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RESUMO
INTRODUÇÃO
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Professora de Português do Ensino Fundamental II e Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental I e II.
Cadernos IAT, ISSN 1982-8500, Salvador, v.3, n.1, p. 71-79, 2010. 71
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA AFETIVIDADE
Segundo Freud, “não só antes de falar e de caminhar, mas antes mesmo de nascer
empiricamente à vida, o sujeito já é objeto de discurso, do desejo de seus genitores que, por
sua vez, são sujeitos assujeitados às estruturas linguísticas, psicanalíticas e hitórico-
sociais”. (1976, apud LAJONQUIÈRI, 1992, p. 151).
Para a psicanálise, afetivo é o conjunto de fenômenos psíquicos manifestados sob a
forma de emoções e acompanhados da impressão de prazer ou dor. Já o afeto, exprime
qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável.
O reconhecimento sempre emana do Outro, o Outro apenas suporta uma função. O
Outro é quem detém a “eficácia simbólica”. Ele, de certa forma, concede ao Outro, seu
representante, o seu poder necessário para efetuar o reconhecimento. (LACAN, apud,
LAJONQUIÈRI, 1992, p. 154). Assim sendo, o sujeito não deve consentir-se ao mesmo
tempo, porém invocar as habilidades de poderes do Outro para dar significado à relação
recíproca. Como afirma Lacan, “o Outro não é ninguém nem outra coisa, a não ser o
‘tesouro’ do ‘significante’”. (1960, p. 785 apud LAJONQUIÈRI). Somos considerados como o
sujeito da falta e, por isso, corremos atrás do vazio, do “buraco”, mas, não o substituímos,
pois o negativo pode ser tão estruturante como uma coisa prazerosa e concreta.
Como a psicanálise é avassaladora e não promete felicidade, supõe que a paz e a
felicidade são objetos perdidos. Porém, as considerações acerca do afeto entre professor e
aluno se manifestam de forma satisfatória ou insatisfatória, de agrado ou desagrado, de
alegria ou de tristeza, pois são fenômenos psíquicos relacionados ao afeto e à construção
do sujeito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a importância representada pelo afeto, não somente para avanço das
atividades escolares, como também para a vida pessoal, entende-se que as dificuldades no
processo de ensino-aprendizagem sejam resultantes de conflitos relacionados à prática
pedagógica e ao elo que o sujeito estabelece com a escola, bem como, com os professores,
sem contar com os pais e a sociedade. Cabe à escola trabalhar para escutar os conflitos
escolares e ajudar os professores a lidarem com alunos que apresentam dificuldades de
aprendizagem.
Para que o aluno tenha produção na escola ou na vida social, é preciso que o
mesmo construa uma relação de reciprocidade tanto com seus professores, quanto com o
meio em que vive. Isso possibilitará que administre os diferentes questionamentos para
negociar e prever as ações por ele organizadas. Do contrário, passa a viver a dissimulação
no processo de ensino-aprendizagem. Garantir a integração dos atores educacionais é
avaliar e evitar o processo de dispersão educacional.
É papel fundamental da escola manter reuniões com os familiares dos alunos para
mapear os problemas que surgem e dar suporte às crianças que apresentam problemas nas
questões de relacionamentos, aprendizagem e interações sociais, se a escuta da dificuldade
não está em casa. Antes, o aluno que se apresentava com dificuldades de aprendizagem
era encaminhado para um especialista, como por exemplo, um médico, um fonoaudiólogo
ou um psicólogo. Hoje em dia, o orientador educacional e o professor passam a atuar em
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Roteiro e direção do cineasta francês Laurent Cantet, baseado no livro Homônimo, de François Bégaudeau,
vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, do prêmio Lumiére como melhor filme (concedido pela
imprensa internacional da França). Estreou no Brasil em 2009. (Disponível em: <www.folhaonline.com. br>.
Acesso em: 1º de maio de 2010, às 23h:00).
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Para Claxton3, ao discutirem também as temáticas que têm a ver com o cotidiano da
escola, busca-se ajudar o docente a encontrar a melhor metodologia. A psicanálise traz um
viés para a forma de educar e afirma que ser professor é instrumentalizar-se para este fim.
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Guy Claxton é doutor em Psicologia Cognitiva e diretor de desenvolvimento da iniciativa de pesquisa sobre Cultura e
Aprendizagem em Organizações (CLIO) da Graduate Scool of Education, Oxen (Reino Unido).
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REFERÊNCIAS
CAIRES, Miriam Cléa Conte Almeida; SODRÉ, Liana Gonçalves Pontes. Melhorando o
desenvolvimento psicossocial de crianças. Vitória da Conquista: UNEB, 2003.
ENTRE os muros da Escola. Roteiro e direção do cineasta francês Laurent Cantet. França:
Sony Pictures Classics, 2007. Disponível em: <www.folhaonline.com. br>. Acesso em: 1
maio 2010.
FREUD, S. Além do princípio de prazer. In: obras complexas. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
v.18.
ORNELLAS, M.L.S. Afetos manifestos na sala de aula. São Paulo: Annablume, 2005.