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Diagnóstico da Profissão do

Engenheiro de Minas no Pará

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Diagnóstico da Profissão do
Engenheiro de Minas no Pará

Crédito da Foto: Internet

CREDENCIAIS
Produção, organização, edição e revisão: André S. de Souza, engenheiro de minas e jornalista
Colaboração: Artur Alves, engenheiro de minas (Sedeme / Assopem) | Denilson Costa, professor
universitário (Unifesspa)
Marabá, Pará, Brasil, 10 jul. 2017.
Como citar esta produção: SOUZA, A. S. Diagnóstico da Profissão do Engenheiro de Minas
no Pará. Marabá, 2017.

Crédito da Foto: Internet

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Crédito da Foto: Internet

— SUMÁRIO —

APRESENTAÇÃO 1

1 CARREIRA DO ENGENHEIRO DE MINAS 5

1.1 AREAS DE ATUAÇÃO 6

2 MINERAÇÃO NO BRASIL 9

3 MINERAÇÃO NO PARÁ E OS PRIMEIROS ENGENHEIROS DE MINAS 13

3.1 PRIMEIRO CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS NO PARÁ 14

4 EGRESSOS DO CURSO DE MARABÁ 20

4.1 MERCADO DE TRABALHO 23

4.2 ENGENHEIROS DE MINAS E MUNICÍPIOS MINERADORES 28

5 PERSPECTIVAS PARA O ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ 34

6 CONSIDERAÇÕES 39

REFERÊNCIAS 41

Crédito da Foto: Gustavo Pessin


DIAGNÓSTICO DA PROFISSÃO DO ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ
10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

APRESENTAÇÃO

Quantos são? Onde estão? Quanto ganham? E como estão (no mercado ou
fora dele)? Podem até parecer clichês de algum programa de TV por aí, mas essas
são perguntas clássicas que qualquer estudante de graduação se faz ao escolher a
carreira dos sonhos. Esses são, também, questionamentos que qualquer profissional
formado se faz sobre sua área de atuação e para cujas respostas é difícil localizar
estatísticas confiáveis, fidedignas, atuais, que respaldem as discussões. Entretanto,
para toda curiosidade há fontes de informação inesgotáveis.
Justamente por existirem, nasceu este Diagnóstico da Profissão do
Engenheiro de Minas no Pará, a mais abrangente e inédita radiografia da situação
dos profissionais já realizada no Estado e no Brasil. É uma compilação dos dados
mais recentes disponíveis sobre o universo sociossemântico do Engenheiro de
Minas, que está para além do labor muitas vezes escuro e solitário das minas em
locais isolados, inóspitos e subterrâneos.
O autor do estudo foi buscar em fontes oficiais os números mais recentes
sobre a profissão, cruzando dados de ministérios (Educação; Trabalho e Emprego;
Previdência Social; Minas e Energia), plataformas acadêmicas (artigos científicos,
dissertações e teses), prefeituras (de MG, GO, BA, MT, MS, SP, AP, SE e,
evidentemente, PA) e entidades de classe (Confea e Crea), a fim de demarcar os
rastros deixados pelos Engenheiros de Minas, em âmbito social, e que tanta
curiosidade causam, dentro ou mesmo fora da profissão.
As estatísticas levantadas e os comparativos feitos servem para aguçar até
mesmo a curiosidade de outros ramos da área da Engenharia, haja vista existir —
não assumidamente — disputa, por exemplo, para saber quem ganha mais (esta ou
aquela profissão). É uma curiosidade intrínseca ao ser humano e que, em parte,
será “matada” aqui.
Este Diagnóstico da Profissão do Engenheiro de Minas no Pará vem à luz
num momento importante para a mineração nacional, que assiste ao nascimento da
Associação Paraense de Engenheiros de Minas (Assopem), que chega para ficar,
ser e estar a serviço dos Engenheiros de Minas e da sociedade paraense, esta a
qual precisa conhecer e entender o papel desses profissionais, responsáveis pela
produção de riquezas primárias (os recursos minerais) que sustentam o Pará e o
Brasil na Balança Comercial.

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10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

A Associação, a 17ª criada no Brasil e a 15ª efetivamente ativa (ver Quadro 1)


no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), nada tem a ver com a entidade
criada outrora, nos idos dos anos de 1980, quando a mineração no Pará ainda era
embrionária e nem se fazia ideia de que o Estado transformar-se-ia na potência
mineroextrativa que hoje é.

Quadro 1 — Lista das Associações de Engenheiros de Minas do Brasil


ASSOCIAÇÃO CONTATO* FUNDAÇÃO** INSCRIÇÃO NO CNPJ (SITUAÇÃO)
Anbem: Nordestino- (81) 99977-0452 28/04/1972 (1ª 09.950.817/0001-03 (ativa em
Brasileira (Recife) entidade de classe) 27/09/1973)
Acem: Catarinense (48) 3433-6658 08/09/1981 (2ª) 83.852.822/0001-28 (ativa)
(Criciúma)
Apemi: Paulista (São (19) 99607-0425 12/12/1981 (3ª) 50.858.372/0001-21 (ativa em
Paulo) 17/08/1982)
Agem: Gaúcha (Porto (51) 99991-0131 16/12/1981 (4ª) 88.062.419/0001-19 (ativa em
Alegre) 25/01/1982)
Aemirn: Rio Grande do (84) 99451-5561 22/12/1982 (5ª) 08.221.491/0001-02 (ativa)
Norte (Natal)
Federação das (21) 3852-8301 | (71) 15/04/1983 00.720.714/0001-74 (ativa em
Associações (RJ) 99965-5990 10/02/1984)
Aemgo: Estado de (62) 98140-4000 27/06/1983 (6ª) 00.260.851/000-173 (ativa)
Goiás (Goiânia)
Afem: Fluminense (Rio (21) 99988-0257 25/08/1983 (7ª) 27.824.085/0001-89 (baixada:
de Janeiro) omissão contumaz)
Asemi: Sergipana --- 16/03/1984 (8ª) 13.352.810/0001-59 (inapta desde
31/12/2008)
Assemg: Minas Gerais (31) 99976-1599 04/04/1984 (9ª) 9.138.775/0001-56 (ativa)
(Belo Horizonte)
Acemi: Cearense (85) 99997-6054 13/07/1984 (10ª) 07.433.840/0001-97 (ativa)
(Fortaleza)
Aempa: Pará e --- 25/10/1984 (11ª) 05.046.586/0001-49 (baixada desde
Amapá 31/12/2008)
Asemidf: Distrito (61) 99981-9925 30/04/1985 (12ª) 01.226.075/0001-58 (ativa)
Federal (Brasília)
Aempar: Paraná (41) 3262-9062 07/05/1990 (13ª) 81.910.598/0001-58 (ativa)
(Curitiba)
Assempb: Paraíba (83) 99981-2790 1º/08/1990 (14ª) 24.513.350/0001-10 (ativa)
(Campina Grande)
Abem: Bahiana (71) 98128-0432 15/07/1992 (15ª) 41.997.412/0001-25 (ativa)
(Salvador)
Acemin: Capixaba (27) 99943-1425 11/05/2011 (16ª) 23.281.658/0001-14 (ativa)
(Vitória)
Assopem: Paraense (94) 98145-9443 11/05/2017 (17ª) Aguardando inscrição CNPJ (ativa)
(Marabá)
Fonte: MF, 2017.
Nota: As associações Aempa e Assemi foram baixas devido à inaptidão, conforme o artigo 54 da lei de
número 11.941, de 2009. Já a Afem continua na ativa, embora com restrições cadastrais.
*O contato indicado está disponível no cadastro CNPJ.
**A fundação é, na verdade, a data de registro CNPJ cadastrado junto à Receita Federal.

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A Assopem visa a auxiliar o Pará nas transformações por que sua indústria
extrativa passará em decorrência de mudanças vindouras no arcaico Código de
Mineração, o que, inexoravelmente, vai mexer com as estruturas do mercado de
trabalho para Engenheiros de Minas.
Seus principais objetivos, para si, para os seus e para os outros, são:
 Profissionais: difundir socialmente a carreira do Engenheiro de Minas e zelar
pelos interesses de seus associados, entre os quais a absorção e o
engajamento de profissionais paraenses no mercado de trabalho local.
 Sociais: discutir com a sociedade paraense estratégias de aproveitamento e
beneficiamento dos bens minerais disponíveis, com vistas a transformar a
abundância desses recursos em qualidade de vida para o povo paraense.
 Político-Pedagógicos: dialogar permanentemente com instituições de ensino
superior do Estado que ofereçam graduação em Engenharia de Minas a fim
de conectar futuros profissionais ao universo local e global da mineração.
 Parainstitucionais: formar a consciência crítica da sociedade paraense para
os fatos de mineração que ocorrem em si mesma, desburocratizando dados
estatísticos do setor mineral e facilitando acesso à informação de qualidade.
A entidade, segundo seu fundador, Artur Alves, está imbuída no espírito
mineral para congregar interesses comuns de seus profissionais e levar à sociedade
atribuições típicas do Engenheiro de Minas e seu lugar de atuação, particularmente
pelo fato de o setor mineral se ver constantemente às voltas no Pará com demandas
judiciais e enfrentamento a algumas comunidades tradicionais, próximos às quais os
empreendimentos mineradores se instalam.
Ao notar dilemas como o acima citado, este Diagnóstico da Profissão do
Engenheiro de Minas no Pará se mostra uma ação pioneira em discutir e promover
o papel de um profissional nobre e essencial na economia do país, num gigante
Estado mineral pela própria natureza, belo e forte impávido colosso, recheado de
bens preciosos e cobiçados pelo mundo inteiro, de uma ponta a outra de seu
extenso e subconhecido território.
O mundo mineral se encontra no Pará, haja vista sua crescente venda de
commodities ao mercado transoceânico. O Brasil se curva ao Pará, haja vista sua
reconhecida importância à Balança Comercial nacional. E todos precisam estar
atentos a tudo isso, diuturnamente, com o mesmo olhar motivador de uma indústria
cada vez mais crescente e que não dorme.

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— CARREIRA —

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1 CARREIRA DO ENGENHEIRO DE MINAS

A profissão de Engenheiro de Minas é uma das mais antigas do ramo da


Engenharia no Brasil e, também, uma das principais para manter as balanças
comerciais brasileira e paraense com o vigor sólido e os superávits registrados
constantemente. Regulamentada durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, por
meio do decreto de número 23.569, de 11 de dezembro de 1933, a carreira tem sua
história ainda no século 19, com a criação do segundo curso1 de Engenharia no país
— justamente o de Engenharia de Minas — pela Universidade Federal de Ouro
Preto (Ufop) e sua Escola de Minas.
A fundação da Escola de Minas teria sido decisão política do Imperador Dom
Pedro II, que contratou em 1874, por indicação do cientista francês Auguste
Daubrée, o engenheiro francês Claude Henri Gorceix (1842-1919), então com 32
anos, para organizar o ensino de Geologia e Mineralogia no Brasil. Gorceix escolheu
a cidade de Ouro Preto, então capital da província de Minas, justificando que “se o
professor quisesse falar de veeiros, em vez de desenhar no quadro, abriria a janela
e mostraria com o dedo, que a paisagem os fornecia” (CONFEA, 2010, p. 33).
A Escola de Minas foi inaugurada em 12 de outubro de 1876. “Em muito
pequena extensão de terreno pode-se acompanhar a série quase completa das
rochas metamórficas que constituem grande parte do território brasileiro e todos os
arredores da cidade se prestam a excursões mineralógicas proveitosas e
interessantes” (CONFEA, 2010, p. 33), assim era descrita a cidade de Ouro Preto
pelo ilustre fundador da Escola em relatório enviado ao Imperador Dom Pedro II.
Em seu primeiro ano de funcionamento, o curso superior criado por Gorceix
buscava formar engenheiros com o objetivo básico de fornecer administradores para
a exploração das minas e para as empresas metalúrgicas, bem como preparar
profissionais que viessem a se empregar pelo Estado nas diversas províncias do
império para se encarregarem das explorações geológicas e da fiscalização dos
trabalhos de mineração (MIRANDA et al., 2013).
Entretanto, os concluintes da primeira turma demoraram anos para encontrar
oportunidade de trabalho, motivo pelo qual Gorceix acrescentou mais dois

1 O primeiro curso de Engenharia brasileiro data de 1874, ofertado pela Escola Politécnica, no Rio de
Janeiro. Um segundo curso teria sido pensado para pelo Gabinete Topográfico, em São Paulo, mas a
ideia foi inviabilizada (CONFEA, 2010).

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semestres de formação específica em construção de estradas e pontes, a fim de


ampliar o leque de oportunidades aos profissionais brasileiros, que perdiam espaço
para engenheiros vindos da Europa. Segundo Miranda et al. (2013), a mudança
curricular conferiu aos novos engenheiros o título de “Engenheiros de Minas com
Regalias de Engenharia Civil” e, mais adiante, o curso foi configurado numa
estrutura ainda mais abrangente, de forma a conferir o título de “Engenheiro
Generalista em Minas, Civil e Metalurgia”, para os formandos da Escola de Minas.
Na realidade, o ensino da Escola de Minas se restringia à diplomação de
profissionais que atuassem nas mais diversas especialidades, mas esse modelo não
atendia à qualidade pertinente às condições do mercado de trabalho brasileiro. O
Engenheiro de Minas passou, então, a ter notoriedade somente a partir do decreto-
lei2 de número 1.985, de 29 de março de 1940, que instituiu o Código de Minas e
exigia, para aprovação de projetos de extração mineral, que estes fossem de
responsabilidade de profissionais habilitados, ou seja, os Engenheiros de Minas,
uma vez que até meados da década de 1940 a grande maioria das minas brasileiras
era dirigida por, segundo Dequech (1946, p. 17), “práticos mais ou menos
analfabetos, verdadeiros coveiros de minas que causaram prejuízos inestimáveis à
riqueza mineral do país”.
Com a regulamentação profissional em 1933, o Engenheiro de Minas teve
definidas suas atribuições e competências, de modo que seu campo de atuação
profissional relaciona-se, atualmente, às atividades de pesquisa mineral, lavra de
minas e beneficiamento de minério.

1.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO

Atualmente, o Brasil possui pouco mais de 4.600 registros de Engenheiros de


Minas junto aos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (Crea) e quase
3.700 profissionais em atividade no mercado, conforme dados do Ministério do
Trabalho. Há, contudo, uma infinidade de engenheiros que trabalham como tal sem
registro junto ao Crea; outros com mais de um vínculo de trabalho; e, principalmente,
um número considerável de bacharéis em Engenharia de Minas sem Crea e sem

2 O Código de Minas de 1940 definia direitos sobre as jazidas e minas, estabelecia o regime do seu
aproveitamento e regulava a intervenção do Estado na indústria de mineração, bem como a
fiscalização das empresas que utilizam matéria prima mineral.

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emprego ou empregados em outros setores do mercado. Ainda assim, os nichos


tradicionais de emprego para o Engenheiro de Minas brasileiro são a extração de
minérios de ferro, cobre, petróleo e rochas ornamentais. Os setores que demandam
mais mão de obra são a pesquisa, a lavra e o tratamento mineral.
Na pesquisa mineral, o Engenheiro de Minas realiza trabalhos pertinentes à
definição das jazidas, avaliando-a tecnicamente e determinando a exequibilidade do
seu aproveitamento econômico. Durante a lavra, o profissional realiza operações
coordenadas e integradas de extração do mineral em escala industrial, de maneira
econômica, sustentável e racional. Já no campo do tratamento de minério, o
Engenheiro de Minas executa uma série de operações unitárias com o objetivo de
adequar o minério bruto lavrado às exigências do mercado de consumo.
O Engenheiro de Minas pode atuar em mineradoras, centros de pesquisa,
universidades, agências governamentais, prefeituras, consultorias e empresas de
prestação de serviços. As habilidades e competências adquiridas ao longo de cinco
anos de faculdade credenciam-no a atividades relacionadas com diversos temas,
como geoestatística, avaliação de depósitos minerais e de combustíveis fósseis,
prospecções geofísica e geoquímica, controle de depósitos, planejamento de lavra,
caracterização de minérios e materiais, rochas ornamentais, minerais industriais,
modelagem e controle, projetos de desenvolvimento sustentável, entre outros.
Esse profissional é detentor de formação técnico-científica que o capacita a
absorver e a desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica na
identificação e busca de soluções para os problemas do setor mineral. Sua formação
também o credencia a trabalhar em equipes multidisciplinares e em postos de
liderança, considerando os aspectos referentes à ética, à segurança e aos impactos
ambientais em qualquer uma das áreas citadas anteriormente.

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— ENGENHEIROS NO BR —

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2 MINERAÇÃO NO BRASIL

A carreira do Engenheiro de Minas se confunde com os atos da mineração


nacional, com os quais mantêm relação intrínseca. As mudanças na regulação e no
planejamento do setor e as alterações nas instituições de governo, que repercutem o
momento econômico do país, influenciaram — e continuam a influenciar — o
mercado de trabalho para o profissional (MME, 2015). A cronologia3 da legislação
mineral, dos acontecimentos relevantes à carreira e das instituições relacionadas ao
setor ganha sua marca a partir do final do século 19, a saber:
 1879 — Nascimento do Engenheiro de Minas gaúcho Pedro Demósthenes Rache,
no dia 10 de julho, em alusão ao qual se fixou o “Dia do Engenheiro de Minas”.
Rache, que faleceu em 7 de novembro de 1959, foi o aluno mais brilhante da
primeira turma de Engenharia de Minas e Civil que colou grau no país em 1901,
pela Escola de Minas, em Ouro Preto. Ele é o “Patrono da Engenharia de Minas”.
 1891 — Promulgação da Constituição republicana, que vinculava a propriedade
do subsolo à do solo.
 1907 — Criação e instalação do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil.
 1930 — Criação da Companhia Petróleos do Brasil.
 1931 — Suspensão da alienação ou oneração de qualquer jazida mineral e
implantação da lei de proteção à indústria.
 1933 — Regulamentação pioneira da profissão do Engenheiro de Minas,
originalmente pelo decreto de número 23.569.
 1934 — Separação das propriedades do solo e do subsolo pela Constituição e
criação, via decreto de número 23.979, de 8 de março, do Departamento Nacional
da Produção Mineral (DNPM); instituição do Código de Minas, via decreto de
número 24.642, de 10 de julho.
 1937 — Aproveitamento de jazidas passa a ser autorizado somente a brasileiros
ou empresas de brasileiros, conforme Constituição outorgada no Estado Novo.
 1938 — Criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), com nacionalização do
refino e regulação da importação e do transporte do petróleo.
 1940 — Início da cobrança de imposto único sobre carvão mineral, combustíveis
e lubrificantes do Brasil e implantação do Código de Minas.

3 Adaptado de MME (2015).

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 1941 — Criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).


 1942 — Criação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), hoje apenas Vale.
 1946 — Reabertura da mineração brasileira ao capital estrangeiro e tributação
única estendida a todos os minerais.
 1960 — Criação do Ministério das Minas e Energia (MME), que aglutina o DNPM.
 1964 — Aprovação da lei de número 4.425, que estabelece regime de tributação
por meio do Imposto Único sobre Mineral (IUM).
 1967 — Descobrimento de minério de ferro na Serra dos Carajás, no Pará, no dia
31 de julho, e criação do Código de Mineração, por meio do decreto-lei de número
227, de 28 de fevereiro, a fim de regulamentar o direito sobre os bens minerais,
dando nova redação ao Código de Minas criado em 1940.
 1969 — Criação da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
 1970 — Início da implantação do projeto Radam, um dos mais importantes da
cartografia geológica e de recursos naturais na região amazônica.
 1978 — Criação do Regime de Licenciamento para exploração e aproveitamento
das substâncias minerais, por meio da lei de número 6.567, de 24 de setembro.
 1988 — Promulgação da Constituição Federal, que restabeleceu, em parte, as
restrições à participação estrangeira na exploração e aproveitamento de recursos
minerais. Até então, havia a incidência do IUM, que foi extinto para a criação do
pagamento de uma compensação financeira.
 1989 — Criação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem),
por meio da lei de número 7.990, de 28 de dezembro, e criação do regime de
permissão de lavra garimpeira, pela lei 7.805, de 18 de julho.
 1990 — Extinção do MME, a partir de reforma administrativa, cujas atribuições
passam ao então Ministério da Infraestrutura, e validação da lei de número 8.001,
de 13 de março, que define os percentuais aplicados na Cfem.
 1992 — Extinção do Ministério de Infraestrutura e recriação do MME, por meio da
Medida Provisória de número 302, com retorno do DNPM ao MME.
 1994 — Autorização ao DNPM de funcionamento como autarquia pela lei de
número 8.876, de 2 de maio, e transformação como tal pelo decreto de número
1.324, de 2 de dezembro, assim como a CPRM é transformada em empresa
pública pela lei de número 8.970, de 28 de dezembro.
 1995 — Supressão de impedimentos ao capital estrangeiro para pesquisa e lavra
de bens minerais, via Emenda Constitucional, que permitiu a contratação de

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empresas públicas ou privadas na exploração, comércio e transporte de petróleo,


gás natural, entre outros.
 2004 — Criação de cargos e carreiras do DNPM pela lei de número 11.046, de 27
de dezembro, e da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral,
no MME, via decreto de número 5.267, de 9 de novembro.
 2008 — Aprovação do Estatuto do Garimpeiro, com a lei de número 11.685, de 2
de junho.
 2009 — Criação de funções comissionadas e cargos em comissão no DNPM, a
partir da lei de número 12.002, de 29 de julho.
 2010 — Produção de 100 milhões de toneladas de minério de ferro, pela Vale, em
Carajás, uma marca recorde.
 2011 — Lançamento do Plano Nacional de Mineração (PNM) 2030, planejamento
estratégico de longo prazo para o setor, e disparada do preço do minério de ferro,
no dia 15 de fevereiro, atingindo o pico recorde de 191,70 dólares por tonelada e
abrindo fronteira para contratações de dezenas de Engenheiros de Minas.
 2013 — Envio ao Congresso do projeto de lei de número 5.807, que revisa o
Código de Mineração de 1967, cria o Conselho Nacional de Política Mineral
(CNPM) e a Agência Nacional de Mineração (ANM).
 2015 — Escândalo marca mais um capítulo do Código de Mineração, que estaria
sendo redigido por advogado da mineradora Vale, e preço do minério cai ao nível
mais baixo do século, 37,54 dólares no dia 15 de dezembro, levando empresas a
encerrar negócios, fazer desinvestimentos e demitir Engenheiros de Minas.
 2016 — Início em 17 de dezembro do projeto Ferro S11D, na região de Carajás, o
maior empreendimento da indústria extrativa mineral do planeta, por meio do qual
a Vale anseia extrair 90 milhões de toneladas de minério de ferro de alto teor.
No tocante ao histórico da inserção da profissão do Engenheiro de Minas, o
ano de 1933 é um marco, tendo em vista o fato de que o decreto de número 23.569,
de 11 de dezembro, em seu artigo 34, dispõe sobre atribuições e competências
pertinentes ao profissional, reforçadas no decreto 24.642, de 10 de julho de 1934. Já
em 1967, o decreto-lei 227 indica, em seu artigo 15, a essencialidade do Engenheiro
de Minas para a pesquisa mineral. Em 1973, a resolução de número 218, de 29 de
junho, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), dispõe em seu
artigo 14 das atividades do Engenheiro de Minas para efeito de fiscalização.

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— ENGENHEIROS NO PA —

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Crédito da Foto: Alcoa


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3 MINERAÇÃO NO PARÁ E OS PRIMEIROS ENGENHEIROS DE MINAS

Os primeiro Engenheiros de Minas a atuarem no Pará chegaram ao Estado


em meados de 1969, ainda na ressaca da descoberta do minério de ferro de alto
teor na região da Serra dos Carajás e escalados para o reconhecimento, por meio
de pesquisa mineral, de novas frentes de mineração. Na realidade, a própria
mineração no Pará se confunde, sobremaneira, com a descoberta das jazidas de
minério na Serra dos Carajás4.
O desvendar do atual complexo minerador de Carajás — que viria a se
revelar como o maior, mais rico e diversificado do planeta — tem sua origem nos
primeiros anos do regime militar. No dia 31 de julho de 1967, uma segunda-feira, o
Geólogo Breno Augusto dos Santos, a bordo de um helicóptero em trabalhos de
pesquisa na região, pousou5 numa clareira na Serra dos Carajás, então município de
Marabá (IBRAM, 2010). De acordo com Santos (1981, p. 4), “o pó marrom-
avermelhado indicava que a crosta da clareira correspondia a uma ‘canga’ de
minério de ferro [canga é uma área rica em minério na superfície].
Após a descoberta e o requerimento das áreas de pesquisa pela Companhia
Meridional de Mineração, subsidiária da United States Steel, em meados de 1967,
negociações políticas conduzidas pelo governo brasileiro levaram à criação da
Amazônia Mineração S. A. (AMZA), em abril de 1970, com a composição acionária
de 50,9% da então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e de 49,1% do grupo
multinacional (SANTOS, 1981).
No período entre 1967 e 1970, Geólogos e Engenheiros de Minas foram
responsáveis por validar várias outras descobertas minerais no Pará. O Geólogo
Breno Santos, por exemplo, elaborou o planejamento do reconhecimento geológico
que conduziu à descoberta do depósito de manganês de Buritirama, hoje em

4 Para fins de esclarecimento histórico-geográfico, a Serra dos Carajás, à época de sua descoberta,
estava localizada em sua totalidade no município de Marabá. Porém, após sucessivos
desmembramentos para conformação de novos municípios, Marabá concebeu em 1989 os
municípios de Curionópolis e de Parauapebas (e este originou em 1994 Canaã dos Carajás). Ainda
assim, o que se entende por Serra dos Carajás é, em verdade, um grande conjunto de serras ricas
em minério de ferro com elevado teor de hematita divididas em Serra Norte (em Parauapebas), Serra
Sul (em Canaã dos Carajás) e Serra Leste (em Curionópolis).
5 Para esse episódio, há duas versões: uma diz que, por problemas mecânicos, o piloto teve que

fazer um pouso de emergência; outra sustenta que Santos teve sua atenção despertada para a
vegetação da área, característica de rochas mineralizadas e, por isso, recomendou ao piloto breve
parada de observação no local. Em todo caso, o Geólogo não teve dificuldade para identificar de
imediato o tipo de material que tinha ao alcance da mão e acabara por descobrir o maior depósito de
minério de ferro do planeta.

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DIAGNÓSTICO DA PROFISSÃO DO ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ
10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

produção no município de Marabá. A descoberta, de fato, realizada pelo Geólogo


Erasto Boretti de Almeida, ocorreu no final de agosto de 1967 – menos de um mês
depois da descoberta de Carajás (IBRAM, 2010).
Dada a falta de mapas e imagens confiáveis para os trabalhos de prospecção
mineral, Santos começou a participar, a partir de 1969, de numerosos voos de
reconhecimento e elaborou cartas das áreas mais favoráveis. Ele coordenou no
Pará, durante 13 anos, o maior programa de prospecção mineral já realizado na
Amazônia. Foi aí que começaram a aparecer os primeiros Engenheiros de Minas em
atuação no Pará, que participavam de intensos trabalhos de pesquisa mineral, junto
com 40 Geólogos e um batalhão de 1.500 trabalhadores cujos esforços viriam a,
mais tarde, tornar o Pará uma potência mineral detentora de vários depósitos de
bauxita, cobre, ouro, níquel, cassiterita, fosfato, titânio e manganês (IBRAM, 2010).
Com a conclusão dos trabalhos de pesquisa e dos estudos preliminares de
viabilidade em 1974, foi elaborado o projeto básico de desenvolvimento, que previa
a produção inicial de 12 milhões de toneladas de minério em 1979 e que deveria
sofrer ampliações anuais, atingindo 50 milhões em 1986 (SANTOS, 1981).
É por causa do trabalho em conjunto de Geólogos e Engenheiros de Minas,
desde o final dos anos de 1960, que o Pará cresceu economicamente e, hoje, é a
Unidade da Federação com a segunda mais poderosa mineração, que movimentou
9,08 bilhões de dólares em exportações6, colocando o Estado como o sétimo7 maior
exportador do país (SIMINERAL, 2017). Por isso, os profissionais da mineração,
destacadamente os Engenheiros de Minas, estão à frente da conquista desses
números, já que lideram grupos de trabalho e produção nas mineradoras.

3.1 PRIMEIRO CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS

O ano era 2003, e em 19 de setembro o edital número 8, do vestibular da


então Universidade Federal do Pará (UFPA), trazia uma novidade no primeiro
Processo Seletivo Seriado (PSS) da instituição. Era a graduação em Engenharia de
6 As exportações totais da mineração paraense correspondem às indústrias extrativa mineral (7,21
bilhões de dólares) e de transformação mineral (1,87 bilhão de dólares). Em 2017, no primeiro
semestre, a indústria extrativa do Pará produziu 6,1 bilhões de dólares em commodities minerais e
ultrapassou à de Minas Gerais, que produziu 5 bilhões de dólares.
7 O Pará exportou em 2016 um total de 10,51 bilhões de dólares em commodities, posicionando-se

atrás apenas de São Paulo (46,21 bilhões), Minas Gerais (21,92 bilhões), Rio de Janeiro (17,19
bilhões), Rio Grande do Sul (16,58 bilhões), Paraná (15,17 bilhões) e Mato Grosso (12,59 bilhões).
No primeiro semestre de 2017, o Estado exportou 6,92 bilhões de dólares e segue como 7º.

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10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

Minas e Meio Ambiente para o Campus de Marabá, no interior do Estado, o 8º curso


criado no país desde o da Escola de Minas, que começou a funcionar efetivamente
em 11 de novembro de 1875.

Quadro 2 — Cursos de Engenharia de Minas no Brasil


INSTITUIÇÃO DE ENSINO VAGAS MUNICÍPIO DO DATA DE ORDEM DE
ANUAIS CURSO FUNCIONAMENTO CRIAÇÃO
Universidade Federal de Ouro Preto 40 Ouro Preto 13/11/1875 1º
(Ufop)
Universidade Federal do Rio Grande do 30 Porto Alegre 01/03/1942 2º
Sul (UFRGS)
Universidade de São Paulo (USP) 40 São Paulo 09/04/1946 3º

Universidade Federal de Pernambuco 50 Recife 20/06/1956 4º


(UFPE)
Universidade Federal de Minas Gerais 60 Belo Horizonte 01/03/1966 5º
(UFMG)
Universidade Federal de Campina 40 Campina 24/03/1977 6º
Grande (UFCG) Grande
Universidade Federal da Bahia (UFBA) 30 Salvador 03/03/1978 7º

Universidade Federal do Sul e Sudeste 30 Marabá 02/02/2004 8º


do Pará (Unifesspa) — ex-UFPA
Universidade Presidente Antônio Carlos 120 Conselheiro 01/08/2006 9º
de Conselheiro Lafaiete (Unipac) Lafaiete
Universidade do Estado de Minas Gerais 80 João Monlevade 01/02/2008 10º
(UEMG)
Universidade Federal de Goiás (UFG) 50 Catalão 06/03/2008 11º

Faculdade Kennedy de Belo Horizonte 160 Belo Horizonte 01/02/2009 12º


(FKBH)
Centro Universitário Luterano de Palmas 100 Palmas 11/02/2009 13º
(Ceulp)
Instituto Federal de Educação, Ciência e 40 Cachoeiro de 21/07/2009 14º
Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) Itapemirim
Centro Federal de Educação Tecnológica 40 Araxá 01/02/2010 15º
de Minas Gerais (Cefet-MG)
Faculdade do Noroeste de Minas (Finom) 100 Paracatu 01/02/2010 16º

Faculdade Adjetivo Cetep (Adjetivo- 50 Mariana 01/08/2011 17º


Cetep)
Universidade Federal de Alfenas (Unifal) 80 Poços de 27/02/2012 18º
Caldas
Faculdades Integradas Pitágoras (FIP- 100 Montes Claros 01/02/2013 19º
MOC)
Faculdade Pitágoras de Ipatinga (FPI) 200 Ipatinga 15/07/2013 20º

Universidade Federal de Mato Grosso 63 Várzea Grande 29/11/2013 21º


(UFMT)
Universidade Federal dos Vales do 80 Janaúba 12/12/2013 22º
Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

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10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

Centro Universitário Una (UNA) 160 Belo Horizonte 01/01/2014 23º

Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte 200 Belo Horizonte 03/02/2014 24º


(FPAS)
Universidade Federal do Ceará (UFC) 50 Crateús 09/09/2014 25º

Centro Universitário de Belo Horizonte 160 Belo Horizonte 01/01/2015 26º


(UNI-BH)
Faculdade Satc (Fasatc) 100 Criciúma 02/09/2015 27º

Faculdade Pitágoras de Governador 100 Governador 08/08/2016 28º


Valadares (PIT-GV) Valadares
Faculdade Pitágoras de Betim (Pitágoras- 100 Betim 26/12/2016 29º
Betim)
BALANÇO DOS CURSOS EM FUNCIONAMENTO
29 instituições de ensino ofertam 2.453 novas vagas de Engenharia de Minas por ano
INSTITUIÇÃO DE ENSINO VAGAS MUNICÍPIO DO STATUS DO ORDEM PÓS
ANUAIS CURSO CURSO CRIAÇÃO
Universidade Federal do Oeste do Pará 40 Juruti Em implantação 30º
(Ufopa)
Instituto Federal do Rio Grande do Norte 40 Natal Em implantação 31º
(IFRN)
Universidade Estadual do Rio Grande do -- Apodi Conversa | Projeto 32º
Norte (Uern)
Universidade Federal do Pará (UFPA) -- Canaã dos Conversa | Projeto 33º
Carajás
Fonte: Ministério da Educação (MEC), 2017. (Elaboração: André Santos)
Nota: O MEC não disponibiliza a consulta do andamento de processos referentes a novos cursos. O
levantamento para novos cursos considera informações divulgadas na mídia, a saber: Ufopa: <http://g1.globo.co
m/pa/santarem-regiao/noticia/ufopa-apresenta-plano-de-desenvolvimento-institucional-a-comunidade-de-juruti.gh
tml>; IFRN: <http://portal.ifrn.edu.br/campus/natalcentral/noticias/seminario-para-implementacao-do-curso-de-en
genharia-de-minas-acontece-quinta-feira>; Uern: <http://www.sinferbase.com.br/noticias/universidade-no-rio-gra
nde-do-norte-tera-curso-de-engenharia-de-minas>; UFPA: <http://www.canaadoscarajas.pa.gov.br/noticia/655>.
No caso da Ufopa, 40 vagas estão confirmadas para início no segundo semestre, com professores convocados
por meio de concurso público; e no IFRN, já há professores e um Departamento de Engenharia de Minas pronto.

O curso implantado em Marabá, em 2004, quebrou tabu de quase três


décadas sem a criação de uma nova graduação em Engenharia de Minas no Brasil.
A indiferença à implantação de novas graduações, desde a da UFBA, em Salvador,
transpassou o start-up das minas do complexo de Carajás, em 1984, quando o
primeiro carregamento de minério de ferro foi feito por um caminhão, levando 45
toneladas da commodity que transformaria a vida do Estado do Pará para sempre.
O município de Marabá foi escolhido para sediar o curso por sua razoável
estrutura universitária da então UFPA e ser polo regional da Mesorregião Sudeste
Paraense. A sede urbana está distante 240 quilômetros das minas de ferro (Projeto
Ferro Carajás) e manganês (Mina do Azul), na Serra Norte, em Parauapebas; e da
mina de cobre (Projeto Sossego), na Serra do Sossego, em Canaã dos Carajás,
esta última inaugurada praticamente ao mesmo tempo em que o curso da UFPA.

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10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

A graduação em Engenharia de Minas movimentou estudantes do interior e


da capital, Belém, posicionando-se naquele ano entre as mais disputadas do seletivo
da universidade. No primeiro vestibular, 591 candidatos concorreram a uma das 30
vagas. Estava na Engenharia de Minas as mais altas médias de corte para
atravessar da segunda para a terceira fase do PSS, desbancando a tradição que até
então pertencia ao curso de Direito em Marabá.
Implantada no Campus 2 da UFPA, a graduação foi pensada para suprir a
carência histórica de mão de obra para os projetos de mineração da região sudeste
paraense, com visão ecológica mais aguçada em relação aos Engenheiros de Minas
formados noutras instituições — daí a sua nomenclatura ser a única do Brasil como
“de Minas e Meio Ambiente”. Paralelamente, foi criada a graduação em Engenharia
de Materiais para formar mão de obra apta a atuar na transformação mineral.
Um ano depois veio à luz Geologia, também no Campus 2 da UFPA, com a
missão de formar profissionais hábeis em, entre outras coisas, levantamento e
identificação de corpos minerais. As Engenharias de Minas e Materiais mais a
Geologia conformam, então, a cadeia de formação profissional da mineração que,
grosso modo, funciona com o Geólogo descobrindo, o Engenheiro de Minas
extraindo e o Engenheiro de Materiais transformando o minério para chegar em
forma de produto industrializado à sociedade.
De 2004 para cá, a graduação em Engenharia de Minas e Meio Ambiente
passou por várias transformações juntamente com as demandas regionais. Ao longo
destes anos, o currículo pedagógico do curso sofreu reformulação em 2010,
eliminando muitas disciplinas teóricas e se concentrando em cadeiras técnico-
profissionalizantes. Em 2017, é prevista nova mexida na grade curricular.
Além disso, a estrutura da UFPA presente em Marabá e adjacências
emancipou-se e foi transformada em Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
(Unifesspa). Logo, o curso que era antes vinculado à UFPA é, agora, da Unifesspa.
Mas seja como for, UFPA ou Unifesspa, até 2017 a graduação pioneira na Amazônia
em Engenharia de Minas e Meio Ambiente já formou 180 profissionais8 — a turma

8 Até 30 de junho de 2017. Ressalte-se que o curso de Engenharia de Minas e Meio Ambiente oferta
anualmente, desde seu primeiro vestibular, no final de 2013, um total de 30 vagas. A exceção foi o
vestibular para ingresso no ano letivo de 2012, em cujo processo seletivo foram ofertadas 40 vagas.
Na relação de oferta de 30 vagas anuais, a taxa de conclusão média é de 76%, uma das mais
elevadas entre os cursos da Unifesspa.

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pioneira colou grau em setembro de 2008 — e possui as menores taxas de evasão e


jubilamento9 entre os 40 cursos oferecidos pela Unifesspa em Marabá.
A taxa de evasão10 do curso paraense de Engenharia de Minas e Meio
Ambiente gira em torno de 20%, percentual considerado baixo quando comparado a
cursos de Engenharia de Minas mais tradicionais. Um interessante estudo divulgado
pela Ufop, produzido por Gontijo, Stopa & Pereira (2012), revela que a taxa de
evasão no curso de Engenharia de Minas mais tradicional do país chega a 14,7% (e
já foi de 31% na década de 90). Na UFBA, de acordo com Souto (2013), a taxa de
evasão do curso de Engenharia de Minas é a mais alta da instituição, batendo a
marca de 83,9% — e apenas 11,4% de diplomação. Já na UFCG, de cada 40
alunos, 15 ou 16 vão colar grau regularmente. Na Unifesspa, por outro lado, a turma
de Engenharia de Minas e Meio Ambiente de 2008 concluiu suas atividades em
2013 com taxa de diplomação de 96%, um recorde.
Atualmente, é da Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente o
maior número de produção acadêmica da Unifesspa em congressos nacionais e
eventos afins, com publicações em revistas, anais de congressos e resumos. A
Engenharia de Minas e Meio Ambiente foi durante anos a maior recordista em
número de estudantes no exterior pelo Programa Ciências Sem Fronteiras, bem
como a maior detentora da produção acadêmica mais diversificada sobre a
perspectiva mineral da região de Carajás, com TCCs que abordam, discutem e
investigam corpos rochosos, teores de minérios, tratamento de poluentes,
biorremediação, tecnologia mineral e economia mineral. Marabá, Canaã dos
Carajás, Curionópolis, Parauapebas, Ourilândia do Norte, Juruti e Paragominas são
as unidades territoriais pesquisadas, uma forma de retornar à comunidade regional o
conhecido acadêmico produzido no Campus 2.

9 Último balanço apresentado pela Unifesspa aponta que, de 2008 para cá, apenas cinco matrículas
foram canceladas no curso de Engenharia de Minas e Meio Ambiente. Ver em: <https://unifesspa.edu.
br/images/editais/editais_2016/EDITAL_N_039_2016CRCAJUB.pdf>.
10 Apesar de alegarem ofertar 2.453 vagas anualmente junto ao MEC, as instituições preenchem

efetivamente apenas 1.250 cadeiras. Considerando-se uma taxa média de evasão de 30% para os
cursos de Engenharia de Minas, é possível haver hoje 1.400 estudantes matriculados nas instituições
do país. Cerca de 280 novos Engenheiros de Minas são entregues ao mercado anualmente.

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Crédito da Foto: Internet

DIAGNÓSTICO DA PROFISSÃO DO ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ


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— EGRESSOS DE MARABÁ —

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10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

4 EGRESSOS DO CURSO DE MARABÁ

Quando a graduação de Engenharia de Minas e Meio Ambiente da então


UFPA deu a largada, em 2004, muitos projetos da indústria extrativa eram
embrionários no Pará. O boom da indústria extrativa mineral no final da década
passada e início da atual fez disparar a oferta do bacharelado, que, em sua primeira
avaliação, levou nota 4 ou um “Muito Bom” na avaliação de cursos superiores.
Os projetos que coincidiam com 2004 eram a inauguração do projeto de cobre
Sossego, em Canaã dos Carajás, no mês de julho, e a aprovação da viabilidade
técnico-econômica para a implantação do projeto S11D, cujas obras teriam início
seis anos mais tarde no mesmo município, já com a primeira turma de Engenheiros
formada no Pará no mercado. Desde então, o mercado de trabalho paraense
ampliou-se, com a entrada em operação de novos projetos, descoberta de novas
minas, ampliação de empreendimentos existentes e a abertura de oportunidades no
serviço público. Temos, assim, Engenheiros de Minas paraenses espalhados por,
pelo menos, 32 municípios brasileiros, sendo 13 deles no Pará.
Hoje, os Engenheiros de Minas e Meio Ambiente paraenses estão em todas
as partes do Brasil e até no exterior, atuando nos mais diversos setores e empresas.
Seja como UFPA, seja como Unifesspa, foram formados em Marabá 121 alunos do
sexo masculino (67% do total) e 59 do sexo feminino (33%). Uma das turmas — a
de 2010 — apresenta mais mulheres diplomadas que homens, o que é um marco na
história da Engenharia de Minas do Brasil, curso masculinizado desde sua gênese.
Dos 180 egressos do curso de Marabá, 82 estão no mercado de trabalho
como Engenheiros de Minas em diversas funções e posições. Há ainda 35 egressos
que estão trabalhando formalmente em outras áreas do mercado ― por opção ou
por não conseguir oportunidade na carreira de formação.
No entanto, a situação mais grave é o fato de que existem 63 formados
desempregados, muitos, inclusive, das turmas mais antigas. Alguns até assumem
para si a posição de “consultor independente” em mineração, atuando dentro da
área de formação, embora sem vínculo empregatício formal, o que muitas vezes
mascara as estatísticas de desemprego, uma vez que o profissional pode até estar
ocupado (trabalhando informalmente), ainda assim está desempregado (não há
garantia de renda fixa mensal tampouco direitos trabalhistas a receber).

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10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

No Quadro 3, é possível visualizar o panorama dos egressos do curso de


Marabá e o que estavam fazendo até a data de 30 de junho de 2017.

Quadro 3 — Situação ocupacional dos egressos do curso de Marabá


COMO ESTÃO NOSSOS ENGENHEIROS DE MINAS? ― 121 H | 59 M
EMPREGADOS (ENGENHEIRO DE MINAS) 82 DESEMPREGADOS 63
 Indústria Extrativa 58  Estudantes 17
Sênior 8 Graduação 1
Pleno 7 Mestrado 14
Júnior 31 Doutorado 2
Gerente 4  Consultores Independentes 9
Supervisor 3  Nem-Nem* 35
Consultor ou Técnico Espec. 5  Vendedores 2
 Serviço Público 24 EMPREGADOS (MAS FORA DA ÁREA) 35
Assessoramento 6
Analista 3 Balanço dos Engenheiros de Minas
Especialistas em Rec. Minerais 2 20% desocupados totalmente
Técnico-Administrativo 1 35% desempregados
Perito 1 45% empregados como Eng. de Minas
Professor (Magistério Superior) 11 50% envolvidos com a área
- Engenharia de Minas 5 55% fora do mercado formal de Eng. de Minas

- Mineração 6 65% empregados

Fonte: Unifesspa, 2017. (Elaboração: André Santos)


Checagem: André Santos, Artur Alves e Denilson Costa.
Nota: A checagem ocupacional foi feita entre 15 e 30 de junho de 2007.
*Nem-Nem: nem trabalha, nem estuda; desocupados.

O atual cenário dos egressos do curso de Engenharia de Minas e Meio


Ambiente aponta que há mais diplomados fora do mercado formal de trabalho (55%)
do que dentro. Dos desempregado, 37 são homens ou 30,5% deles; e 26 são
mulheres ou 44% delas. Há, contudo, metade (50%) dos formados envolvidos com a
Engenharia de Minas, com ou sem vínculo formal. A distribuição dos 63 ex-alunos
desempregados é a seguinte: 5 na turma de 2004; 5 na turma de 2005; 7 na turma
de 2006; 7 na turma de 2007; 8 na turma de 2008; 16 na turma de 2009; 8 na turma
de 2010; e 7 na turma de 2011.
O caso mais grave é o da turma de 2009, que colou grau em 2014, de cuja
mesma 61,5% dos egressos estão desempregados, embora 75% deles estejam
ocupados fazendo, em sua maioria, mestrado acadêmico. A colação de grau desses

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alunos coincidiu com o pior momento da indústria extrativa nacional, que tem a
maioria de suas operações guiada pelo minério de ferro, commodity que passou a
enfrentar severos desafios no tocante ao preço de sua tonelada.
Em âmbito nacional, várias pequenas empresas de mineração fecharam as
portas e as grande passaram a fazer desinvestimentos e enxugar o quadro funcional
para se manterem firmes. Houve uma verdadeira marcha de Engenheiros de Minas
Brasil adentro, trocando de empresas, e a atual geografia dos profissionais egressos
do curso de Marabá é apresentada a seguir.

Quadro 4 — Distribuição geográfica dos Engenheiros de Minas egressos do


curso de Marabá e que estão atuando na área
ONDE ESTÃO NOSSOS ENGENHEIROS DO MERCADO FORMAL? ― 61 H | 21 M
POR EMPRESA POR ESTADO POR MUNICÍPIO
Vale 23 Pará 60 Parauapebas (PA) 18
 Ferro Carajás 12 Goiás 3 Belém (PA) 10
 Salobo 5 Minas Gerais 3 Marabá (PA) 8
 Sossego 2 Amapá 2 Juruti (PA) 7
 S11D 2 Paraná 2 Canaã dos Carajás (PA) 5
 SL1 1 Tocantins 2 Paragominas (PA) 3
 Moçambique 1 Ceará 1 Almeirim (PA), Curionópolis (PA), 2
Governo Federal 17 Distrito Federal 1 Macapá (AP), Paracatu (MG)
 Unifesspa 5 Maranhão 1
 IFPA 5 Mato Grosso 1 Altamira (PA), Araguaína (TO), 1
 DNPM 2 Rio Grande do Sul 1 Balsas (MA), Brasília (DF), Breu
 IFAP 1 Rondônia 1 Branco (PA), Campos Belos
 UFCE 1 São Paulo 1 (GO), Crateús (CE), Cristalina
 UFMT 1 (GO), Crixás (GO), Curitiba (PR),
 Ufopa 1 NO EXTERIOR Jaíba (MG), Novo Repartimento

 UFPel 1 Chile 2 (PA), Oriximiná (PA), Palmas

Alcoa 6 Moçambique 1 (TO), Pelotas (RS), Porto Velho

Governo do Pará 6 Balanço dos Engenheiros de Minas (RO), Primavera (PA), Rio Branco

 Semas 4 78% dos formados estão no PA do Sul (PR), São Paulo (SP),
Várzea Grande (MT).
 Sedeme 2 73% trabalham no PA
Hydro 4 38% dos egressos que estão no
Deloitte 2 PA trabalham na Vale Arica (CHILE) 1
Maxam 2 28% dos egressos que estão no El Loa (CHILE) 1
Outras 25 PA são servidores federais Tete (MOÇAMBIQUE) 1
Fonte: Unifesspa, 2017. (Elaboração: André Santos)
Checagem: André Santos, Artur Alves e Denilson Costa.

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4.1 MERCADO DE TRABALHO NACIONAL

Os 180 Engenheiros de Minas egressos do curso de Marabá são uma porção


minúscula dos aproximadamente 8.100 profissionais já formados no Brasil desde
1875 e cujo número tem aumentado de forma acelerada desde a década passada, a
partir de quando houve crescimento de mais de 200% no número de novos cursos
implantados no país. A Federação das Associações de Engenheiros de Minas
(Faemi) acredita, no entanto, que o Brasil já tenha formado 10.000 profissionais.
Dados do Confea apontam que o Brasil chegou a 30 de junho de 2017 com
4.609 registros de Engenheiros de Minas, quase 1.000 a mais que três anos atrás,
quando foram contabilizados 3.633 junto aos Creas. A média de novos registros em
2017 é de 25 por mês. Só o Pará saltou de 67 registros em 2014 para 158 em 2017,
crescimento de mais de 130% em apenas três anos, o maior do Brasil.
No tocante aos registros profissionais dos vínculos empregatícios formais, a
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), instituída pela portaria ministerial
número 397, de 9 de outubro de 2002, agrupa os Engenheiros de Minas sob a
numeração 2147, a saber: Grupo 2: Profissionais das Ciências e das Artes;
Categoria 21: Profissionais das Ciências Exatas, Físicas e da Engenharia; Conjunto
2014: Engenheiros, Arquitetos e Afins; Família Ocupacional 2147: Engenheiros de
Minas e Afins.
A ocupação do Engenheiro de Minas pode constar, como registro em carteira,
com os seguintes enquadramentos: 2147-05 Engenheiro de Minas; 2147-10
Engenheiro de Minas (beneficiamento); 2147-15 Engenheiro de Minas (lavra a céu
aberto); 2147-20 Engenheiro de Minas (lavra subterrânea); 2147-25 Engenheiro de
Minas (pesquisa mineral); 2147-30 Engenheiro de Minas (planejamento); 2147-35
Engenheiro de Minas (processo); e 2147-40 Engenheiro de Minas (projeto).
Considerando-se o conjunto de registros formais, o Quadro 5 a seguir mostra
o total de Engenheiros de Minas formalmente empregados11, de 2003 até 201712.

11 É preciso registrar que há, em verdade, subnotificação dos vínculos totais de Engenheiros de
Minas no mercado, especialmente por parte das empresas contratantes, uma vez que existem
profissionais trabalhando como Engenheiros de Minas desempenhando atribuições típicas da
carreira, mas que são contratados com analista de alguma coisa (empresas privadas) ou assessor de
alguma coisa (órgãos públicos, em cargos de livre nomeação.) Também, ressalte-se que Engenheiros
de Minas ocupantes de cargo de direção ou de pesquisa podem não estar computados aqui, visto ser
facultado às empresas registrá-los formalmente como Engenheiros ou Diretores ou Pesquisadores, o
que inviabiliza, nos dois últimos casos, saber a área de formação desses Diretores ou Pesquisadores.
12 Até a data de edição deste Diagnóstico, 30 de junho de 2017.

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DIAGNÓSTICO DA PROFISSÃO DO ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ
10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

Quadro 5 — Evolução do total de Engenheiros de Minas no mercado de trabalho e número de registros junto aos Creas
ENGENHEIROS 2017** 2016* 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 CREA
NO MERCADO EM 2017

MG 1.264 1.276 1.370 1.650 1.654 1.814 1.848 1.241 958 976 942 818 765 566 291 2.395
ES 523 529 564 608 626 605 554 393 333 347 339 321 305 224 189 88
RJ 338 349 489 598 687 739 660 433 316 274 236 183 202 166 97 53
SP 105 125 150 131 152 153 157 129 98 103 102 103 80 66 68 342
R. Sudeste 2.230 2.279 2.573 2.987 3.119 3.311 3.219 2.196 1.705 1.700 1.619 1.425 1.352 1.022 645 2.878

MA 384 394 452 484 504 443 396 256 193 201 136 127 122 76 68 4
BA 108 119 130 156 139 144 116 110 81 85 83 62 87 79 57 339
PE 30 32 30 35 42 49 41 33 31 27 23 23 29 25 24 296
PB 18 18 22 19 19 20 16 16 14 16 18 17 16 17 21 195
SE 15 17 17 49 64 65 47 37 38 44 43 45 42 35 22 19
CE 12 12 20 12 8 6 7 7 10 7 6 6 5 7 9 12
RN 11 10 13 10 19 15 10 14 11 13 11 10 9 7 7 21
PI 6 6 3 4 3 3 3 3 4 4 5 5 5 6 6 7
AL 3 3 5 7 6 4 1 2 3 1 1 2 3 4 3 7
R. Nordeste 587 611 692 776 804 749 637 478 385 398 326 297 318 256 217 900

PA 505 511 520 542 575 644 524 373 267 302 251 194 157 116 112 158
AM 9 11 10 13 10 5 4 5 5 2 4 2 4 12 6 6
TO 8 6 6 7 7 11 6 4 1 1 3 2 3 1 4 80
AP 7 6 6 22 27 12 7 7 5 7 7 5 5 2 0 8
RO 6 6 5 6 7 8 7 8 5 2 2 1 1 3 2 15
RR 0 0 1 1 2 1 1 1 2 2 3 4 1 0 0 0
AC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7
R. Norte 535 540 548 591 628 681 549 398 285 316 270 208 171 134 124 274

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DIAGNÓSTICO DA PROFISSÃO DO ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ
10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

ENGENHEIROS 2017** 2016* 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 CREA
NO MERCADO EM 2017

DF 113 113 115 120 112 122 127 102 69 67 57 74 5 4 4 25


GO 77 83 81 82 76 84 71 52 46 59 47 34 35 24 23 117
MT 14 15 17 23 25 17 16 12 13 13 7 8 10 3 4 11
MS 14 13 14 20 30 31 20 6 4 12 9 12 10 8 12 3
R. C-Oeste 218 224 227 245 243 254 234 172 132 151 120 128 60 39 43 156

PR 36 42 47 34 31 20 24 24 20 17 17 16 10 19 11 21
RS 31 30 37 48 40 39 40 28 28 26 26 22 20 22 26 332
SC 27 27 29 32 31 34 37 39 33 33 28 31 27 29 29 48
R. Sul 94 99 113 114 102 93 101 91 81 76 71 69 57 70 66 401

Total Brasil 3.664 3.753 4.153 4.713 4.896 5.088 4.740 3.335 2.588 2.641 2.406 2.127 1.958 1.521 1.095 4.609
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 2017 — Relação Anual de Informações Sociais (Rais), período de 2003 a 2015; Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged), períodos 2016 e 2017 | Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), 2017. (Elaboração: André Santos)
*Com dados do Caged referentes a todo o ano de 2016.
**Com dados do Caged referentes aos meses de janeiro a junho de 2017, uma vez que o ano ainda está em curso.

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DIAGNÓSTICO DA PROFISSÃO DO ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ
10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

Ao fazer leitura crítica dos números de Engenheiros de Minas empregados


atualmente, é possível tirar algumas conclusões e permanecer com muitas dúvidas
acerca dos dados, que, apesar de intrigantes, são fidedignos ao retrato do Brasil. É
preciso, contudo, contextualizar os momentos históricos por que passou a indústria
extrativa mineral do Brasil, especialmente no início desta década.
Em 2011 e 2012, auge do boom13 da mineração no país, o Engenheiro de
Minas viveu seu apogeu, no tocante a oportunidades de trabalho. Naquele ano,
quase 5.100 vínculos empregatícios foram firmados no país, 70% deles em projetos
de extração de minerais ferrosos.
A partir de 2014, a cotação do minério de ferro começou a entrar em declínio
e, associada à crise desencadeada no setor petrolífero14, foi registrada a maior
demissão de Engenheiros de Minas da história. Após resplandecer em uma
sequência de crescimento (passando de 3.335 profissionais empregados em 2010
para 4.740 em 2011, incremento de 42% em apenas um ano), a Engenharia de
Minas sentiu os efeitos deletérios do desemprego com muita intensidade. Entre o
ápice da empregabilidade no setor, dezembro de 2012 (5.088 vínculos trabalhistas
registrados), e junho de 2017 (3.664 vínculos), 1.424 Engenheiros de Minas foram
demitidos no país, quase 30% do estoque. No período de um ano, entre 2014 e
2015, um total de 560 Engenheiros de Minas perderam o emprego e nunca mais
conseguiram recolocação na área de formação.
Toda essa constatação vai de encontro ao que Souza & Domingues (2014)
reproduziram no estudo “Mapeamento e Projeção da Demanda por Engenheiros por
Categoria, Setor e Microrregiões Brasileiras”, segundo o qual, entre 2012 e 2023, o
número de Engenheiros de Minas dispararia de forma tal que o Brasil chegaria a
2023 com 5.661 profissionais empregados. É verdade que ainda faltam alguns anos
para o final da profecia, mas a contratação de 2.000 Engenheiros de Minas nos

13 O boom está relacionado com o aumento da cotação média das commodities, notadamente o
minério de ferro, que é um dos três — os outros são a soja e o petróleo — principais produtos da
cesta de exportações do Brasil e é, de longe, o principal produto exportado pelo Pará. Em 2011,
quando o preço atingiu seu apogeu, a média anual da tonelada ficou em 166 dólares; em 2012, ao
preço médio de 128 dólares. À época, a mineradora Vale seguia a plenos pulmões seu projeto de
expansão de minas na Serra Norte de Carajás, em Parauapebas, denominado de “Adicional +40
Mtpa”, que abriu possibilidades à multinacional de lavrar, extrair e vender mais 40 milhões de
toneladas de minério de ferro de alto teor por ano.
14 O setor petrolífero é outro nicho importante de atuação do Engenheiro de Minas, no

dimensionamento de reservas de combustíveis fósseis. Ele entrou em decadência a partir de 2013,


por causa de graves escândalos de corrupção que desencadearam a Operação Lava-Jato e
causaram desaceleração econômica, queda em investimentos, paralisação de projetos e
arrefecimento do mercado de trabalho para engenheiros.

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DIAGNÓSTICO DA PROFISSÃO DO ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ
10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

próximos seis anos é praticamente impraticável, dado o cenário de crise instaurado


no país e os entraves diversos enfrentados pelo setor mineral.
Ademais, outra leitura que se pode fazer, para além do que se perdeu em
postos de trabalho nos últimos anos, é alusiva à discrepância entre o total de
registros e o total de profissionais empregados, que não coincide por várias razões.
É possível haver um Engenheiro de Minas trabalhando, com registro em carteira, em
várias empresas ao mesmo tempo; é possível haver Engenheiro de Minas
empregado como tal, mas sem registro junto ao Crea; assim como é possível haver
profissional com Crea e fora do mercado. As duas primeiras hipóteses lançam luz ao
fato de, entre 2011 e 2014, ter havido imensamente mais vínculos trabalhistas de
Engenheiros de Minas em relação à soma de registros junto aos Creas.
No Pará, há mais Engenheiros em atuação que registros no Conselho pelo
simples fato de a mão de obra na mineração estadual ser, maciçamente, composta
de profissionais oriundos de estados como Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio
Grande do Sul e São Paulo. Não obstante, uma das análises que mais chamam
atenção é sobre a quantidade de profissionais no mercado e, especialmente, quanto
ganham em média. No Quadro 6, é possível confrontar a situação dos Engenheiros
de Minas com outros ramos da Engenharia.

Quadro 6 — Quantitativo de profissionais de Engenharia no mercado


PROFISSIONAIS NO PA NO PA MÉDIA NO BR NO BR MÉDIA
EMPREGADOS (2015) (2017*) SALARIAL (2015) (2017*) SALARIAL
Engenheiros Civis 1.313 1.125↓ 9.294,35 75.651 70.020↓ 9.161,33
Engenheiros Agrossilvipecuários 743 693↓ 8.965,33 24.275 23.928↓ 8.893,21
Engenheiros de Produção 586 571↓ 7.596,88 41.879 41.378↓ 8.983,98
Engenheiros de Minas 520 505↓ 12.565,74 4.153 3.664↓ 12.173,26
Engenheiros Eletricistas 437 422↓ 9.492,75 35.665 34.836↓ 10.042,75
Engenheiros Mecânicos 260 229↓ 10.411,14 30.209 28.095↓ 12.709,10
Geólogos 164 166↑ 12.014,16 5.802 5.373↓ 15.757,73
Engenheiros Ambientais 76 32↓ 6.780,06 2.974 2.943↓ 7.360,70
Engenheiros Químicos 37 37⁞ 8.145,03 10.137 9.838↓ 17.475,20
Engenheiros de Materiais 10 11↑ 7.254,82 3.683 3.701↑ 10.329,81
Engenheiros Agrimensores 10 12↑ 7.066,90 931 895↓ 7.206,31
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 2017 — Relação Anual de Informações Sociais (Rais),
período 2015; Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), períodos 2016 e 2017.
(Elaboração: André Santos)
Nota: A “Média Salarial” é, na verdade, a remuneração média expressa em moeda corrente (R$) e,
grosso modo, diz respeito à soma de valores recebidos no contracheque durante um ano dividida por 13
(12 salários + décimo terceiro).
*Com dados do Caged referentes aos meses de janeiro a junho de 2017, uma vez que o ano ainda está
em curso.

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DIAGNÓSTICO DA PROFISSÃO DO ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ
10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

No Pará, os Engenheiros de Minas são o quarto maior batalhão do ramo da


Engenharia, atrás dos Engenheiros Civis, Engenheiros Agrônomos e Engenheiros
de Produção. Entre dezembro de 2015 e junho de 2017, a Engenharia de Minas
perdeu 2% de seu estoque de profissionais no Estado, mas nada comparado ao
“massacre” que houve entre os Engenheiros Ambientais e afins, que assistiram à
perda de 58% de seus postos de trabalho no mesmo período. Além disso, é a
profissão, entre as selecionadas, que paga a maior remuneração média (R$
12.565,74) entre as carreiras no Pará e a 4ª maior do Brasil (R$ 12.173,26), atrás
dos Engenheiros Químicos, Geólogos e Engenheiros Mecânicos.

4.2 ENGENHEIROS DE MINAS E MUNICÍPIOS MINERADORES

Não há espaço para o Engenheiro de Minas fora da indústria extrativa nos


municípios. E essa indústria extrativa só existe — se existe — por conta da rigidez
locacional15. Isso é o que este Diagnóstico da Profissão do Engenheiro de Minas
no Pará pôde constatar ao analisar a folha salarial e, quando disponível, o plano de
cargos e carreira das prefeituras dos 50 maiores municípios mineradores do Brasil.
O país tinha 2.431 municípios mineradores até 30 de junho de 2017, os quais
movimentaram R$ 52,06 bilhões em operações da indústria extrativa16. No Pará, 58
municípios17 operaram R$ 18,92 bilhões de janeiro a junho deste ano. Já os 50 mais
dinâmicos municípios brasileiros lavraram até junho R$ 44,46 bilhões, o equivalente
a 85,4% de todo o valor da indústria extrativa (DNPM, 2017).
Por esses valores bilionários, é possível afirmar que o Engenheiro de Minas é,
atualmente, o profissional que mais tem peso para a produção de riquezas no Brasil.
No Pará, ao longo do primeiro semestre de 2017, cada Engenheiro de Minas foi

15 Segundo Enríquez (2007), rigidez locacional acontece quando é naquele lugar, e não em outro, que
determinado bem mineral é encontrado. No caso de municípios mineradores, é vital destacar ainda
que a atividade que os consolida é de natureza finita, pois os minerais são um recurso não renovável
extraído exclusivamente no local de sua ocorrência.
16 Em 2016, os municípios mineradores brasileiros movimentaram R$ 88,85 bilhões em minérios, dos

quais R$ 27,75 bilhões foram operacionalizados por municípios paraenses.


17 A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) diz, por

seu turno, que a mineração está formalmente presente em 55 municípios paraenses, com 170 minas
ativas. No começo da década de 1990, seriam menos de 15 cidades com mineração e 50 minas. A
depender do porte da mina, isso revoluciona completamente o território, tanto o da frente de lavra,
quanto o entorno não minerador. Na perspectiva de 2030, a Sedeme estima que o Pará vai contar
com 80 cidades com frentes de lavra e mais de 230 minas. A pesquisa mineral, entretanto, já se faz
presente em 114 dos 144 municípios do Estado.

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10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

responsável por liderar frentes de trabalho que geraram18 12,08 milhões de dólares,
em média. Nos tempos áureos, em 201119, a média de produtividade chegou a ser
de 26,31 milhões de dólares, recorde não verificado antes ou depois disso até hoje.
Por outro lado, na estrutura organizacional das prefeituras dos municípios
mineradores quase não se visualiza Engenheiro de Minas, como fica claro no
Quadro 7, em que são apresentadas as principais praças de recursos minerais e a
situação do Engenheiro de Minas no quadro de servidores do Executivo Municipal,
com a respectiva remuneração mais atualizada em 2017.
Vale lembrar que, no que tange à remuneração, os funcionários de empresas
privadas recebem o piso salarial recomendado pelo Crea para engenheiros (de R$
7.964,50 para jornada de oito horas diárias ou R$ 5.622,00 para jornada de seis
horas), já os servidores públicos, particularmente os da Administração Direta, são
regidos por estatuto e regime jurídico próprios, não tendo o Crea, portanto,
competência para fiscalizar a remuneração de engenheiros das prefeituras.
Excepcionalmente, a situação dos Geólogos também foi checada, tendo em
vista o fato de que há registro de utilização desses profissionais para desempenhar
atividades típicas dos Engenheiros de Minas.

Quadro 7 — Situação dos Engenheiros de Minas nas prefeituras dos


principais municípios mineradores do Brasil, por ordem de atividade
N.º MUNICÍPIO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO DA PREFEITURA TEM CARGO DE
PROCESSOS MINERÁRIOS INDÚSTRIA ENGENHEIRO DE MINAS E
EXTRATIVA (R$) GEÓLOGO? | VALOR DO SALÁRIO
1 Parauapebas (PA) 8 12.458.645.721,39 Não tem ---
2 Nova Lima (MG) 7 3.348.064.002,11 Não tem ---
3 Itabira (MG) 5 2.325.595.535,82 Não tem ---
4 Congonhas (MG) 5 2.217.870.172,81 Não tem ---
5 Marabá (PA) 35 2.161.348.329,68 Tem E.M. e G. Cargo de G. tem 1
vaga preenchida (R$
2.819,96) | Cargo de
E.M. tem 2 vagas
ociosas
6 São Gonçalo do Rio Abaixo (MG) 3 2.139.092.528,09 Não tem ---
7 Conceição do Mato Dentro (MG) 2 1.861.645.789,06 Não tem ---
8 Mariana (MG) 13 1.859.558.691,74 Não tem ---
9 Itabirito (MG) 14 1.693.982.209,24 Não tem ---
10 Canaã dos Carajás (PA) 4 1.506.573.327,93 Tem G. Cargo de G. tem 1
vaga preenchida (R$
3.610,54)

18O cálculo de produtividade por Engenheiro de Minas é feito dividindo-se o valor das exportações de
bens minerais pelo estoque de trabalhadores no mercado no período analisado.
19 Em 2011, a indústria extrativa mineral do Pará movimentou 13,787 bilhões de dólares em

exportações de bens minerais. Naquele ano, o estoque de Engenheiros de Minas do Pará era de 524
profissionais.

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10 DE JULHO: DIA DO ENGENHEIRO DE MINAS, O PROTAGONISTA DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

11 Brumadinho (MG) 13 1.021.324.210,00 Não tem ---


12 Paracatu (MG) 13 1.002.929.975,88 Sem info. ---
13 Ouro Preto (MG) 13 684.780.896,52 Sem info. ---
14 Sabará (MG) 6 653.979.152,85 Não tem ---
15 Alto Horizonte (GO) 3 639.767.505,78 Não tem ---
16 Itaituba (PA) 20 554.322.116,29 Tem G. Cargo de G. tem 1
vaga ociosa (R$
3.911,39)
17 Paragominas (PA) 3 531.861.985,15 Não tem ---
18 Curionópolis (PA) 3 514.246.595,38 Tem E.M. Cargo de E.M. tem 1
vaga ociosa (R$
1.500,00)
19 Catas Altas (MG) 4 458.141.767,99 Não tem ---
20 Belo Vale (MG) 7 443.131.730.07 Não tem ---
21 Itatiaiuçu (MG) 11 375.191.747,11 Não tem ---
22 Barro Alto (GO) 6 371.788.495,35 Tem G. Cargo de G. tem 1
vaga preenchida (R$
2.800,00)
23 Tapira (MG) 1 342.679.531,12 Sem info. ---
24 Oriximiná (PA) 1 337.123.523,45 Não tem ---
25 Rio Piracicaba (MG) 3 335.116.795,06 Não tem ---
26 Pedra Branca do Amapari (AP) 1 300.313.825,99 Sem info. ---
27 Ipixuna do Pará (PA) 4 284.557.978,69 Não tem ---
28 Jacobina (BA) 7 259.681.555,15 Não tem ---
29 Juruti (PA) 2 257.861.247,30 Não tem ---
30 Ouvidor (GO) 3 255.854.642,63 Não tem ---
31 Santa Bárbara (MG) 7 246.193.858,31 Não tem ---
32 Crixás (GO) 3 245.013.754,97 Não tem ---
33 Araxá (MG) 7 239.654.126,67 Não tem ---
34 Sarzedo (MG) 4 236.761.996,29 Não tem ---
35 Presidente Figueiredo (AM) 3 219.533.881,51 Não tem ---
36 Terra Santa (PA) 1 205.971.211,10 Não tem ---
37 Peixoto de Azevedo (MT) 0 179.604.157,29 Sem info. ---
38 Ladário (MS) 2 167.877.314,69 Não tem ---
39 Minaçu (GO) 4 161.175.611,89 Não tem ---
40 Belo Horizonte (MG) 3 152.812.356,77 Tem G. Cargo de G. tem 11
vagas preenchidas
(R$ 6.095,71)
41 Andorinha (BA) 1 151.726.985,41 Não tem ---
42 Catalão (GO) 9 138.322.903,58 Tem E.M. Cargo de E.M. tem 1
vaga preenchida (R$
4.725,00)
43 Pilar de Goiás (GO) 1 137.081.244,07 Não tem ---
44 Poconé (MT) 1 126.257.281,25 Não tem ---
45 Vazante (MG) 9 122.772.554,35 Sem info. ---
46 Cajati (SP) 2 114.264.938,81 Não tem ---
47 São Paulo (SP) 21 110.918.032,64 Tem E.M. e G. Cargos de E.M. e G.
têm reserva de vagas
no quadro geral de
profissionais de
Engenharia (R$
7.032,90)
48 Conceição do Pará (MG) 6 101.827.731,66 Não tem ---
49 Vitória do Jari (AP) 1 101.646.039,77 Não tem ---
50 Treviso (SC) 5 100.988.515,30 Não tem ---
Fonte: Portais de Transparência das prefeituras municipais, 2017. (Elaboração: André Santos)
Notas: E.M. = Engenheiro de Minas | G. = Geólogo | Sem info. = Sem informação (Portal da
Transparência do prefeitura não estava atualizado ou não disponibiliza a informação de cargos e
salários)

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Embora com existência desprezada pelo serviço público, o Engenheiro de


Minas seria capaz de ajudar, tecnicamente, a destravar junto a órgãos oficiais
processos minerais em vários municípios, proporcionando milhões em royalties às
prefeituras. Também evitaria multas, bloqueios de recursos e processos judiciais,
como ocorre frequentemente em municípios detentores de garimpos. Nestes últimos
locais, um plano de lavra garimpeira feito por Engenheiro de Minas da prefeitura
minimiza a degradação, visto que o profissional elabora cronograma de exploração
para que a atividade se desenvolva com impacto ambiental mínimo e, também, para
a reabilitação da área garimpada.
Além disso, o Engenheiro de Minas conhece a legislação mineral e a
legislação ambiental correlata, podendo fazer a ponte entre prefeitura e empresas
privadas, no sentido de trabalhar em prol de planos responsáveis de fechamento de
minas, de remediação de áreas contaminadas por metais pesados e de minimização
de impactos inerentes à poluição e contaminação do ar, da água e do solo e seus
efeitos sobre a saúde e o meio ambiente.
Em municípios de intensa atividade mineral ou mesmo de extração de areia, o
Engenheiro de Minas pode elaborar estudos de avaliação de impactos ambientais
para conservação de rios e cursos d’água e agilizar processos de licenciamento de
atividades minerárias, bem como acompanhar o desenvolvimento de infraestrutura
em Engenharia de Minas, como pontes, galerias subterrâneas e túneis.
Tudo isso, aliado a seu conhecimento acadêmico-científico e suas habilidades
para estudo das substâncias minerais; reconhecimento de minerais metálicos,
industriais e energéticos; identificação de viabilidade de depósitos minerais;
expertise em princípios e métodos de lavra a céu aberto e subterrânea; e olhar para
segurança em ambientes de mineração, credencia o Engenheiro de Minas a ser
imprescindível nas prefeituras brasileiras, mas, na prática, a realidade é exatamente
contrária. Uma das profissões que mais ajudam o Brasil e seus municípios a crescer
economicamente é, por outro lado, uma das mais desconhecidas quanto a seu papel
e sua importância socioeconômica, produtiva e ambiental.
Não por acaso, apenas em oito (16%) das 50 prefeituras dos municípios
mineradores mais poderosos há profissionais da área da mineração de nível
superior (Engenheiro de Minas e ou Geólogo), mas em apenas duas delas (4% —
Catalão-GO e São Paulo-SP) há Engenheiro de Minas em efetivo exercício. Em

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duas dessas prefeituras (Marabá e Curionópolis, ambas no PA), até há vagas para
Engenheiro de Minas, mas estão ociosas e jamais foram preenchidas por quem de
direito. Há, ainda assim, mais Geólogos (em cinco prefeituras) em atuação nas
prefeituras que Engenheiros de Minas.
Para completar, dos 50 principais municípios mineradores, apenas oito deles
(16% — Marabá-PA, Mariana-MG, Paracatu-MG, Ouro Preto-MG, Araxá-MG, Belo
Horizonte-MG, Catalão-GO e São Paulo-SP) têm faculdade de Engenharia de
Minas. No maior município minerador do Brasil, Parauapebas-PA, nem há o cargo
de Engenheiro de Minas em sua estrutura de pessoal, tampouco há a graduação em
Engenharia de Minas. Por outro lado, com cerca de 38020 Engenheiros de Minas,
Parauapebas é o município brasileiro com o maior quantitativo de profissionais,
particularmente por concentrar as principais operações de ferro (Projeto Ferro
Carajás) e manganês (Mina do Azul) da empresa Vale no Brasil.
Não obstante a realidade apresentada, é lamentável que muitos gestores e
legisladores nos municípios de economia de base mineral não se atentem para a
importância de efetivar Engenheiros de Minas nos quadros das prefeituras, inclusive
para assessoramento e tomadas de decisão, de maneira que muitos recursos são
perdidos pela falta de profissionais habilitados para cuidar de trâmites que podem
implicar em recursos aos caixas dos poderes públicos.
A visão meramente industrial — de que o trabalho do Engenheiro de Minas é
única e exclusivamente em mineração situada em áreas remotas e longes das
cidades — precisa ser desconstruída a fim de que este profissional tenha seu
espaço nas tomadas de decisão que interferem diretamente no convívio comunitário
e para que seu trabalho seja útil na captação de recursos e na promoção do
desenvolvimento social, econômico e ambiental.

20Há controvérsias. Como Parauapebas é sede da Vale no Pará, dezenas Engenheiros de Minas que
são lotados em projetos da empresa nos municípios de Canaã dos Carajás e Curionópolis, por
exemplo, são computados pelo Ministério do Trabalho e Emprego como se fossem de Parauapebas.

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Crédito da Foto: Votorantim
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— PERSPECTIVAS —

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5 PERSPECTIVAS PARA ENGENHEIRO DE MINAS NO PARÁ

Os 505 Engenheiros de Minas que trabalhavam até junho de 2017 no Pará


estavam espalhados em, pelo menos, dez das 170 minas paraenses de todos os
tamanhos. Alguns projetos, contudo, empregam mais que outros, como é o caso das
operações de minério de ferro da Vale, nos municípios de Parauapebas (Ferro
Carajás, na Serra Norte), Canaã dos Carajás (S11D, na Serra Sul) e Curionópolis
(SL1, na Serra Leste), que absorvem 50% dos postos de trabalho no Estado.
No Mapa 1 a seguir, é possível visualizar os municípios com projetos ativos e
suas commodities empregadoras dos profissionais de mineração.

Mapa 1 – Principais empregadores de Engenheiros de Minas do Pará

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Depois do minério de ferro, o cobre é a principal “meca” de ocupação, com


20% da mão de obra atual, seguido da bauxita (5%), do manganês (5%), do ouro
(3%), do caulim (2%) e as demais commodities e serviços (10%). O serviço público
ocupa 5% dos Engenheiros de Minas lotados no Pará. Esse espectro também reflete
no cenário brasileiro do Engenheiro de Minas, segundo o qual 2.000 profissionais
estão alocados em projetos de extração de minério de ferro — inclusive, a Vale
lidera o número de Engenheiros de Minas no país, com cerca de 1.500 empregados;
seguida da Petrobras, com em torno de 200 empregados ocupando funções típicas;
e do Departamento Nacional de Produção Mineral, com aproximadamente 150
servidores ocupantes de cargo privativo do Engenheiro de Minas
No que diz respeito aos empreendimentos da indústria extrativa com maior
contingente de Engenheiros de Minas ativos, no Pará, sendo eles egressos ou não
do curso de Engenharia de Minas e Meio Ambiente de Marabá, o ranking é (por
commodity, empresa e município):
 1º) Projeto Ferro Carajás (ferro, Vale), em Parauapebas;
 2º) Projeto Ferro S11D (ferro, Vale), em Canaã dos Carajás;
 3º) Projeto Salobo (cobre, Vale), em Marabá;
 4º) Projeto Sossego (cobre, Vale), em Canaã dos Carajás;
 5º) Projeto Azul (manganês, Vale), em Parauapebas;
 6º) Projeto Serra Leste (ferro, Vale), em Curionópolis;
 7º) Projeto Juruti (bauxita, Alcoa), em Juruti;
 8º) Projeto Trombetas (bauxita, MRN), em Oriximiná;
 9º) Projeto Hydro Alunorte (bauxita, Hydro), em Paragominas;
 10º) Projeto Rio Capim (caulim, Imerys), em Ipixuna do Pará;
 11º) Projeto Onça Puma (níquel, Vale), em Ourilândia do Norte;
 12º) Projeto Palito (ouro, Serabi Gold), em Itaituba.
Todos os Engenheiros de Minas empregados no Pará hoje movimentam a
economia paraense com suas remunerações, gerando massa salarial no valor de R$
83,15 milhões anualmente. Eles injetam salários no comércio dos municípios,
consumindo bens e serviços e abrindo novas oportunidades de geração de emprego
e renda para trabalhadores de outros setores do mercado.
Apesar do cenário desfavorável a contratações no momento, e que se arrasta
desde 2014, o Pará deverá abrir novas fronteiras de oportunidades na indústria
mineral até 2022, com previsão de investimentos da ordem de 13 bilhões de dólares,

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conforme prevê o Simineral (2017). Mesmo hoje, diante do panorama difícil para o
Brasil, economicamente, bem como para a mineração paraense, o maior salário
nacional de carteira registrado em 2017, entre os profissionais do ramo da
Engenharia, foi o de um Engenheiro de Minas contratado para trabalhar em projeto
de mineração no município de Altamira, na região do Xingu, no Pará.
Não obstante, inúmeros empreendimentos deverão ser abertos ou ampliados,
o que deve favorecer a contratação de dezenas de profissionais nos próximos anos.
Os projetos previstos são:

Quadro 8 — Novidades para Engenheiros de Minas no Pará até 2022


PROJETO | EMPRESA (PRODUTO) MUNICÍPIO DO PARÁ STATUS
Volta Grande | Belo Sun (ouro) Senador José Porfírio Implantação
Salobo 3 | Vale (cobre) Marabá Ampliação
Cachoeira | Brasil Resources (ouro) Cachoeira do Piriá Implantação
DC Pacajá | DC Mineração (ouro) Pacajá Implantação
Alumina Rondon | Votorantim (bauxita) Rondon do Pará Implantação
Serra Misteriosa | Centaurus (ouro) Novo Repartimento Implantação
Brasi-Nox | Brasi-Nox (cobre) Curionópolis Implantação
Pedra Branca | Avanco (cobre) Água Azul do Norte Implantação
Antas North | Avanco (cobre) Curionópolis Ampliação
Boa Esperança | Caraíba (cobre) Tucumã Implantação
Araguaia Níquel | Horizonte Minerals (níquel) Conceição do Araguaia Implantação
Serra Dourada | Serra Dourada (calcário) Santana do Araguaia Implantação
Fosfato Santana | MBAC Fertilizantes (fosfato) São Félix do Xingu Implantação
Jacaré | Anglo American (níquel) São Félix do Xingu Implantação
Coringa | Clapleau (ouro) Novo Progresso Implantação
S11D | Vale (ferro) Canaã dos Carajás Aumento
Tocantinzinho | Brazauro (ouro) Itaituba Implantação
BALANÇO: Nos próximos cinco anos, serão abertas oportunidades para cerca de 60
Engenheiros de Minas no Estado do Pará
Fonte: Governo do Pará, 2016; Pesquisa na Internet. (Elaboração: André Santos)

Os novos projetos minerais que devem florescer até 2022 vão abrir
oportunidades para até 6021 Engenheiros de Minas, com destaque para: o start-up
escalonado do projeto S11D, em Canaã dos Carajás, que atingirá carga plena
apenas em 2020 e que, até chegar lá, deve recrutar duas dezenas de Engenheiros
de Minas; o projeto Alumina Rondon, da empresa Votorantim Metais, no município
de Rondon do Pará, a 149 quilômetros de Marabá, que deve demandar algo em
torno de dez Engenheiros de Minas; o projeto Volta Grande, da empresa Belo Sun,

21 Estimativa feita a partir da média de profissionais lotados em projetos similares em operação.

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no município de Senador José Porfírio, a 500 quilômetros de Marabá, que deve


demandar meia dúzia de profissionais; e o projeto Salobo 322, da empresa Vale, que
quer mais uma planta em Marabá, a 240 quilômetros da sede urbana, e que, uma
vez pronta, poderá contratar até dez Engenheiros de Minas.
Além das oportunidades já tabeladas, visualiza-se a criação de dois postos de
trabalho temporários nas obras de derrocamento do Pedral do Lourenço, no Rio
Tocantins, entre Marabá e Itupiranga, bem como nas frentes de trabalho em
decorrência de uma possível implantação da Ferrovia Paraense, para a qual o
Governo do Estado envida esforços.
É necessário, assim, o profissional de Engenharia de Minas paraense estar
atento às demandas das empresas e buscar conhecê-las, iniciando diálogo com
todas elas, no sentido de que as contratações que vierem a ser efetuadas sejam,
preferencialmente, de profissionais graduados em Engenharia de Minas no Estado
do Pará, a fim de que tanto as empresas exerçam sua responsabilidade social,
absorvendo a mão de obra qualificada disponível na região em que atua, quanto a
sociedade paraense tenha vez e seja incluída no processo produtivo implementado
pelas indústrias extrativas que do Pará retiram recursos23.

22 De acordo com comunicado da Vale (2016), Salobo III possui oportunidade de expansão brownfield
de baixo custo, a partir de uma nova planta de concentração adicional com capacidade de
processamento de 12 Mtpa e da alavancagem da experiência atual com o corpo mineral de Salobo
para aumentar a produção de ouro e cobre. O projeto, no entanto, ainda sujeito à aprovação do
Conselho de Administração. A Vale está envidando esforços com a Silver Wheaton para reduzir os
investimentos necessários. Ainda assim, a primeira perfuração profunda de exploração em Salobo
ficou de acontecer em 2017 para avaliar o potencial de uma mina subterrânea.
23 Cabe mencionar que, em 2017, a mineradora Vale efetivou três Engenheiros de Minas egressos do

curso da Unifesspa, em Marabá, e está com turma de 14 estagiários, estudantes da instituição,


fazendo curso de 40 horas em suas operações — seis na Diretoria de Metais Básicos (quatro no
projeto Onça Puma, em Ourilândia do Norte; e dois no projeto Sossego, em Canaã dos Carajás) e
oito na Diretoria de Ferrosos Norte (nas minas de Serra Norte, Serra Sul e Serra Leste). De acordo
com a empresa, por meio de seu folhetim institucional denominado “Vale Informar”, desde 2016, ela
vem desenvolvendo ação de “aproximação com instituições de ensino superior do Pará, sobretudo da
região sudeste do Estado”, onde estão suas operações. Ainda conforme a multinacional, o objetivo é
“apoiar a formação de especialistas em mineração no Pará e despertar o interesse dos estudantes
pela atividade”. Por outro lado, vale lembrar que a implantação do curso de Engenharia de Minas e
Meio Ambiente em Marabá foi fruto de parceria entre a então UFPA e a mineradora, esta a qual
chegou a investir entre 2003 e 2007, segundo jornais da época, R$ 1,2 milhão na estrutura física do
Campus 2 da Unifesspa a fim de formar mão de obra. Atualmente, os apenas 23 Engenheiros de
Minas formados em Marabá e empregados na Vale não lotam sequer uma turma da Unifesspa (30
alunos por turma) e representam menos de 13% dos egressos, o que é um lapso histórico entre o que
a empresa se propôs fazer em 2003 (absorver a mão de obra formada na região) e o que realmente
tem feito, 14 anos após. Não há números precisos, mas dados do Caged apontam que, desde o ano
em que a primeira turma do curso de Marabá se formou (em 2009) até hoje, 481 Engenheiros de
Minas foram contratados na microrregião de Parauapebas (na qual se localizam as jazidas do
Complexo Minerador de Carajás, onde Vale possui 75% de seus negócios no Pará e o maior efetivo
absoluto desses profissionais).

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Crédito da Foto: Votorantim

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— CONSIDERAÇÕES —

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6 CONSIDERAÇÕES

A importância social e produtiva do Engenheiro de Minas vai além de suas


atribuições na indústria extrativa mineral. Os recursos produzidos por esses
profissionais formam o alicerce da civilização e são responsáveis pela qualidade de
vida do ser humano. Então, é possível afirmar, sem qualquer lapso ou devaneio, que
o Engenheiro de Minas é profissional fundamental para o desenvolvimento de
comunidades, uma vez que os recursos que eles lavram e que dão base a produtos
de origem mineral estão em tudo, em todos os lugares, sendo utilizados como
aparatos tecnológicos que permeiam relações sociais, agilizam rotinas, difundem
conhecimento e salvam vidas.
Todavia, pouca gente se dá conta de que a qualidade de vida das populações
está alicerçada sobre o uso de recursos minerais, e, no Brasil, a mineração — a
mesma que faz o país bater recordes na Balança Comercial — tem fortes raízes
históricas e culturais de exploração, sendo, não raramente, associada a garimpo, à
riqueza fácil e irresponsável de algumas empresas e, por isso, considerada por
alguns setores da sociedade como incompatível com o desenvolvimento sustentável.
No meio de tanta divulgação pública equivocada, distorcida, sensacionalista e
que quase sempre reflete o alto grau de desconhecimento e alienação sobre a
atividade mineradora, está o Engenheiro de Minas, cuja carreira é ao mesmo tempo
nobre e desconhecida, sendo esse profissional imaginado como um trabalhador que
tem de estar nos confins da terra e no submundo inóspito das minas.
Não obstante à enxurrada de críticas leigas à mineração, o Engenheiro de
Minas é um dos mais produtivos colaboradores da economia nacional, embora nem
sempre valha quanto pese. O profissional paraense, por exemplo, recebe salário
total equivalente a 0,2% de tudo o que produz no ano: ganha R$ 165 mil em
remuneração em contraponto a R$ 79,73 milhões de produção de riquezas.
Por tudo isso, a transmissão à sociedade da noção correta da abrangência e
importância da mineração e de seus profissionais para a qualidade de vida das
populações é, entre outros, um dos desafios da Engenharia de Minas, com vistas a
mostrar o valor do trabalhador paraense para a economia do Estado, para a abertura
de frentes de oportunidade e para o desenvolvimento de comunidades.

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— REFERÊNCIAS —

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Crédito da Foto: Internet

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