investidores de longo prazo, que baseiam suas análises me fundamentos e em valor, isso é um
grande erro!
Comprar porque caiu pode ser altamente perigoso por vários motivos:
#4 – Viés do Retrospecto
Hindsight Bias
Esse efeito pode causar problemas metodológicos extremos quando o indivíduo tenta analisar,
compreender e interpretar resultados em estudos experimentais.
Depois de assistir a um jogo de futebol, você pode insistir que você sabia que o time vencedor estava
indo para vencer de antemão. Você acreditava nisso apenas porque queria estar certo.
Ao assumir que você já sabia as informações, você pode deixar de estudar adequadamente os fatos
e dados.
Particularmente nos investimentos, é a tendência de achar que sabia que uma ação ou fundo
imobiliária iria subir porque você havia previsto isso devido a fatores a, b ou c.
Isso pode ser altamente prejudicial pelo fato de que esse movimento pode ter sido causado por
outras variáveis que não necessariamente você achava que havia previsto.
Se por acaso sua “previsão” vai na contramão do que espera, você pode ficar ancorado e suas ideais
e não conseguir enxergar a realidade e fundamentos.
#5 – Viés da Informação
Information Bias
Em nosso mundo atual buscamos informação a todo momento. Internet, TV, jornais, livros, gurus,
somos bombardeados o tempo inteiro.
Além da facilidade de acesso a essas notícias, a velocidade com que ela se propaga e se atualiza é
impressionante.
Devido a isso é normal buscarmos informações em excesso para balizar nossas decisões em todos
os aspectos (acreditando que quanto mais informação, mais qualidade e confiança teremos em
nossas decisões).
O problema disto é que muitas vezes essas informações são inúteis e não vão trazer melhores
resultados.
Pelo contrário, elas tendem a atrapalhar não só por conta do tempo perdido (que poderia ser
aproveitado para ganhar e poupar mais dinheiro), mas pelo fato de que você pode estar agregando
informações que não tem fundamento.
Quando vamos tomar decisões em investimentos temos que ter cuidado para não ficar buscando
informação demais.
Na maioria das vezes as informações que encontramos são sem sentido e não acrescentam mais
valor (tais como notícias, boatos, dicas ou fóruns de discussões).
Além de confundir, informações demais podem levar a tomar decisões ruins que vão desde ignorar os
fundamentos do ativo até seguir dicas de fóruns ou redes sociais.
Quando chega neste nível, o mais perigoso é que isso dá certo e leva o investidor a arriscar mais
capital. \
Não tem outra, ele vai perder cedo ou tarde por ficar seguindo notícias ou agregar informações sem
valor (em uma falsa sensação de controle e segurança).
#6 – Falácia do Apostador
Gambler’s Fallacy
Falácia do Apostador: Tendência em dar enorme peso em eventos passados,
acreditando que eles afetarão eventos futuros.
A Falácia do Apostador (ou Jogador) ocorre quando as pessoas acreditam que podem prever eventos
aleatórios e que podem controlar a sorte.
O exemplo clássico é o cara e coroa. Depois de tirar cara, digamos, umas 5 vezes seguidas,
começamos a achar que as chances de virar cara, são maiores, quando na verdade a chance de tirar
cara ou coroa, ainda é de 50%.
É a sensação que nossa sorte mudou e agora tudo será melhor. Isto contribui para o conceito errôneo
de “mão boa”.
É a mesma sensação que temos quando começamos um novo relacionamento, de que tudo será
melhor que antes.
Outras falsas predições em torno da sorte incluem suposições de está tendo tanto uma maré de sorte
quanto uma maré de azar.
Geralmente todos nós precisamos explicar nossas experiências (como na teoria da atribuição) e os
apostadores não são diferentes. Eles, portanto, formam teorias sobre por que estão ganhando ou
perdendo com base na sorte e sua própria habilidade.
Porque este viés pode prejudicar o investidor?
O investidor, após ter sucesso em alguns de seus investimentos, pode acreditar que tem sorte ou tem
uma mão boa para investir em ações.
Isso o leva a tomar caminhos especulativos, de buscar a riqueza fácil e rápida. Não precisa dizer que
este caminho leva a prejuízos e insucesso.
Um elemento crítico da falácia é que as vitórias e as perdas se equilibrarão no curto prazo, e não no
longo prazo, de modo que várias perdas significam que as vitórias são mais prováveis.
A verdade é quando o driver é uma chance aleatória, a probabilidade de ganhar ou perder é sempre a
mesma cada vez.
#7 – Efeito Manada
Mas não precisa ser um grupo muito grande ou uma nação inteira; podem ser pequenos grupos,
como a família ou até mesmo um grupo de trabalhadores de um escritório.
O efeito manada é o que normalmente causa comportamentos, normas sociais e memes que se
propagam entre os grupos de indivíduos _ independentemente de evidências ou motivos.
É por isso que muitas pesquisas de opinião são frequentemente maliciosas, por elas poderem guiar
as perspectivas dos indivíduos como elas quiserem.
Muito deste viés tem a ver com nosso desejo de nos adaptarmos e nos conformarmos. Além disso,
esse viés está associado a aversão a perda (ver adiante).
1. Pressão Social da Conformidade: a maioria das pessoas é muito sociável e tem um desejo
natural de ser aceito por um grupo, ao invés de ser marcado como um pária. Portanto, seguir o grupo
é uma maneira ideal de se tornar um membro.
2. O Grupo Não Pode Estar Errado: Mesmo que você esteja convencido de que uma determinada
idéia ou curso ou ação é irracional ou incorreta, você ainda pode seguir o rebanho, acreditando que
eles sabem algo que você não.
3. Ganância: A sensação de que pode perder a grande subida do mercado afeta profundamente os
investidores. Eles não vão querer ficar de fora e para isso se expõem a riscos elevados, sem se
importar com os fundamentos intrínsecos. Isso leva os investidores a comprarem em mercados de
alta.
4. Pânico: Quando ocorre a quebra geral do mercado, o efeito manada novamente estará lá. O preço
dos ativos despencam a níveis irracionais movidos pelo pânico e desespero. Agora o investidor vende
no mercado em baixa, pois não suporta a dor da perda.
É por isso que muitos investidores iniciantes perdem bastante dinheiro e deixam o mercado
revoltados, no prejuízo e desesperançosos.
Pense de forma independente: aprenda a realizar suas próprias análises e tomar suas próprias
decisões
Não tente ir contra a manada – simplesmente se afaste dela!
A manada pode estar certa na maioria das vezes – mas também estará errada grande parte
Entenda: o que move o preço dos ativos no curto prazo é fluxo, notícias, especulação. No longo
prazo os fundamentos e qualidade dos ativos é que importam
Desenvolva uma mentalidade adequada através da leitura, estudos e aprendizagem – investir é
uma jornada de longo prazo.
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#8 – Ilusão de Controle
Illusion of Control
É quando acreditamos que temos domínio sobre um evento ou situação que estão realmente
ocorrendo independentemente do nosso comportamento.
Esta é uma ilusão muito comum que ocorre na maioria das pessoas, particularmente quando os
eventos desejados ocorrem freqüentemente, embora incontrolavelmente.
Existem diversos exemplos não só na vida real, mas também em experimentos psicológicos. Podem
ser produzidos em participantes experimentais, como por exemplo:
Em todos esses casos, as pessoas tendem a pensar que têm controle sobre os eventos, mesmo
quando esses eventos foram programados para ocorrer seguindo uma seqüência predeterminada.
Na vida real, isso geralmente leva à tomada de decisões baseadas em coincidências e ilusões
cognitivas, em vez de contrastar o conhecimento.
Ela afeta diversas áreas como saúde, finanças ou educação. Essa ilusão repousa no cerne das
práticas pseudocientíficas e do pensamento supersticioso.
O investidor pode utilizar estratégias arriscadas, não diversificarem, ou mesmo ficarem relutantes em
se desfazer de investimentos ruins simplesmente por acreditarem que podem manipular o mercado.
Você não pode saber mais do que todos os outros e amanhã (ou no próximo ano) algo que você
poderia ou não poderia saber hoje pode afetar suas ações de qualquer maneira. Então, o que é
importante que você pode realmente influenciar?
#9 – Efeito de Enquadramento
Framming Effect
Por exemplo, as decisões de pacientes são muito diferentes quando o médico diz “você tem uma
chance de 90% de sobrevivência” versus “você tem uma chance de 10% de mortalidade”.
As chances são as mesmas, mas apenas apresentado usando um ponto de vista diferente.
Do mesmo modo, é possível que a pessoa seja influenciada no sentido de buscar o risco, se a
escolha for apresentada em termos de perdas.
Por exemplo:
1. Você tem 20% de chance de perder R$ 1000 e 80% de chance de ganhar R$ 2000
2. Você tem 80% de chance de ganhar R$ 1000 e 20% de cha
É possível que uma pessoa seja induzida a escolher uma opção menos vantajosa financeiramente, a
fim de fugir do risco, se as alternativas forem enquadradas em termos de ganhos.
Enquadramento ocorre com frequência nos mercados financeiros, porque é o playground final para
ganhos e perdas.
Constantemente vemos comparações de dados de mercado e econômicos hoje versus aqueles nos
anos de pico ou aqueles nos anos de depressão.
Haverá sempre um ponto no tempo que você pode usar para enquadrar dados para torná-lo olhar
positivo ou negativo.
Digamos que você tenha comprado ingressos para um concerto ou jogo de futebol. No dia do evento,
você pega um resfriado e fique doente, de cama. Mesmo doente você decide ir para o evento porque
caso contrário “você teria desperdiçado seu dinheiro”.
Pronto, você acaba de entender a falácia dos custos irrecuperáveis.
“Esse filme é uma bosta, mas eu não vou sair cinema! Vou ver até o fim porque paguei!”
“Não vou vender esse sofá por esse preço, ele foi muito caro!”
Se você pensar por um momento, você provavelmente pode pensar em todos os tipos de situações
em que você toma decisões irracionais por causa da falácia de custos irrecuperáveis.
Nós somos vítimas dessa falácia porque deixamos as emoções a frente dos investimentos em
dinheiro, tempo ou qualquer outro recurso que cometemos no passado.
Se você juntar essa falácia com Aversão a Perda (veja adiante), você vai perceber como é fácil
cairmos em armadilhas (e como pode ser difícil sairmos delas!).
Porque o investidor pode ficar aficionado com um determinado investimento e, por ter havido um
custo associado a ele, prefere não se desfazer de seus ativos mesmo que eles tenham perdido valor.
A ideia de perder algo é perturbadora. Ninguém gosta de sair perdendo em nenhuma transação,
principalmente financeira.
Mas, ao investir em ativos para o longo prazo, com o objetivo de acumular patrimônio e riqueza, é
essencial o investidor saber detectar quando ocorre perda de valor. De acordo com seus critérios, o
investidor deve ser capaz de se desfazer de ativos que perderam valor, mesmo que isso leve a
reconhecer perdas.
Reconheça a falácia lógica por trás (você está deixando suas emoções na frente da razão)
Escreva uma lista de prós e contras sobre suas decisões
Se o único pro fez você se sentir melhor sobre a escolha de investimento, claramente você deve
ir na outra direção
Não aja de forma estúpida, avalie de forma racional quanto vai perder ou ganhar com suas
decisões
Também chamado de efeito dotação, esse viés explica porque as pessoas se apegam a objetos,
lugares e pessoas.
As vezes a pessoa não precisa daquilo que comprou ou adquiriu, mas tem dificuldade em se livrar
das coisas.
Outro efeito observado na economia comportamental, que é semelhante, mas distinto, da falácia de
custos irrecuperáveis é o efeito posse. O efeito posse é o efeito pelo qual o valor que uma pessoa
atribui a um objeto aumenta depois que um direito de propriedade para o objeto foi estabelecido.
A principal diferença entre o efeito posse e a falácia de custos irrecuperáveis é que, no segundo, o
preço inicial pago desempenha um papel desproporcionado na determinação do valor que a pessoa
atribui ao objeto.
Sob a visão da falácia do custo irrecuperáveis, algo que foi obtido com um desconto significativo, ou
como um presente, pode ser avaliado como muito menos do que o mesmo item para o qual um preço
elevado foi pago. O efeito posse não faz essa previsão.
Sob a falácia de custos irrecuperáveis, as pessoas estão menos dispostas a comprar outra cópia de
um item que perderam. Isso não pode ser explicado pelo efeito posse, que pode de fato predizer que
as pessoas que perderam um item têm maior probabilidade de comprar outra cópia do que as
pessoas que ainda não compraram, porque uma associação com o objeto cria um direito de
propriedade.
Porque o investidor pode criar laços afetivos com seus ativos de forma a prejudicá-lo em tomadas de
decisão.
Ao invés de escolher a razão em suas decisões, o investidor deixa as emoções na frente. E isso, mais
uma vez, é péssimo para ter sucesso no longo prazo.
Loss Aversion
Experiências econômicas mostraram que a falácia de custos irrecuperáveis e a aversão à perda são
comuns; Daí a racionalidade econômica – como assumido por grande parte da economia – é limitada.
Isto tem implicações enormes para finanças, economia e mercados de valores mobiliários em
particular. Daniel Kahneman ganhou o Prêmio Nobel de Economia em parte pelo seu extenso trabalho
nesta área com seu colaborador, Amos Tversky.
Se a nossa carteira, que ficou plana durante um ano, de repente aumenta de R$ 100.000 para R$
120.000 em um dia, e uma semana depois declina de volta para R$ 110.000, nós sentimos pior do
que não tinha subido em todos devido à nitidez do declínio, mas de fato estamos melhor.
A aversão à perda é um viés que simplesmente não pode ser tolerado na tomada de decisão
financeira.
Ele instiga exatamente o oposto do que os investidores querem: aumento do risco, com menores
retornos.
Manifestações incluem investidores que se agarram à perda de investimentos por muito tempo e
investidores que vendem vencedores muito cedo, com medo de que seu lucro se evapore, a menos
que eles vendam.
Pode também ser a razão para manter uma carteira desequilibrada. Por exemplo, se várias posições
de investimento caírem em valor e o investidor não estiver disposto a vender devido à aversão a
perdas, pode ocorrer um desequilíbrio.
Daniel Kahneman
Mental Accounting
De acordo com Shefrin e Thaler: as pessoas alocam mentalmente a riqueza em três classificações: (1)
renda corrente, (2) ativos circulantes, (3) renda futura.
A propensão para consumir é maior a partir da conta de renda atual, enquanto somas designadas a
renda futura são tratados de forma mais conservadora.
Assim, as pessoas colocam dinheiro em “contas mentais” separadas quando apresentadas com uma
decisão financeira. Por exemplo, os participantes valorizam mais dinheiro do que as remessas de
cartões de crédito, embora a fonte de ambos seja idêntica.
A teoria sugere que os indivíduos atribuem diferentes níveis de utilidade a cada grupo de ativos, o que
afeta suas decisões de consumo e outros comportamentos.
Apesar de agrupar contas distintas possa corresponder com metas financeiras, no entanto, pode
fazer com que os investidores negligenciem posições que compensem ou correlacionem essas
contas.
O viés de contabilidade mental pode levar os investidores a alocar ativos de forma diferente. Pode
fazer com que os investidores hesitem em vender investimentos que geraram ganhos significativos,
mas, ao longo do tempo, caíram no preço.
Ao investir, basta lembrar que o dinheiro é dinheiro, não importa se o dinheiro esteja em uma
conta na corretora são derivados do trabalho duramente ganhos, uma herança ou ganhos de
capital realizados
Apesar de poder ajudar em finanças pessoas (no controle de suas contas domésticas), dar
nome ao dinheiro nos investimentos pode atrapalhar
Invista sempre em valor diversificado para diminuir o risco
Não dê nome ao dinheiro, pois pode fazê-lo negligenciar apenas por estarem em classes de
ativos diferentes
Focusing Effect
Isto é tipicamente devido a fatores como estereótipos e esquemas que usamos que trazem certos
fatores à mente e minimizam os outros.
Schkade e Kahneman perguntaram a pessoas que seriam mais felizes, californianos ou os povos do
interior dos Estados Unidos. Muitos disseram californianos porque eles colocaram foco
desproporcional na suposição de haver mais sol na Califórnia e que o estilo de vida era mais
relaxado. A maior taxa de criminalidade e ameaça de terremotos na Califórnia não foi dada qualquer
foco.
Porque o investidor pode focar sua energia e pensamento em pontos que não interessam em suas
avaliações, ignorando o que realmente importa.
Nos adoramos utilizar esquemas mentais que fortalecem nossas ideias e pre-julgamentos. Damos
peso demais a pontos que não interessam e isso pode ser muito ruim.
Viés do Status Quo: Tendência das pessoas em não fazer nada ou manter sua
decisão atual ou anterior.
O Status Quo é a preferência de um indivíduo por manter seu estado atual, mesmo se uma alteração
de sua situação proporcionasse um aumento de bem-estar. Este viés estimula o indivíduo a
permanecer no nível de referência atual (ou seja, não fazer nada).
Esta última baseia-se na observação de Kahneman e Tversky (1982) de que as pessoas sentem maior
arrependimento por resultados ruins resultantes de novas ações tomadas do que por consequências
ruins devido da inação.
Porque este viés pode prejudicar o investidor?
Porque simplesmente não fazer nada também é uma decisão. Isso pode deixar o investidor
paralisado em suas tomadas de decisão, sem saber o que fazer.
Não que você deva comprar ou vender a todo momento, movido a noticias ou eventos de curto
prazo. Longe disso!
Mas as vezes a zona de conforto nos deixa conformados em ficarmos abraços com ativos que não
tenham valor.
Projection Bias
Um exemplo comum de viés de projeção é predizer que os próprios pontos de vista permanecerão os
mesmos com o tempo, embora em muitos domínios esta seja estatisticamente improvável.
Estamos presos em nossas mentes 24/7, é difícil para nós nos projetarmos fora dos limites de nossa
consciência e de nossas preferências.
Nós costumamos a achar que a maioria das pessoas pensam como nós – embora não haja
justificativa para isto.
Esta deficiência cognitiva normalmente leva para um efeito relacionado, conhecido como viés do falso
consenso, onde tendemos a acreditar que não somente as pessoas pensam como nós, mas também
concordam conosco.
É um viés onde superestimamos como somos normais, e assumimos que existe consenso onde ele
não existe.
Além disso, pode criar um efeito em membros de grupos radicais que assumirem que mais pessoas
concordam com eles ou uma confiança exagerada em prever o vencedor de alguma eleição ou jogo
de algum esporte.
Porque este viés pode prejudicar o investidor?
Porque isso pode levar o investidor a seguir notícias ou boatos de fóruns por achar que faz parte de
uma “comunidade inteligente”, onde “todos sabem o que estão fazendo”.
Além disso, esse viés pode levar o investidor a ficar tão aficionados em convencer terceiros, que
esquece suas próprias decisões, ficando mais expostos a riscos.
Optimism Bias
As pessoas acham que as coisas ruins não vão acontecer com elas. E existem diversos
exemplos para isso.
Apesar de de parecer que o viés do otimismo seja bom para eventos positivos, como acreditar-se ser
mais bem sucedido do que outros financeiramente, e eventos negativos, como ser menos provável ter
um problema bebendo, há mais pesquisa e evidência sugerindo que o viés é mais forte para efeitos
negativos.
Diferentes consequências resultam desses dois tipos de eventos: os eventos positivos geralmente
levam a sentimentos de bem-estar e autoestima, enquanto os eventos negativos levam a
consequências que envolvem mais riscos, como se engajar em comportamentos de risco e não tomar
medidas cautelares para a segurança.
Como consequência desse viés, alguns indivíduos podem desconsiderar precauções que poderiam
restringir esses riscos. Podem, por exemplo, não usar cintos de segurança.
Na mundo dos investimentos esse viés afeta diretamente os investidores que pensam que estão
menos expostos a perdas nos mercados. Dessa forma, se expõem muito mais aos riscos do que o
normal.
Pensar de forma positiva ao excesso pode levar o investidor a correr riscos desnecessários,
baseando suas análises em crenças e pensamentos positivos, que muitas vezes não condizem com
os fundamentos e a realidade.
O clássico exemplo é o investidor comprar demais uma determinada ação, ficando altamente
concentrado e exposto a riscos que envolve aquela empresa e setor.
As pessoas tendem a prestar mais atenção às más notícias – e não é só porque somos mórbidos.
Os cientistas sociais teorizam que é devido à nossa atenção seletiva e que, dada a escolha, que
percebemos as notícias negativas como sendo mais importantes ou profundas do que as notícias
positivas.
Também tendemos a dar mais credibilidade às más notícias, talvez porque estamos desconfiados (ou
seria entediados?) o tempo inteiro.
Esse viés está enraizado em nossa evolução. Prestar atenção a más notícias pode ser mais adaptável
do que ignorar boas notícias. Por exemplo, “os tigres do dente do sabre caçam nesta região, então é
melhor cairmos fora” contra “vamos descansar hoje nessa região, vai dar tudo bem”.
Imagine se o investidor baseasse suas decisões em noticias ou eventos ruins? Ele iria só fazer
besteiras e JAMAIS conseguiria sobreviver por muito tempo.
Além disso, investidores que sejam muito pessimistas podem ficar tão avessos ao risco os levem a
ignorar os benefícios do investimento em ações e renda variável (que comprovadamente tem levado a
excelentes resultados no longo prazo).
Survivorship Bias
Por exemplo, podemos pensar que ser um empreendedor é fácil porque não temos ouvido falar de
todos aqueles que falharam. Porém, todos sabem que abrir e operar um negócio é muito difícil e a
maioria das empresas fecham as portas nos primeiros anos de vida. De cada dez empresas, seis
fecham antes de completar 5 anos, aponta IBGE (fonte: UOL).
Se você já foi submetido a uma longa espera em um restaurante, apenas para descobrir que os
outros restaurantes nas proximidades todos têm espera também, você pode ter pensado: “Uau, a
indústria de restaurante está crescendo. Talvez eu deveria abrir o meu próprio restaurante!”.
Falei restaurante, mas você pode estender para diversos outros negócios do seu bairro.
Da mesma forma, ouvimos falar de empreendedores de tecnologia que fundam bilhões de dólares em
suas garagens, mas o fato é que 99% das empresas iniciantes do Vale do Silício começam a cair fora
antes de bater o grande momento.
De empresas pertencentes a Fortune 500, passando por atletas profissionais, gurus de dieta e
estrelas pop, os sucessos estão em toda parte.
É tentador olhar para eles como lições em sua própria vida, como se sua rotina matinal ou regime de
exercício ou técnica de gestão incomum fosse a chave para você encontrar o seu próprio sucesso.
Mas tudo é sobre o equilíbrio, e se você não se lembrar dos erros e falhas em igual medida, você
poderá se sair muito mal, e isso inclui nos investimentos.
Esse viés é perigoso pois pode levar o investidor a diminuir seu espectro de analise, enxergando
apenas os pontos que se realçam, seja negativo ou positivo.
Muitas vezes o investidor pode achar que se alguém teve sucesso na bolsa, ele também poderá ter.
Mal sabe que para alguns terem sucesso, milhares fracassaram.
Ao invés de pensar de forma mais estatística, baseado em probabilidade, esse viés pode levar as
pessoas acharem que eventos isolados e raros são mais importantes.
O clássico exemplo é a falácia de ficar rico rápido na bolsa de valores. Ao invés de buscar o acúmulo
gradual, ao longo do tempo, o investidor busca atalhos que certamente vão trazer prejuízos.
Pense de forma estatística e probabilística (para alguns poucos terem sucesso, milhares
fracassaram)
Não acredita na sorte. O sucesso não é apenas sobre o que faz certo; É também sobre o que
não fazer de errado.
Não se prenda a seus acertos ou sucesso – você pode se enganar
Saiba o que não funcionou no passado e aprenda com seus erros
Diversifique seus ativos
CONCLUSÕES
Um viés cognitivo é um tipo de erro no pensamento que ocorre quando as pessoas estão
processando e interpretando informações no mundo à sua volta. São regras básicas que nos ajudam
a entender o mundo e a alcançar decisões com relativa rapidez.
Existem diversos outros vieses cognitivos e certamente irei aborda-los melhor em futuros artigos.
Porém, eu considero que essa lista traz os vieses mais importantes que podem prejudicar nos
investimentos.
Sei que é difícil detectar e se prevenir desses desvios. Tenho plena convicção que é necessário lutar
todos os dias contra meu cérebro primitivo para evitar cometer besteiras (ou ao menos tentar).
De certa forma, saber o que são, detectar e sistematizar os vieses cognitivos é uma forma de
proteção e redução de riscos. Essa é a grande missão das finanças comportamentais.
Agora que você aprendeu mais sobre vieses cognitivos, deixe seus comentários abaixo!
Se já cometeu ou ainda comete algum desses vieses, compartilhe conosco sua experiência.
Bons investimentos!
Livros recomendados
Rápido e Devagar: As duas formas de pensar, 1ª ed, 2011 – por Daniel Kahneman
Previsivelmente Irracional, 1ª ed, 2009 – por Dan Ariely
A Cabeça do Investidor, 1ª ed, 2011 – por Vera Rita
The Little Book of Behavioral Investing, 1ª ed, 2010 – por James Montier
Fontes de consulta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vi%C3%A9s_cognitivo
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_cognitive_biases
http://pensologoinvisto.cvm.gov.br/
http://www.wrprates.com/lista-de-vieses-cognitivos
http://io9.com/5974468/the-most-common-cognitive-biases-that-prevent-you-from-being-
rational
https://www.verywell.com/cognitive-biases-distort-thinking-2794763
https://en.wikipedia.org/wiki/Optimism_bias
https://www.behavioraleconomics.com/mini-encyclopedia-of-be/
http://awealthofcommonsense.com/2014/08/framing-investment-decisions/
http://www.investopedia.com/university/behavioral_finance/