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Este documento discute a improvisação idiomática no gênero musical do frevo a partir da teoria dos gêneros discursivos de Bakhtin. Ele explica que a improvisação deve ser baseada nos elementos estruturais, estilísticos e temáticos do gênero. Também fornece exemplos dessas características no frevo, como escalas, cromatismos e fraseados rítmicos.
Este documento discute a improvisação idiomática no gênero musical do frevo a partir da teoria dos gêneros discursivos de Bakhtin. Ele explica que a improvisação deve ser baseada nos elementos estruturais, estilísticos e temáticos do gênero. Também fornece exemplos dessas características no frevo, como escalas, cromatismos e fraseados rítmicos.
Este documento discute a improvisação idiomática no gênero musical do frevo a partir da teoria dos gêneros discursivos de Bakhtin. Ele explica que a improvisação deve ser baseada nos elementos estruturais, estilísticos e temáticos do gênero. Também fornece exemplos dessas características no frevo, como escalas, cromatismos e fraseados rítmicos.
bakhtiniana da linguagem para o improvisador: o caso do frevo
Klesley Bueno Brandão
Universidade Estadual de Campinas buenobrandaotrp@yahoo.com Improvisação Idiomática
• É uma forma de improvisações musical
pautadas em (e que visa configuração de) um determinado gênero musical preestabelecido (BAILEY, 1993, p. xii). Gênero Musical • Esferas que reúnem produções musicais relativamente semelhantes em um dado recorte histórico (PIEDADE, 2003, p. 52). Gêneros discursivos em Bakhtin “Todos os três elementos - o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional - estão indissoluvelmente ligados no conjunto do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um campo da comunicação. [...], cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros de discurso”. (BAKHTIN, 2016, p. 11, 12). Forma simbólica • “A música, enquanto uma forma simbólica que produz sentidos, o faz a partir de relações e convenções sociais, as quais permanecem nas significações que lhe atribuímos, quer olhemos para o seu interior, quer olhemos para o seu exterior. Por mais formal que seja o nosso olhar, a significação musical nunca é unívoca e muito menos autônoma em relação à história. Ao contrário, a música é essencialmente polissêmica e seus sentidos totalmente ligados às condições históricas de sua produção e/ou recepção” (NASSIF, 2015, p. 114). Aproximações com a teoria enunciativa discursiva de Bakhtin Os três elementos do enunciado musical:
Construções composicionais Conteúdo (temático) Estilo
Na relativa estabilidade dos três referidos
elementos do enunciado, configura-se um gênero musical Frevo de Rua
Bloco Amantes de Glória
Foto retirada do site http://www.programacaocarnavalrecife.com.br/previa-blocos-amantes-da-gloria/ – acesso em 26/08/2019. Construções composicionais Construções composicionais
Início da música “Nino, o Pernambuquinho” (pauta superior trompete 1 e inferior saxofone alto 1)
Começo em anacruse e arpejos: em azul
Período: em amarelo. Antecedente e consequente: em lilás Repetição de motivo rítmico com alterações melódicas: em verde Construções composicionais
Parte do trompete 1 do início da parte A do frevo “Freio a Óleo” (partitura em Bb)
Escalas e fragmentos de escala: em azul
Cromatismos: em vermelho Construções composicionais
Parte A do frevo “Cabelo de Fogo” (mescla do trompete 1 com saxofone alto 1)
Apogiaturas (em vermelho)
Antecipações (em verde) Notas de passagem (em azul) Escapadas (em lilás) Conteúdos temáticos
• “No carnaval, um período de constante troca, são
unidas as contradições: a brincadeira rude transforma- se em diversão sadia; a festa, em princípio de origem religiosa, transforma-se em exemplo pagão onde o ‘diabo está solto’; é o momento do caos, onde tudo pode, mas é ordenado, já que todo bloco e desfile possuem suas regras definidas; a reivindicação, [...]talvez utópica, de que os opostos podem se unir; o “passo” do frevo é livre, improvisado, mas a música é uma marcha, estrita com sua marcação rítmica rígida”. (BENCK FILHO, 2008, p. 12-13) Estilo • A criação/execução de fraseados elaborados a partir das características composicionais e conteúdos temáticos do frevo, no qual se procura tocar sempre um pouco para frente do beat. Procurando, assim, a configuração de um clima de ebulição festivo que se espera ouvir em um frevo. considerações Improvisação idiomática: deve ser elaborada a partir do domínio dos elementos estruturais típicos de dado gênero e compreensão dos conteúdos temáticos.
Transposição dos referidos elementos para a
esfera estilística. Referências • BAILEY, Derek. Improvisation, its nature and practice in music. England Ashbourne: Da Capo Press, 1993. • BENCK FILHO, Ayrton Müzel. O frevo-de-rua no Recife: características sócio-históricomusicais e um esboço estilístico-interpretativo. Salvador, 2008. 116f. Tese (Doutorado em Música). Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008. • CONSTANTINO, Paulo Roberto Prado. Apreciação de gêneros musicais: práticas e percursos para a educação básica. Marília, 2017. 157f. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2017. • NASSIF, Sílvia Cordeiro. Algumas questões sobre a significação musical e suas implicações para o ensino da música. Revista Música Hodie, Goiânia, v.15 n.2, p.106-121, 2015. • PIEDADE, Acácio Tadeu de Camargo. Brazilian Jazz and the Friction of Musicalities. Jazz Planet, Atkins, Taylor (Editor). Jackson: University Press of Mississipi, pp. 41- 58, 2003. • PIEDADE, Acácio Tadeu de Camargo; BASTOS, Marina Beraldo. Análise de improvisações na música instrumental: em busca da retórica do jazz brasileiro. Revista Eletrônica de Musicologia, v.11 p. s/n, 2007. • TELES, José. Do Frevo ao Manguebeat, São Paulo: Editora. 34, 2012. • VALENTE, Francesco. Spok e o novo frevo um estudo etnomusicológico. Lisboa, 2014, 109f. Dissertação (Mestrado em Etnomusicologia). Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, 2014. • VOLÓCHINOV, Valentin Nikolaevich. A construção da enunciação. In: GERALDI, João Wanderley (Org.). A construção da enunciação e outros ensaios. Tradução e notas de João Wanderley Geraldi. São Carlos, Pedro & João Editores, 2013, p. 157- 188. Obrigado!
Klesley Bueno Brandão
Universidade Estadual de Campinas buenobrandaotrp@yahoo.com