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AFETO: relação fundante do ensino-aprendizagem

Lili Silva e Silva1

RESUMO

A importância do afeto fundante no ensino-aprendizagem é um estudo resultante dessa


pesquisa que tem como objetivo analisar a procedência do professor na sala de aula, no que
se refere à afetividade, na procura de estabelecer a ligação que compõe o método de
aprender. O marco teórico norteia alguns construtos das teorias psicanalíticas de Freud e
Lajonquièri, bem como as investigações de Ornellas, que pesquisa sobre a peculiaridade do
afeto e a relação intrínseca à constituição do sujeito através da relação professor/aluno em
sala de aula e quais as suas contribuições para o ensino aprendizagem na
contemporaneidade.

Palavras-chave: Afetividade. Ensino-aprendizagem. Mediação

INTRODUÇÃO

O presente artigo busca investigar a influência do afeto na relação entre os sujeitos


como um elemento instigante no processo de ensino-aprendizagem.
O teor tratará especificamente das relações entre os sujeitos, estabelecidas no
contexto da sala de aula, e trabalhará com temáticas que mostram ao professor que o afeto
é o primeiro recurso de interação do sujeito com o meio social, tendo, portanto, acesso à
linguagem como ferramenta imprescindível à estruturação do pensamento e à construção de
si.
O ambiente escolar vigente pauta-se numa estrutura pedagógica que considera a
diferença como algo negativo. A heterogeneidade da sala de aula vai de encontro a esta
pedagogia excludente, uma vez que a escola é um ambiente onde diferentes culturas,
crenças e relações sociais se encontram.
Partindo desse pressuposto, entende-se que o afeto, sobretudo em sala de aula,
pode abrir um canal de comunicação para que o professor possa relacionar-se com seus
alunos de forma a escutar o sujeito de cada um e para que essa relação possa modificar o
mal-estar vivido no ambiente escolar.

1
Professora de Português do Ensino Fundamental II e Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental I e II.
Cadernos IAT, ISSN 1982-8500, Salvador, v.3, n.1, p. 71-79, 2010. 71
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA AFETIVIDADE

Segundo Freud, “não só antes de falar e de caminhar, mas antes mesmo de nascer
empiricamente à vida, o sujeito já é objeto de discurso, do desejo de seus genitores que, por
sua vez, são sujeitos assujeitados às estruturas linguísticas, psicanalíticas e hitórico-
sociais”. (1976, apud LAJONQUIÈRI, 1992, p. 151).
Para a psicanálise, afetivo é o conjunto de fenômenos psíquicos manifestados sob a
forma de emoções e acompanhados da impressão de prazer ou dor. Já o afeto, exprime
qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável.
O reconhecimento sempre emana do Outro, o Outro apenas suporta uma função. O
Outro é quem detém a “eficácia simbólica”. Ele, de certa forma, concede ao Outro, seu
representante, o seu poder necessário para efetuar o reconhecimento. (LACAN, apud,
LAJONQUIÈRI, 1992, p. 154). Assim sendo, o sujeito não deve consentir-se ao mesmo
tempo, porém invocar as habilidades de poderes do Outro para dar significado à relação
recíproca. Como afirma Lacan, “o Outro não é ninguém nem outra coisa, a não ser o
‘tesouro’ do ‘significante’”. (1960, p. 785 apud LAJONQUIÈRI). Somos considerados como o
sujeito da falta e, por isso, corremos atrás do vazio, do “buraco”, mas, não o substituímos,
pois o negativo pode ser tão estruturante como uma coisa prazerosa e concreta.
Como a psicanálise é avassaladora e não promete felicidade, supõe que a paz e a
felicidade são objetos perdidos. Porém, as considerações acerca do afeto entre professor e
aluno se manifestam de forma satisfatória ou insatisfatória, de agrado ou desagrado, de
alegria ou de tristeza, pois são fenômenos psíquicos relacionados ao afeto e à construção
do sujeito.

O AFETO E SEU ESPAÇO EM SALA DE AULA

Segundo Ornellas, “a docência na contemporaneidade precisa estruturar-se de modo


que o ato educativo se organize nos planos real, simbólico e imaginário”. (2005, p. 82). Se a
docência precisa destes três elos fundantes para uma educação eficaz, como descreve
Ornellas, é necessário, pois, repensá-la no plano real, adotado pela escola, que às vezes
escapa da realidade social do sujeito, provocando-lhe transtorno ao desenvolvimento
intelectual e renegando-lhe ao gozo e à vontade de aprender.

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No plano simbólico percebe-se o registro da fala, a nomeação dos seres e dos
sentimentos, mesmo assim, não se pode dizer tudo ao sujeito; o imaginário examina
cautelosamente as informações passadas para o outro, firmando estas ações em elementos
que sustentam o desenvolvimento psíquico do ser.
Partindo deste pressuposto, entende-se que o professor precisa estabelecer uma
relação de afeto com seus alunos e perceber que a aprendizagem se faz por meio das
interações que são estabelecidas.
A relação educador/educando é uma relação de compromisso e é geradora de
responsabilidades, o professor deve sentir-se responsável pelos seus alunos, não podendo
ter atitudes de indiferença a estes.
O aprender deve estar ligado ao ato do afeto. Nesta perspectiva, entende-se que o
professor não pode refugiar-se nas suas obrigações funcionais, abrindo mão do seu papel
de educador, pois ele não pode ser apenas um transmissor de conhecimentos disciplinares.
O papel do professor consiste em exercer uma influência afetiva sobre seus alunos e
prepará-los para a vida. Entretanto, cabe observar que a tese psicopedagógica cresce
explícita e deliberadamente em nome da pretendida revisão desse quadro, visto que
possibilitaria eliminar a cota de esforço subjetivo ou psíquico embutidos em todo o ato
educativo prezado como tal.
Para Ornellas, “o real, o simbólico e o imaginário da docência expressam afeto,
presentificado no ato de ensinar e aprender”. (2005, p. 84). A atual hegemoneidade do
cotidiano escolar é parcialmente imposta a alguém, bem como a produção científica é
imposta pela Escola Nova.
Como diz Freud, “a educação é precisamente um direito, porque, como ninguém
pode adquirir a palavra em nome de um outro, ela deve, de fato, ser conquistada em carne
própria”. (1973, p. 144).
Embora a educação das crianças seja possível, os adultos acabam desprezando
esta capacidade intelectual que elas possuem, renegando-as deste gozo psicopedagógico,
fazendo com que a educação seja um objeto ou uma espécie de denegação freudiana.
Segundo Mannoni, “a alternância leva as crianças e jovens a habitarem cada vez
mais um mundo adulto diferente. Essa diferença está na visita que a criança faz quando vai
ao cinema, ao museu, à leitura, ao canteiro de obras e a outros ambientes diferenciados”.
(1973 apud FREUD, 1976, p. 125). Este desdobramento do sujeito mantém a possibilidade
de virem a sujeitar-se às leis da responsabilidade da vida cotidiana.
As crianças precisam estar perto de pessoas adultas que falem a mesma linguagem
que elas, as respeitem naturalmente, que saibam usar palavras que superem o ódio e o
medo, possibilitando-lhes segurança e dando-lhe liberdade para inventar, criar e equilibrar o
seu próprio drama pessoal.

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A educação não se faz aos “trancos” e “barrancos”, mas a partir de uma relação
recíproca entre o adulto e uma criança ou entre professor e aluno, para que deste desejo
nasça outras possibilidades eficazes de aprendizagens.
Exemplo disso é o que nos propõe os teóricos da psicanálise, ao mostrar-nos que a
educação não é convocada para interpor-se entre um adulto e uma criança, mas para
possibilitar uma relação de afeto e proximidade em toda a relação educativa. Impedindo que
estas relações se interponham umas sobre as outras, gerando os imprevistos de uma
relação que são transformados em incidentes ou em desvios psicodesenvolvimentistas.
Para Mannoni, “a psicanálise possibilita o desdobramento do processo educativo
que, justamente, a pedagogia moderna veio a tornar impossível”, (1985 apud FREUD, 1976,
p. 136).
Assim sendo, fica evidente que ao educar uma criança é necessário desenvolver
habilidades de ações e comportamentos para não frustrá-la. É preciso repensar certas
atitudes tomadas pelo adulto que, ao usar o tom de voz para fortalecer o que diz, acaba
levando a criança a adotar uma postura impulsiva.
Já diz Freud que “as palavras marcam, pois carregam o peso da sabedoria das
culturas, por estarem vivas, nos projetam além da estupidez do real” (1975, p. 138). É
preciso educar de forma natural para o desenvolvimento sócio-cultural.
A educação não aperfeiçoa o ser infantil, mas possibilita-lhe uma lógica do que é
real, simbólico e imaginário. A intervenção educativa em uma criança favorece um savoir-
faire natural e alimenta os germes culturais manifestados nas culturas das linguagens.
É preciso que haja uma troca, uma reaproximação do que é real, para construir
conceitos básicos que não frustrem as crianças no seu mundo imaginário e no infantil. Saber
lidar, educar e respeitar o outro é fundamental para a troca de aprendizagens, não só a
intelectual, como também a comportamental e a social.
Cabe observar que a tese psicopedagógica cresce explícita e deliberadamente em
nome da pretendida revisão desse quadro, visto que possibilitaria eliminar a cota de esforço
subjetivo ou psíquico embutida em todo o ato educativo prezado como tal.
A psicopedagogia não se faz hoje como passaporte educativo dos povos, mas
também é considerada como um instrumento de humanização e democratização das
práticas educativas. A atual hegemoneidade do cotidiano escolar é parcialmente imposta a
alguém, bem como a produção científica é imposta pela Escola Nova.
Como diz Freud, “a educação é precisamente um direito, porque, como ninguém
pode adquirir a palavra em nome de um outro, ela deve, de fato, ser conquistada em carne
própria”. (1975, p. 144). Tal como para a humanidade, também para o sujeito, a vida é difícil
de aceitar, pois a sociedade impõe certos desafios como, por exemplo, privações e
sofrimentos que, às vezes, não nos sentimos preparados para enfrentar.

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AFETO: UMA LIGAÇÃO POSSÍVEL EM SALA DE AULA

Para Lacan, “o afeto é convertido, deslocado, invertido, ou até mesmo enlouquecido


e nos obriga a não ser senão esse objeto sempre desconhecido e falante: o amódio”. (1964
apud ORNELLAS, 2005 p. 85).
Em certos momentos da nossa vida, nos encontramos invertidos, virados em sentido
contrário ao natural, como se fôssemos escravos de nós mesmos, como se quiséssemos
nos atirar do lado oposto, sem dar satisfações e nem ter a obrigação de dizer ao outro o que
está acontecendo conosco naquele momento; pensamos que não é o momento certo para
explicar algo e assim não o dizemos.
Já para Ornellas, “é pela trilha da cultura que é possível mapear pontos em que o
afeto se engendra no contexto da sala de aula; sabemos o quanto a sala de aula é
produtora de cultura, de relação e comunicação e, ao mesmo tempo, um espaço de
construção”. (2005, p. 85).
Com base nestes dois teóricos, percebe-se que o conceito da boa interação surge a
partir dos princípios definidos no modelo estabelecido no contexto relação professor/aluno.
Os teóricos se baseiam no pressuposto teórico de que a experiência física de mundo de
uma criança é enriquecida pela intervenção de uma relação entre professor e aluno, e que
tal relação é necessária para a aprendizagem cultural. Tal pressuposto se assemelha às
frases da escuta e do sentido que Ornellas, no excerto abaixo, nos convida a descortinar.

Escutar é dar sentido ao mundo que cerca o aluno. Ao escutar os ditos e os


não-ditos, produzimos e ampliamos o mundo das coisas; a escuta da fala do
outro é, na verdade, um diálogo dentro de nós mesmos na busca das falas
que nós construímos e assim nos constituem. (2005, p. 84).

Nesse contexto, a experiência da aprendizagem afetiva se refere ao processo de


aprendizagem. Quando outra pessoa serve como escutante entre a fala da criança e o
ambiente em que ela se encontra, estas incitações significativas relevam uma interação
mútua entre os sujeitos e a aprendizagem, pois são elas que dão significados às coisas e à
fala do outro.
Segundo Freud, “as duas tendências da civilização não são independentes uma da
outra; em primeiro lugar porque as relações dos homens são influenciadas pela satisfação
instintual, e em segundo, um homem, individualmente, pode influenciar como riqueza em
relação a outro homem”. (1976 apud KUPFER, 2001, p.88).
Partindo-se do princípio de que todo sujeito também aprende através das
informações que ele adquire de forma autônoma, ele por si só será capaz de tornar-se um
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ser moral e social. Essa vantagem do superego constitui uma cultura preciosa diante de um
campo epistemológico.
Esta é uma proposição viável para escutar a direção do sujeito do desejo, no
processo de ambivalência em que se vê, e na falta de se encontrar o objeto perdido. Deve
haver uma intenção clara do escutante entre o entorno e a criança, para que esta
reciprocidade seja realizada eficazmente, de forma que ela responda oralmente o que o
professor tem a dizer, no intuito de que esta relação deixe emergir as subjetividades do
sujeito.
É necessário, no entanto, uma ferramenta baseada na descoberta psicanalítica,
para emergir uma nova transferência entre professor versus aluno, e assim o processo
ensino- aprendizagem seja uma troca de saberes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a importância representada pelo afeto, não somente para avanço das
atividades escolares, como também para a vida pessoal, entende-se que as dificuldades no
processo de ensino-aprendizagem sejam resultantes de conflitos relacionados à prática
pedagógica e ao elo que o sujeito estabelece com a escola, bem como, com os professores,
sem contar com os pais e a sociedade. Cabe à escola trabalhar para escutar os conflitos
escolares e ajudar os professores a lidarem com alunos que apresentam dificuldades de
aprendizagem.
Para que o aluno tenha produção na escola ou na vida social, é preciso que o
mesmo construa uma relação de reciprocidade tanto com seus professores, quanto com o
meio em que vive. Isso possibilitará que administre os diferentes questionamentos para
negociar e prever as ações por ele organizadas. Do contrário, passa a viver a dissimulação
no processo de ensino-aprendizagem. Garantir a integração dos atores educacionais é
avaliar e evitar o processo de dispersão educacional.
É papel fundamental da escola manter reuniões com os familiares dos alunos para
mapear os problemas que surgem e dar suporte às crianças que apresentam problemas nas
questões de relacionamentos, aprendizagem e interações sociais, se a escuta da dificuldade
não está em casa. Antes, o aluno que se apresentava com dificuldades de aprendizagem
era encaminhado para um especialista, como por exemplo, um médico, um fonoaudiólogo
ou um psicólogo. Hoje em dia, o orientador educacional e o professor passam a atuar em

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parceria para atender os estudantes, já que se deve levar em conta que ambos conhecem a
história dos alunos e que os mesmos estão inseridos num contexto social diferenciado.
Freud acalentava o sonho de que a psicanálise poderia um dia vir a contribuir com a
sociedade e, especialmente, com a educação e que a psicanálise pudesse se estender a
outras áreas do conhecimento (1905). O processo subjetivo do afeto toma forma dentro da
sala de aula através da interação professor/aluno e é provável que esse processo provoque
debates na escola e desconstrua esse enlace que está sendo tecido.
Percebe-se que nas escolas não se costuma falar sobre o problema da afetividade
entre professor e aluno; os docentes têm dificuldade em compartilhá-lo com seus pares e,
com isso, acabam por não resolvê-lo. Acredita-se que, quando esta dinâmica está inserida à
unidade de ensino, o trabalho flui de forma prazerosa e mais contínua. O maior desafio para
o educador, atualmente, é não descuidar do coletivo. É preciso que o educador sente-se
com o aluno que comete erros e mostre-lhe o lado bom que cada criança tem, reativando
assim o processo de aprendizagem.
É muito importante a moderação das relações entre professor e aluno na unidade de
ensino, o que ficou evidente no filme “Entre os muros da Escola2” (2008), no qual o diretor
francês Laurent Cantet dá ênfase ao quanto o conteúdo disciplinar precisa ser significativo
para que o ensino aprendizagem aconteça de fato.
É necessário, entretanto, ir à escuta, é importante compreender o sujeito e sua
subjetividade. Deve-se acabar com o binômio: castração e frustração, imposto na escola. O
sujeito deve ser tratado como sujeito subjetivo e dá-lhe importância, lugar e posição como
sujeito suposto saber, conforme defende Ornellas (2010). Falar isso já se tornou um bordão,
porém a prática ainda continua muito distante do real significado desta transferência. Por
outro lado, estas relações provocam problemas sérios na intervenção do desenvolvimento
cognitivo e afetivo dos estudantes.
Às vezes, o que se percebe é um descompasso entre o docente e a história da
família do aluno. Nestes casos, cabe à escola fazer o contato entre professor, aluno e
família, para que juntos possam estimular a instrumentalização do afeto e assim se
sobressaírem melhor. É preciso que a escola discuta, em conjunto, o afeto que envolve os
sujeitos no processo. Essa interação é feita no dia-a-dia ou durante as reuniões
pedagógicas e de planejamento escolar.

2
Roteiro e direção do cineasta francês Laurent Cantet, baseado no livro Homônimo, de François Bégaudeau,
vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, do prêmio Lumiére como melhor filme (concedido pela
imprensa internacional da França). Estreou no Brasil em 2009. (Disponível em: <www.folhaonline.com. br>.
Acesso em: 1º de maio de 2010, às 23h:00).
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Para Claxton3, ao discutirem também as temáticas que têm a ver com o cotidiano da
escola, busca-se ajudar o docente a encontrar a melhor metodologia. A psicanálise traz um
viés para a forma de educar e afirma que ser professor é instrumentalizar-se para este fim.

Ajudar as crianças aprender a aprender como preparação para uma vida de


mudanças não é apenas mais um modo eficiente de obter bons resultados
de provas, pois isso por si só é um novo “resultado”. E, para alcançá-los, os
professores precisam começar a pensar em si mesmos como “treinadores
de aprendizagem”. (CLAXTON, 2005, p. 19).

Contudo, concordando-se com a teoria de Claxton, é possível perceber, nos


professores da geração atual, certa preocupação em ajudar as crianças a desenvolver
atividades favoráveis para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem.
As evidências mostram que, quando isso acontece, os níveis de desempenho
escolar e realização das ações dos alunos sobem, em vez de baixar.
Prescreve-se que o avanço da educação está nas mãos da psicologia e da
pedagogia, uma vez que promovem a adequação natural entre os sujeitos. Em outras
palavras, supõe-se que o chamado fracasso escolar não é outra coisa que a manifestação
circunscrita da não adequação do adulto em seu agir psicológico. (FREUD, 1976, p. 105).
Devido à baixa frequência dos alunos nas salas de aula, nota-se que há um grande
descaso com a educação brasileira, em se tratando principalmente das relações
professor/aluno, aluno/escola e escola/comunidade.
É preciso ter um novo olhar para a construção de uma educação mais acessível,
para que todos sintam prazer por estarem nas salas de aula, compartilhando ideias e
ampliando os saberes, pois isso é o mais importante numa relação de afeto e reciprocidade.
Faz-se necessário continuar estudando sobre o afeto e sua influência sobre a
aprendizagem. É um trabalho complexo, que exige muita dedicação, porém os resultados
são gratificantes.

4
Guy Claxton é doutor em Psicologia Cognitiva e diretor de desenvolvimento da iniciativa de pesquisa sobre Cultura e
Aprendizagem em Organizações (CLIO) da Graduate Scool of Education, Oxen (Reino Unido).
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REFERÊNCIAS

CAIRES, Miriam Cléa Conte Almeida; SODRÉ, Liana Gonçalves Pontes. Melhorando o
desenvolvimento psicossocial de crianças. Vitória da Conquista: UNEB, 2003.

ENTRE os muros da Escola. Roteiro e direção do cineasta francês Laurent Cantet. França:
Sony Pictures Classics, 2007. Disponível em: <www.folhaonline.com. br>. Acesso em: 1
maio 2010.

CLAXTON, G. O Desafio de aprender ao longo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2005.

FREUD, S. Além do princípio de prazer. In: obras complexas. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
v.18.

______. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976. 1 CD-ROM.

KUPFER, M. C. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 2000.

LAJONQUIÈRI, Leandro de. Desenvolvimento ou constituição do sujeito (do desejo): That is


the questions! In: De Piaget a Freud: para repensar as aprendizagens. A (psico) pedagogia
entre o conhecimento e o saber. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.

ORNELLAS, M.L.S. Afetos manifestos na sala de aula. São Paulo: Annablume, 2005.

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