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Extensão universitária e meio ambiente: a

taxidermia educativa como uma ferramenta


unificadora

Gilson Antônio Nunes*, Valdir Lamim Guedes


1- Introdução
Junior**, Mantos Daniel Cid Brum***, Rubens
1.1 - Educação em museus França Pylo, Biólogo****

A era da informação exige uma abordagem


multidisciplinar do conhecimento. Os indivídu- í Resumo:
os, para serem sujeitos ativos na sociedade da
Lte projeto,p desenvolvido no M
informação, têm que desenvolver certas habili- ejsCdiêa.h_tzcyilá:
Ti d r.,:icd'rtã",idc':_F
,,,, d_ea:.dEscola - d é, ikii-i
dades como, por exemplo, saber organizar, parti- 7 :
(all: c;e; Óu'u
s.rO
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cipar, ser disciplinado, não deixando de lado os t9,: te, ridoLéo,m_olobjetiVos'a7p—réS'e'r'i',
V:Içãó'do,acervo existente do início-'diS
conteúdos disciplinares (Gadotti, 2000). s,2cii16. XX,-.. constituído
" .-? ,:04:
por
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animais "
A sociedade moderna exige de todos os seus -, tdIddérrriizaddS;é7e'Sqiieletos rnizinta"?
(ic),Sbel:p., -; ,'CO'N'POdúçãde''',WO'Và'S.'
cidadãos uma compreensão básica da ciência e ças ,„"e rho>"átáâ.'en'i";:dè':exposições - '- "
da tecnologia, devido ao papel que estas possu- ec1 UCa..V.—.:',_:
l'i n'< '4stina d ' '---- -,.
,, - as aos visitantes dó'

em para a vida pessoal dos indivíduos (Barros, mu,sey ...,_,,tUristas7:4 com -unidadeflo"CaG'e""
t t,údánte.:,`', (5.'"acerVo.,'-'4'úe'rrëniiii'itá" 'ás'
1990). Os museus apresentam uma importante o r ge.Jls4'Clà.':És'eitilál 'dê7'Aiiina ,",:út,i,1,. a.:0", ,
função educativa, neste aspecto, da divulgação <,cd,ci"'"
, ,é1,è'e
-h." genhial'iá'g'áa i 'l,'-,eta'Vá' '
' rvp,l'eçá.r,iore:stadó",'d'é';'conég;:raç'á-'6".
da ciência e da tecnologia. Essa função é conhe-
7, Par-te;deste,úérv ' «kif-réti irite^i-Vençõê
cida como alfabetização cientifica, que compre- 1 c ori,ternpiánd:(7'.`à-',Iiik i én' iza— çá â''''des'in'fn
ende a capacidade do público entender os pro- :ção,, ¡pequenos ' reparos. As nov'as '''''
p, ç,sf91
., -ár11 produzidas _a P"a-i'tii".`de án‘i:-
cessos de investigação cientifica, as normas e os m iis'ati-i ipeladós'e:doados>,''P'ela,,coMUJ, , '
métodos da ciência, os temas científicos básicos nidade-,e`outrós pesquisadores" à UFdl;',
e a consciência do impacto da ciência e da tec- ern curéi'Cle 'C7OaCit4ãó'clo'sliolsisti'së,
,incorporados ao .àeér‘?6,rciO'7iiús'eil.':"/
nologia sobre a sociedade. ré- xPósiõã'''i:ru514tákás.:útiliZáni. o acer-
Os museus e os centros de ciência desen- [vo :iri.ì. ái:r1"..COnt66:1;iol6giC6";.,desEi-e'!-'2
7PVe-t.'i'dóaS;éaiii-te'ríst'icãS'',e d. habitat'. de-
volvem uma importante ação educativa não-for- animal. • equipe
Céádâç'--i'A. '' sdé.;n=161i-iíò'r".
mal. Desta forma, apresentam uma maior liber- .'.:.,,e¡i:ié !ré'ali"Z-áírlró'-átèhdii-iiédd:a4”3"úb I
, CÓ ,sao'CaPaptádoSpà?a'makir'niá:ra'
s
dade na seleção e organização de conteúdos e .i.' re-s'entáçõeSrdiS- informações. 'Desta
metodologias, possibilitando uma ampliação da , fr)i-Maï',1:ke,ténde:Se',despertar:nos<risi-",
transdisciplinaridade e contextualização dos as- tirite's-õ'.iritei-e'isei'báifal`conbéeé't-né:',; '
lho76S'biOn'iàs'lir'aS'ileiV&,•'Córn-silias es-
suntos abordados nas exposições ou oficinas. A ; péCiés-ë.,tá'frIbér'n rféii-klrãé'or-Isciên-
educação não-formal, por ter uma organização , cia.:a`rinbiéntál.N
espaço-tempo mais flexível, possui um importan- ' Palavras-chave: Taxidermia, -iiiiiSei.
12 ducaçao,, ..mefg ambiente:
te papel para a ampliação da cultura cientifica e , ......... -
humanística (Vasconcelos, 2005). *Mestre em Engenharia de Materiais: Meteorítica, Especialista em Ensino de Astronomia,
Professor e Coordenador do Núcleo de Astronomia do Museu de Ciência e Técnica da
Escola de Minas da UFOP E-mail: gilson@ufop.br
A ação educativa museal tem que romper ** Graduando em Biologia, Bolsista de Extensão do Museu de Ciência e Técnica da
Escola de Minas da UFOP. E-mail dirguedes@yahoo.com.br
com as atitudes características de uma educa- ***Graduando em Biologia, Bolsista de Extensão do Museu de Ciência e Técnica da
Escola de Minas da UFOP E-mail: marlosbrum@iceb.ufop.br
ção bancária, termo usado por Freire (1994), que *"** Professor e Taxidermista do Museu de História Natural do Colégio Arnaldo. E-
mol. museu@ufop.br
se refere ao tratamento da realidade como algo

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parado, estático, compartimentado e bem-com- tras amostras integraram um laboratório de mi-
portado — quando disserta sobre algo completa- neralogia na cidade do Rio de Janeiro que, após
mente alheio à experiência existencial dos edu- a escolha de Ouro Preto para sediar a Escola de
candos, o professor, ou seja, o educador, é o do- Minas, foram transferidas para a então Capital
minador do conhecimento e este ajuda os edu- da Província de Minas Gerais.
candos, oferecendo-lhes um pouco de seu conhe- O Museu de Mineralogia, enquanto insti-
cimento. Freire (1994) descreve uma outra for- tuição, existiu até 1995, quando então foi substi-
ma de educação, a problematizadora ou liberta- tuído pelo Museu de Ciência e Técnica da Esco-
dora. Nesta, o educador já não é apenas o que la de Minas da UFOP (MCT/EM/UFOP).
educa, mas o que, enquanto educa, é educado,
O museu está organizado em diversos setores
em diálogo com o educando que, ao ser educa-
temáticos, que reúnem um acervo científico/cultu-
do, também educa. Desta forma percebe-se que
ral significativo, herdado da primeira instituição
o processo de interpretação do patrimônio cultu-
ral deve ser desenvolvido como uma função edu- dedicada ao ensino de ciências mínero-metalúrgi-
cativa e não instrucionista. cas do Brasil, a Escola de Minas. Esse acervo é re-
sultado dos esforços para que o ensino e o desen-
O museu é uma instituição a serviço da so-
volvimento científico e tecnológico de qualidade
ciedade da qual é parte integrante e que possui,
nesta região se consolidasse. Neste contexto, foram
nele mesmo, os elementos que lhe permitem par-
instalados importantes laboratórios constituídos com
ticipar na formação da consciência das comuni-
equipamentos europeus de primeira linha, num es-
dades a que ele serve (ICOM, 1972). Assim, é
forço inusitado para a constituição de uma estrutu-
necessário formar uma rede de interpretação com
ra moderna de ensino. Uma parte considerável desse
outras instituições, assim como com a própria
patrimônio vem sendo restaurada e protegida em
comunidade, para que esta se sinta parte do pro-
salas especiais que, no seu conjunto, constituem,
cesso museológico e não somente enquanto ex-
pectadora. Trata-se de "educar com museu", não hoje, o Museu de Ciência e Técnica.
no sentido de "por seu intermédio", o que colo- Atualmente, o museu dedica-se não só à
caria todo o peso dessa ação no pólo instrumen- preservação desde acervo, mas também à sua uti-
tal, mas no sentido de parceria, isto é, de algo lização como ferramenta de aproximação da po-
que se faz junto (Fortuna, 2006). pulação com a ciência. Cerca de 46.000 pessoas,
A interação do museu com a comunidade é entre turistas, estudantes e comunidade local,
possível de ser aumentada, como, por exemplo, visitam anualmente os setores implantados: As-
ao aplicar as ações museológicas fora do museu, tronomia, Desenho, História Natural, Metalur-
com exposições itinerantes — uma das sugestões gia, Mineração, Mineralogia e Topografia. Com-
que foram feitas pelo Conselho Internacional de põe, ainda, o roteiro de visitação no prédio histó-
Museus (ICOM) como possibilidade de interação rico da Escola de Minas, que até 1897 abrigou o
com o meio rural. Mas estas exposições itineran- Palácio dos Governadores, a Biblioteca de Obras
tes também podem ser realizadas nas cidades com Raras e a Capela Imperial. No prédio do antigo
ótimos resultados, como os alcançados pelo Mu- Parque Metalúrgico da Escola de Minas, unida-
seu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da de piloto de produção de aço, que operou até o
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). início da década de 1960, sendo utilizado poste-
riormente como almoxarifado, garagem, oficina
e até como área com quadra de esportes pela
1.2 - O Museu de Ciência e Técnica
UFOP, sendo transformado em 2001 no Centro
A origem do Museu de Ciência e Técnica de Artes e Convenções da universidade, está
se confunde com a criação da própria Escola de implantado o setor de Siderurgia do museu. Já
Minas, em 1876, quando seu fundador, o profes- na Estação Ferroviária de Ouro Preto, incorpora-
sor francês Claude Henri Gorceix, trouxe da da ao patrimônio da UFOP, em 2004, encontra-
Europa as primeiras amostras de minerais, que se o setor de Transporte Ferroviário do museu,
posteriormente seriam disponibilizadas para a vi- integrando um projeto de educação patrimonial
sitação pública com a criação do então chamado desenvolvido pela Fundação Companhia Vale do
Museu de Mineralogia. Inicialmente estas e ou- Rio Doce, denominado Trem da Vale.

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Extensão universitária e meio ambiente: a taxidermia educativa como uma ferramenta unificadora

1.3 - O Setor de História Natural patas são mantidas, sendo o restante retirado
e substituído por enchimento.
O setor de História Natural, Prof. Moacir
do Amaral Lisboa, atualmente conta com uma A taxidermia remonta à antiga prática de
exposição de longa duração estruturada com conservação dos troféus de caça. Entre os sécu-
base em uma espiral do Tempo Geológico, na los XVIII e XIX, surgiram as primeiras monta-
qual, além de painéis explicativos, elementos gens com animais em seu habitat natural, pas-
fósseis e réplicas ilustram didaticamente cada sando a ter lugar definitivo nos museus.
período de tempo. Também estão expostos uma Animais taxidermizados são muito úteis na
considerável coleção de moluscos atuais e ou- montagem de reproduções de paisagens naturais,
tros animais marinhos, além do esqueleto com- representando uma pequena parte da fauna en-
pleto de um ornitorrinco, material lítico, com contrada nesta paisagem, que pode ser um ecos-
instrumentos de pedra lascada e pedra polida, sistema ou uma região geográfica. Outro uso, que
esqueleto quase completo do Homem de La- pode ou não decorrer da reprodução destes am-
goa Santa, considerados por especialistas como bientes, é a importância didática destas monta-
sendo do Homo sapiens sapiens, datado de 10 gens, pois muitas pessoas nunca viram estes ani-
mil anos aproximadamente. Este exemplar foi mais, já que são difíceis de serem observados na
coletado por um grupo de espeleólogos da Es- natureza e nem sempre estão expostos em zooló-
cola Minas, em 1954, na região de Sete Lagoas gicos. Além disso, os zoológicos não existem em
(MG). Compõe ainda o acervo relacionado com boa parte das cidades brasileiras.
o setor um grande número de animais taxider- A possibilidade de transporte destes animais
mizados, que periodicamente são apresentados
taxidermizados permite a montagem de exposi-
em diferentes exposições temporárias. ções em diferentes locais ou, até mesmo, o trans-
porte de uma dada exposição já montada para
2- Metodologia diferentes instituições. As exposições itinerantes
são uma alternativa muito boa para a divulgação
2.1 - Taxidermia cultural e cientifica, sendo que comunidades que
Este termo tem origem grega, taxi: movimen- não possuem museus podem ser atendidas, além
to, e derma: pele. Esta técnica trata da conserva- de bairros periféricos, que dificilmente têm acesso -
ção de peles de animais mortos despojados de suas a estas opções de entretenimento. Estas exposi-
vísceras, carne e esqueleto (Palaus, 1980). Ou ções itinerantes podem também ser alvo de proje-
seja, é a arte ou processo de empalhar animais, tos em parceria com as escolas, podendo ser mon-
que consiste em submeter as partes externas do tadas exposições mais interativas, aproximando as
animal (pele) a um tratamento especial de seca- crianças dos objetos expostos, facilitando um dia-
gem e curtição, podendo fixá-las a uma estrutu- logo entre o professor ou monitor e os alunos.
ra de suporte. A preparação de peles é mais co-
mumente usada em mamíferos e aves, mas outros
2.2 - O Acero do Setor de História Natural
animais, como por exemplo, serpentes, lagartos e
peixes, também são usados. O acervo deste setor é bastante diversifica-
A taxidermia pode ser cientifica, que visa do, tendo sua origem em peças didáticas e amos-
à conservação das peles para fins de pesquisa. tras reais que o fundador da Escola de Minas trou-
Nesta, a peça não corresponde à forma que o xe de Paris, em fins do século XIX. Este conside-
animal apresenta em vida. Outro tipo de taxi- rava que os alunos da nova escola deveriam ter
dermia é a artística ou naturalização. Neste um conhecimento holístico sobre todos os ramos
tipo, a montagem da peça é feita com arames, do conhecimento humano e isso justifica a diver-
que fornecem sustentação da pele que, então, sidade do seu acervo (Nunes, 2005).
é preenchida para tomar a forma do animal em O acervo contempla muitos fósseis de dife-
vida. Assim, esta montagem visa reproduzir a rentes períodos geológicos, além de conchas, sen-
forma corporal que o animal apresenta em vida, do que estes objetos não foram trabalhados no
além de fornecer vitalidade ao animal morto. Projeto de Extensão Taxidermia Educativa. Nes-
Neste tipo, geralmente apenas o crânio e as te projeto, foram trabalhados apenas os animais

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taxidermizados, peles abertas, esqueletos monta- O Projeto articula-se, principalmente, com
dos, crânios e carapaças. outro Projeto de Extensão: o Museu Educa, que
Alguns animais taxidermizados são muito anti- realiza atendimento monitorado aos visitantes do
museu. Desta forma, a equipe do Projeto Taxi-
gos — datam do final do século XIX e inicio do século
XX. Estes animais eram usados nas disciplinas relaci- dermia Educativa realiza as pesquisas para a ela-
onadas à zoologia do curso de engenharia geral da boração das exposições, executa a montagem e
capacita os bolsistas do Projeto Museu Educa para
Escola de Minas. Neste curso, os alunos tinham no-
ções de botânica e zoologia, além de outras áreas como, o atendimento ao público.
por exemplo, matemática, física, geologia e química. Outro desdobramento previsto será a articu-
Mas, com a criação de diferentes cursos de engenha- lação com a Ação UFOP com a Escola, proposto e
ria na Escola de Minas, houve uma especiali7ação dos coordenado pela Pró-Reitoria de Extensão, e que
currículos e as matérias relacionadas às ciências na- prevê a realização sistematizada de atividades de
turais foram retiradas da estrutura curricular do cur- capacitação e apoio ao trabalho docente em esco-
so (Nunes, 2006). Nas ultimas décadas, o acervo las de ensino fundamental da região.
destes animais parou de receber novas peças.
Entre estes animais, existem alguns mamífe- 3 - Objetivos
ros (felinos, caninos e cervídeos, por exemplo), aves
(corujas, patos selvagens, beija-flores, entre ou- Este projeto apresenta três objetivos princi-
tros) e alguns poucos anfíbios, peixes e lagartos. pais, que agrupam várias atividades diferentes
Algumas peças são raras, como o cachorro-vina- cada um: Restauração, manutenção e preserva-
gre, a cheeta (africana) e o lêmure (Madagas- ção do acervo de parte do setor de História Na-
car). Na maioria são animais naturais do Brasil. tural do MCT/EM/UFOP; Preparação de novas
peças para integrarem o referido acervo; e, final-
Existem algumas peles abertas, peles de ani-
mente, elaboração e montagem de exposições
mais que são esticadas e curtidas. No acervo exis-
abordando o meio ambiente, trabalhando a cons-
tem duas, uma de onça-pintada e outra de cobra.
ciência ambiental a partir destas exposições.
Os esqueletos montados também eram usa-
dos nas aulas práticas de zoologia. Estes esquele-
tos são montagens feitas a partir de amarrações 4- Desenvolvimento
com arames, barras de metal para suporte e base 4.1 — Etapas Desenvolvidas
de madeira para a estabilização das peças. São
todos esqueletos de mamíferos, entre estes, des- Inicialmente, foram desenvolvidas ações de
taca-se, uma onça-pintada e um golfinho. conservação e restauro em parte do acervo do
setor de História Natural. Foram executados lim-
Os crânios são de cervídeos. Os cascos são
peza, reparos e adequação das condições de con-
de tartaruga marinha e as carapaças são de tatus.
servação. Estas ações são continuamente realiza-
das. Depois, em um curso de aperfeiçoamento,
2.3 — Articulação Acadêmica produziram-se novas peças para integrarem o acer-
vo. E, por fim, deu-se inicio à elaboração e mon-
O Projeto de Extensão Taxidermia Educa- tagem de exposições no setor de História Natu-
tiva é um dos seis projetos que integram atual- ral, contemplando um enfoque especial, a uma
mente o Programa Integrado de Extensão para o abordagem relacionada ao meio ambiente nestas
Ensino e a Divulgação da Ciência (PRO-CIÊN- exposições.
CIA), aprovado pelo Comitê de Extensão e fo-
mentado pela Pró-Reitoria de Extensão da UFOP.
Basicamente, o Projeto utiliza o acervo do 4.2 — Detalhamento das Atividades

museu e técnicas de taxidermia para a elabora- O acervo utilizado neste projeto enfrentou
ção e montagem de exposições destinadas ao problemas de conservação a partir do abandono
grande número de visitantes da comunidade, de suas funções originais enquanto modelos de
turistas e escolas públicas e particulares que visi- ensino nas disciplinas do curso de engenharia
tam as exposições da instituição. geral da Escola de Minas. Ao longo das últimas

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Extensão universitária e meio ambiente: a taxidermia educativa como uma ferramenta unificadora

décadas, não foram realizadas ações de limpeza, curso de capacitação na preparação de animais
nem de reparos nas peças danificadas, além da taxidermizados. Os animais utilizados neste cur-
inexistência de um espaço físico adequado, com so foram obtidos a partir de doações feitas pela
controle de umidade relativa do ar. Dessa forma, comunidade de Ouro Preto — MG e região, bem
o acervo passou por um processo de deterioração. como pesquisadores. Na maioria, estes animais
Inicialmente, a ação de higienização das foram encontrados mortos em estradas. É impor-
peças possibilitou a retirada da sujeira e, em al- tante ressaltar que os animais não foram caçados
guns casos, do mofo, sendo realizada por ação ou coletados vivos na natureza.
mecânica e também com o uso de solventes or- Esta atividade terá continuidade, pois ain-
gânicos como o álcool e, principalmente, o xilol, da existem animais armazenados, congelados, para
nos casos de muito mofo, verificado sobretudo em serem preparados.
ossos. Alguns reparos foram executados usando Uma outra atividade desenvolvida no Pro-
diferentes técnicas: amarrações (arame e fio de jeto Taxidermia Educativa é a elaboração e mon-
nylon), colagens e, no caso dos animais taxider- tagem de exposições para serem expostas no
mizados, foram feitas bases de madeira, nas quais MCT/EM/UFOP ou então em outros locais de
as peças são fixadas para a estabilização destas. Ouro Preto e região. Estas montagens começa-
Um caso especial foi a restauração da che- ram as ser produzidas pela necessidade de diver-
eta, que é um animal africano e, dada a raridade sificar a exposição de animais taxidermizados do
de se encontrar uma peça desta no Brasil, foi setor de História Natural do MCT/EM/UFOP.
dotada de atenção especial. Ela se encontrava Como o acervo já se encontrava em melhores
com o focinho e uma das patas destruídos. Desta condições de conservação, pode-se dar inicio a
forma, procedeu-se à limpeza da peça, seguida estas atividades.
da recuperação do enchimento das partes dani- A primeira exposição montada foi denomi-
ficadas com uma massa de papel marchê e com nada "Habitat Cerrado". Esta exposição teve ótima
cimento. Após a secagem da massa, na pata, co- aceitação pelo público por diversos motivos. O
lou-se sobre esta um pedaço de couro bovino tra- cenário criado retratava uma área de cerrado com
tado de aspecto semelhante ao pêlo do animal. animais deste bioma e a abordagem feita sobre
Depois, este couro foi pintado a fim de mascarar esta montagem trabalhou a situação do cerrado
este reparo. No caso do focinho, não foi necessário quanto a questões conservacionistas. As informa-
colocar couro bovino, fez-se somente a colagem ções apresentadas nesta exposição estavam dis-
dos pedaços da pele do próprio local para volta- poníveis em um banner e algumas outras infor-
rem à posição original. Por fim, foi confeccionada mações eram fornecidas pelos monitores. A ex-
uma base de madeira para a estabilização da peça. posição foi resultado de uma parceria entre o
Após estas ações de restauro, as peças estão MCT/EM/UFOP e o Museu de História Natural
prontas para uso em uma exposição, ou então, do Colégio Arnaldo, localizado em Belo Horizon-
para serem depositadas em um lugar adequado, te, que disponibilizaram o acervo utilizado de
ou seja, uma sala com a umidade controlada. O animais taxidermizados referentes a este bioma.
ambiente tem que estar com o ar seco, bem como A segunda exposição montada foi a exposi-
longe de materiais atacados por fungos, larvas e ção itinerante "Mamíferos", que apresenta cinco
animais xilófagos, que podem atacar as peças e esqueletos (onça-pintada, anta, golfinho, pregui-
destruí-las por completo. ça e gambá) e dois animais taxidermizados (gambá
Um acervo com estas características, mes- e preguiça). Esta exposição foi exposta fora do
mo se bem conservado, apresenta um tempo de MCT/EM/UFOP, em dois prédios da UFOP, no
vida útil limitado. Assim, sempre é necessário campus do Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto,
adquirir novas peças ou então montar novas pe- durante a Semana de Museus, em 2006, e tam-
ças. A primeira opção esbarra na falta de finan- bém na cidade de Itabirito - MG, durante um
ciamento para aquisição e a segunda encontra evento na Semana da Água deste ano. Informa-
dificuldades na carência de mão-de-obra espe- ções sobre os animais foram apresentadas em um
cializada. No MCT/EM/UFOP optou-se pela se- banner com dados sobre a biologia, ecologia e
gunda opção. Desta forma, foi organizado um status de ameaça de extinção destes animais.

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Substituindo a exposição "Habitat Cerrado", questões ambientais, além de permitir que estas
no Setor de História Natural, foi montada a ex- questões façam parte da vida dos expectadores.
posição "Aves do Brasil: a arte dos Lorenzutti", Acreditamos que este projeto, que ainda
somente com aves, sendo quase todas da mata encontra-se em plena atividade, forneceu ao
atlântica. Esta exposição homenageia o Sr. Elias MCT/EM/UFOP, nestes primeiros anos de traba-
Lorenzutti, um mestre na arte da taxidermia, que, lho, significativa contribuição para que as ações
com 93 anos, ainda trabalha todos os dias. Este museológicas desenvolvidas nesta instituição se-
senhor mantém um museu na cidade de Linha- jam mais educativas, permitindo que o museu
res — ES, o Museu Lorenzutti, que foi um parcei- esteja em conformidade com a sua função social
ro na montagem desta exposição. A exposição de divulgador da ciência, tecnologia e cultura.
também apresenta um banner com fotos e figuras
A continuidade deste projeto possivelmen-
representando cada ave com uma legenda abai-
te trará ainda mais benefícios para o museu e o
xo destas, com o nome científico e popular de
público por ele atendido, mantendo a linha ado-
cada espécie. Algumas informações adicionais são
tada de renovar continuamente as exposições do
fornecidas pelos monitores que acompanham os
setor de História Natural do MCT/EM/UFOP,
visitantes durante a visita monitorada ao museu.
interagindo, inclusive, com outras instituições de
Adicionalmente produziram-se marcadores de
Ouro Preto e região, disponibilizando algumas
livros sobre algumas espécies, com fotos e infor-
exposições itinerantes.
mações sobre a espécie distribuídos a visitantes e
às escolas de Ouro Preto. Toda a pesquisa icono-
gráfica da exposição presente nos banners e mar- 6 - Referências Bibliográficas
cadores de livros utilizou o acervo da Biblioteca
BARROS, S. S. O Acidente de Goiânia - subsídio para um
de Obras Raras da Escola de Minas da UFOP. módulo de ensino relacionado à ciência-tecnologia-sociedade
(CTS). IN: GONÇALVES, O. D. (Org.). O ensino de física e
a física da atualidade. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1990.
4.3 - Perspectivas FREIRE, P Pedagogia do oprimido. São Paulo: Editora Paz e
Terra. 14 edição, 1994.
Espera-se continuar na implementação de
outras exposições. No curto prazo, prepara-se a FORTUNA, T R. Museu é lugar de brincar? Revista Museu
[on line]. 2006, jul. Disponível em <www.revista
organização de duas exposições: "Fauna de Ouro museu.com.br >
Preto" e a "Insetos" (itinerante). A primeira a GADOTTI, G. Novos tempos, novos paradigmas. Revista
ser montada na própria sala do setor de História Nova Escola [on line]. 2000, n.137, nov. Entrevista.
Natural do MCT/EM/UFOP e a segunda deverá Disponível em <www.novaescola.abril.com.br/ed/
137_nov00/gadotti.doc>
percorrer as escolas de ensino fundamental de
Ouro Preto. Pretende-se continuar trabalhando ICOM (mesa-redonda sobre o papel do museu na América
Latina de hoje, Santiago do Chile, _1972, convocada pela
com uma linha educativa relacionada ao meio UNESCO). Disponível em <www.revistamuseu.com.br >,
ambiente, priorizando a conservação da nature- acesso em 12/03/2007
za e da biodiversidade brasileiras, utilizando o LEAL, M. C. e GOUVÊA, G. Narrativa, mito, ciência e
acervo do museu ou de laboratórios do Departa- tecnologia: o ensino de ciências na escola e no museu. Ensaio,
pesquisa em educação em ciências [on line] 2002, vol. 2, n.1,
mento de Ciências Biológicas da UFOP, como
mar. Disponível em <http://www2.ufpa.br/ensinofts/artigos2/
para a exposição itinerante "Insetos". mariaguaracira.pdf>
NUNES, G. A., GANDINI, A. L., DELICIO, M. P, DINIZ,
M. P, CAMPOS, B. E Ações Educativas Complementares no
5 - Conclusões Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da
Universidade Federal de Ouro Preto. IN: Anais do 32
O uso de animais taxidermizados ou de es- Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2006,
queletos montados tem se mostrado como ótimo Florianópolis.
recurso didático, chamando a atenção do públi- PALAUS. J. La taxidermia. Espanha: Editorial De Vecchi,
co para as exposições e fazendo com que as infor- 1980. 101 p.
mações tratadas nestas exposições sejam facilmen- VASCONCELOS, M.M.N. e GUIMARÃES, M. Educação
te compreendidas pelos visitantes. A abordagem ambiental no museu de astronomia. Disponível em
<www.redpop.org> Acesso em 12 abr. 2007.
relacionada ao meio ambiente usando tais mon-
tagens possibilita que as pessoas reflitam sobre as

170 1Interagir: pensando a extensão, Rio de Janeiro, n. 9, p. 165-172, jan./jul. 20061


Extensão universitária e meio ambiente: o troddennia educativa como uma ferramenta unificadora

Abstract.
Th»s projeCt is_ developed for„the _
Museurn of Séiénce ánd ,Technique 'of
thé Schbol:of Mines of the Federal
University from Ouro Preto, Fia-ve'thé
objective of,theprés-erVatior - of the
61'•iginal heaP,of begin' sec- . -,XX'forni'ed
for_taxidefrnY animais and skéletohs
Other objective is the próduC-fiori,of.
new pieces,and:exPositionsand too
edycatiónaí-áctions for the visitors.of
muSeun'i. This héap:is 'orig-inálly from
the School cif Mines -was inSá'd sta—ge
Of':,cons_erva,tion,1'.The started:Cif ,this
project -haS-thê'intervention in ,the
pieces-for higienizatiónffdisin'fection
and srriall r'épairS.
The new pieces were production whit
dead animalsJor-:runníng:over, givri
to úniversity'fgt2he people:ThiS-pieCes'

abOtit blásirtlxider'rgPP`r the 'tudehts


Th'e new
pieces:waSincorporated of the h'e:ap
th, cnseum::The expositions há-ve
one,ibiõlogical'conteXt -shbwing'the
habitat of eVerY,'anirhal.'The tearn',Of
students who atténd,thé visitò-rs Was
trairiedz;,fo.!::z,-..présent'-,srciéntifically
inforMa,t19_.¡I: for ',,,'-, *
strniuía
' -te the
interesting of- visitor for, ünderstánd ,
more about:thé Brazilian biornes'and
the, environrneni::
Kéywords:, .taxidermy
education, 'envíronrnent

Interagir: pensando o extensão, Rio de Janeiro, n. 9, p. 165-172, jan.flul. 2006 171

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