Execução Fiscal nº

Tese: documento inidôneo. Declaração de inidoneidade

DA CONSULTA

Estivemos no Forum, onde analisados os autos da execução fiscal supra

indicada, cuja cópia, na íntegra, juntamos em anexo nesta oportunidade.

Pudemos constatar que, em que pese a execução fiscal ter sido ajuizada em
09/10/2013, e o mandado de citação ter sido cumprido e resultado negativo
em 17/01/2014, o fato é que, por desídia do Cartório, este mandado de
citação não foi juntado até a presente data aos autos, o que impossibilitou
a tomada de ciência pela Fazenda e a adoção, por ela, de
providências tendentes a dar prosseguimento a execução.

Nestes casos, há jurisprudência pacificada no sentido de que a paralisação

do processo por mecanismos inerentes ao Poder Judiciário não pode impor
prejuízos ao exequente.

Confira-se alguns exemplos:

APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO. INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONFISSÃO DE DÍVIDA.

EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO. DECRETAÇÃO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. DESÍDIA DO
EXEQUENTE NÃO CONFIGURADA. APELO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. SENTENÇA ANULADA.
A toda evidência não pode ser imputada ao exequente a demora na realização da citação.
Na espécie, infere-se que a execução ficou paralisada de 15/09/2003 a 21/06/2011, ou seja,
quase oito anos, por falha na máquina judiciária. Da análise dos fatos acima relatados,
percebe-se, sem margem para dúvida, que, no caso presente, o transcurso do tempo e a
ausência de efetiva citação dos executados não podem ser atribuídos à inércia ou desídia
do apelante. Com efeito, o decurso do prazo prescricional e os períodos de paralisação do
processo decorreram dos mecanismos inerentes ao Poder Judiciário, em razão dos quais
não pode a parte autora sofrer prejuízos mediante a indevida declaração da prescrição do
seu direito de ação. Por tal razão é que o caso dos autos não comporta a declaração de
prescrição no que tange ao débito devido. Neste sentido o posicionamento do STJ
consolidado na Súmula 106, segundo a qual "Proposta a ação no prazo fixado para o seu
exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não
justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência". A ocorrência da
prescrição pressupõe a existência de diligência que o credor, pessoalmente
intimado, deve cumprir, mas não cumpre no prazo prescricional. Vale observar
ainda que, conforme estabelece o § 3º do art. 240 do CPC, "a parte não será
prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário". (Classe:
Apelação,Número do Processo: 0000510-60.1997.8.05.0080, Relator (a): Maria da
Purificação da Silva, Primeira Câmara Cível, Publicado em: 08/01/2019 )
(TJ-BA - APL: 00005106019978050080, Relator: Maria da Purificação da Silva, Primeira
Câmara Cível, Data de Publicação: 08/01/2019)

APELAÇÃO – AÇÃO DE COBRANÇA – Prestação de serviços – Requerido que foi contratado

pela autora para confecção de móveis – Adiantamento de valor referente à compra de
matéria-prima – Compensação do cheque pelo réu – Não realização do serviço – Sentença
de procedência – PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL – Não configurada – Propositura da
ação dentro do prazo prescricional – Demora na citação do requerido que não pode
ser atribuída à autora, eis que decorrente do próprio trâmite processual – Súmula
106 do STJ – Interrupção da prescrição pela citação válida que retroage à data da
propositura da ação – Inteligência do art. 219, caput e § 1º do CPC de 1973 – MÉRITO –
Requerido que não se insurgiu quanto aos fatos constitutivos do direito da requerente –
Ausência de impugnação especificada – Condenação do réu ao pagamento da quantia
cobrada que se impõe – TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA – Citação – Data de intimação
do advogado do demandado acerca da decisão que acolheu a alegação de nulidade da sua
citação – Inteligência do art. 214, § 2º do CPC de 1973 – Honorários advocatícios recursais –
Negado provimento.

(TJ-SP - APL: 02151476720098260002 SP 0215147-67.2009.8.26.0002, Relator: Hugo

Crepaldi, Data de Julgamento: 13/12/2018, 25ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 15/12/2018)

TRIBUTÁRIO - PROCESSO CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL -PRESCRIÇÃO - CITAÇÃO TARDIA -

AUSÊNCIA DE MORA DO CREDOR - SÚMULA 106 DO STJ - INTIMAÇÃO PESSOAL DO
REPRESENTANTE DA FAZENDA PÚBLICAART. 25 DA LEI Nº 6.830/80 - APLICABILIDADE.
1. A perda da pretensão tributária pelo decurso de tempo depende da inércia do
credor, que não se verifica quando a demora na citação do executado decorre
unicamente do aparelho judiciário. Inteligência da Súmula 106/STJ.
2. O representante judicial da Fazenda Pública deve ser intimado pessoalmente
na execução fiscal, nos termos do art. 25 da Lei 6.830/80.
3. Recurso especial provido. (REsp 1.109.205/SP - Min. Eliana Calmon - Data do Julgamento:
02/04/2009)

No caso de execução de crédito tributário, esta questão toma vulto porque a

Fazenda Pública, para dar prosseguimento à execução, nos termos do artigo
25 da Lei de Execução Fiscal, necessariamente, tem que ser intimada
pessoalmente e, no caso, apesar de decorridos longos anos, ela não foi
intimada pessoalmente.

A Súmula 106 do STJ, alhures citada dispõe:

Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da argüição de prescrição ou
decadência.

Ainda, o artigo 240, § 3º, do CPC, é claro no mesmo sentido:

Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto
nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).

(...)

§3oA parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço
judiciário.

Deste modo, em que pese termos argumentos jurídicos para opor à

presente execução fiscal, estes deverão ser delineados nos embargos à
execução fiscal a serem opostos em momento oportuno.

Entendo que se comparecermos neste momento nos autos, inclusive com

juntada de procuração, dar-nos-emos por citados, o quê, estrategicamente,
não vejo vantagens ao cliente, apesar de estarmos cientes do desconforto
de pesar sobre o mesmo uma execução fiscal.

É por esta razão que deixo, neste momento, de ingressar, com exceção de
pré-executividade alegando prescrição.

É o meu parecer.