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Licenciatura em Direito
Direito
Fiscal II
Por
tributo
deve
entender-‐se
uma
prestação
duplamente
coactiva
com
finalidades
financeiras.
A
coactividade
é
dupla
pois
respeita
à
sua
origem
(o
tributo
será
sempre
fixado
por
acto
normativo),
e
à
conformação
do
conteúdo
(também
fixado
por
acto
normativo,
sendo
irrelevante
a
vontade
privada).
Ainda,
o
tributo
deve
ser
estabelecido
para
prosseguir
finalidades
financeiras,
isto
é,
devem
ser
exigidos
com
vista
à
produção
de
bens
públicos,
destinados
a
satisfazer
necessidades
de
carácter
colectivo
e
público.
Assim
sendo,
no
âmbito
dos
tributos
encontram-‐se
os
impostos,
as
taxas
e
as
contribuições
especiais.
2
ACTIVIDADE ADMINISTRATIVA TRIBUTÁRIA
Pode
definir-‐se
a
actividade
administrativa
tributária
como
o
conjunto
de
actos
da
Administração
Tributária
(AT)
de
aplicação
das
normas
tributárias
ao
caso
concreto.
O
legislador
traça
uma
noção
muito
ampla
de
Administração
Tributária
considerando
que
abrange
todas
as
entidades
públicas
legalmente
incumbidas
da
liquidação
e
cobrança
dos
tributos
–
art.
1º
LGT.
A
actividade
administrativa
tributária,
levada
a
cabo
por
todos
os
sujeitos
da
mesma,
ganha
forma
através
da
prática
de
actos
diversos,
que
podem
ser:
• ACTOS
MATERIAIS
–
como
a
recepção
de
um
documento
ou
petição,
a
audição
de
um
contribuinte,
etc.
• ACTOS
JURÍDICOS
–
fixadores
de
efeitos
jurídicos
na
esfera
de
determinado
sujeito,
como
a
liquidação
de
um
tributo,
a
avaliação
de
um
bem,
a
penhora
de
um
imóvel,
etc.
Estes
actos
individuais
e
concretos
fixadores
de
efeitos
jurídicos
designam-‐se
actos
administrativos.
A
actividade
administrativa
é
juridicamente
enquadrada,
goza
de
uma
presunção
de
legalidade
e
pode
ser
jurisdicionalmente
impugnável.
Importa
destacar
que
do
ponto
de
vista
jurídico
a
AT
deve
ser
perspectivada
como
um
verdadeiro
sujeito
de
Direito,
ao
qual
é
reconhecida
pelo
legislador
a
titularidade
de
determinadas
situações
jurídicas
subjectivas
merecedoras
de
tutela.
Entre
tais
situações
jurídicas
sobressaem
DIREITOS
SUBJECTIVOS
(por
exemplo,
direito
à
percepção
da
receita
tributária
em
relação
a
dado
contribuinte),
e
PODERES
JURÍDICOS
(como
por
exemplo,
o
poder
de
liquidar
tributos,
de
rever
actos
por
si
praticados,
emitir
orientações
genéricas,
art.
55º,
56º
CPPT).
Naturalmente,
a
cada
uma
destas
situações
subjectivas
activas
tituladas
pela
AT
corresponde
uma
situação
jurídica
passiva
à
qual
determinado
sujeito,
como
o
contribuinte,
está
adstrito
(por
exemplo,
o
dever
de
entregar
a
prestação
tributária,
de
manter
contabilidade
organizada,
etc).
A
prática
de
todos
estes
actos
pressupõe
um
complexo
de
passos
de
onde
resulta
o
carácter
eminentemente
faseado
ou
procedimental
da
actividade
tributária,
que
se
revela
nas
seguintes
características:
3
• Cada
acto
tem
de
possuir
AUTONOMIA
RELATIVA,
isto
é,
uma
finalidade
específica,
não
se
devendo
praticar
actos
inúteis
ou
desnecessários
(princípio
da
economia
procedimental);
• Todos
os
actos
devem
possuir
CONEXÃO
entre
si;
• Deve
existir
uma
RELAÇÃO
DE
CAUSALIDADE
entre
cada
um
desses
actos.
Esta
sequência
de
actos
com
vista
à
produção
de
uma
vontade
administrativa
designa-‐se
PROCEDIMENTO
TRIBUTÁRIO.
CLASSIFICAÇÃO DOS ACTOS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Neste
contexto
é
necessário
entender
acto
administrativo
tributário
numa
perspectiva
operativa:
acto
da
AT
de
aplicação
da
norma
tributária
ao
caso
concreto
e
produtor
de
efeitos
jurídicos
na
esfera
jurídica
de
determinado
sujeito.
• ACTOS
INDIVIDUAIS
/
ACTOS
GERAIS
Os
actos
individuais
têm
um
destinatário
individualizado,
produzindo
efeitos
numa
esfera
jurídica
determinada
e
numa
situação
jurídica
concreta.
Estes
actos,
que
são
a
maioria,
são
por
exemplo:
actos
de
liquidação,
o
reconhecimento
de
um
benefício
fiscal,
derrogação
do
sigilo
bancário,
etc.
Já
os
actos
gerais
não
têm
destinatário
individualizado,
isto
é,
têm
um
campo
de
abrangência
geral
e
abstracto,
dirigindo-‐se
a
um
número
indeterminado
de
pessoas
e
situações.
O
exemplo
mais
representativo
deste
tipo
de
actos
são
as
orientações
genéricas
que
a
AT
pode
emanar
para
proceder
à
uniformização
da
interpretação
ou
aplicação
das
normas
tributárias.
Esta
classificação
assume
especial
relevância
pois
apenas
poderão
ser
alvo
de
controlo
por
via
de
reclamação,
recurso
ou
impugnação
(tanto
administrativa
como
jurisdicionalmente),
os
actos
individuais
e
concretos.
Isto
reporta-‐se
à
questão
da
legitimidade
para
reclamar,
recorrer
ou
impugnar,
que
apenas
existe
se
um
concreto
direito
ou
interesse
dos
contribuintes
tiver
sido
afectado
• ACTOS
UNILATERAIS
/
ACTOS
CONSENSUAIS
Esta
distinção
diz
respeito
ao
modo
como
são
fixados
os
efeitos
jurídicos
que
o
acto
principal
do
procedimento
vai
ser
apto
a
produzir.
4
A
maioria
dos
actos
são
fixados
de
modo
unilateral
pela
AT.
Os
actos
unilaterais
são,
portanto,
uma
fixação
autoritária
de
efeitos
ou
um
acto
autoritário
que
se
repercute
na
esfera
jurídica
do
destinatário
sem
que
este
o
possa
impedir.
Portanto,
a
AT
serve-‐se
do
seu
ius
imperii
para
fixar
efeitos
jurídicos.
O
acto
de
liquidação
ou
de
instauração
de
um
processo
de
execução
fiscal
são
exemplos
deste
tipo
de
actos.
Excepcionalmente,
podem
existir
actos
consensuais
em
que
a
fixação
de
efeitos
é
feita
de
modo
pactuado,
convocando-‐se
a
vontade
de
ambos
os
sujeitos
procedimentais
(AT
e
contribuinte),
resultando
daí
um
acordo
fiscal.
Serve
de
exemplo
deste
tipo
de
actos
o
acordo
encontrado
em
sede
de
pedido
de
revisão
de
matéria
tributável
fixada
por
métodos
indirectos,
em
que
o
Fisco
e
o
contribuinte
tentam
chegar
a
acordo
sobre
o
valor
de
base
de
determinado
tributo
–
art.
91º
e
92º
LGT
e
35º
n.
2
RCPIT
Importa
ressalvar
que
mesmo
nos
actos
unilaterais
o
contribuinte
não
é
deixado
totalmente
à
margem
da
decisão,
uma
vez
que
pode
participar
na
sua
formação
através
do
exercício
do
direito
de
audição
(ainda
que
o
acto
final
seja
sempre
um
acto
administrativo
e
não
um
acto
consensual).
Em
termos
de
futura
impugnação
jurisdicional,
apenas
os
actos
unilaterais
poderão
ser
colocados
em
crise
por
parte
do
interessado,
uma
vez
que
nos
actos
consensuais
ele
já
consentiu
a
produção
daqueles
efeitos,
uma
impugnação
poderia
representar
uma
situação
de
venire
contra
factum
proprium.
• ACTOS
IMPOSITIVOS
/
ACTOS
NÃO
IMPOSITIVOS
Neste
contexto
o
que
releva
é
o
conteúdo
dos
efeitos
jurídicos
a
produzir
pelo
acto.
Os
actos
impositivos
fixam
ou
impõem
efeitos
jurídicos
desfavoráveis
na
esfera
jurídica
do
seu
destinatário,
nomeadamente
mediante
a
restrição
de
direitos
fundamentais
(DLG’s)
–
arts.
24º
e
57º
CRP.
No
âmbito
tributário,
os
DLG’s
mais
susceptíveis
de
ofensa
poderão
ser
o
direito
de
propriedade,
o
direito
à
reserva
da
vida
privada,
entre
outros.
Os
actos
impositivos
são,
por
exemplo,
aqueles
que
conduzem
à
tributação
e
à
exigência
de
determinada
quantia
pecuniária
(acto
de
liquidação),
que
obrigam
a
um
comportamento
(entrega
de
uma
declaração
ou
da
contabilidade),
que
representam
uma
intromissão
em
dados
respeitantes
à
vida
privada
(derrogação
do
sigilo
bancário),
que
oneram
o
seu
património
(penhora).
5
Os
actos
não
impositivos
fixam
efeitos
jurídicos
favoráveis,
reconhecendo
(oficiosamente
ou
a
pedido),
um
determinado
direito
ou
interesse
em
matéria
tributária.
São
exemplo
deste
tipo
de
actos
o
acto
de
concessão
de
uma
redução
de
taxa,
de
deferimento
de
uma
reclamação,
o
reconhecimento
de
uma
isenção,
o
levantamento
de
uma
penhora,
etc.
Naturalmente,
apenas
os
actos
impositivos
ou
desfavoráveis
poderão
ser
alvo
de
sindicância
administrativa
ou
jurisdicional,
pois
apenas
nestes
haverá
um
interesse
legítimo
para
tal.
• ACTOS
DEFINITIVOS
/
ACTOS
NÃO
DEFINITIVOS
A
expressão
acto
definitivo
pode
ter
várias
acepções,
podendo-‐se
apontar
as
seguintes:
• Definitividade
Material
–
quando
fixa
efeitos
jurídicos
de
modo
final,
terminal
ou
conclusivo.
Apela-‐se
aqui
a
um
critério
cronológico.
O
seu
contraposto
são
os
actos
precários
ou
provisórios.
A
liquidação
é
um
acto
materialmente
definitivo,
pois
não
será
sujeita
a
acertos,
é
um
acto
final.
Já
os
pagamentos
por
conta
são
actos
provisórios
e
não
definitivos
pois
serão
sujeitos
a
acertos
–
art.
33º
LGT.
• Definitividade
Horizontal
–
o
acto
horizontalmente
definitivo
é
o
acto
decisório
concludente
de
um
procedimento,
é
o
último
acto
da
cadeia
procedimental.
O
seu
oposto
são
os
actos
intermédios
ou
preparatórios.
Aqui
adopta-‐se
um
critério
procedimental,
devendo
ter-‐se
presente
a
noção
de
que
todos
os
actos
devem
ser
integrados
numa
cadeia
mais
ampla
da
qual
fazem
parte
(procedimento
tributário)
e
que
nem
todos
fixam
de
modo
último
efeitos
jurídicos.
Por
exemplo,
o
acto
de
liquidação
do
imposto
é
um
acto
horizontalmente
definitivo,
já
o
acto
de
avaliação
da
matéria
tributável
é
um
acto
intermédio.
Note-‐se
que
a
noção
de
acto
definitivo
não
tem
de
coincidir
necessariamente
com
a
de
acto
último
do
procedimento
(o
qual
muitas
vezes
é
a
notificação
que
não
é
um
acto
decisório
e
não
produz
efeitos
jurídicos
por
si
mesmo).
• Definitividade
Vertical
–
aqui
considera-‐se
definitivo
o
acto
que
expressa
a
última
palavra
da
Administração
sobre
dada
questão
jurídica,
ou
seja,
a
manifestação
de
vontade
do
seu
mais
elevado
superior
hierárquico.
O
seu
oposto
são
os
actos
inferiores.
O
critério
aqui
utilizado
é
o
da
hierarquia.
Assim,
se
a
decisão
administrativa
ainda
é
susceptível
de
reapreciação
por
parte
de
uma
entidade
superior
o
acto
não
se
pode
considerar
verticalmente
definitivo.
Por
exemplo,
o
acto
de
liquidação
não
é
verticalmente
definitivo
na
medida
em
que
pode
ser
impugnado
.
6
Em
termos
de
apreciação
por
parte
do
tribunal
a
lei
exige
que
os
actos
sejam
horizontalmente
definitivos,
não
se
admitindo
a
impugnação
contenciosa
de
actos
intermédios.
Neste
sentido,
o
art.
54º
CPPT
estipula
o
princípio
da
impugnação
unitária
em
respeito
pelas
exigências
de
economia
procedimental.
Porém,
já
não
se
exige
como
regra
a
definitividade
material
nem
vertical
para
impugnar
contenciosamente.
O
contribuinte
não
é
obrigado
a
esgotar
a
via
hierárquica
administrativa
para
poder
recorrer
contenciosamente.
No
entanto,
relativamente
aos
actos
inferiores,
excepcionalmente
se
exige
que
se
esgotem
primeiro
as
vias
hierárquicas
administrativas
para
se
abrir
a
via
contenciosa
–
arts.
117º,
131º
e
132º
CPPT.
• ACTOS
DE
PRIMEIRO
GRAU
/
ACTOS
DE
SEGUNDO
GRAU
Os
actos
de
primeiro
grau
são
a
primeira
pronúncia
decisória
da
AT
sobre
determinada
questão
(primeira
apreciação
da
situação
de
facto
e
de
Direito
que
lhe
é
colocada).
Os
actos
de
segundo
grau
são
uma
reapreciação
de
uma
questão,
a
sindicância
de
uma
anterior
decisão
(do
acto
de
primeiro
grau).
Estes
actos
são
proferidos
em
sede
de
procedimentos
recursivos
ou
impugnatórios
(em
que
o
sujeito
passivo
solicita
à
AT
revisão
de
uma
decisão
anterior
e
que
a
anule,
revogue
ou
suspenda)
–
arts.
68º
CPPT,
66º
e
67º
CPPT,
91º
e
92º
LGT,
77º
e
78º
LGT.
É
de
ressalvar
que
as
reclamações
e
recursos
têm
eficácia
meramente
devolutiva
e
não
eficácia
suspensiva.
Isto
significa
que
o
acto
impugnado
continua
a
produzir
os
seus
efeitos.
• ACTOS
EXPRESSOS
/
ACTOS
TÁCITOS
O
que
os
distingue
é
a
forma
como
a
AT
manifesta
a
sua
vontade.
Estamos
perante
um
acto
expresso
quando
a
Administração
manifesta
a
sua
vontade
através
de
um
comportamento
que
revela
de
modo
inequívoco,
expresso,
directo
e
geralmente
escrito
um
determinado
sentido
decisório.
É
o
que
acontece
quando
a
AT
declara
de
modo
directo
que
aceita
ou
não
determinada
pretensão
do
contribuinte
(deferimento
ou
indeferimento
expresso).
7
Nos
actos
tácitos
o
sentido
decisório
resulta
de
um
comportamento
indirecto
que
revela
com
probabilidade
um
determinado
sentido.
O
exemplo
mais
significativo
de
actos
tácitos
é
manifestado
pelo
silêncio
em
face
de
uma
pretensão
apresentada.
Para
que
o
silêncio
seja
relevante
é
necessário
que
a
AT
tenha
um
limite
temporal
para
decidir.
De
acordo
com
o
art.
57º
LGT
todo
o
procedimento
deve
estar
concluído
em
4
meses
(prazo
especial
-‐
art.
64º
n.
3
RCPIT).
A
ausência
de
resposta
a
um
pedido
após
este
prazo
faz
presumir
a
sua
não
procedência.
O
prazo
para
impugnar
varia
consoante
o
indeferimento
seja
expresso
(art.
102º
n.
2
?),
ou
tácito.
• ACTOS
DISCRICIONÁRIOS
/
ACTOS
VINCULADOS
Um
acto
será
vinculado
quando
encontra
estipulados
em
Lei,
de
modo
completo
e
exaustivo,
todos
os
pressupostos
de
aplicação
da
norma
ao
caso
concreto.
A
AT
não
dispõe
de
margem
autónoma
de
conformação
ou
valoração
conteudística,
restando-‐lhe
a
tarefa
de
simples
subsunção
da
norma
ao
caso
concreto.
A
matéria
de
incidência
real
ou
pessoal
dos
impostos,
por
exemplo,
é
absolutamente
vinculada
(assim
como
os
correspondentes
actos).
Nos
actos
discricionários
o
legislador
traça
apenas
a
moldura
geral
de
aplicação
da
norma
ao
caso
concreto,
deixando
nas
mãos
da
AT
uma
margem
decisória
no
momento
da
aplicação.
Assim
sendo,
a
AT
goza
de
prerrogativas
de
escolha
e
selecção,
podendo
conformar
o
conteúdo
da
decisão.
Estas
situações
são
frequentes
por
via
da
previsão
normativa
de
situações
de
“pode”,
“pode
conceder”,
“pode
aplicar”,
etc,
ou
quando
se
concede
uma
margem
decisória
dentro
de
determinados
limites.
Exemplos:
art.
196º
n.
5
CPPT;
art
201º
e
202º
CPPT;
art.
68º
LGT;
art.
77º
CPPT.
Esta
classificação
assume
especial
importância
em
sede
de
controlo
jurisdicional
das
actuações
administrativas,
na
medida
em
que
os
actos
discricionários
escapam
a
tal
controlo,
isto
é,
o
Tribunal
não
pode
sindicar
a
oportunidade
ou
a
conveniência
dos
actos
discricionários,
devendo
limitar-‐se
a
exercer
o
controlo
de
legalidade
8
• ACTOS
VÁLIDOS
/
ACTOS
INVÁLIDOS
Esta
classificação
relaciona-‐se
com
a
conformidade
ou
não
com
o
ordenamento
normativo.
Um
acto
é
juridicamente
existente
quando
tiver
relevância
para
o
ordenamento
jurídico
e
inexistente
quando
não
o
for.
Dentro
dos
actos
existentes
há
actos
válidos
e
inválidos
e
actos
eficazes
e
ineficazes.
O
critério
distintivo
entre
actos
válidos
ou
inválidos
é
a
conformidade
com
o
parâmetro
de
validade
(composto
pela
CRP,
leis,
Direito
Internacional,
Direito
da
União
Europeia,
Regulamentos
e
outros
actos
administrativos).
Logo,
um
acto
será
válido
se
estiver
em
conformidade
com
o
dito
parâmetro.
Pelo
contrário,
se
o
acto
não
respeita
as
exigências
que
o
ordenamento
coloca
para
que
possa
entrar
em
vigor,
violando
as
prescrições
normativas
que
o
fundamentam
e
enquadram,
será
inválido.
A
consequência
prescrita
para
os
actos
ilegais
ou
inválidos
é,
em
regra,
a
ANULABILIDADE.
No
entanto,
nos
casos
mais
graves,
como
na
violação
de
DLG’s,
pode
determinar-‐se
a
NULIDADE
do
acto.
Em
ambos
os
casos
a
invalidação
do
acto
terá
efeitos
retroactivos,
o
que
implica
a
restituição
de
tudo
quanto
haja
sido
prestado.
• ACTOS
EFICÁZES
/
ACTOS
INEFICÁZES
Apesar
de
existente
e
válido,
o
acto
da
AT
pode
ainda
não
estar
apto
a
desencadear
os
efeitos
jurídicos
pretendidos,
pois
falta-‐lhe
a
verificação
de
um
requisito
de
eficácia,
a
PUBLICAÇÃO
ou
a
NOTIFICAÇÃO
ao
interessado.
O
art.
76º
n.
6
LGT
determina
que
a
eficácia
da
decisão
depende
da
notificação
Nos
arts.
36º
e
38º
do
CPPT
encontram-‐se
estipulados
os
requisitos
de
forma
e
de
conteúdo
da
notificação.
Note-‐se
que
apenas
a
partir
da
notificação
é
que
começa
a
correr
o
prazo
para
pagamento.
9
ACTOS TRIBUTÁRIOS
10
e
também
que,
acima
dos
interesses
subjectivos
poderão
existir
outros
dados
constitucionalmente
relevantes
(a
verdade
material,
estabilidade
das
finanças
públicas,
etc.).
Neste
contexto
há
ainda
a
considerar
que
toda
a
justiça
tributária
deverá
estar
constitucionalmente
enquadrada.
Assim
sendo,
há
que
atentar
em
alguns
princípios
fundamentais,
tais
como:
• PRINCÍPIO
DA
CONSTITUCIONALIDADE
–
Este
princípio
afirma
a
subordinação
de
todos
os
órgãos
do
Estado
(e
correspondentes
actos),
à
CRP,
devendo-‐se
retirar
do
ordenamento
jurídico
os
actos
que
lhe
sejam
desconformes.
Os
Tribunais
desempenham
um
importante
papel
de
guardiões
das
normas
fundamentais
–
art.
3º
n.
3
CRP.
Relativamente
aos
tribunais
administrativos
e
fiscais
o
art.
1º
ETAF
estipula
que
perante
normas
inconstitucionais
o
Tribunal
deve,
sem
mais,
desaplicá-‐las
e
que
a
questão
da
inconstitucionalidade
apenas
será
suscitada
perante
eles
a
título
incidental
(nunca
a
título
principal).
• PRINCÍPIO
DA
INDEPENDÊNCIA
DOS
TRIBUNAIS
–
Da
leitura
conjugada
dos
arts.
203º
CRP
e
2º
ETAF
resulta
que
“os
tribunais
da
jurisdição
administrativa
e
fiscal
são
independentes
e
apenas
estão
sujeitos
à
lei”.
No
sentido
de
independência
objectiva,
isto
significa
que
os
Tribunais
não
estão
sujeitos
a
qualquer
espécie
de
comando
ou
directiva
de
que
poder
for,
designadamente
do
poder
político
ou
administrativo.
Já
num
sentido
subjectivo
a
independência
materializa-‐se
nas
garantias
de
inamovibilidade
(art.
3º
n.
1
ETAF
e
216º
n.
1
CRP)
e
de
irresponsabilidade
quanto
às
decisões
tomadas.
• PRINCÍPIO
DA
RESERVA
DA
FUNÇÃO
JURISDICIONAL
EM
MATÉRIA
TRIBUTÁRIA
–
Os
Tribunais
da
jurisdição
administrativa
e
fiscal
são
os
órgãos
de
soberania
com
competência
para
administrar
a
justiça
em
nome
do
povo,
nos
litígios
emergentes
das
relações
jurídicas
administrativas
e
fiscais.
Ou
seja,
o
exercício
da
função
jurisdicional
está
reservado
ao
Tribunal
e
aos
juízes.
Assim,
apenas
aos
juízes
e
ao
Tribunal
é
que
se
podem
atribuir
competências
para
praticar
actos
jurisdicionais,
sendo
inconstitucional
qualquer
atribuição
a
outros
órgãos,
designadamente
os
administrativos.
Neste
contexto,
um
acto
jurisdicional
será
um
acto
praticado
exclusivamente
de
acordo
com
os
critérios
de
juridicidade
(não
de
oportunidade)
com
o
objectivo
de
resolver
uma
questão
controvertida.
O
fim
de
tais
actos
será
sempre
a
obtenção
de
paz
jurídica.
11
• PRINCÍPIO
DA
PROTECÇÃO
JURÍDICA
–
Está
previsto
no
art.
20º
CRP
e
é
densificado
nas
seguintes
manifestações:
direito
de
acesso
ao
Direito;
direito
de
acesso
aos
Tribunais,
direito
à
informação
e
consulta
jurídicas,
direito
ao
patrocínio
judiciário,
direito
a
uma
decisão
jurídica
em
tempo
razoável,
direito
a
um
processo
equitativo.
• PRINCÍPIO
DA
RESERVA
LEGAL
DAS
GARANTIAS
DOS
CONTRIBUINTES
–
As
garantias
dos
contribuintes
estão
sujeitas
ao
princípio
da
reserva
de
lei
formal
e
absoluta.
Isto
significa
que
apenas
poderão
ser
disciplinadas
por
lei
ou
por
decreto-‐lei
autorizado
e
que
não
se
admitem
espaços
discricionários
deixados
à
consideração
do
aplicador
das
normas.
A PRIVATIZAÇÃO DA ACTIVIDADE TRIBUTÁRIA
Muitos
dos
actos
tradicionalmente
perspectivados
como
actos
administrativos
são
hoje
atribuídos
ao
contribuinte
ou
a
outras
entidades
privadas,
podendo
mesmo
falar-‐se
numa
verdadeira
desconsideração
da
vontade
administrativa,
des-‐administrativização
ou
privatização
da
relação
jurídica
tributária.
Neste
sentido
podem
considerar-‐se
alguns
exemplos:
• No
âmbito
do
IRC,
a
liquidação
pode
ser
efectuada
quer
pela
DGI,
quer
pelo
próprio
contribuinte
(auto-‐liquidação)
–
art.
89º
CIRC;
• No
âmbito
do
IRS,
apesar
de
o
imposto
ser
liquidado
pela
AT,
a
liquidação
é
feita
com
base
nos
elementos
declarados
pelos
contribuintes
–
arts.
75º
e
57º
CIRS;
• A
cobrança
do
IRS
e
do
IRC
é
frequentemente
efectuada
por
parte
de
entidades
privadas
através
da
retenção
da
fonte
–
99º
CIRS
e
94º
CIRC;
• No
âmbito
do
IMI
a
primeira
avaliação
de
um
prédio
urbano
cabe
ao
chefe
de
finanças
com
base
na
declaração
apresentada
pelos
sujeitos
passivos
–
art.
37º
CIMI.
Todos
estes
casos
são
exemplos
de
obrigações
tributárias
(ainda
que
acessórias),
que
estão
colocadas
nas
mãos
de
entidades
privadas.
O
procedimento
tributário
depende
cada
vez
mais
das
iniciativas
e
actuações
dos
contribuintes,
actuações
estas
que
se
presumem
sempre
verdadeiras
e
de
boa
fé
(art.
59º
n.
2
e
75º
n.
1
LGT),
pelo
que
se
reconhece
ao
contribuinte
o
direito
a
ser
tributado
de
acordo
com
os
dados
que
ele
forneceu
e
não
através
de
outros
indicadores,
indícios
ou
presunções.
12
Assim
sendo,
a
relação
jurídica
tributária
deve
ser
perspectivada
como
uma
relação
complexa.
De
um
ponto
de
vista
subjectivo,
não
se
reduz
ao
binómio
clássico
“sujeito
activo
/
sujeito
passivo”,
pois
convoca
uma
série
de
outros
actores
que
nela
participam.
De
uma
perspectiva
objectiva,
não
se
circunscreve
à
obrigação
principal
de
pagamento,
abrangendo
outros
vínculos,
de
natureza
pecuniária
ou
não
(juros,
apresentação
de
declarações,
emissão
de
recibos,
etc.).
O SISTEMA PORTUGUÊS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ADJECTIVO
EVOLUÇÃO E ANTECEDENTES PRÓXIMOS
Sob
o
ponto
de
vista
temporal
é
possível
individualizar
duas
grandes
fases
do
sistema
de
fontes:
• Primeira
Fase
–
caracterizada
pela
dispersão
das
disposições
normativas
e
que
durou
até
à
entrada
em
vigor
do
Código
de
Processo
das
Contribuições
e
Impostos,
em
1963
• Segunda
Fase
–
caracterizada
pela
codificação
ou,
pelo
menos,
pela
tentativa
de
unificação
e
codificação
Nos
anos
’80,
o
Código
de
Processo
Tributário
(CPT),
procurou
actualizar
o
CPCI,
no
entanto
era
criticado
por
reunir
matéria
de
processo
e
matérias
substantivas,
além
de
excluir
o
procedimento.
Com
a
aprovação
da
LGT,
em
1998,
procurou-‐se
concentrar
e
clarificar
as
regras
fundamentais
do
sistema
fiscal.
No
entanto,
falhou
nas
suas
pretensões
unificadoras
e
clarificadoras,
pois
não
continha
uma
disciplina
exaustiva
das
matérias
de
direito
tributário
adjectivo.
Procurou-‐se
resolver
estes
problemas
com
a
entrada
em
vigor
do
Regime
Complementar
do
Procedimento
de
Inspecção
Tributária
e
do
Código
de
Procedimento
e
Processo
Tributário
(CPPT),
actualmente
em
vigor.
O
CPPT
procurou
acentuar
principalmente
as
vertentes
da
celeridade
e
simplicidade
das
actuações
administrativas
e
jurisdicionais
tributárias.
No
plano
da
organização
judiciária
foi
aprovado
o
novo
ETAF
e
o
CPTA.
FONTES NORMATIVAS
Fontes
normativas
são
entendidas
neste
contexto
como
forma
exteriorizada
de
revelação
de
normas
jurídicas.
• FONTES
FORMAL
E
MATERIALMENTE
PROCEDIMENTAIS
E
PROCESSUAIS
–
diplomas
normativos
que,
além
de
serem
formalmente
“adjectivos”,
contêm
normas
relativas
a
matérias
de
igual
natureza.
Serve
de
exemplo
o
CPPT
ou
o
RCPIT.
13
• FONTES
MATERIALMENTE
PROCEDIMENTAIS
E
PROCESSUAIS
–
São
fontes
que
integram
normas
respeitantes
a
matérias
adjectivas,
mas
dispersas
por
vários
diplomas
substantivos.
Serve
de
exemplo,
a
CRP,
a
LGT,
CIRS,
etc.
INTERPRETAÇÃO
É
frequente
que
o
legislador
não
utilize
o
vocábulo
correcto
e
diga
mais
ou
diga
menos
do
que
aquilo
que
na
realidade
lhe
passa
no
espírito.
Neste
contexto
assume
especial
importância
o
desempenho
do
intérprete.
Aqui,
como
noutros
domínios,
interpretar
significa
fixar
o
sentido
da
norma
jurídica,
para
que
se
adopte
a
decisão
jurídica
correcta,
e
é,
também
ela,
uma
tarefa
complexa,
pouco
linear,
com
regras
e
métodos.
Frequentemente
o
legislador
utiliza
conceitos
polissémicos
e
indeterminados,
cujo
significado
carece
de
densificação,
sob
pena
de
se
tornarem
fonte
de
instabilidade
aplicativa
ou
mesmo
inaplicáveis.
Isto
é,
carecem
de
interpretação.
Os
critérios
utilizados
na
interpretação
das
normas
jurídicas
deverão
revestir
natureza
objectiva
(não
estar
dependentes
do
destinatário
da
norma)
e
ser
fixados
pelo
legislador
–
art.
9º
CCiv.
Neste
contexto
assume
especial
relevância
o
principio
da
verdade
material,
que
deve
nortear
toda
a
tarefa
interpretativa,
assumindo-‐se
como
uma
referência
de
todas
as
conclusões
do
intérprete.
É
preciso
também
ter
em
conta
que
da
interpretação
não
pode
resultar
uma
produção
legiferante.
O
intérprete
não
cria.
Por
último,
o
problema
da
interpretação
coloca-‐se
também
nas
situações
em
que
o
legislador
“reenvia”
as
suas
formulações
para
conceitos
provindos
de
outras
sedes
(Direito
Civil,
Comercial,
etc.).
INTEGRAÇÃO
Quando
existe
ausência
normativa
e
se
entende
que
a
matéria
em
causa
deve
ser
objecto
de
disciplina
normativa
não
o
tendo
sido
por
manifesto
lapso
legislativo,
diz-‐se
que
existe
uma
lacuna
e
reconhece-‐se
a
necessidade
do
seu
preenchimento,
fala-‐se,
a
este
propósito,
de
integração.
A
principal
diferença
entre
a
tarefa
interpretativa
e
integrativa
é
que,
no
primeiro
caso,
ainda
há
uma
norma,
enquanto
no
segundo
caso
tal
não
acontece.
De
acordo
com
o
art.
2º
CPPT,
em
caso
de
lacunas,
aplica-‐se
sucessivamente:
• As
normas
procedimentais
e
processuais
de
outros
códigos
e
leis
tributárias
(LGT,
CIRS,
CIRC,
CIVA,
etc.);
14
• As
normas
sobre
organização
e
funcionamento
da
AT
(Lei
orgânica
do
Ministério
das
Finanças);
• As
normas
sobre
organização
e
processo
dos
tribunais
administrativos
e
tributários
(ETAF,
CPTA);
• O
Código
de
Procedimento
Administrativo
(CPA);
• O
Código
de
Processo
Civil
(CPiv).
Importa
ainda
referir
que,
uma
vez
que
as
matérias
relativas
ao
procedimento
e
processo
tributário
estão
abrangidas
pelo
princípio
da
reserva
de
lei
(art.
8º
n.
2
al.
e
LGT),
é
excluído
o
recurso
à
analogia
como
forma
de
integração
de
lacunas
–
art.
11º
n.
4
LGT.
No
entanto,
no
caso
de
as
normas
acima
referidas
não
serem
suficientes,
é
legitimo
recorrer
à
equidade
ou
aos
princípios
gerais
de
Direito
para
integração
da
situação
lacunosa.
15
O PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO
NOÇÃO DE PROCEDIMENTO
Conjunto
de
actos
ordenados
sequencialmente,
ditados
por
lei,
que
vão
culminar
numa
decisão
administrativa
tributária.
Esses
actos
podem
ser
praticados
pela
AT
ou
pelos
contribuintes,
sendo
que
têm
natureza
eminentemente
administrativa.
Procedimento
tributário
identifica-‐se
como
o
conjunto
de
actos,
provenientes
de
actores
jurídico-‐
tributários
distintos,
relativamente
autónomos
e
organizados
sequencialmente,
direccionados
à
produção
de
um
determinado
resultado,
do
qual
são
instrumentais.
• CONJUNTO
DE
ACTOS
–
o
procedimento
é
constituído
por
uma
pluralidade
de
actos,
é
um
complexo
de
actos.
Assim,
não
se
deve
confundir
o
acto
final
de
uma
cadeia
procedimental
(o
acto
tributário),
com
o
procedimento
propriamente
dito.
• PROVENIENTES
DE
ACTORES
JURÍDICO-‐TRIBUTÁRIOS
DISTINTOS
–
tais
actos
não
deverão
ser
todos
praticados
pela
mesma
entidade,
podendo
os
actos
procedimentais
ser
praticados
por
entidades
administrativas
ou
privadas
(os
próprios
contribuintes,
por
exemplo).
Para
que
um
determinado
sujeito
administrativo-‐tributário
possa
praticar
um
acto
válida
e
eficazmente
necessita
de
ser
competente
para
tal
(a
competência
surge
aqui
como
a
medida
de
poder
decisório
de
que
um
dado
sujeito
é
titular).
• RELATIVAMENTE
AUTÓNOMOS
–
os
actos
que
compõem
a
cadeia
procedimental
devem
possuir
autonomia
relativa,
isto
é,
ser
independentes
uns
dos
outros,
embora
interligados.
Isto
justifica-‐se
visto
cada
um
deles
ter
uma
função
diferente
no
procedimento,
sob
pena
de
se
praticarem
actos
inúteis
ou
dilatórios.
• ORGANIZADOS
SEQUENCIALMENTE
–
os
actos
procedimentais
devem
estar
submetidos
a
uma
ordem
e
encontrar-‐se
apresentados
de
forma
pré-‐determinada
ou
sequenciada,
não
sendo
indiferente
praticar
primeiro
um
outro.
A
sequencia
procedimental
pode
ter
como
fonte
uma
acto
normativo
(lei),
ou
a
vontade
do
órgão
decisor,
sendo
a
regra
o
primeiro
caso.
Pode,
também,
ter
carácter
imperativo
(o
que
é
a
regra),
como
meramente
indicativo.
• DIRECCIONADOS
À
PRODUÇÃO
DE
UM
DETERMINADO
RESULTADO,
DO
QUAL
SÃO
INSTRUMENTAIS
–
em
principio,
os
actos
do
procedimento
estão
orientados
para
a
produção
de
uma
decisão
administrativa
(acto,
regulamento,
contrato).
Os
actos
do
procedimento
não
produzem
por
si
mesmos
efeitos
administrativos,
mas
meros
efeitos
sequenciais,
pelo
que,
em
regra,
não
são
autonomamente
atacados.
16
AS FASES DO PROCEDIMENTO EM GERAL
FASE DA INICIATIVA
Esta
é
a
fase
em
que
o
órgão
administrativo-‐tributário
formará
a
sua
vontade.
Em
princípio,
devemos
estar
perante
um
órgão
competente
e
que
manifesta
uma
vontade
livre,
esclarecida
e
ponderada.
Se
isto
não
se
verificar,
o
acto
padece
de
um
vício
e
poderá
ser
anulado.
Note-‐se
que
apesar
de
o
procedimento
estar
subordinado
a
um
princípio
geral
de
obrigatoriedade
de
decisão
(art.
56º
n.
1
LGT),
há
casos
em
que
ela
pode
ser
dispensada
(art.
56º
n.
2
e
78º
LGT).
Além
deste,
existe
igualmente
um
princípio
de
obrigatoriedade
de
fundamentação,
art.
77º
n.
1
LGT.
É
também
de
registar
que
dever
de
decisão
não
se
confunde
com
dever
de
pronúncia
(mais
abrangente).
• DECISÃO
EXPRESSA
A
decisão
expressa
resulta
da
manifestação
de
vontade
administrativa
concludente
e
inequívoca
num
dado
sentido.
No
âmbito
dos
procedimentos
petitórios
ou
impugnatórios,
a
decisão
pode
ser
positiva
ou
negativa,
falando-‐se
em
deferimento
ou
indeferimento.
O
indeferimento
expresso
é
um
acto
negativo,
que
manifesta
um
não
querer
do
órgão
administrativo.
Estes
acto
têm
especial
importância
prática
pois
é
em
relação
a
eles
que,
em
regra,
os
interessados
pretendem
reagir.
Assim,
todo
o
indeferimento
expresso
deve
estar
devidamente
fundamentado
e
ser
susceptível
de
impugnação
(em
respeito
pelo
princípio
do
acesso
ao
Direito
e
à
Justiça
Administrativa).
• DECISÃO
TÁCITA
Esta
decisão
resulta
de
um
comportamento
indiciador
da
AT.
Na
maioria
das
vezes
resulta
do
silêncio
da
Administração,
art.
57º
n.
1
e
5
LGT,
art.
106º
CPPT.
A
regra
no
âmbito
dos
procedimentos
petitórios
é
o
indeferimento
tácito.
O
incumprimento
do
prazo
para
decidir
pela
AT,
contado
a
partir
da
entrada
da
petição
do
contribuinte
no
serviço
competente,
faz
presumir
o
seu
indeferimento
para
efeitos
de
recurso
hierárquico,
recurso
contencioso
ou
impugnação
judicial.
Contudo,
também
existem
casos
de
deferimento
tácito,
que
apenas
serão
de
admitir
quando
a
lei
expressamente
os
prever.
Disto
é
exemplo
o
procedimento
de
ilisão
de
presunções
(art.
64º
CPPT
e
73º
LGT).
19
FASE INTEGRATIVA DE EFICÁCIA
Após
proferida,
a
decisão
não
está
ainda,
por
si
só,
apta
a
produzir
efeitos.
O
procedimento
não
está
concluído.
A
decisão
da
AT
já
existe
e
é
válida,
contudo
não
é
ainda
eficaz
porque
não
está
apta
a
desencadear
os
seus
efeitos
jurídicos
de
uma
forma
completa,
faltando
alguns
actos
que
a
introduzam
no
tráfico
jurídico
–
actos
integrativos
de
eficácia.
Estes
actos
são
a
NOTIFICAÇÃO
e
a
CITAÇÃO,
arts.
36º
CPPT
e
77º
n.
6
LGT.
Para
ser
válida
a
notificação
deve
preencher
requisitos
materiais
(devendo
conter
a
decisão,
a
fundamentação
da
decisão
e
meios
de
defesa,
art.
36º
CPPT),
e
requisitos
formais
(a
notificação
deve
ser
pessoal
–
em
viva
voz
/
presencial
–
ou
postal
–
via
postal
simples,
carta
registada,
carta
registada
com
aviso
de
recepção,
art.
38º
n.
1
CPPT).
Note-‐se
que
a
falta
de
fundamentação
gera
uma
ilegalidade,
art.
99º
CPPT.
FASE DE AUDIÊNCIA DOS INTERESSADOS (fase eventual)
A
este
propósito
interessa
referir
o
estipulado
no
art.
103º
n.
2
CRP,
que
diz
que
as
garantias
dos
contribuintes
são
determinadas
por
lei
e
que
a
liquidação
e
a
cobrança
se
devem
fazer
nas
formas
previstas
na
lei.
O
art.
8º
LGT
complementa
estes
interesses.
PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL
Na
maioria
das
vezes
a
verdade
material
está
nas
mãos
do
contribuinte
e
por
isso
a
sua
participação
é
essencial
para
o
seu
apuramento.
Assim,
de
acordo
com
o
art.
59º
LGT,
os
órgãos
da
AT
e
os
contribuintes
estão
sujeitos
a
um
dever
de
colaboração
recíprocos,
presumindo-‐se
sempre
de
boa
fé
as
suas
actuações.
21
O
princípio
da
cooperação
consubstancia-‐se
no
dever
de
cooperação,
nomeadamente
a
nível
das
obrigações
acessórias
(por
exemplo,
entregar
declarações
de
rendimentos,
manter
contabilidade
organizada,
etc.),
art.
31º
n.
2
LGT.
É
através
desta
cooperação
que
a
AT
irá
conseguir
chegar
à
verdade
material,
por
isso
este
é
um
sub-‐
princípio
do
princípio
da
verdade
material.
É
de
ressalvar
que
esta
cooperação
é
um
verdadeiro
dever
e
não
uma
mera
faculdade
na
disponibilidade
do
sujeito
passivo.
Quando
se
violem
os
deveres
de
cooperação,
a
AT
pode:
• Aplicar
métodos
indirectos
de
avaliação,
mediante
tributação
através
de
indícios
ou
presunções
–
arts.
87º
al.
b),
88º,
89º
e
89º-‐A
LGT.
• Revogar
benefícios
fiscais
–
14º
n.
2
LGT
e
14º
n.
2
e
4
EBF.
• Aplicar
um
agravamento
à
colecta
–
art.
77º
CPPT
e
91º
n.
9
LGT.
Contudo,
o
princípio
da
verdade
material,
em
Direito
Tributário,
não
é
absoluto,
pois
admite
certos
desvios
–
art.
57º
n.
4
LGT.
Por
vezes,
a
AT
realiza
a
liquidação
com
base
não
num
juízo
de
certeza,
mas
sim
num
juízo
de
verosimilhança
ou
verdade
material
aproximada.
Este
é
o
caso
da
fixação
de
matéria
tributável
recorrendo
a
índices
ou
presunções,
pela
avaliação
indirecta
–
art.
83º
n.
2
e
87º
e
ss.
LGT.
Assim,
o
sujeito
passivo
será
tributado
não
com
base
na
sua
riqueza
efectiva,
mas
tendo
em
conta
um
valor
aproximado.
Mas,
mesmo
neste
quadro,
o
contribuinte
não
fica
inexoravelmente
adstrito
ao
resultado
da
avaliação
indirecta
pois,
de
acordo
com
o
art.
73º
LGT,
as
presunções
consagradas
nas
normas
de
incidência
tributária
admitem
sempre
prova
em
contrário.
PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO DE FORMA
A
propósito
dos
actos
procedimentais
há,
entre
outros,
dois
interesses
juridicamente
relevantes
que
são
conflituantes.
Por
um
lado,
aparece
o
valor
da
celeridade
e
dinâmica
procedimental,
por
outro
lado,
o
valor
da
segurança
jurídica.
No
âmbito
das
opções
de
fundo
do
legislador,
o
valor
da
segurança
jurídica
assume
preponderância
o
que
se
traduz,
neste
caso,
na
consagração
de
um
princípio
geral
de
vinculação
de
forma.
Assim
sendo,
os
actos
do
procedimento
devem
seguir
a
forma
escrita
–
art.
54º
n.
3
LGT.
22
Contudo,
em
alguns
casos
específicos,
a
celeridade
impõe-‐se
e
é
autorizada
a
prática
oral
de
actos
procedimentais,
como
por
exemplo:
• Exercício
do
direito
de
audição
–
art.
60º
n.
6
LGT
e
45º
n.
2
e
3
CPPT
• Apresentação
de
reclamação
graciosa
–
art.
70º
n.
6
CPPT
PRINCÍPIO DA CELERIDADE
As
vicissitudes
do
tráfico
jurídico
e
o
princípio
do
acesso
ao
Direito
obrigam
que
as
questões
jurídicas
sejam
resolvidas
em
tempo
útil.
Entende-‐se
aqui
que
o
Direito
que
tarda
não
é
Direito,
pois
não
tem
utilidade.
Assim
sendo,
o
procedimento
está
adstrito
a
um
princípio
de
celeridade,
que
se
traduz
na
exigência
geral
de
que
seja
concluído
num
prazo
razoável.
Aqui
é
preciso
ter
em
conta:
• A
simplicidade
e
economia
procedimental,
através
de
actuações
desburocratizadas
e
da
proibição
da
prática
de
actos
inúteis
ou
dilatórios
–
arts.
57º
n.
1
LGT,
69º
al.
a)
e
b)
CPPT
e
53º
n.
1
CPPT
• A
rapidez
de
actuações,
mediante
estabelecimento
de
um
prazo
de
duração
máxima
do
procedimento
(4
meses
–
art.
57º
LGT)
e
de
um
prazo
máximo
para
prática
de
actos
procedimentais
(10
dias
–
art.
67º
n.
2
CPPT)
No
caso
dos
procedimentos
petitórios,
se
não
for
concluído
no
prazo
de
4
meses,
presume-‐se
o
indeferimento
tácito
da
pretensão
e
o
interessado
pode
considerar
que,
a
partir
daí,
existe
um
acto
susceptível
de
impugnação
(graciosa
ou
jurisdicional),
art.
57º
n.
5
LGT
e
63º
n.
3
CPPT.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDE OU PROIBIÇÃO DO EXCESSO
Como
já
foi
referido,
o
principal
objectivo
das
actuações
procedimentais
tributárias
é
a
descoberta
da
verdade
material.
Questão
diversa
é
saber
se,
na
prossecução
desse
objectivo,
as
actuações
estão
ou
não
na
disponibilidade
da
vontade
dos
actores
procedimentais.
De
acordo
com
o
princípio
da
disponibilidade,
as
partes
dispõem
do
andamento
do
procedimento.
Já
pelo
princípio
do
inquisitório,
o
procedimento
está
sujeito
à
vontade
do
órgão
decisor.
Se
estivermos
a
falar
dos
contribuintes,
vale
o
princípio
da
disponibilidade,
o
que
significa
que
aqueles
apenas
actuarão
no
procedimento
(apresentando
documentos,
petições,
elementos
de
prova,
etc.),
se
assim
o
entenderem.
Assim
sendo,
o
rumo
do
procedimento
está
nas
mãos
dos
contribuintes
pois,
ao
contrario
da
AT,
não
estão
obrigados
a
prosseguir
o
interesse
público.
As
principais
consequências
serão:
• A
nível
da
iniciativa:
muitos
procedimentos
só
se
iniciam
se
existir
impulso
voluntário
da
parte
dos
interessados
–
arts.
57º,
65º
68º
CPPT;
• A
nível
da
fixação
do
objecto
do
procedimento:
em
muitos
casos
o
mérito
da
questão
administrativa
a
decidir
é
fixado
a
partir
das
peças
apresentadas
pelas
partes
interessadas;
• Ao
nível
da
possibilidade
de
por
termo
ao
procedimento:
alguns
procedimentos
podem
terminar
mediante
um
acto
de
vontade
dos
interessados
(por
desistência
ou
acordo)
–
arts.
91º
e
92º
LGT.
Já
se
estivermos
falar
da
AT,
o
art.
58º
LGT
prevê
que
a
ela
deve
realizar
todas
as
diligências
necessárias
à
satisfação
do
interesse
público
e
à
descoberta
da
verdade
material,
não
estando
subordinada
24
à
iniciativa
do
autor
do
pedido.
Dificilmente
se
poderia
aceitar
que
a
marcha
procedimental
pudesse
estar
nas
mãos
de
uma
vontade
não
vinculada.
As
principais
consequências
deste
“dever
de
agir”
são:
• Ao
nível
da
iniciativa:
alguns
procedimentos
são
instaurados
ex
officio,
é
o
caso,
por
exemplo,
do
procedimento
de
fixação
da
matéria
tributável
por
métodos
indirectos
–
arts.
87º
ss.
LGT;
• Ao
nível
da
instrução:
a
AT
não
se
deve
cingir
aos
elementos
apresentados
pelo
interessado,
deve
trazer
para
o
procedimento
todos
os
elementos
que
julgue
relevantes
para
descobrir
a
verdade
material,
mesmo
que
desfavoráveis
aos
seus
interesses
patrimoniais.
• Ao
nível
da
possibilidade
de
por
termo
ao
procedimento:
esta
subtraída
à
disponibilidade
administrativa,
não
sendo
admissível
a
desistência
administrativa
do
procedimento.
• Ao
nível
das
consequências
da
não
actuação:
deve
cominar-‐se
com
invalidade
a
decisão
que
assente
num
procedimento
omissivo,
pois
a
não
actuação
da
AT
quando
está
legalmente
obrigada
a
agir
pode
consubstanciar
uma
violação
do
princípio
da
vinculação
à
verdade
material.
PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO E DO CONTRADITÓRIO
No
procedimento
tributário
vigora
uma
ideia
de
participação
dos
interessados
/
destinatários
dos
actos
nos
procedimentos
que
lhes
digam
respeito.
Esta
ideia
de
participação
procura
assegurar
a
co-‐responsabilização
das
decisões
–
arts.
82º
n.
3
e
92º
n.
1
LGT.
A
participação
do
contribuinte
pode
efectivar-‐se
pelo
exercício:
• Do
contraditório,
através,
por
exemplo,
direito
de
resposta
• Do
Direito
de
Audição.
Ambas
as
formas
são
constituintes
do
princípio
democrático.
O
princípio
da
segurança
e
certeza
jurídica
implica
que
nenhum
destinatário
de
actos
tributários
seja
apanhado
de
surpresa
pelos
seus
efeitos
negativos
/
impositivos.
Assim
sendo,
o
direito
de
audição
apenas
faz
sentido
no
caso
dos
actos
desfavoráveis
–
art.
60º
LGT.
Deste
modo,
a
participação
enquanto
garantia
dos
contribuintes
(que
assume
uma
configuração
negativa),
ao
impedir
que
estes
sejam
lesados
por
actuações
administrativas
em
que
os
órgãos
em
causa,
devendo
pronunciar-‐se
ou
agir,
não
tiveram
qualquer
palavra
a
dizer.
25
Portanto,
o
princípio
do
contraditório
assume-‐se
deste
modo
como
uma
das
mais
importantes
densificações
do
princípio
da
participação
(embora
não
se
confundam).
PRINCÍPIO DA CONFIDENCIALIDADE
26
Deste
modo,
ficam
excluídos
do
dever
de
confidencialidade
e
sigilo
os
dados
que
tenham
natureza
pública,
como
os
que
sejam
livremente
cognoscíveis
por
outras
vias
(registos
civil,
comercial,
predial,
etc.).
A
violação
do
dever
de
sigilo
é
punida
como
crime
e
sujeita
a
pena
de
prisão
ou
multa
(art.
91º
RGIT).
No
entanto,
o
dever
de
sigilo
cessa
nos
termos
do
art.
64º
n.
2
LGT,
nos
casos
de:
• Autorização
do
contribuinte
para
a
revelação
da
sua
situação
tributária;
• Cooperação
legal
da
AT
com
outras
entidades
públicas;
• Assistência
mútua
e
cooperação
da
AT
com
as
AT’s
estrangeiras
(dependente
de
convenção
internacional
a
que
o
Estado
Português
esteja
vinculado);
• Cooperação
com
a
justiça
mediante
solicitações
judiciais,
nos
termos
do
CPCiv
e
CPen.
PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE – Dever de Investigação
A
AT
está
obrigada,
em
todas
as
fases
do
procedimento
tributário,
a
um
dever
geral
de
investigação
decorrente
do
princípio
do
inquisitório.
Assim,
na
fase
da
instrução,
além
da
sujeição
a
este
dever
de
investigação,
está
igualmente
subordinada
a
um
dever
de
imparcialidade
(art.
55º
LGT).
Isto
significa
que:
• O
órgão
decisor
da
AT
não
está
obrigado
a
intervir
no
procedimento
na
qualidade
de
intransigente
defensor
desta,
mas
sim
investido
na
qualidade
de
defensor
do
interesse
público
(na
vertente
da
verdade
material
e
de
justiça
na
tributação);
• Em
termos
procedimentais,
o
órgão
decisor
da
AT
deve
levar
para
o
procedimento
todos
os
elementos
probatórios
necessários
à
descoberta
da
verdade
material,
mesmo
que
sejam
desfavoráveis
aos
seus
interesses
patrimoniais.
Este
dever
de
imparcialidade
revela-‐se
também
na
fase
da
decisão,
onde
deverá
ser
feita
uma
ponderação
igualitária
dos
interesses
em
causa.
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DE PRONÚNCIA OU DE DECISÃO
Sempre
que
uma
determinada
solicitação
é
apresentada
junto
da
AT
é
natural
que
o
interessado
espere
da
parte
dela
uma
resposta
em
tempo
útil.
27
Assim
sendo,
a
AT
está
obrigada
a
pronunciar-‐se
acerca
de
tudo
o
que
lhe
seja
apresentado
pelos
interessados,
nem
que
seja
para
dizer
que
não
aceita
o
peticionado,
mas
não
está
obrigada
a
decidir
–
arts.
55º
e
56º
LGT
e
52º
CRP.
Para
que
a
AT
tenha
dever
de
decisão
é
necessário
que
estejam
preenchidos
três
requisitos:
• Quem
peticiona
deve
ter
legitimidade
para
tal;
• O
órgão
decisor
deve
ser
o
competente;
• Tempestividade
do
pedido
(os
pedidos
fora
de
prazo
não
procedem).
Quando
estes
requisitos
não
se
verificam
a
AT
não
tem
dever
de
decisão,
mas
mero
dever
de
pronúncia
(nomeadamente
para
indicar
o
órgão
competente
ou
a
forma
adequada).
A
AT
também
não
tem
dever
de
decisão
se
se
tiver
pronunciado
há
menos
de
dois
anos
sobre
pedido
do
mesmo
autor
com
idêntico
objecto
e
fundamento
(art.
56º
n.
2
LGT).
Desta
forma,
dever
de
pronúncia
(ou
de
resposta)
e
dever
de
decisão
não
se
confundem
Neste
âmbito,
se
houver
violação
do
dever
de
pronúncia
por
parte
da
AT
o
interessado
poderá
lançar
mão
de
um
procedimento
judicial
de
intimação
para
um
comportamento
–
art.
147º
CPPT.
Por
outro
lado,
se
houver
violação
do
dever
de
decidir
vale
a
presunção
de
indeferimento
tácito.
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO
A
fundamentação
constitui
um
verdadeiro
princípio
que
preside
a
todo
o
procedimento
e
que
ganha
maior
relevo
na
fase
da
decisão
–
arts.
268º
n.
3
CRP
e
77º
n.
1
LGT.
Neste
âmbito
cria-‐se
o
problema
de
saber
quais
as
decisões
sujeitas
a
fundamentação,
se
apenas
as
impositivas
que
afectem
direitos
ou
interesses
legalmente
protegidos,
como
prevê
a
CRP;
se
também
os
actos
favoráveis,
como
o
reconhecimento
de
um
benefício
fiscal,
no
seguimento
do
art.
77º
LGT.
Neste
caso,
o
regime
mais
garantístico
previsto
na
LGT
deverá
sobrepor-‐se
ao
regime
constitucionalmente
previsto.
O
objectivo
é
que
qualquer
acto/decisão
(desfavorável
ou
não)
esteja
devidamente
fundamentada,
de
modo
a
que
a
instância
de
controlo
(superior
hierárquico,
tribunal)
possa,
com
toda
a
amplitude,
percorrer
o
itinerário
decisório
do
agente
que
emanou
o
acto
e
pronunciar-‐se
sobre
a
sua
conformidade
jurídica,
ou
não.
“A fundamentação é uma garantia do direito ao recurso”.
28
Note-‐se
que
o
grau
de
exigência
da
fundamentação
não
é
idêntico
para
todos
os
actos.
Ele
será
menor
nos
casos
em
que
a
AT
emana
um
acto
que
se
baseia
nos
dados
apresentados
pelos
contribuintes
e
será
maior
à
medida
que
a
AT
se
afasta
de
tais
dados
ou
elementos
(por
exemplo,
na
aplicação
de
métodos
indirectos)
–
arts.
77º
n.
3
e
4
LGT
e
92º
n.
7
LGT.
A
fundamentação
abrange
quer
o
DEVER
DE
MOTIVAÇÃO
(exposição
das
razões
ou
motivos
justificativos
da
decisão,
sobretudo
quando
existirem
espaços
discricionários),
quer
o
DEVER
DE
JUSTIFICAÇÃO
(referência
ordenada
aos
pressupostos
de
facto
e
de
direito
que
suportam
a
decisão)
e
deve
ser
feita
de
forma:
• OFICIOSA
–
não
está
dependente
de
pedido
do
interessado,
constitui
um
dever
de
agir
da
AT;
• COMPLETA
–
a
AT
deve
indicar
todos
os
elementos
necessários
à
tomada
de
decisão,
isto
é,
à
reconstituição
do
iter
decisório;
• CLARA
–
deve
ser
elaborada
em
termos
perceptíveis
por
um
normal
destinatário,
evitando
ser
formulada
com
apelo
a
demasiados
conceitos
ou
expressões
técnicas
e
não
deve
conter
obscuridades,
ambiguidades
ou
contradições,
deve
ser
acessível;
• ACTUAL
–
deve
ser
totalmente
efectuada
no
momento
da
notificação
e
não
posteriormente;
• EXPRESSA
–
não
pode
ser
feita
por
remissão,
isto
é,
por
referência
a
outros
diplomas
legais,
como
prevê
a
CRP
no
art.
263º.
Contudo,
a
LGT
no
art.
77º
n.
1
admite
a
fundamentação
por
remissão.
Nesta
situação,
há
uma
interpretação
hábil
da
CRP
pelo
STA,
que
por
uma
questão
de
economia
procedimental
admite
a
remissão
na
fundamentação.
A
falta
destes
requisitos
bem
como
a
falta
da
própria
fundamentação
constitui
ilegalidade
susceptível
de
conduzir
à
anulação
do
acto
em
causa,
mediante
meios
graciosos
ou
contenciosos
–
art.
99º
al.
c)
CPPT.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ACTOS
Este
princípio
está
intimamente
relacionado
com
a
fase
integrativa
de
eficácia,
portanto,
a
fase
em
que
o
acto
conclusivo
do
procedimento
já
tem
existência
jurídica,
mas
ainda
não
está
apto
a
produzir
todos
os
seus
efeitos,
apenas
o
podendo
fazer
quando
esta
última
fase
estiver
concluída.
De
modo
geral,
este
princípio
significa
que
todos
os
actos
administrativos
e
tributários
devem
ser
publicitados,
pelo
que
nenhuma
decisão
do
procedimento
poderá
produzir
efeitos
sem
que
os
seu
destinatário
tenha,
ou
possa
ter,
dela
conhecimento.
29
O
acto
de
publicidade
pode
consistir
quer
num
acto
geral
(publicação
em
Diário
da
República,
bases
de
dados,
etc.),
quer
num
acto
individual
e
concreto
(notificação
e
citação.
)
Quanto
à
publicidade
mediante
publicação,
neste
caso
os
destinatários
do
procedimento
não
estão
individualizados.
No
âmbito
do
procedimento
tributário,
embora
seja
raro
um
procedimento
cujo
acto
final
não
seja
um
acto
administrativo
individual
e
concreto,
há
o
caso
do
procedimento
de
orientações
genéricas
que
termina
com
a
emanação
de
uma
circular
administrativa
(art.
55º
e
56º
CPPT
e
68º
n.
17
LGT).
Na
publicidade
mediante
notificação
a
publicidade
é
efectivada
através
da
comunicação
individual
de
um
acto
ao
seu
interessado,
podendo
esta
revestir
a
forma
de
notificação
ou
citação.
Contudo,
no
âmbito
do
procedimento
tributário
apenas
as
notificações
tem
relevância,
pois
as
citações
apenas
relevam
no
âmbito
do
processo
(art.
35º
n.
2
e
188º
CPPT).
A
notificação
é
o
acto
pelo
qual
se
leva
um
facto
ao
conhecimento
de
uma
pessoa
e
poderá
revestir
a
forma
de
notificação
pessoal
ou
notificação
não
pessoal,
consoante
seja
ou
não
feita
de
“viva
voz”
na
própria
pessoa
do
notificando.
A
notificação
não
pessoal,
por
sua
vez,
poderá
ser
feita
por
meio
de
éditos
ou
por
via
postal.
À
notificação
atribui-‐se
um
efeito
meramente
declarativo,
isto
é,
o
acto
tributário
já
existe,
limitando-‐se
a
notificação
a
declarar
a
sua
existência
e
a
torná-‐lo
apto
a
produzir
efeitos
jurídicos,
pelo
que
estamos
perante
uma
condição
de
eficácia
–
arts.
36º
n.
1
CPPT
e
77º
n.
6
LGT.
Note-‐se
em
matéria
tributária
a
maioria
das
notificações
assume
forma
postal.
Para
que
as
notificações
sejam
válidas
devem
respeitar
requisitos
formais
(art.
38º
e
39º
CPPT)
e
requisitos
materiais
ou
substanciais
(art.
36º
n.
2
CPPT).
Na
falta
ou
vício
dos
requisitos
referidos
o
interessado
pode
requerer
a
notificação
dos
elementos
que
tenham
sido
omitidos
–
art.
37º
CPPT.
A
ausência
de
notificação
ou
a
notificação
mal
efectuada
terá
como
consequência
a
ineficácia
do
acto
em
causa
e
não
a
sua
invalidade.
30
PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE DECISÃO
Os
particulares
apenas
terão
uma
protecção
suficiente
e
justa
se
lhes
for
dada
a
possibilidade
de
acesso
aos
tribunais
com
o
intuito
de
sindicar
as
decisões
administrativas.
Contudo,
podem
procurar
essa
sindicância
igualmente
ao
nível
administrativo,
através
das
figuras
da
reclamação
e
do
recurso.
Ora,
ao
nível
da
sindicância
administrativa
dos
actos
da
própria
AT
vigora
uma
importante
limitação:
a
mesma
pretensão
do
contribuinte
não
pode
ser
apreciada
por
mais
de
dois
órgãos
integrando
a
mesma
cadeia
hierárquica
–
art.
47º
CPPT.
Trata-‐se
do
princípio
do
duplo
grau
de
decisão,
o
que
significa
que:
• Apenas
se
poderá
recorrer
administrativamente
uma
vez;
• Após
uma
segunda
decisão
administrativa
desfavorável,
o
acto
tributário
considera-‐se
verticalmente
definitivo
e
está
aberta
a
porta
para
o
controlo
jurisdicional.
Este
princípio
tem
o
seu
âmbito
de
aplicação
no
quadro
dos
procedimentos
petitórios
(anulação
ou
revogação
de
um
acto,
reconhecimento
de
benefícios
fiscais,
etc.)
e
nos
casos
em
que
o
particular,
no
seguimento
de
uma
decisão
desfavorável
e
antes
de
recorrer
ao
tribunal,
procura
uma
“segunda
opinião”
dentro
da
AT,
quer
essa
segunda
opinião
seja
obrigatória
(recurso
obrigatório:
ver
art.
86º
n.
5
LGT
e
117º
CPPT)
quer
não
o
seja
(recurso
facultativo:
ver
art.
67º
n.
1
e
76º
n.
1
CPPT).
Como
forma
de
efectivar
este
duplo
grau,
estabelece
a
regra
do
art.
66º
n.
2
CPP
que
o
pedido
de
reapreciação
da
decisão
deve,
salvo
lei
especial,
ser
dirigido
ao
dirigente
máximo
do
serviço
ou
a
quem
ele
tiver
delegado
essa
competência
(ver
também
art.
47º
n.
2
CPPT).
31
OS ACTORES DO PROCEDIMENTO
PRESSUPOSTOS PROCEDIMENTAIS
32
A
legitimidade
tem
de
ser
apreciada
a
partir
da
utilidade
ou
prejuízo
que
da
(im)procedência
do
meio
utilizado
possa
advir
face
aos
termos
em
que
o
autor
configura
o
meio
invocado.
Assim
sendo,
a
legitimidade
assume
sempre
um
papel
instrumental
ou
acessório
em
face
de
um
procedimento
que
irá
culminar
numa
decisão
de
fundo
proferida
pelo
órgão
competente.
De
um
ponto
de
vista
conceitual,
legitimidade
significa
a
especifica
situação
material
em
que
se
encontra
um
sujeito
em
relação
ao
objecto
de
um
determinado
procedimento.
É,
portanto,
através
da
legitimidade
que
é
possível
averiguar
de
forma
inequívoca
quem
são
os
sujeitos
da
relação
de
Direito
material.
No
entanto,
é
de
ressalvar
que,
muito
frequentemente,
só
com
o
encerramento
do
procedimento
é
que
se
ficará
a
saber
se
determinado
sujeito
é
ou
não
titular
da
posição
jurídica
que
reclama.
Deste
modo
é
possível
concluir
que:
• A
legitimidade
não
é
um
pressuposto
–
a
sua
falta
não
implica
necessariamente
um
valor
jurídico
negativo
para
o
procedimento
(nem
os
actos
nem
o
procedimento
são
inválidos,
são
apenas
ineficazes
em
relação
aqueles
sujeitos);
• A
legitimidade
não
é
um
requisito
do
conceito
de
parte
–
uma
vez
que
se
pode
ser
parte
no
procedimento
sem
se
estar
legitimado
para
tal,
existindo
apenas
uma
aparência
de
titularidade;
• A
legitimidade
assume
a
natureza
de
elemento
de
eficácia
da
pretensão
e
não
de
validade.
AS ENTIDADES COM LEGITIMIDADE PROCEDIMENTAL TRIBUTÁRIA
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
A
AT
deve
ser
considerada
como
um
actor
procedimental
isento
que
aplica
o
Direito
e
prossegue
o
interesse
publico
na
sua
vertente
de
justiça
e
verdade
material
–
art.
1º
LGT.
Tal
como
em
qualquer
outro
domínio,
também
no
âmbito
do
procedimento
tributário
a
actuação
jurídica
administrativa
não
é
uma
actuação
livre,
mas
sim
uma
actuação
vinculada,
devendo-‐se
sujeitar
a:
• CRP
–
em
obediência
ao
princípio
da
constitucionalidade
da
actuação
administrativa,
que
estabelece
parâmetros
materiais
conformadores
da
conduta
dos
agentes,
bem
como
regras
da
sua
competência
–
art.
271º
n.
3
CRP;
• LEI
–
englobando
qualquer
acto
normativo
de
conteúdo
geral
e
abstracto
(lei,
decreto-‐lei).
33
Do
ponto
de
vista
da
COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA,
pode-‐se
dizer
que
a
AT
necessita
de
competência
para
poder
agir.
Entende-‐se
por
competência
o
conjunto
ou
complexo
de
poderes
funcionais
legalmente
afectos
a
um
determinado
órgão
administrativo
para
este
prosseguir
funções
que
lhe
estão
juridicamente
atribuídas.
Trata-‐se
aqui,
portanto,
da
parcela
de
poder
decisório
que
um
determinado
órgão
possui
em
matéria
tributária.
Em
princípio,
a
competência
do
órgão
da
AT
(fixada
por
lei)
determina-‐se
no
momento
do
início
do
procedimento,
sendo
irrelevantes
as
alterações
posteriores
–
art.
10º
n.
5
CPPT
e
art.
5º
n.
1
ETAF.
Quanto
à
ATRIBUIÇÃO
DE
COMPETÊNCIA,
existem
certos
critérios
em
função
dos
quais
a
competência
pode
ser
atribuída.
• A
COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA
EM
RAZÃO
DA
MATÉRIA
O
art.
10º
CPPT
estabelece
que
a
AT
exerce
a
sua
competência
em
matéria
de
tributos,
podendo-‐se
apontar
alguns
núcleos
relevantes
de
actuação,
sendo
de
destacar
as
competências
para:
• Liquidar
e
cobrar
tributos
–
art.
78º
ss.
CPPT;
• Proceder
a
revisão
oficiosa
dos
actos
tributários
–
art.
78º
LGT;
• Decidir
petições
e
reclamações
–
art.
68º
ss.
CPPT;
• Pronunciar-‐se
sobre
recursos
hierárquicos
–
art.
66º
e
67º
CPPT;
• Reconhecer
isenções
e
benefícios
fiscais
–
art.
65º
CPPT;
• Receber
e
tratar
as
petições
iniciais
dos
processos
de
impugnação
judicial
–
art.
103º
ss.
CPPT;
• Instaurar
processos
de
execução
fiscal
–
art.
188º
CPPT.
• A
COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA
EM
RAZÃO
DO
TERRITÓRIO
Do
ponto
de
vista
espacial
são
várias
as
hipóteses
de
delimitação
da
competência
da
AT
–
art.
10º
n.
2
CPPT.
Em
primeiro
lugar,
a
competência
pode-‐se
determinar
em
função
da
área
onde
ocorreu
o
facto
jurídico,
sendo
competente
para
prática
do
acto
o
órgão
da
AT
desse
lugar.
34
Em
segundo
lugar,
a
competência
pode
ser
determinada
em
função
da
área
de
residência
(domicílio
ou
sede
do
contribuinte).
Deste
modo,
será
competente
o
órgão
da
AT
que
se
localiza
na
área
onde
reside
o
contribuinte.
A
competência
pode
também
ser
determinada
em
função
da
área
da
situação
dos
bens
(lex
rei
sitae),
sendo
competente
para
a
prática
do
acto
tributário
o
órgão
da
AT
localizado
na
área
onde
o
bem
se
situa.
Por
fim,
pode-‐se
determinar
a
competência
em
função
da
área
onde
se
deve
efectuar
o
acto
tributário
por
excelência,
a
liquidação.
Normalmente,
este
critério
é
utilizado
nos
procedimentos
de
segundo
grau
como
a
impugnação
administrativa
ou
reclamação
do
acto
de
liquidação.
• A
COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA
EM
RAZÃO
DA
HIERARQUIA
Este
critério
assume
especial
importância
para
efeitos
de
recurso
das
decisões.
Por
exemplo,
quando
se
diz
que
o
órgão
competente
para
decidir
é
o
Secretário
de
Estado,
a
competência
é
aqui
determinada
em
função
da
matéria.
Mas
quando
se
refere
que
das
decisões
do
Director
Geral
cabe
recurso
para
o
Secretário
de
Estado,
aqui
já
se
está
a
determinar
a
competência
em
função
da
matéria
–
arts.
131º,
132º
e
133º
CPPT
e
66º
n.
2
LGT.
• A
COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA
EM
RAZÃO
DO
VALOR
Por
último,
determinado
órgão
da
AT
pode
ser
competente,
ou
não,
para
praticar
dado
acto
em
função
do
valor
da
questão
jurídica
que
lhe
está
subjacente.
Esta
competência
está
associada
à
hierarquia
dos
órgãos
em
causa.
Deste
modo,
é
legitimo
afirmar
que
são
competentes
para
conhecer
as
causas
de
maior
valor
os
órgãos
de
hierarquia
superior
–
arts.
73º
n.
4
e
5
CPPT,
112º
CPPT,
197º
CPPT.
Quando
o
objecto
da
impugnação
seja
uma
liquidação,
o
legislador
estabelece
que
será
esse
o
valor
que
corresponde
ao
da
importância
cuja
anulação
se
pretende
–
art.
97º-‐A
n.
1
al.
a)
CPPT.
A
aplicação
destes
critérios
pode,
por
vezes,
resultar
num
conflito
de
competências.
Estes
conflitos
podem
ser
POSITIVOS
–
quando
dois
ou
mais
órgãos
se
consideram
competentes
para
decidir
–
ou
NEGATIVOS
–
neste
caso
nenhum
dos
órgãos
em
causa
se
assume
competente
para
decidir.
35
Os
critérios
para
resolução
dos
conflitos
de
competência
estão
previstos
no
art.
11º
CPPT.
Se
da
sua
aplicação
não
resultar
uma
conclusão
convincente,
considera-‐se
competente
o
órgão
da
AT
da
área
do
domicilio
fiscal
do
sujeito
passivo
ou
interessado
–
art.
61º
n.
4
LGT.
O
desrespeito
pelas
regras
de
competência
irá
originar
uma
reacção
adversa
do
ordenamento
jurídico,
que
poderá
passar
por:
• Remessa
das
peças
do
procedimento
para
o
órgão
competente
–
em
caso
de
violação
da
competência
em
razão
do
território
ou
matéria
–
art.
61º
n.
2
e
3
LGT;
• Consideração
do
acto
em
causa
como
anulável
–
pode
acontecer
que
a
entidade
incompetente
decida,
mesmo
sem
a
competência
para
tal,
sendo
o
acto
atacável
administrativamente
(reclamação
graciosa)
e
jurisdicionalmente
(impugnação
judicial)
–
arts.
70º
e
99º
al.
b)
CPPT.
OS SUJEITOS PASSIVOS
Outra
intervenção
legítima
no
procedimento
tributário
pode
ser
levada
a
efeito
pelos
sujeitos
passivos
de
imposto
(os
contribuintes,
alguém
que
está
adstrito
ao
pagamento
de
um
tributo,
ficando
excluídos
os
casos
de
repercussão).
Neste
âmbito
é
necessário
distinguir
entre
dois
tipos
de
sujeito
passivo:
• SUJEITO
PASSIVO
DIRECTO
–
pessoa
ou
entidade
relativamente
a
qual
o
legislador
fiscal
presume
capacidade
contributiva,
ou
seja,
é
a
pessoa
ou
entidade
usufrutuária
de
um
dado
benefício
económico
(rendimentos,
património,
etc.);
• SUJEITO
PASSIVO
INDIRECTO
–
neste
caso
o
imposto
será
exigido,
não
à
pessoa
relativamente
à
qual
existe
uma
presunção
de
benefício,
mas
a
uma
outra
que,
por
diversas
razões,
é
chamada
ao
procedimento
pelas
leis
do
imposto
por
meio
da
substituição
tributária,
da
responsabilidade
tributária,
etc.
OUTRAS ENTIDADES COM LEGITIMIDADE PROCEDIMENTAL
O
art.
9º
LGT
refere
que
também
têm
legitimidade
procedimental
as
partes
nos
contratos
fiscais
(art.
37º
LGT)
e
outras
pessoas
que
provem
ter
interesse
legalmente
protegido
(art.
63º-‐B
n.
7
LGT).
36
OS PROCEDIMENTOS TRIBUTÁRIOS EM ESPECIAL
PROCEDIMENTOS PRÉ-LIQUIDATÓRIOS
• P R O C E D IM E N T O
D E
O R IE N T A Ç Õ E S
G E N É R IC A S
–
A R T S .
55º
E
56º
C P P T
Com
o
objectivo
de
proceder,
na
medida
do
possível,
a
uma
uniformização
da
interpretação
e
integração
das
normas
tributárias
existe
o
procedimento
de
informações
genéricas,
no
qual
a
AT,
por
sua
iniciativa,
emana
directivas
ou
quadros
que
devem
presidir
à
aplicação
de
determinada
norma
ou
conjunto
de
normas.
Contrariamente
a
quase
todos
os
outros,
este
procedimento
não
irá
culminar
na
emanação
de
um
acto
tributário,
mas
antes
na
emissão
de
um
acto
de
conteúdo
geral
e
abstracto:
uma
circular
administrativa.
A
principal
consequência
jurídica
deste
procedimento
é
a
vinculação
da
AT
ao
seu
conteúdo
(prospectivamente
e
nunca
retroactivamente).
O
art.
68º-‐A
n.
1
LGT
prevê
que
a
AT
está
vinculada
às
orientações
genéricas
constantes
circulares,
regulamentos
ou
instrumentos
de
igual
natureza
emitidas
sobre
a
interpretação
das
normas
tributárias
que
estiverem
em
vigor
no
momento
do
facto
tributário.
De
modo
a
salvaguardar
o
princípio
da
protecção
da
confiança
e
segurança
jurídica
torna-‐se
necessário
publicitar
as
orientações
genéricas
emanadas.
Assim
sendo,
as
orientações
genéricas
devem
constar
de
uma
base
de
dados
permanentemente
actualizada
e
de
acesso
gratuito,
livre
e
directo
–
art.
56º
n.
1
e
2
CPPT.
Como
se
constata,
não
estamos
perante
meras
circulares
informativas
ou
directivas,
mas
sim
de
verdadeiras
circulares
normativas,
pois
impõem
opções
interpretativas
de
preceitos
legais.
Assim
sendo,
a
AT
não
pode
praticar
actos
administrativos
concretos
em
desconformidade
com
as
orientações
ditadas.
No
âmbito
deste
procedimento
há
uma
problemática
doutrinaria
pois,
apesar
de
se
considerar
que
as
orientações
genéricas
constantes
de
circulares
não
possuem
eficácia
externa,
o
Tribunal
Constitucional
admite,
depois,
a
sua
invocabilidade
pelos
administrados.
37
• P R O C E D IM E N T O
D E
I N F O R M A Ç Õ E S
V IN C U L A T IV A S
–
ARTS.
57º
CPPT
E
68º
E
68º-‐A
CPPT
Este
procedimento
visa
facultar
aos
contribuintes
um
meio
expedito
e
eficaz
de
prestação
de
informações,
sendo,
portanto,
uma
densificação
do
direito
à
informação
enquanto
garantia
dos
contribuintes.
Os
pedidos
de
informação
apenas
podem
recair
sobre
uma
das
seguintes
realidades:
Assim
se
entende
que
solicitar
à
AT
informações
não
tem
um
objectivo
parecerístico
ou
meramente
consultivo.
Os
pedidos
de
informação
devem
ser
dirigidos
ao
dirigente
máximo
do
serviço
da
entidade
competente
para
proferir
decisão
e
devem
ser
apresentados
pelos
próprios
sujeitos
passivos,
por
outros
interessados
(cônjuges,
sócios...)
ou
ainda
pelos
representantes
legais,
sendo
certo
que
o
resultado
do
procedimento
será
sempre
comunicado
ao
sujeito
passivo
–
art.
68º
n.4
LGT.
A
AT
deverá
dar
uma
resposta
ao
pedido
no
prazo
máximo
de
150
dias
–
art.
68º
n.
4
LGT.
No
entanto,
este
prazo
pode
ser
reduzido
para
um
máximo
de
30
dias
se
a
informação
vinculativa
for
pedida
com
carácter
de
urgência
–
art.
68º
n.
6
LGT.
O
incumprimento
do
prazo
de
resposta
pela
AT,
quando
o
contribuinte
actue
com
base
numa
interpretação
plausível
e
de
boa-‐fé
da
lei,
limita
a
responsabilidade
deste
à
dívida
do
tributo,
abrangendo
essa
exclusão
de
responsabilidade
as
coimas,
os
juros
e
outros
acréscimos
legais
–
art.
68º
n.
18
LGT.
A
AT
fica
vinculada
à
resposta
prestada
nos
seguintes
termos:
• A
vinculação
é
relativa
e
não
absoluta,
pois
a
informação
prestada
pode
ceder
mediante
decisão
em
contrário
dos
tribunais
–
art.
68º
n.4
LGT
–
princípio
da
independência
dos
órgãos
jurisdicionais.
38
As
informações
vinculativas
caducam
em
caso
de
alteração
superveniente
dos
pressupostos
de
facto
ou
de
Direito
em
que
assentam
–
art.
68º
n.
15
LGT.
Além
disso,
se
uma
questão
de
direito
relevante
tiver
sido
apreciada
no
mesmo
sentido
em
três
pedidos
de
informação
a
AT
deve
proceder
à
conversão
das
informações
vinculativas
em
circulares
administrativas
–
art.
68º-‐A
n.
3
LGT.
É
ainda
de
ressalvar
que
as
informações
prestadas
não
poderão
ser
alteradas
a
posteriori,
nem
revogadas
com
efeitos
retroactivos.
Também
não
são
impugnáveis
ou
recorríveis
pois
não
constituem
acto
lesivo
de
direitos
–
art.
68º
n.
16
LGT.
PROCEDIMENTOS CUJO DESTINATÁRIO DA INFORMAÇÃO É A AT:
A
inspecção
tributária
deve
obedecer
aos
princípios
da
verdade
material,
da
proporcionalidade,
do
contraditório
e
da
cooperação
–
art.
5º
RCPIT
–
e
compreende
as
actuações
elencadas
no
art.
2º
n.
2
RCPIT.
Quanto
às
FINALIDADES,
o
procedimento
de
inspecção
tributária
pode
ser:
• Procedimento
Inspectivo
de
Comprovação
e
Verificação
–
visam
confirmar
o
cumprimento
das
obrigações
dos
sujeitos
passivos
e
demais
obrigados
tributários;
• Procedimento
Inspectivo
de
Informação
–
incidem
sobre
o
cumprimento
dos
deveres
legais
de
informação
e
parecer
–
art.
12º
RCPIT.
Já
quanto
ao
LUGAR
DA
REALIZAÇÃO,
existem
procedimentos
inspectivos:
• Internos
–
os
actos
de
inspecção
realizam-‐se
exclusivamente
nos
serviços
da
AT;
• Externos
–
os
actos
de
inspecção
efectuam-‐se,
total
ou
parcialmente,
em
instalações
ou
dependências
dos
sujeitos
passivos
–
art.
13º
RCPIT.
39
Quanto
ao
ÂMBITO
DE
ABRANGÊNCIA
MATERIAL
é
possível
distinguir
procedimentos
inspectivos:
• Gerais
ou
Polivalentes
–
quando
esteja
em
causa
a
situação
tributária
global
ou
o
conjunto
dos
deveres
tributários
dos
sujeitos
passivos;
• Parciais
ou
Monovalentes
–
quando
estiver
em
causa
apenas
algum,
ou
alguns,
tributos
ou
deveres
do
sujeito
passivo
–
art.
14º
RCPIT.
Quanto
à
questão
da
LEGITIMIDADE
dentro
do
procedimento
de
inspecção
tributária
é
de
referir
que
a
AT
tem
legitimidade
activa
e
o
contribuinte
e
outros
obrigados
têm
legitimidade
passiva
(art.
2º
n.
3
RCPIT).
Para
praticar
actos
procedimentais
válidos
os
órgãos
da
AT
necessitam
de
uma
prévia
atribuição
de
competências,
a
qual
consta
do
art.
16º
RCPIT.
Convém
aqui
salientar
que
o
procedimento
de
inspecção
deve
respeitar
o
princípio
da
confidencialidade
e,
portanto,
é
sigiloso
–
art.
22º
RCPIT.
Quanto
aos
contribuintes
e
outros
obrigados,
as
pessoas
ou
entidades
visadas
pela
inspecção
podem
ser
seleccionadas
de
acordo
com
–
art.
27º
n.
1
e
2
RCPIT:
• Critérios
objectivos
de
natureza
geral
ou
pragmática
constantes
do
Plano
Nacional
de
Actividades
da
Inspecção
Tributária
(PNAIT)
ou
definidos
pelo
director-‐geral
dos
impostos;
• Mediante
participação
ou
denúncia;
• Mediante
a
verificação
de
desvios
significativos
no
comportamento
fiscal
dos
sujeitos
passivos
ou
demais
obrigados
tributários
perante
os
parâmetros
de
normalidade
que
caracterizam
a
actividade
ou
situação
patrimonial;
• Por
iniciativa
do
próprio
sujeito
passivo
ou
de
terceiro
que
prove
interesse
legítimo.
O
visado
pelo
procedimento
de
inspecção
deverá
ser
notificado
do
mesmo
nos
termos
dos
arts.
37º
e
38º
RCPIT.
Nas
situações
de
inspecção
externa
o
início
do
procedimento
deve
ser
notificado
com
uma
antecedência
mínima
de
5
dias
–
arts.
49º
e
52º
RCPIT
–
pois
são
proibidas
as
“inspecções
surpresa”.
Quanto
ao
conteúdo
do
procedimento
de
inspecção
é
necessário
individualizar
três
dimensões
dos
actos
a
praticar.
40
• DIMENSÃO
MATERIAL
DOS
ACTOS
INSPECTIVOS
No
âmbito
do
procedimento
de
inspecção
para
o
efectivo
exercício
da
função
inspectiva,
a
AT
faz
uso
das
prerrogativas
previstas
no
art.
63º
LGT,
estando
previstas
neste
artigo
as
actuações
permitidas
à
AT.
Estas
disposições
devem
ser
conjugadas
com
o
previsto
no
art.
29º
RCPIT.
Todas
essas
actuações
deverão
ser
adequadas
e
proporcionais
aos
objectivos
a
prosseguir
–
art.
63º
n.
4
LGT
e
30º
RCPIT.
• DIMENSÃO
ESPACIAL
DOS
ACTOS
INSPECTIVOS
O
art.
34º
RCPIT
prevê
a
regra
de
que,
no
respeitante
aos
procedimentos
inspectivos
externos,
quando
o
procedimento
de
inspecção
envolver
a
verificação
da
contabilidade,
livros
de
escrituração
ou
outros
documentos
relacionados
com
a
actividade
da
entidade
a
inspeccionar,
os
actos
de
inspecção
realizam-‐se
nas
instalações
ou
dependências
onde
estejam
ou
devam
legalmente
estar
localizados
os
elementos.
• DIMENSÃO
TEMPORAL
DOS
ACTOS
INSPECTIVOS
Aqui,
o
art.
35º
RCPIT
estipula
a
regra
de
que
os
actos
de
inspecção
se
realizam
no
horário
normal
de
funcionamento
da
actividade
empresarial
ou
profissional,
não
devendo
implicar
prejuízo
para
esta,
ou
noutro
horário
mais
conveniente
acordado.
Nos
casos
em
que
os
procedimentos
de
inspecção
possam
originar
actos
tributários
desfavoráveis
à
entidade
inspeccionada,
esta
deve
ser
notificada
no
prazo
de
10
dias
do
projecto
de
conclusões
do
relatório,
com
a
indicação
desses
actos
e
sua
fundamentação
–
art.
60º
RCPIT.
Esta
notificação
deve
fixar
um
prazo
entre
10
e
15
dias
para
a
entidade
inspeccionada
se
pronunciar
e,
após
a
sua
prestação
de
declarações,
será
realizado
um
relatório
definitivo,
assinado
pelos
funcionários
intervenientes
no
procedimento,
com
vista
à
identificação
e
sistematização
dos
factos
detectados
e
sua
qualificação
jurídico-‐tributária,
devendo
conter
os
elementos
previstos
no
art.
62º
n.
3
RCPIT.
Se
quiser
reagir,
o
contribuinte
deve
tentar
impugnar
os
actos
resultantes
do
procedimento
de
inspecção
(por
exemplo,
uma
liquidação
complementar
por
meio
de
reclamação
graciosa,
uma
revogação
de
benefícios
fiscais
por
meio
de
recurso
hierárquico,
etc.)
e
não
o
relatório
em
si
mesmo
considerado.
O
relatório
definitivo
produz
efeitos
vinculativos
inter
partes,
ficando
a
AT
proibida
de
agir
em
sentido
diverso
do
teor
das
suas
conclusões
–
art.
64º
n.
4
RCPIT.
41
Para
segurança,
o
contribuinte
pode
requerer
o
sancionamento
das
conclusões
do
relatório
no
prazo
de
30
dias
após
a
notificação
das
conclusões
do
mesmo
e
identificando
as
matérias
sobre
as
quais
o
requerente
pretende
que
recaia
sancionamento,
considerando-‐se
este
pedido
tacitamente
deferido
se
a
AT
não
se
pronunciar
no
prazo
de
6
meses
a
contar
da
data
da
entrada
do
pedido
–
art.
64º
n.
3
e
4
RCPIT.
• P R O C E D IM E N T O
D E
D E R R O G A Ç Ã O
D O
S IG IL O
B A N C Á R IO
–
ART.
63º-‐B,
64º
LGT
E
91º,
115º
RGIT
Em
princípio,
o
sigilo
bancário
só
pode
ser
derrogado
(isto
é,
as
informações
por
ele
cobertas
só
podem
ser
fornecidas
ou
facultadas),
mediante
autorização
judicial
–
art.
63º
n.
2
LGT.
Esta
é,
portanto,
a
regra.
Contudo,
existem
casos
em
que
a
AT
pode
aceder
aos
dado
cobertos
pelo
sigilo
bancário
sem
estar
dependente
de
tal
autorização
(o
art.
63º-‐B
n.
10
define
documento
bancário).
As
situações
em
que
isto
é
possível
estão
previstas
no
art.
63º-‐B
n.
1
LGT,
entre
elas:
1. Quando
exista
indícios
da
pratica
de
crime
em
matéria
tributária;
2. Quando se verifiquem indícios da falta de veracidade do declarado ou esteja em falta
42
pelo
Director-‐geral
dos
Impostos
ou
pelo
Director-‐geral
das
Alfândegas
e
dos
Impostos
Especiais
sobre
o
Consumo,
com
expressa
menção
dos
motivos
concretos
que
as
justificam
–
art.
63º-‐B
n.
4
LGT.
Note-‐se
no
entanto
que,
nas
situações
previstas
no
art.
63º-‐B
n.
2
LGT,
o
visado
deve
obrigatoriamente
ser
ouvido
antes
de
o
acto
intrusivo
ser
levado
a
efeito,
enquanto
que
nas
situações
do
n.
1
do
mesmo
artigo
se
dispensa
essa
audição.
Também,
o
visado
pode
reagir
interpondo
um
recurso
jurisdicional
adequado
(arts.
146º-‐A
n.
2
al.
a)
e
146º-‐B
CPPT),
que
por
norma
tem
efeito
meramente
devolutivo
em
relação
ao
acto
de
acesso
aos
dados.
Se
o
pedido
da
AT
for
formulado
de
acordo
com
os
preceitos
legais,
três
situações
são,
em
abstracto,
possíveis:
1. A
situação
normal
ou
não
patológica,
em
que
se
verifica
o
fornecimento
dos
dados
em
causa;
2. Pode
verificar-‐se
a
oposição
ilegítima
do
sujeito
passivo
ou
contribuinte,
sendo
PROCEDIMENTOS AVALIATIVOS
Avaliar
significa
fixar
o
valor
de
determinado
bem
ou
conjunto
de
bens,
para
efeitos
tributários.
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO PRÉVIA – Art. 58º CPPT
Este
procedimento
tem
dupla
natureza:
avaliativo-‐informativo.
Isto
porque,
por
um
lado,
tem
por
intuito
proceder
a
avaliação
de
bens
ou
direitos
que
constituem
a
base
de
incidência
de
qualquer
tributo;
por
outro
lado,
visa
fornecer
ao
sujeito
passivo
uma
informação
abstracta,
fidedigna
e
vinculativa
respeitante
ao
valor
desses
bens.
Quem
tem
legitimidade
para
instaurar
estes
procedimentos
são
os
CONTRIBUINTES
com
interesse
legitimo
e
o
seu
principal
efeito
consiste
na
VINCULAÇÃO
DA
AT
por
um
prazo
de
três
anos
à
avaliação
por
si
mesma
efectuada
–
art.
58º
n.
2
e
3
CPPT.
43
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DIRECTA – Art. 82º ss LGT
Este
procedimento
é
um
instrumento
útil
na
procura
pela
verdade
material
e
tem
por
objectivo
a
determinação
do
valor
real
dos
rendimentos
ou
bens
sujeitos
a
tributação,
podendo
ser
efectuada,
consoante
os
casos,
pela
AT
ou
pelo
sujeito
passivo
(casos
de
auto-‐liquidação).
Este
procedimento
diz
respeito
ao
objecto
mediato
da
relação
jurídica
tributária
(por
exemplo,
o
volume
de
negócios
de
um
estabelecimento
comercial),
e
que
se
reveste
da
maior
importância
no
sentido
de
atingir
a
verdadeira
capacidade
contributiva
do
sujeito
passivo,
na
qual
os
impostos
devem
assentar.
Tal
será
conseguido,
nomeadamente,
através
dos
dados
constantes
das
declarações
apresentadas,
dados
estes
que
se
presumem
verdadeiros
e
de
boa-‐fé
(art.
75º
n.
1
LGT).
Contrariamente
à
avaliação
prévia,
o
procedimento
de
avaliação
directa
tem
em
vista
um
concreto
exercício
tributário
ou
acto
de
liquidação.
Naturalmente,
quando
esta
avaliação
for
efectuada
pela
AT
levanta-‐se
a
questão
de
saber
se
o
acto
dela
decorrente
pode
ou
não
ser
impugnado
administrativamente
e
em
Tribunal.
Neste
âmbito
é
relevante
saber
do
carácter
definitivo
ou
não
desse
acto
(ver
páginas
178
e
179
LPPT).
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO INDIRECTA – Art. 85º e 87º ss LGT
Contrariamente
ao
que
acontece
na
avaliação
directa,
o
procedimento
de
avaliação
indirecta
já
não
busca
a
efectiva
verdade
material,
mas
apenas
uma
“verdade
material
aproximada”,
pelo
que
se
entende
o
seu
carácter
excepcional
e
subsidiário
em
relação
aquela
–
art.
85º
n.
1
LGT.
Assim,
o
recurso
a
este
procedimento
só
se
justifica
quando
a
avaliação
directa
não
for
absolutamente
possível
ou
conveniente.
Portanto,
o
objectivo
aqui
é
a
determinação
do
valor
dos
rendimentos
ou
bens
tributáveis
a
partir
de
aproximações,
indícios,
presunções,
padrões
ou
outros
elementos.
Assim
sendo,
a
avaliação
indirecta
abrange:
• Casos
em
que
se
conhece
a
origem
da
riqueza
dos
sujeitos,
embora
se
“desconfie”
da
sua
veracidade
(há
impossibilidade
de
comprovação
e
quantificação
directa
e
exacta
dos
elementos
indispensáveis
à
correcta
determinação
da
matéria
tributável);
44
• Casos
em
que
não
se
conhece
de
todo
a
origem
da
riqueza
dos
sujeitos,
como
se
passa
nas
situações
em
que
os
rendimentos
declarados
em
sede
de
IRS
se
afastam
para
menos,
sem
razão
justificada,
de
determinados
padrões
de
rendimento.
A
competência
para
prática
de
actos
de
avaliação
indirecta
está
apenas
nas
mãos
da
AT.
Sobre
ela
recai
o
ónus
da
prova
da
verificação
dos
respectivos
pressupostos,
cabendo
ao
sujeito
passivo
o
ónus
da
prova
do
excesso
na
quantificação
–
art.
74º
n.
3
LGT.
Apenas
a
AT
pode
indiciar
ou
presumir
valores
para
efeitos
de
tributação,
embora
sempre
com
base
em
lei
anterior
que
permita
essa
presunção
e
que
preveja
a
tipificação
e
pressupostos
em
que
tal
é
possível,
mas
também
o
modo
através
do
qual
se
efectiva
–
art.
87º
LGT.
As
situações
em
que
é
lícito
à
AT
recorrer
a
métodos
indirectos
revestem
natureza
bastante
diferente,
sendo,
no
entanto,
possível
isolar
dois
grupos
de
casos
(ver
páginas
184
ss
LPPT):
• REGIME
SIMPLIFICADO
DE
TRIBUTAÇÃO
–
é
a
situação
não
patológica
na
qual
o
sujeito
passivo
nada
fez
de
desconforme
com
o
ordenamento
jurídico,
apenas
se
justificando
o
recurso
a
estes
métodos
por
razões
de
ordem
prática,
de
eficaz
gestão
corrente
da
actividade
comercial
–
arts.
28º
e
31º
CIRS;
Como
é
sabido,
a
determinação
da
matéria
tributável
deve
ser
feita,
em
regra,
a
partir
de
uma
base
declarativa,
ou
seja,
a
partir
dos
elementos
fornecidos
pelo
sujeito
passivo,
através
dos
quais
deve
ser
possível
identificar
as
suas
manifestações
de
riqueza.
Contudo
há
situações
em
que,
ou
porque
tal
45
declaração
é
inviável
ou
não
oferece
garantias
suficientes
de
veracidade,
a
regra
cede
perante
a
necessidade
de
determinação
da
matéria
tributável
com
base
em
métodos
presuntivos
–
art.
73º
e
77º
n.
4
e
5
LGT.
Convém
aqui
salientar
que,
apesar
de
a
avaliação
indirecta
ser
efectuada
pela
AT,
o
sujeito
passivo
não
é
totalmente
alheado
do
acto
de
fixação
do
valor.
Ele
deve
participar
quer
no
acto
de
avaliação
indirecta
(através
do
direito
de
audição
antes
da
fixação
final
do
valor
em
causa),
quer
mais
tarde
no
eventual
acto
de
revisão
da
avaliação
indirecta
–
arts.
60º
n.
1
al.
d),
82º
n.
3
e
4
e
91º
LGT
O
valor
fixado
indirectamente
com
base
em
indícios
ou
presunções
pela
AT
pode
ser
colocado
em
crise:
pelo
ponto
de
vista
gracioso,
através
do
pedido
de
revisão
da
matéria
tributável
fixada
por
métodos
indirectos
–
art.
91º
ss
LGT;
e
pelo
ponto
de
vista
contencioso,
devendo
distinguir-‐se:
• Quando
o
acto
de
avaliação
indirecta
é
seguido
de
um
acto
de
liquidação
(este
sim
horizontalmente
definitivo),
não
existe
possibilidade
de
impugnação
contenciosa
directa,
apenas
se
admitindo
a
impugnação
contenciosa
do
acto
de
liquidação;
• Quando
o
acto
de
avaliação
não
é
seguido
de
qualquer
acto
de
liquidação
(por
exemplo,
por
beneficiar
de
uma
isenção),
este
é
o
acto
final
da
cadeia
procedimental
e
é
possível
impugnação
contenciosa
–
art.
86º
n.
3
LGT.
• Quando
se
pretende
atacar
o
acto
de
fixação
indirecta
de
valor
por
ter
alegadamente
havido
um
erro
na
quantificação
ou
nos
pressupostos,
o
recurso
a
Tribunal
ainda
não
é
possível,
devendo
primeiro
ser
intentado
o
pedido
de
revisão
da
matéria
tributável
–
arts.
86º
n.
5,
91º
ss
LGT
e
117º
CPPT.
PROCEDIMENTO DE RECONHECIMENTO DE BENEFÍCIOS FISCAIS – art. 65º CPPT
Nos
termos
do
art.
2º
EBF,
são
benefícios
fiscais
as
medidas
de
carácter
excepcional
instituídas
para
tutela
de
interesses
públicos
extrafiscais
relevantes
que
sejam
superiores
aos
da
própria
tributação
que
impedem.
Cabem
aqui,
portanto,
as
isenções,
as
reduções
de
taxas,
as
deduções
à
matéria
colectável
e
à
colecta.
Note-‐se
que
os
benefícios
fiscais
se
podem
classificar
em
automáticos
(que
resultam
directa
e
imediatamente
da
lei),
ou
em
dependentes
de
reconhecimento
(que
pressupõem
um
ou
mais
actos
posteriores
de
reconhecimento)
–
art.
5º
EBF
46
Além
disto,
vale
relativamente
aos
benefícios
fiscais
um
princípio
geral
de
transitoriedade
–
art.
2º
EBF.
Assim,
a
concessão
de
benefícios
está
sujeita
a
avaliação
periódica,
prevenindo
a
sua
transformação
em
privilégios
injustificados,
violadores
de
princípios
da
igualdade,
capacidade
contributiva
e
verdade
material.
Portanto,
o
procedimento
de
reconhecimento
de
benefícios
fiscais
é
um
procedimento
em
que,
por
iniciativa
dos
interessados,
se
solicita
à
AT,
mediante
requerimento,
o
reconhecimento
de
um
benefício.
O
pedido
deve
ser
efectuado
ao
serviço
competente
para
liquidação
do
tributo
a
que
tal
benefício
se
refere
–
art.
65º
n.
2
CPPT,
sendo
que
o
ónus
da
prova
dos
factos
constitutivos
dos
direitos
recai
sobre
quem
os
invoque
–
art.
74º
LGT.
O
serviço
competente
para
tal
irá
emitir
um
despacho
de
deferimento
ou
de
indeferimento,
reconhecendo
ou
não
o
benefício
pretendido
–
art.
13º
EBF.
Tal
despacho
é:
• Irrevogável,
embora
possa
ser
suspenso
–
art.
14º
n.
5
e
6
EBF;
• Tem
efeito
meramente
declarativo
do
direito
ao
benefício
em
causa
(não
constitutivo)
–
art.
12º
EBF.
Quanto
às
obrigações
formais,
o
interessado,
após
concessão
do
benefício,
passa
a
estar
sujeito
ao
ónus
de
facultar
à
AT
todos
os
elementos
necessários
ao
controlo
dos
pressupostos
dessa
atribuição,
sob
pena
de
esta
ficar
sem
efeito
–
art.
65º
n.
5
CPPT.
Por
fim,
é
relevante
referir
que
do
despacho
de
indeferimento
do
pedido
de
reconhecimento
de
benefícios
fiscais
pode
o
destinatário
recorrer
hierarquicamente
–
art.
65º
n.
4
CPPT.
PROCEDIMENTO DE ILISÃO DE PRESUNÇÕES – 64º CPPT
É
sabido
que,
frequentemente,
não
sendo
possível
atingir
a
verdadeira
e
efectiva
verdade
material,
o
sistema
tributário
contenta-‐se
com
uma
verdade
material
aproximada,
que
é
um
“mal
menor”
face
à
possibilidade
de
evasão
e
fraude
fiscal.
Como
exemplo
deste
tipo
de
presunções
(que
não
se
confundem
com
as
presunções
efectuadas
pela
AT
no
âmbito
da
avaliação
indirecta,
por
exemplo),
podem
apontar-‐se
os
seguintes:
47
• No
âmbito
do
IRS
presume-‐se
que
os
contratos
de
mútuo
e
as
aberturas
de
crédito
são
remuneradas;
• No
quadro
do
IVA,
presumem-‐se
adquiridos
os
bens
que
se
encontrem
em
qualquer
dos
locais
em
que
o
sujeito
passivo
exerce
a
sua
actividade;
etc.
Como
é
sabido,
as
presunções
previstas
nas
normas
de
incidência
tributária
admitem
sempre
prova
em
contrário
(art.
73º
LGT),
e
este
é
o
procedimento
indicado
para
esse
efeito
–
art.
64º
CPPT.
Assim
sendo,
em
bom
rigor,
o
legislador
deixa
ao
alcance
do
contribuinte
dois
meios
para
ilidir
presunções:
1. Colocando em causa o acto tributário que se basear nessa presunção (por meio de
Havendo
pronúncia
da
AT,
há
duas
situações
a
distinguir:
• O interessado não consegue ilidir a presunção prevista na norma tributária e, neste caso:
decorrido,
a
decisão
produz
efeitos
retroactivos,
podendo
abranger
os
actos
tributários
pendentes;
2. Se
os
prazos
de
reclamação
e
impugnação
do
acto
tributário
já
tiverem
decorrido,
a
• LIQUIDAÇÃO
PROVISÓRIA
É
aquela
que
é
feita
com
base
nos
elementos
declarados
pelos
sujeitos
passivos
ou
por
terceiros
e
que
está
sujeita
a
uma
averiguação
e
controlo
posterior,
constituindo
um
meio
de
propiciar
receitas
rápidas
para
os
cofres
do
Estado,
uma
vez
que
pode
dar
origem
a
um
pagamento
antecipado
(pagamento
por
conta
ou
retenção
na
fonte).
• LIQUIDAÇÃO
DEFINITIVA
Está
é
já
um
verdadeiro
acto
(impugnável)
da
AT
de
natureza
definitiva,
unilateral
e
positiva
e
que
inicia
e
é
pressuposto
do
procedimento
de
cobrança.
• LIQUIDAÇÃO
ADICIONAL
Surge
na
sequência
de
uma
revisão
do
acto
tributário
de
liquidação
definitiva
e
pode
ter
como
origem
fundamentos
diversos,
como
erros
nas
declarações
apresentadas,
apuramento
de
imposto
superior
ao
devido,
etc.
–
art.
89º
CIRS
49
Tendo
em
conta
os
sujeitos
que
intervêm
na
liquidação
é
possível
distinguir:
• AUTOLIQUIDAÇÃO
É
a
tributação
levada
a
cabo
pelo
próprio
sujeito
passivo
e
que
envolve
dois
passos:
1. A
comunicação
da
riqueza
auferida
e
dos
dados
necessários
à
sua
comprovação
• HETEROLIQUIDAÇÃO
Estamos
aqui
em
face
de
um
acto
de
liquidação
que
é
feito
por
entidade
diversa
do
sujeito
passivo,
que
pode
ser
a
AT
ou
um
terceiro.
A
maioria
das
referencias
feitas
ao
procedimento
de
liquidação
reportam-‐se
à
liquidação
no
seu
sentido
amplo,
definitivo
e
efectuada
pela
AT.
Este
procedimento
instaura-‐se
nos
moldes
definidos
no
art.
59º
CPPT.
Neste
âmbito,
a
obrigação
de
apresentação
de
declarações
(obrigações
acessórias
–
art.
30º
e
31º
LGT),
materializa-‐se
juridicamente
num
dever
de
natureza:
(arrecadar receitas);
3. NÃO NECESSÁRIA, pois o procedimento de liquidação pode ser instaurado sem o seu
50
É
necessário
referir
a
este
propósito
a
questão
das
divergências
entre
a
declaração
e
a
realidade,
designadas
por
“erros
na
declaração”
e
que
podem
ser
agrupadas
em
duas
categorias:
• ERROS
DE
FACTO
–
que
abrangem
divergências
de
natureza
material
e
aritmética
(“errónea
quantificação”),
com
a
realidade;
Quando
a
declaração
não
padece
de
qualquer
vício
a
liquidação
em
sentido
próprio
(quantificação
do
tributo
a
pagar)
deverá
ser
feita
com
base
nas
mesmas
–
art.
59º
n.
2
CPPT.
No
caso
de
haver
algum
vício,
as
declarações
podem
ser
substituídas
nos
prazos
estabelecidos
no
art.
59º
n.
3
CPPT.
PROCEDIMENTO DE COBRANÇA – art. 78º ss CPPT
• COBRANÇA
COERCIVA
–
é
efectuada
de
modo
coercivo
–
através
da
execução
do
património
do
devedor
–
através
da
instauração
de
um
processo
de
execução
fiscal,
a
decorrer
junto
dos
tribunais
tributários.
• COBRANÇA
IMEDIATA
OU
DIRECTA
–
é
efectuada
pela
AT
junto
do
próprio
devedor
do
tributo
em
sentido
estrito
(sujeito
passivo
directo);
52
TRAMITAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
Após
a
interposição
do
pedido
de
revisão
(no
qual
o
sujeito
passivo
deve
indicar
um
perito),
a
AT
designará
um
perito
seu
e
marcará
uma
reunião
entre
este
e
o
perito
indicado
pelo
contribuinte
–
art.
91º
n.
4,
5,
6,
7
e
n.
11,
12,
13
LGT.
É
de
referir
a
possibilidade
de
solicitar
a
nomeação
de
um
perito
independente
–
arts.
93º
e
94º
LGT
A
isto
segue-‐se
a
fase
do
debate
contraditório
e
da
decisão
do
procedimento.
Havendo
acordo
entre
os
peritos
quanto
ao
valor
da
matéria
tributável
a
considerar
para
efeitos
de
tributação,
o
tributo
será
liquidado
com
base
na
matéria
colectável
acordada
(caso
este
valor
seja
diferente
do
inicialmente
fixado,
a
diferença
deve
ser
fundamentada)
–
art.
92º
n.
3
e
4
LGT.
É
importante
referir
neste
âmbito
que
a
existência
de
acordo
inviabiliza
a
susceptibilidade
de
impugnação
judicial
posterior
da
liquidação
(sob
pena
de
infringir
a
proibição
de
venire
contra
factum
proprium)
–
art.
86º
n.
4
LGT
Por
outro
lado,
se
não
se
atingir
acordo,
o
órgão
competente
para
a
fixação
resolverá
de
acordo
com
o
seu
prudente
juízo,
tendo
em
conta
as
decisões
dos
peritos.
Se
houver
um
perito
independente,
a
decisão
deverá
obrigatoriamente
fundamentar
a
adesão
ou
rejeição
do
seu
parecer,
sendo
esta
decisão
ou
a
liquidação
(que
está
suspensa),
susceptível
de
reclamação
graciosa
ou
impugnação
judicial,
nos
termos
do
art.
92º
n.
7
e
8
LGT,
tendo
portanto:
Por
fim,
note-‐se
que
não
haverá
sujeição
do
sujeito
passivo
a
qualquer
encargo
em
caso
de
indeferimento.
Porém,
se
se
verificarem
cumulativamente
as
circunstâncias
do
art.
91º
n.
9
LGT
pode-‐se
aplicar
um
agravamento
à
colecta.
53
PROCEDIMENTO DE REVISÃO DOS ACTOS TRIBUTÁRIOS – art. 78ºLGT
Este
procedimento
respeita
aos
casos
em
que
o
acto
tributário
(acto
de
liquidação,
acto
de
fixação
da
matéria
tributável),
oficiosamente
ou
a
pedido
do
sujeito
passivo,
vai
ser
reapreciado
pelo
órgão
que
o
praticou.
O
fundamento
deste
procedimento
é
o
princípio
da
verdade
material
a
que
todo
o
procedimento
tributário
está
sujeito.
Assim
sendo,
quando
a
AT
detecta
um
erro,
ela
tem
por
imperativo
legal
o
dever
de
o
corrigir,
ainda
que
isso
não
lhe
seja
solicitado.
Com
isto
há
uma
pequena
concessão
do
princípio
da
segurança
e
certeza
jurídica
em
prol
da
verdade
material.
Em
abstracto,
a
revisão
pode
ser
efectuada
em
favor:
2. DO SUJEITO PASSIVO – quando, por exemplo, tenha sido liquidado imposto superior ao
devido.
Quanto
à
legitimidade
activa,
o
procedimento
tanto
pode
ser
desencadeado
pelo
sujeito
passivo
(invocando
qualquer
ilegalidade
no
prazo
de
reclamação
graciosa,
120
dias)
como
pela
AT
(com
fundamento
em
erro
imputável
aos
serviços
no
prazo
de
4
anos,
se
o
tributo
já
tiver
sido
pago,
ou
a
todo
o
tempo,
se
ainda
não
tenha
sido
pago
o
tributo;
revisão
com
fundamento
em
injustiça
grave
ou
notória,
no
prazo
de
3
anos;
ou
com
fundamento
em
duplicação
da
colecta,
no
prazo
de
4
anos)
–
art.
78º
n.
4,
6,
7
LGT.
FUNDAMENTO
PRAZO
REVISÃO
A
PEDIDO
DO
SUJEITO
Ilegalidade
120
dias
PASSIVO
Erro
imputável
aos
serviços
4
anos
(tributo
já
pago)
Erro
imputável
aos
serviços
REVISÃO
OFICIOSA
A
todo
o
tempo
(tributo
não
pago)
Injustiça
grave
ou
notória
3
anos
Duplicação
da
colecta
4
anos
54
O
deferimento
do
pedido
de
revisão
dos
actos
tributários
pode
ter
como
efeito:
• Anulação
do
acto
tributário
com
eficácia
ex
tunc
(havendo
restituição
do
tributo
que
haja
sido
pago)
–
art.
93º
n.
3
CIRS
• Revogação
do
acto
tributário,
que
poderá
ter
eficácia
ex
nunc;
• Reforma
do
acto,
apenas
expurgando
a
parte
viciada;
• Conversão
do
acto
tributário,
consistindo
na
substituição
do
acto
primitivo
por
outro.
Além
disto,
podem
ser
devidos
juros
indemnizatórios
a
favor
do
contribuinte
nos
termos
do
art.
43º
n.
3
al.
b)
e
c)
LGT.
Quanto
à
impugnabilidade
da
decisão
decorrente
deste
procedimento,
o
indeferimento
do
pedido
de
revisão
é
susceptível
de
impugnação
judicial
(jurisprudência
dominante),
pois
além
de
se
tratar
de
um
acto
lesivo,
estamos
perante
situação
em
que
se
aprecia
a
legalidade
de
um
acto
da
AT
(não
o
seu
mérito
ou
oportunidade).
PROCEDIMENTO DE RECLAMAÇÃO GRACIOSA – art. 68º ss CPPT
ENQUADRAMENTO JURÍDICO
Este
é
o
procedimento
impugnatório
por
excelência,
uma
vez
que
tem
por
objectivo
a
anulação,
total
ou
parcial,
dos
actos
tributários,
com
fundamento
na
ilegalidade
dos
mesmo
–
art.
68º,
71º
e
74º
CPPT.
Assim,
sempre
que
o
contribuinte
tenha
diante
de
si
um
acto
tributário
de
liquidação
que
considere
desconforme
com
o
ordenamento
jurídico,
deve
lançar
mão
deste
procedimento.
Porém,
a
reclamação
graciosa
não
tem
efeito
suspensivo
da
liquidação
(art.
69º
al.
f)
CPPT),
tendo
o
contribuinte
de
proceder
ao
pagamento
do
tributo,
sob
pena
de
poder
ser
instaurado
contra
si
um
processo
de
execução
fiscal.
Por
outro
lado,
a
instauração
da
reclamação
faz
interromper
o
prazo
de
prescrição
da
obrigação
tributária
–
art.
49º
n.
1
LGT.
A
reclamação
deve
ser
apresentada:
• Pelo
contribuinte,
substitutos
ou
responsáveis
–
art.
72º
e
74º
CPPT;
• Sob
forma
escrita
–
art.
70º
n.
6
CPPT;
55
• Junto
do
serviço
periférico
local
da
área
do
domicílio
ou
sede
do
contribuinte,
da
situação
dos
bens
ou
liquidação,
embora
seja
dirigida
ao
órgão
periférico
regional
(cujo
dirigente
é
competente
para
decidir)
–
art.
73º
n.
1
CPPT.
Pode
haver
apresentação
mediante
transmissão
electrónica
de
dados
–
art.
70º
n.
7
CPPT.
FUNDAMENTOS DA RECLAMAÇÃO
De
acordo
com
o
art.
70º
CPPT,
a
reclamação
graciosa
pode
ser
deduzida
com
os
mesmos
fundamentos
previstos
para
a
impugnação
judicial,
sendo
que
estes
estão
previstos
no
art.
99º
CPPT.
Assim
sendo,
constitui
fundamento
de
reclamação
qualquer
ilegalidade,
conceito
que
deve
aqui
ser
entendido
de
modo
amplo
como
desconformidade
com
o
ordenamento
jurídico,
ou
seja,
pode
ser
considerado
ilegal
qualquer
acto
tributário
que
se
entenda
violar
normas
jurídicas
(constitucionais,
internacionais,
legais
ou
regulamentares).
Portanto,
deve
entender-‐se
como
ilegalidade:
1. A
errónea
qualificação
e
quantificação
dos
rendimentos,
lucros,
valores
patrimoniais
e
Tendo
em
conta
a
relevância
prática
destas
questões,
é
necessário
analisar
cada
um
destes
fundamentos,
agrupando-‐os
em
fundamentos
relativos
a
questões
de
facto
e
fundamentos
relativos
a
questões
de
direito.
Pode-‐se
considerar
que
existe
um
prazo-‐regra
para
interposição
de
reclamação
graciosa
e
vários
prazos
excepcionais
.
O
prazo-‐regra
é
de
120
dias,
a
contar
do
termo
do
prazo
para
pagamento
voluntário.
Este
é
um
prazo
procedimental
ou
extra-‐processual,
contando-‐se
de
modo
corrido,
nos
termos
do
art.
57º
n.
3
LGT.
Excepcionalmente,
a
reclamação
poderá
ser
interposta
no
prazo
que
estiver
fixado
em
alguma
outra
norma
que
regule
as
reclamações.
Por
exemplo,
em
caso
de
erro
na
autoliquidação,
a
impugnação
será
obrigatoriamente
precedida
de
reclamação
graciosa
dirigida
ao
órgão
periférico
regional
da
AT,
no
prazo
de
2
anos
após
apresentação
da
declaração
–
art.
131º
n.
1
CPPT.
Ver
também
arts.
132º
n.
3
e
133º
n.
2
CPPT,
por
exemplo.
TRAMITAÇÃO DO PROCEDIMENTO
A
reclamação
deve
ser
apresentada
no
órgão
periférico
local,
que
instaura
o
procedimento.
Após
isso,
esse
mesmo
órgão
irá
proceder
à
instrução,
em
prazo
não
superior
a
90
dias,
com
os
elementos
a
seu
dispor
e
que
se
reduzirão
a
provas
documentais
–
art.
73º
n.
2
e
69º
al.
e)
CPPT.
Aqui
deve-‐se
distinguir:
• Se
o
valor
da
causa
não
exceder
o
quíntuplo
da
alçada
do
tribunal
tributário
de
1ª
instancia
(ou
seja,
6.250€),
o
órgão
periférico
local
decidirá
de
imediato
após
o
fim
da
instrução
–
art.
73º
n.
4
CPPT.
57
• Nos
restantes
casos,
será
elaborada
uma
proposta
fundamentada
de
decisão
–
art.
73º
n.
2
CPPT.
Posteriormente,
o
órgão
periférico
local
remete
a
reclamação
para
o
dirigente
do
órgão
periférico
regional,
que
é
a
entidade
competente
para
decidir
–
art.
73º
n.
5
e
75º
n.
1
CPPT.
Recorde-‐se
aqui
que
se
a
decisão
for
desfavorável,
o
sujeito
passivo
deve
ser
notificado
do
projecto
de
decisão
para
exercer
o
seu
direito
de
audição
–
art.
60º
n.
1
al.
b)
e
n.
6
LGT.
A
isto
segue-‐se
a
fase
de
decisão
e
devem
aqui
distinguir-‐se
as
situações
em
que:
• O
órgão
competente
se
pronuncia
sobre
a
reclamação
interposta,
ainda
que
sempre
com
inexistência
de
caso
julgado
(art.
69º
al.
c)
CPPT),
deferindo
a
sua
pretensão
(arts.
43º
n.
1
LGT
e
61º
n.
3
CPPT),
ou
decidindo
pelo
seu
indeferimento
(art.
77º
CPPT);
• O
órgão
decisor
não
se
pronuncia,
devendo
fazê-‐lo,
podendo
aqui
entender-‐se
que
houve
indeferimento
tácito
(mantendo-‐se
o
acto
tributário),
ou
que
a
reclamação
foi
deferida
tacitamente
(anulando-‐se
o
acto).
Neste
âmbito,
em
regra,
considera-‐se
que
em
caso
de
silêncio
da
AT
a
reclamação
é
indeferida.
O
art.
57º
n.
1
LGT
estipula
que
o
procedimento
tributário
deve
ser
concluído
prazo
de
4
meses.
Se
após
este
prazo
não
houver
qualquer
pronúncia
presume-‐se
o
indeferimento.
No
mesmo
sentido,
o
art.
106º
CPPT
prescreve
que
a
reclamação
graciosa
se
presume
indeferida
para
efeitos
de
impugnação
judicial
após
o
termo
do
prazo
legal
de
decisão
pelo
órgão
competente.
IMPUGNAÇÃO DA DECISÃO
A
via
normal
para
colocar
em
crise
a
decisão
administrativa
de
indeferimento
da
reclamação
graciosa
será
a
IMPUGNAÇÃO
JUDICIAL,
que
deverá
ser
apresentada
nos
seguintes
prazos:
• 15 dias, no caso de indeferimento expresso – art. 102º n. 2 CPPT
• 90 dias, nos casos de indeferimento tácito – art. 102º n. 1 al. d) CPPT
2. impugnação por erro na retenção na fonte – art. 132º n. 3 e 5 CPPT
3. impugnação por erro nos pagamentos por conta – art. 133º n. 2 e 3 CPPT
58
O
interessado
poderá
igualmente
recorrer
hierarquicamente,
no
prazo
de
30
dias,
do
indeferimento
da
reclamação,
e
da
decisão
desfavorável
do
recurso
hierárquico
pode
ser
interposto
RECURSO
CONTENCIOSO
(processo
de
impugnação
judicial
–
art.
97º
e
102º
CPPT),
salvo
se
de
tal
decisão
já
tiver
sido
deduzida
impugnação
judicial
com
o
mesmo
objecto
–
art.
76º
n.
1
e
2
CPPT
AS RECLAMAÇÕES GRACIOSAS NECESSÁRIAS
Este
procedimento
é
uma
garantia
administrativa
que,
em
geral,
consiste
em
solicitar
ao
superior
hierárquico
da
entidade
que
praticou
o
acto
uma
nova
apreciação
deste.
Esta
apreciação
tanto
pode
incidir
sobre
a
legalidade
como
sobre
o
mérito
do
acto
apreciado.
A
nível
académico
pode-‐se
considerar
que
o
meio
adequado
para
questionar
a
legalidade
é
a
reclamação
graciosa,
pelo
que
o
recurso
hierárquico
dirá
respeito
a
questões
de
mérito.
Assim
sendo,
o
objectivo
da
interposição
de
tal
recurso
não
será
a
anulação
do
acto
(pois
não
padece
de
qualquer
vício),
mas
a
sua
revogação.
Quanto
à
possibilidade
de
controlo
jurisdicional,
o
recurso
hierárquico
pode
também
ser
necessário
ou
facultativo.
Ele
será
necessário
quando
seja
indispensável
para
atingir
a
via
contenciosa,
ou
seja,
quando
o
interessado
não
possa
recorrer
a
tribunal
sem
previamente
ter
interposto
o
recurso.
O
recurso
hierárquico
será
facultativo
quando
não
seja
indispensável
para
atingir
a
via
contenciosa,
podendo
o
interessado
recorrer
a
tribunal,
mesmo
que
não
recorra
hierarquicamente
O
recurso
pode
ter
efeitos
meramente
devolutivos
(não
impede
o
acto
recorrido
de
continuar
a
produzir
os
seus
efeitos)
ou
suspensivos
(o
recurso
impede,
até
a
decisão,
que
o
acto
recorrido
produza
efeitos)
do
acto
recorrido.
Em
princípio,
os
recursos
hierárquicos
têm
natureza
meramente
facultativa
e
efeito
devolutivo.
Tal
como
acontece
com
a
reclamação
graciosa,
a
interposição
de
recurso
hierárquico
faz
interromper
o
prazo
prescrição
das
obrigações
tributárias
–
art.
49º
n.
1
LGT.
Quanto
à
competência,
o
recurso
deverá
ser
entregue
junto
do
órgão
recorrido
no
prazo
de
30
dias
e
deverá
ser
dirigido
ao
mais
elevado
superior
hierárquico
do
autor
do
acto
–
arts.
66º
n.
2
e
80º
CPPT.
As
decisões
sujeitas
a
este
recurso
são
aquelas
em
que
a
lei
prevê
essa
possibilidade
(casos
de
reclamação
graciosa
indeferida
ou
de
não
reconhecimento
de
benefícios
fiscais,
por
exemplo),
e
aquelas
para
que
a
lei
não
prevê
qualquer
outra
possibilidade
de
controlo
administrativo
(art.
91º
n.
14
LGT).
Quanto
à
decisão,
se
houver
deferimento,
o
acto
recorrido
será
revogado.
Se
o
recurso
for
indeferido,
mantém-‐se
o
acto,
restando
a
via
contenciosa.
61
O PROCESSO TRIBUTÁRIO
O PROCESSO TRIBUTÁRIO COMO UM CONTENCIOSO PLENO
tributária;
2. Meios
impugnatórios
de
actos
lesivos;
MEIOS DE RECONHECIMENTO DE DIREITOS OU INTERESSES – art. 145º CPPT
62
MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DE ACTOS LESIVOS
Aqui
estamos
em
presença
do
mais
significativo
conjunto
de
acções
de
litigiosidade
tributária,
sendo
vários
os
meios
que
efectivam
esta
exigência,
nomeadamente:
1. Processo
de
impugnação
judicial
–
art.
99º
ss.
CPPT;
4. Reclamação dos actos do órgão da execução – art. 276º CPPT.
Nestes
casos,
o
processo
tributário
apresenta-‐se
como
um
processo
recursivo
ou
de
segundo
grau
(contencioso
de
anulação),
na
medida
em
que
apenas
se
recorre
a
tribunal
após
ter
sido
praticado
um
anterior
acto
lesivo
pela
AT
e
com
o
objectivo
de
o
anular
–
art.
95º
n.
1
LGT.
É
de
referir
que
a
ilegalidade
do
acto
impugnado
pode
provir
da
violação
de
lei,
regulamento,
Direito
da
União
Europeia,
Direito
Internacional,
da
desconformidade
de
informações
prestadas
pela
AT.
Para
efeitos
impugnatórios,
consideram-‐se
lesivos
os
actos
administrativo-‐tributários
elencados
no
art.
95º
n.
2
LGT.
A
este
respeito
é
importante
distinguir
entre
reclamação
e
recurso,
existindo
dois
critérios
para
o
efeito,
nomeadamente:
• CRITÉRIO
ORGÂNICO
–
neste
aspecto
a
reclamação
distingue-‐se
do
recurso
na
medida
em
que
a
primeira
constitui
um
pedido
de
apreciação
administrativa
de
um
acto,
dirigida
ao
órgão
que
o
praticou,
já
o
recurso
consiste
na
apreciação
do
acto
por
um
órgão
distinto
daquele
que
o
praticou.
• CRITÉRIO
DA
MOTIVAÇÃO
–
a
reclamação
consiste
na
reapreciação
com
fundamento
na
ilegalidade
do
acto.
Já
o
recurso
é
uma
reapreciação
com
fundamento
em
questões
de
mérito.
(porém,
o
legislador
não
cumpre
esta
tipologia
à
risca)
Quanto
à
natureza
dos
meios
impugnatórios
é
de
ressalvar
que
há
situações
em
que
eles
são
facultativos
e
situações
em
que
são
necessários.
Os
meios
impugnatórios
facultativos
são
aqueles
a
cuja
utilização
os
contribuintes
não
estão
adstritos,
podendo
optar
por
impugnar
em
sede
administrativa
ou
jurisdicional.
Contudo,
existem
meios
impugnatórios
administrativos
que
são
necessários,
são
aqueles
que
o
contribuinte
tem
de
utilizar
previamente
à
impugnação
contenciosa.
A
regra
é
que
os
meios
impugnatórios
administrativos
tem
natureza
facultativa,
excepto
quando
a
lei
preveja
o
contrário.
Os
casos
de
impugnação
dos
actos
de
autoliquidação,
substituição
tributária
e
63
pagamentos
por
conta
–
arts.
131º,
132º,
133º
CPPT
–
são
situações
de
em
que
antes
de
impugnar
judicialmente
o
contribuinte
tem
de
reclamar
graciosamente.
Quanto
ao
efeito
dos
meios
impugnatórios,
ele
pode
ser:
• SUSPENSIVO
–
a
sua
utilização
impede
a
AT
de
executar
o
acto;
• MERAMENTE
DEVOLUTIVO
–
o
facto
de
o
contribuinte
ter
impugnado
o
acto
não
impede
a
AT
de
o
executar.
As
garantias
contenciosas
são
de
três
tipos:
Estão
aqui
consideradas
as
situações
em
que
a
AT
não
actuou
dentro
de
determinado
prazo
fixado
legalmente,
devendo
ter
actuado
–
art.
147º
n.
1
CPPT.
Por
exemplo,
se
a
AT
se
recusar
a
efectuar
a
devolução,
legalmente
devido
e
perfeitamente
reconhecido,
de
determinado
tributo
pago
no
estrangeiro
por
parte
do
sujeito
passivo,
o
interessado
pode,
através
deste
meio,
obter
desde
logo
o
que
pretende,
ou
seja,
a
vinculação
da
AT
a,
em
prazo
fixado
pelo
tribunal,
restituir
a
quantia
devida.
MEIOS CAUTELARES ADEQUADOS
Em
primeiro
lugar,
havendo
fundado
receio
de
frustração
da
cobrança
dos
créditos
tributários,
o
credor
tributário
pode
adoptar
providências
cautelares
para
garantir
as
suas
pretensões
jurídicas.
A
forma
mais
visível
de
reacção
neste
âmbito
encontra-‐se
prevista
no
art.
144º
CPPT,
que
as
“providências
cautelares
adoptadas
pela
AT
são
impugnáveis
com
fundamento
em
qualquer
ilegalidade”,
sendo
tal
impugnação
dirigida
ao
tribunal
tributário
competente.
Além
disto,
o
legislador
colocou
também
ao
dispor
do
contribuinte
a
possibilidade
de
requerer
ele
próprio
ao
Tribunal
a
adopção
de
medidas
cautelares
contra
a
AT
–
art.
147º
n.
6
CPPT.
O PROCESSO TRIBUTÁRIO COMO UM CONTENCIOSO DE LEGALIDADE
O
contencioso
tributário
apresenta-‐se
como
um
contencioso
em
que
se
vai
discutir
a
legalidade
de
um
acto.
Ficam
deste
modo
fora
do
seu
âmbito
as
questões
atinentes
ao
mérito
e
oportunidade
da
actuação
administrativa
(nas
situações
em
que
o
criador
normativo
confere
à
AT
espaços
próprios
de
valoração,
o
tribunal
deve
abster-‐se
de
se
debruçar
sobre
as
actuações
correspondentes,
gozando
a
AT
de
um
espaço
de
actuação
insindicável).
O
controlo
de
legalidade,
na
sua
plenitude,
não
abrange
apenas
actos
de
liquidação
stricto
sensu
(actos
de
liquidação),
mas
sim
qualquer
acto
administrativo
em
matéria
tributária
(acto
lesivo)
–
art.
97º
n.
2
LGT.
65
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
Este
princípio
significa
que
a
cada
direito
deve
corresponder
uma
acção,
isto
é,
a
todo
o
direito
de
impugnar
corresponde
o
meio
processual
mais
adequado
de
o
fazer
valer
em
juízo
–
art.
97º
n.
2
LGT.
PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL
O
processo,
além
de
se
configurar
como
uma
garantia
indispensável
para
a
tutela
e
protecção
de
posições
jurídicas
activas,
é
também
um
fundamental
meio
para
atingir
a
verdade
na
tributação,
por
isso
é
reconhecida
a
possibilidade
de
investigar
para
além
do
que
for
alegado
pelas
partes
de
modo
a
apurar
a
verdade
–
art.
13º
n.
1
CPPT.
PRINCÍPIO DA COLABORAÇÃO
Os
actores
processuais
estão
obrigados
a
um
dever
de
colaboração
recíproca
–
art.
99º
n.
2,
3
e
104º
n.
1
LGT.
PRINCÍPIO DA CELERIDADE
Tal
como
o
procedimento
também
o
processo
deve
ser
concluído
e
decidido
num
prazo
razoável
–
art.
97º
n.
1
CPPT.
Para
cumprir
em
tempo
útil
tal
desiderato,
a
lei
impõe
ao
juiz
um
prazo
máximo
de
duração
do
processo,
que
poderá
ser
de
2
anos
ou
90
dias
–
art.
96º
CPPT.
PRINCÍPIO DO INQUISITÓRIO
O
seu
significado
essencial
reside
na
ideia
de
secundarização
do
papel
da
vontade
das
partes,
enquanto
princípio
oposto
ao
do
dispositivo
ou
da
disponibilidade.
No
âmbito
do
processo,
o
significado
deste
princípio
é
que
o
tribunal
ou
o
juiz
pode
praticar
os
actos
processuais
que
entenda
convenientes
para
apuramento
da
verdade
material.
Este
princípio
está
intimamente
ligado
aos
poderes
de
procura,
selecção
e
valoração
dos
factos
relevantes,
não
estando
o
juiz
limitado
às
provas
que
as
partes
apresentarem
ou
requerem,
podendo
oficiosamente
realizar
toda
e
qualquer
diligência
de
prova.
O
limite
desta
faculdade
está
na
impossibilidade
de
investigar
factos
não
alegados
pelas
partes
e
de
não
se
servir
deles
na
decisão
final
–
art.
13º
CPPT
e
99º
LGT.
66
Por
outro
lado,
o
tribunal
não
está
obrigado
a
levar
a
averiguação
de
facto
mais
longe
do
que
a
que
seja
requerida
para
dar
resposta
às
questões
que
lhe
cumpre
decidir.
Uma
das
consequências
do
princípio
do
inquisitório
é
a
de
que
o
juiz
poderá
incorrer
em
omissão
de
pronúncia
nas
situações
em
que
não
emite
Direito
em
relação
a
questões
que
o
deveria
ter
feito.
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
Este
é
um
instrumento
privilegiado
para
atingir
a
igualdade
processual
entre
as
partes,
chamando-‐as
a
pronunciar-‐se
nos
momentos
nucleares.
Por
exemplo,
no
processo
de
impugnação
judicial,
após
a
petição
inicial
apresentada
pelo
contribuinte
o
juiz
ordena
a
notificação
do
representante
da
fazenda
pública
para,
no
prazo
de
90
dias,
contestar
e
solicitar
a
produção
de
prova
adicional
–
art.
110º
e
120º
CPPT.
No
entanto,
a
jurisprudência
entende
que
quando
estiverem
em
causa
decisões
que
exigem
somente
a
resolução
de
questões
jurídicas
de
solução
evidente,
é
de
prescindir
do
contributo
que
podem
fornecer
tais
opiniões
das
partes
PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
Este
princípio
significa
que
o
mesmo
litígio,
no
âmbito
do
mesmo
processo,
não
pode
ser
objecto
de
mais
de
duas
decisões
por
parte
de
dois
tribunais
diferentes,
funcionando
portanto
como
um
limite
ao
direito
de
recorrer.
Assim
sendo,
determinada
sentença
apenas
pode
ser
objecto
de
um
recurso,
isto
é,
atingido
o
segundo
grau
de
jurisdição
não
existe
mais
possibilidade
de
recorrer.
Neste
âmbito,
das
decisões
do
Tribunal
Tributário
(1º
grau)
cabe
recurso
para:
• TCA
–
Secção
de
Contencioso
Tributário
–
com
fundamento
em
matéria
de
facto
e/ou
de
direito
–
art.
38º
al.
a)
ETAF;
• STA
–
Secção
de
Contencioso
Tributário
per
saltum
–
com
fundamento
exclusivamente
em
matéria
de
Direito
–
art.
26º
al.
b)
ETAF.
Quanto
às
decisões
do
TCA:
• Proferidas
em
1º
grau
de
jurisdição,
cabe
recurso
para
o
STA
–
art.
26º
al.
a)
ETAF;
• Proferidas
em
2º
grau
de
jurisdição
são
irrecorríveis
Resta
acrescentar
que
todas
estas
hipóteses
estão
ainda
dependentes
da
prévia
possibilidade
de
recurso,
pois
algumas
decisões
são
irrecorríveis,
pelo
facto
de
o
valor
da
causa
não
atingir
a
necessária
alçada
–
princípio
da
sucumbência
–
art.
105º
LGT,
6º
ETAF,
280º
n.
4
CPPT.
67
OS ACTORES DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
Para
que
o
processo
tenha
lugar
e
se
desenrole,
num
sentido
ou
em
outro,
com
uma
configuração
ou
outra,
é
necessário
que
se
levem
a
efeito
toda
uma
série
de
actuações
por
parte
de
pessoas
ou
entidades
distintas.
Ora,
as
pessoas
ou
entidades
que
intervêm
no
processo
podem,
de
um
modo
geral,
ser
designadas
por
actores
processuais.
Convém
no
entanto
esclarecer
que
actor
processual
e
parte
processual
não
são
sinónimos.
A
parte
é
a
pessoa
que
apresenta
uma
determinada
pretensão
a
tribunal,
ou
contra
quem
tal
pretensão
é
apresentada.
Já
o
actor
processual
será
qualquer
interveniente
no
processo,
o
que
poderá
incluir,
além
das
partes,
outras
entidades,
como
por
exemplo
o
Ministério
Público
ou
o
próprio
tribunal.
A
respeito
da
legitimidade
para
intervir
no
processo,
o
art.
9º
n.
4
CPPT
refere
que
têm
legitimidade
para
intervir
no
processo
tributário
os
contribuintes,
incluindo
os
substitutos
e
responsáveis,
outros
obrigados,
as
partes
dos
contratos
fiscais,
quaisquer
outras
pessoas
que
provem
interesse
legitimo,
o
Ministério
Público
e
o
representante
da
Fazenda
Pública.
OS SUJEITOS PASSIVOS
É
necessário
ter
aqui
presentes
os
conceitos
de
personalidade
e
capacidade
judiciária
–
art.
3º
n.
1
CPPT.
(Ver
páginas
32
a
36)
A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA – Representante da Fazenda Pública
O
art.
53º
do
ETAF
prescreve
que
a
Fazenda
Pública
defende
os
seus
interesses
nos
tribunais
tributários
através
de
representantes
seus.
Junto
do
STA
ou
TCA
a
Fazenda
Pública
é,
para
efeitos
de
representação
da
AT,
o
Director-‐Geral
da
Autoridade
Tributária
(o
qual
pode
ser
substituído/representado
pelos
subdirectores
ou
funcionários
licenciados
em
Direito)
O
art.
15º
n.
1
CPPT
acrescenta
as
competências
do
representante
da
Fazenda
Pública
nos
tribunais
tributários.
Note-‐se
que
quem
representa
a
AT
juntos
dos
Tribunais
Tributários
é
o
Director-‐Geral
da
Autoridade
Tributária,
representado
pelos
nos
Directores
Distritais
de
Finanças
e
nos
funcionários
licenciados
em
Direito.
Estas
competências
podem
materializar-‐se
em
actos
de
diversa
natureza
e
em
diversas
fases
do
processo,
podendo
destacar:
• A
contestação
da
Petição
Inicial,
art.
110º
CPPT;
• O
pedido
de
arrolamento
ou
arresto
dos
bens,
art.
136º,
214º
CPPT;
• A
contestação
da
oposição
no
processo
de
execução
fiscal,
art.
210º
CPPT;
68
• A
interposição
de
recurso
das
sentenças
dos
Tribunais
Tributários
de
primeira
instância,
art.
280º
CPPT.
O
art.
54º
ETAF
define
a
quem
compete
a
representação
da
Fazenda
Pública
em
cada
circunstância.
O MINISTÉRIO PÚBLICO
O TRIBUNAL
É
aqui
importante
referir
que
os
litígios
em
matéria
tributária
devem
ser
resolvidos,
em
última
instância,
por
um
tribunal
ou
juiz
–
art.
202º
CRP.
Para
que
um
tribunal
possa
resolver
um
litígio
emergente
de
uma
questão
tributária
é
necessário
que
estejamos
perante
a
ordem
jurisdicional
correcta
(o
poder
de
julgar)
e
que,
dentro
de
tal
ordem,
estejamos
perante
o
tribunal
competente
(parcela
de
jurisdição
de
que
cada
tribunal
é
titular).
• JURISDIÇÃO
O
TCA
refere
que
a
jurisdição
fiscal
abrangerá
“todas
as
questões
administrativas
de
natureza
fiscal”,
incluído
as
resultantes
de
resoluções
autoritárias
que
imponham
aos
cidadãos
o
pagamento
de
quaisquer
prestações
pecuniárias
com
vista
à
obtenção
de
receitas,
como
as
resoluções
que
os
dispensem
ou
isentem
delas,
bem
como
as
respeitantes
à
interpretação
e
aplicação
das
normas
de
Direito
Fiscal.
69
O
art.
4º
n.
1
ETAF
estabelece
em
específico
o
âmbito
de
abrangência
da
jurisdição
tributária.
Já
os
números
2
e
3
do
mesmo
artigo
excluem
certas
situações
da
jurisdição
tributária.
Em
termos
estruturais
fica
consagrado
um
“esquema
piramidal”,
em
que
no
âmbito
do
patamar
base
vale
a
regra
da
segregação
(existindo,
de
um
lado,
Tribunais
Administrativos
de
Círculo
e
do
outro
Tribunais
Tributários).
Porém,
nos
dois
patamares
superiores
vale
a
regra
da
agregação
(existindo
em
cada
um
deles
tribunais
que
são
simultaneamente
tributários
e
administrativos,
com
uma
secção
para
cada
uma
das
áreas
).
Assim
sendo,
fazem
parte
da
jurisdição
administrativa
e
tributária:
Em
termos
de
composição
ou
formação,
a
regra
é
que
os
Tribunais
Tributários
funcionam
com
juiz
singular
–
art.
46º
n.
1
ETAF
–
excepto
nas
seguintes
situações:
1. quando
se
coloque
uma
questão
de
Direito
nova
que
suscite
dificuldades
sérias
e
se
possa
vir
ETAF.
• COMPETÊNCIA
Para
que
uma
questão
seja
julgada
é
necessário
que
estejamos,
não
só
perante
a
ordem
de
Tribunais
adequada,
mas
que
estejamos
também,
dentro
desta,
perante
o
Tribunal
competente.
O
TCA
explica
que
a
competência
dos
Tribunais
equivale
aos
limites
dentro
dos
quais
cada
Tribunal
pode
exercer
a
função
jurisdicional,
portanto,
é
o
modo
como
entre
todos
os
Tribunais
se
reparte
e
divide
o
poder
jurisdicional.
1 . C O M P E T Ê N C I A
E M
R A Z Ã O
D A
M A T É R I A
Os
TT
são
competentes
para
apreciar
todas
as
questões
administrativas
de
natureza
fiscal.
Estes
tribunais
são
competentes
para
conhecer
das
acções
para
reconhecimento
de
direitos
ou
interesses
legalmente
protegidos
em
matéria
tributária,
dos
pedidos
de
declaração
de
ilegalidade
de
70
normas
administrativas
em
matéria
fiscal
e
ainda
de
vários
recursos
(de
actos
de
liquidação,
de
actos
de
determinação
da
matéria
tributável
e
de
actos
praticados
no
processo
de
execução
fiscal)
–
art.
49º
ETAF.
2 . C O M P E T Ê N C I A
E M
R A Z Ã O
D O
T E R R I T Ó R I O
Trata-‐se
aqui
de
saber
onde
é
que
dada
questão
deve
ser
intentada.
O
art.
12º
CPPT
determina
a
regra
de
que
a
competência
territorial
do
TT
se
afere
em
função
da
área
do
serviço
periférico
local
onde
se
praticou
o
acto
objecto
de
impugnação
ou
onde
se
deva
instaurar
a
execução.
Todavia,
tratando-‐se
de
um
acto
praticado
por
outro
serviço
da
AT
(que
não
o
órgão
periférico
local),
será
competente
o
tribunal
da
área
do
domicílio
ou
sede
do
contribuinte,
da
situação
ou
transmissão
dos
bens.
3 . C O M P E T Ê N C I A
E M
R A Z Ã O
D A
H I E R A R Q U I A
Trata-‐se
aqui
de
proceder
à
distribuição
legal
da
competência
entre
os
vários
tribunais
da
jurisdição,
devendo-‐se
sucessivamente
distinguir
os
tribunais
tributários,
o
TCA
e
o
STA.
Aos
Tribunais
Tributários
compete-‐lhes
conhecer,
como
tribunal
de
ingresso,
todas
as
questões
jurídico-‐tributárias
relativamente
às
quais
a
competência
não
esteja
reservada
nem
ao
TCA
nem
ao
STA.
Por
sua
vez,
o
TCA
–
secção
de
contencioso
tributário
–
pode
conhecer
questões
quer
em
primeiro
grau
de
jurisdição
(tem
aqui
relevo
os
recursos
dos
actos
administrativos
praticados
por
membros
do
governo
respeitantes
a
questões
fiscais
e
os
pedidos
de
declaração
de
ilegalidade
de
normas
administrativas
em
matéria
fiscal
de
âmbito
nacional),
quer
em
sede
de
recurso
(recurso
das
decisões
dos
TT’s,
salvo
nos
casos
de
recurso
per
saltum).
Quanto
ao
STA,
devem
ser
distinguidas
as
suas
competências
em
sede
de
plenário
e
em
sede
de
secção
de
contencioso
tributário
(pleno
ou
formação
de
3
juizes),
assim:
• o
PLENÁRIO,
é
composto
pelo
Presidente,
pelos
vice-‐presidentes
e
pelos
3
juízes
mais
antigos
de
cada
uma
das
secções
–
art.
28º
ETAF
–
sendo
competente
para
conhecer
dos
conflitos
de
jurisdição
entre
tribunais
administrativos
de
círculo
e
tribunais
tributários
ou
entre
as
secções
de
Contencioso
Administrativo
e
de
Contencioso
Tributário
–
art.
29º
ETAF.
• o
PLENO
DA
SECÇÃO
DE
CONTENCIOSO
TRIBUTÁRIO
–
art.
27º
ETAF
–
é
hierarquicamente
competente
para
conhecer,
entre
outros,
dos
recursos
de
acórdãos
proferidos
pela
Secção
em
primeiro
grau
de
jurisdição
e
dos
recursos
de
uniformização
de
jurisprudência.
• a
SECÇÃO
DE
CONTENCIOSO
TRIBUTÁRIO,
em
formação
“normal”,
é
competente
para
conhecer:
em
primeiro
grau
de
jurisdição,
dos
recursos
dos
actos
administrativos
praticados
pelo
Conselho
71
de
Ministros
em
matéria
fiscal
e
dos
conflitos
de
competência
entre
tribunais
tributários;
em
segundo
grau
de
jurisdição,
dos
recursos
das
decisões
do
TCA
proferidas
em
primeiro
grau
de
jurisdição
e
dos
recursos
das
decisões
dos
tribunais
tributários
com
exclusivo
fundamento
em
matéria
de
direito.
4 . C O M P E T Ê N C I A
E M
R A Z Ã O
D O
V A L O R
Alguns
tribunais,
sobretudo
os
superiores,
não
poderão
apreciar
todos
os
tipos
de
questões
jurídico-‐
tributárias
que
lhes
sejam
apresentadas
para
resolução.
Por
questões
de
justiça
e
celeridade
ficarão
de
fora
as
denominadas
“bagatelas
jurídicas”
(questões
que,
pelo
seu
diminuto
valor
económico
e
aparente
insignificância
jurídica,
não
devem
ser
levadas
a
determinado
Tribunal,
sob
pena
de
sobrecarregar
os
tribunais
com
questões
insignificantes).
Em
consequência,
os
tribunais
superiores
apenas
apreciarão
questões
cujo
valor
assuma
uma
determinada
relevância
económica,
fixada
de
acordo
com
os
critérios
discricionários
do
legislador.
Por
estes
motivos
fixa-‐se
uma
alçada
(valor
dentro
do
qual
um
tribunal
pode
decidir
sem
possibilidade
de
recurso).
A
alçada
será
relevante
apenas
para
efeitos
de
apreciação
da
questão
por
um
tribunal
superior,
ou
seja,
para
efeitos
de
recurso.
Portanto,
a
alçada
de
um
TT
será
o
valor
a
partir
do
qual
se
pode
recorrer
da
decisão
desse
Tribunal
ou,
de
outro
modo,
o
valor
máximo
da
causa
que
um
determinado
TT
conhece
sem
possibilidade
de
recurso
ordinário
–
art.
6º
n.
6
ETAF.
O
art.
97º-‐A
CPPT
estipula
as
regras
para
determinação
do
valor
da
causa,
nomeadamente:
1. Quando
seja
impugnada
a
liquidação,
o
da
importância
cuja
anulação
se
pretende;
2. Quando se impugne o acto de fixação da matéria colectável, o valor contestado; etc.
Nos
caos
não
contemplados
neste
artigo,
o
valor
é
fixado
pelo
juiz,
tendo
em
conta
a
complexidade
do
processo
e
a
condição
económica
do
impugnante
(tendo
como
limite
máximo
a
alçada
da
1ª
instancia
dos
TT’s).
72
1. INCOMPETÊNCIA
ABSOLUTA
Um
TT
será
absolutamente
incompetente
quando
sejam
violadas
as
regras
fixadoras
da
competência
em
razão
da
matéria
e
em
razão
da
hierarquia
–
art.
16º
n.
1
CPPT
–
devendo
a
incompetência
ser
conhecida
ex
officio
pelo
próprio
tribunal.
Assim,
nos
casos
em
que
haja
violação
das
regras
fixadoras
da
competência
em
razão
da
matéria
ou
em
razão
da
hierarquia,
o
Tribunal
perante
o
qual
a
questão
é
suscitada
tem
o
dever
oficioso
de
levantar
a
questão
da
incompetência
e
daí
retirar
as
devidas
ilações.
Não
é
um
poder
na
disponibilidade
do
tribunal,
mas
antes
um
verdadeiro
dever
de
conhecimento,
estando
a
tal
obrigado.
Quando
assim
não
for,
a
falta
de
apreciação
da
competência
do
tribunal
é
causa
de
nulidade
da
sentença
–
art.
125º
CPPT.
Tomando
o
tribunal
conhecimento
da
incompetência
absoluta,
de
modo
oficioso
ou
provocado,
deve,
com
prioridade
sobre
qualquer
outra
questão,
declará-‐la.
Na
acção
declarativa,
a
incompetência
absoluta
deve
ser
arguida
até
ao
início
da
produção
de
prova.
A
declaração
de
incompetência
absoluta
dá
origem
à
absolvição
da
instância.
O
Tribunal
deve
igualmente
indicar
que
o
interessado
pode,
no
prazo
de
14
dias
contados
a
partir
da
notificação
da
decisão
de
declaração
de
incompetência
absoluta,
requerer
a
remessa
do
processo
para
o
tribunal
competente,
deixando
o
processo
de
padecer
desse
vício,
a
acção
considera-‐se
proposta
no
dia
da
entrada
da
PI
no
tribunal
competente
–
art.
18º
n.
2
CPPT.
Se
tiver
decorrido
o
prazo
de
14
dias
sem
que
o
interessado
tenha
solicitado
a
remessa
dos
autos
ao
tribunal
competente,
verifica-‐se,
consoante
os
casos,
a
convalidação
do
acto
impugnado
ou
o
trânsito
em
julgado
da
decisão
sob
recurso
(por
exemplo,
a
decisão
da
1ª
instância).
2. INCOMPETÊNCIA
RELATIVA
Por
outro
lado,
um
TT
será
relativamente
incompetente
quando
sejam
violadas
as
regras
fixadoras
da
competência
em
razão
do
território
–
art.
17º
n.
1
CPPT.
Este
incompetência
não
é
de
conhecimento
oficioso,
mas
sim
provocado.
No
caso
dos
processos
de
impugnação
judicial,
se
a
petição
inicial
for
apresentada
em
serviço
periférico
local
ou
regional
territorialmente
incompetente,
o
seu
dirigente
deverá
promover
a
remessa
para
o
serviço
territorialmente
competente
no
prazo
de
48
horas,
notificando
o
impugnante
–
art.
17º
n.
3
e
n.
2
al.
a)
CPPT.
Nas
acções
de
impugnação
de
execução
a
incompetência
relativa
deve
ser
arguida
até
à
produção
de
prova
e
pode
ser
arguida
pela
AT.
73
Já
no
processo
de
execução
fiscal
não
se
coloca
o
problema
de
a
petição
ser
apresentada
em
serviço
territorialmente
incompetente,
pois
este
processo
inicia-‐se
com
impulso
dos
órgãos
públicos.
Pode,
no
entanto,
acontecer
que
seja
instaurado
por
serviço
ou
Tribunal
territorialmente
incompetente.
Nestes
casos,
o
vício
só
pode
ser
arguido
pelo
executado
até
findar
o
prazo
para
a
oposição
à
execução
–
art.
17º
n.
2
al.
b)
CPPT.
Em
qualquer
caso,
a
decisão
judicial
de
incompetência
terá
como
consequência
a
remessa
oficiosa
do
processo
para
o
Tribunal
competente
–
art.
18º
CPPT.
Relativamente
à
violação
das
regras
de
fixação
de
competência
em
razão
do
valor,
note-‐se
que,
neste
âmbito,
o
valor
é
irrelevante
no
momento
da
propositura
da
acção
pois
a
alçada
do
TT
apenas
releva
para
efeitos
de
recurso,
pelo
que
apenas
nesta
sede
o
valor
da
causa
poderá
vir
a
ser
relevante
(ou
a
causa
não
admite
recurso,
ou
o
recurso
foi
mal
interposto
e
estaremos
perante
um
caso
de
incompetência
absoluta
por
violação
das
regras
de
fixação
da
competência
em
função
da
hierarquia).
O FORMALISMO PROCESSUAL
sujeito
passivo
(o
contribuinte)
como
da
AT
(caso
do
processo
de
execução
fiscal);
2. Resposta
da
contra-‐parte,
mediante
CONTESTAÇÃO
(se
for
a
AT)
ou
OPOSIÇÃO
(se
for
o
contribuinte);
3. INSTRUÇÃO,
fase
onde
são
carreados
para
o
processo
os
elementos
de
prova;
4. ALEGAÇÕES;
6. SENTENÇA.
AS NULIDADES PROCESSUAIS
Para
que
exista
uma
nulidade
processual
é
necessário
que
se
verifiquem
dois
requisitos
cumulativos:
1. Um
desvio
em
relação
à
tramitação
prevista
na
lei,
seja
por
via
da
prática
de
um
acto
que
a
lei
não
admita,
seja
por
via
da
omissão
de
um
acto
ou
formalidade
que
a
lei
exija;
2. Que
haja
um
nexo
de
influência
entre
a
irregularidade
cometida
e
a
boa
decisão
da
causa.
74
Refira-‐se
que
algumas
das
nulidades
são
de
tal
modo
graves
que
o
próprio
legislador
as
considera
insanáveis,
podendo
ser
oficiosamente
conhecidas
ou
deduzidas
a
todo
o
tempo,
até
ao
transito
em
julgado
da
decisão
final
–
art.
98º
n.
2
CPPT.
Tal
verifica-‐se
nos
seguintes
casos
–
art.
98º
n.
1
CPPT:
• Ineptidão
da
petição
inicial;
• Falta
de
informações
oficiais
referentes
a
questões
de
conhecimento
oficioso
no
processo;
• Falta
de
notificação
do
despacho
que
admitir
o
recurso
aos
interessados,
se
estes
não
alegarem.
A
verificação
da
nulidade
tem
como
efeito
a
invalidação
dos
termos
subsequentes
do
processo
que
dela
dependam
absolutamente,
embora
se
deva,
em
obediência
a
uma
ideia
de
aproveitabilidade
e
economicidade
dos
actos,
aproveitar
as
peças
úteis
ao
apuramento
dos
factos
–
art.
98º
n.
3
CPPT.
No
que
respeita
ao
modo
de
arguição,
duas
hipóteses
abstractas
se
podem
referir:
• Mediante
reclamação
dirigida
ao
próprio
Tribunal
a
quo
–
art.
153º
CPC
ex
vi
art.
2º
CPPT;
• Por
via
do
recurso
da
decisão
final
–
art.
280º
CPPT.
(O
STA
tem
acolhido
esta
posição)
75
OS MEIOS PROCESSUAIS – Contencioso Tributário
A
impugnação
judicial,
num
sentido
amplo,
abrangerá
todos
os
meios
processuais
que
têm
como
objectivo
autorizar
ou
fiscalizar
uma
actuação
administrativa
tributária,
dos
quais
se
destacam:
1. Processo
de
Impugnação
Judicial
–
art.
99º
CPPT;
3. A Acção para Reconhecimento de Direito ou Interesse Legítimo – art. 145º CPPT;
5. Processo Especial para Derrogação de Sigilo Bancário – art. 146º-‐A/B/C/D CPPT e 63º-‐B LGT;
8. Processos Cautelares
O
processo
tributário,
em
sentido
restrito,
dirá
apenas
respeito
ao
chamado
processo
de
impugnação
judicial.
Por
outro
lado,
e
uma
vez
que
em
muitos
casos
o
chamamento
do
Tribunal
pressupõe
uma
actuação
administrativa
prévia,
a
impugnação
judicial
configura-‐se
como
um
recurso
do
acto
que
resulta
dessa
actuação.
Face
ao
vasto
leque
de
meios
processuais
pode
acontecer
que
o
interessado,
por
várias
razões,
não
proceda
à
escolha
do
meio
processual
adequado
e
conveniente
à
prossecução
dos
seus
objectivos.
Nestes
casos,
a
lei
impõe
ao
Tribunal
um
verdadeiro
dever
de
cooperação,
determinando
que
este
ordene
a
correcção
do
processo
para
a
forma
adequada,
de
modo
a
permitir
que
o
eventual
lesado
não
saia
prejudicado
apenas
pela
má
escolha
do
instrumento
de
defesa.
Trata-‐se
da
figura
da
convolação
–
art.
97º
n.
3
LGT
e
98º
n.
4
CPPT.
No
entanto,
este
dever
não
é
absoluto,
caso
em
que
o
Tribunal
ficaria
obrigado
a
corrigir
todos
os
absurdos
processuais
que
lhe
surjam.
Uma
análise
da
jurisprudência
do
STA
permite
concluir
que
existem
limites
ao
referido
dever,
nomeadamente
quando
a
improcedência
ou
a
intempestividade
da
PI
sejam
manifestas.
Para
determinar
o
meio
processual
adequado
é
necessário
atender
às
finalidades
e
objecto
de
cada
um.
No
que
toca
às
finalidades,
no
caso
da
impugnação
judicial,
por
exemplo,
a
finalidade
é
a
reapreciação
76
de
um
pedido.
Outros
meios
visam
reconhecer
direitos,
a
intimação
para
praticar
actos,
a
cobrança
coerciva,
etc.
Quanto
ao
objecto,
se
este
for
um
acto
de
liquidação,
esta
circunstância
afasta
todos
os
meios
excepto
a
impugnação
judicial.
Se
for
o
reconhecimento
de
um
benefício
fiscal,
o
meio
adequado
será
o
recurso
contencioso,
ou
seja,
a
acção
administrativa
especial,
etc.
O PROCESSO DE IMPUGNAÇÃO JUDICIAL – art. 99º ss. CPPT
Este
meio
processual,
exclusivo
da
jurisdição
tributária,
tem
por
objectivo
a
anulação
total
ou
parcial
de
actos
tributários.
Como
se
pode
ver,
estamos
perante
uma
garantia
dos
contribuintes
que
visa
exactamente
o
mesmo
que
visava
a
Reclamação
Graciosa,
com
a
diferença
de
que
esta
decorria
exclusivamente
perante
a
Administração
Tributária,
e
não
perante
o
Tribunal
(caso
desta).
Quanto
à
NATUREZA
do
processo
de
impugnação
judicial
(PIJ),
estamos
perante
uma
acção
de
tipo
declarativo
de
simples
apreciação,
na
medida
em
que
com
a
instauração
deste
processo
pretende-‐se,
mediante
anulação
do
acto
de
liquidação,
obter
a
declaração
de
inexistência
do
direito
da
AT
de
exigir
a
importância
em
causa,
tal
como
foi
exigida
ao
contribuinte.
No
que
respeita
ao
OBJECTO
é
preciso
distinguir
que
na
reclamação
graciosa
o
objecto
são
os
actos
de
liquidação,
mas
no
PIJ
o
acto
de
liquidação
é
entendido
numa
vertente
mais
ampla,
incluindo
actos
de
avaliação
(quando
passíveis
de
impugnação
contenciosa
directa)
e
actos
de
liquidação
–
art.
86º
n.
3
LGT.
Deve
aqui
ter-‐se
em
conta
que,
apesar
de
tanto
o
PIJ
como
a
Reclamação
Graciosa
visarem
a
anulação
de
um
acto
tributário,
o
legislador
não
colocou
ao
dispor
dos
contribuintes
dois
meios
com
o
mesmo
objectivo,
apenas
com
a
diferença
de
um
correr
administrativamente
e
o
outro
jurisdicionalmente,
que
poderiam
ser
utilizados
simultânea
ou
cumulativamente.
Assim,
a
reclamação
e
o
PIJ
são
duas
garantias
distintas,
apesar
de
terem
em
comum
os
objectivos
(anulação
de
actos
tributários),
os
fundamentos
(qualquer
ilegalidade)
e
a
inexistência
de
efeito
suspensivo
da
respectiva
liquidação
–
art.
69º
al.
f)
e
103º
n.
4
CPPT.
Contudo,
distinguem-‐se
nos
seguintes
aspectos:
• O
PIJ
é
caracterizado
por
uma
tramitação
formalizada
e
mais
lenta,
enquanto
a
reclamação
é
pautada
pela
simplicidade
de
termos;
• Enquanto
no
PIJ
são
admitidos
os
meios
gerais
de
prova
(art.
115º
CPPT),
na
reclamação
existe
uma
limitação
dos
meios
probatórios
à
forma
documental
(art.
69º
al.
e)
CPPT).
77
• As
decisões
do
PIJ
(sentenças)
fazem
caso
julgado,
o
que
não
acontece
com
as
decisões
do
procedimento,
que
são
actos
administrativos
(art.
69º
al.
c)
CPPT).
• No
PIJ
existe
a
sujeição
a
custas
judiciais
(art.
122º
n.
2
CPPT),
a
reclamação
é
caracterizada
pela
isenção
de
custas
(art.
69º
al.
d)
CPPT
–
sem
prejuízo
do
possível
agravamento
à
colecta
aplicado
a
título
de
custas
–
art.
77º
CPPT).
É
também
relevante
referir
que
a
instauração
de
uma
reclamação
graciosa
faz
parar
o
prazo,
interrompendo-‐o,
de
interposição
da
impugnação
judicial.
Admite-‐se
que,
depois
de
decidida
a
reclamação
(em
sentido
desfavorável
para
o
contribuinte),
ainda
possa
ser
instaurado
PIJ
–
art.
102º
n.
2
CPPT.
No
caso
de
o
PIJ
ser
interposto
após
ter
sido
apresentada
a
reclamação
graciosa,
vale
aqui
a
regra
da
apensação
–
art.
111º
n.
3
CPPT
–
valendo
esta
regra
tantos
nos
casos
em
que
os
fundamentos
da
reclamação
e
do
PIJ
sejam
os
mesmos,
quer
sejam
diversos.
Se
a
reclamação
graciosa
for
interposta
após
a
impugnação
judicial,
a
regra
continua
a
ser
a
da
apensação
–
art.
111º
n.
4
CPPT.
OS FUNDAMENTOS DO PROCESSO
Há
correspondência
entre
a
reclamação
graciosa
e
o
PIJ
no
que
respeita
aos
seus
fundamentos.
O
fundamento
para
ambas
é
a
desconformidade
com
do
acto
com
o
ordenamento
jurídico,
isto
é,
o
acto
violar
a
CRP,
as
normas
de
Direito
Internacional,
o
Direito
da
União
Europeia,
Lei,
regulamento,
ou
ser
desconforme
a
uma
actuação
administrativa
prévia
a
que
a
AT
esteja
vinculada
(caso
das
informações
vinculativas).
Aceita-‐se
aqui
o
conceito
amplo
de
legalidade,
plasmado
nos
artigos
70º
e
99º
do
CPPT.
Note-‐se
que
a
caducidade
do
direito
de
liquidação
é
também
uma
ilegalidade,
fundamento
para
impugnação.
TEMPESTIVIDADE
No
caso
de
o
PIJ
ser
intentado
ab
initio,
como
modo
de
reacção
inicial
contra
o
acto
potencialmente
inválido,
o
contribuinte
terá
de
o
fazer
nos
seguintes
prazos:
• 90
dias,
contados
–
art.
102º
CPPT:
1. a
partir
do
termo
do
prazo
para
pagamento
voluntário;
2. a partir da notificação, se o acto que se pretende impugnar não for de liquidação (seja,
78
3. a
partir
do
conhecimento,
se
o
acto
que
se
pretende
sindicar
jurisdicionalmente,
sendo
80
• DEFESA
–
A
CONTESTAÇÃO
–
ART.
110º
CPPT
Após
apresentação
da
PI,
nos
temos,
local
e
prazos
descritos
deve
o
juiz
notificar
a
contraparte,
o
Representante
da
Fazenda
Pública
(art.
54º
ETAF),
para
responder.
Estamos,
portanto,
na
fase
da
defesa,
que
ganha
corpo
através
da
contestação.
Aqui,
no
prazo
de
90
dias
após
a
notificação
do
juiz,
o
representante
da
Fazenda
Pública
deve
contestar
e
solicitar
a
produção
de
prova
adicional
–
art.
110º
n.
1
CPPT.
A
lei
determina
que
a
falta
de
contestação
não
representa
a
confissão
dos
factos
articulados
pelo
impugnante
–
art.
110º
n.
6
CPPT.
Esta
regra
é
contrária
ao
prescrito
para
o
Processo
Civil
e
justifica-‐se
perante
os
interesses
em
causa
e
a
indisponibilidade
do
crédito
tributário.
A
AT
não
tem
o
ónus
ou
dever
de
impugnar
especificadamente
cada
um
dos
factos
articulados.
O
art.
110º
n.
7
CPPT,
nesta
matéria,
consagra
um
espaço
de
discricionariedade
ao
juiz,
permitindo-‐lhe
apreciar
livremente
a
falta
de
contestação
especificada
dos
factos,
podendo
considerar
os
factos
não
impugnados
como
provados,
confessados,
não
provados,
etc.
local
ou
pelo
dirigente
do
órgão
periférico
regional
(consoante
o
valor
do
processo
exceda
ou
não
o
quíntuplo
da
alçada
do
tribunal
tributário
de
1ª
instância).
Se
tal
acontecer,
a
instância
é
julgada
extinta
e
sem
custas,
a
não
ser
que
se
trate
de
uma
revogação
parcial
ou
o
juiz
entenda
que
a
instância
deve
prosseguir
para
apreciação
de
um
eventual
pedido
indemnizatório
suscitado
–
art.
112º
n.
1
e
2
CPPT.
2. Pode
o
juiz
proferir
um
despacho
de
aperfeiçoamento
ou
de
correcção
–
art.
110º
n.
2
CPPT
decisão)
conhecer
de
imediato
do
fundo
da
questão.
Tal
pode
acontecer
se
a
questão
for
apenas
de
Direito
ou
se,
sendo
também
de
facto,
o
processo
fornecer
os
elementos
necessários
–
art.
113º
n.
1
CPPT.
Porém,
refere
o
STA,
neste
contexto,
que
um
eventual
indeferimento
liminar
“é
um
mecanismo
a
utilizar
com
cautela,
só
devendo
ter
lugar
quando
da
simples
apreciação
do
pedido
formulado
resulte
com
força
irrecusável
e
sem
margem
para
dúvidas
que
este
não
pode
proceder”
e
se
afigure
inútil
qualquer
diligência
instrutória
posterior.
81
• A
INSTRUÇÃO
Nesta
fase
são
carreados
para
o
processo
os
elementos
de
prova
necessários
para
a
tomada
de
decisão
por
parte
do
juiz.
Esta
é,
portanto,
a
fase
da
produção
de
provas,
as
quais
tem
têm
por
função
a
demonstração
da
realidade
dos
factos
alegados
na
PI
–
art.
341º
CCiv.
Diferentemente
do
que
acontece
em
sede
de
reclamação
graciosa,
no
PIJ
são
admitidos
os
meios
gerias
de
prova,
vigorando
o
princípio
da
plenitude
(as
partes
podem
recorrer
a
todos
os
meios
de
prova
disponíveis
no
direito)
–
art.
115º
CPPT
–
sendo
de
destacar:
1. A
prova
documental;
Vigora
também
aqui
o
princípio
segundo
o
qual
o
juiz
pode
praticar
e
ordenar
a
prática
das
diligências
de
produção
de
prova
(que
serão
efectuadas
no
tribunal)
–
art.
114º
CPPT
–
que
entenda
convenientes
para
o
apuramento
da
verdade
material
–
princípio
do
inquisitório.
Isto
significa
que
o
não
está
vinculado
às
diligências
requeridas
pelas
partes
(podendo
considera-‐las
dilatórias
)
e,
além
disso,
pode
o
tribunal
determinar
que
sejam
realizadas
diligências
diferentes
das
requeridas
pelas
partes.
Também,
o
juiz
pode
entender
não
levar
à
prática
as
diligências
probatórias
requeridas
pelas
partes
sem
incorrer
em
qualquer
nulidade
processual,
na
medida
em
que
lhe
incumbe
avaliar
se
já
tem
ao
seu
dispor
todos
os
elementos
relevantes
para
decidir
–
art.
113º
CPPT.
É
necessário
ressalvar
que
nesta
fase,
sempre
que
esteja
em
causa
uma
diligência
probatória
que
exija
despesa
e
seja
requerida
pelo
impugnante,
será
este
a
suportá-‐la,
mediante
reparo
a
fixar
pelo
juiz
e
entram
no
final
em
regra
de
custas
–
art.
116º
n.
6
CPPT.
• ALEGAÇÕES
Uma
vez
concluída
a
fase
de
instrução
há
lugar
a
que
as
partes
possam
pronunciar-‐se
sobre
as
provas
produzidas
e
deduzir
alegações
–
art.
120º
CPPT
–
o
juiz
ordena
a
notificação
dos
interessados
para
alegarem
por
escrito
(apenas
esta
forma
é
admitida),
no
prazo
por
si
fixado,
não
superior
a
30
dias.
Nesta
fase
vai
fazer-‐se
uma
apreciação
das
provas
produzidas
e
do
direito
que
lhe
é
aplicável,
formulando-‐se
conclusões.
Será
importante
salientar
que,
de
acordo
com
a
jurisprudência
do
STA,
o
facto
de
as
partes
terem
tido
oportunidade
de
se
pronunciar
sobre
os
documentos
apresentados
pela
parte
contrária,
não
dispensa
as
alegações.
82
Naturalmente
que
não
haverá
lugar
à
notificação
para
alegações
se
o
juiz
conhecer
imediatamente
do
pedido,
pois,
face
à
inexistência
da
fase
de
produção
de
prova,
considera-‐se
dispensável
dar
aos
interessados
outra
oportunidade,
para
além
da
facultada
nos
respectivos
articulados.
A
falta
de
alegações,
podendo
ter
influência
na
decisão
final,
é
fundamento
de
nulidade
processual.
• SENTENÇA
Finalmente,
serão
os
autos
conclusos
para
decisão
do
juiz
que
proferirá
sentença,
devendo
esta
ser
notificada,
no
prazo
de
10
dias,
ao
MP,
ao
impugnante
e
ao
representante
da
Fazenda
Pública
–
art.
122º
e
126º
CPPT.
A
sentença
deverá
identificar
os
interessados
e
os
factos
objectos
do
litígio,
sintetizará
a
pretensão
do
impugnante
e
respectivos
fundamentos,
bem
como
a
posição
do
representante
da
Fazenda
Pública
e
do
MP
e
fixará
as
questões
que
ao
tribunal
cumpre
solucionar
–
art.
123º
CPPT.
Além
disso,
deve
o
juiz
discriminar
de
forma
fundamentada
a
matéria
provada
e
não
provada.
A
sentença
será
nula
se
–
art.
125º
CPPT:
• Faltar
a
assinatura
do
juiz
–
art.
125º
n.
2
CPPT;
• Não
forem
especificados
os
fundamentos
da
decisão;
• Houver
oposição
entre
os
fundamentos
e
a
decisão;
• O
juiz
não
se
pronunciar
sobre
questões
que
deva
obrigatoriamente
fazê-‐lo
(de
conhecimento
oficioso);
• O
juiz
pronunciar-‐se
sobre
questões
que
não
deva
conhecer
(excesso
de
pronúncia).
83
A
nulidade
da
sentença
deve
ser
arguida
pelas
partes.
Após
o
proferimento
de
sentença,
extingue-‐se
o
poder
jurisdicional
do
juiz
em
relação
ao
litígio,
pois
esse
poder
só
é
conferido
ao
juiz
como
mero
instrumento
legal
para
decidir,
deixando
de
estar
habilitado
para
tal
após
o
exercer
–
art.
666º
CPCiv
ex
vi
art.
2º
al.
e)
CPPT.
Por
estarmos
aqui
em
presença
de
um
contencioso
anulatório,
os
efeitos
da
sentença
visam
a
anulação
de
acto
tributários.
Neste
tipo
de
contencioso,
a
tutela
é
indirecta,
ou
seja,
não
se
opera
pela
restauração
directa
da
situação
individual
do
lesado,
mas
apenas
mediante
a
actuação
da
AT,
que
deve
tomar
as
providencias
adequadas
para
que
a
decisão
do
Tribunal
produza
os
seus
efeitos
–
art.
205º
CRP
e
100º
LGT.
Em
caso
de
procedência
da
pretensão
do
sujeito
passivo,
sobre
a
AT
impendem
dois
deveres:
1. Dever
de
reconstituir
a
legalidade
do
acto
ou
situação
objecto
do
litígio
em
causa.
Tal
passa
em
particular
pela
restituição
da
quantia
que
ao
contribuinte
foi
indevidamente
exigida
e
que
ele
satisfez.
2. Dever
de,
sendo
caso
disso,
pagar
juros
indemnizatórios
para
compensar
o
contribuinte
pela
privação
dos
meios
monetários
que
foi
obrigado
a
entregar
ao
Fisco
–
art.
43º
LGT.
Contudo,
importa
salientar
que
a
prevalência
do
caso
julgado
não
pode
significar
a
existência
de
sentenças
impositivas,
o
Tribunal
não
pode,
no
seguimento
da
decisão,
determinar
quais
os
procedimentos
a
seguir
pela
AT
na
reconstituição
da
legalidade
(trata-‐se
aqui
de
um
contencioso
de
mera
anulação).
Se
eventualmente
se
vier
a
constatar
que
a
AT
não
adoptou
todos
os
comportamentos
pertinentes
para
esse
fim,
então
deve-‐se
lançar
mão
do
meio
processual
acessório
de
execução
de
julgados.
OS INCIDENTES
No
âmbito
do
PIJ,
o
legislador
autonomizou
três
incidentes
–
art.
127º
CPPT:
• INCIDENTE
DE
ASSISTÊNCIA
–
trata-‐se
de
permitir
a
intervenção
no
processo
de
alguém
que
tem
um
interesse
indirecto
na
resolução
do
litígio
em
causa
–
art.
129º
CPPT.
84
• INCIDENTE
DE
HABILITAÇÃO
–
verifica-‐se
quando
haja
necessidade
de
uma
alteração
subjectiva
da
instância,
tal
pode
acontecer
quando
falecer
o
impugnante
e
o
sucessor
pretenda
impor
a
sua
posição
processual
–
art.
130º
CPPT.
• INCIDENTE
DE
APOIO
JUDICIÁRIO
–
ocorre
nos
termos
gerais
do
princípio
de
acesso
ao
Direito
e
aos
Tribunais.
Após
o
incidente
ter
sido
suscitado
o
juiz
dispõe
de
um
prazo
de
15
dias
para
responder,
devendo
o
MP
ser
ouvido
obrigatoriamente
antes
da
decisão
–
art.
127º
n.
2
e
3
CPPT.
A ACÇÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL – art. 46º ss. CPTA
O
recurso
contencioso,
tal
como
referido
no
art.
97º
n.
2
CPPT,
já
não
existe,
tendo
sido
substituído
por
um
meio
processual
novo:
a
Acção
Administrativa
Especial
–
art.
191º
CPTA.
A
AAE
tem
como
objecto
questões
jurídicas
relacionadas
com
o
exercício
de
poderes
administrativos
de
autoridade
materializados
na
emissão
de
actos
administrativos
ou
regulamentos.
Esta
acção
continua
a
servir
para
realizar
os
pedidos
tradicionais
de
anulação,
declaração
de
nulidade
ou
inexistência
de
um
acto
administrativo
e
os
de
declaração
de
ilegalidade
de
normas
com
força
obrigatória
e
geral,
mas
inclui
novos:
a
declaração
de
ilegalidade
de
normas
em
casos
concretos,
a
condenação
à
pratica
de
acto
legalmente
devido
e
a
declaração
de
ilegalidade
por
omissão
de
regulamento.
Portanto,
a
AAE
na
sua
abrangência
compreende
especificamente:
• Os
processos
de
impugnação
de
actos
administrativos
e
normas
regulamentares;
• Processos
dirigidos
à
condenação
da
Administração
à
emissão
desse
tipo
de
actos.
Em
matéria
tributária,
a
AAE
deve
ser
utilizada
por
parte
dos
contribuintes
ou
outros
interessados
nas
situações
em
que
esteja
em
causa
a
apreciação
de
actos
administrativos
relativos
a
questões
tributárias
que
não
comportem
a
apreciação
da
legalidade
do
acto
de
liquidação
(caso,
por
exemplo,
da
revogação
de
isenções
ou
outros
benefícios
fiscais
ou
um
despacho
de
sujeição
a
determinado
regime
de
tributação)
–
art.
97º
n.
1
al.
p)
e
n.
2
CPPT.
Convém
aqui
salientar
que
quando
a
acção
tenha
um
valor
superior
à
alçada
do
TAC
será
julgada
por
Tribunal
Colectivo,
em
formação
de
três
juízes,
afastando
a
regra
geral
que
em
contencioso
tributário
as
questões
são
decididas
por
juiz
singular
–
art.
40º
n.
1
e
3
ETAF.
Quanto
ao
pedido,
em
princípio,
neste
âmbito
ele
será
a
anulação
do
acto
administrativo
respectivo
ou
a
declaração
da
sua
nulidade
ou
inexistência
jurídica
–
art.
46º
n.
2
e
50º
CPTA.
85
Quanto
à
tempestividade,
a
AAE
deve
ser
proposta
no
prazo
de
3
meses
a
contar
da
notificação
do
acto
que
se
pretende
impugnar
–
art.
58º
n.
2
al.
b)
CPTA.
Em
termos
de
tramitação,
o
processo
inicia-‐se
com
a
recepção
da
PI
na
secretaria
do
Tribunal
ao
qual
é
dirigida.
A
PI
deve
ser
deduzida
de
forma
articulada
e
deve
conter,
entre
outros
elementos
–
art.
78º
CPTA:
1. Identificação
do
acto
impugnado;
4. Formular o pedido;
6. Indicar os factos cuja prova se propõe fazer, juntando os documentos que desde logo provem
esses
factos
ou
informando
que
eles
constam
do
processo
administrativo.
Além
disto,
deve-‐se
juntar
documento
comprovativo
da
prática
do
acto
impugnado
–
art.
79º
n.
2
CPTA.
Após
recebida
a
PI,
incumbe
à
secretaria
promover
oficiosamente
a
notificação
da
AT
para
contestar
no
prazo
de
30
dias
(art.
81º
CPTA),
devendo
esta
deduzir,
de
forma
articulada,
toda
a
matéria
relativa
à
defesa
e
juntar
os
documentos
necessários
a
demonstrar
os
factos
cuja
prova
se
propõe
fazer
–
art.
83º
CPTA.
Note-‐se
que
a
falta
de
contestação
ou
a
falta
de
impugnação
especificada
não
importa
a
confissão
dos
factos
articulados
pelo
autor,
apreciando
o
Tribunal
livremente
essa
conduta
para
efeitos
probatórios.
Findos
os
articulados,
o
processo
é
concluso
ao
juiz,
que
poderá
decidir
preliminarmente:
1. Proferindo
despacho
saneador
–
art.
87º
CPTA;
86
O PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL – art. 148º CPPT
Este
é
um
meio
processual
que
tem
por
objectivo
realizar
um
determinado
direito
de
crédito.
De
acordo
com
o
art.
103º
LGT
o
processo
de
execução
fiscal
tem
verdadeira
natureza
judicial,
sem
prejuízo
da
participação
dos
órgãos
da
AT
(nos
actos
que
não
tenham
natureza
jurisdicional),
visto
que
este
processo
tem
uma
forte
componente
não
jurisdicional
e
muitos
dos
seus
actos
são
praticados
por
órgãos
administrativos.
De
modo
geral,
o
processo
executivo
é
caracterizado
por
uma
ideia
de
preferência
do
direito
do
credor.
Quando
o
devedor
não
cumpre
a
sua
obrigação,
o
processo
executivo
envolve
um
acto
de
penhora
mediante
o
qual
são
desapossados
do
património
do
devedor
alguns
bens,
que
são
posteriormente
entregues
ao
órgão
da
execução
e
vendidos,
revertendo
o
produto
da
venda
para
o
credor.
Um
acto
da
AT,
independentemente
de
ser
válido
ou
inválido,
para
produzir
efeitos
jurídicos
carece
de
um
acto
material
que
leve
ao
conhecimento
do
destinatário
o
seu
conteúdo.
O
modo
mais
comum
de
isto
se
realizar
é
através
de
notificação.
No
momento
em
que
o
sujeito
passivo
é
notificado,
inicia-‐se
o
prazo
para
pagamento
voluntário
do
tributo
(em
regra,
serão
30
dias).
Findo
o
prazo
para
pagamento
voluntário,
se
o
sujeito
passivo
paga
o
tributo
termina
aí
o
procedimento.
Porém,
se
ele
não
pagar,
isto
é,
se
não
for
possível
o
pagamento
voluntário,
a
AT
vai
instaurar
um
processo
de
execução
fiscal
(PEF),
para
cobrança
coerciva
de
dívidas
tributárias.
Neste
âmbito,
as
dividas
a
cobrar
devem
ser:
1. CERTAS
–
no
sentido
em
que
não
existem
dúvidas
quanto
aos
sujeitos
devedores
nem
quanto
à
natureza
das
prestações
(em
regra
a
dívida
existe
após
o
acto
de
liquidação);
2. LÍQUIDAS
–
no
sentido
em
que
o
seu
quantitativo
tenha
já
sido
fixado
e
não
haja
dúvidas
quanto
ao
seu
valor;
3. EXIGÍVEL
–
no
sentido
em
que
não
existem
dúvidas
quanto
à
legalidade
das
mesmas
(no
âmbito
do
pagamento
voluntário,
a
dívida
torna-‐se
exigível
após
a
notificação;
já
para
o
pagamento
coercivo,
a
dívida
torna-‐se
exigível
após
decorrido
o
prazo
para
pagamento
voluntário).
Importa
aqui
referir
que,
em
princípio,
em
sede
de
PEF
não
se
discutirão
questões
relativas
à
validade/legalidade
da
dívida
(estas
questões
devem
considerar-‐se
já
anteriormente
resolvidas
em
sede
própria).
87
PRESSUPOSTOS MATERIAIS – O objecto do PEF
Trata-‐se
aqui
de
averiguar
que
tipo
de
dívidas
podem
ser
cobradas
em
sede
de
PEF.
Neste
quadro
é
incorrecto
afirmar
que
que
todas
as
dívidas
do
Estado
são
cobradas
por
este
meio.
Na
verdade,
as
coimas
e
outras
sanções
pecuniárias
não
podem
ser
cobradas
por
este
meio
quando
aplicadas
pelos
Tribunais
comuns.
É
também
incorrecto
afirmar
que
o
PEF
diz
apenas
respeito
a
dívidas
do
Estado,
quando
na
verdade
pode
ter
por
objecto
dívidas
a
outras
pessoas
colectivas
de
Direito
Público.
Assim
sendo,
desde
logo,
podem
ser
cobradas
através
de
PEF
dívidas
relativas
a:
1. TRIBUTOS
–
qualquer
prestação
pecuniária
coactiva
(quanto
à
origem
e
conteúdo)
que
visa
a
satisfação
de
necessidades
financeiras;
2. COIMAS
–
e
outra
sanções
pecuniárias
fixadas
no
âmbito
de
processos
de
contraordenações
tributárias
(excepto
quando
aplicadas
pelos
tribunais
comuns);
3. Reembolsos
ou
reposições;
4. Outras dívidas ao Estado e a outras pessoas colectivas de direito público que devam ser pagas
por
força
de
acto
administrativo
–
por
exemplo,
um
sujeito
passivo
requere
apoio
financeiro
ao
desemprego
e,
por
incumprimento
seu,
é
determinado
que
o
apoio
seja
devolvido.
Estamos
aqui
perante
uma
dívida
que
resulta
de
acto
administrativo
(atribuição
e
revogação)
pelo
que,
em
princípio,
é
possível
cobrar
esta
dívida
por
meio
de
PEF.
No
entanto,
é
necessário
que
o
diploma
pelo
qual
essa
pessoa
colectiva
de
direito
público
foi
criada
preveja
expressamente
essa
possibilidade.
Estes
pressupostos
materiais
permitem
constatar,
do
lado
activo
da
relação
processual,
que
credor
e
exequente
não
são
sinónimos,
assim:
• O
CREDOR
TRIBUTÁRIO
poderá
ser
a
Fazenda
Nacional,
um
serviço
público
ou
qualquer
pessoa
colectiva
de
Direito
Público;
• O
ÓRGÃO
DA
EXECUÇÃO
FISCAL,
será
o
órgão
integrante
da
AT
que
vai
conduzir
o
processo
de
execução.
Além
destes,
irá
participar
na
execução,
do
lado
passivo,
o
EXECUTADO,
isto
é,
a
pessoa
que
figure
no
título
executivo
como
devedor.
88
PRESSUPOSTOS FORMAIS – O Título Executivo
4. Qualquer outro título a que, por força de lei especial, seja atribuída força executiva
Os
títulos
executivos
deverão
conter
os
requisitos
expostos
no
art.
163º
CPPT,
sob
pena
de
ineficácia
do
título
e
subsequente
nulidade
do
processo
(art.
165º
n.
1
al.
b)
CPPT).
A
principal
função
do
titulo
executivo
é
reafirmar
o
carácter
certo,
líquido
e
exigível
da
dívida
subjacente,
não
sendo
permitido
questionar
nesta
altura
a
legalidade
em
concreto
do
acto
subjacente.
COMPETÊNCIA PARA PROCEDER À EXECUÇÃO FISCAL
Sendo
o
PEF
um
tipo
de
processo
atípico,
pois
nele
concorrem
uma
fase
administrativa
e
uma
fase
jurisdicional,
será
natural
que
nele
sucedam
actos
de
natureza
diversa.
Tais
actos
devem
ser
distinguidos
quer
do
ponto
de
vista
subjectivo
(natureza
da
entidade
que
os
praticou),
quer
do
ponto
de
vista
objectivo
(natureza
jurídica
do
próprio
acto).
Assim
sendo,
do
ponto
de
vista
subjectivo
podemos
encontrar
no
PEF:
• Actos
praticados
pelos
órgãos
da
AT,
como
por
exemplo:
1. Instauração
da
execução
–
art.
150º
CPPT;
89
Já
de
um
ponto
de
vista
objectivo,
verifica-‐se
a
existência
de:
• Actos
de
natureza
administrativa,
de
aplicação
da
norma
ao
caso
concreto,
mas
sem
resolução
de
qualquer
litígio
(instauração
da
execução,
citação
do
executado,
etc.);
• Actos
de
natureza
jurisdicional,
de
aplicação
da
norma
ao
caso
em
concreto,
mas
resolvendo
um
litígio
ou
conflito
de
pretensões
(decidir
a
oposição,
por
exemplo).
O
PEF
é
um
processo
muito
desjurisdicionalizado.
A
grande
maioria
dos
actos
é
praticada
pela
AT
e
não
pelos
tribunais,
por
isso
se
chegou
até
a
por
em
causa
a
natureza
jurisdicional
do
acto,
no
sentido
de
indagar
se
estaríamos
perante
procedimento
e
não
processo.
A
jurisprudência
do
STA
diz
que
deve
entender-‐se
que
o
facto
de
a
maioria
dos
actos
ser
praticada
pela
AT
não
é,
por
si
só,
motivo
bastante
para
concluir
que
estamos
perante
procedimento
e
não
processo.
No
âmbito
do
PEF
há
um
conjunto
de
simples
actuações
materiais
que
podem
ser
levadas
a
cabo
pela
AT
pois
não
contendem
com
a
função
jurisdicional.
Em
princípio,
os
actos
de
natureza
administrativa
serão
praticados
pelos
órgãos
da
AT
e
os
actos
de
natureza
jurisdicional
deverão
ser
praticados
pelo
Tribunal.
Contudo,
nada
impede
que
o
tribunal
possa
praticar
actos
de
natureza
administrativa,
embora
o
inverso
não
se
verifique
–
princípio
de
reserva
da
função
jurisdicional.
A
regra,
portanto,
é
que
qualquer
resolução
de
um
conflito
de
pretensões
deve
ser
efectuada,
em
última
palavra,
por
um
tribunal
–
art.
151º
CPPT.
Será
sempre
inconstitucional
a
resolução
de
um
conflito
de
pretensões
por
um
órgão
que
não
seja
um
tribunal.
O
PEF
é
considerado
como
nuclearmente
jurisdicional,
envolvendo
na
sua
tramitação
a
prática
de
muitos
actos
que
não
devem
ser
necessariamente
praticados
por
um
juiz,
podendo-‐o
ser
por
um
funcionário,
embora
sempre
salvaguardando
a
possibilidade
de
recurso
ou
reclamação
para
aquele.
Fica
assim
patente
o
carácter
desjurisdicionalizado
do
PEF,
exigindo-‐se
a
intervenção
do
juiz
ou
tribunal
apenas
nas
situações
que
se
está
perante
a
existência
de
um
litígio.
Importa
ainda
aqui
referir
que,
considera-‐se
órgão
da
execução
fiscal
o
serviço
da
AT
onde
deva
legalmente
correr
a
execução
ou,
quando
esta
deva
correr
nos
tribunais
comuns,
o
tribunal
competente
–
art.
149º
CPPT.
É
competente
para
a
execução
fiscal
a
AT.
A
instauração
e
os
actos
de
execução
são
praticados
no
órgão
da
AT
designado,
mediante
despacho,
pelo
dirigente
máximo
do
serviço.
Na
falta
de
designação,
os
actos
da
execução
são
praticados
no
órgão
periférico
local
da
sede
do
devedor,
da
situação
dos
bens
ou
da
90
liquidação,
salvo
tratando-‐se
de
coima
fiscal
e
respectivas
custas,
caso
em
que
é
competente
o
órgão
periférico
local
da
área
onde
tiver
corrido
o
processo
da
sua
aplicação
–
art.
150º
CPPT.
LEGITIMIDADE PARA INTERVIR NO PEF
91
2. O
titular
de
estabelecimento
individual
de
responsabilidade
limitada
(EIRL)
em
relação
ao
4. Funcionários que intervierem no PEF, em relação ao sujeito originário – art. 161º CPPT;
5. Liquidatários das sociedades em relação às sociedades – art. 26º LGT e 156º CPPT.
Quando
a
execução
reverta
contra
responsáveis
subsidiários,
o
órgão
da
execução
fiscal
mandá-‐los-‐á
citar
todos
–
art.
160º
CPPT.
A
reversão
consiste,
portanto,
num
acto
levado
a
efeito
pela
AT
mediante
despacho,
através
do
qual
se
verifica,
nos
termos
da
lei,
uma
alteração
subjectiva
da
instância.
O
legislador
prevê
ainda
outras
situações
em
que
a
execução
poderá
reverter
contra
outras
pessoas,
sem
que
exista
responsabilidade
tributária.
É
o
caso
de
reversão
em
caso
de
SEQUELA.
Aqui
não
existe
qualquer
garantia
especial
pessoal
para
cumprimento
da
obrigação
tributária,
mas
apenas
uma
garantia
especial
real,
respeitante
a
um
determinado
bem
ou
a
um
conjunto
determinado
de
bens
–
art.
157º
CPPT.
Estão
aqui
incluídas
as
situações
em
que
o
credor
tributário
tem
o
direito
de
sequela
relativamente
a
bens
que
constituam
a
base
de
incidência
de
um
tributo.
Se
for
o
caso,
e
se
o
devedor
do
tributo,
primeiro
titular
do
bem,
o
transmitir
a
terceiro
–
e
se
o
seu
património
for
insuficiente
–
a
execução
reverterá
contra
este,
sendo
o
bem
referido,
na
esfera
jurídica
desse
terceiro,
considerado
como
um
património
autónomo
que
responde
pela
dívida
tributária.
Assim
sendo,
nos
casos
relativos
a
IMI
ou
IMT,
por
exemplo,
existe
um
privilégio
creditório
imobiliário
especial.
Existindo
uma
dívida
e
posterior
alienação
do
bem,
pelo
direito
de
sequela
o
novo
proprietário
pode
responder
pela
dívida,
não
a
título
de
sujeito
passivo
originário,
ocorrendo
uma
modificação
subjectiva
e
o
processo
começa
a
correr
termos
contra
o
novo
proprietário.
Outra
situação
em
que
a
reversão
é
possível
é
a
prevista
no
art.
158º
CPPT
–
reversão
contra
possuidores.
Trata-‐se
de
uma
situação
que
muitas
vezes
surge
no
seguimento
de
uma
oposição
à
execução,
com
sucesso
por
parte
do
devedor
originário
–
art.
204º
n.
1
al.b)
CPPT.
Configuram-‐se
aqui
os
casos
em
que
a
execução
tenha
sido
instaurada
contra
um
determinado
contribuinte
e
este
opôs-‐se
alegando
que
não
era,
à
data,
o
possuidor
dos
bens.
A
pessoa
contra
a
qual
a
execução
reverte
pode
reagir
a
tal
despacho,
nos
casos
em
que
ele
entenda
que
a
reversão
não
poderá
ter
lugar
porque,
por
exemplo,
ainda
não
está
totalmente
excutido
o
património
do
devedor
originário.
O
meio
mais
adequado
para
se
opor
à
reversão
é
a
reclamação
para
o
tribunal
tributário,
nos
termos
do
art.
276º
CPPT
92
TRAMITAÇÃO DO PEF
• INSTAURAÇÃO
O
PEF
inicia-‐se
com
a
respectiva
instauração.
É
uma
simples
operação
material
de
carácter
não
contencioso,
que
vai
despoletar
toda
a
tramitação
subsequente
e
que
consiste
na
remessa
do
título
ao
órgão
da
execução
(apresentação
do
título
executivo,
por
parte
do
credor
tributário,
na
repartição
de
finanças).
Compete
aos
serviços
da
AT
instaurar
os
processos
de
execução
fiscal
–
art.
10º
n.
1
al.
f)
e
150º
CPPT.
Não
se
exige
a
apresentação
de
qualquer
requerimento
ou
petição
–
art.
188º
CPPT.
Relativamente
ao
responsável
subsidiário,
a
citação
faz
começar
a
correr
o
prazo
para
o
pagamento
da
divida
no
prazo
de
30
dias,
ficando
isento
de
juros
de
mora
e
custas,
a
dedução
de
oposição,
a
apresentação
de
reclamação
graciosa
ou
impugnação
judicial
–
arts.
23º
n.
5
LGT
e
22º
n.
4
LGT.
A
citação
assume
tal
importância
que,
a
sua
ocorrência,
interrompe
o
prazo
de
prescrição
dos
tributos
–
art.
49º
LGT
–
e
a
sua
falta
constitui
nulidade
insanável
do
processo
–
art.
165º
n.
1
al.
a)
CPPT.
Para
que
a
citação
possa
produzir
os
seus
efeitos
é
necessário
que
cumpra
os
requisitos
de
substância
e
de
forma
.
Sob
o
ponto
de
vista
formal,
a
citação
pode
materializar-‐se
num
acto
pessoal,
postal
ou
edital.
A
regra
será
a
citação
pessoal,
que
não
tem
necessariamente
de
ser
feita
na
pessoa
do
executado,
podendo
ser
feita
na
pessoa
do
seu
representante
legal
–
arts.
190º,
191º,
192º
ss.
CPPT
Do
ponto
de
vista
material
ou
substancial,
a
citação
deve
conter
a
nota
indicativa
do
prazo
para
oposição,
para
pagamento
em
prestações
ou
dação
em
cumprimento
–
art.
189º
CPPT
93
• OPOSIÇÃO
O
prazo
para
deduzir
oposição
é,
nos
termos
do
art.
203º
n.
1
CPPT,
de
30
dias
a
contar
da
citação
pessoal
ou,
não
a
tendo
havido,
da
primeira
penhora.
O
oposição
é
o
acto
processual
mediante
o
qual
o
executado
pode
colocar
em
crise
a
pretensão
executiva
do
credor
tributário.
Note-‐se
que,
contrariamente
ao
que
indicia
o
art.
212º
CPPT,
a
oposição
não
tem,
por
si
só,
efeitos
suspensivos
da
execução.
Para
tal
deverá
ser
prestada
garantia
adequada
ou
a
penhora
garanta
a
totalidade
da
dívida
e
do
acrescido
–
art.
169º
n.
1
e
5
CPPT
e
52º
n.
1
e
2
LGT.
Se
for
caso
disto,
interposta
a
oposição,
o
processo
não
poderá
avançar
para
as
fases
seguintes,
eventualmente
para
venda.
A
oposição,
enquanto
meio
de
resistência
constitucionalmente
previsto,
deve
observar
determinadas
exigências.
Do
ponto
de
vista
de
requisitos
materiais,
a
oposição
à
execução
só
pode
ter
por
base
os
fundamentos
elencados
no
art.
204º
n.
1
CPPT,
tratando-‐se
de
um
elenco
taxativo.
Quanto
aos
requisitos
formais,
a
oposição
deve
ser
feita
através
de
uma
petição,
a
ser
apresentada
no
órgão
da
execução
fiscal
onde
pender
a
execução
–
art.
207º
CPPT.
A
petição
deve
ser
elaborada
em
triplicado
e,
juntamente
com
ela,
o
executado
oferecerá
todos
os
documentos,
arrolará
testemunhas
e
requererá
as
demais
provas
–
art.
206º
CPPT.
Além
disto
deve
ser
referido
o
valor
da
causa,
pois
dele
depende
a
possibilidade
de
recorrer
da
decisão
proferida
pelo
tribunal
tributário
(o
valor
do
processo
será
o
da
quantia
exequenda).
Do
ponto
de
vista
temporal,
há
a
assinalar
que
a
petição
de
oposição
à
execução
fiscal
deve,
nos
termos
do
art.
203º
CPPT,
ser
interposta
no
prazo
de
30
dias
contados
a
partir
da
data
da
citação.
Após
ter
sido
recebida
pelo
órgão
competente,
a
petição
será
autuada
e
de
imediato
remetida
para
o
tribunal
–
art.
208º
CPPT.
Por
aqui
se
entende
que
o
processo
só
haverá
de
prosseguir
para
uma
fase
judicial
se
o
executado
deduzir
oposição,
pois
nas
outras
situações
o
processo
ou
se
extingue
ou
prossegue
perante
os
órgãos
da
AT
para
venda
–
arts.
209º
ss
CPPT.
94
• PENHORA
A
penhora
consiste
num
acto
de
apropriação
de
bens
do
património
do
executado
por
parte
do
tribunal.
Tal
acto
de
apropriação
é
levado
a
cabo
pelo
órgão
da
execução
fiscal,
através
de
um
acto
que
assume
a
forma
de
mandato
de
penhora.
É
uma
fase
imprescindível
do
processo
executivo
pois
sem
ela
os
bens
continuariam
na
esfera
jurídica
do
executado.
Após
a
penhora
os
bens
passam
a
estar
onerados,
não
podendo
o
executado
dispor
deles
livremente.
Portanto,
findo
o
prazo
posterior
à
citação
e
não
se
tendo
verificado
o
pagamento
respectivo,
procede-‐se
à
penhora
–
art.
215º
e
236º
CPPT
A
segurança
jurídica
impõe
que
a
penhora
incida
sobre
bens
determinados,
até
porque
tal
determinação
será
decisiva
na
fase
da
venda,
portanto,
impõe-‐se
que
sejam
nomeados
bens
à
penhora
–
art.
215º
n.
4
CPPT.
Do
ponto
de
vista
da
sucessão
temporal,
a
penhora
começará
pelos
bens
cujo
valor
pecuniário
seja
de
mais
fácil
realização
e
se
mostre
adequado
ao
montante
do
crédito
exequente
–
art.
219º
CPPT.
95
muitas
vezes
apenas
possíveis
de
atingir
por
via
de
cobrança
coerciva
de
dívidas
de
natureza
tributária)
–
art.
252º
e
253º
CPPT.
A
venda
deve
cumprir
os
requisitos
estipulados
no
art.
249º
e
256º
CPPT.
Os
titulares
do
direito
de
preferência
na
alienação
dos
bens
devem
ser
notificados
do
dia
e
hora
de
entrega
dos
bens
ao
proponente,
para
poderem
exercer
o
seu
direito
no
acto
da
adjudicação
–
art.
249º
n.
7
CPPT.
Esta
venda
só
pode
ser
posteriormente
anulada
com
os
fundamentos
previstos
na
lei,
sendo
de
destacar
a
existência
de
algum
ónus
real
que
não
tenha
sido
tomado
em
consideração
e
não
haja
caducado,
erro
sobre
o
objecto,
algum
dos
fundamentos
de
oposição
à
execução,
quando
o
executado
o
não
pode
apresentar
no
prazo
normal.
A
anulação
pode
ser
invocada
no
prazo
de
90,
30
ou
15
dias,
consoante
os
casos,
nos
termos
do
art.
257º
CPPT.
O
incidente
de
assistência
não
é
permitido
no
processo
tributário
com
o
mesmo
âmbito
com
que
vigora
no
processo
civil,
não
se
podendo
falar
em
assistência
em
sede
de
PEF,
mas
tão
só
no
âmbito
do
PIJ.
A
execução
será
suspensa
nos
casos
legalmente
previstos
de:
1. Pagamento
em
prestações
–
art.
52º
LGT;
3. Interposição de Reclamação Graciosa, PIJ ou recurso judicial que tenham por objecto a
legalidade
da
dívida
exequenda
–
arts.
169º
e
10º
CPPT,
195º
e
199º
CPPT;
4. Prestação
de
garantia
após
o
termo
do
prazo
de
pagamento
voluntário
e
antes
da
apresentação de meio gracioso ou judicial correspondente – art. 169º n. 2 CPPT;
96
5. Apresentação
de
requerimento
de
compensação
de
dívidas
–
art.
169º
n.
5
CPPT;
6. Interposição de acção judicial que tenha por objecto a propriedade ou posse dos bens
180º
CPPT;
8. Penhora
em
caso
de
herança
indivisa
–
art.
230º
al.
c)
CPPT;
É
importante
observar
que
os
contribuintes
que
obtenham
a
suspensão
do
PEF
nos
termos
acima
referidos
consideram-‐se
como
tendo
a
situação
tributária
regularizada,
com
todos
os
efeitos
daí
decorrentes
–
art.
169º
n.
11
e
174º
n.
2
CPPT.
4. Decurso do prazo de um ano, contado desde a sua instauração – art. 177º CPPT.
Se
estiverem
em
causa
dívidas
respeitantes
a
coimas
ou
outras
sanções
pecuniárias,
o
PEF
pode
também
extinguir-‐se
nos
termos
do
art.
176º
n.
2
CPPT.
absolutamente;
2. São
de
conhecimento
oficioso;
3. Podem ser arguidas até ao trânsito em julgado da decisão final.
97
• RECLAMAÇÕES
DAS
DECISÕES
DO
ÓRGÃO
DA
EXECUÇÃO
FISCAL
–
ART.
276º
SS.
CPPT
De
acordo
com
o
princípio
da
plenitude
do
contencioso
tributário
impõe-‐se
garantir
a
defesa
jurisdicional
em
todas
as
situações
que
se
possam
considerar
lesivas
de
direitos
ou
interesses
dignos
de
protecção
legal
–
art.
103º
n.
2
LGT.
Em
respeito
a
isto
o
CPPT
prevê
uma
secção
destinada
a
disciplinar
o
modo
de
reacção
contra
actuações
supostamente
lesivas
praticadas
pelos
órgãos
administrativos
no
âmbito
da
execução
fiscal.
Note-‐se
que
não
se
trata
aqui
de
um
verdadeiro
recurso
jurisdicional,
pois
não
estão
aqui
a
ser
sindicadas
actuações
de
Tribunais;
nem
tão
pouco
se
pode
dizer
que
estamos
perante
recurso
contencioso,
na
medida
em
que
a
actuação
a
ser
analisada
pelo
tribunal,
sendo
uma
actuação
administrativa,
não
se
incorpora
num
procedimento,
mas
sim
num
processo.
Portanto,
o
CPPT
fala
numa
reclamação
que
trata
do
controlo
de
um
acto
de
um
órgão
administrativo
por
parte
do
Tribunal,
sendo
que
esse
acto
é
praticado
num
processo,
logo
esta
reclamação
é
um
misto
entre
recurso
contencioso
e
recurso
jurisdicional.
Do
regime
jurídico
desta
reclamação
há
a
salientar:
1. Sob
o
ponto
de
vista
orgânico,
os
actos
susceptíveis
de
reclamação
são
aqueles
que
se
98
O CONTENCIOSO CAUTELAR – art. 135º CPPT
Os
meios
cautelares
são
meios
de
tutela
que
têm
por
objectivo
garantir
o
efeito
útil
de
determinadas
actuações
processuais.
Procura-‐se
evitar
lesões
graves
e
irrecuperáveis
que
provavelmente
surgiriam
se
tivesse
de
se
esperar
pela
decisão
final
do
processo.
Por
isto,
os
procedimentos
cautelares
revestem
sempre
carácter
urgente,
precedendo
os
respectivos
actos
qualquer
outro
serviço
judicial
não
urgente
(art.
382º
CPC).
Não
se
pretende,
nesta
sede,
efectuar
a
prova
dos
direitos
invocados,
bastando
a
mera
aparência
da
existência
do
mesmo
e
a
antevisão
do
dano
a
que
ele
pode
estar
sujeito.
Os
meios
cautelares
podem
ser
classificados
em
dois
grupos:
1. Meios
Cautelares
Antecipatórios
–
visam
antecipar
os
efeitos
de
determinada
decisão,
situação
jurídica
ou
fáctica,
evitando,
por
exemplo,
que
se
aliene
ou
oculte
certo
bem.
Em
casos
de
fundado
receio
de
diminuição
das
garantias
de
cobrança,
frustração
da
execução
de
dívida
ou
extravio
ou
deterioração
de
documentos
conexos
com
obrigações
tributárias,
pode
ser
solicitada
ao
Tribunal
Tributário
a
tomada
de
providências
cautelares,
de
modo
a
assegurar
que
tais
receios
não
se
cheguem
a
concretizar
em
situações
danosas.
Assim
sendo,
são
permitidas
em
processo
tributário
as
providências
de
arresto
(art.
136º
CPPT)
e
arrolamento
(art.
140º
CPPT).
Estas
são
providencias
cautelares
a
favor
da
AT.
A
adopção
destas
providências
pela
AT
não
é
um
acto
discricionário
estando,
naturalmente,
sujeita
a
controlo
jurisdicional.
A
impugnação
destas
providências
pode
ser
feita
com
base
em
qualquer
ilegalidade,
pelo
tribunal
tributário
de
1ª
instância,
nos
termos
do
art.
144º
CPPT.
O
contribuinte
deve
aqui
indicar
as
razões
de
facto
e
de
direito
que
fundamentam
a
anulação
total
ou
parcial
da
providencia
cautelar.
No
entanto,
razões
de
urgência
também
se
podem
verificar
em
relação
às
pretensões
jurídicas
tituladas
pelos
contribuintes,
pelo
que
no
art.
147º
n.
6
CPPT
se
prevê
a
possibilidade
de
estes
requererem
ao
Tribunal
o
decretamento
de
providencias
cautelares
que
acautelem
tais
motivações.
Neste
âmbito,
a
providência
mais
comum
é
o
pedido
de
suspensão
de
eficácia
de
determinado
acto
(por
exemplo,
de
um
acto
de
derrogação
de
sigilo
bancário,
de
revogação
de
benefício
fiscal,
penhora,
etc.).
Para
que
possa
ser
decretada
a
providência
devem
estar
preenchidos
os
requisitos
expostos
no
art.
147º
CPPT.
99
OUTROS PROCESSOS
• ACÇÃO
PARA
RECONHECIMENTO
DE
UM
DIREITO
OU
INTERESSE
EM
MATÉRIA
TRIBUTÁRIA
Regime
jurídico:
art.
145º
CPPT.
• RECURSO
DA
DECISÃO
DE
AVALIAÇÃO
DA
MATÉRIA
COLECTÁVEL
COM
BASE
EM
MANIFESTAÇÕES
DE
FORTUNA
Regime
Jurídico:
89º-‐A
n.
7
LGT.
Por
força
do
art.
89º-‐A
n.
8
LGT
vai-‐se
aplicar
supletivamente
com
as
devidas
adaptações
a
tramitação
prevista
no
art.
146º-‐B
CPPT.
RECURSO DAS DECISÕES DOS TRIBUNAIS TRIBUTÁRIOS – art. 279º CPPT
Os
recursos
jurisdicionais
são
instrumentos
legalmente
previstos
mediante
os
quais
se
solicita
a
um
tribunal
superior
uma
reapreciação
da
decisão
proferida
por
um
tribunal
inferior.
Tal
reapreciação
não
pode,
contudo,
significar
um
novo
julgamento
da
questão
por
aquele,
mas
apenas
a
sindicância
da
legalidade
dos
termos
como
foi
proferida
a
sentença
deste
último.
Além
disto,
o
Tribunal
de
recurso
encontra-‐se
duplamente
limitado
pois,
em
primeiro
lugar,
não
pode
conceder
ao
recorrente
mais
do
que
ele
pede
no
recurso
e,
em
segundo
lugar,
não
lhe
pode
dispensar
uma
solução
jurídica
mais
desfavorável
do
que
a
constante
da
decisão
impugnada.
Note-‐se,
no
entanto,
que
nem
todas
as
decisões
jurisdicionais
são
susceptíveis
de
recurso.
Para
saber
se
dada
decisão
é
susceptível
de
recurso
é
necessário
atender
à
natureza
da
decisão
(art.
279º
CPPT)
que
se
pretende
impugnar
e
ao
valor
da
causa
(art.
280º
n.
4
CPPT).
Quanto
ao
aspecto
da
legitimidade
para
recorrer,
a
regra
é
que
dispõe
de
legitimidade
para
recorrer
quem,
sendo
parte
principal
na
causa,
tenha
ficado
vencido
–
art.
680º
n.
1
CPC.
100
Portanto,
as
decisões
dos
tribunais
tributários
de
1ª
instância
podem
ser
objecto
de
recurso
apenas
uma
vez,
em
face
do
princípio
do
duplo
grau
de
jurisdição.
Tal
recurso
pode
ser
interposto
ora
para
o
TCA
(art.
38º
al.
a)
ETAF),
ora
para
o
STA
(art.
26º
al.
b)
ETAF
-‐
recurso
per
saltum),
consoante
os
casos.
O
recurso
das
decisões
proferidas,
que
em
princípio
tem
meramente
efeito
devolutivo
(art.
286º
n.
2
CPPT),
deverá
ser
interposto
pela
parte
vencida
no
processo
(parte
qua
não
obteve
plena
satisfação
dos
seus
interesses
na
causa),
por
meio
de
requerimento
em
que
se
declara
a
intenção
de
recorrer,
e
no
prazo
de
10
dias
contados
da
data
da
notificação
da
decisão
–
art.
280º
e
282º
CPPT.
101