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AULA
02
Se
você
fizer
a
pergunta:
"Qual
o
veículo
usado
por
um
ativista
quântico?".
A
resposta
terá
de
ressoar
com
as
palavras:
"Um
quantum,
um
quantum,
um
quantum".
O
que
é
um
quantum?
Naturalmente,
esta
é
a
pergunta
fundamental:
Como
começou
a
física
quântica?
Max
Planck,
físico
alemão,
estava
trabalhando
num
problema.
E
descobriu
que,
se
introduzisse
a
hipótese
de
que
a
energia
é
constituída
de
quantidades
discretas,
então
seu
problema
estaria
resolvido.
A
energia
é
constituída
por
quantidades
discretas.
E
por
que
essa
ideia
é
tão
nobre?
Porque
se
pensar
em
energia,
sua
capacidade
de
fazer
qualquer
coisa.
Como
quando
você
corre.
Ou
a
gasolina
que
dá
energia
para
o
motor
de
seu
carro
funcionar.
Independentemente
de
como
você
pensa
sobre
isso.
Você
não
pensa
a
energia
como
sendo
transações
contínuas?
É
natural,
o
carro
tende
a
funcionar
continuamente.
Você
parece
correr
continuamente.
Assim,
a
ideia
que
todo
mundo
aceitava
antes
de
Max
Planck
era
a
de
que
a
energia
é
contínua.
Mas
Planck
disse
que
não.
A
energia
específica
que
estamos
estudando,
a
energia
radiante,
tinha
de
ser
quantidades
discretas.
Não
é
possível
reduzi-‐la
além
desse
quantum
discreto.
A
palavra
quantum
ele
escolheu
do
latim.
Significa
simplesmente
quantidade.
Mas,
como
sabe,
às
vezes
usamos
uma
palavra
e
a
adaptamos
numa
linguagem
diferente,
com
um
significado
especial.
Por
isso,
desde
que
Planck
usou
a
palavra
latina
quantum,
ela
assumiu
uma
conotação
especial
na
língua
inglesa
e
em
outras.
Quantum
significa
uma
quantidade
discreta.
Portanto,
imaginamos
a
energia
formada
por
essas
quantidades
discretas.
Eisntein
converteu
o
que
Planck
disse
e
afirmou
que
a
luz
consiste
nessas
quantidades
discretas,
tal
como
suspeitávamos.
A
matéria
consiste
em
quantidades
discretas
ou
finitas
chamadas
partículas
elementares.
A
luz
também
deve
consistir
em
quantidades
discretas,
como
os
fótons.
Foi
esse
o
nome
dado
às
quantidades
discretas
de
que
consiste
a
luz.
Bem,
esta
é
uma
observação
muito
interessante,
e
ninguém
tinha
pensado
nisso
antes.
Einstein
acabou
recebendo
o
Prêmio
Nobel
por
sua
ideia,
pois
ela
permitiu
confirmar
experimentalmente
as
ideias
e
as
aplicações
tecnológicas.
Depois,
surgiu
outra
grande
ideia
da
física
quântica,
dando-‐nos
um
modo
completamente
diferente
de
pensar
a
física
quântica.
Quando
você
diz
que
o
quantum
representa
quantidades
discretas
e
que
isso
muda
sua
visão
de
mundo,
não
faz
muito
sentido.
Mas
e
aí?
Para
um
físico,
pode
ser
uma
ótima
notícia,
pois
se
ajuda
a
resolver
um
problema
da
física
é
uma
ideia
nova
e
fantástica.
Mas
para
você,
uma
pessoa
comum
que
só
se
preocupa
com
a
visão
de
mundo
no
que
ela
o
ajuda
a
viver
melhor,
o
impacto
é
quase
nulo.
Mas
veja
o
que
Niels
Bohr
disse
sobre
a
física
quântica
em
1913.
Bohr
pensava
em
criar
uma
imagem
do
átomo,
e
foi
o
que
ele
fez.
Desenhou
o
átomo
como
tendo
um
núcleo
central
e
elétrons
girando
em
órbitas
ao
redor
desse
núcleo.
Mas
a
imagem
de
Bohr
tem
algo
de
novo.
Ele
disse
que
quando
os
elétrons
saltam
de
uma
órbita
atômica
para
outra,
eles
o
fazem
de
forma
descontínua.
Ouça
novamente
o
que
eu
disse:
Quando
um
elétron
salta
de
uma
órbita
atômica
para
outra,
ele
nunca
passa
pelo
espaço
intermediário;
faz
isso
descontinuamente.
Ele
desaparece
da
órbita
superior
e
reaparece
na
inferior.
Não
é
interessante?
Não
é
algo
totalmente
novo?
E
isso
não
te
faz
lembrar
alguma
coisa?
Eu
me
lembrei,
com
certeza.
Porque
se
você
estudar
o
fenômeno
da
criatividade,
verá
que
as
pessoas
criativas
costumam
descrever
suas
experiências
pessoais
como
experiências
de
surpresa.
A
palavra
inglesa
usada
para
demonstrar
uma
exclamação
de
surpresa
é
"a-‐ha".
Os
pesquisadores
da
criatividade
costumam
chamá-‐la
de
"experiência
a-‐ha".
Surpresa.
O
que
indica
essa
surpresa?
Por
que
a
surpresa
surge
numa
experiência
criativa?
Porque
você
experimenta
algo
novo.
A
surpresa
é
o
indicador
de
que
aquele
pensamento
nunca
existiu
antes.
De
onde
ele
veio?
Não
poderia
ter
vindo
de
um
algoritmo.
Não
poderia
ter
vindo
de
um
processamento
contínuo
de
pensamentos,
onde
um
pensamento
leva
a
outro
e
a
outro,
como
estamos
acostumados
a
ver.
A
surpresa
é
um
pensamento
descontínuo.
Essa
é
a
surpresa.
Será
que
o
mundo
quântico
tem
seu
papel
no
mundo
do
pensamento?
Tive
essa
ideia
em
1988.
Mas
a
física
quântica...
o
pensamento
de
Niels
Bohr,
deu-‐se
no
início
do
século
20.
Pois
é,
levou
um
bom
tempo
para
recebermos
a
mensagem
da
física
quântica.
E,
mesmo
isso,
ainda
não
te
mostra
todo
o
poder
da
física
quântica.
O
poder
da
física
quântica
estava
escondido
na
declaração
de
Einstein
da
qual
falei
antes:
que
a
luz
consiste
em
lotes
discretos
de
quanta
chamados
fótons.
Não
falamos
em
detalhes
sobre
as
implicações
disso,
mas
vou
comentar
um
fato
relevante.
Até
então,
todos
os
físicos
pensavam
na
luz
não
apenas
como
uma
energia
contínua,
mas
eles
achavam
que
a
luz
era
uma
onda.
O
movimento
contínuo
de
uma
onda.
Bem,
é
um
conceito
pouco
familiar
para
você,
a
natureza
de
onda
da
luz,
talvez
não
seja
tão
óbvio.
Mas
com
certeza
você
sabe
o
que
são
ondas.
Você
já
viu
as
ondas
que
se
formam
quando
joga
um
pedregulho
numa
lagoa
e
as
ondas
se
espalham.
Assim,
ondas
são
essas
entidades
muito
peculiares
que
se
espalham.
Elas
não
ficam
no
mesmo
lugar.
Para
falar
a
verdade,
elas
podem
ir
a
mais
de
um
lugar
ao
mesmo
tempo.
Veja
o
caso
das
ondas
formadas
na
água.
Elas
não
estão
em
mais
de
um
lugar...
ao
mesmo
tempo?
Claro
que
estão.
Em
comparação
com
as
ondas,
como
se
comportam
as
partículas?
As
partículas
sempre
se
movem
numa
trajetória,
sempre
ficam
num
só
lugar
de
cada
vez.
Logo,
existe
uma
diferença
fundamental
entre
onda
e
partícula.
Será
que
estava
errado
o
conceito
de
luz
como
onda,
imaginado
pelas
pessoas
antes
da
descoberta
de
sua
natureza
como
partículas?
Não,
pois
a
natureza
ondulatória
da
luz
também
se
baseia
em
dados
experimentais.
A
luz
pode
fazer
as
mesmas
coisas
que
as
ondas
na
água.
Se
puser
um
obstáculo
no
caminho
das
ondas
na
água,
a
água
vai
se
curvar
ao
redor
dele.
A
luz
tem
o
mesmo
tipo
de
propriedade.
Ela
se
curva
ao
redor
de
um
obstáculo.
Portanto,
não
há
dúvidas
de
que
a
luz
se
espalha.
A
luz
tem
a
qualidade
de
onda.
É
chamada
de
onda
do
campo
eletromagnético,
uma
onda
eletromagnética.
E
é
uma
onda,
sem
dúvida.
Mas
também
é
partícula,
sem
dúvida,
pois
Einstein
não
só
ganhou
o
Prêmio
Nobel
por
isso:
ganhou
esse
prêmio
porque
a
ideia
foi
comprovada
experimentalmente.
E
tecnologias
resultaram
dessa
ideia.
Logo,
a
luz
é
tanto
partícula
quanto
onda.
E
assim,
revela-‐se
o
poder
da
física
quântica
em
sua
plenitude.
Como
é
que
o
mesmo
objeto
pode
ser
duas
coisas
tão
diferentes.
Onda
e
partícula?
A
dualidade
onda-‐partícula.
É
um
enigma,
um
paradoxo.
Um
paradoxo
da
lógica.
Na
lógica,
dizemos
que
"um
conceito
se
aplica
a
uma
coisa".
Como
dois
conceitos
opostos,
diferentes,
podem
se
aplicar
à
mesma
coisa?
E
se
as
descrições
também
estiverem
corretas,
podem
ser
comprovadas
experimentalmente.
Como
isso
é
possível?
Então,
uma
forma
de
isso
ser
possível…
Uma
forma
de
isso
ser
possível…
Quando
a
matemática
da
onda
e
da
partícula
foi
descoberta,
percebeu-‐se
que
era
isso
mesmo
que
a
matemática
sugeria.
Aliás,
não
demorou
para
que
as
pessoas
expandissem
o
conceito:
se
a
luz
se
comporta
dessa
maneira,
tanto
como
onda
quanto
como
partícula,
então
a
matéria
também
deve
se
comportar
da
mesma
forma,
como
onda
e
como
partícula.
Essa
ideia
tornou-‐se
popular
antes
mesmo
que
sua
matemática
fosse
descoberta.
Popularizou-‐se
a
ideia
de
que
elétrons,
nêutrons,
prótons,
todas
essas
partículas
elementares
da
matéria,
também
têm
essa
dualidade
onda-‐
partícula.
São
ondas
e
partículas
ao
mesmo
tempo.
E
não
demorou
para
que
a
matemática
fosse
descoberta
logo
após
a
ideia
ter
surgido
de
que
a
matéria
também
é
onda
e
partícula.
Essa
matemática
foi
descoberta
por
dois
grandes
físicos,
Erwin
Schrödinger
e
Werner
Heisenberg.
E
essa
matemática
prevê
que
apenas
os
objetos
são
ondas.
Entretanto,
quando
os
medimos,
obviamente
os
medimos
como
partículas.
Caso
contrário,
de
onde
viriam
essas
partículas?
A
matemática
diz,
sem
ambiguidade,
que
elas
devem
ser
ondas.
Mesmo
assim,
constatamos
a
natureza
de
partícula.
Naturalmente,
presumimos
que
a
medição
é
que
proporciona
a
natureza
de
partícula.
Subitamente,
isso
parece
sugerir
uma
coisa
muito
estranha
com
relação
ao
mundo
físico.
Como
você
sabe,
faz
tempo
que
conhecemos
as
leis
da
física
formuladas
por
Newton.
Quase
400
anos.
E
até
quem
não
é
cientista,
praticamente
todo
mundo,
sabe
que
as
leis
de
Newton
mostram
que
a
matéria
se
movimenta
no
domínio
da
realidade
que
chamamos
de
espaço
e
tempo.
Espaço
e
tempo.
A
matéria
se
move
no
espaço
e
no
tempo
seguindo
as
leis
de
Newton.
Este
tem
sido
o
modelo
favorito
e
aceito
do
universo
há
quase
400
anos,
quer
dizer,
durante
300
anos
antes
da
descoberta
do
quantum.
No
contexto
quântico,
porém,
a
física
está
mudando
tudo
isso.
Parece,
pelo
menos,
estar
mudando.
Porque
existe
a
natureza
de
onda
da
matéria
mas
quando
fazemos
experimentos
com
ela,
medimos
ela,
ela
se
torna
partícula.
Isso
não
sugere
automaticamente
que
as
ondas
residem
num
domínio
da
realidade
distinto
do
domínio
da
matéria?
Bem,
vamos
entrar
numa
discussão.
Vamos
nos
aprofundar
um
pouco
para
ver
o
que
encontramos.
Imagine
que
eu
solto
um
elétron
neste
recinto
onde
me
encontro
sentado.
No
centro
desta
sala.
Durante
um
instante,
imagine
-‐
é
um
experimento
mental
-‐
que
o
elétron
não
tem
gravidade
alguma.
Elimine
a
força
de
gravidade.
Newton
diz
que
o
elétron
deveria
permanecer
em
repouso.
Deveria
ficar
eternamente
no
lugar
onde
o
deixei.
A
menos,
é
claro,
que
alguma
força
atue
sobre
ele.
E
não
há
força.
Trata-‐se
de
um
elétron
livre.
A
física
quântica
diz
que
o
elétron
é
uma
onda
e
deve
se
expandir,
como
uma
onda
na
água.
Assim,
o
elétron
se
expande
e,
em
instantes,
está
na
sala
toda.
Agora,
você
precisa
medir
a
localização
do
elétron.
Será
que
ele
está
em
todos
os
lugares
da
sala?
Para
sabê-‐lo,
fazemos
uma
leitura
tridimensional
com
contadores
Geiger.
São
aqueles
aparelhos
que
medem
elétrons.
São
muito
simples:
começam
a
fazer
"tic
tic
tic"
na
presença
de
partículas
carregadas,
como
os
elétrons.
Bem,
estamos
prontos.
Pusemos
contadores
Geiger
para
uma
leitura
tridimensional
da
sala
e
esperamos
ingenuamente
que
todos
os
contadores
façam
"tic
tic
tic".
O
elétron
é
uma
onda,
está
por
toda
a
parte.
Isso
faz
sentido.
Mas
não
é
isso
o
que
acontece.
Não
é
isso
o
que
acontece.
Em
vez
disso,
apenas
um
contador
Geiger
dispara.
Muito
estranho.
Então
o
elétron
é
uma
partícula,
é
o
que
você
está
dizendo?
Não,
também
não
estamos
dizendo
isso.
Não
podemos.
Porque
a
equação
nos
dá
a
ideia
nada
ambígua
de
que
o
elétron
é
uma
onda.
Então,
como
provamos
experimentalmente
que
o
elétron
é
mesmo
uma
onda?
Ah,
isso
é
muito
simples.
Realize
diversos
experimentos,
experimentos
idênticos
usando
objetos
idênticos.
Deixemos
que
se
espalhem
pela
sala,
meçamos
suas
posições.
A
medição
funciona
de
modo
a
indicar
lugares
diferentes
em
experimentos
diferentes.
E
quando
você
reúne
todos
esses
lugares
obtidos
com
as
diversas
medições,
quando
você
traça
o
mapa
da
probabilidade
de
encontrar
o
elétron
num
local
específico,
você
obtém
uma
curva
de
sino.
Uma
curva
na
forma
de
um
sino.
Essas
curvas
são
chamadas
de
distribuição
das
probabilidades.
Você
deve
estar
familiarizado
com
ela.
Distribuição
das
probabilidades.
Com
a
probabilidade,
vêm
as
possibilidades.
Assim,
temos
agora
uma
imagem
do
que
devem
ser
os
elétrons.
São
ondas
de
possibilidade.
As
possibilidades
vêm
com
a
probabilidade.
Antes
de
ser
medido,
o
elétron
não
está
esparramado
na
sala.
Isso
é
ingenuidade.
Em
vez
disso,
os
elétrons
são
ondas
de
possibilidade.
Em
possibilidade,
eles
estão
pela
sala
toda.
Somente
em
possibilidade.
Só
em
potencialidade
eles
estão
espalhados
pela
sala.
Sempre
que
são
medidos,
tornam-‐se
objetos
reais:
partículas.
E
desse
modo
aparecem
em
apenas
um
contador
Geiger.
Onda,
no
domínio
da
potencialidade.
Partícula,
no
domínio
da
realidade
manifestada,
que
também
chamamos
de
espaço-‐tempo.
Que
ideia
espantosa.
Newton
disse
que
existe
apenas
um
mundo,
o
espaço-‐tempo,
um
domínio
da
realidade,
e
só.
Até
hoje,
é
o
que
diz
o
materialismo
científico.
Existe
apenas
uma
realidade,
espaço
e
tempo.
Hoje,
se
você
ler
os
jornais,
verá
que
a
maioria
diz
a
mesma
coisa.
A
natureza
significa:
o
mundo
do
espaço-‐tempo.
Se
alguém
fala
de
algo
além
do
espaço
e
do
tempo,
está
se
referindo
a
algo
sobrenatural.
Está
falando
de
milagres.
E
também
está
falando
de
coisas
estranhas,
como
fazem
as
religiões
quando
introduzem
o
conceito
de
um
céu
onde
vive
Deus.
Onde
“vivem”
os
arquétipos?
Em
algum
lugar
fora
do
espaço
e
do
tempo.
Mas
como
isso
é
possível?
Como
isso
é
possível?
Era
o
que
os
cientistas
se
perguntavam
até
os
físicos
quânticos
começarem
a
dizer:
"Sim,
isso
é
possível".
É
possível
porque
estaríamos
no
domínio
da
potencialidade.
Seria
o
domínio
da
potencialidade.
Mas
a
mente
racionaliza.
Podemos
nos
livrar
deste
conceito
de
que
existe
um
domínio
da
potencialidade,
usando
a
física
quântica
de
modo
a
livrar
nossas
mentes
de
tais
conceitos?
Niels
Bohr,
que
descobriu
o
conceito
do
salto
quântico,
descobriu
um
modo
de
racionalizar
a
questão,
para
que
a
questão
desse
domínio
da
potencialidade
pudesse
ser
varrido
para
debaixo
do
tapete.
As
pessoas
não
pensam
nisso
e
nem
se
sentem
intrigadas
com
essa
ideia,
especialmente
os
estudantes
universitários
de
física
e
precisam
entender
a
física
quântica.
Suas
mentes
jovens
não
se
deixam
perturbar
como
significado
desse
domínio
da
potencialidade.
E
nem
se
deixam
levar
por
velhos
sistemas
de
crenças,
como
as
religiões.
O
que
disse
Niels
Bohr?
Um
exemplo
perfeito
de
racionalização
humana.
Ele
disse
que...
Bem,
vamos
pensar
novamente
no
assunto.
Existe
de
fato
uma
dualidade
onda-‐partícula.
Os
elétrons
parecem
de
fato
ser
tanto
partícula
quanto
onda.
Mas
vamos
pensar:
a
natureza
de
onda
aparece
em
experimentos
de
medição
das
ondas.
O
que
eles
disseram
antes?
Que
os
aspectos
de
onda
são
revelados
a
nós
pelo
fato
de
as
ondas
se
curvarem
ao
redor
de
um
obstáculo.
Tecnicamente,
isso
se
chama
difração.
O
aspecto
de
onda
que
aparece
em
outros
experimentos
chama-‐se
interferência:
as
ondas
se
misturam
e
criam
um
padrão
resultante
da
mistura
dessas
duas
ondas.
São
experimentos
assim
que
medem
a
natureza
ondulatória
do
objeto.
E
há
outras
medições,
como
aquelas
feitas
com
contador
Geiger
para
medir
o
elétron.
É
um
aparelho
de
medição
de
partículas.
Logo,
Niels
Bohr
disse
algo
muito
inteligente:
onda
e
partícula
são
dois
aspectos
diferentes
do
mesmo
objeto.
Quando
você
mede
a
onda,
aparece
o
aspecto
ondulatório.
Quando
você
mede
a
partícula,
aparece
o
aspecto
de
partícula.
E
ambos
nunca
aparecem
no
mesmo
experimento.
Eles
nunca
aparecem,
enfatiza
Bohr,
no
mesmo
experimento.
Esse
é
o
aspecto
complementar
do
objeto
quântico.
O
elétron
é
uma
onda?
Sim,
é.
Mas
essa
natureza
de
onda
só
aparece
no
experimento
do
aparato
de
medição
de
onda.
O
elétron
é
uma
partícula?
Sim,
mas
isso
só
aparece
quando
você
está
medindo
a
natureza
de
partícula
do
elétron.
No
mesmo
experimento,
ambas
nunca
aparecem.
Logo,
você
nunca
precisa
se
defrontar
com
o
paradoxo.
As
duas
naturezas,
sim,
mas
nunca
ao
mesmo
tempo.
Logo,
por
que
nos
preocupar?
Por
que
isso
deveria
nos
incomodar?
Damos
a
isso
o
nome
de
princípio
da
complementaridade.
Sim,
parece
haver
um
paradoxo,
mas
não
se
preocupe.
Isso
nos
causa
um
sentimento
de
satisfação.
Evitamos
o
quebra-‐cabeça:
não
precisamos
nos
preocupar.
Como
se
tudo
estivesse
resolvido.
Como
se
tudo
estivesse
resolvido.
Mas
será
que
está?
Será
que
está?
Então,
as
pessoas
começaram
a
fazer
experimentos
aqui
e
ali.
E,
como
você
sabe,
não
dá
para
satisfazer
a
todos.
Tem
um
ditado
que
diz:
"Você
pode
enganar
algumas
pessoas
por
algum
tempo,
mas
não
pode
enganar
todos
o
tempo
todo."
Os
guerreiros
de
verdade
continuaram
a
se
movimentar.
Uma
dessas
pessoas
foi
o
próprio
Einstein,
juntamente
com
dois
colaboradores,
Boris
Podolsky
e
Nathan
Rosen.
Em
1935,
Einstein
escreveu
um
trabalho
revolucionário,
no
qual
sugeriu
uma
coisa
meio
estranha,
mais
estranha
até
do
que
qualquer
coisa
sugerida
antes
sobre
objetos
quânticos.
É
a
ideia
de
que,
se
dois
objetos
interagem
e
depois
param
de
interagir,
tornam-‐se
correlacionados,
segundo
Einstein.
Hoje,
usamos
também
a
palavra
"entrelaçados".
Se
dois
objetos
interagem,
tornam-‐se
correlacionados
ou
entrelaçados.
O
que
significa
isso?
Mesmo
que
deixem
de
interagir,
mesmo
que
se
distanciem
bastante,
ainda
resta
um
efeito
dessa
correlação
ou
entrelaçamento.
De
algum
modo,
aquilo
que
um
objeto
faz,
o
outro
objeto
sabe.
Há
uma
comunicação
entre
esses
dois
objetos.
E,
veja
só:
essa
comunicação
é
instantânea.
Um
objeto
sabe
instantaneamente
o
que
o
outro
está
fazendo.
Comunicação
instantânea.
Ah,
meu
Deus.
Comunicação
instantânea.
Como
isso
é
possível?
O
próprio
Einstein
provou,
há
anos,
que
não
existe
comunicação
instantânea
no
mundo
do
espaço-‐tempo.
Não
existe
velocidade
infinita,
necessária
para
a
troca
instantânea
de
sinais
no
mundo
do
espaço-‐
tempo.
No
mundo
do
espaço-‐tempo,
como
provou
Einstein
e
como
já
foi
confirmado
experimentalmente
milhões
de
vezes
-‐
não
dá
pra
questionar
isso
-‐
No
mundo
do
espaço-‐tempo,
todo
objeto
se
move
no
máximo
à
velocidade
da
luz.
É
uma
velocidade
espantosa:186.000
milhas
por
segundo
ou
300.000
quilômetros
por
segundo.
É
uma
velocidade
muito,
muito,
muito
grande.
Concordo.
Mas
ainda
assim
é
finita.
Até
a
luz
leva
um
tempo
finito
para
se
comunicar
entre
dois
locais
distantes.
E
é
o
sinal
mais
rápido
que
podemos
obter.
E
próprio
Einstein,
com
Podolsky
e
Rosen,
dizem
algo
completamente
ilógico,
e
publicam
num
artigo.
Eles
dizem
que
quando
dois
objetos
estão
correlacionados,
quando
dois
objetos
quânticos
estão
entrelaçados
graças
à
sua
breve
interação,
ficam
tão
entrelaçados
que
preservam
o
entrelaçamento,
mesmo
à
distância.
Entrelaçamento
significa
comunicação
instantânea.
Eles
mantém
a
capacidade
de
comunicação
instantânea
mesmo
quando
estão
à
distância.
Logo,
faz
tempo
que
todos
estão
em
suspense,
todos
que
conhecem
física
quântica
estão
em
suspense.
Isso
é
verdade
mesmo
ou
não?
Como
comprovar
experimentalmente
essa
ideia?
Como
obter
uma
prova
experimental
disso?
Levou
um
bom
tempo
até
os
físicos
desenvolverem
maneiras
experimentais
para
fazer
essa.
Finalmente,
um
grupo
de
físicos
franceses
liderados
por
Alain
Aspect
-‐
escreve-‐
se
A
-‐
S
-‐
P
-‐
E
-‐
C
-‐
T,
Aspect,
com
pronúncia
francesa
-‐
provou
que
sim,
que
Einstein,
Podolsky
e
Rosen
tinham
razão.
Sim,
existe
a
comunicação
instantânea.
Dois
objetos,
uma
vez
que
foram
entrelaçados,
de
fato
comunicam-‐se
instantaneamente.
Mesmo
quando
são
apartados.
No
primeiro
experimento,
a
distância
foi
de
alguns
metros
apenas,
uma
distância
dentro
do
laboratório.
Mas
foi
suficiente
para
provar
a
ideia.
Porque
mesmo
isso
seria
impossível.
Mesmo
sendo
uma
distância
de
laboratório,
a
comunicação
deveria
levar
um
tempo
finito
para
viajar,
mesmo
sendo
à
velocidade
da
luz.
Mas
agora,
já
estabelecemos
a
validade
desse
efeito,
mesmo
a
distâncias
superiores
a
uma
milha.
Superiores
a
1,6
quilômetros.
Não
resta
dúvida.
Depois
que
os
objetos
se
entrelaçam,
podem
se
comunicar
instantaneamente.
E
o
que
isso
significa?
Estaríamos
diante
de
uma
violação
da
teoria
da
relatividade?
Não.
Lembre-‐se,
a
teoria
da
relatividade
aplica-‐se
ao
espaço-‐tempo.
Então,
o
que
isso
significa
é
que
essas
ondas
de
potencialidade
existem
de
fato
num
domínio
fora
do
espaço
e
do
tempo,
no
qual
a
teoria
da
relatividade
não
se
aplica.
Antes,
era
apenas
uma
teoria:
existiria
um
domínio
da
potencialidade,
e,
ao
realizarmos
alguma
mensuração,
algo
se
torna
um
objeto
do
domínio
da
realidade
concreta.
Mas
não
é
mais
só
uma
teoria.
Existe
um
domínio
da
potencialidade
e
podemos
dizer
isso
porque
ele
é
o
domínio
no
qual
a
comunicação
se
dá
de
forma
instantânea.
E
por
que
a
comunicação
se
dá
instantaneamente?
Porque
não
há
o
envolvimento
de
sinais.
Se
a
comunicação
se
dá
por
meio
de
sinais
estes
sempre
têm
velocidade
finita,
conforme
a
teoria
da
relatividade
de
Einstein.
Portanto,
os
sinais
são
o
fator
crucial
que
distingue
o
domínio
da
potencialidade
do
domínio
da
realidade
manifestada.
Quando
nos
comunicamos
por
meio
de
sinais,
estamos
falando
da
comunicação
local.
A
comunicação
local
se
desloca
por
certo
espaço
e
leva
certo
tempo
para
ir
de
um
lugar
para
outro.
Essa
é
a
comunicação
local.
E
existe
a
comunicação
não
local,
uma
comunicação
"sem
sinal"
-‐
a
comunicação
instantânea
entre
dois
lugares.
O
que
significa
uma
comunicação
instantânea?
E
o
que
significa
uma
comunicação
"sem
sinal"?
Faça
essa
pergunta
e
se
surpreenderá.
Se
não
há
um
sinal,
o
que
isso
significa?
Se
não
existe
tempo
entre
comunicação,
o
que
isso
significa?
Não
sugere
a
ideia
de
que
existe
apenas
uma
coisa
nesse
domínio?
Será
que
o
domínio
da
potencialidade
é
só
“uma
coisa”?
Já
está
se
sentindo
desconfortável?
Não
é
algo
muito
próximo
daquilo
que
os
místicos
dizem,
essas
pessoas
em
cujas
ideias
ou
experiências
se
baseiam
as
religiões?
Não
é
isso
que
dizem
o
tempo
todo?
Que
há
Unidade
por
trás
do
mundo
da
diversidade?
A
Unidade.
É
assim
que
os
místicos
chamam
Deus.
O
Deus
místico
é
um
pouco
diferente
do
Deus
das
religiões.
As
religiões
transformaram
Deus
numa
pessoa
que
controla
a
sua
vida.
Mas
não
é
o
que
dizem
os
místicos.
Seu
conceito
é
que
além
do
mundo
da
diversidade,
que
chamam
de
mundo
imanente,
existe
um
mundo
de
Unidade.
Chamam-‐no
de
mundo
transcendente.
É
nisso
que
se
baseiam
as
tradições
espirituais.
Esse
é
o
aspecto
esotérico
de
todas
as
religiões.
Se
você
analisar
o
aspecto
esotérico
do
cristianismo,
se
estudar
o
que
Jesus
disse
no
Novo
Testamento,
irá
encontrar
essas
mensagens.
Como
disse
Jesus,
por
exemplo,
que
o
reino
de
Deus
está
em
toda
parte.
O
que
isso
significa?
O
reino
de
Deus
refere-‐se
a
essa
“uma
coisa”
que
a
física
quântica
está
chamando
de
domínio
da
potencialidade.
Será,
então,
que
a
física
e
a
espiritualidade
estão
se
encontrando?
A
física
quântica
será
capaz
de
integrar
a
visão
de
mundo
da
ciência
e
a
visão
de
mundo
da
espiritualidade,
na
qual
se
baseia
a
visão
de
mundo
da
religião?
Talvez
os
cientistas
interpretam
a
ciência
erroneamente,
baseando-‐se
em
evidências
incompletas
da
física
newtoniana.
Pode
ser
que
as
religiões
tenham
feito
a
mesma
coisa,
pois
não
conseguiam
compreender
a
ideia
da
transcendência
e
da
imanência
e,
por
isso,
introduziram
a
ideia
simplista
de
um
Deus
pessoal
que
rege
todas
as
coisas.
Talvez
seja
necessário
repensar
a
religião,
e
repensar
os
místicos
e
sua
mensagem.
De
modo
análogo,
talvez
seja
preciso
repensar
Newton
repensar
a
visão
de
mundo
do
materialismo
científico.
Assim,
em
1982,
todos
nós
fomos
abalados
por
uma
constatação:
precisamos
repensar.
Precisamos
repensar.
Levei
isso
particularmente
a
sério,
pois
eu
estava
passando
por
uma
crise
nessa
época.
Eu
estava
em
crise
e
precisava
mudar.
Essa
vontade
de
mudar
me
levou
à
física
quântica
e
à
descoberta
de
seu
significado
e
de
sua
mensagem.
E
percebi
um
modo
de
pensar
a
física
quântica
que
era
realmente
espantoso.
Era
um
modo
que
trazia
a
consciência
para
a
física
quântica.
Percebi
que
essa
Unidade
sugerida
pela
física
quântica,
essa
Unidade
alegada
pelos
místicos
com
base
em
suas
experiências,
essa
Unidade
é
nossa
própria
consciência.
No
nível
mais
profundo
da
consciência,
ela
é
uma
só.
É
somente
no
nível
raso
da
consciência,
no
nível
superficial
da
consciência,
que
nós
vivenciamos
a
separatividade.
Deste
modo,
descobri
como
é
a
realidade.
A
realidade
é
integrada.
Na
próxima
aula,
vamos
falar
sobre
como
essa
ideia
simples
pode
revolucionar
o
modo
como
sempre
temos
conceituado
o
mundo,
seja
a
maneira
religiosa,
seja
a
materialista
científica,
e
como
tudo
se
encaixa
nesse
cenário.
A
física
quântica
está
nos
levando
cada
vez
mais
perto
do
quadro
completo,
reverberando
com
as
palavras
de
Shakespeare:
"Há
mais
coisas
entre
o
céu
e
a
terra,
Horácio,
do
que
sonha
a
nossa
vã
filosofia”.
Parafraseei
um
pouco.
Muito
obrigado.