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Carta de Apresentação

A Ciclovida não se define por número, idade, gênero, raça, nacionalidade, credo
político ou religioso, cultural; funciona pela vontade e decisão de indivíduos que
se reúnem por afinidades, encaminham e realizam atividades autônomas sócio-
ecológicas e culturais, de formas itinerantes, preferencialmente a pé ou de
bicicleta, por curto, longo ou por indeterminado período de duração.

A atividade pretendida no momento trata-se de uma incursão de bicicleta pelas


veias abertas dos biomas do Brasil e além fronteiras, fazendo levantamentos
sobre as sementes crioulas ou naturais, realizando uma campanha de resgate e
reapropriação (das sementes) por parte das comunidades rurais que foram
expropriadas ao longo da tirania capitalista, dos direitos de plantar, colher e
plantá-las novamente com reprodução garantida das várias espécies vegetais:
legumes, cereais, hortaliças entre outras raridades da nossa flora sob ameaça de
extinção e que ainda não tenham sofrido modificação genética artificial que
possam ter comprometido sua livre produção e reprodução.

Deparando-nos com seus redutos, isto é, com indivíduos e/ou comunidades que
ainda possam tê-las sob suas posses, dispor-nos-emos de contactá-l@s com
finalidade de partilhas de preocupações e trocas de sementes, resgatando velhos
hábitos de conservação e incentivando novas práticas para a preservação das
mesmas, afim de que se garanta a continuidade das espécies pelas gerações
vindouras. Trocaremos experiências: culturais e artísticas; práticas agroecológicas
de cultivo (sem queimadas,sem agrotóxicos e sem fertilizantes químicos);
práticas de plantio na curva de nível com cobertura morta, permancultura;
realizaremos, incentivaremos e contribuiremos para acontecimentos de reuniões,
seminários, debates, atos culturais, cirandas e folguedos infanto-juvenis e outros
que venham se constituir em momentos coletivos propícios à partilha de idéias,
preocupações e solidariedades, que sirvam de fortalecimento da luta pela
recuperação da natureza com restabelecimento das espécies ameaçadas de
desaparecimento, atingindo assim o cerne da nossa busca: PRESERVAÇÃO DAS
SEMENTES NATURAIS E A NOVA RELAÇÂO COM A TERRA.

Mais que uma simples atividade, a CICLOVIDA é a ativação de um processo de


busca de respostas para questões que levantamos em torno da relação homem
/ terra. Este binômio vem dando motivo de preocupações e debates rumo a
soluções para a coexistência num mesmo plano (terrestre), da Civilização
Humana e a Natureza Biodiversa. A título de ilustração, citamos um, entre os
vários exemplos deste debate, um duelo exibido em 22/01/2006 pela tv globo
através do fantástico, entre dois destes acadêmicos burgueses de renomes na
mídia internacional. O primeiro deles: o inglês James Lovelok alarma que nas
condições em que se encontra o planeta não há como evitar catástrofes,
maiores que as tsunamis que sacudiram vários paises da costa asiática, e, o
mesmo aponta como medida urgente de salvação do planeta o abandono do
automóvel e das queimadas.

As soluções apontadas parecem não agradar, desde os que comandam aos que
pretendem comandar a alavanca do desenvolvimento desta civilização. O segundo
deles: o brasileiro Carlos Nobre admite que as coisas não vão bem mas o
Brasil ainda tem muitos recursos em potencial e poderemos ser ainda líderes do
desenvolvimento. Debates são necessários e embates inevitáveis, interesses se
chocam. Vejamos tratados e convenções de Kioto, Canadá e outros do tipo e
seus acordos sobre emissão de gases poluentes na atmosfera, muito
insignificantes para um planeta num acelerado processo de esgotamento de seus
recursos naturais!! De onde vai sair para cada ser humano (quase seis
bilhões) do mais simples o seu “mínimo”, o seu “básico”, ao mais sofisticado,
que não tem máximo? Vai-se aos limites do poder de alcance, nesse caso,
vamos a plutão se ainda der tempo. Conversa para boi dormir! Para desviar o
conteúdo dos debates e as atenções para a gravidade da situação, a mídia
dominante atravessa-se com soluções virtuais para problemas reais: “debandada
dos humanos para os planetas vizinhos” ótimo tema para filme norte-americano
ganhador de “oscars.”

Que roubada! Que tal fecharmos os olhos para esse ilusionismo e cuidarmos do
nosso planeta e do que ainda nos resta: vegetação, água, ar e clima favorável
para a vida? Que tal, preferirmos recuperar o habitat natural do nosso “planeta
tudo” a fugir para outro, cujo habitat favorável à vida, se acaso existiu, já fora
destruído por seres inteligentíssimos como nós? A Natureza ainda benevolente,
nos dá a chance de escolher uma entre duas saídas opostas: 1 - revisão de
nosso trajeto de humanos, autocrítica na prática para a reversibilidade: 2-
ignorar a situação apressar o fim da vida no planeta.

A atitude que estamos tomando., não nos ocorreu num passe de mágica, nem
de lampejo poético mas através de penosas décadas de vivências e observações
juntos a tant@s que também interagiram com a realidade social do campo,
dentro e fora da Reforma Agrária. A interação com os movimentos sociais,
surgidos a partir do enfrentamento da miséria cujas causas são atribuídas aos
fenômenos naturais ou efeitos climáticos (caso Nordeste do Brasil), podemos
transferir essas causas para os efeitos climáticos das políticas eleitorais e seu
casamento com o capitalismo latifundiário.

Com este discurso e prática chegamos realizar pequenas incursões com nossas
bicicletas, num entorno de 200 quilômetro do nosso ponto de morada, o
Assentamento Mandu Ladino município de Pentecoste. somos em torno de seis a
oito pessoas que estarão implementando o Ciclovida na estrada, alem de uma
família: pai,mãe e filhos, há também jovens em finais de cursos médios e
universitários que sinalizam com a possibilidade de se integrarem à caravana
bicicletária do Ciclovida.

Partiríamos dia 26 de dezembro /2005, uma segunda-feira do Assentamento


Mandu Ladino – Barra do Leme, localidade de Salgado, município de pentecoste,
Ceara – Brasil. Não foi possível na data indicada por duas razões: primeira, é
que nossos filhos ficaram para recuperação dos colégios e a segunda foi um
problema no tratamento odontológico enfrentado por um dos nossos filhos, o
mesmo já passara por várias cirurgias plásticas para recomposição de lábio
leporino e goela de lobos. Os médicos que acompanham o caso, descobriram
recentemente o surgimento de uma anomalia na arcada dentária que o
submeterá a mais uma cirurgia, que está marcada para dia 9 de fevereiro e a
previsão de repouso pós-operatório são de aproximadamente 20 a 30 dias.
Nossa maior convicção no momento, é que partiremos, a nova data prevista
será dia 15 de março de 2006 ou logo após a autorização médica. Viajaremos
com qualquer número de ciclista. O mundo é furado, o caminho está aberto, a
decisão e a ação de cada um obedecem a força da sua convicção.

Sentimo-nos fortalecidos com as manifestações de apoio de uma infinidade de


indivíduos e coletivos em níveis locais, nacionais e internacionais. Todos
constroem conosco esta jornada de luta pelo reequilíbrio da vida neste resto de
planeta. Todas as galeras, em seus diversos locais: de atuação, moradia,
atividades diversas, desde que queiram, podem estar conosco, discutindo a
implementação e os desdobramentos desta e de outras atividades pela vida.
Queremos manter e nos manter informados através dos meios que dispormos:
correios, e-mails, sites, telefones etc. para que possamos construir juntos, a
resistência de todos os seres, contra sua transformação em objetos mortos para
dar vida ao moribundo sistema de morte, o capitalismo.

Não fazem parte da nossa bagagem, densos fardos de teorias políticas e


econômicas prontas para serem aplicadas nas diversas realidades com as quais
vamos nos deparar, outrossim, modestas preocupações a serem partilhadas.
Portamos também vagões e lacunas para serem preenchidos com ricos acúmulos,
resultantes das trocas de vivências que sem duvida irão acontecer em nosso
encontro com um mundo de práticas e culturas diversas, cujos acúmulos serão
usados como matéria-prima para a recuperação do habitat natural deste planeta
para o reflorescimento da vida.

Desejamos a todos a paz que só a natureza recuperada será capaz de nos


oferecer!

Projeto
Apresentação

O projeto Ciclo Vida já não é mais um recém-nascido. Na verdade, ele é um


adolescente, pois com os mesmos objetivos que se seguem nós já realizamos
alguns vôos rasantes de bicicleta pelas estradas das áridas terras de Fortaleza à
região do Sertão Central do Estado do Ceará e de Fortaleza ao Estado do Rio
Grande do Norte. Além dos não raros trajetos de 50 e 80 quilômetros que
distam, respectivamente, o Assentamento 24 de Abril – Acarape e o
Assentamento Mandu Ladino/ Barra do Leme – Pentecoste de Fortaleza. As
pessoas que se dispõe a implementar o Projeto já estão, portanto, em plena
forma psicofísica e, sobretudo, política. No entanto, não podemos dizer o mesmo
dos meios de transportes que escolhemos para realizar esta tarefa: as bicicletas.

Escolhemos bicicletas pelo menor custo econômico da viagem e pelo fator


ecológico, já que elas são bem mais ecológicas do que os carros e bem mais
velozes do que os pés. É por isso que, desde já, agradecemos a entidade
apelada (a qual acreditamos que estará sensibilizada com esta causa que,
felizmente, não é única nossa).

Justificativa

Da semente brota a vida, a qual passa a existir em ciclo, e no ciclo está a


existência dos seres. Os vivos nascem, crescem, reproduzem e morrem. Este
movimento é tão antigo quanto a vida. Nos primórdios, os ciclos eram maiores,
pois a terra era potente antes de sofrer as ações destrutivas das sociedades
humanas. Tal referência aos primórdios só confirmam a elástica longevidade dos
seres antigos, como por exemplo, os dinossauros. Há referências feitas pela
Bíblia à longevidade dos homens no Antigo Testamento e até os indígenas da
tribo Janduí, da Nação Canindé, viviam até 200 anos, segundo Olavo de
Medeiros (historiador do Rio Grande do Norte).

O ser humano não soube se beneficiar do presente (ou conquista) que a


Natureza lhe deu – a racionalidade – e terminou tornando suas ações altamente
irracionais. Isto implicou em drásticas conseqüências para si e para os demais
seres, sobre os quais se estabeleceu uma ditadura considerando-se a
supremacia da civilização e submetendo tudo e todos aos caprichos e
necessidades consumistas. Tudo isto para atender a fome de lucros em um
sistema mercantilista, concentrando para si o poder de destruir ou poupar o
futuro da vida, inclusive a sua própria.

Não temos a ilusão de que as soluções venham de uma deliberação humana


uníssona, mas sim que seja resultado de um processo decorrido de embates
com interesses antagônicos nesta sociedade, nos quais estariam concorrendo os
que querem uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada contra os que só
enxergam lucros acima da vida (mesmo que seja a sua e a da sua
posteridade).

Infelizmente, mesmo assistindo ao esgotamento dos elementos naturais (sem os


quais não se vive), o lucro é o maior anseio da maioria esmagadora hoje. As
fontes de lucro estão cada vez menores e, ao invés de rever os equívocos e
recuar em benefício da vida, acelera-se cada vez mais a corrida
desenvolvimentista, revolucionando e sofisticando-se as indústrias da morte, as
quais são impiedosamente alimentadas de vida. A avidez de lucro parece
insaciável e o avanço diminui drasticamente as perspectivas vitais dos seres –
animados ou inanimados – tornando-lhes obsoletos em plenas condições de
exercer funções.

A revolução da microeletrônica produz aparelhos cada vez menores e mais


poderosos, eficazes no sentido de convencer as pessoas da sua necessidade
básica. O mercado é como um ferro de passar roupas: tem de estar sempre
aquecido, cuja energia é o modismo difundido pelos meios de comunicação em
massa, a qual está estampada no cotidiano de cada família, onde cada qual
vale pelo que consome e mais valor tem quem está na moda.

As revoluções cor de cinza da indústria fumacenta provocando crises econômicas


e ecológicas tiveram que arrastar nos seus reboques as (revoluções) convulsões
sociais, provocadas pelo abismo entre as classes entre os que produzem e os
que se apropriam. A grande quantidade de indivíduos fora do processo produtivo
e do mercado de trabalho vivendo na informalidade contrastando com o rigor
burocrático.

Até hoje a burguesia continua sendo a mesma, desde os burgos de Londres,


Manchester ou Paris. Esta burguesia surge com o fim do feudalismo e, por
incrível que pareça, tudo muda de figura quando suas revoluções descem para a
realidade rural. Como na Revolução Verde, a qual consistiu na vontade burguesa
de apropriação da liberdade de reprodução dos seres vivos, tornando-a fonte de
lucro, expropriando a liberdade dos artesãos da terra (os agricultores) de
plantar e colher o que quiserem e quando quiserem.

Os transgênicos já são uma realidade aterrorizante e estamos prestes a sermos


solapados por esta epidemia. Portanto, achamos que é necessário intensificar
uma campanha por terra, já que os movimentos neste sentido ainda são aéreos
e/ou nas salas da academia universitária. Estamos certos de que devemos
valorizar o que já existe em progresso quanto a isso e queremos nos somar às
experiências agroecológicas existentes pelo mundo afora. Gostaríamos de trazer
os que estão no alto para o chão, exatamente onde se encontram os perigos
dos transgênicos.

É, então, pelo chão que pretendemos ir, utilizando bicicletas para facilitar nossa
locomoção pelos campos brasileiros, levando sementes naturais e fazendo trocas
para levar adiante a outras comunidades e/ou indivíduos.

Não somos os donos da verdade e não pretendemos levar lições em tons


professorais, queremos levar, na verdade, a preocupação para ser partilhada com
os demais que trabalham na terra assim como nós, no sertão cearense. A
preocupação é a do desaparecimento das sementes originai, as quais estão em
sua maioria extintas. Nossa pretensão é a de fazer um levantamento das
variedades ainda existentes, incentivar a conservação destas e a distribuição para
o maior número de pessoas, fazendo com que se garanta a regeneração do
patrimônio natural ameaçado e, por conseguinte, toda a biodiversidade que
depende deste patrimônio.

Objetivos

Objetivos gerais:

1. Partilhar com as demais pessoas, no campo e na cidade, as preocupações


sobre a Reforma Agrária e o meio-ambiente, no intuito de incentivar uma
campanha por uma nova relação com a terra; pela preservação das sementes
originais (crioulas) e contra os organismos geneticamente modificados (OGM’s).

2. Através das bicicletas, questionar na prática nossa dependência do motor e


do dinheiro e tentando nos libertar da escravidão em que nos encontramos de
forma ecológica e autônoma.

Objetivos específicos:

a)Trocar sementes entre comunidades e indivíduos;


b)Fazer levantamento e distribuir a maior quantidade de variedades possíveis de
sementes;
c)Participar e contribuir para a realização de estudos, palestras e debates sobre
os pontos constantes nos objetivos gerais;
d)Conhecer práticas agroecológicas para aprendizado mútuo em todo o Brasil de
bicicleta;
e)Trazer as experiências para serem partilhadas em nosso meio, nos sertões
nordestinos.

Um pouco sobre o grupo

Somos um grupo que está nas realidades urbanas e rurais com opção clara
pela causa sócio-eclógica, com presença mais constante nas realidades rurais e,
mais especificamente, nas áreas de reforma agrária (Assentamento 24 de Abril
e Assentamento Mandu Ladino/ Barra do Leme – Pentecoste). Estamos há
mais tempo no Estado do Ceará, nordeste do Brasil. Acompanhamos as lutas
sociais do campo e as ocupações de terra até formarem-se assentamentos
legalizados. É daí que parte a nossa preocupação e para reafirmá-la sempre,
resolvemos perambular com ela, partilhando-a com o mundo e seu universo de
diversidade.

A primeira preocupação é o fato de termos mudado a terra de dono e não


termos mudado as relações de produção, mantendo a mesma lógica produtivista
com queimadas, agrotóxicos, herbicidas, etc (sem uma discussão política de
produção e apropriação, permanecendo o trabalho alienado e com fins
comerciais), e sem uma discussão sobre como devemos nos comportar frente
ao esgotamento dos recursos naturais, inclusive da terra.

A segunda preocupação é com o desaparecimento das sementes originais, as


quais nós plantávamos, colhíamos e da nossa colheita plantaríamos novamente. A
maioria das sementes passou por um processo de hibridação que nos fez perder
o controle das nossas lavouras, pois temos que comprar todas as vezes que
quisermos plantar as hortaliças, principalmente.

A liberação dos transgênicos nos foi a gota d’água, a qual nos fez decidir
arribar mundo afora para travar debates sobre esta realidade. Ao voltarmos para
nossa terra, queremos trazer dados concretos sobre as questões levantadas.
Domingo, 4 de Junho de 2006
Fotos da saída no Emaús

Saída, 24 de maio, de Fortaleza.


Do Emaús para a Argentina...

Já na estrada...
Segunda-feira, 5 de Junho de 2006
Notícias da Estrada 02
O Ciclovida chegou em Senador Pompeu nos últimos dias e pretende ficar a
semana por lá. Em breve mais detalhes da viagem e da chegada em Senador
Pompeu. Percurso: Fortaleza - Acarape - Quixadá - Senador Pompeu.
Notícias da estrada 03

Dia 24/05/06, quarta-feira.

- Saída da Comunidade dos Trapeiros Movimento Emaús (quase 10 horas).

- Presentes na despedida: João Elias, Sabrina, Elizabeth, Decklé Renan.

- Acompanhantes: Ivânia (até a entrada de Acarape), João Paulo, Margarida


(até o Acarape). Batemos fotos.

Primeira parada - 11 horas, na Monguba, há aproximadamente 10 quilômetros


de caminhada. Casa de Zenilda e Raimundo da Viola e família, onde
almoçamos, descansamos o sol do meio dia e partimos às 14 horas;

Segunda parada - 15 horas, há 2,5 km para chegar a Guaiuba, 20 quilômetros


de caminhada, onde tomamos água, café e ganhamos 4 laranjas naturais que
as levamos para tirar as sementes e repassar por aí;

Terceira parada - Riachão do Norte, 35 quilômetros de caminhada, casa de Zé


Chagas e Tânia, onde tomamos café e conversamos muito sobre sementes e o
mesmo (Zé...) falara de suas pretensões políticas de puxar um movimento de
protestos às eleições, como greve de votos... Deixamos uma laranja com ele
que se comprometeu plantar suas sementes;

Quarta parada - Assentamento 24 de Abril, Acarape, 45 quilômetros de


caminhada, onde foi palco de muitas lutas e discussões sobre a nova relação
com a terra, onde enfrentamos muita resistência contra as ações depredadoras
do capital, representado pela cúpula da associação local do assentamento e
técnicos do Estado (INCRA) e empresas locais como a Ypióca e Yamacon,
surgindo o Grupo Autônomo, como forma de resistência aos desmatamentos e
vendas das madeiras para estacas e da água do açude, isto defendido como
meio de criar condição de sobrevivência na terra, respondendo compromissos de
dívidas, inclusive bancárias e outras necessidades. Esta dar-se de 1999 até
nossos dias.

Chegamos na casa de Bosco e Zélia onde jantamos, conversamos pouco porque


o mesmo e seus dois filhos encontravam-se caídos de virose, repassamos três
laranjas para o Bosco que se comprometeu em plantá-las. Dia seguinte pela
manhã tivemos a visita de Cássia, Katiana e Sharlon do Grupo Alternativo da
Juventude de Acarape (GAJA) e partimos para o Acarape (há 2 km) após
um banho do açude do assentamento.
Notícias da Estrada 04
Narrado pelo Ciclovida:
Quinta parada – Dia 25 de Maio, quinta-feira - Acarape. As 11 horas,
encontramos com a presidenta do sindicato dos servidores públicos de Acarape e
Barreira, que há um mês atrás havia se comprometido de contribuir com o
Ciclovida na compra de 50 reais de literatura de cordel, justificando não ser
possível por não ter como encontrar hoje a pessoa responsável pela liberação de
recursos, despachando por sua conta uma mini cesta de alimentos no valor
aproximado de 15 reais.

Encontramos em seguida com Fran derlan e Sandra num carro do ESPLAR que
nos convidaram para passar na comunidade, precisamente na vila dos Guilherme,
município de Chorozinho, onde estão construindo cisternas pelo programa “1
milhão de cisternas” para conversarmos sobre sementes. Os mesmos levaram
nossas bagagens até a dita comunidade e nos esperariam a noite. Logo mais
fomos convidados para um almoço oferecido por Margarida e João Paulo.
Almoçamos juntos com a galera do Grupo Alternativo da Juventude de Acarape
( GAJA): Margarida, João Paulo e Francisco seu irmão, Cássia, Katiane e
Sharlon. Este grupo desenvolve atividades libertárias junto a juventude do
Acarape, além de apoiar a luta sócio-ecológica do Grupo Autônomo do
Assentamento 24 de Abril, desse município e outras lutas como a do ciclovida.
As duas horas da tarde caímos na estrada rumo ao Chorozinho.

Sexta parada – Lagoa dos Patos, às 5 horas do mesmo dia. Chegamos à Vila
dos Guilherme, encontramos com o Fran e a Sandra, que nos apresentaram ao
pessoal que construía as cisternas em forma de mutirão e confeccionava as
bombas de puxar água das cisternas. Logo à noitinha fomos convidados a expor
os objetivos da caminhada do Ciclovida, o que fizemos, colocando que buscamos
realizar uma tarefa, a de fazer um levantamento sobre as sementes naturais,
partilhando uma preocupação com os rumos que estas estão tomando sob a
ofensiva da dominação da indústria do agro-negócio e suas metas de em pouco
tempo controlar de todo o processo produtivo do setor agrícola a partir da
apropriação das sementes.

Hoje ainda restam algumas sementes como o milho, feijão, arroz, entre outras
que fazem parte do cotidiano dos plantadores. As sementes mais ameaçadas
hoje são as das hortaliças, que já receberam um tratamento de enfraquecimento
genético para que não se reproduzam nas mãos de quem as plantam. Falamos
da contradição que pode ser uma Reforma Agrária, onde o agricultor toma posse
da terra ao mesmo tempo em que perde a posse das sementes, que significa
também a perda da autonomia frente ao processo produtivo no campo agrário.
Falamos também que não é possível realizarmos ocupações de cunho econômico,
mas de cunho sócio ecológico, travando discussões políticas de produção e
apropriação, pois nosso produtivismo aumenta a força política com que a classe
dominante nos massacra.

O desaparecimento das sementes das nossas mãos é uma situação que temos
que contornar, do contrário, teremos no campo uma situação incompatível com a
vida e com os próprios interesses históricos dos explorados, arriscando de
ficarmos completamente impotentes (com risco de irreversibilidade do possesso)
se não tomarmos desde já uma atitude com relação a tudo isso. Relutar para
não perder a posse das sementes naturais e por uma nova relação social de
produção e do ser humano com a terra é uma condição, “sine qua non” para
buscarmos a reversibilidade do reequilíbrio da vida na terra. Conhecemos, entre
outras pessoas, o Sr. Chico Rufino e o companheiro Bosco, este último escreve
poesias ressaltando os lamentos da terra e da natureza, cantando em forma de
música. Este pessoal é também muito sensível à questão das sementes. Depois
que nos ofereceram um jantar, deram-nos uma casa para dormir, onde
dormimos: Inácio, Bartira, Bruno, Fran e Sandra depois de conversarmos e
cantarmos as músicas do Ciclovida até aproximadamente meia noite.
Notícias da Estrada 05
Sétima parada - Dia 27/05/06, sexta-feira - Acampamento Uruanan,
propriedade da agroindústria Cione em Chorozimho, imediações do Triângulo de
Quixadá. Chegamos às 10 horas da manhã. Ali éramos aguardados pelos
companheiros, principalmente por Rodrigo e Leidiane. Chegando, fomos
apresentados ao acampados com quem trocamos idéias sobre a nossa atividade
de ciclovida e o Bruno e a Bartira brincaram com “malabares”, atraindo a
atenção de crianças, jovens e adultos e enfim falamos também de, além das
sementes, de questões de gênero e sobre a loucura, que é um assunto
abordado por Bartira na sua monografia na conclusão do seu curso de ciências
sociais e a mesma pretende discutir esta questão pelos caminhos do Ciclovida,
o que já iniciamos neste acampamento.

Falamos da loucura como uma produção sócio, política e cultural, onde alguém
pode interditar alguém por contrariar seus interesses ou simplesmente para se
beneficiar sócio, político ou economicamente. A loucura pode ser usada como
forma de neutralizar pessoas/problemas que possam vir a causar empecilhos às
pretensões ambiciosas de outrem. Alguns exemplos citados dão conta de que
existem em manicômios pessoas marcadas por sofrimentos extremos, vitimadas
por atos extremamente injustos, há pessoas traumatizadas por terem sido
violentadas ou extorquidas por pessoas do seu próprio entorno: vizinhos ou
familiares como maridos, filhos etc. e depois internadas como loucas. Assim
estas pessoas perdem as forças de relutância e sua recuperação não é desejada
pelos beneficiários de sua loucura e o sistema de tratamento mental torna-se
apoio aos “vitimadores” e não para os vitimados.

Nós, os integrantes do Cilovida sofremos também discriminações e preconceitos


muito parecidos, falam que estamos fazendo uma loucura, e xingam nossas
atitudes de “porra-louquices”. A história dos movimentos sociais são também
recheados desse tipo de tratamento dado pela ideologia da classe dominante e
sua pedagogia com intuito de imprimir um preconceito sócio-cultural, arma
camuflada de grande poder de combate a luta política dos oprimidos. Indo um
pouco atrás na história, época do massacre de Canudos, Antonio Conselheiro
teve sua cabeça aberta depois de morto, para se saber que tipo de anomalia
podia existir na cabeça de um sujeito que inquietava tanto um sertão tão
passivamente pacífico, a ponto de se armar contra o poder.

Este discurso do ciclovida é resultado de sua metodologia de ação, o de atuar


unificando as afinidades na luta de resistência pela vida dentro de um mundo
culturalmente biodiverso. A discussão sobre as sementes mexe com todo um
mundo de diferenças, mas interligado pela vida.
Notícias da Estrada 06
Oitava parada – dia 28/05/06, sábado. Churrascaria na estrada de Quixadá,
vizinho ao posto da polícia rodoviária, onde lanchamos mais ou menos 11 horas
e o Bruno pediu dois pauzinhos que sustentava um estandarte de propaganda
de preços, que serviria para brincar de “malabares”. A filha da dona (que era
funcionária) não fez questão, mas quando o Bruno foi tirar, a mãe (dona do
comércio) não deixou, irritando a filha, que se chama Vanusa, após a mãe dar
as costas, rasgou o estandarte e entregou os pauzinhos para o Bruno, dizendo:
“eu mostro como você os leva”. Agradecemos sua ação e partimos...

Nona parada – Às 13 horas paramos nas proximidades da Placa de Zé Pereira,


encontramos uma banquinha de venda de produtos da roça: milho cozido,
jerimum, castanhas assadas, café, entre outros. Comemos umas castanhas com
milho e café e batemos um bom papo com as pessoas dali sobre sementes e
sobre saúde com uma senhora de quase oitenta anos. Ela nos falava sobre
seus problemas de saúde e os potentes medicamentos que tomava e de sua
alimentação que era composta de muitos industrializados, enquanto mostrávamos
a contradição: por ironia, a banca de produtos naturais (da roça) era do seu
filho e ao entender tal contradição, a mesma senhora (dona Amélia) já preferiu
para si aqueles alimentos expostos à venda para os transeuntes da estrada
(turistas). E escutamos uma confusão para dentro da casa, que até parecia
ser da família que certamente não tinha gostado nada da nossa interferência. A
velhinha agradecida, nos deu milho verde, café e saímos amigos, menos da
família.

Décima parada – Às 17 horas no Piranji, ali jantamos num pequeno restaurante,


que nos cobrara três jantas por R$ 8,00, dormimos na calçada de um armazém
de milho sobre nossos colchonetes saímos após o café, dia seguinte...
Quarta-feira, 21 de Junho de 2006
Notícias da Estrada 07
Décima primeira parada – 29/05/06, Domingo - São Luiz de Ibaretama. Meio
dia. Localizamos a casa de Izinha e Valdeneide através de um telefonema para
Joana em Quixadá. Essas são companheiras de outras épocas e amigas de
Joana, Inácio e Ivânia. Com elas falamos do Ciclovida. Izinha nos ofertou um
pimentão maduro de sua própria lavra, dizendo ser natural, que havia recebido
de um amigo da serra, que plantava desta semente há anos. Será esta a
primeira semente natural? Vamos testá-la! Depois de almoçarmos rumamos à
Quixadá, eram 14 horas do domingo, dia 29/05/2006.

Décima segunda parada – 29/05/06, Domingo - Quixadá, as cinco horas da


tarde entramos em Quixadá e logo encontramos, na entrada da cidade, jovens
perto do Liceu praticando pulos mortais e ciclismo numa bicicleta de causar
admiração, esta tinha dobradiças sem travas que necessitava de muita habilidade
para se andar nela, porque fica se jogando para os dois lados e hora os pneu
estavam andando em paralelos, nos enturmamos um pouco com eles e partimos
para acabar de chegar na casa da Joana.

Chegando na casa dela, encontramos além do pessoal de casa: Joana, Daiana,


Felipe, Dona Maria, e o companheiro Danúbio e Ivânia e o Camilo que se
juntarão ao ciclovida na estrada (que são também ciclovida), Margarida, filha
de Inácio e seu namorado, o João Paulo, que fazem parte do Acarape também
nos tem dado apoio significativo nesta jornada. Estas pessoas tem sido de
grande importância para a construção do Ciclovida, articulando debates, nos
acompanhando, e principalmente no envolvimento com suas realidades como eles
fazem.

O pessoal de Quixadá: Joana e sua filha Daiana, o jovem companheiro


Danúbio, as pessoas que compõem a diretoria do Sindicato dos Servidores
Públicos (Graça, Luciene, Alexandre...) estiveram conosco sempre desde as
primeiras vezes que estivemos em Quixadá falando do Ciclovida, programaram
até campanha de finanças para viabilizar o projeto, juntamente com companheiros
jovens estudantes da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão
Central – FECLESC em Quixadá: Marquinhos e Marcondes e professores como o
Edisom, entre outros. Os jovens Belchior e Rute e o companheiro Osvaldo
deram apoio irrestrito, divulgando a atividade realizando com os integrantes do
ciclovida: entrevistas, filmagens etc. O SINDSEP além do mais publicou o livreto
de Literatura de Cordel, "O Processo de Cura Natural ou O Nascimento da
Cura no Pacto com a Natureza", de autoria de Inácio do Ciclovida, nos
oferecendo uma edição de 500 cordéis, que serão vendidos para dar suporte
financeiro para a viagem. Nós, do Ciclovida, levamos no coração todos que
estão solidários com esta caminhada e que só a Natureza, poderá agradecer a
todos nós, quando perceber os efeitos das nossas ações se ainda chegarem a
tempo.

Em Quixadá, o ciclovida reuniu-se mais uma vez para discutir encaminhamentos


relacionados com nossa atuação política na estrada. Como havia entre nós
companheiros que defendiam que o ciclovida deveria realizar ações de militante,
como protestos, pichações, etc. tivemos que discutir o assunto, decidiu-se que:
1- o Ciclovida não tem centralismo e não é uma organização de militantes e
sim uma atitude voluntária de pessoas que unificaram sua afinidades no objetivo
de fazer um levantamento e resgate, das sementes naturais (crioulas ou
caboclas) de bicicleta pelo Brasil e além fronteiras;

2- quaisquer decisões serão tomadas por consenso;

3- com relação as eleições o ciclovida vai ignorar total;

4- enquanto movimento social, no momento nos limitamos a discutir e a


partilhar nossas preocupações com indivíduos e coletivos interessados e/ou que
venham a se interessar pelo assunto, no campo e na cidade que é o
levantamento das sementes, sua coleta e incentivo a sua distribuição através da
troca entre plantadores, sua preservação e discussão sobre a Nova Relação com
a Terra, numa campanha contra a modificação genética dos vegetais pela
indústria do agro-negócio, o patenteamento dos seres, contra as sementes
TERMINATOR (suicidas), por um mundo livre de queimadas e de transgênicos;

5- outra coisa é que, quem fizer ação isolada sem discussão interna não pode
envolver o grupo.

Em Quixadá foram realizados dois debates: um pela manhã do dia 31/05/06,


terça-feira, e outro pela noite do mesmo dia na FECLESC, sobre as atividades
do ciclovida, enfocando temas diversos, além das sementes, mas imanentes à
questão, como: reforma agrária, movimentos sociais, mercadoria e educação na
reforma agrária. Dia 01/06/06, foi passado o documentário, A CARNE É
FRACA na sede do Sindicato dos Servidores Públicos de Quixadá – SINDSEP,
onde assistimos com a diretoria do Sindicato.

Décima primeira parada – 29/05/06. Às Uruquê, chegamos na Churrascaria de


um senhora chamada Fátima, que a pedido de Bartira permitiu que fizéssemos
um cuscuz de massa de milho, que logo após comermos feito farofa, saímos...
Sexta-feira, 7 de Julho de 2006
Notícias da Estrada 08
Olá companheiros! Quantas saudades!

Para nós, vocês são construtores deste projeto, mesmo não estando na estrada
de bicicleta conosco, já vivem na estrada dos movimentos sociais em busca de
uma sociedade libertária. Esta nossa atitude é apenas uma maneira, isto é, uma
forma de buscar a transformação social.

Estamos na estrada resgatando as sementes de revolução! Seja bem vindo


conosco, você e todos que estão na construção da estrada da vida destruindo a
estrada da morte! Esta que não será uma obra de poucos, mas de milhões
por esse imenso mundão de tantas estradas e de tantos caminhantes. Esta
caminhada não tem sido fácil, é graças a força de tant@s que estamos
conseguindo superar muitas forças contrárias.

O exemplo dessas dificuldades é o que tem atravessado a companheira Ivânia.


Houve investimentos pesados negativamente por parte de seus familiares para ela
desistir da viagem, mas como ela está segura do que quer, voltaram-se para
os seus filhos (Camilo e Sandino), as inversões afim de chantageá-la.

Os meninos que são acostumados pegar estrada conosco (tantas vezes


cumprindo trajetos de bicicleta para: Sertão central – 150km; Barra do Leme –
70km; Acarape – 50km; Rio Grande do Norte – 300km e etc.), hoje
rechaçam tenazmente a idéia, decidindo-se não seguir conosco, rumo a
Argentina nessa campanha de resgate das sementes crioulas.

Em reunião recente tiramos um encaminhamento consensual de que não é


possível andar com alguém contra sua vontade. Já vamos com muito peso, com
mais uma carga de constrangimento e desânimo torna-se insuportável e o nosso
ciclo pode não resistir.

Difícil também ficou para nossa companheira, que procura encontrar meios para
conciliar sua ida com uma resolução satisfatória para a questão dos filhos. Esta
questão reduzia-se anteriormente ao problema do tratamento de Sandino, que
diante deste, todos compreendemos. Depois de resolvido, apareceu um outro, o
da desistência dos mesmos de pegar a estrada de bicicleta.

Dia 24 de maio de 2006, era ultimo prazo estabelecido para a viagem, como
Ivânia não podia partir naquele dia, em função de questões relativas aos filhos:
uma prótese na arcada dentária do Sandino, ademais, ele queria concluir o
semestre letivo, nesse caso só viajaria em julho, e o Camilo começou
demonstrar uma certa indisposição, mas tudo levava a crê que fosse pelo fato
de não está bem recuperado de uma virose.

Assim mesmo resolvemos partir, apenas três pessoas: Bartira, Bruno e Inácio.
Ivânia e Camilo acompanhariam o restante do grupo com uma semana depois,
indo de ônibus, levando as bicicletas e voltaria à Fortaleza para buscar o
Sandino só no final do semestre. Com esse encaminhamento partimos, como
consta no relatório de viagem. Ivânia realmente foi de ônibus com o Camilo até
a cidade de Senador Pompeu, à mais de 200km, levando as “bikes”, aonde já
se encontravam os três e de onde se daria continuidade a atividade do
Ciclovida na Estrada.

Tivemos que nos demorar em Senador Pompeu por uma razão justificável.
Razão esta decorrente da ida de Bartira e Bruno que foram de Senador
Pompeu até Natal, Rio Grande do Norte, para participar de uma discussão sobre
questão de gênero. Quanto a questão da Ivânia e das crianças, ocorreu que:
quando a Bartira voltou de Natal, o Camilo estava numa consternação
depressiva, sem querer falar com ninguém e sem querer opinar sobre nada.
Procuramos saber e não foi difícil entender que dizia respeito a viagem, que já
estava em contagem regressiva para a primeira pedalada na estrada, isto para
ele, porque para outras pessoas já haviam começado há dias.

O companheiro Danúbio que nos acompanhara desde Quixadá à Senador


Pompeu, presenciou nossos momentos de angústia e de impotência para
resolvermos sozinhos o problema, e ao voltar para Quixadá comunicou para
Joana e o André que se prontificaram a ir até Senador Pompeu para discutir o
assunto conosco, o que fizeram, indo dia 14 de maio e a noite nos reunimos.
Ao final percebemos o quanto ele (Camilo) estava rejeitando a idéia da
viagem, tiramos outro encaminhamento de convidá-lo para uma conversa com
todos nós, para discutirmos com ele mesmo a solução para o seu próprio caso.

A conclusão é que, a decisão do mesmo é a de ficar. Mas onde? A Joana e


o André prontificaram-se a ficar com ele. Simpática proposta, inclusive para ele
que aceita ficar com ela (joana), o Felipe e a Daiana, que moram em
Quixadá, com a visita constante do André que mora em Fortaleza.

No caso da Ivânia, a mesma teve que voltar para Fortaleza com o Camilo para
encaminhar sua volta para a Joana. Ao chegar em Fortaleza se deparou com
outra questão: Sandino também não estava mais disposto a viajar de bicicleta.
Bombardeada por conselhos e apelações dos familiares e vizinhos, e até
ameaças de acionar conselhos tutelares, posicionando-se contra a ida dos
meninos e dela própria.

Ivânia, sentindo-se impotente para resolver sozinha esse dilema, pediu para o
companheiro Inácio voltar (já tinha chegado na Paraíba com a Bartira) para lhe
dar uma força nestes obstáculos rumo a uma resolução, podendo ser até
mesmo, a não continuidade dela na viagem, o que veio preocupar o restante do
grupo.

O Inácio voltou, chegando dia 24 de junho, com um mês exato de viagem e a


Bartira foi ao Crato, onde fica com familiares enquanto se resolve as questões
pedentes e o Bruno continua em Fortaleza resolvendo também seus problemas
pessoais. Mais um caso a resolver, o do Sandino.

Conversamos com o mesmo sobre a solução do seu problema e surgiu a


proposta de o mesmo ficar na casa de Auri (mãe das filhas do Inácio), no
Assentamento Rural Barra do Leme, em Pentecoste, onde estávamos morando
até viajarmos. Sandino concordou com a idéia, faltava agora consultá-los (Auri
e De Assis), o que fizemos dia 03 de julho/2006. Fomos no assentamento e
os mesmos nos deram a resposta positiva.

Temos agora que resolver questões pendentes dos dois meninos, como escola e
consultas odontológicas, caso do Sandino. Esperamos que em uma ou duas
semanas tenhamos resolvido toda estas questões e estejamos prontos para a
retomada da estrada, pelo que já estamos bastante ansiosos.

O trajeto que fizemos até agora foi de 500km de Fortaleza até Cajazeiras, na
Paraíba, e o que encontramos de sementes foram apenas 02 (dois pimentões).
As pessoas que nos deram afirmam ser naturais e já repassamos para algumas
pessoas (inclusive do Acarape) plantarem, para fazermos um teste. Tivemos
notícias de que podemos encontrar sementes de tomates e de outras culturas
numa comunidade em Icó, aqui no Ceará, devemos passar por lá quando
formos retomar a estrada.

Abraços dos companheiros do Ciclovida!

Acreditamos que vamos superar os obstáculos que têm se atravessado em nosso


caminho e que a síndrome do desenvolvimento e do sedentarismo burocrático da
civilização não deve nos abalar ou se ocorrer, vamos relutar!

Ciclovida.
Segunda-feira, 4 de Setembro de 2006
Notícias da Estrada 09
"Já conseguimos sair do Ceará, estamos em Pernambuco; estávamos em
Cajazeiras na Paraíba, mas voltamos pelo Cariri e entramos por Pernambuco a
partir do Exu; visitamos algumas experiências de agroecologia no Cariri e em
Timorante e Bodocó, agora estamos em Ouricuri, Pernambuco; aproximadamente
200km da Bahia. Enfim, é isto. Depois mandamos o relatório". Valeu! Ivânia,
Inácio, Bartira.
novas notícias, bem resumidas...
16 de junho de 2006,

Passamos dez dias em Senador Pompeu, onde tivemos apoio carinhoso de


Tereza e Luis; bem como dos filhos: Jussara, jussimara, Jussimeire, Junípero e
ju e dos irmãos de Tereza: Eremita, Hermes(Dois dias de trabalho com as
bicicletas); q já eram companheiros de lutas anteriores de Inácio; além de cem
reais de material de bicicleta por parte do Antônio, também irmão de Tereza.
Saindo de lá, fomos em direção a Piquet Carneiro, onde tivemos uma boa
acolhida pelo amigo do Inácio, chamado Lele q além de tudo nos ajudou no
reparo da bicicleta. Por volta das 9h da manhã do outro dia, saímosde lá,
planejando chegar a noite em Acopiara; onde dormimos na rodoviária.
De Acopiara pra Iguatu; chegamos nesta por volta das 10h da manhã;
buscamos contato com antigos companheiros da luta social do campo; mas
infelismente não tivemos nenhum. Mais uma vez dormimos na rodoviária. Lá
conhecemos um rapaz q nos pareceu amigável a principio, e nos ofereceu para
pernoitar no seu apartamento de pousada; no entanto após longas conversas,
observamos q suas posições eram bastantes machistas e desinteressantes para o
nosso trajeto; opitamos assim dormir na Rodoviária de Iguatu. Ao amanhecer do
dia 18 de junho, saímos, continuando a viagem e dormimos num posto, no
municipio de Cascudo, onde encontramos pessoas bastante receptivas e entre
elas, nos chamou a atenção, a Hanna; q até brincou com sua filhinha, dizendo
q ia conosco. Após saírmos de lá, no amanhecer do dia seguinte; chegamos
em Icó, por volta das onze horas da manhã; fortalecidos com bons bate-papos.
Chegando nesta cidade fomos ao sindicato dos trabalhadores rurais para obter
informações sobre as comunidades rurais da região e eles nos forneceram dados
sobre sementes naturais, onde eles apresentaram algumas variedades: milho
pipoca, gigilim preto e gigilim branco, feijão cassapum, feijão rosquinha,
amendoim, feijão corujinha, feijão trivicia, feijão quebra cadeira, cabaça, feijão
coquinho branco, feijão galanjão, feijão milagroso, milho palha roxa, fava
gordurinha,arroz rio formoso, melão verdadeiro,melancia rajada, fava branca, feijão
cedrence, milho pixurum. Um "detalhe" preocupante é q o diretor do sindicato;
José Simão, fala q já desapareceram vários tipos de sementes, onde destaca
agravante para o milho.
O sindicato nos ofereceu a princípio uma colaboração de 40 reais, mas depois
baixou para 20 reais; nos deram almoço e dormida.
Pela manhã do dia 20 de junho, seguimos para Cajazeiras, mas dormimos há
20km de lá, em um posto na cidade de Felizardo na Paraíba. No outro dia,
chegamos em Cajazeiras, onde procuramos informoções a cerca das sementes
naturais; mas não nos souberam informar e nos indicou a CPT(Comissão
Pastoral da Terra); lugar onde nos informaram de algumas experiências de
agricultura orgânica, de legumes e cereais por alguns agricultores da região; de
lá, o Inácio voltou para Fortaleza para dar uma força à Ivânia na resolução de
problemas q surgiram, com a desistência de Camilo e Sandino para viajar com
o Ciclovida e Bartira seguiu para o Crato onde ficou aguardando a chegada dos
companheir@s Ivânia e Inácio.

mais notícias, tbm resumidas...

Dois meses depois, nos encontramos em Cajazeiras...


Ivânia e o Inácio vieram de Fortaleza, passaram dois dias em Quixadá,
reuniram-se com jovens q apóiam o Ciclovida( Ruth e Belchior) e querem
fazer uma atividade nos colégios públicos de apoio ao Ciclovida. Reuniram-se
também com companheiros q fazem parte do Ciclovida em Quixadá e estão
fazendo um levantamento das sementes na região de lá; Joana, André e
Danúbio. No dia 22 de agosto, saíram de Quixadá à noite, dormindo na casa
dos companheiros Tereza e Luís em Senador Pompeu. No dia 23, pela manhã,
vão em bairros populares em Senador Pompeu, visitar uma horta de um casal
de companheiros antigos do movimento Social do campo. Dia 24, às 5h da
manhã, viajam para Icó à procura de uma companheira q na viagem passada,
deram notícia quando já estávamos há uns 20km de Icó; q ela havia hortaliças
naturais; mas na parada atual na cidade, Ivânia e Inácio percorreram a
comunidade dita e não existia esta pessoa. Almoçamos na casa da companheira
Fátima Mota; q nos recebeu com carinho; saímos de lá depois da janta,
pegando ônibus às 19h para Cajazeiras. Chegando lá, vamos atrás das bicicletas
de Inácio e Bartira q ficaram guardadas lá; fomos acolhidos fraternamente pelo
companheiro Modesto. No dia 26, fomos à Feira da região e percebemos q
houve uma mudança considerável, na feira dos agricultores de lá; poucos
produtos da agricultura local. No dia 27, chega a companheira Bartira, para
seguir a caminhada q recomeçaria no dia seguinte; dormindo de madrugada,
incomodando o Modesto q nos ajudou bastante, arrumando as bagagens nas
bicicletas e às 4h30 da manhã, já estávamos de pé para a caminhada do dia
28.
Dia 28 às 6h da manhã; estávamos novamente na estrada. Na primeira parada
em Cachoeira dos ìndios, tivemos uma experiência frustrante, ao tentarmos entrar
em contato com a cooperativa agrícola para informações dentro de nossa busca;
ao falarmos com o presidente da Cooperativa, Francisco, conhecido como Peba,
este não soube nos dar a menor informação sobre as comunidades rurais,
sendo, conosco, bastante ignorante e arrogante, nos deixando muito revoltados.
o resto da caminhada foi agradável; dormimos em Milagres num posto na
entrada de lá e fomos muito bem acolhidos pelo gerente de um restaurante de
lá, q nos tratou muito bem, deu comida, foi bem cuidadoso com a gente, sem
fazer distinção entre os fregueses, sem nos cobrar nada. No outro dia, 29 de
agosto, seguimos para juazeiro, fomos muito bem tratados em todas as paradas
q descansávamos 15min.
Em juazeiro do Norte fomos acolhidos pela madrasta do inácio, d. tereza, q nos
tratou muito bem. No outro dia almoçamos em casa dos tios do Inácio, Deído e
Dedego.
Por volta das 16h, saímos para o Crato e ficamos na casa dos pais de Bartira;
Ronald e Conceição. Chegamos lá na quarta feira, dia 30 e na quinta,
colocamos nossa preocupação em cerca do desgaste ambiental, falando de nossa
busca pelas sementes naturais; num debate q realizamos com a ajuda de nosso
amigo Jesus(um estudante do curso de biologia do Crato)na Universidade
Regional do Cariri (URCA). Estamos percebendo, além de tudo, q não é só
um resgate das sementes naturais q estamos fazendo, mas também da
sensibilidades humana.
Na sexta-feira, fomos a ACB(Associação Cristã de Base) onde eles realizam
pela manhã, uma feira de produtos orgânicos e lá podíamos ter contato com os
agricultores da região; vimos q nesta região há o cultivo de sementes naturais
de hortaliças, como tomate cereja; alface. Tivemos contato com Meire, q é
presidente da associação dos horticultores Olho d'água em Araruna e ela disse q
cultivava hortaliças naturais.
No dia seguinte; Conceição e Ronald nos levaram até Nova Olinda, onde havia
uma agrofloresta cultivada pelo agricultor Zé Arthur; na qual a Bartira, junto com
um companheiro de Brasília, chamado Enrico; haviam passado lá, anteriormente
( no período em q Bartira esperava os companheiros Ivânia e Inácio, chegarem
de Fortaleza, há quase um mês atrás), depois de terem ido numa comunidade
próxima ao Timorante, onde há cultivo de hortaliças naturais e conseguiram
muitas sementes de cuentro, mudas de cebolinhas e algumas tomates naturais,
além de muda de banana natural e mamões naturais q seu Expedito lhes deu;
então eles doaram sementes de coentro para seu Zé Arthur, q não apresentava
sementes naturais de cuentro. Quando chegamos na comunidade em Nova
Olinda, ele havia dito q já tinha plantado do Cuentro; ele também nos deu
umas tomates cerejas naturais e Inhame Cará natural.
No domingo, dia 3 de setembro, seguimos viagem; os pais de Bartira nos levou
até o Exu e daí em diante seguimos com as bicicletas. Fomos ao timorante,
onde vimos algumas experiencias de agricultura orgânica e plantações de
hortaliças, na qual a Bartira já havia ido conhecer com o companheiro de
Brasília q se mostrou bastante interessado pela campanha do Ciclovida,Enrico.
Fomos muito bem recebidos pela família de seu Expedito; Maria Merilania, Fábio,
Antonia Marcia, Francisco Flávio, marcos, Marina, Francisco Cesar, hugo, joão,
Marcio e Junior.
Saindo de lá, fomos a Bodocó, onde pernoitamos para presenciarmos a feira q
há na região, toda segunda feira.
Ficamos impressionados como a feira atinge quase 90% da população daquela
cidade; vendemos alguns cordéis, tivemos alguns apoios como do Paulinho(
conhecido da companheira Bartira), Ronaldo e seguimos para Ouricuri.
Ao chegarmos nesta cidade, tentamos entrar em contato com uma ONG,na qual
ouvimos dizer q tinha experiência com agroecologia;mas quando chegamos em
sua sede, havia apenas uma recepcionista q cumpria sua tarefa como se
estivesse numa empresa( ONGs e empresas realmente são bem semelhantes;
ela nos foi gentil, educada; mas no entanto a formação daquela casa; não
comportava uma opção como a nossa; q não tínhamos onde dormir, não éramos
"gringos", e estávamos com fome e bastante cansados; mas ela nos indicou um
posto para nos acomodarmos. No primeiro Posto, chamado Quixadá; fomos
tratados com muita mesquinharia, o gerente do posto não nos permitiu dormir
lá,colocando um frentista para nos informar disso, quando estávamos nos
dirigindo para falar com o gerente. No segundo posto tivemos uma boa acolhida
pelos trabalhadores de lá.
Nele, fomos surpreendidos com a presença de um dos diretores da Caatinga(A
ONG, q tínhamos procurado anteriormente); querendo nos conhecer, pq o vigia
q ficou amigo da gente, havia falado de nós para ele; o diretor falou conosco
no carro em movimento; perguntou quem éramos nós, se o Inácio era
estrangeiro; explicamos a ele o nosso objetivo, falamos sobre o Ciclovida, mas
mostrando-se pouco interessado; continuou seu percusso desejando "Boa Viagem,
vcs têm coragem!"; ao amanhecer do dia 5 de setembro, nos preparamos para
saírmos cedo; muitas pessoas nos alertaram a respeito da passagem do Jacaré,
q íamos percorrer, lá era um tanto perigoso. Ao andarmos 10km, vimos um
acampamento de sem terras, onde paramos para conversar com eles e colocar
pra eles nossa preocupação com o meio ambiente; fomos muito bem recebidos,
tomamos café com os companheiros Noemi, Peba, Zé Milton, Luís Galdino,
Ednaldo, Expeditinho e um companheirinho pequeno Matheus; era o
Acampamento Caipitu. Nos deram peixe, nos convidaram para o almoço, mas
tivemos q ir; preocupados com a localidade do Jacaré " A boca da morte", q
era perigoso a partir do período das 17h.
Na busca de água e cansados pelo calor, como o caminho era bastante
deserto; ao avistarmos uma casa há uns 30km de Ouricuri, paramos para beber
água e acabamos conversando bastante com a senhora q nos forneceu a água.
O medo q as pessoas vivem nessa comunidade, por ser isolada e passar
muitas pessoas desconhecidas; às pessoas se fecham com medo do estranho;
mesmo q nas conversas, nos indentificássemos com a miseria q era comum
entre nós, ela partilhou histórias de vida impressionantes; mesmo assim, não
abriu a porta para entrarmos e permanecemos no sol escaldante de 12h.
Tivemos q pedalar com fome, com a agonia pelo dezerto e o sol quente,
angustiados. Ao pedalarmos umas duas léguas, avistamos um juazeiro; onde
descansamos até aparecer uma cobra coral, na qual nos assustamos e saímos.
Para aguentarmos o resto da caminhada, tomamos um banho numa lagoa
próxima de nós. Até q enfim, chegamos a Santa Cruz; fomos atrás do
Sindicato, explicamos para os diretores a nossa causa; mas eles não nos
acolheram de forma alguma, alegando não estar em conjunto com os outros
diretores, não podendo decidirem entre os três presentes, ficamos revoltados com
tal situação extrema de burocracia e colocamos isto para eles. Acabamos
dormindo num posto na saída da cidade, fomos muito bem acolhidos pela família
de Conceição e suas filhas; elas conseguiram carona pra gente até Petrolina,
com o caminhoneiro Tico.
Segunda-feira, 11 de Setembro de 2006
De Petrolina à Capim Grosso, notícias resumidas de novo...
No outro dia, 6 de setembro de 2006; estávamos em Petrolina...
Mais uma vez, procuramos pelo sindicato, o q nos deixou com mais repugnância
ainda, no q diz respeito a máquina burocrática do Campo. Vale ressaltar q a
nossa busca pelos sindicatos, é somente para nos orientarmos do mapa das
comunidades rurais locais e o q percebemos é q eles não têm mais relações
com o campo, tudo parece girar em fuñção do poder do mercado.
Nos abateu muito o pensamento predominante ligado ao Mercado, nos sindicatos
de trabalhadores rurais de uma forma geral; nos preocupa perceber q a relação
q os trabalhadores têm com estas pessoas q dominam a máquina burocrática,é
de ingenuidade, como se o sindicato tivesse prestando-lhes um favor. O
sindicato de lá, tinha uma estrutura muito grande, no entanto não podíamos
dormir lá, tivemos q mais uma vez, dormir num posto de gazolina afastado da
cidade.
Antes, ainda à tarde fomos a Juazeiro, pra feira de lá; almoçamos e uns
companheiros q estavam à mesa conosco, ficaram bastante interessados no
movimento do Ciclovida e perguntaram se não queríamos ser entrevistados pela
tv local, filiada à globo; pois um deles era amigo de um reporter da rede
estadual filiada à globo; mas temos resistência a certos meios de comunicação,
principalmente deste tipo.
No outro dia, Juazeiro da Bahia, tivemos q enfrentar o estresse da Ponte do
Rio São Francisco, q liga Petrolina à Juazeiro; bastante tumultuada pelo 7 de
setembro.
Fomos a um posto na saída da cidade, onde dormimos dois dias e fizemos
bastante amizade, um posto em frente a CEASA onde tinha muitos trabalhadores
disputando cargas.
Em juazeiro, não deu pra fazer quase nada, pegamos o 7 de setembro, o 8
de setembro q era festa do padroeiro da cidade e o 9 de setembro, já era
sábado; dia pra fazer nosso relatório, mais fomos incomodados o dia inteiro por
uma pessoa exclusivista, da qual não conseguimos nos afastar. Choveu bastante
este dia, fez muito frio; dois caminhoneiros nos ofereceram carona. Um ia nos
levar à Capim Grosso e o outro para Brasília. Mas não podemos ir à Brasília
agora, devido a atividade q precisamos ainda fazer por Bahia, precisamos passar
por muitas comunidades rurais daqui ainda.
No dia 9 de setembro, nos transferimos para o outro posto, próximos ao q
estávamos, por ser mais seguro para dormimos. No outro dia, íamos ao
encontro com o Caminhoneiro q nos ofereceu Carona à Capim Grosso, mas
infelizmente este não compareceu; não se deve confiar em todo mundo, né?!
Esperamos um pouco ainda e depois fomos dar nossas pedaladas, com atraso,
pela espera do caminhão.
20km depois de Juazeiro; um caminhão parou e perguntou pra onde estávamos
indo, de início ficou receoso em dar carona, pois éramos três e em Sr. do
Bonfim, havia posto fiscal; mas sugeriu, logo após, nos dar uma carona de
20km; q se tornaram 230Km. Seu Zé de Oláia nos trouxera até Capim Grosso.
Foi uma Carona Maravilhosa, seu Zé tinha muita história pra contar, também era
cordelista, viveu muito tempo na Roça e era de uma sensibilidade enorme. Nos
deixou em Capim Grosso, por volta das três horas da tarde no posto mais
seguro, onde lavamos nossas roupas, cozinhamos e nos abrigamos. A noite, o
caminhoneiro q nos ofereceu carona p Brasília,Osmar, apareceu no Posto e nos
trouxera côcos pra beber, foi bastante gentil com a gente. No outro dia,
escrevemos o relatório q quase não sai; fomos expulsos do posto, pois este
bando de gente suja, acampada nas áreas do empresário, realmente afasta a
burguesia q frequenta o posto; mas fomos muito bem acolhidos pelo avô de
Piteu, Seu Valdomiro e pelo Piteu,um adolescente de 12 anos, q nos fazia
companhia, além de Fernando, q trabalhava na borracharia, Valdinei e mais
outros dois companheiros.
Hoje, dia 11 de setembro,fomos a feira de Capim Grosso, bastante interessante;
conversamos com algumas pessoas q plantam hortaliças naturais na Comunidade
do Junco e estaremos indo para lá amanhã, além de um Assentamento
chamado Caissara; íamos sendo atropelados por uma moto, enquanto estávamos
numa das barracas; engraçado; pegamos estradas sem acostamento e no entanto
íamos sendo atropelados na cidade, numa barraca, enquanto estávamos na feira.
Agora, estamos aqui na internet colocando quase tudo o q rolou da viagem; de
uma maneira superficial, pois temos muitas coisas ainda pra discutir e colocar
em questão, de tudo o q estamos vivenciando e aprendendo, das relações entre
as pessoas e pessoas; pessoas e natureza e de tudo o q estamos observando
com mais detalhe...mas infelizmente, não estamos dispondo de muito tempo e
nem temos muito dinheiro... Enfim, é isto.
Abraços!
Ciclovida na Estrada.
IVânia, Inácio e Bartira.
Sexta-feira, 29 de Setembro de 2006
A falta de dinheiro...
Bem gente, já estamos em Brasília; mas não tá dando pra colocar o diário aqui
pela ausencia de dinheiro, assim como tbm não deu para revelar as fotos e já
não temos mais filmes. Vamos ver se passamos ao menos uns dez dias por
aqui, pra ver se articulamos alguma grana. No mais, temos recebido muito apoio
pela estrada, principalmente dos mais humildes.
Estamos sozinhos enfrentando as estruturas burocráticas e não temos recebido
apoio nem mesmo de companheiros de movimentos libertários q diziam
compreender a importância desta atividade; estamos sem dinheiro nem mesmo
pra revelar as fotos e acabaram os filmes para registrar a viagem. Passamos
por perigos na Estrada q mereciam terem sidos registrados; pq enfim esta
pedalada tá longe de ser aventura, não tem sido fácil. Por incrível q pareça, as
solidariedades q mais temos recebido, têm sido do povão, ditos alienados; estes
é q têm sido mais sensíveis ao projeto q estamos realizando; ajudando com
pouca comida, com pouca água, com pouco tempo e pouco dinheiro.
Muitas vezes encontramos trabalhadores q pagam reifeições p gente com seu
pouco dinheiro, mesmo a gente insistindo em não receber, mas eles percebem q
a gente tá precisando mais do q eles e querem ajudar a todo custo.
Continuamos dizendo q esta atividade não é nossa, mas de todos q se
disponham a desconstruir este mundo onde toda expressão natural é
transformada em mercadoria; como no caso das sementes.
Sentimos q as organizações q tratam de ecologia, como ONGS e sindicatos têm
nos tratado sempre com desconfiança, não nos oferecendo nem mesmo uma
dormida, apesar de ver nossos esforços em tratar da mesma questão ecológica
q eles dizem tratar.
Tivemos grandes apoios de frentistas, borracheiros, q mesmo correndo risco em
desobedecer as regras dos gerentes, nos abrigavam. Alguns gerentes quando
sabiam, nos expulsavam dos postos. Muito apoio de Trabalhadores rurais em
assentamentos, caminhoneiros, circenses, pessoas religiosas, loucos das cidades,
desabigados, famintos; temos tido. Já de movimentos anticapitalistas, a ajuda tá
bem distante; parece não haver sentido esta atividade de luta cotidiana.
Enfim, é isto.
Encontramos muitas sementes naturais na Bahia, mas colocaremos com mais
calma depois q melhorarmos nossa situação financeira.
Inácio, Ivânia e Bartira.
nossas consideraçoes.
Ola!
agradecemos a preocupacao de alguns individuos q sabemos q realmente se
mobilizam, nao queriamos preocupar os q de fato fazem parte da construcao do
ciclovida, pois sabemos q estes ja vem construindo a atividade desde o principio
e nos parece q foram os mais sensiveis, pedimos desculpas pelo transtorno
causado, mas e q temos sentido muita distancia de alguns coletivos e individuos
q conheceram de perto o projeto ciclovida em Fortaleza, e q mesmo depois
deste alarme, nao se pronunciaram. Solidariedade p gente nao se materializa
apenas em dinheiro, mas nos contatos, comentarios no site, e-mails.
Apesar de tudo, no hall dos solidarios, existem um grande numero q podemos
citar, mas nao o fizemos, temendo cometer injusticas, pois podemos esquecer
alguns nomes, pois sao incontaveis, considerando a solidariedade desde fortaleza
a brasilia. Mas podemos citar alguns q estao direta e constantemente ligados,
mesmo correndo o risco;
Joana, Andre, pedro, phellipe do cmi, o grupo caricultura do assentamento do
Salgado em pentecoste, fram, ligia,margarida, joao paulo do ACARAPE, camilo,
sandino,bruno, geraldo mota e lucia, danubio, graça e luciene, ruth e belchior,
prof.edisom, joao elias,ronald e conceiçao,matheus feinstein...
com certeza cometemos injustiças, mesmo q involuntariamente e sem proposito,
de de repente estar esquecendo alguem, mas...acontece assim de vez em
quando.
abraços!
Ciclovida.
relatorio mais detalhado...De Capim Grosso a Jacobina
11 de setembro...( Capim Grosso-BA)
Terminando o dia, nos encontravamos sentados na calcada de uma lan house
(Inacio e Ivania) e Bartira estava dentro, findando a atualizacao do site; de
repente aparece um vendedor de briquedos (bolinhas de borrachas p
crianças)este senhor chamava-se Dão, nome q nos deu, qdo lhe pedimos uma
informaçao;este dizia-se primo do Lula,e lamentava-se de uma morosa questao
da justiça pra reaver sua propriedade, uma fazenda rica em minerios auriferos,
pedira uma força ao Lula, presidente e seu primo, q lhe respondeu vc e mais
rico q eu e vc vai ganhar esta causa e ainda vai me emprestar dinheiro;
embora nao tenha sido esta a informaçao q pedimos, a informaçao q queriamos
era onde podiamos passar a noite naquela cidade de forma mais segura e sem
pagar. Ele depois de nos deixar a par de toda a sua historia, nos informou q
havia o albergue, um abrigo q dava dormidas aos mendigos e peregrinos. Entao
agradecemos e nos dirigimos ao local indicado. Encontramos o albergue São
Cristovão, fomos recebidos por Edivaldo e sua companheira Ana; la encontramos
varias pessoas bastante interessantes q iam e vinham pelo mundo, exemplo do
casal com seu filhinho q pela nona vez, fazia o percusso de serra talhada para
Brasilia;perambulando de ocupaçoes rurais a urbanas, inclusive nos deu validas
dicas de experiencia de viagem sem dinheiro, como ir atras de radios
comunitarias, de igrejas... Depois q dormimos no albergue e nos tornamos
amigos dos responsaveis do abrigo, fomos conduzidos por sugestoes deles a
conhecer a casa de saude natural do bairro planaltina. Fomos na casa do
casal( responsaveis do abrigo) e seus avos, lanchamos, tomamos cha,
recebemos uma fita gravada de samba de raiz, da zona rural da regiao. fomos
agradavelmente recebidos pelo pessoal da casa de saude, especialmente sueli, q
nos mostrou como funcionava a casa; q nao era um internato, mas q atendia
pelo bionergetico duas vezes por semana e fazia limpeza de ouvido com uma
vela acesa, feita de pano de algodao com parafina; q lamentando-se do ouvido
tampado, a ivania foi solicitamente atendida e gratuitamente por sueli. q ao
nosso ver foi comprovada a eficacia, foi menos trabalho falar com a ivania,ate
hj escuta bem desde aquele dia.rsrsrs
tivemos a partir dai, a informaçao da casa do bioenergetico( internato) em
Jacobina, em seguida fomos solicitar uma participaçao no programa da radio e
depois fomos atraidos por curiosidade, para ver uma experiencia de cooperativa
e trabalho social do padre xavier, onde trocamos ideias e q tbm nos deu a
contribuiçao mediante recebimento de material, de cem reais,de apoio ao
ciclovida, mas alguns produtos alimenticios desenvolvidos naqueles setores.
em seguida fomos participar do programa da radio, onde divulgamos a atividade
e q despertou a tençao carinhosa de pessoas da cidade, como tiago, entre
outras. Anoitecendo fomos dormir no albergue novamente.
13 de setembro,
amanheceu o dia, montamos as cargas nas bicicletas, partimos rumo ao sitio
baixa ( pau darquinho)para cumprir a promessa q fizemos a francisco, um
rapaz q encontramos na feira de Capim grosso,de visita-lo. de inicio nao o
encontramos em casa, invadimos seu espaço, fizemos comida, depois ele
apareceu e ficou muito feliz em nos ver. dormimos por la, deu quarto, cama,
tudo de forma bem gratificante.
Dia 14 de setembro,
saimos de pau darquinho com bastante saudade de seu xico, tivemos sua
companhia ate a estrada. Batemos algumas fotos, com o mesmo e saimos rumo
ao junco,onde tivemos contato com alguns populares como alexandre e
rosemeire, diretora de um colegio local; chegando ali, fizemos um lanche e nos
informamos do assentamento caissara, para onde nos dirigimos; andamos
aproximadamente 9km e chegamos ao meio dia na casa de Maria Elza, q
encontramos na feira em capim Grosso;ela ficou bastante surpresa com nossa
chegada,meio desconcertada, nos apresentou ao presidente da associaçao, seu
irmao Inacio silva, q por sugestao nossa, convidou a comunidade para um bate
papo a noite, sobre a realidade das sementes. O q de fato, veio a acontecer,
ficando muita gente apreensiva e interessada no assunto, inclusive dentro de
culturas agroecologicasç pq ainda nao fazia parte daquela realidade. a noite nos
dividimos, pois havia dois lugares para jantarmos,Bartira e Ivania jantaram na
Maria Elza e seu companheiro Jenilson, e inacio na casa de Antonio e Dulce.
depois de boas conversas noturnas, fomos dormir no Espaço q eles tinham a
escola, onde fora cedido p gente, naquela noite. Deixamos naquela comunidade,
uma parte da batata de inhame cara(q recebemos na comunidade de seu ze
artur em nova olinda- ce),para Antonio e Dulce, q se comprometeram em
repassar as sementes p comunidade. Maria Elza nos deu algumas sementes de
alface e de pimentao, o q ela tinha de natural.
15 de setembro,
nos despedimos, tiramos algumas fotos,destacando as casinhas embrioes,
modelos padronizados de agrovilas, de menos de 20m de distancia de uma pra
outra, feito uma aldeia circular, em torno de uma caixa dagua.
Partimos rumo a jacobina...
rompendo uma estrada de chao, onde sai na pista principal; encontramos na
comunidade do paraiso, fomos abordados, por alguem, conhecido como Jorge do
pedal; q se reconheceu em nos, como ciclista, nos falando q tbm tinha sido
peregrino do ciclismo, percorrendo todo o brasil; mas havia grandes diferenças
de projeto entre nos e ele, a viagem do Jorge, contara com aparatos de
grandes empresas e orgaos publicos e privados;pela natureza propria de sua
campanha de anti- droga; sem questionar em nada a estrutura socio-politica e
economica.Tomamos seu cafe oferecido e agradecemos; recebemos sementes de
pimentao, alguns tomates e pimenta do seu quintal. Dai partimos, continuamos
na estrada de chao e ja na chegada da pista principal; a sede nos fez parar
diante de uma casa, e a partir dai q começa um encontro muito animador; na
morada de Gilson carneiro, com sua experiencia agroecologica, orientada pelo
MOC( Movimento de organizaçao Comunitaria, situado em feira de Santana,
BA) e pelo IRPAA(Instituto Regional da pequena agropecuaria, situada em
Petrolina, PE),O MOC ao mesmo tempo q trabalha com agroecologia, esta tbm
dentro da campanha de estimulo a monocultura do bio diesel; este orgao opera
em acessoria tecnico e financeira para comuinidades rurais. na localidade de
jureminha do Paraiso; Gilson trabalha com sementes naturais e organicas,
trabalha sem agrotoxico e sem fertilizantes quimicos, cria abelhas, porcos,
galinhas e pretende fazer uma agrofloresta em seu minusculo espaço de
terra,pouco mais de 1 hectare. A partir dali, nos familiarizamos com todo o
pessoal da casa; Antonio JaKson,alan, Genilson, aline, rosemeire e seu
companheiro Robson e o filhinho Juninho, pedro e tailane q são netos do gilson
e marta maria, sua companheira. Gilson e alguns filhos divide-se quanto ao
movimentos, uns estão no MOC, como o Gilson, e outros como Jacson, no
MPA( Movimento da Pequena Agricultura); estes nos presentearam com
sementes naturais de suas lavras; tomates, tomatinho nativo, tomate
grande,tomate caja, alface, pimenta, melao, girassol preto, alho do reino,
cebolinha, quiabos variados,mucunas pretas e amarelas e a noite concluimos com
muitas historias, musicas, anedotas(causos)ate o sono bater, dormimos juntos
com toda familia.
O q era apenas uma parada de praxis para beber agua, se tornou uma grande
amizade e ficamos ate o outro dia.
dia 16 de setembro,
despedimos e rumamos a Jacobina,q estava aproximadamente 30km; chegamos
meio dia, era dia de feira num sabado, visitamos a grande feira e seguimos
com as indicaões sobre a casa de repouso( Hospital Natural), passamos na
casa do tudo natural,uma cantina, e fomos informados da reuniao de cebs(
Comunidades eclesiais de base)no dia seguinte. na casa de repouso fomos
recepcionados por Danielson e murilo, q mediante nossa solicitação de
permanencia por uns tres dias ali, estes consutaram os demais membros da
casa e decidiram nos dar guarida. fomos informados q aquela casa funcionava
sob uma organização cooperativista e acessoria das Irmas Alzira, Zidalia e
joaquina, entre outras e como cooperativados, alem dos q nos recepcionaram,
conhecemos a cristiane, alem de outras q fazem esforcos sobre-humanos, para
garantir a existencia da casa. Fizemos amizade com internos, nos alojamos nas
dependencias da casa, gratuitamente;encontramos algumas sementes de
cafe,tomatinhos...
Domingo 17 de setembro,
participamos da reuniao da cebs, onde conhecemos as irmas,Zidalia e Joaquina
as missionarias e missionarios Carlos e o AlBerto e pessoas das comunidades
circunvizinhas. onde encontramos tbm a nice do assentamento alagoinha,em lajes
do Batata e outro companheiro q nos deu uma semente de feijao raro, uma
especie de mulatinho...
Domingo, 8 de Outubro de 2006
A partir de Jacobina...
Dia 18 de setembro,
Dividimos o dia em concertos de bicicletas e visita a "fazendinha" ( uma
experiencia missionaria com os adolescentes do bairro em agroecologia).
Dia 19 de setembro,
partimos depois da merenda, depois muitas conversas e despedidas e fotos e
depois de conhecer duas crianças lindas e ao mesmo tempo violentas, ensaiando
bateria com latas e caixas, gozando a suspensao da escola, seus nomes eram
Fabio e Anderson.
seguimos pelo morro do Tombador,uma ladeira enorme, bastante cansativa, mas
quando ja tinhamos andado com as bicicletas uns 3/4 de ladeira, esgotamos as
energias e sentamos na beira do asfalto, eram 12h30; quando de repente, um
caminhoneiro passou e se sensibilizou e parou, deu uma carona de uns 15km,
ele ia ate dar mais; mas avistamos o assentamento indicado por nice;
Alagoinhas. Paramos na localidade, ha 6km da cidade de larjes do batata.

Obs;
Como nao estamos com tempo suficiente, para por o relatorio mais detalhado
em dia, vamos parando por aqui de forma incompleta, ate encontrar uma outra
boa oportunidade. Pedimos desculpas pela demora e agradecemos a paciencia e
o apoio do companheiro felipe do coletivo corpus krisis, q nos disponibilizou seu
computador.
enfim...
Abraços libertarios!
Ciclovida.
Pequena consideração sobre jacobina, os pés da Chapada Diamantina...
Lugar bonito, cheio de ladeiras, entre serras, asfaltos, cascatas e tradições;
inclusive de preciosos minérios; como ouro e outros mais...Próximo as
cidades,como Ourolândia, Serrolândia, nos anos 80 e ainda hj;muitos garimpos,
extrações, mineradoras. O cordão de pobreza e violência é muito grande, serras
danificadas a troco de nada, apenas diversões ou espécies de fascinação pelo
fogo ou pela desgraça; coisas bastante inesplicáveis.
Muito visível um comportamento agrssivo, dentro de uma cidade pequena;
inclusive comunidades anteriores a nossa chegada em Jacobina, pediam para q
não dormíssemos em postos nesta localidade, pq podíamos sermos atingidos por
este surto. O q nos fez, procurarmos hospedagem na casa de repouso Naturale
cooperativa tbm compreendeu como estávamos vulneráveis.
No entanto, saímos de lá mortos de saudades.

Assentamento Alagoinha...

Dia 19 de setembro,
Chegamos em Alagoinha,sem nos apercebermos q estávamos exatamente no
assentamento indicado pela Nice e D. Tereza q conhecemos na Casa de
Repouso em Jacobina, q havia ditoq tinha filha neste lugar.
Acabamos acertando intuitivamente a porta da casa do presidente da Associação,
Almirzinho; para pedir informação. Explicamos o mov. Ciclovida e pedimos para
termos uma discussão no assentamento a respeito de nossa preocupação com o
meio ambiente e se era possivel um lugar para q podessemos fazer
comida.Fomos fazer o almoço embaixo do pé de pau, o q chamou a atenção
dos companheiras q passavam para casa de farinha, já era quatro horas e o
almoço não estava pronto, perguntamos q cheiro era aquele q vinha da casa de
farinha e as companheiras disseram q estavam fazendo tapioca. Veio de súbito
a idéia de antecipar o almoço com uma tapioca, imediatamente perguntamos se
era possível fazer uma tapioca para gente e a resposta prontamente foi sim, q
apenas esperássemos um pouco...Depois de duas horas de espera, a
companheira chegara, com um quilo de goma no saco, dizendo q era tapioca;
para a nossa decepção. Não é q lá se chama tapioca, um quilo de goma? E
o produto feito no caco desta goma ou povilho é chamado de Beiju. E tivemos
q esperar mesmo, pelo nosso almoço-janta. Logo após acompanhamos as
mulheres e crianças q iam para suas HOrtas, ao redor dos tanques, buracos
d'água q existiam por ali.
É um encontro de muitos esforços, crianças e mulheres carregando baldes,
garrafas, tambores de água; pela primeira nesta viagem, nos deparamos com
iniciativas espontaneas de vários cultivos naturais, sem q fosse um trabalho q
tivesse amparo institucional; el@s nem destinavam seus produtos ao mercado, a
função daquele cultivo não era exatamente o mercado. No dizer de algumas
delas: "Isto acontecia qdo sobrava". Nos ofertaram bastantes verduras e
voltamos a noite para uma assembléia com a comunidade, onde pessoas já
traziam sementes para a gente. Colocamos o projeto Ciclovida,ficaram muitos
espantados sobre a distancia q percorremos em torno da questão das sementes,
não imaginavam, diziam alguns, q o sistema já chegara a este ponto de impedir
quem quer plantar seu alimento e não ter suas sementes e outro dizia, q este
sistema é capaz de muito mais por dinheiro. Preocupados, muitos se
disponibilizaram de procurar mais sementes em outras comunidades e sugeriram
para q ficássemos mais um dia, para conhecermos outras regiões vizinhas e nos
ofereceram a sede da associação para nos abrigarmos.
No dia 20 de setembro, fomos visitar uma comunidade chamada mulungu,onde
havia alguém chamado Joelci lopes barreto q guardava bastantes sementes,
quem nos apresentou a ele foi um rapaz chamado Adilson da comunidade
Alagoinha. Lá nos doou soja, feijão branco, mané josé, feijão de corda, fava,
milho, pinha, quiabo, nescafé, tabaco, maxixe, handu, mamona, aroeira, cabaça
de cobra, feijão corujinha, abóbara e vários tipos de melancia. Mas aconteceu
algo muito estranho na sua terra, quando comprara sementes vindas do Juazeiro
da Bahia, de repente sua melancia natural, estava ficando madura, ainda
pequena e ele dizia q seu sabor era muito saudável, daí isto já parecia tá
interferindo na sua plantação de mandioca; havia uns pés bastante esquisitos,
mas q ele achava muito bonitos. Joelci parecia querer experimentar todas as
possibilidades do seu solo, muitas novidades estavam acontecendo nele; só não
sabia q cientistas ligados a empresas, faziam experimentaçoes semelhantes e q
ia arrecadar na falta de produção dos pequenos agricutores. Ele dizia q
guardava muitas sementes, mas não plantava hortaliças pela ausência de água.
Enquanto faltava pra ele, para grandes agricultures q eram seus vizinhos,
sobravam.
Saímos de lá e fomos para outra comunidade chamada Barreras, com a
companhia de Nice, Adilson, Ueldis para falarmos com Renilda, filha de d.
Tereza, q conhecemos em Jacobina. Lá D. Renilda e seu companheiro
Eulálio,nos deu várias sementes, dentre elas; alfazema, quiabo, sorgo branco e
preto, quiioio ( Medicinal para gripe, febre e tempera-se comida tbm, espécie
de alfavaca), dali fomos para seu Dinho e Djaci, conhecido por deja; nos
deram pimentao em seguida fomos para Rosa Benedita q reside com a sua filha
Sara, esta era apelidada de Roseira; trabalha em tudo, da roça a cidade; uma
senhora bastante disposta e dela recebemos muitas sementes; abóbora,melancia,
tomate, limão, cabaça, handú... E qdo voltamos ajudamos o pessoal nas suas
hortaliças, junto com carmelita, nega, adilson e criançadas, agoamos, tiramos
fotos e voltamos. Fomos fazer o jantar na casa da NIce; depois rolou uma
brincadeirade teatro com a criançada e fomos dormir; para acordamos bem cedo
no outro dia e irmos embora.
Muitos queriam q ficássemos mais tempo, mas infelizmente tínhamos q ir. Muitas
saudades de todas aquelas pessoas tão simples, tão solidárias e companheiras...
e então, seguimos adiante.
Quarta-feira, 11 de Outubro de 2006
De Lençóis à Beira Rio...
20 de Setembro de 2006,

Chegando em Batata, vimos outras duas mulheres do assentamento do


Alagoinha.Depois andamos dez KM e pegamos uma carona quando o pneu da
bicicleta de Bartira furou.O caminhão era cheio de pedras que ele carregava
para construção, foi um grande risco que corremos!Em cima de todas aquelas
pedras.Chegamos em Várzea Nova e almoçamos, e depois seguimos até o
Morro do Chapeu.Lá estavamos nós em cima de alhos e de cebolas,no
caminhão do Edgar que nos deu carona naquela estrada que não havia
acostamento.Ainda havia o risco da presença de onças.Haviam mais 4 pessoas
conosco, uma delas, era Seu Pedro Jacó, que era do Ceará, da cidade de
Mauriti. Chegamos em Bonito e avistamos muitos latifundios e muitos territórios
sujos. Lá era a cidade do café e do morango. Paramos em um bar, onde os
caminhoneiros almoçavam. Comenhecemos o Geraldo, uma pessoa engraçada que
trabalhava no restaurante. O Edgar, O Valdir e o Vagner que nos deram
carona, eram muitos solidários e humildes. Seguimos com eles até em
Wagner(cidade baiana), entramos no trevo pela Br principal. Eles nos deram
uma proposta tentadora de seguirmos até MG, indo por onde eles iriam parar,
A cidade natal deles chamada Guiné, onde diziam ser a cidade mais bonita da
Bahia, mas preferimos ficar para seguir até Brasília, passando por Lençois e
uma região que diziam ter uma comunidade alternativa, onde poderia haver
sementes naturais.
Dormimos em uma escola abandonada, próxima a Br que iriamos pegar para
Brasília. Haviam muitas paisagens bonitas aonde passamos, bastante arborizadas,
e de vez em quando haviam latifúndios de café e morango e produções de
pasto, que atrapalhavam as miragens.Muitas subidas sem acostamentos e sinais
de onça, que segundo as pessoas que encontravamos diziam que haviam onças
naquela região. Chegamos em Lençois.
Toda a caminhada retratou um lugar lindo e maravilhoso por Lençois, há doze
km de Lençois, pegamos uma carona, um tanto muito estranha, várias pessoas
haviam nos alertado sobre a polícia da caatinga dos perigos que
corríamos.Támbem a respeito dos caminhões de carga que atropelavam ciclistas
naquele percurso.E não é que pegamos carona com os políciais a doze KM de
Lençois.Se para os políciais ajudarem são agressivos da forma que vimos ao
nos oferecerem carona, imaginem como deviam ser ao punir alguém.Aceitamos,
mesmo sem querer, o Inácio seguio sozinho pq não dava no carro. Corremos
risco com isto, sabe lá do q eram capazes; já q podiam legitimar a violência.
Em Lençóis, conhecemos um outro viajante de bike, com muitas histórias p
contar; era conhecido como Tio Zé, assim q nos viu de bicicleta, veio falar
conosco, ele era um artezão do Pará. Conhecemos outro viajante de Brasília e
depois dormimos no Posto, meios contubardos daquela cidade, onde o paraíso
pertence a ricos. Muito linda, cheia de cascatas, rios e árvores, belíssima; mas
cheia de "urubus" onde pessoas são confundidas com carnes frias e nem
mesmo isto, coitados dos urubus... Animais não devem serem comparados com
esta linguagem humana de mercado.
Uma pessoa nos informou sobre um assentamento q havia por lá, mas q era
manipukado por uma ONG, não tivemos interesse, pq tudo ali, era vinculado ao
dinheiro, ecoturismo e coisas banais; extremamente paradoxais ao nosso projeto.
A mesma ONG, cobrava passeios por 80 reais.
No outro dia pela manhã, rodamos a cidade toda em busca de frutas ou algo
barato p comer, mas as respostas eram revoltantes.
Consertamos as bicicletas e seguimos para Seabra, um trecho bastante arriscado,
cheio de ladeiras e curvas, mas muito lindo, tanta beleza q revoltava e
surpreendia. Revoltava por tudo aquilo ser privado e ser para turistas do dinheiro
e surpreendia pelo o q a natureza é capaz, por ela resistir apesar de tanta
destruição.
Chegamos em Seabra, lá o acolhi,ento foi péssimo, até banheiro era pago.
Tudo era olhos de Mercado, as pessoas em sua maioria tratavam mal. Fizemos
nosso almoço-janta, conversamoscom algumas pessoas e depois dormimos.
No outro dia saímos imediatamente daquele lugar de consumo, já estava ficando
insuportável, saímos já um pouco tarde; encaramos subidas e mais subidas,
conseguimos esvaziar um pouco as bicicletas. Descansamos para almoçar e
conseguimos chegar até Beira Rio, logo após altos e mais altos, descidas de
até 14km...
Chegamos enfim, a Beira Rio...

De Beira Rio à Bom Jesus da Lapa....

Em Beira Rio dormimos, deixamos tudo arrumado para podermos sair às 5h da


manhã, pois ultimamente temos tido pego a estrada muito tarde e um sol muito
forte, consequentemente, fizemos algumas amizades por lá, conversamos pouco
devido ao cansaço e cedo da manhã estávamos preparados.
Estrada suave, depois de tantos e tantos percursos ruins. O pneu da Bartira
furou ao entrarmos numa comunidade q de início parecia assentamento, mas ao
conversamos com Seu Valentim, ele expôs para nós, q era apenas uma
pequena comunidade mesmo, mostrou sua realidade, pequenas plantações de
milho, feijão e mandioca, nos ofereceu café e comida e água. A água de lá
vem da serra, uma serra muito bonita e um pouco distante dali. Lá era
bastante seco, muito semelhante ao sertao cearense. Um pouco mais a frente,
pegamos uma grande ajuda, na entrada de Ibotirama para Bom Jesus da Lapa;
uma carona com Raimundo.
Estávamos um pouco assustad@s, pois o caminhoneiro disse q depois de comer,
lhe dava bastante sono e tomava muito arrebite e quando isto acontecia, ficava
nervoso. Estávamos também com sono e tens@s ao mesmo tempo; e isto
acarretou num fato bem engraçado. Nesta história de um olho aberto e outro
fechado, um cansado e outro nervoso; Inácio e Bartira q acabaram assustando o
Raimundo. Pois quando ambos deram uns cochilos, ao acordarem quase
desgovernaram o caminhão. Primeiro o Inácio q dormiu, e ao acordar achava q
quem estava dormindo, era quem estava dirigindo; foi então q advertiu isto ao
Raimundo, de uma forma engraçada q o assustou.
Poucos minutos depois, a Bartira tirou uma soneca e num susto com uma curva
( já q estávamos apertad@s e sem muita segurança e ela se situava vizinha a
direção); ia colocando a mão na cara de Raimundo,este foi até equilibrido e
calmo e nós q parecíamos "arrebitados".Enfim,há de se desconfiar de pessoas q
vc não conhece,e você ainda dar carona, sofre o risco e elas ainda põem a
mão na sua cara, após um cochilo...rsrsrsrs
Têm tantas coisas interessantes q vivemos pela estrada q deviam serem filmadas
para q possamos recordar com outras pessoas, mas...o diário é uma delas. A
Estrada para Bom Jesus da Lapa era péssima, cheia de buracos e o calor
insuportável dentro de um caminhão bastante apertado, tudo aquilo já estava
ficando agonizante, foi um alívio chegar lá.
Em Bom Jesus da Lapa, ficamos até 20km depois, a conhecida Capital da Fé
e da Banana transgenica, ainda em tempos de festividade religiosa do padroeiro
da cidade, ainda bem q não paramos lá, pois estava muito tumultuoso. Nesta
cidade se queima produção de melancia e manga, pra substituir por banana;pq
é o q mais dá dinheiro naquela região, além da fé. Monoculturas e
monoculturas de banana; ganhamos até um cacho de bananas verdes; a
bicicleta do Inácio já dava até pra competir com algumas carretas...rsrsrsrs
Ficamos num Posto, onde a maioria dos caminhões carregavam bananas; fomos
atrás de carona, já q naquela região não dava pra fazer um bom trabalho, pois
havia latifúndios e latifúndios e poucos assentamentos, além de não ter cultivo
de hortaliças. Então havia apenas um caminhão vazio, q ia sair às 18h e q
podia nos dar carona depois de carregar, mas quando fomos atrás dele, já
havia ido embora às 17h;no outro dia soubemos q ele havia morrido num
acidente...UfA!
Fizemos comida, lavamos roupas, conhecemos pessoas interessantes naquele
posto...S. Francisco, q também era cearense, o posto era bastante abafado,
quente, mas acolhedor.
Dia 25 de setembro, seguimos adiante, numa pedalada bastante suave. Mas
todo o caminho era consumido por agrotóxicos em grandes plantações e muitos
locais de experimentações com bananas, bananas e mais bananas...Grandes
criações de gado para o abate e exploração do trabalho.
...
De Bom Jesus da Lapa à Brasília...
Às 6 da manhã do dia 26 de outubro, seguimos até Santa Maria, avistamos
muitas monoculturas, grandes fazendas,por onde o Rio Corrente passava. Onde
havia pequenas propriedades não havia água. Passamos em frente à um grande
território q pertencia à Fazenda Buzzato, lá fomos ajeitar à bicicleta do Inácio,
paramos e acabamos conhecendo o segurança particular do Proprietário, q nos
deu pão e café; depois outras duas pessoas, q eram gaúchos: Adriviani e
Valdecir Brollo, q trabalhavam na fazenda. Um deles trabalhou com veneno
naquela propriedade e teve como resultado disso, 20% de veneno no seu
sangue. Conversamos um pouco, depois continuamos a viagem. Avistamos um
circo e paramos outra vez para beber água. Encontramos pessoas bastante
interessantes; A gorda, o João Arley... Conversamos bastante, eles queriam q
ficássemos, mas tínhamos que seguir. Um pouco mais à frente, queríamos comer
melancia, mas só tinha côcos à R$ 1,50, explicamos para o dono da venda q
não tínhamos dinheiro e estávamos viajando para Argentina de bicicleta e q
estávamos com sede, pedimos q barateasse; Ele, conhecido como José do
entroncamento de Porto Novo ou jr., nos encheu de água de côco, côco e
maçãs, foi bem 1 litro de água para cada um de nós. Conversamos muito. Se
em cada parada não conhecessemos pessoas tão interessante e acolhedoras,
seguiríamos com 150 km por dia, mas ainda bem que toda parada é fortificante
e nos equilibra então acaba sendo por volta de 70 Km por dia.
Saímos de lá e chegamos rapidamente em São Felix do Coribe e Santa Maria
da Vitória que eram ligadas por uma ponte.Chegamos num posto da cidade (
Santa Maria da Vitória) e todos vieram aproximar da gente para conversar, uma
senhora da loja de conveniência nos informou sobre um grupo de mulheres que
planta Hortaliças no Rio Corrente, na ponte que liga a cidade a outra; mas não
souberam informar se eram naturais ou não acreditamos ser difícil a existência
de algo natural naquela região, pois a muito uso de agrotóxicos dentro de
monoculturas de banana, de mamão , além de produção de gado para o corte,
conhecemos um cara que trabalhava numa ONG chamado Fredão e nos
informou pouquissimas coisas da região em termos de sementes e ele trabalhava
com bando de sementes.Parecia ser contra o agronegócio, mas usava um
chapeu que o divulgava.Especificamente o trabalho da ONG era fazer um
trabalho educativo, mostrando a importância da vegetação do cerrado,
apresentando a utilidade de inúmeros frutos desta vegetação mas ele parecia tão
distante de toda esta realidade, mas uma vez dormimos num posto na saída de
Santa MAria. Devido a ausência de colaboração das ONGS.
No posto fomos em busca de carona devido a um deserto de 181 km que
iríamos percorrer, fomos fazer comida e encontramos um casal com uma
bebezinha linda de apenas 3 meses filha de uma baiana do Morro do Chapeu
e um paraibano, a mulher já estava pegando a estrada com 8 meses de
gravidez em busca de uma vida melhor rumo a Eduardo Magalhães saindo do
Ceará e quando chegaram em Ouricuri em Pernambuco tiveram a menina, não
deu tempo nem de resguardo e já foram viajar de carona e à pé.
Na busca de carona encontramos dois caminhoneiros chamados Costinha e
Corujão com ajuda de outro companheiro tambem caminhoneiro que se
sensibilizou com a nossa situação, nos levando direto para Brasília, fizemos uma
grande amizade, sabemos que podemos contar com eles mais a frente...quem
sabe.
Sexta-feira, 13 de Outubro de 2006
Musicas do Ciclovida...
Músicas do Ciclovida, gravadas em Brasília na casa do Diego, Thaís, Kollontai,
Márcia, Felipe; contando com a presença de Everi, Bruce, Márcia, Rodrigo que
ajudaram na percussão, vocais, flauta, companhia, diversão...Enfim, uma tarde
muita tranquila e descontraída...
Eis o LINK http://xanta.milharal.org/~diego/Ciclovida_MP3/
Sexta-feira, 27 de Outubro de 2006
Chegada de Brasília
Brasília, 27. 10.06

Chegamos em Brasília de carona, vindo de Santa Maria da Vitória com Jesuíno,


conhecido como apois ou corujão e Costinha, a partir de Simolândia nos
encontramos num só carro, o de Corujão. Ivânia e Inácio vinha com Jesuíno e
Bartira com o Costinha. Fizemos uma boa amizade com eles. Corujão queria
nos levar até goiânia, para conhecermos um pouco a estrada q iríamos percorrer
de bicicleta. Ficamos de ligar para o mesmo no sábado, dia 30 de setembro
para irmos com ele, se quiséssemos. Descemos em frente ao Extra, Ceasa em
Brasília e fomos consertar os pneus da bicicleta do Inácio q estavam furados.
Encontramos alguns homens na praça do Cruzeiro, Antonio e outros; q são do
Ceará e da Paraíba e q coincidentemente eram de Quixadá e o outro de
Cajazeiras, cidades natais de Ivania e de Inácio. Após o bate papo com esses,
telefonamos para o Sérgio e companheiros já conhecidos desde o assentamento
Mandú Ladino, Pentecoste; q nos deu a dica de como chegar na sua casa, na
vila estrutural. Chegamos aproximadamente às 16 horas na casa do Sérgio, em
seguida fomos para Hilma e Zé Maria, tbm do mesmo assentamento do ceará e
voltamos para dormir na casa do Sérgio.
Obs.: deu problema no disquete, tínhamos feito até o dia 15 de outubro em
Brasília, aí agora vai demorar mais pra por em dia. Já saímos de Goiania.
Inácio e Ivânia continuaram a viagem e Bartira voltou em Brasília p ficar umas
três semanas no santuário sagrado dos pajés com o Santxie, mas depois irá se
encontrar mais na frente, p chegar na Argentina junto com Ivânia e Inácio e
mais outras pessoas q tbm se encontrarão.

Dia 28 de setembro de 2006,

Passamos o dia fazendo o relatório da viagem e comida na casa do Sérgio.


Este ficou em casa o dia todo, pois estava de folga do trabalho. Depois
deixamos para colocar o relatório no dia seguinte; mas desistimos ao nos
depararmos com os preços exorbitantes da Internet q variavam entre 3 e 5
reais. Apenas passamos alguns e-mails e entrar em contato com o Grosseiro,
do KRAP ( Koletivo de Resistência Anarco Punk).
Espalhamos as sementes para não mofarem com o tempo úmido.

Dia 29 de setembro de 2006,

Fomos numa feira, onde a Bartira encontrou blusas de apenas 1 real, na


Estrutural e foi pintar para arrecadar finanças para a viagem. Ainda dividimos o
dia em relatório, comida e colocamos no site a situação a qual nos
encontrávamos, com Internet cara e sem dinheiro.
Ligamos a noite para a Barra do Leme, local do assentamento e fomos
informados q a Margarida( filha do Inácio), estava bem e q o neném, estava
em posição de nascer, podendo ocorrer até o final do próximo mês. Saímos de
bicicleta, em busca de Internet barata, numa grande bicicleta; Sérgio, Ivânia,
Inácio, Bartira, Rebert( filho do Sérgio), Iago( filho da Hilma). Nesta
pedalada, Ivânia e Sérgio iam sendo atropelados, bicicletas em Brasília não são
nada respeitadas. Internet ao preço q procurávamos não foi possível encontrar.
Voltamos cabisbaixos, mas olhos arregalados pra frente pra não sofrermos
ascidente.

Dia 30 de setembro,

Passamos o dia pela Estrutural, ocupando o tempo com relatórios e comidas. A


noite fomos novamente para a casa de Zé Maria, onde nos descontrairmos até
de madrugada, relembrando velhas histórias, menos a Bartira q foi dormir na
casa de uma amiga, chamada Jana.
Dia 1 de outubro,

Passamos o dia atrás de não votar, justificando o voto, fomos de bicicleta


Hilma, Iago, Rebert, Ivânia, Inácio, Bartira para o Guará; a bicicleta da Bartira
deu problema, teve q se tirar a marcha de trás; conseguimos depois de muito
esforço, de ir p um lugar e p outro, pois no primeiro q fomos não dava pra
justificar o voto, até q conseguimos. Às 18h, tivemos nosso primeiro contato
libertário com o pessoal do KRAP( Koletivo de Resistência Anarco Punk), o
Grosseiro( q não tinha nada de Grosseiro, era bem gentil), O Bruce( q tbm
não tinha nada de Bruce Willis), Tucú, e outro companheiro q não tivemos
mais contato; contribuiu conosco com 20 reais e 1kg de feijão. Combinamos de
nos “trombar” na segunda feira, pela Asa Sul.
A noite fomos encontrar com a Lindalva, madrinha da Bartira; o Sérgio foi
conosco esperá-la na parada da segunda passarela. Fomos dormir por lá.

Dia 2 de outubro,

Fomos meio dia nos encontrar com os companheiros Grosseiro, Marcelo, Bruce
e Tucú do KRAP, na Asa Sul 412, perto da Igreja Universal. De lá fomos para
um Restaurante vegetariano, chamado Girassol, onde eles ofertam marmitas às
15h30, do q sobra, pra quem quiser chegar. De lá fomos na casa da Jana,
amiga da Bartira.

Dia 3 de Outubro,

A Lindalva nos deixou até a UNB; procuramos autorização pra expor nossos
materiais cordéis, blusas, zines etc, e foi negado pelo setor comercial da
universidade, de lá nos dirigimos para coordenação do setor, e conseguimos
colocar gratuitamente sem pagar a quantia exigida de 20 reais. Apareceu uma
estudante de jornalismo q nos entrevistou, Amazoni, uma pernambucana. Em
seguida fomos participar de um debate sobre vegetarianismo, da semana
vegetariana q estava acontecendo no campus, onde assistims o filme: “Não
Matarás” do Instituto Nina Rosa. Informamos a respeito do Ciclovida e algumas
pessoas se aglomeraram em torno do material q colocamos em exposição, tendo
contribuições mediante a distribuição do nosso material. Em seguida fomos pra
casa da Lindalva onde fizemos um almoço-janta e a noite fomos nos encontrar
com o KRAP em sua reunião no Cine Brasília, onde se planejou o protesto no
Itamaraty, na quinta feira dia 5, ante a presença do presidente Caldeiron, um
protesto contra a repressão e as prisões em Atenco e Oaxaca; México.
Planejamos tbm uma oficina numa comunidade em Braslândia; onde
encontraríamos a galera do MTD( Movimento dos trabalhadores e
Desempregados) e onde participaríamos de uma oficina sobre os squaters.
A reunião contou com a presença de Grosseiro, Bruce, Estevão, Kled, Yuri,
Marcelo, Raoni e nós. Dormimos novamente na Lindalva.

Dia 4 de outubro,

Passamos o dia na UNB, onde participamos novamente da semana do


vegetarianismo, onde assistimos o filme: “ Terráqueos”. Depois fomos ao debate
sobre xamanismo, no CA da Antropologia, onde conhecemos pessoas de vários
coletivos, e encaminhamos um debate sobre o Ciclovida para terça feira, meio
dia. Depois seguimos para a casa da Lindalva.
Dia 5 de outubro,

Passamos o dia em casa, descansando, pintando blusas, escrevendo e fazendo


comida.

Dia 6 de outubro,

Fomos ao ato em solidariedade a Atenco e Oaxaca, conhecemos coletivos como


ARDC ( Ação Rebelde de Dignidade Candanga), o pessoal do MPL(
Movimento Passe-Livre), algumas pessoas do CMI ( Centro de Mídia
Independente) e o Corpus Krisis. Saímos de lá direto pra Braslândia, onde nós
e Estevão e Marcelo do KRAP, pegamos carona no ônibus. Chegando em
Braslândia, cumpriu-se o encaminhamento, apesar de poucas pessoas da
localidade. Recebemos milho dos Xavantes e Tupis guaranis, presenteado por
Kolontain do Corpus Krisis. Contou-se com a presença de Felipe q ouvindo
nosso relato sobre as dificuldades de atualizar o site, ofereceu seu computador
para q pudéssemos realizá-la; tati e Kolontai do Corpus Krisis e com o KRAP
e uma companheira do Espaço q trabalha no movimento de Consciência Negra,
chamada Elza. De lá Ivania e Inácio pegaram carona com o Felipe q os
deixaram na casa de Lindalva e Bartira seguiu com o pessoal do KRAP.

Dia 7 de outubro,

Passamos o dia em casa de Lindalva, fizemos almoço e Ivânia e Inácio foram


de carona com ela para a Estrutural, para a casa de Sérgio e Zé Maria e
Bartira ficou pela Asa Sul, pois ia sair mais tarde por lá. Inácio e Ivânia,
tiveram conversas com o Zé Maria sobre a realidade da Estrutural e este falou
q era um bairro q surgiu do lixo e vive desse lixo, como sua base econômica.
Se o lixo desaparecer dali, a calamidade chega. É uma situação dramática, pois
sendo o lixo, a sustentação daquela comunidade, há projetos q indicam a
retirada dele, mas não existe um projeto de sustentabilidade q substitua o lixo.
Nos informaram q existe um museu do sangue q surgiu com o q a Estrutural
sofreu a partir de sua existência.

Dia 8 de Outubro,

Pela manhã numa conversa com o Zé Maria, ele tocou novamente sobre a
questão do lixo; algumas vezes tentou entrar na atividade de catador do Lixão,
mas sempre encontrou muita concorrência e dificuldades, é necessário tirar a
carteirinha, q muitas vezes é concedida por meios exclusos.
Na casa de Felipe, nos encontramos os três, onde conseguimos colocar metade
do site em dia de Capim Grosso, até o assentamento de Alagoinha, almoçamos
com S. Luis Eduardo, o Dudu, pai do Felipe do Corpus Krisis. Bartira saiu
mais cedo e Inácio e a Ivânia ficaram, onde conheceram a mãe do Felipe,
também.

Dia 9 de Outubro,

Saímos para nos encontrarmos com outros companheiros para fazer protesto
contra a embaixada do Chile, onde muitos anarquistas foram perseguidos. Mas
infelizmente ao chegarmos, o pessoal já estava de volta do ato. Saímos para
um bar, onde era proibido tocar flauta, no “piauí”, mas o ruído das máquinas
roçando as gramas, superava qualquer outro som. Estivemos com vários coletivos
e em seguida fomos tentar encontrar com a Ju Pagu, do CMI, q se prontificava
a nos acolher com comida e computadores, fomos procurá-la no seu café,
conhecido como Balaio. Esperamos de 16h às 19h, sem marcar com ela e
descobrimos q era seu dia de folga, mas ela acabou aparecendo por volta das
20h, qdo já estávamos saindo. Tivemos uma conversa bastante agradável, onde
trocamos várias idéias e tivemos vários contamos. Gosamos da sua boa
hospitalidade e marcamos para almoçarmos no dia seguinte no seu café.
Voltamos para dormir na casa de Lindalva.

Dia 10 de outubro,

Saímos 11hrs e fomos realizar o debate no CA da Antro, na UnB. Foi uma


discussão bastante interessante q contava com a presença de pessoas libertárias
e autônomas. Houveram perguntas a respeito de família, os filhos da Ivânia e
do Inácio, como ficaram após a viagem; sobre o avanço tecnológico em
“benefício da humanidade”; sobre a construção sócio-político do assentamento na
Barra do Leme, sobre os produtos naturais e orgânicos, criticamos a agricultura
de grif, o naturismo como nicho do Mercado, o Grosseiro falou a respeito de
permacultura; perguntaram sobre as sementes naturais: O q foi q encontramos e
onde encontramos, respondemos q foi onde havia menos influência de órgãos
culturais. O debate aconteceu em torno do q forma o nosso discurso, colocamos
nossas preocupações, no q diz respeito a uma nova relação com a terra, sem
o dinheiro pra intermediar nossas relações. Conhecemos outras pessoas do CMI,
do Corpus Krisis, da ARDC q compareceram ao debate, como o Paique, Márcia,
Rafael, Márcia, Pedro e saímos para o Café Balaio num encontro com a Ju
Pagu de carona com a Márcia
Sexta-feira, 3 de Novembro de 2006
solidariedade aos companheiros de Oaxaca
REPÚDIO AO ASSASSINATO DE BRAD WILL E SOLIDARIEDADE ATIVA AO
POVO DE OAXACA E A TODOS OS LUTADORES

Companheir@s! Não dar mais para tolerar os massacres seculares deste sistema
dominante. Chegou o momento de agirmos. Temos um aprendizado também
secular. Há milhares de anos que somos subjugados pela lei da acumulação,
pelas leis de propriedade, pela ditadura da civilização humana e desenvolvimento
insustentável, pela obrigatória do consumo dos subprodutos de todas as formas
de vida ceifadas para fortalecer a vida deste sistema ( que todos os
xingamentos são insuficientes para classificá-lo. Compas indígenas do mundo,
lebremos como era nossa vida na selva! Não existia mercado, não existia
escolas, não existia hospitais, não existia fábircas de nenhum artefato que nos
vendem hoje como necessário. Mas nós comíamos sem comprar, nós tínhamos
ciências sem estudar, nós nos curávamos sem hospitais e nós fabricávamos os
instrumentos que nos era necessários. O sistema do mercado nos enganou e
roubou toda a nossa sabedoria e com ela toda a nossa autonomia, toda a
nossa história, condicionando a nossa vida a sua existência; a existência da
mercadoria mediada pelo nosso trabalho escravo e pelo dinheiro, o instrumento
da escravidão antiga, moderna e contemporânea. Eles nos obrigaram a reividicar
seus instrumentos de dominação como se fosem nossos direitos. Convencendo-
nos disso, fazem-nos reividicar trabalho, saúde, educação, e inclusão no seu
mundo; obrigam-nos a concorrer com nossos irmãos para crescermos na vida,
para entrarmos na sua inclusão. Companheir@s de Oaxaca, de Atenco, de
Chiapas, irmãos indígenas de todo o mundo, vamos pular fora dessa armadilha!
Tod@s @s explorados deicemos de comprar, deixemos de vender, Vamos comer
burgueses assados, do contrário estaremos fritos! T emos que dar as contas
deste estado que cresceu em cima de nossa miséria. da escravidão de todas as
formas de vidas, humanas e não humanas; da escravidão de todos os reinos:
vegetal, animal e mineral para o seu luxo e bel prazer. Não mais produzamos
riqueza com que os senhores nos massacram, não mais nos capacitemos para
gerirmos essa coisa que se fortalece cada vez mais que um de nós se vende
para ele, vamos sabotar sua máquinas, vamos emperrar sua engrenagens, vamos
enferrujar sua vida. Vamos compas usar todas as nossas capacidade e forças
para aniquililarmos com a dominação. Vamos vingar a morte do companheiro
Brad Will e de todos o massacrados, negando a este sistema seu direito de
existir.
CICLOVIDA
Notícias da Estrada - direto do e-mail (26/10)
Ciclovida escreveu:
Oi cara! Chegamos agora às 5 da tarde na cidade de Morrinhos - Go. Há
uns 150 km de Goiânia. Saimos de Goiânia terça-feira às 4 e meia da tarde.
Esta região é foda, é só fazenda, hotéis e postos de gasolina. A disputa é
grande com as carretas, e o pior é que a estrada está sendo duplicada e a
construção compromete os acostamentos. daqui estamos saindo para Itubiara,
limites de MG com Goiás. De lá devemos está indo para São José do Rio
Preto- SP, SAindo em Marília e Londrina, de lá vamos estudar os casos que
se apresentarem. Olha, dizem que pelas regiões mais agitadas. caso São Paulo,
Curitiba, é fácil serem tomedas até as bicicletas pelas barreiras policiais, pois alí
está feita só para veículos automotores. Mas no geral a viagem vai se fazendo
viajando. Sempre tem pessoas que dizem por onde é melhor, e assim se vai
fazendo.
Terça-feira, 21 de Novembro de 2006
Notícias da Estrada (28/10, 01/11 e 18/11)
28/10

Olha cara já estamos Itumbiara, divisa de Goiás com Minas Gerais. Desde
Ontem chegamos aqui, estamos num acampamento de s/terra e devemos ficar
até depois de amanhã. Nos comunicamos, tá?

01/11
Estamos agora em Prata, uma codide do Triângulo mineiro, Vamos amanhã para
um assentamento rural. (...) Abraços.

18/11
Oi Philipe! (...) Já estamos na metade do estado de São paulo, Já estamos
em Araçatuba. Não fomos por São josé do Rio preto. Estamos há uns 100 km
de Presidente Prudente Prudente, que já fica relativamente perto de Paraná. A
rota foi mudada em função da nossa preferência de passar nos assentamento
rurais. Vamos tentar passar por regiões de bastante assentamentos, que é o
pontal de Paranápanema onde tem muitas experiências. Olha, a nossa falta com
a página a um erro que cometemos no computador. Depois de 5 horas que um
companheiro nos ajudou digitando, o computador deu uma pane e nós perdemos
tudo. Vamos tentar mais na frente. Mas você pode colocar na página onde
estamos. Abraços de Inãcio e Ivãnia.
Terça-feira, 28 de Novembro de 2006
Notícias da Estrada (24/11)
24/11

Chegamos hoje na cidade do Mirante do Paranapanema, região reducionista do


MST e Zé Rainha e de muitos assentamentos e ocupações de terra. Estamos
perto do Paraná, devemos está chegando ainda esta semana em Teodoro
Sampaio. O caminho se fez totalmente diferente do planejado. Tem sido muito
bom. Quanto as sementes ainda faltam algumas espécies, mas que segundo
algumas pessoas nós vamos encontrar no Pontal de Paranapanema, onde já
estamos. Estamos visitando muitos assentamentos e acampamentos. Temos
encontrado sementes com mais frequência nos acampamentos.

Deveríamos estar com o site em dia, mas aconteceu que nós passamos cinco
horas no computador e quando estávamos concluindo, deu uma pane, então
perdemos tudo. Estamos tentando recuperar a história, depois atualizaremos.
(...) Devemos muito logo chegarmos em Foz do Iguaçu. Dia 10 (dezembro)
deste devemos estar em Santa Catarina para um encontro.

(...)
Domingo, 3 de Dezembro de 2006
Notícias da Estrada (03/12)

Estamos há uns 500 km de Foz (do Iguaçu). Estamos andando devagar por
conta de muitas experiêcias que estamos visitando. Conversamos com uma
porrada de pessoas envolvidas no racha do Pontal de Paranapanema. Visitamos
o assentamento de Zé Rainha, O Assentamento "Che Guevara", e alguns
acampamentos organizado por ele. Falamos com o Zé e com a Diolinda. (...)
Agora achamos que vamos levar uns 10 dias para chegar em Foz de Iguaçu.
Hoje estamos, desde sexta-feira, numa das experiências bem mais sucedidas do
MST. O município é de Paranacity, no estado do Paraná, e devemos visitar
bem mais que estão no rumo que seguimos. Dizem que há escolas e cursos
diversos de agroecologia, quando chegarmos lá, informaremos mais. Queríamos
que você colocasse informações sobre nós, é que agora não estamos
conseguindo por o relatório em dias. Com a Bartira era mais fácil. Mas ela
ainda está em Brasília.
Quarta-feira, 6 de Dezembro de 2006
Notícias da Estrada (05/12)
Ciclovida escreveu:
Nós chegamos ontem numa experiêcia do MST, é uma escola técnica em
parceria com a UFPR (Universidade Fed. do Paraná) com prioridade para
Agroecologia. Para cá vem muitos filhos de assentados de partes do Brasil,
principalmente do Paraná. Encontramos até um paraibano aqui, de Sousa, é o
Denilson. Vamos ficar aqui até amanhã. Estamos indo para Cascavel, há uns
400 km rumo a Argentina, lá veremos outras experiências interessantes,
principalmente a escola agroecológica, na fazenda que era da Agroindústria
Syngenta, esta fica em São Miguel do Iguaçu. Até agora vamos vendo duas
experiências mais coletivas, que foi a Copavi, de onde saimos ontem e esta
que estamos hoje. E o resto eram todas individuais. Visitamos toda a região de
Pontal do Paranapanema e lá também predominam os lotes individuais com a
predominância da criação de gado. Esta realidade vem desde Minas Gerais.
Notícias da Estrada (17/10 a 21/10)
Umas notícias "retrô" que o Ciclovida escreveu:

Terça-feira, dia 17 de outubro de 2006, chegamos em Goiânia pela noite.


Chegamos, a partir Abadiânia, com as bicicletas no gavetão do ônibus, para nos
apressar, por conta de que, o companheiro Diego, que vinha documentando com
uma filmadora, só teria até quarta feira para estar conosco; por conta de
expiração do seu tempo de folga no trabalho, teria que retornar à Brasília, e
queríamos muito que chegássemos juntos à Goiânia, que assim nos apresentaria
aos compas daquela Capital. Logo à noite encontramos com vários companheiros
que já nos aguardavam. Passamos até meia noite conversando, nos inteirando
reciprocamente e tomando pé na realidade. Fomos dormir na casa de Tiago e
Eliza, do movimento libertário de Goiás, ligados a viabilização da comunicação.

Dia 18/10 – quarta-feira - foi mais de descanso e conversas descontraídas e


de informações recíprocas.

Dia 19/10 – quinta-feira - montamos as bicicletas que estavam desmontadas


desde que trouxemos há dois dias no ônibus, de Abadiânia a Goiânia, depois
saímos nas tentativas de trocá-las nas bicicletarias, Ivânia e Bartira pretendiam
outras que se adaptassem melhor aos seus gostos. Passamos o dia nessa
tentativa, não deu certo fazer nenhuma troca, porque ofereceram muito pouco em
valor pelas bicicletas, “nem mesmo o nosso apelo ao valor histórico dessas
bicicletas, por terem resistido tanto, no percurso, Fortaleza/Goiânia, sensibilizava
os donos de bicicletarias e negociadores”. Pela noite fomos para uma reunião
no espaço da Igreja católica para ´programarmos o dia da democratização da
comunicação`, e ao retornarmos, fomos para o apartamento de Pricila para
dormir, e demos de cara com o porteiro, que, por ordens superiores não queria
aceitar nossa entrada com as bicicletas, o que só seria permitido aos moradores
do prédio. Não baixando a cabeça e falando mais alto, ela (Pricila) fez valer
seu direito de ser solidária. É nessa circunstância que ficamos em seu
apartamento por alguns dias com nossas três bicicletas.

Dia 20/10/2006 (sexta-feira) – Fomos para a UFG (Universidade Federal de


Goiás), Onde teria dois sarais de poesia: um pela manhã e outro pela tarde, e
teria uma reunião para debater a democratização da comunicação. Planejamento
cumprido no transcorrer do dia, não acontecendo apenas o saral da manhã.
Fomos (Ivânia, Bartira e Inácio) para UFG e voltamos para o apartamento de
Pricila de bicicleta.

Dia 21/102006 (sábado) foi o primeiro dia da programação da rádio, que


fizemos em conexão com as rádios comunitárias de Brasília. Nó participamos
desta programação juntos com vários companheiros e coletivos, abordamos vários
temas como: Passe Livre, Democracia, Eleições, Naturalismo e Saúde; catamos
músicas variadas dos movimentos, etc. Foi um dia de encontro com muita gente
lutadora do movimento libertário.
Notícias da Estrada (22/10 a 26/10)
Ciclovida escreveu, meio retrô:
Dia 22/10 – Domingo – segundo dia de programação da rádio comunitária.
Fizemos programa com Victor, companheiro estudioso da macrobiótica sobre:
Alimentação, Saúde e Nova Relação com a terra. Lá encontramos também o
Vinícius, que por sinal usa muito a bicicleta, e faz retratos das pessoas na hora
H, isto é seu trabalho. Estávamos também com o Léo do CMI. Depois fomos
para a casa da Pricila e encontramos também o Igor (o animal), encontramos
também a Pilar. Conhecemos Jerfeson, um companheiro músico que é de
Fortaleza, Ceará, que está morando em Goiânia, e que curte também uma
bicicleta.

23/10/2006 – Segunda-feira - Convivemos com esses compas na casa de


pricila

24/11/2006 – Terça-feira – Este foi o ultimo dia em Goiânia. Inácio passou


quase toda a manhã separando sementes para serem levadas em parte para o
Nordeste. Estas sementes serão levadas por Bartira, que vai voltar até Brasília,
é que ela resolveu ficar um mês na casa do Santxier, na Reserva Sagrada dos
Pajés, na asa norte... Antes do almoço o Léo e Jerfeson foram conosco para a
feira do troca ,onde Bartira e Ivânia trocaram suas bicicletas e fizemos de freios
.voltamos para a Pricila e em seguida fomos deixar Bartira na rodoviária
,compramos a passagem mais deu uma confusão por que o ônibus não queria
levar sua bicicleta por menos de 20reais a mais da viagem [30reais]e pedimos
a devolução do dinheiro e ela partiu em um carro pequeno pagando só a
passagem .logo mais Inácio Ivânia partiram dando procedimento a atividade da
estrada e saímos as 17 horas de Goiânia rumo ao triangulo mineiro chegamos a
noite em Aparecida de Goiás pedimos para pernoita no auto posto Aparecidão
da rede marajó,que não permitiram que pernoitamos no cetro da cidade na área
de bar noite de bastante chuva.

25/10/2006, quarta feira -saímos de aparecida passamos Hidrolandia terra das


jabuticabas, lá encontramos a Maris e seu filho vendendo pequis e na beira da
estrada a frente encontramos Raimundo vendendo jabuticabas e compramos 2
litros por 5 reais seguimos a rodovia Br 156 com dificuldades de transitar por
estar em obras e fomos dormir 20 quilometro após a cidade de Professor Jamil
na área de proteção do bar de seu Jose,onde fizemos comida que dividimos
com um trecheiro que conhecemos na estrada.

26/10/2006 quinta feira -partimos nas mesmas dificuldades da estrada horas


sem acostamento horas sem asfalto e chegamos em Rancho Alegre e pedimos
para fazer comida no pátio do posto rodoviário federal. A essa altura a atividade
das sementes estava triste por que apenas fazendas hotéis e posto de gasolina
povoavam a região. Chegamos em Morrinhos cidade encima da serra, sentimos
ate calafrios ao percebermos que era a morada dos latifundiários com tudo
fomos acolhidos por um posto de gasolina que nos cedeu banho e local para
pernoitarmos.
Notícias da Estrada (27/10 a 01/11)
Umas notícias "retrô" que o Ciclovida escreveu:
27/10/2006 sexta feira- decidimos pegar o ônibus para atravessar o deserto do
latifúndio e ultrapassamos um trecho de 70 quilômetros e chegamos na ultima
cidade de Goiás, Itumbiara onde fizemos checagem de e-mail , pesemos cartas
no correio e fizemos almoço na beira do rio que divide Minas e Goiás, e em
seguida fomos para o acampamento Celso Furtado a 5 quilometro voltando para
Buriti Alegre onde encontramos varias pessoas entre elas Adão e Baiana que
nos acolheram depois que falamos nosso objetivos aprendemos muito de estradas
com seu Adão de 84 anos de idade que já fora caminhoneiro por 50 anos.

28/10/2006 sabado - fomos a cidade de carona com seu Adão e Baiana


onde conhecemos Ângela filha do casal que trabalha no sindicato dos
funcionários da saúda de Itumbiara,e conhecemos Salete presidente do STR que
nos contou a emocionante historia da construção daquele sindicato:que veio um
grupo de trabalhadores da Bahia no objetivo de fundar o sindicato e tiveram que
se infiltrar como bóia frias para entrar em contato com os trabalhadores locais e
convencê-los dessa necessidade,passando por duras provas de represarias por
parte dos patrões.Após isso fizemos consertos nas bicicletas depois o Inácio
passou e-mail para Margarida sua filha para ver como estava a espera do bebê
que seria domingo 29/10/06 ultimo dia de prazo.

29/10/2006 domingo - dia da eleição segundo turno para presidente fomos


com Adão e Baiana para a cidade onde justificamos o voto.

30/10/2006 segunda feira –passamos a manhã visitando as famílias do


acampamento e a tarde fomos verificar e-mail e nos deparemos com a triste
noticia do assassinato de Brad Will em Oaxaca no México ao dar cobertura de
mídia independente a luta de resistência popular Indígena naquele país.

31/10/2006 terça feira-lavamos roupas, arrancamos argila na beira do rio,


ribeirão de Santa Maria. E a noite convençamos sobre sementes trocamos Idea
sobre as realidades e diferenças culturais observamos que a uma cultura
campesina ainda bem acentuada nesses habitantes,com costumes de fabricar
produtos caseiros tais como,sabão ,gorduras ,etc.evitando comprar de tudo.

01/11/2006 quarta feira – despedimos da comunidade e partimos chegando em


Centralina - MG, a 25 quilômetro pegamos uma carona de caminhão que nos
deixou na cidade de Prata-MG, dirigimos para o STR que nos foi permitido pelo
presidente daquele sindicato,Jose Heleno fazer o almoço onde nos informamos da
existência de um assentamento rural em Nova Cachoeirinha no rumo de
Uberlândia não dando para ir no mesmo dia por conta da chuva e já estava
anoitecendo fomos checar e-mail e tivemos a triste noticia da morte do bebê de
Margarida antes de nascer por negligência medica. Telefonamos para o Diassis
avisando que estávamos enviando as sementes pelo pai do Sergio (de
Brasília). Colocamos na internet uma carta de solidariedade de Oaxaca e apos
isso procuramos a rodoviária onde armamos a barraca onde fomos dormir com a
permissão do vigia que e pai do presidente do sindicato. Cenas intrigantes, nós
presenciamos durante a noite na rodoviária: os chamados trecheiros que também
partilhavam aquele espaço conosco, amargavam suas realidades de verdadeiros
cães, quase que literalmente falando, ora eram espancados pelo vigia e até
pelos bebuns que tinham uma situação mais privilegiada perante esse (vigia);
ora comiam carnes cruas que conseguiam nos açougues, jogadas ao chão, que
disputavam entre si enquanto os “normais” assistiam estarrecidas, as degradantes
cenas.
Notícias da Estrada (02/11 a 05/11)
Ciclovida escreveu, meio atrasado:
02/11/2006 quinta feira – saímos para o assentamento Nova Cachoeirinha as
14 horas e de ônibus por que continuava chovendo.Chegamos no assentamento
e localizamos Wilson um dos coordenadores que nos recebeu muito bem, nos
apresentando a outras famílias como João e a Branca entre outras. Trocamos
muitas com Wilson que nos falou de seus projetos a serem implantados após o
loteamento da terra que já esperam a 2 anos apesar dê serem imitidos na
posse.Aquelas famílias vivem ainda sob a lona a espera da liberação de
recursos e o loteamento.Um dos projetos do Wilson é uma comunidade
alternativa fundamentada em três princípios filosóficos: vegetarianismo,
espiritualismo e anarquismo, onde se faria também recuperação de
menores.Wilson espera que pessoas interessem-se por essa causa e forme
parceria com ele. E após cantarmos algumas canções de movimentos fomos
dormir em seu pequeno barraco.

03/11/2006 sexta feira – passamos o dia em bate-papo sobre aquela


realidade.

04/11/2006 sábado – passamos o dia na casa de Branca e João Batista e


conhecemos familiares seus que vieram de Uberlândia para passar o fim de
semana ali.

05/11/2006 domingo – Participamos de uma assembléia ordinária onde falaram


de novas promessas para o assentamento, mas sem merecer muitos créditos da
parte daquela comunidade. E nos foi permitido expor os objetivos de nossa
caminhada. A tarde encontramos dona Maria (uma cigana assentada) que nos
deu informações interessantes como mortes que aconteceram no assentamento
que daria para responsabilizar o governo desde de pessoas que morreram com
problemas estomacais que podem serem decorrência de anos sobre a lona
quente e ate acidentadas por estar na beira do asfalto morando nos barracos.A
dona Maria também falou de produção agrícola que antes existia mais fartura,
mas que acabou a partir da invenção das maquinas quando a terra deixou de
fornecer os alimentos.Ela falou que o beneficiamento dos grãos era artesanal o
arroz, por exemplo, era polido com monjolo aproveitando correnteza de água
(ela nos foi mostrar um desativado).Fomos visitar os barracos dos ciganos
assentados e conhecemos: Armando, Vanderlei ,Dolores , Maria Alice,Irene,Nilza
, Dienes (14 anos) Jane (14 anos) foi lá que fizeram a denuncia dos três
ciganos que morreram: Adimuro com diarréia e vomito em 17/04/2005 Eurípides
Machado em 24/09/2004 e Valdenir Dias da Silva em 18/05/2005 com
pneumonia filho de dona Derversina Dias da Silva. Nesse assentamento existem
11 famílias ciganas e apenas 9 assentadas. Nesse dia almoçamos com os
ciganos, findamos a tarde brincando ciranda com as crianças ciganas.
Notícias da Estrada (06/11 a 11/11)
Ciclovida escreveu, um tanto com atraso :)
06/11/2006 segunda feira –levantamos cedo e fomos para a Prata onde
encontramos Wilson na Lan House, que nos ajudaria a por em dias o relatório
do Ciclovida, que depois de 4 horas de digitação perdemos com uma pane no
computador.

Dia 07/11/2006 – terça-feira – Fomos esperar Wilson retirar um dinheiro que a


Bartira havia enviado pela sua conta corrente das contribuições resultadas da
campanha do CMI. Feito isso, almoçamos na rodoviária (comida que fizemos no
STR) conversamos mais com Wilson e partimos as 16 horas de bicicletas rumo
a Campina Verde. No primeiro posto de gasolina que encontramos na estrada
pedimos espaço para armar a barraca, como não permitiram, armamos numa
parada de ônibus à 500 metros.

08/11/2006 – quarta-feira – Acordamos cedinho, Ivânia, meio adoentada,


seguimos para Campina Verde, Paramos ao meio-dia na entrada de Monjolinho,
há 20km de Campina Verde, Passamos a hora quente e seguimos, chegamos
no Acampamento Terra Santa às 17 horas, onde encontramos Arivaldo e Lene.
Nos explicaram que aquele local, é de costume montar-se acampamentos e no
momento estava com pouquíssimas pessoas, embora tivessem bastantes barracas,
“as pessoas querem ganhar terra, mas não querem acampar”, observam.
Falamos de nossa viagem, e seus objetivos e ali nos acolheram aquela noite.
Conversamos bastante com Arivaldo e Lene, uma valente baiana e um
companheiro (seu José), riograndense do norte, pessoas muito acolhedoras,
otimistas e alegres, com quem partilhamos idéias e preocupações, e falamos
como e onde dormimos na noite anterior, e eles falaram que havíamos dormido
na boca da onça. Contaram-nos a história de uma criança que o pai deixou
naquelas proximidades esperando o transporte escolar, e só meio dia é que se
veio dar conta que a onça a havia comido. O pai saiu no rastro de sangue da
filha, encontrando a onça, a matou e ainda hoje está preso há oito meses,
enquadrado na lei de crime ambiental, contam. Nos falaram de outro exemplo,
onde outra criança foi morta por um onça, nas mesmas proximidades e o pai
também a matou, este não foi preso porque a população não deixou, mas está
respondendo em liberdade pelo mesmo crime. O que nos faz entender que isto
acontece pelo fato, de não existir mais víveres para os animais silvestres, e
nem mais florestas, e com tantas pistas que se cruzam, estes animais não
teme mais os barulhos de carro, e arriscam a própria vida, porque tem que
buscar alimentação seja lá o que e onde for. O que muito encontramos nas
pistas são animais mortos. As auto-estradas cortam regiões inteiras, deparando
as comunidades biodiversa, cujos membros estão condenados à morte na
primeira ultrapassagem, e como atua ali a lei de proteção animal e defesa
ambiental?

09/11/2006 quinta feira – Acordamos no acampamento trocamos algumas


variedades de sementes, eles nos repassaram vários tipos de sementes de
pimenta, quiabo, feijão, bucha de metro, mamão (carne vermelha e carne
amarela) abóboras diversas e ipê roxo... Mas reclamaram a falta de pimenta
cumari. Estávamos de saída para visitar um assentamento há uns 12 quilômetros
dali, quando chegaram dois homens se dizendo ser da imprensa local, e nos
entrevistaram, mostrando-se bastante curiosos... Saímos após o almoço e
andamos 12 quilômetros de subidas e decidas enfrentando areal. Quando íamos
vimos uma placa identificando um lote e contendo na placa que a principal
atividade agrícola pimenta cumari. Depois que percorremos o assentamento,
retornamos já ao anoitecer e passamos por reservas florestais do assentamento
que ainda se mantinha bastante densa que nos fez arrepiar os cabelos e
apressar o passo com medo das onças, empurrando as bicicletas por estar
escuro com muitas subidas e areia. Ao passarmos pelo lote das pimentas
cumari, pedimos umas mudas e sementes que levamos aos companheiros do
acampamento, batendo a porta do barraco de Arivaldo e Lene a 11 horas da
noite, repassamo-los as mudas de pimentas e ali dormimos mais uma noite.

10/11/2006 sexta feira – saímos de Campina Verde atravessando estradas de


chão e o deserto do latifúndio rumo a Iturama, nesse ínterim encontramos um
acampamento onde tomamos água, café, e tivemos boas conversas com o
pessoal alem de escutar uma sanfona bem tocada ao estilo sulista, 3
quilômetros a frente encontramos o assentamento Peroba Sanharão. Dirigimo-nos
ao mesmo e nos informaram onde morava o presidente. Lá encontramos o
Carlito, sua companheira a Josefa, sua mãe dona Tereza, entre outros familiares
e companheiros. Falamos da atividade do ciclovidas fomos acolhidos por todos
aquele pessoal simples e alegre e a noite trocamos idéias e cantamos nossas
musicas e ouvimos musicas locais cantadas por eles. Ficamos na casa do
Carlito e família.

11/11/2006 sábado – visitamos varias famílias e nos informamos mais daquele


assentamento.
Área: 3.974 ha; 123 assentados; atividade principal é a pecuária; 2 poços
artesianos mais de 100 pequenas represas; nascentes diversas, além de duas
rodas de água. O leite, principal produto, é vendido para industria de laticínio. À
noite trocamos experiências, cantamos, recebemos o carinho das crianças do
assentamento materializado nesta poesia/canto que eles no ofereceram:
EU VIM DE LONGE PARA ENCONTRAR O MEU CAMINHO
TINHA UM SORRISO, E UM SORRISO AINDA VALIA
ACHEI DIFÍCIL A VIAGEM ATÉ AQUI
MAS EU CHEGUEI, MAS EU CHEGUEI
EU VIM DEPRESSA, MAS NÃO VIM DE CAMINHÃO;
EU VIM DE JATO NO ASFALTO DESSE CHÃO
ACHEI DIFÍCIL A VIAGEM ATÉ AQUI
MAS EU CHEGUEI, MAS EU CHEGUEI.
EU VIM POR AQUILO QUE NÃO SE VER
VIM NU, DESCALÇO SEM DINHEIRO E NA PIOR...
ACHEI DIFÍCIL A VIAGEM ATÉ AQUI
MAS EU CHEGUEI, MAS EU CHEGUEI!
EU TIVE AJUDA DE QUEM VOCÊ NÃO ACREDITA
TIVE A ESPERANÇA DE CHEGAR ATÉ AQUI
VIM CAMINHANDO PARA ESTÁ FELIZ AQUI
(crianças do Assentamento Peroba Sanharão, Campina Verde, Minas Gerais)
após tudo isto, fomos todos dormir.
Notícias da Estrada (12/11 a 15/11)
Ciclovida escreveu, um pouco atrasado:
12/11/2006 domingo – visitamos mais famílias e meio dia fomos para outra
parte do assentamento, onde estava acontecendo um torneio de futebol, fomos
de carona no gol de Jose Pereira, sua companheira Balduina, sua neta Anita
Geovana e Josefa a companheira do Carlito. Lá encontramos mais pessoas entre
a secretaria filha de Balduina ao final retornamos para a sede, casa do Carlito,
que nos mostrou todo o processo de desapropriação daquela fazenda e o quanto
tiveram que ser ágeis para não perder a terra. Denunciou também que houve
incidências de morte de três companheiros na época do acampamento por
contaminação pela água, por não poder usar água potável que estava na
fazenda. Após tantas manifestações carinhosas daquele pessoal, que inclusive nos
ofertaram fotos da resistência deles para levarmos como lembranças.fomos dormir
já com saudades porque dia seguinte partiremos.

13/11/2006 segunda feira – Despedimo-nos de todos e saímos de carona no


carro que leva o leite e descemos na casa de seu Tinoco e dona Maria,
estávamos no outro assentamento a 20 quilômetros de Iturama - MG. Passamos
o dia com a família, trocamos algumas sementes, conhecemos Dinamarquês
(filha do casal) que nos mostrou “rodas de água” (essas rodas de é que faz
bombeamento para abastecer as casa e irrigação). Observamos que atividade
principal e também a pecuária, e a noite fomos presenteados com uma noitada
de viola caipira oferecida por seu Tinoco.

14/11/2006 terça feira – saímos para fazer algumas visitas, percebemos as


casas, um tanto isoladas por conta do loteamento da terra, cada casa se
distancia da estrada imitando fazendas, onde o gado forma a principal povoação,
andando sobre o tapete de capim, chegando vezes, uma assentado possuir ate
mais de 100 cabeças, que para mantê-las tem que alugar o lotes de outros
companheiros de assentamento, e outros que mantêm-se do aluguel de seus
lotes. Fomos ate a noite em visitas, por fim paramos no lote de Conceição
onde fomos convidados para esperar o jantar, nessa recebemos algumas
sementes de pimentas, e nos informou que metade dos assentados já havia
vendido seus lotes. Eles falaram da complicação que dá a venda de lotes: os
que compram são pessoas descompromissadas com a causa dos sem terra,
reproduzindo uma desigualdade social e causando o enfraquecimento da luta.
Saímos de lá as 10 horas da noite temendo passar por uma pequena reserva
onde se comentavam sobre aparecimentos de onças; atravessamos com a
solidariedade de um companheiro em seu carro, que alumiava nossas bicicletas
ate o final da travessia, e assim chegamos na casa de seu Tinoco para dormir.

15/11/2006 quarta feira – Acordamos cedo, arrumamos as cargas nas bicicletas


e saímos. Lanchamos água de coco já em Iturama na barraca de um baiano,
prosseguimos em frente, paramos a 2 km nuns restos de barracos que já havia
sido antes acampamentos de sem terra, e que agora é moradia de sem tetos,
que ate sugeriram que morássemos num desses, mas explicamos nosso projeto
e que estávamos de passagem. Prosseguindo, paramos no posto de gasolina
onde ficava a entrada de acesso ao estado de São Paulo, que já estávamos a
12 km da divisa MG/ SP. Há 2 km do posto fiscal da divisa paramos para
tomar água numa casa na beira da pista de baixo de um mangueiral,
encontramos uma jovem mulher, cujo marido trabalhava plantando vassoura e o
mesmo as montavam para seu patrão. Ali chupamos mangas, bebemos água e
conversamos com aquela companheira, que nos falou que se chama Luciana,
que era casada pela segunda vez, que seu primeiro companheiro morrera em
conseqüência de um raio de relâmpago em Mato Grosso, num acampamento de
carvoaria, pois ele fazia carvão para um patrão, que ele havia chegado nessa
região com 17 anos e ainda não tinha feito dinheiro para visitar a família, que
sempre prometia para a companheira que a levaria para conhecer sua família no
Nordeste, que ele era do Ceará e se chamava Antonio Ferreira Serafim, filho de
Francisco Ferreira Campos e Ana Serafim Campos, nascido em 21 de janeiro de
1978, na localidade de Trussu, entre Acopiara, Catarina e Iguatu que ela havia
tentado entrar em contato com a família e não tinha conseguido. Ele morreu em
Cassilândia, Mato Grosso do Sul, enterrado em 20 de abril de 2005, na cidade
de Chapadão do Sul, há 100 km de Cassilândia. Hoje a Luciana trabalha com
seu segundo companheiro para o “Toinho”, seu patrão atual. Logo na frente
encontramos a ponte do Rio Grande da mencionada divisa. Aqui estamos, há
um passo à frente: São Paulo, e há um passo atrás: Minas Gerais. Nesse
momento nos despertamos para bater umas fotos. Nossas bicicletas carregadas,
nos fazia parecer com vendedores de peixe. Foi assim que uma senhora,
mulher de um médico que estava em família a admirar aquelas paisagens. Essa
companheira convidou seu companheiro para se aproximar dos peixeiros (que
seríamos nós), mas ao se aproximarem de nós, viram que estávamos batendo
fotos, logo lhe pairou o dilema: “nunca se viu vendedor de peixe batendo
fotos!” Aproximaram-se, mas para se oferecerem para nos ajudar na “tiração”
de nossas próprias fotos. Depois que se certificaram do que estávamos fazendo,
o companheiro que se chamava Márcio, que era médico, que estava dando
passeio por ali com a família: Leily sua comp., Ricardo seu cunhado, a filha
Izabelle e o filho Cesare. Márcio disse que estávamos fazendo algo que ele
sempre sonhava fazer, e perguntou se podia ajudar, respondemos que ficasse à
vontade, ele então nos deu R$ 50,00 e sua camisa de torcedor do Juventus
da Itália. Nos encheu de felicitações e foi embora, e nós também. Às 16 horas
estávamos chegando na entrada de Turmalina – SP, onde nos com duas fileiras
de mangueiral ás duas margens da estrada que dá acesso a pequena cidade,
paramos ali observando os 3 km de mangas pelo chão que a margeava, e
como não havíamos ainda almoçado, largamos das bicicletas e enchemos a
barriga de manga, chamando a atenção de tantos quantos passassem por ali,
logo seguimos para essa cidade e ao chegarmos não deixávamos de causar
espantos àquela população, fomos a internet, depois que checamos e-mails ali
mesmo nos informamos da existência de galpão de feira, que podíamos armar a
barraca e dormir, sugeriram que antes comunicássemos a policia local, o que
fizemos, e essa nos autorizou dormir no dito galpão, falando também que já
havia recebido dois telefonemas dando conta da existência de dois estranhos na
cidade. Após informar da nossa atividade e de onde vínhamos de bicicletas, o
delegado ainda admirado nos pediu um favor: que quando voltássemos a
Fortaleza tentasse localizar seu pai biológico que estava com 80 anos de idade
e ele havia descoberto que o mesmo (seu pai) residia naquela cidade
(Fortaleza). Ainda saímos para procurar um cartão telefônico para nos
comunicarmos com nossos filhos, quando encontramos alguns jovens numa mesa
de cerveja, e como nos observavam resolvemos nos aproximar e explicar o que
fazíamos. Depois do dialogo, um deles ofereceu a chave de sua casa para
dormirmos nela, que estava apenas com seus pertences, mas ele não dormia lá,
o que aceitamos prontamente, ate porque tinha banheiro e a gente estava
precisando.
Notícias da Estrada (16/11 a 20/11)
Ciclovida escreveu, com um pouco de atraso :)
16/11/2006 quinta feira – juntamos no quintal da casa algumas sementes de
jabuticaba e pitanga, nos despedimos do companheiro, e por um pequeno erro
de percurso passamos pela vila Fátima Paulista, fazendo uma grande volta de 6
km por estradas de chão, retornamos quase ao mesmo lugar de partida e
prosseguimos passando pelo trevo de Jales e fomos sair em Pontalinda, onde
tivemos vontade de descansar, mas como achamos cedo ainda fomos até
Auriflama, onde tivemos que nos adentrar 8 km fora da rota, e dormimos na
rodoviária com permissão da vigilância.

17/11/2006 sexta feira – saímos cedo, e rompendo a estrada margeada por


fazendas de cana e gado, avistamos uma pequena chácara e nos aproximamos
para beber água, era de uma Nordestina que avia comprado com algumas
dezenas de anos de trabalho duro, essa nos ofereceu café com macaxeira
(mandioca) cozida, agradecemos e às 10 horas estávamos a beira do rio
Tietê, fazendo comida, a 20 km de Araçatuba. Às 15 horas saímos, passamos
em Araçatuba e fomos dormir em Bilac. Esta noite foi a primeira mais tensa de
toda a viagem. É que na rodoviária, onde fomos dormir não tem vigilância, e
quem é desconhecido ali se sente num inseguro esmo no deserto da cidade, e
passamos ali à noite entre dormindo e acordado, temendo ser abordado, ora
pela polícia, ora a galera da vida noturna.

18/11/2006 sábado – sem muita novidade, margeados pelas continuas fazendas,


a diferença deu-se pelo fato de ser a estrada mais acidentalizada pela
incidência de muitas ladeiras, chegamos em Rinópolis, onde encontramos um
galpão, local onde os bóias-frias esperam os transportes para os canaviais, ali
armamos a barraca e dormimos.

19/11/2006 domingo – enfrentando a mesma rotina de autos e baixos da


estrada e canaviais chegamos à entrada da Vila Escócia, para onde resolvemos
entrar para darmos uns telefonemas, mas como já estava anoitecendo decidimos
por pernoitar ali, depois de tranqüilizados por algumas pessoas que ali moravam,
de que era um lugar extremamente pacato. Quando tudo se “acalmara”
armamos nossa barraca encostada à igreja católica. Mas logo percebemos um
grupinho de vigilantes voluntários que curtia seus ópios de cada noite, na inércia
da madrugada adentro. Percebemos que era inoportuna nossa presença ao
ouvirmos os sussurros de insatisfação que iam se tornando cada vez mais
freqüentes e ofensivos, chegando a nos xingar, então resolvemos nos aproximar
do e esclarecer sobre nossa atividade.Um deles, o Danilo resolveu nos defender,
tornando-se nosso escudo para qual se encaminhou à fúria dos outros.
Percebendo nosso dilema, Danilo nos convidou para irmos com ele para a casa
de seus pais onde lá podíamos dormir. Mas o problema, é que um dos
xingadores era seu irmão e descordava da disponibilidade do Danilo. Mas o
Danilo impunha-se decisivo, e insistentemente queria nos levar para sua casa
sob os protestos do irmão.Em meio ao fogo cruzado entre irmãos, onde nenhum
um dos dois sóbrios, nós tínhamos que tomarmos uma posição. Tentamos fazer
com que o Danilo desistisse de nos levar para sua casa; dizíamos que não era
fácil seus pais acolherem desconhecidos àquela hora da noite, mas fomos
obrigado a concordar em ir com ele, pois ele desfazia nossos argumentos
dizendo que seus pais eram bons e acolhedores. Dissemos então que íamos,
mas voltaríamos para a praça. Acordo feito e aceito também pelo irmão rival.
Realmente nos deparamos com duas pessoas maravilhosas que nos ofereceram o
que estava em seu alcance... Bem não terminamos o bate papo o irmão rival
chega já ameaçando botar para fora de sua casa, o que nos fez bater em
retirada. O Danilo nos acompanhou até a praça onde dormiríamos, mas assim
que ele voltou para sua casa resolvemos prosseguir estrada a fora pela
madrugada, tivemos que sair para nos proteger e não sentindo segurança em
pousar na beira da estrada percorremos 25 km rumo a Martinópolis. Uns 8 km
antes de chegar a cidade já não agüentando o cansaço encontramos um grande
espaço limpo que nos chamou atenção para armarmos a barraca e quando
começamos desamarra-la percebemos pelo reflexo de um carro que tratava-se
da entrada de um latifúndio, mais uma vez nos retiramos por precaução e
temendo os cachorros que já avisava a presença de estranhos. Fomos parar na
entrada da cidade de Martinópolis onde encontramos uma guarita de ônibus e
dessa vez não armamos mais barraca, dormimos ali mesmo no banco já eram
3 da manhã.

20/11/2006 segunda feira – acordamos com sol alto, procurávamos um


assentamento, mas nos informara que este estava a uns 10 ou 15 km fora da
nossa rota, e que mais perto estava um acampamento, sendo para onde nos
dirigíamos após darmos uma volta na cidade para resolvermos algumas questões
tais como a revelação das fotos, quando tivemos a grande decepção: pois os
filmes tinham sido mal colocados na máquina, não dando certo nenhuma foto
desde Brasília. Ali colocamos outro filme, e agora esperamos que não estejam
errados ou a máquina não dê problemas. Chegando no acampamento Barrinha
nos identificamos e ali fomos acolhidos pelos companheiros acampados.Ficamos
no barraco com Francisco e família e ali fomos tomando da realidade daqueles
companheiros, de anos afio vivendo em barracos sob o descaso dos que
governam em conivência com o latifúndio. Durante a tarde foi articulada uma
reunião com os acampados onde partilhamos informes e preocupações cantamos
musicas de animação da luta, quase todo o acampamento estava presente e
animados se comprometeram de ver o que havia de sementes para partilhar no
dia seguinte.
Notícias da Estrada (21/11 a 22/11)
Ciclovida escreveu, um pouco atrasado :)
21/11/2006 terça feira – acordamos tarde para tirar o acumulo do cansaço de
25 kg de medo da noite anterior. Às 9 horas foi a troca de sementes, várias
pessoas chegavam com sementes outras que não tinham vinham na busca de
alguma para quando conquistar a terra plantar a sementes naturais. À tarde
conversamos com alguns acampados e escutamos o relato de um atentado que
sofreram há 4 dias atrás esse mesmo acampamento estava na fazenda
Abrumados, dia 12/11/2006, domingo a noite, apareceu um fogo cercando todo
o acampamento, todo o pessoal do acampamento saiu na tentativa de apagar,
mas encontrando muita dificuldade, avisaram aos bombeiros que também não
poderão vir pois estavam apagando um outro incêndio que apareceu
misteriosamente o que leva a suspeitar da intenção criminosa desses incêndio.
Quando os bombeiros vieram chegar já era madrugada e sem ter material para
apagar o fogo e o povo tentava salvar o gado da fazenda. Esta fazenda estava
em negociação com o Incra desde janeiro. Suspeita-se que alguém tenha
soltado o gado propositadamente para serem atingido pelo fogo e a culpa recair
sobre os acampados para facilitar a remoção ou despejo do acampamento e
assim o povo foi despejado e hoje se encontra ali na Barrinha. Tornamo-nos
ali, amigos de todos aqueles companheiros, que em nome de todos os outros,
os citamos aqui estes: Francisco e Maria, e filhos e netos, que são: Amaurílio
Moisés (faz curso de técnica agrícola na Escola Paulo de Sousa em
Martinópolis), Yara Cristina, Grezielle Regina (também faz o mesmo curso junto
com o pai), Francielle Jasmim e Drielle Francisca. Tem também a família do
filho mais velho de Francisco e Maria: Lucas Emanuel, sua família: Elaine
Cristina, Jéssica Eliza e André Francisco. Alem, tinhas os companheiros: Lega o
coordenador, Cicinato e Rosecley com seus filhos Daniel, Miriam e Daniele; o
Cicinato nos deu um facão e uma lanterna, nos deixando equipados para
acampar. Pela tarde fomos tentar tirar argila medicinal e pegar bambus para
fazermos barracas. Recebemos sementes de guandu branco grande, fava branca,
milho pipoca branco, maracujá melão, de seu Valério e dona Enerdina.
Recebemos de dona Maria dos Santos, uma castanha de indaiaçu e milho
canjica.
22/11/2006 quarta feira – dali partimos sentido Mirante do Paraná Panema,
passamos em Indiana, e Regente Feijó, logo parou um carro pampa e perguntou
para onde íamos e após nosso ouvir nos ofereceu carona ate Anhumas (este
homem era de uma pastoral social e assistência aos migrantes). Chegando,
agradecemos a carona e paramos na frente para pedir água, ali tinha um
caminhão carregando de tabuas, depois de saber de nosso destino, o motorista
falou que nos daria uma carona se fosse a noite para driblar a policia
rodoviária. Pedimos-lhe informação sobre um acampamento à frente e esse nos
informou, agradecemos a boa intenção e prosseguimos. Antes de atravessarmos
toda a cidade, o dito caminhão parou e nos deu a carona até o acampamento
Vitória II, em frente ao Assentamento Santo Antonio II, entrada de Nova Pátria,
município de Presidente Bernardes. Ali no acampamento nos identificamos para
os companheiros e companheiras, falamos das referências de nomes que nos
foram dados pelos acampados de Martinópolis, que era Moura e Frangão depois
de um bom tempo nos convidaram para entrar, e logo sugerimos uma conversa
com os acampados sobre a atividade que fazemos. Tivemos uma conversa
rápida, mas dando para expor basicamente nossos objetivos. Conhecemos a
companheira Fátima, mulher guerreira e forte, que encara de cabeça erguida os
estigmas impostos aos portadores do vírus HIV (ela e seu companheiro são
portadores há 20 anos), embora não tenha se desenvolvido os sintomas da
AIDS. Estes estão acampados e não dão sinais de fraqueza ou desânimo.
Quarta-feira, 13 de Dezembro de 2006
Direto do pedal, via e-mail (11/12)
Ciclovida escreveu:
Passamos dois dias empenhados em fazer o relatório da viagem. Ainda bem
que tivemos a ajuda do companheiro Lourival da secretaria do MST de Peabiru,
aqui do Paraná. Olha cara, soubemos que as sementes já devem ter chegado
no Ceará (...) Depois enviaremos o resto do relatório. Devemos sair amanhã
daqui, rumo a Foz do Iguaçu.
Da estrada (24/10 a 31/10)
24/10/2006 – Terça-feira – Este foi o ultimo dia em Goiânia. Inácio passou
quase toda a manhã separando sementes para serem levadas em parte para o
Nordeste. Estas sementes serão levadas por Bartira, que vai voltar até Brasília,
é que ela resolveu ficar um mês na casa do Santxier, na Reserva Sagrada dos
Pajés, na asa norte... Antes do almoço o Léo e Jerfeson foram conosco para a
feira do troca ,onde Bartira e Ivânia trocaram suas bicicletas e fizemos de freios
.voltamos para a Pricila e em seguida fomos deixar Bartira na rodoviária
,compramos a passagem mais deu uma confusão por que o ônibus não queria
levar sua bicicleta por menos de 20reais a mais da viagem [30reais]e pedimos
a devolução do dinheiro e ela partiu em um carro pequeno pagando só a
passagem .logo mais Inácio Ivânia partiram dando procedimento a atividade da
estrada e saímos as 17 horas de Goiânia rumo ao triangulo mineiro chegamos a
noite em Aparecida de Goiás pedimos para pernoita no auto posto Aparecidão
da rede marajó,que não permitiram que pernoitamos no cetro da cidade na área
de bar noite de bastante chuva.

25/10/2006, quarta feira -saímos de aparecida passamos Hidrolandia terra das


jabuticabas, lá encontramos a Maris e seu filho vendendo pequis e na beira da
estrada a frente encontramos Raimundo vendendo jabuticabas e compramos 2
litros por 5 reais seguimos a rodovia Br 156 com dificuldades de transitar por
estar em obras e fomos dormir 20 quilometro após a cidade de Professor Jamil
na área de proteção do bar de seu Jose,onde fizemos comida que dividimos
com um trecheiro que conhecemos na estrada.

26/10/2006 quinta feira -partimos nas mesmas dificuldades da estrada horas


sem acostamento horas sem asfalto e chegamos em Rancho Alegre e pedimos
para fazer comida no pátio do posto rodoviário federal. A essa altura a atividade
das sementes estava triste por que apenas fazendas hotéis e posto de gasolina
povoavam a região. Chegamos em Morrinhos cidade encima da serra, sentimos
ate calafrios ao percebermos que era a morada dos latifundiários com tudo
fomos acolhidos por um posto de gasolina que nos cedeu banho e local para
pernoitarmos.

27/10/2006 sexta feira- decidimos pegar o ônibus para atravessar o deserto do


latifúndio e ultrapassamos um trecho de 70 quilômetros e chegamos na ultima
cidade de Goiás, Itumbiara onde fizemos checagem de e-mail , pesemos cartas
no correio e fizemos almoço na beira do rio que divide Minas e Goiás, e em
seguida fomos para o acampamento Celso Furtado a 5 quilometro voltando para
Buriti Alegre onde encontramos varias pessoas entre elas Adão e Baiana que
nos acolheram depois que falamos nosso objetivos aprendemos muito de estradas
com seu Adão de 84 anos de idade que já fora caminhoneiro por 50 anos.
28/10/2006 sabado - fomos a cidade de carona com seu Adão e Baiana
onde conhecemos Ângela filha do casal que trabalha no sindicato dos
funcionários da saúda de Itumbiara,e conhecemos Salete presidente do STR que
nos contou a emocionante historia da construção daquele sindicato:que veio um
grupo de trabalhadores da Bahia no objetivo de fundar o sindicato e tiveram que
se infiltrar como bóia frias para entrar em contato com os trabalhadores locais e
convencê-los dessa necessidade,passando por duras provas de represarias por
parte dos patrões.Após isso fizemos consertos nas bicicletas depois o Inácio
passou e-mail para Margarida sua filha para ver como estava a espera do bebê
que seria domingo 29/10/06 ultimo dia de prazo.

29/10/2006 domingo - dia da eleição segundo turno para presidente fomos


com Adão e Baiana para a cidade onde justificamos o voto.

30/10/2006 segunda feira –passamos a manhã visitando as famílias do


acampamento e a tarde fomos verificar e-mail e nos deparemos com a triste
noticia do assassinato de Brad Will em Oaxaca no México ao dar cobertura de
mídia independente a luta de resistência popular Indígena naquele país.

31/10/2006 terça feira-lavamos roupas, arrancamos argila na beira do rio,


ribeirão de Santa Maria. E a noite convençamos sobre sementes trocamos Idea
sobre as realidades e diferenças culturais observamos que a uma cultura
campesina ainda bem acentuada nesses habitantes,com costumes de fabricar
produtos caseiros tais como,sabão ,gorduras ,etc.evitando comprar de tudo.
Postado por Philipe Ribeiro às 16:11 0 comentários
Da estrada (17/10 a 23/10)
Terça-feira, dia 17 de outubro de 2006, chegamos em Goiânia pela noite.
Chegamos, a partir Abadiânia, com as bicicletas no gavetão do ônibus, para nos
apressar, por conta de que, o companheiro Diego, que vinha documentando com
uma filmadora, só teria até quarta feira para estar conosco; por conta de
expiração do seu tempo de folga no trabalho, teria que retornar à Brasília, e
queríamos muito que chegássemos juntos à Goiânia, que assim nos apresentaria
aos compas daquela Capital. Logo à noite encontramos com vários companheiros
que já nos aguardavam. Passamos até meia noite conversando, nos inteirando
reciprocamente e tomando pé na realidade. Fomos dormir na casa de Tiago e
Eliza, do movimento libertário de Goiás, ligados a viabilização da comunicação.
Dia 18/10 – quarta-feira - foi mais de descanso e conversas descontraídas e
de informações recíprocas.

Dia 19/10 – quinta-feira - montamos as bicicletas que estavam desmontadas


desde que trouxemos há dois dias no ônibus, de Abadiânia a Goiânia, depois
saímos nas tentativas de trocá-las nas bicicletarias, Ivânia e Bartira pretendiam
outras que se adaptassem melhor aos seus gostos. Passamos o dia nessa
tentativa, não deu certo fazer nenhuma troca, porque ofereceram muito pouco em
valor pelas bicicletas, “nem mesmo o nosso apelo ao valor histórico dessas
bicicletas, por terem resistido tanto, no percurso, Fortaleza/Goiânia, sensibilizava
os donos de bicicletarias e negociadores”. Pela noite fomos para uma reunião
no espaço da Igreja católica para ´programarmos o dia da democratização da
comunicação`, e ao retornarmos, fomos para o apartamento de Pricila para
dormir, e demos de cara com o porteiro, que, por ordens superiores não queria
aceitar nossa entrada com as bicicletas, o que só seria permitido aos moradores
do prédio. Não baixando a cabeça e falando mais alto, ela (Pricila) fez valer
seu direito de ser solidária. É nessa circunstância que ficamos em seu
apartamento por alguns dias com nossas três bicicletas.

Dia 20/10/2006 (sexta-feira) – Fomos para a UFG (Universidade Federal de


Goiás), Onde teria dois sarais de poesia: um pela manhã e outro pela tarde, e
teria uma reunião para debater a democratização da comunicação. Planejamento
cumprido no transcorrer do dia, não acontecendo apenas o saral da manhã.
Fomos (Ivânia, Bartira e Inácio) para UFG e voltamos para o apartamento de
Pricila de bicicleta.

Dia 21/102006 (sábado) foi o primeiro dia da programação da rádio, que


fizemos em conexão com as rádios comunitárias de Brasília. Nó participamos
desta programação juntos com vários companheiros e coletivos, abordamos vários
temas como: Passe Livre, Democracia, Eleições, Naturalismo e Saúde; catamos
músicas variadas dos movimentos, etc. Foi um dia de encontro com muita gente
lutadora do movimento libertário.

Dia 22/10 – Domingo – segundo dia de programação da rádio comunitária.


Fizemos programa com Victor, companheiro estudioso da macrobiótica sobre:
Alimentação, Saúde e Nova Relação com a terra. Lá encontramos também o
Vinícius, que por sinal usa muito a bicicleta, e faz retratos das pessoas na hora
H, isto é seu trabalho. Estávamos também com o Léo do CMI. Depois fomos
para a casa da Pricila e encontramos também o Igor (o animal), encontramos
também a Pilar. Conhecemos Jerfeson, um companheiro músico que é de
Fortaleza, Ceará, que está morando em Goiânia, e que curte também uma
bicicleta.

23/10/2006 – Segunda-feira - Convivemos com esses compas na casa de


pricila
Da estrada (01/11 a 07/11)
01/11/2006 quarta feira – despedimos da comunidade e partimos chegando em
Centralina - MG, a 25 quilômetro pegamos uma carona de caminhão que nos
deixou na cidade de Prata-MG, dirigimos para o STR que nos foi permitido pelo
presidente daquele sindicato,Jose Heleno fazer o almoço onde nos informamos da
existência de um assentamento rural em Nova Cachoeirinha no rumo de
Uberlândia não dando para ir no mesmo dia por conta da chuva e já estava
anoitecendo fomos checar e-mail e tivemos a triste noticia da morte do bebê de
Margarida antes de nascer por negligência medica. Telefonamos para o Diassis
avisando que estávamos enviando as sementes pelo pai do Sergio (de
Brasília). Colocamos na internet uma carta de solidariedade de Oaxaca e apos
isso procuramos a rodoviária onde armamos a barraca onde fomos dormir com a
permissão do vigia que e pai do presidente do sindicato. Cenas intrigantes, nós
presenciamos durante a noite na rodoviária: os chamados trecheiros que também
partilhavam aquele espaço conosco, amargavam suas realidades de verdadeiros
cães, quase que literalmente falando, ora eram espancados pelo vigia e até
pelos bebuns que tinham uma situação mais privilegiada perante esse (vigia);
ora comiam carnes cruas que conseguiam nos açougues, jogadas ao chão, que
disputavam entre si enquanto os “normais” assistiam estarrecidas, as degradantes
cenas.

02/11/2006 quinta feira – saímos para o assentamento Nova Cachoeirinha as


14 horas e de ônibus por que continuava chovendo.Chegamos no assentamento
e localizamos Wilson um dos coordenadores que nos recebeu muito bem, nos
apresentando a outras famílias como João e a Branca entre outras. Trocamos
muitas com Wilson que nos falou de seus projetos a serem implantados após o
loteamento da terra que já esperam a 2 anos apesar dê serem imitidos na
posse.Aquelas famílias vivem ainda sob a lona a espera da liberação de
recursos e o loteamento.Um dos projetos do Wilson é uma comunidade
alternativa fundamentada em três princípios filosóficos: vegetarianismo,
espiritualismo e anarquismo, onde se faria também recuperação de
menores.Wilson espera que pessoas interessem-se por essa causa e forme
parceria com ele. E após cantarmos algumas canções de movimentos fomos
dormir em seu pequeno barraco.

03/11/2006 sexta feira – passamos o dia em bate-papo sobre aquela


realidade.

04/11/2006 sábado – passamos o dia na casa de Branca e João Batista e


conhecemos familiares seus que vieram de Uberlândia para passar o fim de
semana ali.

05/11/2006 domingo – Participamos de uma assembléia ordinária onde falaram


de novas promessas para o assentamento, mas sem merecer muitos créditos da
parte daquela comunidade. E nos foi permitido expor os objetivos de nossa
caminhada. A tarde encontramos dona Maria (uma cigana assentada) que nos
deu informações interessantes como mortes que aconteceram no assentamento
que daria para responsabilizar o governo desde de pessoas que morreram com
problemas estomacais que podem serem decorrência de anos sobre a lona
quente e ate acidentadas por estar na beira do asfalto morando nos barracos.A
dona Maria também falou de produção agrícola que antes existia mais fartura,
mas que acabou a partir da invenção das maquinas quando a terra deixou de
fornecer os alimentos.Ela falou que o beneficiamento dos grãos era artesanal o
arroz, por exemplo, era polido com monjolo aproveitando correnteza de água
(ela nos foi mostrar um desativado).Fomos visitar os barracos dos ciganos
assentados e conhecemos: Armando, Vanderlei ,Dolores , Maria Alice,Irene,Nilza
, Dienes (14 anos) Jane (14 anos) foi lá que fizeram a denuncia dos três
ciganos que morreram: Adimuro com diarréia e vomito em 17/04/2005 Eurípides
Machado em 24/09/2004 e Valdenir Dias da Silva em 18/05/2005 com
pneumonia filho de dona Derversina Dias da Silva. Nesse assentamento existem
11 famílias ciganas e apenas 9 assentadas. Nesse dia almoçamos com os
ciganos, findamos a tarde brincando ciranda com as crianças ciganas.

06/11/2006 segunda feira –levantamos cedo e fomos para a Prata onde


encontramos Wilson na Lan House, que nos ajudaria a por em dias o relatório
do Ciclovida, que depois de 4 horas de digitação perdemos com uma pane no
computador.
Dia 07/11/2006 – terça-feira – Fomos esperar Wilson retirar um dinheiro que a
Bartira havia enviado pela sua conta corrente das contribuições resultadas da
campanha do CMI. Feito isso, almoçamos na rodoviária (comida que fizemos no
STR) conversamos mais com Wilson e partimos as 16 horas de bicicletas rumo
a Campina Verde. No primeiro posto de gasolina que encontramos na estrada
pedimos espaço para armar a barraca, como não permitiram, armamos numa
parada de ônibus à 500 metros.
Da estrada (08/11 a 11/11)
08/11/2006 – quarta-feira – Acordamos cedinho, Ivânia, meio adoentada,
seguimos para Campina Verde, Paramos ao meio-dia na entrada de Monjolinho,
há 20km de Campina Verde, Passamos a hora quente e seguimos, chegamos
no Acampamento Terra Santa às 17 horas, onde encontramos Arivaldo e Lene.
Nos explicaram que aquele local, é de costume montar-se acampamentos e no
momento estava com pouquíssimas pessoas, embora tivessem bastantes barracas,
“as pessoas querem ganhar terra, mas não querem acampar”, observam.
Falamos de nossa viagem, e seus objetivos e ali nos acolheram aquela noite.
Conversamos bastante com Arivaldo e Lene, uma valente baiana e um
companheiro (seu José), riograndense do norte, pessoas muito acolhedoras,
otimistas e alegres, com quem partilhamos idéias e preocupações, e falamos
como e onde dormimos na noite anterior, e eles falaram que havíamos dormido
na boca da onça. Contaram-nos a história de uma criança que o pai deixou
naquelas proximidades esperando o transporte escolar, e só meio dia é que se
veio dar conta que a onça a havia comido. O pai saiu no rastro de sangue da
filha, encontrando a onça, a matou e ainda hoje está preso há oito meses,
enquadrado na lei de crime ambiental, contam. Nos falaram de outro exemplo,
onde outra criança foi morta por um onça, nas mesmas proximidades e o pai
também a matou, este não foi preso porque a população não deixou, mas está
respondendo em liberdade pelo mesmo crime. O que nos faz entender que isto
acontece pelo fato, de não existir mais víveres para os animais silvestres, e
nem mais florestas, e com tantas pistas que se cruzam, estes animais não
teme mais os barulhos de carro, e arriscam a própria vida, porque tem que
buscar alimentação seja lá o que e onde for. O que muito encontramos nas
pistas são animais mortos. As auto-estradas cortam regiões inteiras, deparando
as comunidades biodiversa, cujos membros estão condenados à morte na
primeira ultrapassagem, e como atua ali a lei de proteção animal e defesa
ambiental?
09/11/2006 quinta feira – Acordamos no acampamento trocamos algumas
variedades de sementes, eles nos repassaram vários tipos de sementes de
pimenta, quiabo, feijão, bucha de metro, mamão (carne vermelha e carne
amarela) abóboras diversas e ipê roxo... Mas reclamaram a falta de pimenta
cumari. Estávamos de saída para visitar um assentamento há uns 12 quilômetros
dali, quando chegaram dois homens se dizendo ser da imprensa local, e nos
entrevistaram, mostrando-se bastante curiosos... Saímos após o almoço e
andamos 12 quilômetros de subidas e decidas enfrentando areal. Quando íamos
vimos uma placa identificando um lote e contendo na placa que a principal
atividade agrícola pimenta cumari. Depois que percorremos o assentamento,
retornamos já ao anoitecer e passamos por reservas florestais do assentamento
que ainda se mantinha bastante densa que nos fez arrepiar os cabelos e
apressar o passo com medo das onças, empurrando as bicicletas por estar
escuro com muitas subidas e areia. Ao passarmos pelo lote das pimentas
cumari, pedimos umas mudas e sementes que levamos aos companheiros do
acampamento, batendo a porta do barraco de Arivaldo e Lene a 11 horas da
noite, repassamo-los as mudas de pimentas e ali dormimos mais uma noite.

10/11/2006 sexta feira – saímos de Campina Verde atravessando estradas de


chão e o deserto do latifúndio rumo a Iturama, nesse ínterim encontramos um
acampamento onde tomamos água, café, e tivemos boas conversas com o
pessoal alem de escutar uma sanfona bem tocada ao estilo sulista, 3
quilômetros a frente encontramos o assentamento Peroba Sanharão. Dirigimo-nos
ao mesmo e nos informaram onde morava o presidente. Lá encontramos o
Carlito, sua companheira a Josefa, sua mãe dona Tereza, entre outros familiares
e companheiros. Falamos da atividade do ciclovidas fomos acolhidos por todos
aquele pessoal simples e alegre e a noite trocamos idéias e cantamos nossas
musicas e ouvimos musicas locais cantadas por eles. Ficamos na casa do
Carlito e família.

11/11/2006 sábado – visitamos varias famílias e nos informamos mais daquele


assentamento.
Área: 3.974 ha; 123 assentados; atividade principal é a pecuária; 2 poços
artesianos mais de 100 pequenas represas; nascentes diversas, além de duas
rodas de água. O leite, principal produto, é vendido para industria de laticínio. À
noite trocamos experiências, cantamos, recebemos o carinho das crianças do
assentamento materializado nesta poesia/canto que eles no ofereceram:
EU VIM DE LONGE PARA ENCONTRAR O MEU CAMINHO
TINHA UM SORRISO, E UM SORRISO AINDA VALIA
ACHEI DIFÍCIL A VIAGEM ATÉ AQUI
MAS EU CHEGUEI, MAS EU CHEGUEI
EU VIM DEPRESSA, MAS NÃO VIM DE CAMINHÃO;
EU VIM DE JATO NO ASFALTO DESSE CHÃO
ACHEI DIFÍCIL A VIAGEM ATÉ AQUI
MAS EU CHEGUEI, MAS EU CHEGUEI.
EU VIM POR AQUILO QUE NÃO SE VER
VIM NU, DESCALÇO SEM DINHEIRO E NA PIOR...
ACHEI DIFÍCIL A VIAGEM ATÉ AQUI
MAS EU CHEGUEI, MAS EU CHEGUEI!
EU TIVE AJUDA DE QUEM VOCÊ NÃO ACREDITA
TIVE A ESPERANÇA DE CHEGAR ATÉ AQUI
VIM CAMINHANDO PARA ESTÁ FELIZ AQUI
(crianças do Assentamento Peroba Sanharão, Campina Verde, Minas Gerais)
após tudo isto, fomos todos dormir.
Da estrada (12/11 a 15/11)
12/11/2006 domingo – visitamos mais famílias e meio dia fomos para outra
parte do assentamento, onde estava acontecendo um torneio de futebol, fomos
de carona no gol de Jose Pereira, sua companheira Balduina, sua neta Anita
Geovana e Josefa a companheira do Carlito. Lá encontramos mais pessoas entre
a secretaria filha de Balduina ao final retornamos para a sede, casa do Carlito,
que nos mostrou todo o processo de desapropriação daquela fazenda e o quanto
tiveram que ser ágeis para não perder a terra. Denunciou também que houve
incidências de morte de três companheiros na época do acampamento por
contaminação pela água, por não poder usar água potável que estava na
fazenda. Após tantas manifestações carinhosas daquele pessoal, que inclusive nos
ofertaram fotos da resistência deles para levarmos como lembranças.fomos dormir
já com saudades porque dia seguinte partiremos.

13/11/2006 segunda feira – Despedimo-nos de todos e saímos de carona no


carro que leva o leite e descemos na casa de seu Tinoco e dona Maria,
estávamos no outro assentamento a 20 quilômetros de Iturama - MG. Passamos
o dia com a família, trocamos algumas sementes, conhecemos Dinamarquês
(filha do casal) que nos mostrou “rodas de água” (essas rodas de é que faz
bombeamento para abastecer as casa e irrigação). Observamos que atividade
principal e também a pecuária, e a noite fomos presenteados com uma noitada
de viola caipira oferecida por seu Tinoco.

14/11/2006 terça feira – saímos para fazer algumas visitas, percebemos as


casas, um tanto isoladas por conta do loteamento da terra, cada casa se
distancia da estrada imitando fazendas, onde o gado forma a principal povoação,
andando sobre o tapete de capim, chegando vezes, uma assentado possuir ate
mais de 100 cabeças, que para mantê-las tem que alugar o lotes de outros
companheiros de assentamento, e outros que mantêm-se do aluguel de seus
lotes. Fomos ate a noite em visitas, por fim paramos no lote de Conceição
onde fomos convidados para esperar o jantar, nessa recebemos algumas
sementes de pimentas, e nos informou que metade dos assentados já havia
vendido seus lotes. Eles falaram da complicação que dá a venda de lotes: os
que compram são pessoas descompromissadas com a causa dos sem terra,
reproduzindo uma desigualdade social e causando o enfraquecimento da luta.
Saímos de lá as 10 horas da noite temendo passar por uma pequena reserva
onde se comentavam sobre aparecimentos de onças; atravessamos com a
solidariedade de um companheiro em seu carro, que alumiava nossas bicicletas
ate o final da travessia, e assim chegamos na casa de seu Tinoco para dormir.

15/11/2006 quarta feira – Acordamos cedo, arrumamos as cargas nas bicicletas


e saímos. Lanchamos água de coco já em Iturama na barraca de um baiano,
prosseguimos em frente, paramos a 2 km nuns restos de barracos que já havia
sido antes acampamentos de sem terra, e que agora é moradia de sem tetos,
que ate sugeriram que morássemos num desses, mas explicamos nosso projeto
e que estávamos de passagem. Prosseguindo, paramos no posto de gasolina
onde ficava a entrada de acesso ao estado de São Paulo, que já estávamos a
12 km da divisa MG/ SP. Há 2 km do posto fiscal da divisa paramos para
tomar água numa casa na beira da pista de baixo de um mangueiral,
encontramos uma jovem mulher, cujo marido trabalhava plantando vassoura e o
mesmo as montavam para seu patrão. Ali chupamos mangas, bebemos água e
conversamos com aquela companheira, que nos falou que se chama Luciana,
que era casada pela segunda vez, que seu primeiro companheiro morrera em
conseqüência de um raio de relâmpago em Mato Grosso, num acampamento de
carvoaria, pois ele fazia carvão para um patrão, que ele havia chegado nessa
região com 17 anos e ainda não tinha feito dinheiro para visitar a família, que
sempre prometia para a companheira que a levaria para conhecer sua família no
Nordeste, que ele era do Ceará e se chamava Antonio Ferreira Serafim, filho de
Francisco Ferreira Campos e Ana Serafim Campos, nascido em 21 de janeiro de
1978, na localidade de Trussu, entre Acopiara, Catarina e Iguatu que ela havia
tentado entrar em contato com a família e não tinha conseguido. Ele morreu em
Cassilândia, Mato Grosso do Sul, enterrado em 20 de abril de 2005, na cidade
de Chapadão do Sul, há 100 km de Cassilândia. Hoje a Luciana trabalha com
seu segundo companheiro para o “Toinho”, seu patrão atual. Logo na frente
encontramos a ponte do Rio Grande da mencionada divisa. Aqui estamos, há
um passo à frente: São Paulo, e há um passo atrás: Minas Gerais. Nesse
momento nos despertamos para bater umas fotos. Nossas bicicletas carregadas,
nos fazia parecer com vendedores de peixe. Foi assim que uma senhora,
mulher de um médico que estava em família a admirar aquelas paisagens. Essa
companheira convidou seu companheiro para se aproximar dos peixeiros (que
seríamos nós), mas ao se aproximarem de nós, viram que estávamos batendo
fotos, logo lhe pairou o dilema: “nunca se viu vendedor de peixe batendo
fotos!” Aproximaram-se, mas para se oferecerem para nos ajudar na “tiração”
de nossas próprias fotos. Depois que se certificaram do que estávamos fazendo,
o companheiro que se chamava Márcio, que era médico, que estava dando
passeio por ali com a família: Leily sua comp., Ricardo seu cunhado, a filha
Izabelle e o filho Cesare. Márcio disse que estávamos fazendo algo que ele
sempre sonhava fazer, e perguntou se podia ajudar, respondemos que ficasse à
vontade, ele então nos deu R$ 50,00 e sua camisa de torcedor do Juventus
da Itália. Nos encheu de felicitações e foi embora, e nós também. Às 16 horas
estávamos chegando na entrada de Turmalina – SP, onde nos com duas fileiras
de mangueiral ás duas margens da estrada que dá acesso a pequena cidade,
paramos ali observando os 3 km de mangas pelo chão que a margeava, e
como não havíamos ainda almoçado, largamos das bicicletas e enchemos a
barriga de manga, chamando a atenção de tantos quantos passassem por ali,
logo seguimos para essa cidade e ao chegarmos não deixávamos de causar
espantos àquela população, fomos a internet, depois que checamos e-mails ali
mesmo nos informamos da existência de galpão de feira, que podíamos armar a
barraca e dormir, sugeriram que antes comunicássemos a policia local, o que
fizemos, e essa nos autorizou dormir no dito galpão, falando também que já
havia recebido dois telefonemas dando conta da existência de dois estranhos na
cidade. Após informar da nossa atividade e de onde vínhamos de bicicletas, o
delegado ainda admirado nos pediu um favor: que quando voltássemos a
Fortaleza tentasse localizar seu pai biológico que estava com 80 anos de idade
e ele havia descoberto que o mesmo (seu pai) residia naquela cidade
(Fortaleza). Ainda saímos para procurar um cartão telefônico para nos
comunicarmos com nossos filhos, quando encontramos alguns jovens numa mesa
de cerveja, e como nos observavam resolvemos nos aproximar e explicar o que
fazíamos. Depois do dialogo, um deles ofereceu a chave de sua casa para
dormirmos nela, que estava apenas com seus pertences, mas ele não dormia lá,
o que aceitamos prontamente, ate porque tinha banheiro e a gente estava
precisando.
Quinta-feira, 28 de Dezembro de 2006
Da estrada (16/11 a 20/11)
16/11/2006 quinta feira – juntamos no quintal da casa algumas sementes de
jabuticaba e pitanga, nos despedimos do companheiro, e por um pequeno erro
de percurso passamos pela vila Fátima Paulista, fazendo uma grande volta de 6
km por estradas de chão, retornamos quase ao mesmo lugar de partida e
prosseguimos passando pelo trevo de Jales e fomos sair em Pontalinda, onde
tivemos vontade de descansar, mas como achamos cedo ainda fomos até
Auriflama, onde tivemos que nos adentrar 8 km fora da rota, e dormimos na
rodoviária com permissão da vigilância.

17/11/2006 sexta feira – saímos cedo, e rompendo a estrada margeada por


fazendas de cana e gado, avistamos uma pequena chácara e nos aproximamos
para beber água, era de uma Nordestina que avia comprado com algumas
dezenas de anos de trabalho duro, essa nos ofereceu café com macaxeira
(mandioca) cozida, agradecemos e às 10 horas estávamos a beira do rio
Tietê, fazendo comida, a 20 km de Araçatuba. Às 15 horas saímos, passamos
em Araçatuba e fomos dormir em Bilac. Esta noite foi a primeira mais tensa de
toda a viagem. É que na rodoviária, onde fomos dormir não tem vigilância, e
quem é desconhecido ali se sente num inseguro esmo no deserto da cidade, e
passamos ali à noite entre dormindo e acordado, temendo ser abordado, ora
pela polícia, ora a galera da vida noturna.

18/11/2006 sábado – sem muita novidade, margeados pelas continuas fazendas,


a diferença deu-se pelo fato de ser a estrada mais acidentalizada pela
incidência de muitas ladeiras, chegamos em Rinópolis, onde encontramos um
galpão, local onde os bóias-frias esperam os transportes para os canaviais, ali
armamos a barraca e dormimos.

19/11/2006 domingo – enfrentando a mesma rotina de autos e baixos da


estrada e canaviais chegamos à entrada da Vila Escócia, para onde resolvemos
entrar para darmos uns telefonemas, mas como já estava anoitecendo decidimos
por pernoitar ali, depois de tranqüilizados por algumas pessoas que ali moravam,
de que era um lugar extremamente pacato. Quando tudo se “acalmara”
armamos nossa barraca encostada à igreja católica. Mas logo percebemos um
grupinho de vigilantes voluntários que curtia seus ópios de cada noite, na inércia
da madrugada adentro. Percebemos que era inoportuna nossa presença ao
ouvirmos os sussurros de insatisfação que iam se tornando cada vez mais
freqüentes e ofensivos, chegando a nos xingar, então resolvemos nos aproximar
do e esclarecer sobre nossa atividade.Um deles, o Danilo resolveu nos defender,
tornando-se nosso escudo para qual se encaminhou à fúria dos outros.
Percebendo nosso dilema, Danilo nos convidou para irmos com ele para a casa
de seus pais onde lá podíamos dormir. Mas o problema, é que um dos
xingadores era seu irmão e descordava da disponibilidade do Danilo. Mas o
Danilo impunha-se decisivo, e insistentemente queria nos levar para sua casa
sob os protestos do irmão.Em meio ao fogo cruzado entre irmãos, onde nenhum
um dos dois sóbrios, nós tínhamos que tomarmos uma posição. Tentamos fazer
com que o Danilo desistisse de nos levar para sua casa; dizíamos que não era
fácil seus pais acolherem desconhecidos àquela hora da noite, mas fomos
obrigado a concordar em ir com ele, pois ele desfazia nossos argumentos
dizendo que seus pais eram bons e acolhedores. Dissemos então que íamos,
mas voltaríamos para a praça. Acordo feito e aceito também pelo irmão rival.
Realmente nos deparamos com duas pessoas maravilhosas que nos ofereceram o
que estava em seu alcance... Bem não terminamos o bate papo o irmão rival
chega já ameaçando botar para fora de sua casa, o que nos fez bater em
retirada. O Danilo nos acompanhou até a praça onde dormiríamos, mas assim
que ele voltou para sua casa resolvemos prosseguir estrada a fora pela
madrugada, tivemos que sair para nos proteger e não sentindo segurança em
pousar na beira da estrada percorremos 25 km rumo a Martinópolis. Uns 8 km
antes de chegar a cidade já não agüentando o cansaço encontramos um grande
espaço limpo que nos chamou atenção para armarmos a barraca e quando
começamos desamarra-la percebemos pelo reflexo de um carro que tratava-se
da entrada de um latifúndio, mais uma vez nos retiramos por precaução e
temendo os cachorros que já avisava a presença de estranhos. Fomos parar na
entrada da cidade de Martinópolis onde encontramos uma guarita de ônibus e
dessa vez não armamos mais barraca, dormimos ali mesmo no banco já eram
3 da manhã.
20/11/2006 segunda feira – acordamos com sol alto, procurávamos um
assentamento, mas nos informara que este estava a uns 10 ou 15 km fora da
nossa rota, e que mais perto estava um acampamento, sendo para onde nos
dirigíamos após darmos uma volta na cidade para resolvermos algumas questões
tais como a revelação das fotos, quando tivemos a grande decepção: pois os
filmes tinham sido mal colocados na máquina, não dando certo nenhuma foto
desde Brasília. Ali colocamos outro filme, e agora esperamos que não estejam
errados ou a máquina não dê problemas. Chegando no acampamento Barrinha
nos identificamos e ali fomos acolhidos pelos companheiros acampados.Ficamos
no barraco com Francisco e família e ali fomos tomando da realidade daqueles
companheiros, de anos afio vivendo em barracos sob o descaso dos que
governam em conivência com o latifúndio. Durante a tarde foi articulada uma
reunião com os acampados onde partilhamos informes e preocupações cantamos
musicas de animação da luta, quase todo o acampamento estava presente e
animados se comprometeram de ver o que havia de sementes para partilhar no
dia seguinte.
Segunda-feira, 8 de Janeiro de 2007
Fotos de Paraná e Paraguai
Estamos atravessando o Paraguay. Aqui o agronegócio impera como no Sul,
Sudeste e Centro Oeste do Brasil e como o latifundio expulsou os agricutores
dos campos brasileiros para as cidades, os expulsou tambem para este País.
Muitos brasileros vieram para estas terras atraídos pelas falsas propagandas das
terras paradisíacas para a agricultura. Os brasileiros vieram servir de mão-de-
obra barata e necessária para o agronegócio devastar estas terras, e quando as
terras foram desbravadas, estão hoje sendo também sendo expulsos, tanto ´para
as cidades do próprio Paraguay, quanto para o Brasil. Muitas famílias que estão
voltando, ou querendo voltar para o Brasil, não têm perspectivas seguras, nem
aqui e nem no Brasil, não tem como se incluir no mercado de trabalho cada
vez mais excludente e nem nas terras que não necessita mais de seu trabalho,
porque o agro negócio só trabalha com máquinas e venenos. Não há mais
trabalhadores no campoe, nem do Brasil e nem do Paraguai. Para se livrar das
ervas daninhas, no campo hoje se usa o veneno da Monsanto e para plantar
passar veneno e colher, se usa as máquinas. Hoje, a Opção de muitos está
sendo voltar para o Brasil direto para os ocupações da MST. Está ocorrendo
uma fuca em massa os acamentos, muitos deles nas beiras de estradas e BRs.
Passamos por muitos acampamentos onde encontramos até 80% dos ocupantes
era recém chegados do Paraguai, e pessoas que moravam neste País (
Paraguai) bá mais de trita anos. Agora não tem como se encaixar na realidade
brasileira que nã seja pelas ocupaçpões, aventurando ganhar um pedacinho de
terra.
Algumas imagens da viagem nos últimos 5 dias:

Instituto Técnico Educacional de Pesquisa Agrária - ITEPA, São Miguel do


Iguaçú, Paraná.

Frutaspelaestrada:
Atravesando a monocultura da soja (Campo Paraguaio)

Encontro com amigos Brasigaios (Brasileiros que moram no Paraguai):


Segunda-feira, 22 de Janeiro de 2007
Fotos + Relatório dias 8-11 de Janeiro
Día 8 de Janeiro, 2007. Segunda-feira.

A un quilometro da saida de Santa Rita, o pneu do Inácio furou. Um prego


entrou e saiu fazendo vários buracos na camera de ar. Depois de fazer tres
remendos, percebemos que ainda tinha muito o que fazer. Quando estavamos
pensando em amarrar com ligas a câmera para tentar dar um jeito, eis que
aparece o socorro. Uma mulher vinha do sentido contrario nos ofreceu uma
carona e lhe dissemos que não queríamos voltar. Más ela nos tranquilizou
dizenda que ela faria o retorno e nos levaria para frente até encontrar uma
borracharia (gomeria), e assim fomos. No caminho encontramos um posto
policial rodoviário, e antes de ser interpelada, ela, adiantando-se delicadamente
e subservientemente falou “Hola senor policía, entrontré esta gente en un lugar
peligroso, y estoy llevándolos a una gomería. No hay problema, cierto?” E a
polícia cavalerosamente respondeu, “Por Ud., señora, no hay ningún problema.”
Isto não significa uma gentileza usualmente dos policias com o povo, más sim
com o título que carregava aquela senhora, ou de fazendera. Más, assim ou
assado, chegamos na borracharia 15 quilómetros de carona.

Consertamos uma camera e compramos outra. Andamos mais 15 quilómetros e o


pneu de Inácio encontrou mais um prego. Paramos em frente da casa de um
pequeno colono alemão-brasileiro-paraguaio (brasiguaio), o senhor Elemar.
Onde eles nos permitierom que baixo de uma árvore frente de sua casa,
ascender um fogo e fazer comida e remendo. Esse foi nossa primeira comida
cozida na estrada com Matheus.

Seguimos mais uns 20 quilómetros já no final da tarde, e entramos uma família


que saia de seu roçada na márgem do asfalto. Empurrando suas bicicletas
levavam sacos de milho, abóboras, mandioca, etc. Descemos de nossas
bicicletas e os acompanhamos igualmente os mesmos, empurrando-as. Chegamos
juntos até sua casa. No caminho nos interamos de que faziam parte dum
assentamento a 17 anos. Nos convidou para sentar-se, tomar agua e achamos
interesante ficar aquela noite alí. E não houve oposicão, pelo contrário. Eles se
prontificaram articular uma reunão com vizinhos e familiares naquele mesmo
momento. Em menos de uma hora estavam todos reunidos. Apartilharmos a
vivencia da estrada e o prejeto ciclovida e eles de suas dificuldades e
resistência cercados pelo agronegócio. Entre as várias pessoas que estavam,
entre eles Atonia e Antonio, Espedio, Elton, Noelia, Valda, Dona Zelia, e
Fernando denunciaram que faz muito tempo que o governo Paraguaio não
desapropria terra para trabalhadores. O exemplo é que aquele assentamento já
está superlotado de famílias. Os filhos cresceram, constituiram famílias e não
tiveram para onde morar e plantar. Além da problema das poverizações dos
monocultivos aos redores, há também as pressoas que fazem os latifúndios para
que eles vendem suas terras, oferecendo as vezes, dinheiro que eles nunca
sonhavam de ter. Terminamos a noite nos confraternizando cantando canções.
Día 9 de Janeiro, 2007. Terça-feira.

Acordamos e fizemos algumas filmagens de, por exemplo, dos bichos amarrados
por falta de espaço, como porcos, gado. Tomamos café e nos despidimos.
Saimos em busca de um acamento de campesinos que nos foi informado de alí
a 12 quilómetros.

Chegamos no acampamento San Sebastian, districto de San Rafael de Paraná,


Paraguay. Lá encontramos os campesinos. Os mesmos nos receberam bem, e
com muito ansiedade para falar de seus agravantes problemas relacionados aos
landifundios que os cercam como a monocultura da soja. Conversamos com
várias acampadas, entre eles Roberto Cabrera, que nos falou sobre as lutas
deles por um pedaço de terra, inclusive revidicam a posse de um latifúndio
pertecente a dois brasileiros. O acampamento está instalado em frente desta
latifúndio repleto de soja. Há duas denuncias fundamentais de irregularidades: 1)
a irregluaridade documental, 2) o disrespeito as própias normas do país no
tocante a poverização com venenos que seria no mínimo de 300 metros de
distancia da rodovia. As fumigações são feitas até a beira da estrada, não
deixando espaço e nem proteção, e que a favor do vento o veneno contamina
as pessoas que vivem a outra margem da estrada. Muitos pessoas que queixam
de vários problemas de saude e até mortes em consequencia do veneno. Falam
da morte do Senhor Roman Santi de 48 anos, de Pablo Campos de 56 anos,
de Timiño Lagoñez. Denunciam, ademais, mortes por ações policiais em
represália as suas lutas. Citando Nicolás Amarilia e Bonifacio Barrero sem
aparentes motivos em frente ao acampamento, um desses tinha apenas 16 anos
de idade. Há denucias também relacionas a escola. São 120 crianças em idade
escolar quem tem que 16 quilómetros todos os dias se quizerem estudar. O que
nem sempre todos fazem. Muitos adolecentes não estudam porque tem que
procurar trabalho na cidade para ajudar os pais resistirem no acampamento.
Outro problema grave diz respeito a saude. Além de terem facilidade para
adoecerem (hoje), não há programa pública de saude. É pago desde a
consulta médica ao remedio.

Seguimos a viagem, era meio dia, o sol muito quente. Paramos várias vezes
para descansar do sol e beber água. No caminho nos encontramos com o
companheiro Zé (quem trabalha como motorista de caminhão), o qual ficamos
em sua casa em Santa Rita faziam 3 dias. O mesmo vinha anxioso tentando
ainda nos rever na estrada. Contentamos-nos com o reencontro com o
companheiro e seguimos. No final da cidade já noitinha, ficamos no posto e
fizemos almoço e jantar e dormimos.

Día 10 de Janeiro, 2007. Quarta-feira.

Neste dia saimos sedinho e a fin de passar por uma escola agroecologica de
que fomos informado no dia anterior. A escola, CECTEC (Centro de Educación
Tecnológica Campesina), nos espantou e alegrou que dentro do Paraguai, no
meio dos latifundios e as monoculturas que havia uma experiencia deste tipo. Lá
conseguimos 2 litros de soja orgánica que levamos com receio de perder-las na
passagem das fronteiras. Saimos apresados para fazer comida porque passava 2
da tarde nao haviamos nem sequer tomado café da manha. Paramos na frente
para fazer comida na beira da estrada. Fomos abordados por policiais que
exigiram nosso documentaçao. Nao havia nada de irregular, nos dexaram.

Continuamos. A noite paramos num posto de gasolina que nos permitiram armar
as barracas. Fomos bastante acolhidos pelos trabalhadores alí com pao caseiro
de milho e melao da horta do borracheiro. O temporal tao temido e esperado
por Ivánia em fim caiu todo esta noite. Tivemos que mudar as barracas pelo
centro do galpao do posto, mesmo assim corremos o risco de voar com tanto
vento. Como prova temos registrado na filmadora os flagrantes do vento pegos
por Matheus.

Día 11 de Janeiro, 2007. Quinta-feira.

Cobrimos as cargas com plástico e saímos de baixo da chuva pesada. Enquanto


meredávamos pegamos uma carona de 10 quilómetros. Más a chuva continuo
forte o dia todo. Pasamos numa oficina de bicicleta para revisar as bicicletas.
Trocamos a corrente da bicicleta do Inácio e trocamos a bicicleta do Matheus
por um mais adequado a seu tamanho. Andamos melhor, porem a poucos
quilómetros dalí Matheus furou pneu. Nao demos jeito porque foi no pé do pito,
e aí tivemos que colocar uma camera de ar largo de tamanho 26 no pneu
estreito de tamanho 28. A pesar das dúvidas de que desse certo, a camera
funcionou. Aí nao funcionou o jeitinho brasileiro, e sim o jeitinho libertário.
Finalmente chegamos em Encarnación, a cidade que faz a divisa de Paraguai
com Argentina onde outro lado fica Posadas. Devido ao cansaso, com barracas
molhadas, e dificuldade de encontrar canto, decedimos pela primeira em todo
trajeto da viagem pagar uma pensao barata.

...alguns imágens:
Ciclovida chega na Argentina
Por AGROECOLOGIA E TRANSPORTE 19/01/2007 às 14:50
Após 8 meses de viagem, desde
Fortaleza, o Projeto Ciclovida chega
no seu destino. A longa viagem da
família de trabalhadores rurais do
Ceará pedalou por várias cidades
do nordeste, indo até Brasília. De
lá, o Ciclovida desbravou as
regiões sudeste e sul, pelos
assentamentos rurais, até chegar no
Paraguai e, por fim, na Argentina.
O projeto tem por objetivo discutir uma nova relação com a terra e uma
campanha de resgate das sementes crioulas (naturais, de comunidade), cada
vez mais raras e confinadas em laboratórios da Embrapa ou de empresas de
manipulação de sementes (transgênicas).
Durante toda a viagem, o Ciclovida passou por dezenas de assentamentos e
ocupações, discutindo com os/as trabalhadores/as brasileiros/as, paraguaios/as
e, por fim, argentinos/as, a necessidade do fortalecimento da luta contra o
agronegócio e os transgênicos.
Por e-mail, o companheiro Inácio conta como foi a chegada na capital
argentina: "Chegamos hoje em Buenos Aires, já encontramos os companheiros
Piqueteiros de la Matanza, jantamos juntos, trocamos idéias até agora e amanhã
a festa continua. Fomos esperados com uma caravana de crianças em bicicletas,
foi muito lindo!". Nas próximas semanas, o Ciclovida discutirá a conjuntura da
América Latina com os/as companheiros/as Piqueteros e demais articulações que
lutam por um mundo onde caibam várias realidades.
Domingo, 4 de Março de 2007
Em Camaquã
Direto do pedal, via e-mail:

Estamos em Camaquã, vamos passar numa experiência logo mais aqui na frente
de Plantio de arroz biodinâmico. Desde que chegamos no Brasil, por Aceguá,
entramos por estradas de terra para passar pelos assentamentos rurais. O
primeiro deles que passamos foi o Santa Vitória onde ficamos quase dois dias
na casa do companheiro Danilo, e vimos ele com fartura de produção de melão
que dava aos porcos e vacas "por não ter como comercializar", dizia ele.
Depois passamos em outro assentamento, o 20 de Agosto, já município de
Candiota, lá encontramos o companheiro Roberto Brum, pessoa de muito boa
compreensão, ecológica e humanamente, onde passávamos apenas para beber
água e terminamos por passar dois dias (21 e 22/02), nos identificamos
muito, e em muitas coisas, e o mesmo contou muitas aventuras na luta pela
vida, inclusive uma viagem de quase 300 quilômetros de estradão, isto de
bicicleta que fez com sua companheira e filhos em busca de ocupação de terra,
de Porto Alegre até na Copava (uma cooperativa de assentados no município
de Piratini). O Roberto nos orientou como chegar na BioNatur (uma empresa
do MST que beneficia sementes). Na BioNatur dia 23/02 encontramos o João
Batista Volkmann, que nos deu uma carona pelas estradas de terra até Bagé,
onde fica o Instituto de Permancultura, lá estava num curso de BioConstrução.
Lá encontramos muitas pessoas interessantes, inclusive um casal que está
percorrendo o litoral brasileiro de bicicleta, O Cléverson e a Débora, lembramos
que o nome da viagem é PedalEco, há um site com esse nome, pesquisem
(darei mais detalhe depois) e vão levando uma cachorra numa carrocinha, foi
muito nosso encontro, passamos dois dias juntos e tiramos fotos, eles ficaram
de passar para nós. Quando saimos de Bagé, passamos dois dias (26 e 27)
viajando, depois chegamos na Coopava, a cooperativa de Assentados, passamos
alí dois dias. Que narraremos depois como foi...

Estamos saindo agora de uma casa de família, onde estamos escrevendo este
relatório, é a casa de seu Gastão e de dona Antonina, seu irmão Jorge, e os
filhos: Fracisco, Rodrigo e o Ricardo. Foi interessante nossa chegada aqui: Há
uns sessenta quilômetros daqui, íamos passando por um Ônibus parado e o
cara que estava perto do veículo perguntou para onde iríamos e respondemos
que era para Fortaleza, Ceará, o mesmo nos ofereceu uma carona até Porto
Alegre. Ficamos alegres com sua ação, mas tíunhamos que ficar em Camaquã,
há 120 km de P. Alegre, por conta da visita à Volkmann, e até porque o
mesmo havia levado parte das nossas coisas (bagagem) para pegarmos na
frente, em sua casa. Bem pegamos a carona no ônibus do senhor que nos
ofereceu a carona, mas ocorre que aquele ônibus já estava sendo recuperado
pelo mesmo porque estava há mais um ano desaparecido (tinha sido roubado),
e ele estava recuperando de volta. O ônibus estava com um problema no
radiador e tínhamos que pôr água dentro de dez em dez quilòmetros. O carra
só deu para chegar até aqui em camaquã, e dormimos aqui no galpão de uma
oficina, onde o ônibus ficou, que é do senhor Gastão. Houve uma ajuda mútua,
entre nós e o dono do ônibus, que falando isto para a família desta oficina,
não duvidaram em nos dar apoio e até facilitando a internet. Agradecemos a
esta família muito solidária, inclusive os jovens que acordaram cedinho para nos
ceder este espaço no computador. Bom depois daremos mais notícias, abraços a
tod@s que nos acompanham nesta empreitada.

Ivânia e Inácio.
Sexta-feira, 9 de Março de 2007
Direto do pedal
04/03 chegamos num acampamento rural do MST perto de Camaquã. 05/03
chegamos numa experiência de plantio de arroz biodinãmico. 06/03 - saímos
da platação de arroz de Jopão Wolkmann. em Sentinela do Sul; dormimos numa
aldeia dos índios Guarani, perto de Sertão do Santana e dia 07/03 chegamos
no Assentamento Integração Gaúcha, onde as mulheres do assentamento se
preparavam para a marcha pelo dia da mulher e fora Bush em Porto alegre no
dia 08/03. Nós do Ciclovida chegamos a tempo de participar, passamos o dia
com elas, e depois fomos para uma okupa dos compaheiros anarco punks.
Em São Paulo e os contatos
"Estamos chegando em São Paulo, faltam uns 200km".

Pessoal, eles estão precisando de contatos para São Paulo, quem tiver, entre
em contato:
feijaobrabo arroba yahoo ponto com ponto br
Segunda-feira, 26 de Março de 2007
Fotos de Parana, Uruguai e Argentina

Por do sol no ITEPA, Paranál

Sementes Criolas do
ITEPA
Sementes no ITEPA

Ocupação do ITEPA
A
Fronteira com Paraguai

Melancia = cafe, almoço, jantar


Prego
Um día enteira de chuva em paraguai
CICLOVIDA NA ARGENTINA!!!

Saindo da cidade, estrada simpático as bicicletas, finalmente


Movimento de Trabalhadores Desocupados (MTD) de La Matanza, Argentina

Capital Federal, Buenos Aires


El Obelisco

Destino Final!
Ivania e Matheus com companheir@s de MTD de Solano

No campo do MTD Solano, terra ocupada e o ponto mais ao sul da viagem!!!


Notícias da estrada (01/03 a 06/03)
Dia 01/03/2007 (quinta-feira)

Nos despedimos do companheiros Telmo e Milânia, recebemos de contribuição


deles alimentos como sucos e compotas e geléias produzidos por aquela
cooperativa (Copava).Do Assentamento Conquista de Liberdade município de
Piratini – RS.
Os mesmos ofereceram para assim nos alimentarmos melhor na estrada. Mas
uma despedida a mecher com a gente. Saímos dali fortalecidos pela
solidariedade pedalando 8 kilometros,encontramos em frente a um camping
encontramos os companheiros Cleversom e Débora e sua cachorrinha Lara do
projeto (PedalEco). Ficamos um pouco a matar saudades dos dias que
convivemos no Instituto de permacultura em Bagé. Andamos 10 Km dali o pneu
do Inácio furou, remendamos claro e andamos mais uns 10 km enquanto o sol
esfria o pneu seca novamente e procuramos a frente da casa de um agricultor
para remendar, enquanto ele nos ajudava falava de sua situação, hoje só cria
gado vende leite para atravessadores a 34 centavos o litro, passamos a tarde a
conversar e ajeitar o pneu. Saímos dali a tardinha e encontramos um povoado
já a noite à 15 km de Pelotas – Rs , e com um temporal que se aproximava
botamos a barraca ali mesmo abaixo de uma barraca que vendia frutas durante
o dia na beira pista, como poucos minutos com a barraca armada veio o
temporal, muito vento e chuva a barra não agüentou o temporal, desramamos e
passamos a noite de cócoras debaixo da barraca de venda de frutas, assim
passamos a noite entre ventos e chuvas.

Dia 02/03/2007 (sexta-feira)

Saímos muito cansados, chegamos em Pelotas para ver os e-mails e


comprarmos a fita da filmadora, já as 12 horas se quimos pedalando sempre
com o tempo preparado para chover, a tarde foi de chuva. Chegamos a um
posto de gasolina a noite e eles indicaram na área de um posto de saúde.
Mesmo com chuva o Inácio conseguiu fazer a janta de seu aniversário.
Dormimos bem!

Dia 03/03/2007 (sábado)

Turuçu- Rio Grande do Sul - Saímos com chuva, passamos em Cristal. Fomos
comprar pão e queijo. 100 gramas de queijo era 2,00, um litro de leite daquele
agricultor que nós conversamos eram 0,34 passado para a industria de laticínio.
Na hora de receber o queijo o Inácio disse que tinha o dinheiro pra pagar,
mas que não ia ficar com o queijo pois dar uma dentada naquele queijo seria
como dar uma dentada na perna de um agricultor. O dono da padaria ficou
com a cara muito fechada e fizemos carrera! Ao lado da BR encontramos
também uma casa de pimentas, geléia, doces, sucos, massa de pimenta, feito
pelos agricultores da região. Ficamos só com vontade de provar o doce de
pimenta, mas não pudemos...era muito caro! Continuamos à pedalar e a chuva
também à cair. Pedalamos mais uns 15 Km e encontramos um ônibus parado.
Pela primeira vez um motorista de ônibus, chamado Wanderlei nos oferece
carona, dizendo que estava indo pra Porto Alegre. Aceitamos! Mas ficamos de
decidir se queríamos ir até Porto Alegre ou até Camaquã, onde estavam
guardadas nossas sementes levadas por um companheiro, de Bagé até depois
de Camaquã, para diminuir nossa carga. O que não sabíamos era que o ônibus
estava com problema e de 10 em 10 km, inicialmente, tínhamos que descer pra
colocar água no radiador que pegava fogo. Que depois diminuiu para 5 km e
depois passamos a empurrar o ônibus, que era mais pesado, claro!, que as
bicicletas. O dia todo conseguimos andar “de ônibus” uns 60 km. Enfim, o
companheiro motorista, cansado, desiste da viagem e deixou o ônibus na sucata
do amigo dele, Sr. Gastão...Que recebeu o ônibus e nos acolheu muito bem
em seu galpão. Ali dormimos

Dia 04/03/2007 (domingo)

Levantamos cedo e fomos botar um pouco do relatório em dia na casa do Sr.


Gastão. Despedimos-nos e seguimos viagem. Lá na frente, almoçamos pão com
banana, já eram 12 horas. Pedalamos mais uns 15 km, para a nossa alegria
encontramos o acampamento ‘24 de Abril’, onde paramos para conhecer a
companheirada e logo nos convidaram para entrar. Depois de conversar com a
coordenação do acampamento fomos convidados para almoçar e depois nos
convidamos pra ficar ali aquele resto de dia e dormir. Conhecemos o
acampamento que passa por momentos difíceis de reestruturação, contudo
resistem: uma horta coletiva, uma cozinha coletiva, uma escola itinerante. A
companheirada passou a noite fazendo cuca, bolo e pão para a marcha do Dia
Internacional da Mulher em Porto Alegre e o fora Bush. Discutimos a questão
da recuperação das sementes e como enfrentar o agro-negócio, cantamos
canções de ninar a burguesia. Dormimos no alojamento dos militantes.
Dia 05/03/2007 (segunda-feira)

Acordamos cedo, tomamos café juntos com os companheiros do acampamento:


Marina, Maria, Leandro e tanto outros que cometemos a injustiça de não lembrar
os nomes.
Nos despedimos do acampamento e pegamos a estrada rumo à fazenda do
João Wolkmann, um agrônomo que tem uma agro-indústria de arroz
biodinâmica( segundo ele explica: a agricultura biodinâmica é a forma da
aplicação da homeopatia na terra. A dinamização de fertilizantes naturais e sua
aplicação na terra). Pedalamos uns 20 km e chegamos em sua fazenda, onde
fomos bem recebidos por seus dois filhos e sua mãe, dona Alda. À tarde
visitamos o plantio de arroz. Caiu o maior temporal que já vimos no Rio
Grande do Sul. A fazenda ficou sem energia elétrica e dormimos.

Dia 06/03/2007 (terça-feira)

De manhã fomos ver a preparação dos fertilizantes homeopáticos, que consiste


em: encher chifres de vaca de esterco que são enterramos no chão e depois
de um ano, retirados, para serem feitas umas bolinhas que vão passar mais
uns 3 meses dentro de um quarto fechado para serem diluídas em água e
pulverizada em forma de benzedura, expressas em cruz, nas terras que vai
receber o arroz pré-germinado. Almoçamos e mais uma vez, nos despedimos do
pessoal e pegamos a estrada. Lucas, seu filho, andou conosco ainda uns 20
km. Chegamos nas imediações de Sertão de Santana, e avistamos vários
acampamentos com pontos de vendas de artesanatos indígenas. Já anoitecia e
procuramos saber se poderíamos ficar ali com eles e os mesmos orientou-nos a
ir à aldeia falar com o cacique. Assim fizemos! O cacique Santiago escutou
nossa preocupação com as sementes e disse que, hoje, os índios também estão
preocupados com essa situação. O agro-negócio toma conta das terras. Ali
naquela aldeia, por exemplo, são 36 famílias indígenas que conseguiram uma
terra de 200 hectares. Assim, não há lugar para sua agricultura. À noite, na
casa do cacique, se reuniam muitas crianças e adolescentes, no entanto
sentimos que os índios também são vítimas da televisão, que ali se assistia.
Mesmo assim, sentimos muita resistência, pois as crianças e adolescentes ainda
falam o Guarani. Devida a terra ser pouca eles complementam a alimentação
vendendo artesanato na beira da estrada. Fomos dormir. Acordamos no meio da
noite com fortes trovoadas e relâmpagos. Ficamos com medo de ter acontecido
alguma coisa pois todos da casa do cacique saíram e faziam enorme barulho,
mas não entendíamos porque falavam em Guarani. Fizeram uma fogueira e todos
voltaram a dormir.
Notícias da estrada (07/03 a 11/03)
Dia 07/03/2007 (quarta-feira)

Saímos de Cordilha da Cruz de manha cedo e o que víamos ao longo de toda


a BR era acampamento de indígenas em baixo de lonas de plástico preto
quente, a expor seus artesanatos de palha, crianças desnutridas, adolescentes
esperando algum turista que compre. Achamos que uns dez a quinze grupos em
uns 30 km de percurso, alguns a gente parava e ficávamos só a olhar para as
crianças, as mesmas só entender guarani. Paramos em um e falamos com
José, e ele disse que estão ali desde 80 e ate hoje não conseguiram
regularizar a terra, não a onde caçar nem onde plantar por isso precisam
vender artesanato,andamos mais uns 20km e chegamos a um assentamento em
Eldorado do Sul a 3 km da cidade, o Assentamento Integração Gaúcha, por ter
sido um assentamento constituído por trabalhadores de varias regiões do estado.
Fomos recebidos por Rose e Alderi em sua casa que depois no levou a
conhecer a horta agro-ecológica da cooperativa da cooperativa, premiada por seu
nível de organização e funcionamento. Quando chegamos no assentamento fomos
informados que as mulheres de vários acampamentos ( MST e Via Campesina)
estavam numa ação de protesto e contra o agronegócio ocupando uma unidade
de pesquisa e experimentos da Aracruz Celulose.
Essa ação tinha a função de demarcar o dia da mulher e a visita de Bush ao
Brasil que se daria no dia seguinte.

Dia 08/03/2007 (quinta-feira)

Fomos de bicicleta pra Porto Alegre, onde estava se iniciando a marcha de


protesto. Ao entrarmos na cidade já nos deparamos com a caminhada e
acompanhamos ate o palácio do governo onde seria entregue uma torta a
Senhora Governadora Yeda, oferecida pelas mulheres campesinas por ocasião do
seu dia.
Estávamos já integrados a caminhada quando fomos reconhecidos por uma
companheira libertaria de Porto Alegre, que nos apresentou para os demais deste
movimento, que se incorporavam ao protesto. Chegamos em fim ao ponto
culminante da manifestação, entrega da torta no palácio. A torta oferecida anfitriã
compunha-se de ingredientes incomuns, de uma “especial” composição mas de
duvidosas recomendações para o consumo humano, tratando-se de uma torta de
eucalipto.
Este presente foi extensivo com igual regalia ao presidente norte americano
Bush, que visitava o Brasil nesta data “coincidente” cujo sentido desta visita
indesejada não deixa duvida que seja uma injeção de apoio moral (imoral)
político e financeiro a expansão do agronegócio. Como também buscar força para
combater os inimigos do império; fortalecer os transgênicos e imposta a
colonização da civilização encaliptocrática da celulose.
Seguida deste momento ouve uma apresentação teatral que apresentou uma peça
denominada “As Lagrimas da Aracruz” que caricaturou muito felizmente por
dentro e por fora dos bastidores desta intragável realidade de dominação
capitalista do agronegocio. Em seguida fomos com os compas libertários Anarco
punks para a sua residência numa okupa no centro de Porto Alegre onde
guardamos as bicicletas e as bagagens de viagem, e conhecemos o resto da
galera. A tardinha fomos para o UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande
do Sul onde reencontramos a caminhada de protesto, que ali era contra um
convênio da universidade com os títeres do agro-negócio da celulose para
pesquisas. Na UFRGS reencontramos companheiras que havíamos conhecido no
acampamento de ‘24 de Abril- Camaquã RS’ que depois de participarmos da
finalização da manifestação, que custou de uma exposição e distribuição de
produtos agro-ecológicos simbolizando o que querem os trabalhadores. Dali
voltamos pra Okupa, onde dormimos.

09/03/2007 (sexta-feira)

Conhecemos o funcionamento da Okupa, iniciando o dia com a coleta de


alimentos, reciclando legumes e verduras que sobram do mercado e que são
jogados fora pelos comerciantes. Depois conhecemos o funcionamento interno da
casa em que consta de sala de leitura, sala de vídeo, sala de pintura,
serigrafia, música, fitoterapia, e literatura naturista, salão de reuniões, cozinha e
refeitório coletivos, dormitórios, o início de um pequeno herbário para verduras e
fitoterápicos e uma oficina de bicicletas. Há dois anos que funciona, com
projeção de se estender para o campo, adjacências da grande Porto Alegre.

10/03/2007 (sábado)

Fomos à feira agro-ecológica no Parque da Redenção, onde acentados e


pequenos produtores de vários pontos do estado, expõem seus produtos integrais
e orgânicos para uma população de consumidores específica. Ali trocam entre si
por valores de uso e pelo que acham justo. Nesta feira encontra-se o maior
sortimento e variedades de produtos na linha da alimentação saudável: verduras,
frutas, legumes, cereais, como também integrais industrializados, pães, bolos,
doces, compotas e bebidas. Entre as muitas trocas que ocorrem as não menos
importantes são as conversas, interações, trocas de idéias, etc. “É uma grande
universidade!” assim definem dois professores (Anselmo e Protásio) que se
voluntariam nessas atividades ajudando nos despachamentos com os produtores
do assentamento Integração Gaúcha. Estes dois professores estão sempre ali aos
sábados (P. Redenção) e quartas no Pátio da Secretaria de Agricultura do
Estado, “enriquecendo-se deste conteúdo e enriquecendo esse ambiente”, como
afirma. Lá encontramos várias pessoas de quem bebemos desta valiosa fonte:
Jalo; Marines; o agrônomo Ricardo despachando informações; Valdeci, o produtor
de arroz agro-ecólogico e bio-dinâmico que nos concedeu a entrevista; e com
vários outros que pedimos desculpa pela injustiça de não lembrar de seus
nomes agora. Ao final da feira, pela tardinha, voltamos ao assentamento
Integração Gaúcha com Marines e Jalo e passamos na Ilha das Flores, onde
Marines deu uma oficina de como se fazer pães integrais para um grupo do
MTD – Movimento dos Trabalhadores Desocupados. Filmamos um pouco aquele
momento e partimos. Às 10 horas da noite chegamos na casa do casal e lá já
nos esperavam seus filhos, Gabriel e Maria, 7 e 10 anos de idade,
respectivamente. Como também a companheira Edna, ativa participante das
atividades daquela comunidade, que ficara com os pequenos na casa de
Marines. Logo mais chegaram o professor Protásio que se comprometera de
preparar um jantar de arroz carreteiro, trazendo consigo duas amigas suas.
Passamos ali uma noite festiva e conhecemos a essência da alma gaúcha
contada e cantada pelo professor ao cabo de um violão romântico e crítico com
músicas de sua autoria e de outros. Tomamos uns licores, bons vinhos,
cantamos e contamos também nossa história de ciclovida. E perto do amanhecer
fomos dormir.

11/03/2007 (domingo)

Acordamos cedo. Ivânia ansiosa para falar com Camilo, afinal era data de seu
aniversário. Falou com Sandino, Socorro, Camilo que a aliviou, mas não
desapertou seu coração de tanta saudade. Pensando na falta muito grande deles
de vê-los crescer, de estar perto de sua formação. À tarde fomos organizar as
sementes, chegando depois a irmã e o cunhado de Marines e também a irmã
do Jalo. Conversamos o resto da tarde. À noite fomos ver Marinês e Edna
trabalhando na padaria. Fomos também visitar Mauro e Cristina e voltando para
casa o Jalo foi mostrar suas fotos, muitos álbuns e nos ofereceu algumas fotos.
E Boa noite
Notícias da estrada (12/03 a 18/03)
12/03/2007 (segunda-feira)

Levantamos cedo, merendamos, e fomos ver a plantação de arroz irrigado do


Mauro. À tarde fomos ver a escola, filmamos, conversamos com alguns
agricultores. À noite conversamos com Tobiano, um dos militantes que atuou em
Eldorado dos Carajás no Pará e disse que só escapou do massacre porque
tinha vindo para um encontro de trabalhadores no RS. Deu-nos algumas
castanhas-do-pará que havia recebido de uma amiga do Pará.

13/03/2007 (terça-feira)

Acordamos cedo, merendamos e fomos conversar com a Cris, fizemos uma


gravação do seu depoimento como militante mulher no movimento. À tarde fomos
conversar com Dona Zulmira, que nos ofereceu um chimarrão. Voltamos pra
casa e logo mais chegou o Mauro, com quem conversamos até umas horas da
noite. Arrumamos as coisas para partir no dia seguinte. Ficamos um pouco com
o Jalo e fomos dormir.

14/03/2007 (quarta-feira)

Acordamos bem cedo, gravamos entrevista com Marines, depois as crianças


foram para a creche-escola, Marines e Jalo deram-nos arroz para a viagem:
macarrão, biscoitos e pães, feijão e integrais. Despedimo-nos da Edna, e
ficamos de encontrar com o Jalo e Marines na feira, estes ficaram de levar
nossas coisas. Fomos à okupa, lá almoçamos e conversamos com a turma.
Despedimo-nos inclusive do Grosseiro. Fomos para a feira, umas 4 horas da
tarde, ficamos lá conversando com o prof. Anselmo, depois chegou o professor
Protásio. Ficamos até a hora da gente sair. Jalo e Protásio arranjaram uma
carona com um caminhão de feira, que nos levaria até Três Cachoeiras, há
200 km de Porto Alegre pelo litoral rumo a Santa Catarina, pela BR101. Na
hora da partida veio o nó na garganta, mais uma vez a despedida é dolorosa.
Fizemos todo esse trajeto em cima da carroceria do caminhão, no meio de uma
grande carga de caixas de plástico vazias, quando descemos na cidade
procuramos um local para colocar a barraca,mas já havia dois moradores de rua
dormindo, então a pusemos na porta da Igreja e dormimos bem.

Dia 15/03/2007 – Quinta-feira

Saímos cedo, dividimos os pães que tínhamos com os moradores de rua e


seguimos. Não havia acostamento, mas andamos boa parte da manhã ao lado
de uma linda Lagoa, que inicia em Osório e vai até perto de Florianópolis, Há
uns dez quilômetros paramos numa barraca de frutas para tomar água. O
homem era alagoano, e tomei a coragem de saber se ele não podia nos dar
um cafezinho e o cara-de-pau diz que não tem, “mas no posto dão”. Falou
ainda que acha bom quando, vez por outra ver um nordestino passar, mata-lhe
a saudade só em vê-lo. Uns dois quilômetros depois, encontramos uma caverna
muito grande, parecia uma boca, merendamos lá, filmamos, tiramos fotos e
seguimos. Pedalamos mais uns 15 km, e chegamos na cidade de Dom Pedro
de Alcântara, que o prof. Anselmo de Porto Alegre havia falado que existia um
Centro Ecológico, e nos aconselhou que procurássemos passar por lá, que
podíamos encontrar algo interessante. Realmente encontramos o centro, e
chegamos na hora certa: na hora do almoço, e também na hora que estava
para sair uma caravana para conhecer as experiências acompanhadas por essa
entidade. Contamos o objetivo da nossa viagem, fomos convidados para o
almoço, ao mesmo tempo em que nos enturmamos com o pessoal da excursão
(um grupo de mulheres vindas de Constantina e Passo Fundo, enviadas pela
Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais do Rio G. do Sul) que
vieram conhecer formas de produção no sistema de agro floresta. Auto
convidamo-nos para acompanhá-los, o que aceitaram. Deixamos as bicicletas e
as bagagens no Centro e fomos no ônibus da caravana. Visitamos três
experiências em dois municípios: Morrinhos do Sul e Três Cachoeiras de plantio
agro florestal, onde se caracterizava como uma auto suficiência alimentar em
pequenos extensões de terra.Voltamos a noite e pedimos para botar nossa
barraca na garagem do Centro, o que foi aceito.

Dia 16/03/2007 – sexta-feira

Saímos do centro ecológico e entramos em Santa Catarina, e a estrada


continuava sem acostamento. Em são João do sul pensamos em colocar as
bicicletas no ônibus para atravessar os riscos. Procuramos internet e não
encontramos. Passamos o dia comendo o pão integral que o Jalo e Marinêz
nos deram, passamos em comboio por Sombrio – SC onde escrevemos e-mails
e chegamos a tardinha em Maracajá – SC , onde nos permitiram botar a
barraca no posto e fizemos comida de baixo dos eucaliptos.

Dia 17/03/2007 – sábado

Pedalamos a manha sobre chuva, meio dia o pneu da bicicleta do Inácio furou,
encostamos num galpão abandonado para remendar a câmera o que foram umas
duas horas de tentativas, almoçamos pão com banana, já eram 15:00 e
seguimos
Continuamos ate o Km 37, quando um carro quase atropela Ivânia, a
visibilidade estava difícil por conta da chuva, decidimos parar em Laguna,
ouvimos o alto-falante de uma capela anunciando a missa para 19:00 quando
rumamos para a capela e pedimos aos coordenadores da igreja para ficar aquela
noite ali, os mesmo arranjaram uma casinha fechada do lado da igreja. O Sr.
Ibrain que anda com dificuldade pois sofrera a anos atrás um acidente de carro,
onde ficou lesionado seus pés, mesmo assim se dispôs prontamente a ir em
sua casa sob chuva pesada buscar janta para nós. Choveu a noite toda.
Dormimos bem.

18/03/2007

O Sr. Ibrain trouxe café, conversamos muito, ele dizia de sua vida de trabalho
duro na roça, veio do campo mesmo assim mantém sua plantação na cidade,
onde planta verduras, macaxeira, milho, cria galinha. Deixamos endereço e o
cordel e o site do projeto e despedimos dos dois. Logo em seguida passamos
por muita água, rios, lagos nas proximidades de Imaruí. Encontramos pessoas
pescando, e falavam daquele rio que muitos pescadores viviam dali. Mas que
hoje estava cada vez mais difícil de encontrar peixe. Seguimos mais 10Km,
fomos encher o pneu e a câmara estourou, o que fez demorar um pouco mais.
Seguimos. Ao meio dia passamos num local (Mirim e Vila Nova) encontramos
uma casa de antigos pescadores numa pequena comunidade, e falavam que não
dava mais para sobreviver da pesca e agricultura. Havia uma vila onde todos
eram uma família, mas já estavam se desintegrando. Paramos 8 km depois em
um posto e fomos telefonar para nossos filhos. Felizmente com eles estava tudo
bem, mas tivemos a triste surpresa da morte de João Elias do Emaús e da
madrinha da Ivânia, pessoas muito próximas e queridas.
Quanto ao João Elias era um companheiro que tínhamos amizade e uma relação
nas atuações nos movimentos sociais, uns 18 anos de vivência juntos. A única
notícia era que havia morrido, mas não sabíamos de que forma e já faziam uns
20 dias, segundo a pessoa nos informou. Buscamos nos comunicar com a
família e não conseguimos. Com muita dificuldade ficamos sabendo que foi de
infarto e ficamos sob choque. Mesmo desequilibrados com tamanho abalo
decidimos pedalar pois havia ameaça de chuva para a tardinha, que veio uma
duas horas depois. Passamos a chuva em outro posto e ficamos remoendo a
dor de não poder partilhar com mais pessoas. Depois de andar mais uns 15 km
vimos que tínhamos que parar, não dava mais pra continuar a pedalar com a
carga negativa dos acontecimentos para os lados do Ceará. Paramos em frente
a uma Igreja à beira da estrada onde havia uma área que dava para os fundos
e dava pra nos proteger da chuva. Ali ficamos a digerir as notícias as perdas,
não era fácil. Pensar em chegar no Ceará e não encontrar o João para
partilhar essa viagem quem tanto se esforçou para contribuir com essa. E como
estaria sua família e companheiros do Emaús Trapeiros de Fortaleza.
Decidimos apresar a viagem para ver como ajudar os companheiros da Emaús e
filhos do João, estávamos a 30 km de Floripa, dormimos mal.
Notícias da estrada (24/03 a 01/04)
24/03/2007

Levantamos cedo, o padre nos ofereceu merenda. Arrumamos as coisas e


deixamos as sementes de alface do Lucas, com senhora da limpeza,
merendamos e seguimos viagem. Depois de 15 km compramos uns pães para
comer. Mas uns 20 km encontramos água e sombra e fizemos o almoço, Inácio
e Jorge ainda dormiram um pouco, o tempo se anunciava chuva e saímos às
pressas. Ainda na cidade demos um parada na calçada para rever o mapa e
conversar um pouco, continuando a viagem e dentro de 15 km o pneu furou,
então paramos em um posto e fomos remendá-lo, e também nos preparamos
para dormir.

25/03/2007

Acordamos cedo, ajeitamos as bicicletas e quando estávamos saindo um


caminhoneiro nos deu uma lata de leite em pó. Andamos uns 20km onde
merendamos pão café e leite. andamos mais uns 15 km paramos um pouco em
um posto e mais na frente encontramos um rio, onde fizemos almoço com um
jerimum que encontramos na estrada, lavamos as roupas e tomamos banho.
Seguimos numa descida de serra muito perigosa, sem acostamento. Chegamos já
noite numa vila rural e dormimos numa parada de ônibus na descida da serra,
depois sentimos o perigo pois os caminhões passavam em alta velocidade e não
tinha intervalo nenhum minuto...Muito barulho!

26/03/2007

Saímos, andamos uns 10km, mas antes conversamos com um agricultor de 70


anos que contou sua história e falamos do nosso projeto. E ali na vila, no pé
da serra ele disse que ainda faz plantações sem veneno: macaxeira, verduras,
banana e milho. Paramos na cidade de Cajati, fomos ver os emeios,
merendamos e saímos dali umas 11 horas. O sol estava muito quente e
paramos em um posto para telefonar para os meninos e descansar um pouco,
comemos um resto de biscoito com leite e café. Quando um caminhoneiro, meio
sem jeito, nos oferece 13 reais, bebemos bastante água e seguimos. Neste dia
a estrada era boa. Umas 3:00 horas paramos para encher as garrafas numa
parada que vendia orquídeas, a vendedora não ficou alegre com a “clientela”,
mas desconfiada.
Pedalamos ate umas 5:00 horas e paramos numa cidadezinha chamada Juquiar.
Andamos muito para encontrar comida, mais uma vez comemos pão pois não
havia outra coisa. Já estava anoitecendo quando vimos uma borracharia e
pedimos para dormimos ali, não fomos aceitos e logo a 3 km encontramos um
posto. Fizemos uma janta gostosa e dormimos bem na varanda de um bar
abandonado.

27/03/2007

Merendamos antes de sairmos, conversamos um pouco, fumamos um pé-duro e


saímos à pedaladas. Dentro de uns 40 km o sol estava muito quente, paramos
em um posto de gasolina em Miracatu, onde telefonamos, e almoçamos o resto
do pão, regado à bastante água. Encaramos subir os 30 km da serra,
exatamente à 1:00 da tarde, o tempo continuava abrasador. Andamos 2 km e
ficamos muito cansados...Não era autopista e os carros passavam tirando fino da
gente, encontramos uma bica d’água gelada, o que fez a gente agüentar a
pedalada. Com mais uns 7 km encontramos um restaurante, decidimos pedir
comida pois já eram umas 5 horas e não havíamos almoçado. Contamos para o
gerente nossa situação e ele encheu as nossas panelas e pedimos para não
colocar carne. Comemos na frente de um altar religioso, olhando uma
propaganda irônica de macarronada que estava na caçamba de um caminhão
parado. Continuamos a subida e já era quase noite. Encontramos um mendigo
numa parada de ônibus na beira da estrada com os sapatos furados e um
cobertor felpudo. Seguimos empurrando as bicicletas mais uns 3 km e chegamos
à cidade de Juquitiba. Jantamos uma melancia e dormimos em uma borracharia.

28/03/2007

Acordamos umas 6 horas, estava muito frio e a barraca molhada de orvalho,


fomos enxugá-la e secar no sol que já raiava, o que demorou um pouco a
nossa saída, no caminho percebemos que ainda se tinha muita estrada para
subir, ainda podemos ver alguns restos de floresta, mas a medida que vamos
se aproximando da cidade , ou melhor da capital, elas vão tomando outra forma
dando lugar a selva de pedra, amontoado de casas e concreto, poluição e rios
mortos. Seguimos sempre a BR116, chegamos ao grande túnel, um frio na
barriga nos abateu, não tinha nem um palmo de acostamento, entramos mesmo
assim, não se via pessoas, só carros, caminhões e motos, um barulho
misturado com o ventilador gigante do túnel. Procuramos se acalmar para não
perder o controle, isso já passava das 16horas e estávamos na entrada da
cidade, seguimos pedalando, hora pressionado pelos ônibus, hora pela fileira de
carros. Milhares... Paramos finalmente perto da parca da sé, pois já eram umas
9 horas da noite e não havíamos comida nada, há! Antes encontramos um
casal de Alagoanos dormindo num viaduto, ele Antonio e esposa vieram a dois
anos de lá, e mesmo tendo profissão definida,como caminhoneiro, mestre de
obras, esta desempregado e não tem dinheiro para voltar, e dizia enfaticamente
que nos tínhamos muita coragem de ter vindo bicicleta, nos dizemos que
coragem tinham eles de ficar ali em baixo da ponte, seguimos após nos
despedimos e conversados sobre alternativas, logo a frente subimos umas
ladeiras e atravessamos a praça da Sé, a avenida radial leste, muito mais
movimentada do que todas as outras, se tropeçássemos qualquer coisa seria
fatal, a paranóia urbana estava reviravoltante, o Jorge fica meio calado, ele
propõe que gente vá dormir numa pensão baratinha, os outros companheiros
acharam que que era melhor chegarmos naquela noite, pois ficar em pensão
não era ia resolver o problema no dia seguinte, ele concordou , acho que
andamos uns 25 quilômetros de sufoco, as 12 horas chegamos na casa do
Carlos e Deusane, que maravilha, casa de companheiros aconchegantes, fomos
dormir depois de beber umas cervejas.

Dia 29/03/2007

Acordamos tarde a vista dos outros dias muito cansados ainda passamos o dia
em casa, olhando os emails, fizemos comida e ficamos a conversar com Carlos
e a ouvir suas belas musicas que nos anima a seguir a combativos. Fomos
dormir tarde.

30/03/2007

Carlos e Jorge foram montar um banca na greve dos professores, Deusane ficou
com a gente 12:00, ficamos o dia todo eu e o Inácio a responder emails. A
noite ficamos a conversar e fomos dormir tarde.

31/03/2007

Acordamos cedo e fomos todos para a atividade no município de Ferraz de


Vasconcelos, articulado pelos companheiros Carlos e Deusiane, com jovens que
faziam parte de um cursinho, que é uma atividade de educação popular.
Tivemos uma manha de discussão sobre o projeto ciclo vida que envolvia a
questão das sementes, como transgênicos em fim o patentiamento da vida.
Fizemos almoço coletivo na casa da Regina. A noite fomos para um sarau em
Diadema com vários companheiros antigos de Inácio e Ivania, ali passamos a
noite e dormimos.

01/04/2007

De manha tivemos uma discussão sobre a problemática do campo e a


sobrevivência das sementes crioulas, daí saiu a proposta de uma discussão mais
ampla com vários grupos que ficou marcada para dia 5, quinta feira. Na sub-
sede Apeoesp de Diadema.
Fotos de Curitiba

Arredores de
Curitiba

Arredores de Curitiba com resquícios de


Mata Atlântica
Horta
Agroecológica

Horta da Dona Júlia -


Curitiba

Parque São Lourenço


Parque São Lourenço

pedaladas por
Curitiba
Sementes de Arraça
Dia 02/04/2007

Ficamos em casa, descansando e fazendo o relatório, a tarde Lia vem para a


Casa de Carlos para conversamos e acabam dormindo todos juntos, como
brincam ao dizer, somos os novos agregados e vamos ocupando, resistindo e
questionando a produção.

Dia 03/04/2007

Levantamos e ficamos fazendo o relatório em coletivo, a tarde fomos conhecer o


coletivo Lagartixa Preta e Erva Daninha em Santo André, quando chegamos no
ABC paulista, a geografia do urbano nos assolava, cada vez mais, reparávamos
nos mecanismos da cidade: máquinas, seus portões, grades, catracas e cercas.
Já procurando nosso contato Ellen, que a encontramos de bicicleta na frete da
estação, fomos conversando até a casa do coletivo e percebendo também as
artes de rua com seus grafites, estencios e lambes. Chegando lá, conhecemos
os coletivos, vistamos a biblioteca, alguns cômodos da casa e a horta e tivemos
uma discussão com essa companheirada muito boa, começando florescer de
atividades.
Na conversa, falou-se das resistências no meio urbano e rural, da busca de
autonomias; coversamos muito em cima dos conteúdos que cada um trazia em
seu cotidiano; gravamos um pouco dessas conversas, paramos por conta da
intimidação da camera.
Entre as atividades do pessoal da casa estava a promoção de festas com
comidas de forma autogestionada, com finalidades de arrecadar o pagamento do
aluguel que acham necessário para a continuação das atividades: biblioteca e
continuidade das ações, como procurar pessoas que adotem animais
abandonados, entre outras... Conhecemos o “baú da dádiva” um baú que cada
um deixa uma coisa e troca por outra, bem no espirito da livre troca e bom
senso. Outra coisa que conhecia era as oficinas “freegans”, artísticas e
culturais, assim como conversas com outros grupos ativistas.

Dia 04/04/2007 – Quarta-feira

Fomos para Feraz de Vasconcelos, tivemos uma discussão pela manhã em duas
classes do colégio Edi, atividade articulada pela professora Regina, e ao meio
dia fomos para a casa da professora Cris, e conhecemos seu companheiro, o
Itamar, que desejava nos conhecer. Encontramos um sujeito muito bom,
prestativo, com que tivemos um bom papo sobre política, ele se encantou com
nossa viagem, e falou que esta era visita predileta que queria que seus filhos
tivessem. Com este companheiro, trocamos sobretudo, forças . Ele nos
disponibilizou seus computadores, que usamos quase todo o dia, dali despedimo-
nos e voltamos para a casa do Erivelto e Regina. Fomos novamente para o
colégio Edi, para mais algumas palestras com os alunos do colégio, que por
sinal foram muito produtivas, com bom retorno de participação desses.

Dia 05/04/2007 – Quinta-feira – fomos convidados pela Regina a


acompanharmos juntos com ela, os alunos do colégio Edi, para assistirmos uma
apresentação especial, chamada Dominó, na sala São Paulo, de uma orquestra
sinfônica. A noite fomos para Diadema, por iniciativa dos companheiros que
estavam no sarau na casa do Zé Carlos e Ana, depois de uma discussao
sobre a importancia das sementes, varios companheiros como Carlos, Deusane,
Tonhão, Caboré, Bone. Articularam este evento programado em função da
passagem do Ciclovida por São Paulo, na sede da APEOESP (Associação dos
Professores do Estado de São Paulo). Compareceram vários companheiros e
grupos diversos, onde discutimos sobre questões como sementes, riscos do
agronegócio para a biodiversidade, quem está por trás da transposição do rio
São Francisco, que não são os pobres e seus movimentos sociais, e sim o
governo e o agronegócio. Citamos o exemplo da miniatura de transposição no
Ceará, que é ironicamente chamado Canal do Trabalhador, feito no governo de
Ciro Gomes, que não valeu de nada para os trabalhadores, mas apenas secou
os grandes reservatórios como o Orós, Choró Limão, etc. aumentando os efeitos
climáticos da região. Ao final brincamos, bebemos, cantamos e fomos dormir na
casa de Tonhão. Os companheiros passaram o chapéu e deram uma contribuirão
voluntária que muita contribuiu, com a criançada dormindo fomos dormir na casa
do Tonhão.

06/04/2007

Antes de sairmos da casa do Tonhão, fizemos um cuscus, Tonhao nos passou


uma contribuirão do Comitê de Solidariedade dos Povos em Luta, seguimos para
Maúa para um grupo de estudos sobre o livro “Povo Brasileiro” de Darci
Ribeiro, onde tinha varias pessoas de cantos diferentes como Feraz, Zona Leste.
Passamos o dia discutindo essa temática, a noite voltamos para Feraz com
Regina e Elivelto, Dormimos lá.
07/04/2007

Passamos o dia preparando a noite, que foi continuidade do estudo do dia


anterior em Feraz, onde participamos de uma performance teatral, houve
musicas, vídeos, comidas e bebidas típicas da cultura indígena. O estudo tratava
de como se deu a formarão do povo brasileiro e sua matriz indígena. No final
dormimos na casa da Regina.

08/04/2007

Passamos a manha na Regina e a tarde na casa da Cristina (irmã de Ivania)


e a noite dormimos na casa da irmã do Inácio.

09/04/2007

De manha fomos para o consulado tentando enfrentar a burocracia para


conseguir marcar a entrevista do visto, que seria para uma pessoa do ciclovida
ir participar de um encontro de agricultores ecologicos nos EUA, Passamos o dia
ali, causava indignação como a pessoas típicas burguesas olhavam com desdém
para a gente, finalmente ficamos sabendo que não teríamos condição de romper
essa burocracia e desistimos. A noite fomos para uma reunião no espaço
cultural Impropio, articulado pela companheira Ellen da Casa da lagartixa preta,
participaram o pessoal da bicicletada, um casal de compas da Holanda que
mexem com radio livre, companheiros do cmi, movimento de ocupação urbana e
indivíduos independentes.
Ouve um exposição do projeto ciclovida e trocas de experiências, o pessoal da
bicicletada nos falou do seu enfrentamento diário para andar de bicicleta na
Grande São Paulo, e do prazer de se sentir autônomo a cada dia que enfrenta
aquela cidade de bicicleta. Tivemos o prazer de encontrar com Tais de Brasilia
que trouxe noticias dos companheiros de lá, entre esses queridos esta a Bartira
com sua barriga crescendo, nos despedimos e fomos dormir na casa da Lia.

10/04/2007

Acordamos tarde, já 11:00 horas, a dona da casa a qual Lia era inquilina, era
uma estrangeira preconceituosa, e se sentia invadida por “favelados”, todos nos
se sentimos abalados e fomos para a casa dos companheiros visinhos que
trampam com cultura digital e softer livre, tivemos uma tarde agradável e
esquecemos um pouco a discriminação daquela mulher. La tivemos a visita de
um antigo companheiro Alexandre do Ceará, apelidado de pequeno assim como
Jord mais dois outros aconpanhantes. No final da tarde gravamos uma entrevista
com os compas Fernão e Diogo. Dormimos na casa do Carlos e Deusane,
Quilermina – Esperança.

11/04/2007

Passamos o dia todo na casa da Deusane e Carlos, ouvimos muisica,


descansamos, gravamos CDs, assistimos um filme, e dormimos ali.

12/04/2007

De manha fomos para Feraz, Para a casa de Regina, de onde iria-mos para a
escola do MST Florestam Fernandes, que não foi possível entre outros
imprevistos, o caro do Regina deu problema, Ivania e Inacio forma dormir na
casa da Cristina, e Jorge foi para a casa do Carlos e Deusane.

Dia 13/04/07

Fomos para uma atividade na faculdade de filosofia " FAFIL" a convite do Bone
do movimento trabalhista. Lá aconteceu a exposição e conversa do projeto
Ciclovida e cantamos algumas músicas. Dali surgiram contribuições mediante
distribuição de nossos materiais e recebemos uma contribuição do Bone para a
viagem.
Dia 14/04/07
Organizamos a nossa saída de São Paulo, nos preparando e fazendo reparos
nas bicicletas e também provisões com a alimentação. Preparamos a bicicleta da
Lia com um caixote e atravessamos mais uma vez a cidade até a casa do
Carlos.
Dia 15/04/07

De manhã arrumamos as bagagens enquanto Deuzane preparava o almoço e


Carlos gravava alguns Cds de músicas latinas, documentários e cópias do
Ciclovida.
A tarde, com as bicicletas arrumadas, rumamos à estação de metrô da
Guilhermina- Esperança para a estação Vergueiro, para a despedida. Foi um
tanto conturbado pois além dos pesos das bicicletas, descendo e subindo
escadas, a entrada nos últimos vagões desponíveis foram permitidas só de duas
bicicletas. Inácio e Carlos com a bicicleta da Lia no metrô da frente e depois
Ivânia, Jorge e Deuzane no metrô seguinte. Assim chegamos no espaço cultural
São Paulo, onde já havia vários companheiros de grupos diversos: Comitê de
Apoio aos Povos em Luta, Projeto de Educação Popular de Mauá e vários
outros companehiros independentes. A despedida foi com música, pão,
cachaçinha de cambuçi, torta, lágrimas e fotos da parte de quem ia e quem
ficava. O mais difícil foi a despedida do Inácio com a cambuçi. Daí em diante
foi um sobe e desce de metrôs e trens até chegar em Jundiaí. Nesse translado
o JOrge ficou conversando com um rapaz. Dentre a conversa se falou sobre
música, cidade, e a vontade dele de escrever um livro sobre um sistema social
que funcionasse "se por uma semana eles experimentassem essa sociedade
passariam a adotá-la". O nome era Max e já tinha até o título do livro:
"Paranóia". Descemos em Jundiaí e procuramos um albergue, o qual passamos
por regras e horários um tanto rígidos.
Dia 16/04/07
Acordamos cedo com um estranho café da manhã: uma bebida artificial de
morango com bolachas recheadas, diferentemente de um café quente com pão
que as pessoas esperavam naquele frio. Saímos umas 8 horas, paramos em
Campinas. Lá compramos frutas e verduras. Almoçamos melancia e banana em
baixo de uma ponte. A rodovia era muito urbanizada. Já à noite em Americana,
encontramos um posto abandonado, onde estava uma família de viajantes do
Mato Grosso do Sul que ia para o Rio de Janeiro com um carro velho.
Montamos barracas e fomos fazer fogo, pois estavamos famintos de comida
quente. Com muita luta, quando a água estava quase fervendo, a lata vira e
apaga o fogo. Não nos dando por vencidos fizemos novamente. Dessa vez,
quando a comida estava quase cozida uma pedra de cimento explode com o
calor e vira a panela de legumes dentro do fogo. Reunimos mais exforços
coletivos e fizemos pela terçeira vez o fogo. Finalmente conseguimos comer e
dormimos.
Dia 17/04/07

Levantamos de madrugada pela primeira vez. Saímos atordoados e esqueçemos


uma bolsa com algumas ferramentas. A bicicleta da Lia furou o pneu pouco
tempo depois, e em seguida a do Inácio. Empurramos alguns Kms até chegar
num posto. O sol estava muito quente e andamos muito pouco. Pedimos comida
num restaurante de um posto, conseguimos duas marmitas na condição de
saírmos logo. Enquanto isso, Inácio e Jorge arrumavam os pneus. Dormimos
num posto próximo a cidade do Leme.
Dia 18/04/07
Fotos da noite em que fomos abduzidos por luzes estranhas...

Entramos na cidade do Leme para merendar e somos abordados por uma


mulher que pensava que estavamos vendendo roupas quando viu o tamanho dos
nossos caixões na bicicleta. Pediu um cigarro e quando soube da atividade e da
distância percorrida e a que ainda íamos percorrer ficou horrorizada e disse: "
Que perversidade que fazem com a meninazinha! Coitada!" Se referindo à Lia.
Paramos na ciadde de Pirassununga onde é produzida a cachaça 51 . Fizemos
almoço numa pequena reserva que encontramos no meio de tanto canavial.
Ficamos surpresos com aquela reserva, mas ao final nos deparamos com uma
placa de aviso "Mina de água interditada". Saímos dali umas 16:00 e
pedalamos uma parte da noite. Na subida, um tanto cansados, paramos para
aprender algumas técnicas de fotografias com o Jorge e fizemos alguns
experimentos. Era uns 15km de subida. Dormimos num posto entre as cidades
de Porto Ferreira e Passa Quatro.
19/04/07

Andamos entre canaviais. Vimos muitas máquinas colhedeiras de cana em


grandes extensões de monocultivo com uma ou duas pessoas trabalhando
naquelas máquinas. Ao meio dia paramos numa ponte no meio de um canavial
e não havendo água para fazer comida almoçamos cana que pegamos do
agronegócio. Dormimos um pouco e quando saímos Inácio e Ivânia passaram
mal. Pressão Baixa. Conseguimos chegar em Ribeirão Preto. acessamos a net e
dormimos no Posto Gavião. Ìamos para o assentamento ainda de noite, mas o
pneu do Jorge e da Lia furaram.
Dia 20/04/07
CRIANÇAS DO ACAMPAMENTO BRINCANDO

SEPARANDO E EMBALANDO SEMENTES


DONA FRANCISCA
Ribeirão Preto - Ribeirão Verde - texto sobre a o agronegocio na regiao.

Região considerada a capital do agronegócio do Brasil. O maior negócio do


momento a cana-de-açúcar. É também uma região de conflitos sociais, e as
riquezas que se despontam não consegue encobrir seus bolsões de miséria. Esta
região ampara inseguramente uma fração do maior lençol freático de água
mineral do mundo. Suspeitam alguns ambietalistas que este lençol pode ( se
não já estiver) contaminar-se de vários tipos de dejetos poluentes das indústrias
locais, já que esta região é um ponto de recarga deste maior aqüífero do
mundo que é o chamado Aqüífero Guarani. Ribeirão é uma cidade mediana de
aproximadamente 500 mil habitantes, considerada a capital brasileira do
agronegócio, que está situada sobre este reservatório subterrâneo, que estende-
se por vários países da América como Brasil, Argentina, Uruguai, entre outros.
Todas as terras desta região estão sob a mira do agronegócio, setor imobiliário,
entre outras corporações que negociam com água. Em meio a toda essa
realidade conflitante e de jogos de interesses, nestas áreas também estão
acampamentos de sem terra de vários movimentos sociais do campo, MST,
MLST, e outros que se dizem independentes, formando ao todo um número de
mais de 400 famílias, estão exatamente no ponto de recarga do lençol. As
possibilidade de ganho desta terra dar-se pelo fato de serem pesados os prós
e os contras, conclui-se que, ficando a agricultura família nesta terra é menos
danosa que deixar o latifúndio e o setor imobiliário por conta como estão
interessado. Conta favoravelmente também o fato de os dono desta terra está
com uma dívida impagável com o governo federal. Assim enquanto não encontrar
uma solução plausível de interesse do capital, , a situação encontra-se favorável
a nossa luta. Temos que nos solidarizar com esta companheirada que está com
uma grande responsabilidade política, onde deve estar uma coesão de forcas.
Parabéns para estes forte lutadores, onde passamos uns quatro dias de partilha
desta convencia. A todos agradecemos por partilharem um pouco desta vivência
conosco, com tanto aprendemos.

Retomada dos relatos do dia 20/04/2007

Saímos cedo rumo ao assentamento em Ribeirão Verde. Chegamos no


acampamento Ìndio Galdino. Depois de conheçer algumas famílias como a do
Divino e a de seu José, nos indicaram o coordenador Zezé. Lá fomos bem
acolhidos por Adriana, as crainças e Dona Francisca, uma vizinha de seu Zezé.
Dona Francisca é uma agricultura de 70 anos que toca seu roçado sozinha. Lia
começou a conversar com ela e tirar umas fotos e logo descobriram algumas
coincidências. Dona Francisca achou Lia pareçida com a sua neta e Lia também
ao vê-la lembrou -se de sua avó, logo descobriu que o nome da neta de
Dona Francisca era também Lia e ainda mais, Arruda... Ficaram as duas
espantadas com tamanha coicidência. Entre outras partilhas a família de seu
Zezé deu-nos algumas sementes crioulas que ainda possuem. Fomos convidados
a conheçer suas plantações e criações e depois almoçamos. à tardinha quando
nos preparavamos para sair, Lia resolve fazer um xarope para a tosse contínua
de seu Zezé. Nisso Adriana convida-nos a dormir por lá essa noite e aceitamos
de bom gosto. Eles cedem as camas dos filhos. Conversamos até tarde da
noite e dormimos quando Zezé grita: "Desliga o rádio, Adriana!!!".
Dia 21/04/07
Partimos de uma assenbleia do acamampamento do movimento MSLT, falamos
para o pessoal sobre nosa atividade e fomos bem recebidos pela comunidade,
ficamos na companhia de um jovem interessado em sementes chamado Alex,
que tinha a ideia de fazer um banco de sementes. almoçamos a atrde com a
familia do Marquinhos. As 16H voltamos para o acampamento indio Galdino para
a ssembleia a qual nos tinha convidado. Chegando la o local tinha pouco
estrutura para a chuva que caia, mesmo conturbada a assenbeia aconteceu.
Fomos apresentados a assembeia e convidados a falar sobre o projeto e a
questao das sementes naturais. Apos a nossa exposiçao as pessoas se sentiram
sensibilizadas e proporão entre si uma contribuiçao coletiva financeira.
Voltamos para a casa do Zezé onde a noite ficamos trocando umas ideias com
outros companheiros acamapados e ali dormimos.
22/04/07 DESPEDIDA DEMORADA DA CASA DO SEU ZEZÉ

De manha fomos na casa de seu José e compnheira Maria, que nos ofereceu
algumas de suas sementes, como macaba do maranhao ( coquinhos do
maranhao). A despedida da casa do seu Zezé foi dificil pois os laços afetivos
eram fortes. chegamos a casa do Marquinhos do MLST e ele nao estava.
começamos a fazer almoço e um casal de jovens chegaram: Marcia e seu
companheiro que se ofereceram para trazer um conplemento para o almoço,
passamos a tarde conversando. Marcia nos indicou a casa de sue sua mae
para quando passassemos pela cidade de Araminas.
Tiramos umas fotos e nos despedimos, seguimos para o acampamento do MST,
passamos direto pela segurança sem saber onde era e falamos com a
companheira Maria - cearence , de Viçosa do Ceará, que optou por morar no
campo depois de morar em sao paulo. Depois chegou uma militante do MST
que nos orientou a falar com a coordenaçao que ficava no inicio do
assentamento. La encontramos com alguns coordenadores que estavam em um
momento de despedida de um companheira da comunidade rumo ao Rio de
Janeiro para contribuir para o movimento MST.
Falamos de mossas atividades e a intençao de conhecer o assentamento. Nos
alojaram na casa sede, ficando certo no dia sequinte visitar a comunidade e a
atarde participar de uma reuniao da coordenaçao. Fomos dormir ja bem tarde.
DESPEDIDA DA COMPANHEIRA MÁRCIA

Dia 23/04/07 CASA DO ÍNDIO DO MST


BANHO DE RIO

De manha tomamos cafe na casa do Indio e nos organizamos para visitar as


familias quando o coordenador nos avisou que estava esperando um telefonema
para a libera;áo da visita, ficamos esperando ate 11 hs e como nao veio a
visita fomos a cidade comprar legumes e fazer telefonemas. Telefonamos para o
Itepa, onde estáo nossas sementes, para ver a possibilidade de envi[a-las por
correios. 14 Hs participamos da Assembleia com todos os coordenadores do
acampamento, expomos o projeto Ciclovida e dali fomos ver o rio onde estava
situado o aquifero Guarani. Saimos por volta das 16 hs rumo a cidade de
Batatais, ajeitamos as bicicletas e as 18 hs saimos de ribeiráo verde. Andamos
uns 15 km e dormimos num posto próximo a Brodoski.
Domingo, 6 de Maio de 2007
Dia 24 de abril
Saimos logo cedo e quando andamos 5 km de subidas, paramos para merendar
e notamos que tinhamos esqueÇido uma pochete com uns oculos coletivos e
algum dinheiro, resolvemos seguir adiante e saindo da cidade a bicicleta da Lia
quebra o cubo. Voltamos empurrando as bicicletas de volta pra cidade
procurando uma bicicletaria. Seguimos viagem até um posto de gasolina, 30 km
antes da entrada para o assentamento. Encontramos um trexeiro que ia à pé
para Franca. Decidimos seguir sem fazer almoço. Entramos por canaviais e
grandes usinas. O pneu do Inácio furou depois de subir o alto do rio Sapucaí e
nós tivemos que andar uns 5 km, onde procurávamos pelo assentamento tendo
como referência Pedro Xapuri. Essa referência foi dada no assentamento de
Ribeirão Verde e que ele era companheiro de luta de Chico Mendes. Chegando
no início do assentamento onde ficava o MLST encontramos com Pedro e
Cláudio que nos orientou pra agro-vila onde fica o MST. Ajeitamos as bicicletas
e caminhamos para lá. Eram mais de 3 horas, estávamos com muita fome,
sede e cansaço. Quando decidimos para numa casa para fazer um jogo de
pedir informação para ver se conseguíamos alimento. A companheira Tereza não
teve dificuldade de ver nas nossas caras o quanto estávamos abatidos. E logo
nos ofereceu água e pediu para que sentássemos. Trouxe uma bacia de
biscoitos, depois outra de maça e mamão cortados e outra de laranjas lima.
Devoramos tudo e nos recuperamos. Depois de tudo isso foi que seu
companheiro Aparecido e sua filha Priscila começaram a contar as suas vivências
e histórias de vida. A relação que eles tinham com a terra nos chamou a
atenção e de como eles procuravam viver do que produzem na terra numa
relação ecológica de não agressão ao meio e aos seres em geral. Essa relação
surge de um princípio filosófico de ”cultura racional” e elementos espiritualistas.
Um exemplo disto foi a panela com mamona que estava no fogo quando
chegamos, para a extração do óleo para fins domésticos. Outra cena que nos
chamou a atenção foram duas crianças, de 3 e 7 anos que tinham uma
plantinha para aguar e cuidar cada uma. Escutamos a maior dizendo para a
menor: “Você precisa aguar sua plantinha senão não terá o que comer! Eu já
cuidei da minha hoje!” Dali saímos para o Centro Comunitário com a promessa
de voltar naquela família atípica no dia seguinte.

No Centro Comunitário havia uma pequena padaria, salas de aulas, sala de


capoeira e estavam ainda reformando outras salas.

À noite fizemos uma apresentação do Ciclovida em uma reunião com os


moradores da vila e depois teve uma roda de viola com pai e filhos que
cantavam e tocavam muito bem.

Depois fomos para a casa do Pedro e ele nos mostrou suas variedades de
abóboras e também contou sua relação política com Chico Mendes.
SUBINDO LADEIRA
USINA DE CANA

ABÓBORAS DE PEDRO XAPURI


Dia 25 de abril

CRIANÇAS DO ASSENTAMENTO
CHUCHU E MARACUJÁ

MAMÃO PRODUZIDO NO LOTE DE LÚCIA


BUCHA DE METRO

O pessoal da casa de Pedro estava numa manifestação em Bebedouro ( do


Abril Vermelho puxada pelo MST a nível nacional) Passamos o dia visitando as
casas do assentamento. Dentre as casas estava a de Lúcia que nos deu
sementes de mamão e que estava com seu lote a venda por problemas de
saúde de seu companheiro que sofreu um acidente e teve uma seqüela no
olho, o qual não consegue fechá-lo mesmo quando dorme, ficando desprotegido
para o trabalho. Passamos na casa de João e Tereza que trabalhão com
plantação de bucha de metro irrigada, destinada à indústria de calçado em
Franca, assim como outros que desenvolvem estas atividades no assentamento.
Depois fomos para a casa de seu João, este tem um pomarzinho no quintal e
cultiva uma pequena plantação de café. Ele também nos indicou a volta do
Ceará via Rio São Francisco, pegando de Pirapora e Buritizeiro. Saímos de lá e
fomos à casa do Aparecido, onde gravamos uma entrevista com o mesmo. A
família dele partilhou sementes conosco e uma contribuição financeira espontânea.
À noite voltamos para a casa do Pedro e falamos com algumas pessoas que
haviam voltado da manifestação em Bebedouro e conseguido entregar uma pauta
de reivindicações.
Dia 26 de abril
DESPEDIDA DA CASA DE PEDRO XAPURI

Pela manhã gravamos uma entrevista filmada com Pedro Xapuri, onde ele fala
de sua militância no STR de Xapuri ao lado de Chico Mendes. Nas lutas dos
empates para evitar a derrubadas dos seringais e castanheiras. Os
enfrentamentos com os latifúndios organizados e seus jagunços entre outros
enfrentamentos. Ele contou com detalhes as pressões reacionárias dos
fazendeiros até a morte de Chico. Narrou sua história e como chegou no Acre,
migrando da região de Quixadá por questões de sobrevivência, indo para São
Paulo e depois para o Acre, e depois da morte de Chico voltou para SP. E
quando surgiu o momento de vir para o acampamento de terra, ele embarcou.
Falou também da atuação de sua companheira Alberina que por muitos anos foi
alfabetizadora de adultos e crianças nas localidades de Xapuri.
Já de tarde arrumamos as cargas das bicicletas, almoçamos e partimos, mas
antes passamos na casa do aparecido deixar algumas sementes e o Jorge
deixou um zine ”resistência verde”, já na estrada rumamos a Franca e lá
achamos uma internet e respondemos alguns emails, e inquietos ficamos a
contar e confabular dos perigos de dormir nas cidades, ou nos postos ou
lugares isolados. Resolvemos sair da cidade e levantamos acampamento num
posto já fora da cidade.
Dia 27 de abril
ALBERGUE ESPÍRITA "CASTELINHO" EM ARAMINAS

Levantamos e partimos e fomos merendar em Cristais Paulistas, o clima das


vontades estava um tanto em embates e resolvemos parar para conversar e
avaliar sobre os horários a pedalar e um breve planejamento sobre as
alimentações e roteiros de passagem.
Após uma conversa desabafada fiemos um rango muito “de boa”, com lentilhas,
arroz integral e mistura de milho fubá com temperos.
Um longa tarde com direito a uma soneca esparsas naquelas sombras arbóreas
e avoadas.
Andamos mais uns 40 Km por um via mas sossegada de caminhões e carros,
a primeira chuvinha bem de verão deu uma esfriadinha, e longos cafezais assim
como alguns trabalhadores colhedores que ora ou outra andavam pelas cafezais.
Já em Araminas, perguntando aqui e acolá soubemos de um albergue e
acabamos dormindo nele, o Inácio ainda fez um cuscuz para a janta antes de
dormimos trancafiados naquela casa que mais parecia um castelinho medieval e
aquele quarto um calabouço disfarçado.
Dia 28/04/2007
Levantamos e fomos procurar a casa dos pais de Márcia, do acampamento do
MLST, em Ribeirão Preto. Por coincidência, ficava bem perto do albergue e lá
chegando fomos convidados para o almoço. Ouvimos suas histórias de muita
peleja como bóia-frias. Conheçemos o avô de Márcia que falava dos desastres
de caminhões que tombavam com os trabalhadores. Nos despedimos e seguimos
até o posto de gasolina no fim da cidade, onde conseguimos uma promessa de
carona para o dia seguinte, às 5:00 da madrugada. Fomos dormir.

PAIS DE MÁRCIA, AVÔ E FILHA


Dia 29/04/2007
Pegamos a carona e descemos em Uberaba. Continuamos andando, chegando
num retorno onde ouvimos um barulho de batida de carro. Ao olharmos para a
direção ainda pudemos ver o carro capotando. Nos aproximamos e o rapaz com
o rosto ensangüentado já havia sido retirado do carro. Fizemos mais alguns
telefonemas e saímos para fazer almoço numa ponte recém construída para a
duplicação da via. Saímos à tardinha e fomos dormir à 30 km de Uberlândia
num posto de gasolina localizado na via contrária.

Dia 30/04/2007

Pegamos a estrada vagarosamente. Ao cair da tarde fomos chegando em


Uberlândia. Chegando, procuramos internet para verificar o retorno de um
companheiro, do qual tínhamos referência, o Alex. Quando vimos o email
descobrimos que ele agora estava morando em Uberaba, a cidade da qual já
havíamos passado. Mandamos outro email para ele pedindo contatos de seus
amigos. Um mototaxista parou para conversar com Lia e Ivânia, enquanto Jorge
e Inácio estavam na Internet. Ele se ofereceu para levar-nos até o albergue da
cidade e disse que estava a disposição. Seu nome é Eduardo. Nos levou até o
albergue e lá jantamos, mas não ficamos para dormir. Fomos até perto da
rodoviária e voltamos a ver os emails e o Alex tinha acabado de responder o
nosso e passar o contato de Paçoca e Tais. Tentamos ligar e ninguém atendia,
mandamos mensagens e como todos já estavam cansados resolvemos ficar numa
pousada. Quando já estávamos na pousada o Paçoca liga e nos encontra na
rodoviária, e seguimos para a sua casa. E lá dormimos.
COMPAS NA FRENTE DA CASA DO PAÇOCA

Dia 01/05/2007
Foi um dia de descanso e muitas (hi)estórias, Paçoca e Tais nos contaram de
suas estadias em Porto Alegre com os pessoais da okupa de lá e a paranóia
entre os ”carecas e punks” alem de outras tretas. Tiramos o dia também para
fazer um almoço bem regado e conhecer outros compas de Uberlandia e de
passagem um pessoal de Goiania, que alais conhecia outros companheiros de
lá, uma enorme conhecidencia foi quando a Lia e o Jorge perdidos quando
tinham ido comprar umas paradas de comer, cruzarem pelo Ateu para pedirem
informação... eita cidadezinha pequena so... a noite a conversa se animou ate
de madruga.
02/05/2007

Tínhamos combinado de ir para o assentamento Nova Cachoeirinha visitar uma


companheirada que já conhecíamos quando passamos ali de ida sentido Nordeste
Sul. Pessoas como o Wilson, o João, a Branca, o Paulo, entre outras, bem
como também algumas famílias ciganas, etc. Fizemos para isto, um
deslocamento de 50km, Sudeste oposto a nosso rumo, mas de grande
compensação pela estreita relação afetiva e afinidades nos campos político,
ecológico, entre outras, que criamos da vez passada. Foi o dia todo para
chegarmos, lá partilhamos saudades, informes, músicas, dormimos tarde apesar
do cansaço físico, o que não poderia ser diferente, mas com bom descanso
mental.
Dia 04/05/2007
acordamos às cinco horas da manhã e saímos de volta rumo ä Uberlândia, pois
tínhamos um compromisso às quatro da tarde na UFU, articulado por Alex
(Ateu) e Fabiana. Fomos informados que os compas Edson e Lucas oferecsram
sua casa e computradores para ficarmos e atualizarmos o site, e da faculdade
iríamos para lá. Chegamos meio dia e meia na casa de Paçoca e Taís,
almoçamos e fomos para o compromisso, chegando às quatro e meia,
encontrando uma galera que aos poucos foi encostando, onde ficamos até as
nove da noite. Ali trocamos idéias, expusemos sobre a atividade do Ciclovida,
catamos algumas músicas. Ao final conversamos muito com umas jovens,
Jaqueline e Agnes que estão bem conectadas com os movimentos sociais no
campo e na cidade, passamos contato e regressamos para casa dos compas
Taís e Paçoca e deixamos a casa dos companheiros para dia seguinte.. Ali,
uns foram e dormir mais cedo, e outr@s, caso do Inácio, Paçoca... ficaram
conversando até tarde da noite. Uberlandi ate que e uma cidade pacata...
Terça-feira, 15 de Maio de 2007
Depoimento

A compra da bicicreta...
...O sufoco de atravessar SunPaulo...
O posto abandonado...mal-assombrado!
As subidas difíceis e o vento-contra!
...as sombras nas placas da estrada...
As tentativas frustradas de carona.
A incansável estória da Subta!
A casa do Seu Zezé...
"Desliga o rádio, Adriana!"
A linda Dona Francisca!
O Alex, Marquinhos, Márcia!
Os banhos de rio...as noites de frio...
"A Berlândia! Berlândia! Tamô chegando em Berlândia!"
O Feijão Andu e os tomates no pé da estrada.
As cachacinhas da região!
As sementes...muitas...muitas...
As horas...os dias...as noites...
A ocupação no albergue Castelinho!
As granolas e farinhas inacabáveis do Jorge!
As noites emburacadas...os arranhões!
As receitas e história do Nêgo... as cobras...as onças...beatas...
As lições do Aparecido, Tereza e Priscila.
..."Dinheiro" "Boa vontade"...as conversas do índio com o Inácio.
As abóboras do Xapori!
As chateações com internet!
As despedidas demoradas...
...os pneus furados!
"Cuizcuiz"...bananas-passa...uvas-passa...
"Passa...passa...É tranquilo!"
Rapadura! Passa!
...a sede...o cansaço...
as recompensas...os aprendizados...
...a amizade... o respeito....
A saudade!
A vontade que fica de voltar a ver todos...o mais breve possível!
As empresas...a ganância...o lucro...
...Os bichos mortos na pista...
...a fumaça...sujeira...desrespeito...
nuvens de venenos...exploração...
...inconsequêcias e a nossa indignação!
Depoimentos, fotos...gravação!
Os urubus, tucanos, asa-branca...
...os papagaios, vários...mortos no chão!
Tamanduá-bandeira, lobo-guará... atropelados!
Geraldo, Jaime e família e crianças na luta pela limpeza das minas de água!

A liberdade...Ah! A tão amada liberdade!


...ladeira abaixo, vento na cara...velocidade!
Infinita liberdade!!!
As queimadas, os carvões, as matas acabadas!
As vacas curiosas!
O campeonato de berrante!
As horas de relatórios!
Pintar com a luz!
Lua cheia na pista!
Cantorias com Wilson, Branca e João e a Nova Cachoeirinha!
As árvores...as flores!
As máquinas, tratores...anúncios... propagandas...Bebedeiras e acidentes de
carro.
A kilometragem nas placas e as discordâncias do quanto já se andou e do
quanto ainda falta...
As paradas para o almoço!
"Fazer um foguinho! Coloca um feijão rapidin pra cozinhar!"
Laranjas, melancias, acerolas, mamões
Suco de maracujá, chás!
A impotência dos sindicatos e a nossa insatisfação!
Buchas de metro!
O esforço das formigas!
A vontade de querer ser mil!
Cana-de-acúcar, café...
os ônibus rurais e a exploração!
O barulho dos motores!
Os agregados do sem nada no Zé Rocha!
Os fugitivos do ritmo no sarau do Zé Carlos!
O passe-livre a sopa do Tonhão!
A luta pela independência!
O intalado na garganta
O aperto no peito
O sol me matando
As incontáveis quedas e as mãos!
As coisas que ficaram pela estrada...
Os trens de Minas!
...O fazer de cada lugar o seu lugar...
As conversas furadas, babozeiras, brincadeiras, invenções...
E o não falar, o silêncio...a introspecção!
Os momentos...Únicos!
O pão branco com queijo e doce de goiaba.
Um pingado de café!
A realidade...a vontade...a admiração!
As piadas, palhaçadas...Risos frouxos!
Ednardos, Azevedos...
O difícil caixão do Inácio...
Estar sozinha na cidade patogênica e...
Como será que vocês estão?
É preciso estar aberto!
É preciso estar liberto!
Os pensamentos positivos, as figas, as discordâncias
As risadas!
Foi muito bom e no fundo da minha alma eu estou feliz!
Os céus limpos...nublados...Estados!
O nascer e o pôr do sol...
Os vôos rasantes das borboletas e das aves.
As descobertas!
As perspectivas!
Os ideais!
...Os planos de uma vida!
O mínimo de tudo e o máximo de nada!
Banhos de chuva!
O açúcar mascavo...-boas- de milho...
Ervilhas!
Horizontes...Montes!
Quantas palavras mais seriam preciso?
Saudade do pedal!
...Saudade!...
....Saudade!!!
08/05/2007 Saída de Uberlândia
Levantamos na casa do Lucas, passamos alguns cordéis para ele, recebemos
um livro de poesias de Marilly, “Leros e Boleros”, arrumamos as coisas e
atualizamos os últimos dia do blog, Lia resolveu continuar mais uma semana, só
faltava decidir se iríamos por Brasília ou Pirapora, exatamente na hora de sair
essa indecisão, mas a vontade de conhecer a realidade do rio são Francisco
pesou mais forte.
Na despedida estava presente Lucas, Edson, Marilly e Luciano, fizemos algumas
fotos e em seguimos boralá.
Já na estrada para Pirapora, a uns 4 Km a bicicleta do Jorge deu problema no
pé de vela, resolvemos voltar pra cidade para arrumar, depois desse causo,
tocamos estrada via a muitas subidas e buracos, o que era ariscoso quando as
maquinas motorapocalipsadas tomavam de assalto o acostamento mesmo na
contra mão, paramos em um posto e fizemos uma comida de arroz com
ervilhas, conversamos um pouco e saímos umas 4 da tarde passando por
Indianópolis, onde alem das crateras estradinas e os monstros motorizados a
paisagem que predominava era vastos monocultivos de café, Algodão, pinos,
pasto...
Anoiteceu e a nossa procura de algum cantinho pra armar as barracas se
frustrava quando as entradas iluminadas que pensávamos ser um posto eram
entradas fortificadas de grandes fazendas.
O cansaço estava nos vencendo e as divergência entre dormir no mato ao lado
do acostamento eram os quereres de inácio e jorge, já lia e ivania mesmo
pelejando no pedal e no escuro queriam achar um posto, sequimos pedalando
noite adentro ate um posto no qual jantamos a flamigerada mistura de farinhas
do jorge (macaxeira, milho,trigo,cana) e dormimos já exaustos.
Terça-feira, 22 de Maio de 2007
09/05/2007
Levantamos cedo e um caminhoneiro nos ofereceu um chá, muito doce por
sinal, passamos numa cidadezinha para comprar algumas frutas e mantimentos,
na verduraria um trabalhador chamado Jose Pereira pagou umas pencas de
bananas pra gente, logo na frente da vendinha se juntaram outros curiosos da
cidade para conversar, com os quais contamos sobre a viagem e nossas
atividades, alguns se adimiravam outros escutavam apáticos, passamos o
endereço do site para alguns e nos despedimos, logo a frente vimos uma casa
que parecia de pequeno agricultor, apesar da chaminé fumegando ninguém nos
atendeu, talvez estivessem na roça... numa outra casa com um cafezal na
frente, paramos para conversar um jovem, filho de pequeno agricultor que não
foi receptivo com gente, já adiante na vencida busca de um oásis de sombra e
agua fresca cada curva e subida nos rendeu a fazer um lanche de banana com
farinha numa borracharia, no conversa com o borracheiro inacio pergunta meio
por acaso se ele não conhecia um acampamento ou assentamento, e por
conhecidencia tinha um pré-assentamento logo perto, adentrando numa estadinha
de terra a uns 6 km.
Na ruela poerenta, lia cai um tombo na descida mas nada grave, logo na
entrada do pré-assentamento encontramos muitas carvoarias, e logo ns
informaram a casa do cordenador do “Nego”, Que nos recebeu e fez um relato
da situação da região, sendo acampamento de 2002 que veio resistindo com
poucas pessoas as investidas do dono, através da truculência da policia e a
demora do judiciário.
Dentro de um ano chegou a 94 famílias, mas quando resolveram entrar na
fazenda esse número caiu muito, conseguiram a desapropriação e no dia 22 de
março de 2007 mas falta algumas coisas como demarcação das terras e divisão
dos lotes e recursos atuar no assentamento.
Enfrentam grandes problemas internos, tais como: convivência com o ex-gerente
que beneficia-se de 60 carvoarias em atividade diária com carradas de 2
caminhões saindo por dia do lugar, derrubada e queimada da vegetação nativa
que pertence ao coletivo de assentados. Outro problema é a fumaça que fica
fumaçando no assentamento, outra preocupação e a de pessoas com pendência
na justiça pelo fato de terem participado de lutas pela conquista da terra, e
durante um despejo forçado onde 600 policiais despejaram 40 trabalhadores que
ficaram marcados pela justiça dificultando a documentação para o titulo da terra.
A noite conhecemos pessoalmente esses companheiros que estão enfrentando
esses dificuldades, João Mauricio, José Odair e Jose Vicente.
Relato 09 a 14/05/07
Dia 09/05/2007 – (Quarta – Feira)
Levantamos cedo, um motorista nos ofereceu chá, arrumamos a bagagem, Ivânia
ligou para o Sandino e saímos, em seguida passamos no povoado Celso
Boeme, comemos banana dada pelo pessoal que nos acercava como o José
Pereira, e Léo, o dono da venda, etc. Um jovem do lugar pegou endereço do
site (bloger). Prosseguimos, e adiante numa borracharia á frente, fomos
informados de que entrando, dali (mostrando-nos uma estradinha de chão) há
uns 3 km encontraríamos um pré-assentamento. Estávamos no município de
Patrocínio, Minas Gerais. Fomos então. Chegando, nos deparamos para começar
com uma cidade de carvoeiras, mais ou menos umas sessenta, queimando lenha
e poluindo as casas dos moradores acampados, e crianças com problemas
sérios de saúde, cujas causas mais visíveis são estas carvoeiras. As tais
carvoeiras que queimam árvores nativas da fazenda de todo o coletivo,
funcionam com umas 15 pessoas trabalhando em regime de diaristas, sem no
entanto tais carvoarias pertencerem a comunidade, e sim, a um indivíduo, ex-
arrendatário desta terra antes de ser ocupada, mora na casa-sede do
assentamento, é cadastrado do INCRA. Segundo afirma o Nego, a terra já foi
desapropriada, e o mais incrível alguém nos falou que o mesmo sujeito está
com toda a papelada pronta para prorrogar por mais seis meses seu contrato
com o fazenda, isto com autorização do IBAMA e tudo, para continuar
destruindo a mata nativa para transformar em carvão. O ato da ocupação
ocorrera em 08/12/2002, o que foi uma grande resistência e enfrentamento à
classe dominante, seu latifúndio e sua repressão, bem representados pelo estado
e seus diversos órgãos a seu serviço. Tivemos estas informações conversando
com várias pessoas do pré-assentamento vítimas desta política de conivência, do
INCRA e do IBAMA com a classe dominante, mentirosos que fingem não saber
o que se passa debaixo do seus narigões. Conversamos com o Norival, mais
conhecido como Nego. Foi muito boa a troca de conversas, e de experiências
com os mesmos, para os quais expomos sobre nossas atividades, e eles nos
repassaram um pouco sobre o realidade, inclusive a situação de algumas
pessoas daquele acampamento que se encontram-se ameaçadas pelo
INCRA/Estado, podem perder seus cadastros e sair da terra por estarem com
seus nomes “sujos”, pelo fato de terem participado de uma ocupação de terra
duramente reprimida, tendo sido assim indiciados pela polícia. Passamos no
Sindicato dos trabalhadores de Patrocínio, para deixarmos nossa moção de apoio
e solidariedade aos companheiros e não saímos de lá enquanto não ouvimos os
diretores do STR de Patrocínio confirmarem seu empenho nesta questão na
busca de uma resolução justa e satisfatória para estas famílias os injustiçadas.
Conseguimos várias receitas alternativas ao mercado com o Nego que de tudo já
fez na vida para a sobrevivência da família, e que hoje encontra-se sozinho
(sem a família) acampado, contribuindo para que ele e os outros consigam seu
pedaço de terra. Este acampamento é mantido pelo Movimento Sindical.
Dormimos na casa do Nego.

Dia 10/05/2007

Pela manhã demos uma pequena saída pela terra (Lia , Jorge e Inácio).
Ivânia ficara conversando com o Nego e algumas mulheres, que curiosamente
aproximavam-se daquela casa para nos conhecer. Curiosos também, os três
(Lia Jorge e Inácio) procuravam uma pedra muito interessante, foi o que nos
falaram, mas, mesmo sem encontrá-la, logo nos fartamos de procurar, por
vermos tantas outras coisas, tão interessantes quanto a pedra procurada. Em
seguida, estamos todos na casa do Nego, prontos para irmos embora, que, à
convite, resolvemos passar na barraca/casa de Elcelene, onde almoçamos em
sua companhia, de outras companheiras, de filh@s e de seu companheiro, com
@s quais trocamos algumas sementes, falamos sobre a poluição das carvoeiras,
tiramos fotos, nos despedimos e fomos embora. Chegamos dia seguinte
(11/05) na cidade de Patrocínio, passamos no STR para deixar nossa moção
de apoio aos trabalhadores prestes a serem prejudicados pelo INCRA. Ficamos
conhecendo a realidade desta região, que aqui predomina a cultura do café, e
há muita migração do norte de Minas, sudoeste baiano, etc. Saímos pela tarde,
e fomos dormir no Posto Beira Rio, perto de uma cidadezinha chamada
Guimarânia – MG.

Dia 12/05//2007

acordamos, fizemos merenda e almoço, a Ivânia ficou bastante preocupada


porque ao telefonar para casa soube que o Sandino estava adoentado, mas tudo
sob controle, a preocupação é muito com a distância. Ficamos conhecendo a
família ecologista: o Geraldo, sua companheira e o filho Jaime, com uma
bicicleta carregando uma carrocinha com equipamentos de som e imagem, entre
outros para sua atuação nas tarefas ecológicas de defesa das nascentes de
água da região. Passamos o dia com eles, que nos filmaram e também os
filmamos, como também documentamos a situação do rio Espírito Santo, que
recebe os dejetos das indústrias de asfalto em sua margens.

Dia 13/05/2007

Fizemos as filmagens do Rio Espírito Santo juntos com a família ecologista


(Geraldo e seu filho Jaime), conversamos com moradores ribeirinhos e
partimos. Pelos caminhos apanhamos muito feijão andu ou Cuandu, como alguns
chamam, catamos também tomates que produziram pelas margens da estrada,
vimos muita plantação de café, muito desmatamentos, passamos pela cidade de
Patos de Minas, e brincamos dizendo: “vamos passar direto pela cidade
patogênica”, enfim fomos dormir num posto de gasolina há uns 30 km de
Varjão de Minas.

Dia 14/05/2007

Saímos ás 08 horas da manhã, há 13 km encontramos o Assentamento Santo


Antônio, do movimento sindical, não foi possível maiores comunicação, as
pessoas com quem conversamos não se interessaram pelo assunto ou não
entenderam, portanto não restando outra que não fosse bater em retirada. Na
frente paramos para fazermos o almoço, debaixo de uma árvore vizinha a uma
casa com pouquíssima sombra. Almoçamos e seguimos em frente e chegamos a
tardinha em varjão de Minas, e a noite fizemos a despedida da Lia, que deu
por encerrado este momento com o Ciclovida, expirava seu tempo, segundo ela.
Conversamos um pouco em tons de avaliação, então dormimos.
Relato 15 a 17/05/2007
Dia 15/05/2007 – Encontramos várias pessoas, muitos jovens, que vieram de
várias regiões de Minas e da Bahia para cortar cana e apanhar café. Um
desses jovens, de Montes Claros, norte de Minas, confessava que chega-se a
desmaiar no trabalho, como aconteceu com ele mesmo, sendo levado
desacordado de ambulância para um hospital, pediu que não divulgássemos seu
nome para não comprometê-lo. Encontramos também o Júnior e o David, que
diziam estar vindo de Manga, norte de Minas, em busca de trabalho, sendo os
mais prováveis: o café e a cana-de-açúcar, maior exploração da região. Eles
estavam com um problema para ficar ali, é que não havia mais vagas nos
alojamentos, o que costuma ocorrer em tempo de colheita de cana e café. Eles
estavam a ponto de voltarem para casa depois de andarem mais de 500 km
para chegarem ali, e por cima estavam sem mais dinheiro. Chegavam de uma
região rica de água, de propaganda de prosperidade e de grandes investimentos,
estavam vindo da beira do Rio São Francisco - e o mais incrível - das
proximidades do Projeto Jaiba, no norte do estado de Minas. Eles (David e
Júnior) nos informaram (por cima) o que era este projeto, que despertou
nosso interesse de conhecê-lo. Falaram que é uma gigantesca estrutura de
irrigação. Que Jaiba é a segunda deste porte no mundo: e que a primeira fica
na Califórnia, Estados Unidos. Convidamos os jovens manguenses para almoçar
conosco, comemos o que havíamos feito ali. Após isto, nos despedimos, Lia
pegou o ônibus voltando para São Paulo, levando sua bicicleta, e tendo que
fazer uma baldeação em Patos de Minas, por não ter ônibus direto de Varjão
para São Paulo. Ficamos agora na estrada; Jorge, Ivânia e Inácio, rumo a
Buritizeiro e Pirapora, beira do Rio São Francisco, para onde nos dirigíamos
desde Uberlândia, quando renunciamos a passagem por Brasília, onde haveria
algum evento, reencontro com os companheiros e a busca das sementes que
foram enviadas para lá. Paramos num trevo chamado JK, que liga Brasília a
Belo Horizonte, ali nos aprontamos para fazer comida e dormir, encontramos um
senhor de nome João Paraíba, que nos informou muito sobre a região quanto
ao tráfego intensivo de carvão e a realidade dos transeuntes que chamam de
trecheiros, falava também (muito mal) de uma mulher “trecheira”, que esta
perturbava muito, que inclusive a polícia, e até ele mesmo, já havia expulso ela
dali, para fora da vila, dizia que se ela chegasse por ali “botasse para sair”.
Armamos nossa barraca debaixo de uma árvore pertinho do triângulo (ou
trevo). Pela madrugada esta trecheira encostava perto de nossas barracas,
ouvíamos seus lamentos, que diziam: “eu só queria comida, e eles me
bateram! Por que? Eu estou com fome!” Como nós havíamos feito comida de
sobra (sempre fazemos assim, que pode servir para o dia seguinte, ou para
atender casos assim, de alguém faminto, como muitas vezes também fomos
atendidos), abrimos nossa barraca e perguntamos seu nome, e se queria
comer. É claro que quis! Respondeu-nos que se chamava Verinha, Mostrou-nos
os hematomas do seu corpo. Ela nos contou que costuma ser espancada por
muitos ali, temia aquela noite, e não sabia como ia dormir. Convidamos para
dormir aquela noite conosco... e sem problemas dormimos bem o resto da noite,
numa mesma barraca: Ivânia, Inácio e a “trecheira” Verinha. Ela falava que
tinha um filho (Marquinhos) com o conselho tutelar de Buritizeiro, falou que
queria ir para lá ou para qualquer lugar, ou seja queria sair dali.

Dia 16/05/2007 - Fizemos comida para levar para estrada , demos um pouco
para um transeunte da região, que perguntamos seu nome, e disse que era
Toni, perguntamos como tinha chegado ali, respondeu que foi de jato (sabe-se
lá que tipo de jato!). Fomos tentar encaminhar a saída da Verinha, como
preço de passagem que nos prontificamos pagar, temendo que ela fosse gastar
com outras coisas e não ir, garantimos para ela que pagaríamos sua passagem
pelo cartão mas não podíamos dar dinheiro. Nesse caso ela recusou a
passagem, dizendo que ficaria ali mesmo. Conversamos com a população para
entendermos um pouco sua situação, nos disseram que há muitos anos que sua
vida era aquela, mas, segundo afirmam, ela tem ajuda das pessoas do lugar.
Encontramos um outro viajante, que estava também de bicicleta, o Francisco,
que estava indo para Piracicaba – SP, de bicicleta, e ficou lá com a Verinha,
enquanto nós, o Ciclovida montamos em nossa bicicletas e prosseguimos na
estrada rumo a Buritizeiro e Pirapora, ainda em Minas Gerais. A noite caiu, e a
bicicleta do Inácio furou o pneu, então tivemos que arrumar uma clareira na
beira estrada, arrumamos as barracas e dormimos.

Dia 17/05/2007 – levantamos, fizemos merenda, merendamos e saímos, vendo


muito eucalipto e um pouco de vegetação nativa, já estávamos nas micro-bacias
do vale do São Francisco. Acabamos de chegar em Buritizeiro, passamos no
Sindicato dos Trabalhadores Rurais, como algumas vezes fazemos para obter um
mapa das comunidades de trabalhadores da região. Fomos informados sobre um
assentamento naquelas proximidades, de uns 10 km. Fomos informados também
que havia uma pessoa que atua na cidade realizando atividades ecológicas,
chamada Arlete, ligamos e marcamos compromisso para dia seguinte. Partimos
para o assentamento, tendo como referência o presidente, que não encontramos,
e fomos parar na casa de Chicão e família que nos receberam prontamente.
Tornamo-nos amigos de todos (Chicão e Fátima, com @s filh@s Liana,
Irnanda, Josimar e dois pequeninos). Depois de muito conversarmos pela noite
adentro, dormimos.
Relato 18 a 20/05/2007
Dia 18/05/2007 – sexta-feira - seguinte, depois de escutá-los sobre a
situação: problema da água, que ainda por cima, fizeram um curso para receber
um kit água (caixa e encanamento de uma nascente), falam que não é fácil
viver ali, com relação a produção, que na região é muito forte a cultura do
carvão, ali quase à beira do rio São Francisco. Fomos visitar outros assentados,
como o Orlando, com 10 filhos, lamentando também da má situação, que não
tinha nem café para tomar e oferecer para as visitas. Chegamos enfim na casa
de Zé Foguete, onde almoçamos, e recebemos algumas sementes dele e de
seus familiares: Bia, sua cunhada e a sobrinha Vanessa. Lá percebemos que
não podíamos honrar o compromisso com a Arlete, como marcamos, para nos
encontrarmos ao meio dia, e ainda estávamos ali no assentamento, e
remarcamos para dia seguinte à tarde. Fomos andar mais, passamos na casa
do Carlinho, que não estava em casa, mas ainda falamos com sua filha, a
Carla, que inclusive percebemos e ela confirmou, que tinha um problema idêntico
ao do Sandino ( filho da Ivânia), e, como o Sandino, também já sofrera
cirurgias e já estava corrigido seu problema. Pegamos umas sementes de
pimenta e prosseguimos rumo a casa do Wilson, que tínhamos conhecido na
estrada de vinda para o assentamento, que nos convidou para irmos em sua
casa. Andamos uns 8 km de pés , quase a noite acertamos sua casa. Foi um
bom encontro, passamos parte da noite conversando, ele denunciou sua situação
de dívida com o Banco do Brasil pondo a responsabilidade na prefeitura de
Buritizeiro, que passou o trator acima da estrada causando um assoreamento
que cobriu de areia suas mandiocas e o plantio que estava destinado ao
pagamento do empréstimo. Não está sendo levado em conta pela instituição
financeira esse crime cuja culpa deveria estar sendo assumida pela prefeitura.
Ele fala que já vendeu o gado e agora está sem nada, e continua devendo,
morando com um filho. Lá jantamos, tomamos uma cachacinha com bunilha e
fomos dormir.

Dia 19/05/2007 - sábado – Filmamos pela manhã a situação do seu roçado.


Fomos visitar para frente, outras partes daquelas terras, que está divida em
assentamento e uma parte que é ainda posse. Há grileiros com os olhos em
cima. Existem deles que já receberam dinheiro do governo para deixar as terras,
e ainda continuam nelas depois de 6 anos, e por cima ameaçando de retirar os
moradores que vivem há anos no local, desde quando falira a empresa de
plantio e corte de eucalipto, que mantinha empregado aquele pessoal, que tal
empresa, além de não pagar direitos, ainda ficou devendo a muitos, sem falar
de pagar. Estes injustiçados estão morando na terra desde esta propagandeada
falência. Uma parte da fazenda foi desapropriada e hoje é assentamento e a
outra parte está só em regime de apossamento. Foram estas as informações
que colhemos nas andanças. Voltamos pelo Wilson, onde almoçamos e fomos
para a casa do Chicão, lá fizemos uma gravações de áudio com ele , e
partimos para a cidade de Buritizeiro, onde encontramos Arlete, e ela nos
apresentou uma família muito especial, a de Welington e Janda com seus filhos
e filhas: Máira, Jaqueline, Wesley, Walisson onde ficamos a partir de hoje.

Dia 20/05/2007 – Domingo – Acordamos na casa de Welington e Janda, era


aniversario de uma das filhas do casal, a Máira. Fomos visitar a feira de
Buritizeiro. A tarde fomos para uma reunião de mulheres, das comunidades
chamadas Gerais dos Calistos, que pretendem criar uma associação, com vistas
a criar melhores condições para o desenvolvimento de atividades produtivas e
para a melhoria da comunidade sóciobiodiversa. A Arlete acompanha estas
atividades com homens e mulheres, e faz juntamente com el@s, a Janda e
Welington o aproveitamento dos frutos do cerrado, fazendo recheios de bombons
de chocolate, valorizando as espécies nativas para também estimular o espirito
de preservação e salvação deste biomas. Arlete também nos falou da existência
do CAA (Cooperativa da Agricultura Alternativa), há uns 40 km depois de
Montes Claros, que faz esta atividade de beneficiamento dos frutos do cerrado,
em maior escala, com vários outros programas como educativo e de incentivo a
preservação das sementes. Foi a partir daí que resolvemos ir por Montes Claros,
para passarmos na CAA, antes pensávamos de descer o rio São Francisco
direto, de Pirapora até Juazeiro da Bahia, se possível de barco em sua maior
parte, visitando as comunidades ribeirinhas, e as ações de conservação e
revitalização do rio, como também as lutas de resistências e anti-transposição.
Na reunião das mulheres falamos de nossos objetivos e cantamos algumas
músicas nossas. Foram-nos cedidos os computadores da associação, a serviço
do Ciclovida, voltamos em seguida para casa de Janda e Welington e a noite
fomos para apresentação de folias de reis. São momentos contagiantes.
Welington e Janda são freqüentadores e dirigentes também dessas folias, bem
como o avô da Janda e sua mãe. É uma tradição das pessoas ligadas a
religiosidade campesina. Lá conhecemos: Salomão (mestre de guia); Arnaldo
preto; Zulmira; Ana; Pelé; o senhor Júlio, (segundo mestre); e depois fomos
todos partilhar do jantar da folia.
Relato 21 a 29/05/2007
Dia 21/05/2007 – Segunda-feira - Aniversário da Ivânia, não fizemos nada de
mais, que não fosse apenas um dia de paz pela boa acolhida daquela família.
Fizemos um pouco de relatório. Cantamos um pouco à noite.

Dia 22/05/2007 – Terça-feira - Ivânia esteve adoentada, mas o bom repouso


a fez recuperar-se rápido. Pela noite fomos (Inácio e Jorge) ao colégio, onde
Janda e Welington estudam falar do Ciclovida.

Dia 23/05/2007 – quarta-feira -– Fomos participar da manifestação do dia de


lutas sociais e contra a transposição do Rio São Francisco, fomos com a família
de Welington e Janda em Pirapora. Durante a manifestação ouvimos várias
denúncias de crimes ecológicos. Entre ela a da poluição causada pelas indústria
do grupo VOTORANTIM, situadas nos rumos da represa de Três Marias, que
chegaram a matar mais de 200 toneladas de peixes, sendo o surubim, o mais
atingido com os metais pesados derramados no leito do rio. Outra denúncia foi
a mentira que é esta transposição: são 20 bilhões de dólares que estão para
ser repassados para as empresas de construção civil, que os “lobies” estão a
todo vapor pela transposição. Nós nos apresentamos na manifestação, dizendo
que seríamos os supostamente beneficiados com a transposição, e no entanto
somos contra porque temos a certeza de que é o agro e o hidro negócio os
mais interessados e beneficiados nesta água. Falamos que existe no Ceará uma
miniatura da transposição que é o Canal do Trabalhador (concebido e parido na
gestão do governo de Ciro Gomes), que não serve senão para estes dois
setores do poder dominante. A situação dos moradores e trabalhadores das
represas que emprestaram suas águas arruinou irreversivelmente, tiveram que
bater em retirada porque não dá para plantar na beira d’água por o nível
destas, baixarem aceleradamente. Ao final da manifestação voltamos para casa
deles (Welington e Janda) novamente. Pela tarde o Alemão da CPT e Arlete
da Graal vieram lá, levando parte da nossa bagagem, diminuindo nosso peso
até Montes Claros, onde pegaremos, ao passarmos por lá nesses 3 ou 4 dias.
A tarde fomos para Pirapora novamente, já para irmos embora, Welington nos
acompanharam até Pirapora para um encontro com uns jornalistas, com os quais
marcamos de fazer, e fizemos, uma fotos na areia do rio São Francisco. Após
isto fomos para um acampamento José Bandeira, do MST, que ficamos sabendo
que existia em Pirapora, chegamos a noite na sede, depois de nos explicarmos
para a portaria e a coordenação. Lá encontramos acolhida na casa de Ismael,
sua companheira Edilene e o Léo que aperreava muito ela de pincunhenta e ela
também o aperreava muito, isto era brincando, todos se gostam muito. Foi muito
gostoso ficar com eles.

Dia 24/05/2007 – quinta-feira - Participamos de uma assembléia da


comunidade que já está com 12 anos que estão ali, mas estão dentro da
fazenda, e desenvolvem atividades diversas, tanto de forma coletiva como
individual. A noite fomos brincar com o violão na casa de Solange, ouvindo
musicas bregas cantadas por ela (que lembrava muito nosso assentamento da
Barra do Leme, em Pentecoste, lembrando muito os Ló: Lurdes, Mundinha, Bia,
Diassis, Antônio Ló e Zé Maria, com quem muitas vezes nos divertimos com
violão e músicas bregas nas quebradas do sertão e até acampamentos, com
repertório de músicas antigas).

Dia25/05/2007 –sexta-feira – Fomos visitar os roçados coletivos e individuais,


mini-cooperativas de produção na beira do grande rio, o São Francisco. Ficamos
o resto do dia com os demais companheiros, e a noite com o jovem casal de
militante que nos abrigou. Informaram sobre a realidade daquela terra, que era
uma fazenda que funcionava como um confinamento de gado, onde vários
fazendeiros traziam seus gados para serem cuidados. Era muito estruturada, tinha
a principal função cultivo de ração para bovinos, isto na beira do rio.

Dia26/052007 – sábado – Despedimo-nos, saímos rumo a Montes Claros,


passamos por Guaicuí, onde passa o rio das Velhas, principal afluente do rio
São Francisco, conversamos com pescadores, que nos falaram da tristeza que é
o rio hoje, principalmente depois do desastre ecológico causado pelo grupo
Votorantim, que matou mais de 200 toneladas de peixe. Fomos informados
também da existência de uma antiga igreja feita pelos negros há mais de 200
anos atrás, cujo teto hoje, é um árvore de gameleira, que nasceu montada na
parede da frente do prédio.
Dia27/05/2007 – domingo – Passamos o dia subindo, pegamos a estrada
circuito Serra do Cabral, almoçamos pão na cidadezinha de Água Boa,
chegamos em M. Claros às 3:40h, ficamos num posto de gasolina, que por
ironia era de um português, que segundo os funcionários não aceitava viajantes
se abrigarem naquele espaço, nem se quer tomar banho nos banheiros do
posto. Resolvemos ficar, enfrentando a circunstância desafiadora, tomamos banho,
e dormimos. Agradecemos aos funcionários que não foram coniventes com o
dono e não nos incomodaram.

Dia 28/05/2007 – segunda-feira – dirigimo-nos para a CPT de Montes


Claros, encontramos o Avilmar da Pastoral da Terra e o Valdir do MST, o
último estava ferido a bala pelos jagunços de um fazenda, onde participara de
uma resistência de Quilombolas, dia 17 deste, nas imediações de Verdelândia.
Fizemos uma matéria filmada com os dois relatando a situação. Lá fizemos
nossa comida e partimos para passar na CAA. Já saímos depois das 16 horas
e dormimos debaixo de uma mangueira, numa comunidade de pequenos
produtores.

Dia 29/05/2007 – terça-feira – os moradores ofereceram-nos café, tomamos e


saímos, adiante resolvemos nos demorar um pouco numas casinhas na beira do
asfalto, o pessoal tinha muitas plantas, cujas sementes eram de origem natural,
pegamos com eles algumas sementes, descansamos um pouco e terminamos de
chegar no CAA às 13h40min. Fomos recebidos pelo pessoal do beneficiamento
dos frutos do cerrado, a maior quantidade de fruto que estava sendo beneficiada
era de cajá-manga, e explicaram que são muitas, há uma riqueza de
biodiversidade. Há plantas e animais, cada uma com suas funções na caatinga
e no cerrado, e cada qual tem seu tempo. O jovem Isaías pontificou-se para
nos apresentar o funcionamento da cooperativa em seus aspectos, desde o
agro-industrial, ao agroflorestal, educativo e administrativo. Funciona com o
envolvimento de várias comunidades de pequenos produtores. Almoçamos com o
pessoal, e andamos conhecendo aquele ambiente sob suas orientações, e junto
com Natalino, sua companheira o Raimundo e a Natália, filha do casal que
mora e trabalha lá dentro. Foi-nos autorizado entrar no banco de sementes para
escolhermos as que nos interessassem, assim fizemos. A noite teve uma
reunião, discutindo organização da casa, da qual participamos. Dormimos.
Relato 30/05 a 03/06/07
Dia 30/05/2007 – quarta-feira - Tomamos o café, pegamos um pouco de
feijão já cozido para misturar com arroz que faríamos na estrada. Prosseguimos
rumo á Januária, onde pretendemos pegar um barco e descer pelo rio São
Francisco, para conhecermos um pouco da sua realidade. Fomos almoçar no
STR de Mirabela, onde foi-nos permitido fazer o arroz. Prosseguimos, passamos
em Japonvar, onde filmamos um horta comunitária orgânica e falamos com o
pessoal, que eram mulheres, homens e crianças... Fomos dormir em Lontra,
num posto de gasolina, e Inácio estava pedalando com muita dor de dente.

Dia 31/05/2007 – quinta-feira – Saímos rumo a Januária, Inácio ainda com


dor de dente, e o Jorge também queixava-se de dores no estômago. Fizemos
um foguinho para fazer chá, perto da entrada de uma fazenda, chegou inclusive
um motoqueiro até onde estávamos, não falou nada e foi embora. Chegamos à
beira do grande rio, estamos em Pedras de Maria da Cruz, e, é só atravessar
a ponte estaremos em Januária. Paramos ali um pouco, conversamos com um
pescador antigo, senhor Cipriano, que admite que o rio está morrendo e
necessita de ser recuperado, comemos umas bananas e partimos. Atravessamos
a ponte e chegamos na cidade de Januária. O caminho é aparentemente bem
arborizado, mas quem observa bem, é uma pequena cortina, só existem árvores
sombreando as margens da estrada, ademais, é desmatado pelas fazendas de
gado na beira do rio. Fomos para o sindicato, onde fomos acolhidos, lá
iniciamos um tratamento de desinflamação dos dentes do Inacio, fizemos comida
e dormimos em quarto com camas.

Dia 01/06/2007 – sexta-feira - Ivânia tentou ligar para o Sandino, não


conseguiu. Ficamos no Sindicato, tinha uma reunião do Banco do Brasil com os
presidentes das associações, com a EMATER, com a finalidade de apresentar o
número alarmante de inadimplentes do PRONAF B, e com efeito cascata,
pressionar as associações, para que essas pressionem os endividados sob
ameaças de aplicação de penalidades cabíveis. Neste dia contatamos com
trabalhadores de várias regiões e comunidades, muitos nos convidaram para
irmos em suas localidades, entre eles estava o Joventino Paixão, que mora na
comunidade Fazenda Quilombo, onde a via de acesso é pelo Fabião I, na
estrada que vai de Januária para Itacarambi – MG, onde existem cavernas com
pinturas rupestres, é uma região a beira de um conflito entre IBAMA, índios
Xa-kriabá e antigos posseiros. O IBAMA pretende transformar a região em
reserva ecológica com finalidade de incentivar o ecoturismo. A projeção é dividir
a imensa área em duas partes, criando um parque nacional e uma APA (área
de preservação ambiental), segundo as informações técnicas que obtivemos,
conversando com técnicos, sindicato e moradores da região. Ali ficamos sabendo
através do Edimar da EMATER/CONAB que próxima a região das cavernas
mora uma mulher que é uma antropóloga, que optou morar ali pelo Fabião I
com sua família (filhas), que se chama Sueli, mas escolheu ser chamada de
Eterna. Inácio foi dormir com argila, resistindo tomar qualquer fármaco.

Dia 02/06/2007 – sábado - Colocamos mais argila no Inácio, Jorge já estava


melhor e saímos para a feira de Januária, conversar com os feirantes, que são
na maioria das vezes os próprios produtores das tantas coisas que tem na feira.
As pessoas com quem conversamos, a maioria eram trabalhadores que
plantavam para comer e a sobra traziam para a feira, como: legumes, verduras,
mandioca, tapioca... Conversamos com uma família grande, de muitas pessoas
que fazem isto há 15 anos. Conversamos com um senhor, Seu Romeu, que
vem para a feira com os produtos do Projeto Jaíba. Ele mora e trabalha neste
projeto, como um dos beneficiados. Contou-nos que é uma grande enrolada.
Que este projeto não é destinado a beneficiar os pequenos, e sim os grandes.
A propaganda de melhoria para os pobres, não é mais que fachada,
exemplificando uma das injustiças, ele fala que os pequenos (colonos de menor
posse de terra) só tiveram direito de fazer empréstimo para investimentos de
apenas R$ 3.000,00, por hectare, enquanto que os grandes puderam fazer de
R$ 15.000,00. Ele nos convidou para visitar o dito projeto, convite aceito!
Vamos conhecer a propalada ‘mega’ estrutura de irrigação na bacia do São
Francisco, do município de Jaíba (por isso leva seu nome) no norte de Minas
Gerais.

Dia 03/06/2007 – domingo - passamos o dia descansando, fazendo comida,


selecionando sementes, e a noite recebemos a visita do senhor Valdomiro
(conhecido por Valdó) com a família: dona Teresa e a filha Juliana. Eles
vieram ali por força da insistência de Juliana que queria conhecer as pessoas
do Ciclovida. Teresa trabalha como cozinheira e zeladora do Sindicato e seu
Valdó como vigilante da mesma entidade. Dona Teresa não está podendo
trabalhar no momento porque tem que estar tomando conta de Juliana que está
com uma perturbação (ao nosso ver) emocional. É uma confusão só, uns
dizem que é mental, outros atribuem a questões espirituais... Pelo tanto que
conversamos com ela, percebemos uma pessoa normal, jovem, adolescente de
15 anos de idade, e que nos fez um relato bem lúcido, de sua vida, dividindo-
a em duas fases. Sua história é marcada por um divisor de águas: há um
antes e um depois que a marca profundamente. Ela nos falou o seguinte: que
ficou ansiosa para nos conhecer porque ficou encantada quando soube que
existia pessoas assim, que pensam parecido com ela...; que também é amante
da natureza, e pelo seu gosto estaria fazendo o mesmo que nós; que morava
na zona rural e não esquece a boa vida que levava de garota sapeca com
suas peripécias. Vivia o contato direto com a natureza: brincando na terra
quente, colhendo frutos do roçado, banhos de rio, de córregos, de chuva;
gostava do canto dos pássaros, das brincadeiras com a garotada, do caminho
distante e tortuoso da escola, por isso mesmo mais emocionante; lembra com
saudades dos amigos, das travessuras com a molecada da mesma faixa etária,
da tia simples, da simples escolinha, das broncas dos mais velhos, etc. Ela fala
dessa fase com muito brilho nos olhos.

Faz porém uma descrição do que significa, para ela, a vida na cidade. Quase
transtornada desabafa que não se encontra nesse mundo de mentiras e
aparências; de modismo e preconceitos; sem amizades sinceras; que ela sente-
se uma extraterrestre, parece que ninguém está interessado no que ela pensa,
no que ela fala, no que deseja; que a forma das pessoas se relacionarem não
tem nada a ver com a dela; que é com relação a escola que tem mais
traumas, pois foi retirada de uma sala de aula, onde estão os alunos
considerados bem comportados e colocaram-na numa classe dos ‘maus’
comportados, onde ela não agüenta o barulho, não consegue assimilar bem as
matérias. Diz não se empolgar com nada na cidade e nem tem também
amigos. Enfim é nessa linhagem que ela fala da sua realidade atual. Os pais
dela dizem que ela sente muita dor de cabeça, mas antes ela não era assim
quando estava no interior, que a trouxe para estudar. Juliana também fala de
um problema que tenta resolver, que acha um desafio quase impossível, que é
levar sua mãe para o interior, e diz que acha que lá, vai se normalizar. Ela
conta que tem duas mães (A tia que mora na roça e a mãe biológica que
mora na cidade), que gosta muito das duas, o pior é que elas moram
distantes uma da outra, uma está na roça e a outra está na cidade, ela fala
que quer viver com as duas na roça. As medidas que são tomadas com
relação a menina, são tratamentos psiquiátricos, que pode não bastar, e até ir
contra ao que ela realmente necessita. Foi isto o que falamos para dona
Teresa, que disse que vai pensar seriamente no caso, podendo até mesmo
deixar o trabalho para salvar a filha. Façamos votos para que isto já tenha
acontecido ou venha acontecer a tempo de salvá-la mesmo.
Relato 04 a 09/06/07
Dia 04/06/2007 - segunda-feira – Ivânia conseguiu ligar para o Sandino e
ficou mais um pouco com a Juliana, colocou argila em sua cabeça, depois nos
despedimos. Fomos também fazer uma gravação com o presidente do sindicato,
senhor Afonso, que falou de seu empenho em benefício dos trabalhadores, como
demonstração, estava a estrutura de alojamento do sindicato, que abriga a todos
os trabalhadores que necessitem. Completa que o STR tem hoje uma das
melhores estruturas para realização de eventos desta cidade. A tarde fomos
saber de uma informação de um barco que sairia de Januária para Juazeiro da
Bahia, carregado de cachaça de um certo armazém, e que poderia nos dar uma
carona, mas ficamos sabendo que fazia poucos dias que ele havia partido de
viagem, e só faz isto uma vez por mês, possibilidade descartada. Passamos e-
mail já avisando que estamos apressando a viagem, queremos chegar até o final
do mês por vários motivos: desde a necessidade de se fazer a reimplantação
das sementes, discutir este assunto, como também questões de saúde dos
filhos. É como disse um companheiro “necessidade de chegar e vontade de não
apressar”.

Dia 05/06/2007 – terça-feira – Saímos enfim do STR para retomarmos o


trajeto do Ciclovida. Tínhamos marcado para se encontrar com seu Antônio
alfaiate, de uns 90 anos de idade na beira do cais, mas chegamos uns 15
minutos atrasados e não o encontramos. Este homem testemunhara muitos fatos
na beira do São Francisco, e nos interessava conversar com ele. Mas
encontramos outro senhor com quase a mesma idade, antigo pescador, que nos
deu uma boa aula sobre aquela região. Pudemos observar que naquela região é
muito comum encontrar oitetões e noventões andado de bicicleta pela rua. A
noite anterior encontramos Seu Antônio em sua bicicleta, que nos chamou
atenção, percebemos nesta região sinais significativos de longevidade com
bastante lucidez. De lá fomos para a colônia de pescadores. Onde conversamos
com os diretores da colônia, que também estão processando a Votorantim pele
matança de peixes no rio. Lá falaram de outra pessoa, um diretor de escola
filho de pescador, que seria bom que o procurássemos. Fomos para sua escola,
ele não estava, fomos encontrá-lo no colégio agrícola, e lá encontramos mais
outras pessoas com quem conversamos bastante. Dali saímos procurando algo
para comer, pois todos já estavam saindo para o almoço, e nossa condição
estava de insegurança. Fomos comprar pão com bananas para comer, lembramos
do que ocorreu conosco numa escola agroecológica no Paraguai, passamos
quase o dia conversando com uma diretora e não fomos convidados para comer,
e tivemos ainda que ir fazer. Após isto saímos pela estrada rumo ao Fabião I,
onde encontraríamos a Eterna e o Joventino Paixão. A vegetação cada vez mais
parecida com a do Nordeste estamos cada vez mais nos aproximando da Bahia.
Chegamos a tardinha no Fabião I, no posto do Ibama, de lá nos informamos
sobre a casa da Eterna, que apesar de termos causado um pouco de espanto,
fomos bem acolhidos pelas pessoas que encontramos: Eterna e suas filhas:
Indira e Indiana. Conhecemos a Andreia e filh@s: Quetsal e Arandé. Gostamos
de conhecer o pessoal, nos identificamos em muitas coisas. Lá almoçamos e
jantamos tudo ao mesmo tempo e dormimos em nossas barracas armadas na
área e terreiro da casa.

Dia 06/06/2007 – quarta-feira – saímos para a fazenda Quilombo onde mora


o Joventino Paixão, chamado de Jovem Paixão ou simplesmente Jovem.
Chegamos lá quase meio dia na casa de Socorro, sua irmã, que nos convidou
para entrar em sua casa, depois fomos para a casa do Jovem, visitamos
algumas grutas e a noite o Jovem disponibilizou suas duas motos, e fomos
visitar algumas pessoas, entre elas , dona Novinha uma paraibana. Lá
escutamos um dos vários ruídos e tremores de terra que ocorreram naquela
região. Voltamos e fomos dormir.

Dia 07/06/2007 - quinta-feira - fomos visitar o rio Peruaçú, esta comunidade


fica localizada no Vale do Peruaçú, onde está projetada a reserva ecoturística,
Visitamos as comunidades centenárias, do vale em que estão ameaçadas de
serem removidas caso saia o projeto. Passamos em Vagem Grande, Arassá e
Quilombo, encontramos pessoas com cem anos de idade como o Seu João,
esposo de Dona Edília. Visitamos mais outras famílias. Voltamos e fomos dormir
no Jovem.

Dia 08/06/2007 – sexta-feira – Saímos da casa do Jovem após visitarmos a


horta de suas irmãs e sua companheira. Chegamos a tarde na casa da Eterna.
Fomos visitar as hortas da sogra de Andreia, depois voltamos, conversamos
bastante e fomos dormir.

Dia 09/06/2007 – sábado – Despedimo-nos após o café e rumamos para São


João das Missões, antes paramos em Itacarambi, onde se entra para o Projeto
Jaiba. Chegando em Itacarambi, fomos ao STR (Sind. dos Trab. Rurais), não
encontramos mais ninguém, indicaram-nos procurar o Josué do Sindicato, não
acertamos e fomos até perto da casa do Nilton, e a vizinha falou que ele havia
saído, para a roça (sua vazante) do outro lado rio. Ela nos ensinou como
chegar na casa do Josué. Ficamos conversando com esta vizinha que se chama
Elza de Sousa, mãe de Ítalo e Fabiele. Elza nos ofereceu arroz com feijão e
peixe, almoçamos bem, agradecemos e depois que encontramos a casa do
Josué, deixamos nossa bagagem e saímos rumo ao famoso Projeto Jaiba.
Saímos 5 km da cidade para pegar a balsa, como era sábado, encontramos
Seu Romeu que vinha da feira de Januária e estava esperando também a balsa
para terminar de chegar em sua casa, na agrovila do projeto. Foi-nos oferecida
uma carona no mesmo caminhão da feira que ele (Romeu) vinha, assim
chegamos juntos á sua moradia no projeto, com as bicicletas na carroceria. Seu
Romeu mora há 13 anos neste projeto com sua companheira e sete filhos. Ele
denuncia outro fato interessante: que veio para cá, saindo de um acampamento
de sem terra, porque o governo declarou que a terra ocupada não podia ser
desapropriada, transferindo os acampados para cá. “Somos uma espécie de
colonos menos favorecido” (de segunda categoria?). Diz também que quando
esses acampados vieram para cá, o governo desapropriou a área, montado outro
projeto, que, segundo ele, não favorece aos trabalhadores. Ele diz que em tese,
o Jaiba seria para melhorar a vida dos pobres desta região do norte de Minas,
que é também sofredora das intempéries climática do nordeste do Brasil, mas na
pratica só tem favorecido aos grandes. Os pequenos ficam condicionados a uma
forma de produzir orientada pela indústria do agronegócio. “Os gastos da
produção aqui é muito caro. Você paga a água do canal, energia, aração de
trator, fertilizantes e venenos e o financiamento que é um enforcamento, devo
R$ 60.000,00, resultado de um resto de conta de menos de R$3.000,00, que
vinha negociando, me faltaram condições e ela cresceu” e foi crescendo,
desproporcional ao seu ritmo de produtividade, tornando-se incontrolável por conta
da aceleração dos juros. Disse que vai deixar ver no que vai dar. O senhor
Romeu ainda não teve condições se quer, de construir uma casa de padrão
mínimo, mora ainda num espécie de barraco, numa mistura de tijolo e tábuas.
Como ele, existem muitos outros. Este é também um projeto de transposição,
embora de porte menor do que poderá ser a transposição do rio São Francisco,
é uma comparável demonstração da tragédia que pode ocorrer com a
transposição deste rio. Tivemos que nos acomodarmos fora, em nossas barracas,
pois sua casa não nos cabia juntos com as pessoas da casa. A situação de
miséria que ele e muitos outros atravessam neste projeto, é denunciada por ele
mesmo. Ele fala sem tabus, da sua situação, diz que não tem o que esconder
e nem mais o que perder, que há muito de aparências, mas muita gente ali
vive do bolsa-família, programa social do governo federal. Ficamos
impressionados ao visitarmos vários pontos do projeto. Terra boa, muita água,
Seu Romeu ressaltou a eficiência infra-estrutural do projeto. Ele disse que
enfrenta problemas com a família, que não consegue entender aquela situação
de contraste , de muita estrutura e pouca fartura ou miséria mesmo! A culpa
recai sobre ele, que termina também não entendendo, aliás, diz: “entendo mas
não entendo”. Prescindimos, enquanto movimentos sociais, de discussões e
debates destas questões, por haver uma grande lacuna de conteúdos políticos
em nosso posicionamento frente a realidade agrária e a estratégia do capitalismo
no campo hoje. para daí tirarmos encaminhamentos de atuação, conjunto ou
não. Poderemos está corroborando, conscientes ou não, com o projeto da classe
dominante. Com esse grilos entramos em nossas barracas: Ivânia Jorge e Inácio,
intrigados, comentando aos sussurros, aquela situação.
Relato 10 a 13/06/07
Dia 10/06/2007 – domingo – demos mais uma volta no projeto e filmamos
algumas coisas, voltamos para sua casa, nos despedimos dele e de suas filhas
e filhos e voltamos pela vila, procuramos frutas nos supermercados vizinhos ao
projeto, grande produtor de frutas e verduras, mas não encontramos nada da
região, e as frutas que encontramos estavam mais caras do que noutras regiões
mais distantes de projetos famosos. Voltamos para Itacarambí, depois que
tivemos de merendar biscoitos. Andamos 8 km de estrada de terra até
chegarmos na balsa, quando atravessamos o rio, andamos 1 km, e há 4 km da
cidade, olhando para as vazantes na beira do rio, resolvemos parar numa delas,
lá encontramos Seu Raimundo, de 83 anos de idade. Disse que a família mora
na cidade, mas ele trabalha aqui, vem todos os dias e dorme na cidade, 4
km, ida e volta, porque o aconselham de não dormir sozinho aqui. Diz que
hoje tem apego à este lugar e as atividades de plantar e colher na vazante,
onde sempre fez o que comer aqui e criou toda a família com o que produz
na beira do rio. Não atende aos conselhos conformistas de que a aposentadoria
já basta para ele viver, que podia aproveitar para descansar em casa. Seu
Raimundo e tantos outros vazanteiros do rio São Francisco nunca souberam o
que é empréstimo agrícola nem orientação técnica e outras assessorias, dali
mesmo supria suas necessidades. Vivendo da relação de troca mútua com a
terra e os vizinhos, sem provocar os impactos sócio-ambientais que são
causados para a implementação dos grandes projetos que só atendem os
interesses dos grandes, cujos meios de alocação de recursos para sua
implementação, são passivos de questionamentos. Por trás do financiamento
destes projetos podem estar os interesses escusos travestidos de justificativa da
contenção da situação de miséria do povo nordestino. Tecendo comentários e
questionamentos com este conteúdo, seguimos “vagarinho” para acabar de
chegar de volta a cidade de Itacarambi. Chegamos na casa de Josué ás 16
horas, onde jantamos e fomos telefonar para o assentamento Barra do Leme –
Salgado, falamos com Maira, Margarida, e Martinha (filhas do Inacio); falamos
também com Auri, Lurdes e Mundinha. Fomos alojados no prédio do Sindicato.
Passamos até madrugada conversando com o pessoal da direção do STR e um
rapaz do CIMI, (pastoral indígena da igreja), Biu . Fizemos comida para o dia
seguinte.

Dia 11/06/2007 – segunda-feira – seguimos para São João das Missões.


Dizem que a população dessa cidade é composta em sua maioria, de índios da
nação Xa-Kriabá, inclusive o prefeito é um deles. Esses possuem por direito
quase todas aquelas terras daqueles arredores de Itacarambí e São João das
Missões, pegando inclusive o Vale do Rio Peruaçú, nas regiões ocupadas por
posseiros, onde mora o Joventino Paixão, e onde o Ibama quer criar a reserva
ecológica. Andamos 10 km na estrada um pouco estragada de buracos, paramos
numa casa, na intenção de comprar ovos de galinha caipira, As pessoas que
encontramos na casa nos deram três ovos que fritamos num foguinho à lenha,
na beira da estrada, e enquanto comíamos o pessoal da casa estavam ali
conversando conosco, nos informamos um pouco onde ficava uma ocupação
indígena, antes de São João. Chegamos a tarde no acampamento indígena que
eles chamam de “retomada”. Depois de muito tempo esperando fomos
convidados para entrar e falar com o cacique. Este nos mostrou a situação em
que vivem, sob ameaças dos fazendeiros, com suas terras nas mãos dos
grileiros que são mais de 40.000 hectares. Aquela ação de ocupar a terra eles
chamam de ‘retomada’, dizendo que é diferente dos sem terra que lutam para
conquistar a terra, mas a terra já fora tomada dos índios, restando a esse
fazerem a retomada. O cacique espera que os antropólogos da FUNAI revejam
melhor seus pareceres; num desses relatório há pontos fracos que podem
favorecer o inimigo, portanto apelamos aos companheiros de luta mais empenho.
Fomos ver como o pessoal está resistindo, fazendo adobes para construir sua
casinhas, a situação de água é um ponto crítico. O cacique nos contou o
massacre realizado à mando do prefeito de Itacarambí que ocasionou a morte de
Rosalino. O prefeito atual de São João das Missões é filho do Rosalino que foi
morto no massacre, ele estava com 9 anos de idade na época, e foi obrigado
a arrastar o pai para os assassinos verificarem se ele estava morto mesmo.
Neste massacre morreram 4 pessoas e sua mãe foi baleada.

Dia 12 /06/2007 – terça-feira –Levantamos cedo, tomamos café com o


cacique e demais índios, e partimos para São João das Missões, lá não
encontramos o prefeito, estava viajando, não quisemos esperar, estamos contando
os dias para chegar em casa, a situação aperta e o tempo urge. Falamos
assim mesmo com alguns funcionários da administração, filmamos a igreja
construída sobre o cemitério indígena, filmamos também a prefeitura e partimos.
Andamos 20 km de estrada esburacada e muita areia, chegamos na cidade de
Manga, a terra dos dois jovens que encontramos em Varjão de Minas: Júnior e
David, há quase um mês, dia 15/05, querendo trabalhar com a cana ou café.
Foram os primeiros a nos falarem do projeto Jaiba. Dissemos para eles que
passaríamos em sua cidade e visitaríamos o projeto. Agora aqui estamos, 28
dias depois, já visitamos o Jaiba e já chegamos em sua cidade. Não sabemos
portanto se eles estão trabalhando lá ou se voltaram para sua terras. Fomos
acolhidos pelo STR daqui. Fizemos comida, lavamos roupas. Conhecemos uma
terapeuta naturista, que deu R$ 50,00, contribuindo com a viagem e um
material literário sobre dieta alimentar pelo grupo sangüíneo. Nesta região, norte
de Minas Gerais. Observamos que freqüentemente encontra-se terapeutas
naturistas fazendo acompanhamento médico nas sedes dos sindicatos de
trabalhadores rurais.

Dia 13/06/2007 – quarta-feira – saiamos a procura de embarcação o que


também não encontramos, desde Pirapora que dizem que era para termos
encontrado, procuramos, e ainda não encontramos, dizem que podemos encontrar
em Bom Jesus da lapa. Ao meio dia fomos para a rodoviária, agora temos que
apresar, vamos chegar até o dia do aniversário do Sandino (filho de Ivânia), e
o mesmo tem que fazer uma cirurgia, os médicos só estão esperando por ela,
é o que se sabe. Vamos agora tentar um transporte para Malhada ou
Montalvânia. Tentamos pela rodoviária, mas as bicicletas não couberam no
gavetão. Avisaram-nos que tem transporte do outro lado do Rio para Malhada e
sairia dentro de meia hora, quase isto era só para atravessar o rio de balsa.
Corremos para lá, encontramos a balsa já saindo, colocamos as bicicletas com
a balsa já se afastando da terra, quase não dando mais tempo. O mesmo
acontecia com um senhor que ia pegar o mesmo transporte, ele falou que este
carro só está esperando por ele. Por sorte chegamos ainda à tempo...
Descemos a noitinha em Malhada depois de 4 horas de estrada de chão,
muitos buracos e poeira. Pegamos outra balsa para Carinhanha, de onde sairia
um ônibus ás 5 da manhã para Bom Jesus da Lapa, Bahia. Dormimos na
rodoviária. Batemos um bom papo com o vigilante, que contou da aventura de
um ciclista daquele lugar que viajou sozinho com poucos recursos. Foi por vários
estados do Brasil inclusive São Paulo e tantos outros..
Relato 14 a 19/06/07
Dia 14/06/2007 – quinta-feira – saímos as 5 horas da manhã e chegamos às
11 horas em Bom Jesus da Lapa. Passamos uma revista na feira e fomos em
seguida ao STR, cujo presidente, com quem conversamos longamente, é um
quilombola. Vive numa terra como um assentamento, mas com características
diferente na forma da conquista. Para a terra ser desapropriada há uma
comunidade quilombola que a reivindica, depois é feito uma espécie de
levantamento de antecedentes, pesquisas e estudos antropológicos para serem
apresentados pareceres em forma de laudo, onde são avaliados o indícios e
sinais deixados pela comunidade quilombola que deu origem a atual comunidade.
Essa comunidade vai provar sua descendência do antigo quilombo. Na
comunidade que este companheiro faz parte há uma auto-suficiência alimentar,
todos os plantios de lá são orgânicos e naturais não queimam e nem passam
trator. Diz que se vive e produz na forma de antigamente. Não vamos visitar
agora porque fica há mais de 70 km daqui. Mas ficamos de voltar um dia para
uma visita. Saímos de lá para debaixo de uma ponte, onde fizemos comida e
comemos, depois fomos filmar a igreja da lapa, dentro da gruta. A noite
encontramos com os dois diretores do STR com os quais conversamos bastante,
perto da praça. Nos convidaram para dormir no sindicato, mas queríamos mesmo
dormir na rodoviária para pegar o primeiro carro para Barra, onde, segundo
disseram, pegaríamos barco para Juazeiro da Bahia.

Dia 15/06/2007 – sexta-feira – saímos de ônibus às 5 da manhã, chegamos


11 horas na cidade da Barra, tentamos sair de ônibus, mas nenhum quis levar
as bicicletas, então resolvemos andar um pouco mais de bicicleta, rumo á
próxima cidade que é Xiquexique, Bahia, segundo dizem, é mais fácil barcos,
pois na cidade de Barra não tinha. Saímos da rodoviária, fomos para a beira
do rio, almoçamos a comida feita no dia anterior. Fomos observar um pouco a
feira da cidade. Saímos as 16 horas da cidade, e quando atravessamos o rio
de balsa para pegarmos a estrada para Xiquexique, aconselharam-nos a dormir
ali, que se passava a noite em movimento, naquela travessia de balsas. Ali
ficamos, mas lá pela madrugada, ficamos muito atento para conversas de alguns
homens, contando um “montão” de atrocidades, que misturavam filmes
aterrorizantes, vida real e realidade virtual, se praticaram ou não, não se pode
ter certeza, mas falavam inclusive de violências sexuais e assaltos com vítimas
violentadas. Isto foi de 0:00h até as 4 da manhã.

Dia 16/06/2007 – sábado – Saímos no rumo de Xique–Xique, chegamos numa


pequena comunidade de pescadores, pelo meio dia, onde nos apresentamos e
conversamos, escutamos eles falarem de suas experiências de pescadores
nômades, e eles escutaram nós falarmos também do nosso tipo de nomadismo.
Daí a pouco fizemos arroz e macarrão e fizemos uma partilha mútua, pois eles
já tinham feijão cozido. Eles estão pretendendo morar mais tempo naquele lugar
porque não dá mais para viver só de peixe, eles dizem que antes dava, mas
agora... Ali eles estão criando bode e estão com uns projetos comunitários para
plantar irrigado, na cidade tem uma casinha mas preferem morar no interior nem
que seja para plantar pagando renda. Tiramos fotos, filmamos um pouco, nos
despedimos e prosseguimos. Quando foi ficando quase no escuro da noite,
chegamos noutra comunidade de pescadores, é que estávamos andando pelo
vale do São Francisco, há uns 4 km do seu leito, esta comunidade chama-se
Pedra Vermelha. Nos apresentamos numa das casas da comunidade, que depois
de nos compreender, nos acolheu com alegria. Ali jantamos peixe na casa desta
família. A noite armamos as barracas na área de um grupo escolar.

Dia 17/06/2007 – domingo – fomos visitar as outras famílias daquela


comunidade, acompanhados por umas jovens que nos apresentaram a várias
pessoas, e nos levaram até o rio. Almoçamos com os pescadores na beira
d’água. A tarde saímos para Xique-Xique que está há uns 20 km dali.
Chegamos a tardinha, e à tardinha mesmo, quando ficamos sabendo que não
tinha barco dali nesses 3 dias. Saímos rumo ao assentamento Cerro Azul há
mais de 30 km dali, próximo a o povoado de Boa Vista, o último ponto
possível de se pegar barcos, pois lá já está próximo da represa de Sobradinho.
A estrada era de terra, segundo dizem, que tem muita areia. E realmente foi
difícil romper, mas chegamos às 3 da madrugada na comunidade, ainda tinha
uma casa aberta porque estava acontecendo um ensaio de forró de teclado, e
as pessoas aproveitaram para tomar um cachacinha e dançar. Não foi fácil para
nos explicarmos porque muitos homens estavam quase alterados pela bebida,
com muito trabalho conseguimos nos explicar, e fomos dormir quase o dia
amanhecendo, com as barracas armadas dentro de uma casinha de taipa. Que
funciona como uma despensa.
Dia 18/06/2007 – segunda-feira – passamos o dia conhecendo a realidade
daquele assentamento, que fica à beira do rio São Francisco, mas está seco
como qualquer outra parte do Nordeste. Há estrutura de água de poço para
irrigação, como também espaço. A noite houve mais ensaios.

Dia 19/06/2007 – terça-feira – Saímos rumo a Boa Vista, para pegarmos o


barco. Paramos em pequenas comunidades e ao meio dia estávamos chegando,
nos surpreendeu uma grande estrutura de irrigação parecida com o Projeto Jaiba,
tiramos algumas fotos por curiosidade, mas percebemos que era algo
assombroso, feito e administrado pela CONDEVASF, parecido com um elefante
branco. Terminamos de chegar, fizemos comida, e muita amizade com pessoal
da vila, ganhamos peixe, e passamos o resto do dia conversado com a
criançada do lugar. Conhecemos a Silvânia, @s filh@s: Ioglas, Cládio, Ivaci e
Leonis; seu companheiro Nildo sua mãe Silvina e pai Delmiro. Tem também
Elieza a sua irmã, com uma nenenzinha a Etiele, A noite passamos um
tempinho conversando e depois fomos dormir na área de uma casa de farinha
desativada momentaneamente.
Relato 20 a 22/06/07
Dia 20/06/2007 – quarta-feira – continuamos na beira do rio esperando um
barco de pescador que iria para Passagem há 12 km de Pilão Arcado, que
sairia a noite ou dia seguinte dali. Não tinha mais como se adiantar de bicicleta
na estrada, Boa Vista é uma espécie de apêndice, para continuar para frente,
ou é de barco ou se retorna mais de 40 km para Xique-Xique e vai por
Irecer. Então preferimos esperar por barco, enquanto isso, conhecendo um pouco
mais daquela comunidade. Boa Vista é um distrito, pertencente ao município de
Xique-Xique, é uma comunidade com aproximadamente 800 casas, sua
população constitui-se em quase 100% de pescadores, os que não são
pescadores são alguns poucos comerciantes, aposentados ou atravessadores do
peixe (compra para revenda). Em conversa com os jovens como ante este
lugar, eles lembravam que há poucos anos atras não havia energia elétrica. A
vila era animada a noite com historias de pescadores do rio ao redor das
fogueiras. A criançada de boa Vista anda brinca de cirandas brincamos muito a
noite. Fizemos muita amizade com as companheiras que de manhãzinha vinham
lavar louças e roupa no rio, mesmo tendo água encanada e pia em casa, elas
dizem que não se acostumam, que aprenderam a fazer isto foi no rio. Pela
manhã ou a tarde sempre aparecia presentes de peixe para nós, das
companheiras. Apesar de ser uma região de muito peixe, o pescador é o sujeito
mais sacrificado de Boa Vista, assim como em quase todas as regiões onde
predomina esta atividade. Foi aqui convivendo com esta realidade que ficamos
mais indignados. Já havíamos iniciado a expressar nossa indignação num
supermercado em Itacarambí quando fomos procurar o preço do peixe, em tons
propositadamente irônico entramos dizendo: “na terra do peixe tem peixe barato
no mercado!” O preço não se diferenciava do convencional, mesmo sendo o
peixe mais popular da região, custava no mínimo R$ 6,00 (seis reais), depois
vimos de 7 reais assim por diante por diante. É comum para quem observa o
rio, em todo o seu percurso, ver os pescadores tomarem conta do cenário: todo
dia e o dia todo, é noite e dia no balanço das águas e das redes, esticando
e despescando, subindo, descendo e recolhendo. É comum se ver também por
muito tempo, muitos não pegarem nada. Perguntamos para alguns pela média
diária em quilos de pescado, responderam que é uma atividade familiar, todos
da casa se envolvem: é na pesca, no trato, fabricação e/ou conserto das
redes, que no geral pegam em media 10kg variando as épocas e equipamentos,
a maioria que são pobres vendem imediatamente, para os compradores que já
estão à espreita. Os compradores, tem os meios para transportar (barcos ou
caminhões). Perguntamos pelo preço que sai daqui o pescado. A resposta nos
estarrece. Quando dizem que o super preço é R$ 1,00 (Um real) por quilo
de peixe, mas o normal é 80 e 60, já chegando a casos de até 25 centavos,
a maioria dos pescadores tem já seus compradores certos e a maioria dos
compradores tem seu pescadores certos. Um exemplo que presenciamos, tivemos
a impressão de uma relação medieval de amo e servo. Os pescadores que
sofrem todos os riscos: tem que investir constantemente em redes de pesca, e
essas redes podem ser estragadas de várias formas: as piranhas cortam as
redes, roubos, enganchos, acidentes, poluição, concorrência entre outros. Na
região há um canal de irrigação, procuramos nos informar do significado da obra
monstruosa, na entrada da vila, disseram-nos que era uma estrutura de
canalização de água para o projeto de irrigação do baixo Irecer, há em torno
de 12 quilômetros de canal feito, mas segundo a população local, a obra está
parada há mais 3 anos. Estão pensando em retomar agora. Um comerciante do
lugar, disse que era caminhoneiro, abandonou a profissão e comprou uma casa
aqui, porque é um lugar muito tranqüilo. Ele disse que só faz horário com
passageiros, para a cidade mais próxima, que se as obras daquele projeto
recomeçarem vai acabar a paz deste lugar. É que vem gente de todo canto
para trabalhar aqui, muitos bebem, bebem muito, enchem a cara e os bares. A
prostituição aumenta, porque é muita gente ganhando trocados e gastando; briga,
roubos e muitas menininhas grávida, que o saldo final é AIDS, é vovós
precoces, com mais gente para dar de comer e muitas vidas frustradas. Fizemos
almoço ali perto da água do rio, e a noite fomos conversar com a família da
Silvânia. Enquanto conversávamos ficamos sabendo que o barco estava partindo
e nós estávamos perdendo o bonde, quer dizer, o barco. Ainda corremos até lá
com o companheiro da Silvania, mas não deu mais para alcançar, Vamos
esperar para o dia seguinte. Os pais de Silvania nos convidaram para colocar
nossas barracas e as bicicletas dentro de casa, e lá dormimos.

Dia 21/06/2007 – Quinta-feira – acordamos mais atento aos barcos, mas


enquanto dormíamos perdíamos mais um barco, foi a notícia que deram dia
seguinte, mas agora vamos ficar direto na beira do Rio. Se um sair, tem que
ficar outro. Acordo feito. Silvania nos convidou para fazermos o almoço em sua
casa, “na beira do rio tem ventos fortes e cobre tudo de areia” – realmente!
Concordamos. Tudo ocorreu às mil maravilhas, mas enquanto Inácio e Ivânia
foram dar um telefonema o pessoal da vila nos procurava para dizer que se
não aparecêssemos no cais o mais rápido possível perderíamos outro barco
novamente. Encontraram-nos a tempo, pegamos as “bices” e saímos correndo,
alcançamos o barco por benevolência do piloto e iniciativa da população. Saímos
ás 13 horas, chegamos do outro lado em Passagem às sete e meia da noite,
ainda andamos nessa noite 12 km para acabar de chegar em Pilão Arcado.
Dormimos num posto de gasolina, um pessoal bem agradável.

Dia 22/06/2007 sexta-feira - manhã cedo pegamos um ônibus para Juazeiro


da Bahia. Chegamos meio dia e fomos procurar uma entidade que ouvimos falar
dela, desde quando ainda estávamos iniciando a viagem do Ciclovida, era o
IRPAA (Instituto Regional de Pesquisa da Agricultura Apropriada) para nós, uma
das maiores motivações que tivemos para passarmos por lá é o fato de estar
se desenvolvendo estas experiências aqui no semi-árido nordestino. Conseguimos
encontrar a sede na cidade de Juazeiro, Fomos bem recebidos por uma das
pessoas que atuam no projeto. Pelo fato de estarmos apressados não quisemos
visitar com pressa suas experiências, mas ficamos de acordo voltar em qualquer
tempo de forma avisada para uma visita, e quem sabe com mais pessoas
interessadas. Tudo bem! A noite fomos para a rodoviária, para pegarmos um
ônibus para Picos, no Piauí, informaram que só teria, saindo de Petrolina,
andamos ainda uns 5 km para a rodoviária de Petrolina, atravessando a ponte
do São Francisco mais uma vez. Isto porque tínhamos de apressar a chegada
em casa para dia 27 deste mês. Pegamos um ônibus às 11 da noite e
descemos em Picos ás 4 da madrugada. Dia 23/06/2007 – sábado -
amanheceu, montamos nas bicicletas e saímos no rumo de Tauá, estado do
Ceará. Desde quando nos aproximávamos, e depois nos adentrávamos no
Nordeste que já sentíamos aquele friozinho na barriga, que era a emoção e a
alegria de estar chegando. A vegetação intermediária e as transições climáticas:
de acordo com os relevos, modificam-se climas e vegetações, como também os
hábitos dos seres: humanos e não humanos que convivem com cada biomas.
Sentimos por um lado, próximo a matar as saudades dos filhos, companheiros e
amigos. Ao mesmo tempo sentimos outras saudades: a da vida na estrada, das
comunidades e das pessoas na estrada da vida, enfim estamos chegando...
chegando? Quem nos espera ainda acha longe! Não sabemos definir com
palavras, sabemos apenas sentir, mas dá vontade de ficar dizendo muita coisa
para tentar explicar. Vamos por aqui sentindo e vocês imaginando... Acreditem,
pensamos em cada pessoa que encontramos nesta caminhada, com quem nos
relacionamos... Cada dia de pedaladas vamos nos aproximando de uns e nos
distanciando de outros. São dois tipos de sensação: saudade e ansiedade. Um
companheiro definia quando nos passou um e-mail, dizendo: “Necessidade de
chegar e vontade de não apressar, não é?”. Ao meio dia ainda no Piauí,
resolvemos pedir um pouco de feijão para complementarmos com arroz que
ainda vamos fazer, conseguimos, com uns jovens bastante sensíveis. Fomos para
frente e a bicicleta do Inácio furou o pneu, encontramos uma casa de farinha e
resolvemos parar por lá para remendar a câmara e fazer o arroz. O
companheiro que é dono da casa permitiu que chegássemos por ali, e quanto a
comida, ele ofereceu o que ainda tinha lá dentro da cozinha. Misturamos com
nosso feijão doado e comemos, ele nos deu 1 kg de farinha. Concertamos o
pneu, tiramos algumas fotos, nos despedimos e partimos. À noite conseguimos
dormida num posto de gasolina. Era noite de São João, festa para todo lado!
Fizemos bastante comida para janta e para o dia seguinte.
Relato 30/06/07
Dia 30/06/2007 - sábado, saímos para o assentamento da Barra do Leme,
Pentecoste. Passamos ao anoitecer no assentamento da Vazante Grande, ficamos
um pouco com o Assis, Carmem e filhos. Às 9 horas da noite chegamos na
casa grande do assentamento, todos esperavam. Muita alegria na chegada,
Inácio encontrou com suas três filhas, chegamos na casa de Diassis e Auri,
estavam Lurdes, Nonato, mais algumas pessoas da comunidade e toda a
criançada do Caricultura (Jovens, Crianças e Adultos brincalhões) depois fomos
para a casa de Mundinha.
Terça-feira, 24 de Julho de 2007
É COMPANHEIRADA!
ESTAMOS AQUI, CHEGAMOS DE UMA VIAGEM EM FORMA DE ATIVIDADE
OU DE UMA ATIVIDADE EM FORMA DE VIAGEM. FECHAMOS ESTE
PRIMEIRO GRANDE CICLO, QUE APESAR DE TANTOS RISCOS
CONSEGUIMOS CHEGAR COM VIDA. HOUVE MOMENTO EM QUE AS
PALAVRAS MAIS APROPRIADAS PARA NOS CONSOLAR ERA: “NÃO TEMOS
A OBRIGAÇÃO DE CHEGARMOS VIVOS”.

Chegamos! Foram 12 meses de distâncias, angústias, alegrias, saudades e


ansiedades, de encontros da caminhada e desencantos chorados solitários quando
Inácio esperava a notícia de nascimento do primeiro neto Antônio Manoel, filho
de Margarida, é-lhe comunicado que veio à óbito por negligência médica (deixar
passar um dia após os 10 dias depois) de Redenção e Acarape (Ceará).
Engolir a revolta no silencio da impotência, o silêncio da impotência engolido por
dois dias e uma noite de chuvas na rodoviária de Prata, no Triângulo mineiro.
Tendo que, ainda engasgado, engolir a dor da morte do companheiro João Elias
(que nunca foi engolido por tantos), que abraçou com vida o projeto do
Ciclovida, contribuindo no máximo que podia para que a atividade fosse
realizada, e esperava também nossa chegada para realizarmos juntos a
reimplantação das sementes. Estávamos para chegar em Santa Catarina, quando
tivemos noticias da sua morte súbita, foi também numa noite de chuva. Ficamos
inconformados por não ter como partilhar o João, como também com a Preta
(companheira do nosso assentamento que faleceu de ‘eclampse’ durante o
parto, 4 dias antes de nossa chegada). Temos também coisas boas para
brindarmos, que nos motivam a continuar na luta pelo que acreditamos e ter
certeza de que essa luta vencerá. Por isso, comecemos a brindar esta recepção
feita por esta comunidade, este belo jantar com uma cachacinha, partilhando a
alegria de estarmos juntos nesta luta, e se a Preta estivesse aqui estaria
brindando este momento conosco; brindemos estas crianças da comunidade sem
esperar que chegássemos continuaram mantendo o CARICULTURA, que vieram
nos esperar, e de hoje por diante não vamos esperar mais por ninguem para
fazermos algo, vamos fazer sempre, porque quem não está aqui está fazendo
ali ou allá. Vamos brindar dois insurgentes que estão chegando em meio aos
nossos desafios para nos darem força, dizendo-nos que não é hora de
fraquejarmos, e vamos escutar suas mensagens e o que têm para nos dizer.
Estes são os dois Bebês: o da Bartira (que deve estar nascendo agora em
Brasília) e o da Margarida (filha do Inácio) que está no segundo mês de
gestação.

Chegamos! Aliás, chegamos ou voltamos? Quem chegou? Quem foi? Para


onde foi? Quem voltou? Várias pessoas simpatizaram com a idéia de fazer,
juntos conosco este trajeto de bicicleta, inclusive nossos filhos. Acolhemos
inicialmente todos os simpatizantes com idéia. Aprontávamos para sair, nunca
sabíamos quantos seríamos na estrada, mas continuamos dizendo que o mundo
é furado, e a ação de cada um tem a forma e o conteúdo da sua convicção.

Não foi de uma hora para outra que tomamos a decisão. Já fazíamos planos
com nossos filhos e filhas, de dar uma volta por aí, de bicicleta, por um bom
tempo, sem definir por onde e nem o que fazer precisamente, mas com um
eixo central: A Nova Relação com a Terra. A partir deste eixo iríamos
acrescentando á este eixo, elementos que encontraríamos na estrada. Por várias
razões não foi possível implementarmos em tempo desejado, mas chegou o dia,
o dia em até ali, ainda não sabíamos quantos seríamos na estrada. Preparamos
6 bicicletas e saímos 4 pessoas estavam realmente decididas: Bartira, Bruno,
Inácio e Ivânia.

---- A Bartira é uma companheira com quem já temos há um bom tempo um


diálogo, envolvendo um conjunto de idéias, discussões e práticas sócio-filosófica-
política-ecológico e cultural. Foi de interesse mútuo atuarmos juntos esta
atividade, a das sementes. Claro! Ela já tinha seus planos, inclusive de fazer
também uma viagem com um projeto de intervenção cultural abordando temas
interessantes e polêmicos, como a loucura enquanto algo de interesse
mercantilista ou a industria da loucura terminamos unificando estas motivações e
enfrentando juntos os desafios da estrada, nas atividades, tanto das sementes
como abordando a temática que a Bartira já tratava na monografia para o
término do seu curso de ciências sociais, e em estágios que fizera em
manicômios, etc. Fomos nesta juntos até Goiânia. Sua animação nos fortaleceu
neste trajeto, ora brincando com a juventude e a criançada das comunidades ou
simplesmente procurando sementes diversas, ou mesmo na sua determinação de
atuar na desconstrução da loucura, contrapondo-se a conceitos geradores de
tratamentos preconceituosos tão comum na relações entre as diferenças sociais.
Ela está concluindo conosco esta etapa do ciclovida com o seu companheiro, o
Rhafa (Bruce) e seu filhinho que de está nascendo agora (filho do ciclovida),
juntos com o índio, Pajé Santxiê e aquelas lindas crianças lá na comunidade
Reserva Sagrada dos Pajés, perto do plano piloto de Brasília. Agradecemos ao
Rodrigo Nacif pela grande consideração ao projeto ciclovida, de partilhar conosco
este achado. Ali se faz também uma atividade de recuperação de sementes,
onde Bartira e Bruce mantém uma atuação conjunta com o Santxiê, em Brasília.

Emaús de Pajuçara, em Maracanaú até Senador Pompeu (300 km). Decidiu


fazer a viagem da noite para o dia, embora já conhecêssemos suas intervenções
nas lutas sociais urbanas. Insistimos que deveríamos ter um pouco de mais de
conversa entre nós, para melhor entrosamento com a atividade. O tempo que
andamos juntos trouxe aprendizado mútuo. Com ele aprendemos lições de vida
muito importantes, uma delas é a autenticidade: ser o que é em qualquer canto
que esteja. Nós observamos fraternalmente que devemos levar em contas as
diferenças, respeitá-las ou pelo menos tolerá-las, principalmente quando estamos
apenas de passagem. O Bruno não continuou, ao nosso ver, pela sua formação
cultural, de origem essencialmente urbana, que não permitiu de imediato seu
encontro sem atritos ou traumas com a realidade adversa, a rural, com a qual
se deparou. Faltando de sua parte uma preparação prévia para esse diálogo.
Ele mesmo poderá fazer seu comentário a respeito. Assim falamos, com
sinceridade e fraternalmente. Ele também faz o Ciclovida. Um abração dos que
chegaram.

---- Diego – nos-divertiu e se divertiu com o Ciclovida, de Brasília até


Goiânia. Ele registrou em sua câmera e está registrado no diário da nossa vida.
Até o encontro com os compas de Goiânia. Busca fortalecer os movimentos
sociais com suas habilidades em mídia independente.

---- Mateus – O primeiro a registrar em suas investigações libertárias, o


conteúdo de A Nova Relação com a Terra (New Relation with the Earth),
quando nos visitou no Acarape, num momento em que convergiam apoios para
uma situação de confronto que enfrentávamos com o governo e o agronegócio.
Quem nos animou a ir até Argentina, quando nos falava tão familiarmente do
companheiros piqueteiros, dos MTDs (Movimento os Trabalhadores Desocupados)
de Buenos Aires, sendo mais conhecidos: La Matanza; Solano e Guernica.
Passamos quase um mês visitando esta companheirada com os quais muito nos
identificamos. Mattheo Feinstein do coletivo do “A GoGo” fez conosco o trajeto
de Foz do Iguaçu até Buenos Aires. Destes companheiros recebemos apoios em
todos os sentidos, inclusive material, que possibilitou a realização da grande
tarefa no combate ação criminosa do agronegócio, com sua revolução verde.
Depois seguíamos de Montevidéu até Curitiba, onde encontrávamos o Jorge. Num
comentário para o nosso Blog, alguém perguntava: é o Jorge Ota? Agora
respondemos - ééé! O Jorge ficou sabendo desta atividade por ocasião de um
encontro de mídia independente que participou em Goiania, quando conheceu o
Diego, que lhe falou do projeto. Ele já entrava em contato conosco quando
ainda estávamos no Rio Grande do Sul, oferecendo acolhida. Ao passarmos pela
sua casa fomos bem acolhidos por ele, sua mãe Sueli e sua irmã Dome. O
convidamos para a estrada e sem alteração (sem demonstrar empolgação),
respondeu: “vou um pouco com vocês, até onde me sentir bem”. Não sabemos
o que é para ele “um pouco” nem “se sentir bem”. Já iniciamos com o Jorge
a plantação das hortas com as sementes naturais.

Em São Paulo, quando já estávamos de volta, encontramo-nos com a Lia,


companheira que desde Fortaleza já nutria a vontade de adentrar na viagem e
somar com a atividade, e por força dos acontecimentos entre outras viagem e
vontades, ela acompanhou o Ciclovida até Varjao de Minas corajosamente entre
trancos e barrancos, superou muitos desafios, visíveis para nos que já
estávamos acostumados com as intempéries da estrada, num dado tempo (um
mês) acabou pegando a estrada de ônibus voltando a São Paulo, dizendo que
tinha coisas a vivenciar como a “vida” cultural da megalomica cidade e os
estudos.

De volta, dias 28 e 29/07/2007, estaremos discutindo encaminhamentos futuros


do Ciclovida. Se fôssemos fazer aqui um lista agradecimento aos apoios, os
acolhimentos, as forças que recebemos, desde quando saímos até a volta,
escreveríamos muitas páginas e ainda cometeríamos injustiças com tantas e
tantos que foram tão amáveis com o Ciclovida na estrada... mas citamos grande
parte no diário do site, site que não fosse o dedo do Philipe Ribeiro, que
presenteou ao ciclovida, junto com muita força, fazendo campanha de ajuda
sempre que precisávamos, além de ir contatando apoios nos roteiros que
tomávamos. Gravando CDs e vendendo, foi apoio técnico, político e logístico...
fez conosco esta atividade. Fazendo uma viagem como esta que fizemos, de
bicicleta, em sua maior parte, desmascaramos a campanha da imprensa da
classe dominante. A campanha do medo entre as pessoas. Criando uma ilha
cercada de medo por todos lado servindo de muro. Quebremos os muros!
Quebremos os medos! Libertemos a VIDA!
CicloVida Eu sonhei com a terra livre de leite e
mel com fartura
Ói eu aqui de novo voltando pra capital E um tal de agronegócio acabou com
Passei na reforma agrária, não deu pra nossa agricultura
ficar por lá E agora um tal de transgênico é uma
A história da luta desde muito tempo atrás coisa nojenta
Herdam filhos consequências do que Veio acabar com as sementes que nós
fizeram seus pais planta e se alimenta
Existem muitas pressigas para o que nós Chegou também uma lei proibindo de
quer dessa luta ocupar
Que a liberdade da vida pudesse absoluta Lutar pela terra ainda é crime
Diante da posse da terra com muita luta e Vai ser preso quem lutar
com luto A terra é pro agronegócio, destinado pra
Foi travessia de guerra, de mar cheio e outra função
pé enxuto Álcool, soja e o biodisel
Mar de sangue, mar de cinza Pra atender exportação
E mar dizem que estou puto Ói, eu to aqui de novo vivendo na
O mercado nos rouba capital
E em troca nos passa caros produtos Ainda vou voltar pra terra
Desses que não dá plantando Não vim aqui pra ficar
Das indústrias da cidade E voltar pra terra agora tem que ser com
E quanto mais nós trabalha, mais produz outra visão
necessidade No pensar e no agir no modo de
Pelos produtos vencidos, nós compra produção
diariamente Nova relação com a terra e com a
Que ao invés de ser consumidos, eles que biodiversidade
consomem a gente Fora o mercado de terra e a lei de
Pra arrancar dinheiro da terra, nós corta propriedade
árvore e faz carvão Sem queimada e sem transgênico, novo
Queima da terra te dou, abortou não tem hábito alimentar
mais pão Num pacto com a natureza pra terra
Tudo que hoje nós consome sai da cidade recuperar
e vem pro interior Óia nós aqui de novo
Sobreviver na cidade tá mais fácil seu De chegada e de partida
doutor Combatendo o agronegócio para florescer
Pra lá e pra cá nós vive a vida
Em canto nenhum nós pára Lá vamos de bicicleta em comunidades
Porque com a reforma agrária a gente rurais
quebrou a cara Na campanha de resgate das sementes
naturais

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