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Cursos EFA-NS

Área de Competência – Sociedade, Tecnologia e Ciência (STC)


Núcleo gerador 7: Saberes Fundamentais
Domínio de Referência: DR3 – Contexto Institucional
Tema: Ciência e Controvérsias Públicas
Critérios de Evidência:
• Actuar nas sociedades contemporâneas num quadro de pluralidade de
instituições, reconhecendo que as argumentações científicas e técnicas interagem com
interesses particulares e poderes específicos e diferenciados.
• Actuar de modo fundamentado e consciente em debates públicos sobre questões
de carácter tecnológico.
• Actuar tendo em conta o papel da ciência, reconhecendo as suas potencialidades
e limitações, nos debates públicos e face aos diferentes jogos de poder, criando evidência
para essa actuação baseada em modelos matemáticos.
Duração: 2 horas e quarto (90 +45)  1,5 blocos
Formadores: Elsa Teixeira / Raúl Oliveira

Nome do formando: _____________________________________________ n.º ________

Leia com atenção os textos que se seguem:

Durante vários anos, verificou-se na


maior parte dos países desenvolvidos
uma acumulação irresponsável dos
seus resíduos (urbanos, hospitalares,
industriais e outros) sem o respectivo
tratamento. Esta atitude poderá ter
impactos a médio e longo prazo na
contaminação dos solos, águas e ar,
com efeitos nefastos para a saúde
pública.
Em Portugal estima-se a produção de
aproximadamente 2,5 milhões de
toneladas/ano de resíduos industriais,
dos quais 125.000 toneladas (5%) são
classificados como perigosos e 16.000
toneladas destes, incineráveis. Desta forma, é urgente a introdução de um sistema
de separação de lixos perigosos/não perigosos e posterior tratamento dos mesmos.
Após várias pesquisas realizadas, surgiu uma nova forma de tratamento do lixo: a
Co-Incineração.
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Mas em que é que de facto consiste a Co-Incineração?

A Co-Incineração consiste essencialmente no aproveitamento dos fornos das


cimenteiras e das suas altas temperaturas (entre 1450 e 2000 graus), para a
queima dos resíduos perigosos (tais como solventes de limpeza, solventes de
indústria química, tintas, etc.), com a produção simultânea de cimento. Alguns
destes resíduos são constituídos por hidrocarbonetos e compostos clorados e
fluorados entre outros, e alguns têm elevado poder calorífico. Assim, o processo de
Co-Incineração implica adaptações mínimas nas cimenteiras.

Numa primeira fase, os resíduos industriais perigosos são enviados para uma
estação de pré-tratamento. Os lixos com pouco poder calorífico são fluidizados
(trituração, dispersão e separação dos materiais ferrosos); os resíduos líquidos são
impregnados com serradura e submetidos a uma possível centrifugação (no caso de
possuírem grandes quantidades de água); os resíduos termo fusíveis, alcatrão e
betumes, são rearmazenados em lotes.

Numa segunda fase os resíduos são levados para as cimenteiras. Em caso de


acidente de transporte, os impactos ambientais serão muito menores do que antes
do tratamento dos mesmos.

Nas cimenteiras são pulverizados para o forno tirando partido do seu poder
calorífico (Ex: combustíveis) ou utilizados como matéria-prima substituta na
produção de cimento.

Após este processo, não permanecem resíduos remanescentes da Co-


Incineração, visto que estes são incorporados no próprio cimento, e devido às
temperaturas e tempo de residência dos gases a produção de gases tóxicos é muito
baixa. Contudo, poderemos ter a certeza da inexistência de perigo para a saúde
pública?

Para evitar uma remota, mas possível fuga de gases devem ser instalados filtros
de mangas nos fornos das cimenteiras, aumentando a margem de segurança.

Quais as vantagens e riscos da Co-Incineração em relação à


incineração clássica?

A incineração clássica de resíduos perigosos (metais pesados, dioxinas, furanos,


etc.) por meio de uma unidade incineradora foi nos últimos anos alvo de
contestação por parte dos técnicos especializados. Se esta incineração não se
realizar com um controle rigoroso, pode aumentar ainda mais o perigo inerente a
estes resíduos e representar danos mais graves para a saúde pública e meio
ambiente.
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• Temperaturas elevadas: Devido às elevadas temperaturas alcançadas pelos


fornos das cimenteiras, a destruição dos resíduos é muito mais eficaz em
comparação com um incinerador clássico que não atinge tais temperaturas.

• Tempos de residência de gases elevados: Sendo o tempo de permanência


dos gases no forno superior ao de um incinerador, a taxa de destruição dos gases
poluentes é maior, havendo um maior período a altas temperaturas no forno.

• Inércia térmica elevada: Ao contrário dos incineradores, os fornos de


cimenteiras possuem uma elevada inércia térmica o que previne uma drástica
diminuição de temperatura, com possíveis emissões anómalas, se ocorressem
paragens ou alteração da operação.
• Meio Alcalino: A base da matéria-prima no forno é o calcário. Assim o meio é
alcalino, o que provoca a neutralização dos gases e vapores ácidos (SO; CO; HCl;
HF) e a sua fixação no cimento. Desta forma, verifica-se uma substancial redução
das emissões desses poluentes em relação à incineração clássica.22
• Produção de efluentes líquidos/lamas e de resíduos sólidos: Neste
processo de Co-Incineração não há produção de resíduos sólidos, efluentes líquidos
ou lamas (potencialmente poluidores) porque todos os materiais não queimáveis
são utilizados e incorporados na produção do próprio cimento, o que não acontece
nos incineradores.
• Metais pesados: Devido às características da Co-Incineração, os metais
pesados têm um ambiente óptimo de fixação no cimento, retirando o risco da sua
libertação após queima.
• Custo: A construção de um incinerador clássico, bem como o respectivo
processo de incineração, têm custos bastante mais elevados do que os custos
inerentes à Co-Incineração.

É possível concluir, face aos factos apresentados, que a Co-Incineração apresenta


vantagens claras em relação à incineração clássica. No entanto, poderão existir
algumas questões merecedoras de um estudo mais aprofundado
relativamente à Co-Incineração:

• Quando o processo é interrompido, os filtros deixam de funcionar, podendo


haver libertação de gases, praticamente sem tratamento, caso os filtros de mangas
utilizados não tenham a capacidade de reter os gases mais voláteis como o
mercúrio.
• Quais os efeitos na saúde pública de um edifício construído com cimento
produzido nas co-incineradoras?

Saúde pública

No processo de eliminação de resíduos podem ser emitidos para a atmosfera


determinados componentes, prejudiciais para a saúde das populações e para o
Ambiente. Ainda que o nível de exposição a agentes químicos pelas populações
mais próximas das unidades de eliminação de resíduos tenha geralmente sido muito
baixa, possíveis efeitos carcinogénicos e crónicos são motivo de preocupação para
as entidades competentes. Desta forma, não existem factos comprovativos da
absoluta segurança do processo.
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Análise psicossocial

Nos últimos anos, sempre que um governo demonstra a sua intenção de


construir uma unidade de tratamento de resíduos sólidos ou de introduzir o
processo de Co-Incineração numa cimenteira, as reacções das populações não são
geralmente favoráveis ao programa em questão. É a velha máxima "Eliminar o lixo
muito bem, mas não no meu quintal". Embora muitas vezes as pessoas
compreendam as necessidades ambientais globais, não interiorizam as medidas
locais a aplicar. Por outro lado, a relação do governo com as populações não é
muitas vezes a melhor. Ao tentar introduzir uma nova tecnologia, o governo
distancia-se da população, apoiando-se em dados técnicos em vez de uma
informação mais próxima e educativa para a população.
Assim, não é difícil de compreender o aumento da sensibilidade das populações
em relação ao risco de acidentes, decorrente da aplicação de novas tecnologias.
Em suma, o processo de Co-Incineração em cimenteiras produz impactos
positivos para o Ambiente, eliminando de forma correcta os resíduos perigosos.
Evita o consumo de combustíveis fósseis, com a poupança de recursos naturais não
renováveis. Para que a Co-Incineração se processe eficazmente, bastará que o
governo tenha uma abordagem mais directa e informativa com as populações,
diminuindo a sua hostilidade e confiança.

Texto desenvolvido com base no trabalho sobre Co-Incineração desenvolvido por alunos de engenharia
do Ambiente da Universidade Nova de Lisboa-FCT (http://www.geocities.com/out14309)

Quercus aceita co-incineração de resíduos perigosos (2005-06-


05)

A gestão de resíduos não faz parte da agenda do Conselho de Ministros


Extraordinário de hoje, mas o tema não está esquecido pelos ambientalistas, que
continuam à espera "de uma política clara que abandone os grandes projectos de
incineração de resíduos sólidos urbanos, substituindo-os pelos tratamentos
mecânico e biológico" e que "clarifique a política do Governo em relação aos
resíduos industriais perigosos", defende o presidente da Quercus-Associação
Nacional de Conservação da Natureza, Hélder Spínola.
"É necessário reduzir a produção de resíduos e decidir destinos mais
adequados", defende o dirigente ambientalista, apontando a urgência da criação de
unidades de recuperação de óleos e solventes usados, com o objectivo de diminuir o
mais possível a fracção - estimada em dez a 15% - que não terá outro destino a não
ser a sua co-incineração.
"A Quercus está aberta a discutir a co-incineração da fracção que não tenha
alternativa, a qual poderá ser feita em Portugal - nas cimentarias - pesando bem
todos os prós e contras -, já que a sua exportação agravaria os custos com os
transportes", disse o dirigente ao JN, sublinhando que não se trata de uma alteração
da posição da associação sobre a matéria, mas de admitir, "como sempre fez", que
para RIP que não podem ser tratados essa possa ser a via. "É substancialmente
diferente do que José Sócrates defendia", acentuou Hélder Spínola, rejeitando a
queima de óleos e solventes neste processo.
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Cidadãos de Setúbal saíram à rua: Contra a co-incineração de tóxicos na


Arrábida

Durante cerca de duas horas consecutivas,


os manifestantes oriundos dos mais diversos
partidos políticos, associações ambientalista
e associações cívicas, pararam o trânsito na
Avenida Luísa Todi para protestarem contra
a co-incineração na Secil, na Arrábida. É
que, segundo Mariano Gonçalves, membro
da Comissão Executiva dos Cidadãos pela
Arrábida, "não se compreende como é que
se pode, sequer, equacionar esta
possibilidade".
Convicto de que a Serra da Arrábida "deve ser preservada de qualquer perigo",
este grupo de cidadãos enviou uma queixa ao Tribunal Europeu contra o que
classifica de "tentativa de violação das leis que protegem o ambiente e uma área
que é património da humanidade".
Gritando palavras de ordem como "Arrábida sim, lixo tóxico não", os
manifestantes atravessaram a zona central da cidade e concentraram-se frente ao
Governo Civil para procederem à entrega de uma moção. O documento foi aceite
por José Manuel Epifânio, adjunto do Governador Civil de Setúbal, já que Alberto
Antunes se encontrava fora da cidade. Depois de receber o documento, que será
posteriormente enviado à ministra do Ambiente, o adjunto de Alberto Antunes
garantiu que "o Governo está preocupado com a situação dos lixos tóxicos
espalhados pelo país, que comprometem a qualidade de vida dos cidadãos".
Considerando que o Governo está disponível para reciclar o que for possível,
Epifânio não deixou de referir a necessidade de avançar para a co-incineração como
forma de tratar os lixos não recicláveis. Até porque, segundo este responsável, "de
acordo com as garantias dos técnicos, não é poluente e ajuda a diminuir a poluição
que já existe".
Mas apesar das garantias oficiais, os cidadãos prometem 'voltar à carga' com
iniciativas de sensibilização da opinião pública que se prolongarão até ao dia 23 de
Novembro, altura em que termina o período de consulta pública do Estudo de
Impacte Ambiental. Os ambientalistas da Caprosado também prometem não baixar
os braços e garantem que até ao próximo dia 23 vão continuar a desenvolver
iniciativas em todo o concelho, que vão desde debates a manifestações públicas de
desagrado quanto à co-incineração na Arrábida.
No concelho do Barreiro, para onde está prevista a implementação da estação de
pré-tratamento dos resíduos tóxicos, prosseguem as contestações à proposta
governamental. A recusa parece atravessar todos os sectores da sociedade, já que
todos os partidos políticos, associações, sindicatos, estudantes e até a própria
autarquia, têm saído à rua para protestarem contra a implementação daquele
equipamento na Quimiparque. E os protestos são extensíveis à localização na
Arrábida, pelo que na manifestação de dia 14, estiveram presentes políticos do
Barreiro, nomeadamente dirigentes da UDP e do PCP, que já prometeram continuar
os protestos até dia 23. E cerca de um mês depois da aprovação de uma moção
contra a proposta governamental, a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal do
Barreiro vão dar a conhecer, nesta segunda-feira, um conjunto de acções públicas a
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desenvolver, como forma de protesto contra a instalação do equipamento


considerado poluente, no centro da cidade do Barreiro.

Depois de ler, atentamente, os textos anteriores responda, de forma


completa e fundamentada às seguintes questões:

1.- Em que consiste a co-incineração?


2.- Onde é feita a co-incineração?
3.- Em Portugal, que locais foram escolhidos para a
implementação do processo da co-incineração?
4.- Indique as vantagens e as desvantagens do processo da co-
incineração?
5.- Que outra possibilidade considera ser alternativa à co-
incineração?
6.- Com base nos textos informativos anteriores diga se concorda
ou não com a implementação da co-incineração perto do seu local de
residência.
7.- De que forma a ciência pode influenciar a opinião pública
sobre o tema da co-incineração?

BOM TRABALHO!

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