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2006
Ilka Dias Bichara / Carla Silva Fiaes / Reginalice Marques / Taciana Brito / Angélica
Amanda Campos Seixas
BRINCADEIRAS NO CONTEXTO URBANO: UM ESTUDO EM DOIS
LOGRADOUROS DE SALVADOR (BA)
Boletim Academia Paulista de Psicologia, maio-agosto, año/vol. XXVI, número 002
Academia Paulista de Psicologia
Sao Paulo, Brasil
pp. 39-52
http://redalyc.uaemex.mx
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Abstract: Children plays are directly linked to the number and quality of places assigned
for that purpose, which constitutes a problem in large cities where places usually dedicated
for playing, the streets, have become potentially risky. The playgrounds, planned as spaces
for children, need more research about how they are actually being used by their intended
users. In this research, using direct observation of behavior, two playgrounds located in
two central public parks of Salvador (BA) were investigated. Cursive registers of playing
events and a scan made every five minutes were used as data collection methods. Results
show that park size, number and quality of equipments influence in the way and content of
children’s entertainment; according to this, the most frequent event found was the kind of
playing classified as physical exercise.
1. Introdução
1
Profª Adjunta do Departamento de Psicologia.
2
bolsistas Pibic/CNPq/UFBa
3
Mestranda em Psicologia/POSPSI/UFBA
Endereço para correspondência: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas – Departamento
de Psicologia/UFBA. Rua Aristides Novis s/nº, Federação, Salvador, Bahia. ilkadb@ufba.br 39
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2. Contribuições bibliográficas
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3. Objetivos
4. Método
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Contextos:
1. O parquinho (Playground 8) do Parque Dique do Tororó é diferenciado
do resto do parque por ter seu piso recoberto por areia. Mede aproximadamente
40 metros quadrados, onde estão colocados, lado a lado, três módulos de
equipamentos infantis. Ele fica a beira da lagoa sendo protegido por um guarda-
corpo. Do outro lado, fica a calçada, onde passam muitas pessoas caminhando
ou praticando cooper. Seus equipamentos possuem estruturas de plástico e
metal, com escorregadores, escadas, mastro e peças móveis; eles possuem
características diferentes e parecem obedecer a uma certa ordem de
complexidade e variedade de recursos. Chamamos de ap1 o maior e com mais
recursos, de ap2, o intermediário e de ap3, o menor e mais simples.
2. O parquinho do Campo Grande possui o chão recoberto por grama
sintética e é delimitado por bancos de madeira e áreas ajardinadas. Seus
equipamentos são: seis em formato de bichos (um rinoceronte, um elefante,
uma aranha, uma girafa, um cavalo e um jacaré), dois módulos de equipamentos
multifuncionais (um equipamento central e uma casinha) e duas barras, todos
confeccionados em madeira e metal. Há ainda, ao lado dos equipamentos, um
rinque cimentado para prática de skate, patinação etc.
5. Resultados e Discussão
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Como pode ser visto, há uma clara preferência das crianças pelos
equipamentos: ap1, ap2 e ap3, no Dique e, equipamento central e casinha, no
Campo Grande.
No Dique, a distribuição das crianças no espaço não apresenta diferenças
marcantes quanto ao gênero. Neste parque, o ap1 exerce maior atração nas
crianças que o utilizam com freqüência superior aos outros equipamentos. Esta
preferência pode ser devido às características do ap1 que é maior e possui
brinquedos mais diversos. Karsten (2003), observou esta relação entre a
qualidade do espaço e a freqüência de crianças. Esta autora verificou que
playgrounds com maior qualidade, ou seja, com áreas e equipamentos
diversificados, são mais visitados pelas crianças, em comparação àqueles de
condições mais pobres.
Já no Campo Grande observamos algumas diferenças na ocupação do
espaço relacionada ao gênero: meninas se concentraram nos equipamentos,
enquanto os meninos utilizaram em grande proporção à área livre do rinque.
Esta constatação é semelhante à encontrada por Karsten (2003) em playgrouds
de Amsterdam. Essa autora argumenta que algumas vezes as áreas de um
playground podem ser definidas por gênero, onde meninas ocupam áreas
restritas ou alguns brinquedos, enquanto meninos distribuem-se por todo o
espaço.
Essa mesma preferência, de meninas por espaços internos e/ou restritos
e de meninos por áreas externas e amplas também foi constatada em outros
estudos parecendo se constituir numa diferença de estilos associada ao gênero
(Silva et al, 2006; Karsten, 2003; Bichara, 2003; Archer, 1992; Haper & Sanders,
1975; entre outros).
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6. Conclusões
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7. Referências Bibliográficas
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Enviado em: 03/03/2006 / Aceito em: 24/05/2006
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