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PÓS-GRADUAÇÃO
MARKETING E COMUNICAÇÃO DIGITAL
Brasília - DF
2016
MARCELA NÓBREGA BARBOSA
Brasília - DF
2016
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo destacar a importância do uso de marketing digital e
mídias sociais para as Micro e Pequenas Empresas brasileiras. Aqui, busca-se compreender o
impacto deste tipo de marketing no potencial competitivo dessas empresas, a realidade atual
dos negócios nas mídias sociais no país e como estas plataformas afetam os consumidores.
Por fim, é proposto um modelo de entrada no mundo do marketing digital para as organizações
que ainda não possuem tal presença.
ABSTRACT
This paper emphasizes the importance of digital marketing and social media by small
businesses in Brazil. It aims to understand the impact of this type of marketing in the
competitive potential of these companies, the current scene for businesses in social media in
the country and how these platforms affect consumers. Lastly, there is a suggestion of an entry
model in digital marketing for organizations that do not have digital presence.
1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, o marketing evoluiu e passou por fases, denominadas por
Kotler (2012) de marketing 1.0 (centrado no produto), marketing 2.0 (centrado no
cliente) e o mais recente, marketing 3.0 (voltado para os valores). Antes, o
marketing era usado de forma puramente funcional, ou seja, visto somente como
relação de venda de um produto ao cliente. Entretanto, enquanto o marketing
evoluía, surgiu também o conceito do marketing de relacionamento, que visa
melhorar a relação das organizações com seus clientes e assim fidelizá-los.
Ao mesmo tempo em que a internet coloca o controle das marcas na mão dos
consumidores, ela também traz o potencial de conectar as duas partes. Isso porque,
sem as mídias sociais, muitas empresas não têm acesso direto a seus clientes fora
do momento da compra). Hoje, o marketing busca não só satisfazer a necessidade
dos consumidores, como também ampliar o relacionamento com eles. Segundo
Godoi, Las Casas e Mota:
O diferencial competitivo para as empresas no século XXI está na
capacidade de entusiasmar, encantar e satisfazer seus clientes,
proporcionando a atração de novos clientes, cuja conquista representa um
menor dispêndio financeiro, maior probabilidade de compras e eliminação
de eventuais operações que não agregam valor à corporação. (2015, p.99
apud OHMAE, 1998; UNRUH, 1998)
Isso quer dizer que é impossível parar este fenômeno: as pessoas estão
falando sobre marcas e empresas neste momento, provavelmente de forma não
aprovada pelas mesmas. A crescente digitalização do relacionamento traz desafios
importantes para organizações, que enfrentam mercados mais complexos e de
evolução rápida, que fogem ao seu controle. E não são somente as empresas de
maior porte que estão sujeitas a isso, já que a internet torna a comunicação
horizontal e a democratiza. As pequenas empresas não devem subestimar a força
deste movimento. Assim, aquelas que compreenderem isso e rapidamente se
inserirem onde seus clientes estão – e principalmente aprenderem a se comunicar
com eles de modo eficiente – têm maior chance de prosperarem.
A internet amplifica tudo, seja bom ou ruim. E o consumidor da era digital é
mais crítico, pois tem acesso a todo tipo de informação sobre empresas e produtos.
Ele é gerador e replicador de conteúdo, não mais apenas um público-alvo abstrato e
passivo. A participação propiciada pelo meio digital possibilita o conhecimento desse
público, que toma forma definida e pode ser alcançado e questionado sobre suas
opiniões e necessidades com maior facilidade. Assim, o groundswell leva empresas
a repensarem de modo contínuo seus produtos e públicos levando em consideração
as novas tecnologias de informação e comunicação. Não adianta que elas façam
apenas uma reorganização de seus negócios, mas devem levar em conta também
como essas tecnologias reestruturam as formas de relacionamento entre clientes,
indivíduos, empresas, organizações e governos (GODOI; LAS CASAS; MOTA,
2015).
Torres (2009) destaca que o marketing digital deve ser composto por sete
ações estratégicas: marketing de conteúdo, marketing nas mídias sociais, marketing
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oportunidades de negócios. Elas devem estar junto ao seu público alvo, que em
grande parte já está conectado e, se ignorarem esta informação, correm o risco de
ficar para trás:
Neste novo ambiente de características específicas são realizadas
comunicações, relacionamentos, transações entre empresas e seus clientes
e diversas atividades de marketing, as quais têm o potencial de modificar e
intensificar as relações entre empresas e clientes, aumentando o grau de
satisfação dos participantes e os resultados positivos para as empresas.
(GODOI; LAS CASAS; MOTA, 2015, p. 102)
As mídias sociais possuem ferramentas que podem ser exploradas sem custo
algum, o que permite a atuação de empresas de todo porte. Nenhuma outra mídia
oferece este tipo de oportunidade igual a todos os negócios, independente do
tamanho (existem anúncios pagos, mas eles não são pré-requisito para uma marca
estar presente no meio digital). Lá, empresas encontram clientes que querem falar,
que tem acesso facilitado a opiniões de outros clientes, preços e promoções da
concorrência e maior poder de barganha: eles não compram mais passivamente o
que é disponibilizado, agora exigem o que querem. As organizações que entendem
isso usam as mídias sociais para ouvir e compreender os consumidores, indo além
de usá-las apenas para “se comunicar a um baixo custo” (BARCELLOS, 2010, p.
83).
A internet é uma boa aliada para ganhar vantagem competitiva e fortalecer
marcas, mas, para Tiago e Veríssimo (2014), empresas não podem se limitar e
devem adotar as mídias sociais como canal multiuso, ou seja, para gerar conteúdo
relevante, engajar clientes existentes e potenciais, prestar informação a eles e,
fundamentalmente, gerar vendas.
As mídias sociais ampliam os pontos de contato da marca com o consumidor,
a velocidade de comunicação e a proximidade entre as duas partes. De acordo com
McAffee (2009 apud MINUTTI, 2014), as melhores ferramentas para engajamento
seguem três tendências: são plataformas gratuitas e de fácil comunicação e
interação; apresentam poucas restrições de participação; e oferecem mecanismos
que ajudam a estrutura social emergir com base na produção e interação dos
usuários.
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Fonte: Elaborado pela autora com informações da Global Web Index, Q4 2015
Este trabalho foca nas duas redes mais utilizadas atualmente no país, com
exceção do Google+1.
• Facebook: rede social que permite interação entre pessoas e entre pessoas
e marcas por meio de compartilhamento de mensagens, links, vídeos, fotografias
etc. Foi criada em 2004 e atualmente possui 103 milhões de usuários no Brasil
(GWI, 2016). O Facebook frequentemente muda seus algoritmos, influenciando o
que as pessoas veem em seu feed2 de notícias. Isso faz com que as empresas
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O alto número de usuários da plataforma se deve principalmente à integração entre os serviços do
Google: ao observá-la, nota-se que ainda há pouco engajamento de usuários se comparado a outras
redes.
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O feed das redes sociais é uma lista constantemente atualizada que agrega postagens das pessoas
e marcas curtidas e aparece na página inicial de cada usuário.
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Nas mídias sociais, engajamento é sinônimo das interações de usuários com páginas ou perfis.
Essas interações podem ser comentários, curtidas, envio de mensagens etc. É basicamente o nível
de envolvimento do público com o conteúdo disponibilizado.
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O primeiro passo para uma empresa tirar melhor proveito das mídias sociais
para seus negócios é entender que o marketing é também um processo de gestão –
o mais próximo dos clientes. Ele precisa ser tratado de forma estratégica, não
intuitiva; deve ser um processo intrínseco na empresa, e não secundário.
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Faixa de faturamento bruto das Microempresas no Brasil: R$60 mil a R$360 mil anuais. Faixa de
faturamento bruto das Empresas de Pequeno Porte no Brasil: R$360 mil a R$3,6 milhões anuais.
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Emojis são ideogramas utilizados em meios eletrônicos que representam expressões faciais,
atividades, animais, lugares etc. Já o meme é um conteúdo de imagem, vídeo, frase etc, geralmente
de conteúdo humorístico, que se espalha rapidamente entre muitos usuários de internet.
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Fonte: Elaborado pela autora com informações da Shareablee Social Loyalty Platform 2014 Platforms:
Facebook, Twitter, Instagram. 1 de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2014
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Os dados atualizados de interação por dia e horário são disponibilizados pelas próprias plataformas.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi mostrar a importância do uso das mídias sociais
pelas Micro e Pequenas Empresas brasileiras, bem como propor um modelo para
utilização das mesmas. Aqui, buscou-se destacar a relevância dessas plataformas e
oportunidades de negócios oferecidas por elas, já que possuem uma base de
usuários enorme e diversas funcionalidades.
No desenvolvimento do estudo, verificou-se que muitas MPEs não possuem
presença digital, enquanto as que possuem não se utilizam de todas as suas
possibilidades. Por isso, fica evidente que as práticas de propaganda tradicional
ainda predominam nas mídias sociais, apenas em uma plataforma diferente, mas
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7
Mensagem divulgada em massa e não solicitada pelo usuário.
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