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Introdução à Lógica
Palmas – TO
Última Revisão: Novembro/2010
Sumário
Introdução
O estudo da teoria dos conjuntos é importante para várias subáreas da área da
informática e computação, tais como: lógica, banco de dados, inteligência artificial, entre outros.
Nesta primeira aula da nossa disciplina, iremos abordar os conceitos da teoria dos
conjuntos. Para isso, apresentaremos a forma de notação (representação) dos conjuntos,
elementos e operações. Serão descritas também algumas leis já definidas na literatura
envolvendo as relações entre conjuntos. Por fim, apresentaremos os diagramas de Venn como
um mecanismo de representação dos conjuntos, elementos e seus relacionamentos.
n( A) 8
n( B) 5
n(C) 99
n(D) 25
PS: A ordem em que os elementos são apresentados num conjunto é irrelevante. Por
exemplo, X a, b, c {c, b, a} (Roisenberg, 2008).
O conjunto E , por sua vez, é constituído por todos os elementos que são maiores ou
igual a 20. Neste caso, usamos a variável x para designar a existência de um elemento sendo
que este precisa ser maior ou igual a 20. Neste caso, lê-se “ x , tal que x é maior ou igual a 20”.
No conjunto F é composto por todos os números inteiros pares. De forma similar ao conjunto
D , a partir da descrição é possível identificar quais os elementos que pertencem a este
conjunto. No caso dos conjuntos E e F , especificamente, podemos ainda denominá-los de
ilimitados, ou seja, não existe um limite definido.
T 2
Z a
V Maria
E um conjunto universo refere-se a reunião de todos os elementos dos conjuntos em
questão. A notação utilizada para denotar o conjunto universo é U .
Quando não se tem esta relação de pertinência entre elemento e conjunto, dizemos que
tal elemento não pertence ao conjunto. Neste caso, usamos o símbolo para mostrar esta
informação. Desta maneira, alguns exemplos desta relação são:
3 A (lê-se: 3 não pertence ao conjunto A)
t B (lê-se: t não pertence ao conjunto B)
57 D (lê-se: 57 não pertence ao conjunto D)
1 F (lê-se: 1 não pertence ao conjunto F)
Além de verificar se um elemento pertence ou não a um conjunto, podemos ainda
investigar sobre a ocorrência de subconjuntos. Dizemos que um conjunto é subconjunto do
outro quando todos os elementos do primeiro conjunto estão presentes também no segundo.
1.4.1 União
A operação de união entre conjuntos é formada pela reunião de todos os elementos
dos conjuntos envolvidos. Para representar a operação de união usamos o símbolo .
Por exemplo, considerando os conjuntos A e B definidos anteriormente, podemos
denotar a união destes conjuntos por A B . Neste caso, temos:
A B { x | x A ou x B }
No modo mais detalhado, a união dos conjuntos A e B pode ser visualizada como
segue:
A B {1,2,3,4,5,6}
1.4.2 Interseção
A operação de interseção entre conjuntos é formada pela reunião dos elementos que
pertencem aos conjuntos envolvidos simultaneamente. Ou seja, estes elementos precisam
pertencer aos conjuntos ao mesmo tempo. Para representar a operação de interseção usamos
o símbolo .
Por exemplo, considerando os conjuntos A e B definidos anteriormente, podemos
denotar a interseção destes conjuntos por A B . Neste caso, temos:
A B { x | x A e x B }
Então, observando os elementos dos conjuntos, teremos:
A = { x | x U e x A }
Ou ainda definido com a expressão A U A . Assim, teremos A 1,3,5,7,8,9,10 .
1.4.4 Diferença
Dados os conjuntos A e B , a operação de diferença entre conjuntos é representada
por A B , de forma semelhante à matemática básica. Neste caso, a diferença entre estes
conjuntos é formada por elementos pertencentes à A e não a B . Sendo assim, poderíamos
expressar esta operação da seguinte maneira:
A B {6}
1.5 Propriedades
Com relação às operações entre conjuntos, existem várias propriedades já
predefinidas na literatura. As principais propriedades podem ser conferidas na tabela 1, na qual
apresenta também um exemplo do seu comportamento usando os conjuntos A , B e C .
1. x A B
2. x A B
3. x A ou x B
4. x A e x B
5. x A B
6. Logo, A B A B
De forma análoga ocorre com a segunda fórmula, conforme pode ser visto a seguir:
1. x A B
2. x A B
3. x A e x B
4. x A ou x B
5. x A B
6. Logo, A B A B
A prova das outras propriedades pode ser realizada de modo similar ao apresentado
com as fórmulas da propriedade de De Morgan.
U Q
P
podem pertencer a P e não a Q . De forma similar, podem existir elementos que pertençam a
Q e não a P . Porém, elementos comuns a este dois conjuntos podem existir e, neste caso,
estes precisam ser inseridos no local em que há a fusão entre os conjuntos P e Q . E também
P
U Q
9 5 7
3
1 6 8
4 10
P {1,2,7,8}
Q {1,2,3,4,9,10}
P Q {3,4,9,10}
Q P {7,8}
Embora foram apresentados somente dois conjuntos ( P e Q ), um diagrama de Venn
pode possuir diversos conjuntos simultaneamente. A sobreposição de conjuntos num diagrama
é uma característica bastante normal, pois possibilita apresentar elementos comuns aos
conjuntos.
II -
{a, b, c}
d) ( A B) (C B)
U.
U {1,2,3,4,5,6,7,8}
P Q R {1,2,3,4,5,6,7}
P Q {1,2,3,4,5,6}
P R {1,2,3,4,5,7}
Q R {1,2,3,5,6,7}
P Q {1,2}
b) n( A B) 5
c) B A
d) P( A)
Introdução
Etimologicamente, a palavra lógica vem do grego logos, que significa “palavra”,
“expressão”, “pensamento”, “conceito”, “discurso” ou “razão” (Aranha e Martins, 2002). A lógica
é uma ciência que estuda as formas de raciocínio/pensamento, ou seja, é o estudo de
argumentos. Segundo Copi, o estudo da lógica é o entendimento dos métodos e princípios
usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto (Copi, 1978). Se pararmos para pensar,
a lógica faz parte das nossas vidas muito mais do que nós imaginamos. Em casa, no trabalho,
na faculdade, na política, no lazer, enfim, sempre que nós precisamos apresentar nosso ponto
de vista, nós estamos usando argumentos.
A Lógica foi considerada na cultura clássica e medieval como um instrumento
indispensável ao pensamento científico. Era necessário argumentar com clareza, mediante
demonstrações rigorosas, respondendo as objeções dos adversários.
De um modo geral, a lógica clássica pode ser estudada sob dois pontos de vista: a
lógica proposicional e a lógica de predicados. A lógica proposicional trabalha com proposições,
que será vista na aula próxima. A lógica de predicados, por sua vez, é uma extensão da lógica
proposicional que representa relações de objetos num domínio de aplicação, a qual será
estudada na sexta aula. Entretanto, para compreender o que vem ser uma proposição,
precisamos estudar como o raciocínio lógico trabalha, identificando assim argumentos na
nossa linguagem do cotidiano por meio de palavras-chave, o qual será abordado nesta aula.
Será apresentado também uma forma de classificação do argumento tanto com relação à
forma de raciocínio (indutivo ou dedutivo) quanto à validade.
2.1 Argumentos
Como dito anteriormente, a lógica trabalha com argumentos. Mas, então o que vem ser
um argumento? Um argumento é uma seqüência de sentenças ou enunciados (afirmações ou
declarações) na qual um dos enunciados é a conclusão e os demais são nomeados de
premissas, as quais servem para provar ou, pelo menos, fornecer alguma evidência para a
conclusão. Segundo Copi, podemos definir um argumento como qualquer grupo de sentenças
tal que se afirme ser uma delas derivada das outras, as quais são consideradas provas
evidentes da verdade da primeira (Copi, 1978). Então, vamos a um exemplo bastante clássico
da lógica.
Neste exemplo, o “desde que” informa a duração do tempo e, assim, não é considerado
um indicador de premissas.
“O cheque perderá a validade a menos que ele seja descontado dentro de 30 dias.
O cheque está datado de 2 de setembro e hoje é 8 de outubro. Portanto, o cheque
não vale mais. Você não pode descontar um cheque que não vale. Assim, você
não pode descontar este cheque.”
1 – [O cheque perderá a validade a menos que ele seja descontado dentro de 30 dias.]
2 – [O cheque está datado de 2 de setembro] e 3 – [hoje é 8 de outubro]. Portanto, 4 –
[o cheque não vale mais.] 5 – [Você não pode descontar um cheque que não vale.]
Assim, 6 – [você não pode descontar este cheque]
1 + 2+3
4+5
6
2.4 Validade e Verdade
As proposições possuem valores verdadeiros ou falsos dependendo se exprimem
realmente o fato ou não. Os argumentos, por sua vez, podem ser classificados como válidos ou
inválidos. Segundo Aranha e Martins, um argumento é dito válido quando sua conclusão é
conseqüência lógica de suas premissas (Aranha, 2003). Vejamos então dois exemplos para
compreender a questão da validade:
1) Todos os cachorros são mamíferos.
Todos os mamíferos têm coração.
Portanto, todos os cachorros têm coração.
2) Todo homem é mortal.
Sócrates é mortal.
Logo, Sócrates é homem
PS: Os argumentos podem ser válidos ou inválidos, mas não podem ser verdadeiros
nem falsos. As proposições podem ser verdadeiras ou falsas, mas não podem ser
válidas nem inválidas.
Neste tipo de argumento, podemos dizer que este é válido ou inválido. Um argumento
é dito válido quando suas premissas, se verdadeiras, fornecem mecanismos convincentes para
a obtenção da sua conclusão. Jamais um argumento será válido se as premissas forem
verdadeiras e não obtermos a conclusão como verdade.
Um argumento indutivo, por sua vez, é aquele cuja conclusão não é necessária, dadas
suas premissas básicas (Nolt e Rohatyn, 1991). As conclusões de argumentos indutivos são
mais ou menos prováveis em relação às suas premissas. Uma outra definição de argumento
indutivo pode ser encontrada em Salmon, conforme pode ser vista a seguir:
“Os argumentos indutivos, ao contrário do que sucede com os dedutivos,
levam a conclusões cujo conteúdo excede os das premissas. E esse traço
Os argumentos indutivos não são categorizados como válidos ou inválidos como ocorre
com os argumentos dedutivos. Estes podem ser categorizados como “forte” ou “fraco”,
dependendo se as premissas apresentadas fornecem um motivo representativo ou não para as
suas conclusões.
De um modo geral, o que diferenciará uma categoria da outra é a forma para a
obtenção da conclusão. Se obtermos uma generalização a partir de dados específicos, então
teremos uma indução. Caso contrário, teremos uma dedução. Para entender melhor este
pensamento ou raciocínio, observe a figura 1.
DEDUÇÃO
Geral Específico
INDUÇÃO
Nesta figura, as setas direcionam o fluxo de inferência a ser capturado pela seqüência
de enunciados. Assim, vamos ver alguns exemplos de argumentos indutivos e dedutivos.
Primeiramente, considere:
A bola de basquete é marrom.
As bolas de futebol de campo, vôlei e futebol de salão também são marrons.
Logo, todas as bolas são marrons.
Neste caso, temos um exemplo de argumento indutivo, pois a partir de algumas
particularidades, conseguimos descobrir (ou inferir) uma generalização. As particularidades são
as bolas para determinadas atividades físicas e a generalização é a cor marrom, visto que
todas as particularidades apresentadas possuem a bola de cor marrom.
Um outro exemplo de argumento indutivo, encontrado em (Aranha e Martins, 2003),
pode ser o seguinte:
Síntese da aula
Nesta segunda aula, vimos que podemos analisar algumas sentenças (premissas) do
cotidiano a fim de inferir um novo conhecimento (conclusão). Vimos ainda que existem
indicadores de premissas e de conclusão que auxiliam na identificação dos mesmos num
argumento. Quando não existem estas dicas, precisamos ficar atentos para captar a idéia do
Atividades
1) A união de enunciados pode ou não transformá-lo em argumento. Desta maneira, analise os
enunciados apresentados como afirmativas a seguir e indique V (Verdadeiro) se os mesmos
formam um argumento. Caso contrário, indique F (Falso). Depois, assinale a alternativa que
contenha a seqüência correta de Vs e Fs.
I) Eu lancho na cantina da escola todos os dias, mas o João não. Ana gosta de sorvete.
Maria foi ao cinema ontem.
II) Está chovendo. Vou dormir até mais tarde.
III) Se não chover, irei à praia. Não choveu. Logo, irei à praia.
IV) Vou ao shopping hoje. Cinema está fechado.
a) V, V, V, F
b) F, F, V, F
c) V, F, F, V
d) V, F, V, F
Watts está em Los Angeles e está, portanto, nos Estados Unidos e logo faz parte
de uma nação plenamente industrializada. Assim, ele não faz parte do Terceiro
Mundo, pois o Terceiro Mundo é caracterizado por nações em desenvolvimento e
nações em desenvolvimento não estão, por definição, plenamente
industrializadas.
7) Analise se há uma ocorrência de argumentos nos trechos a seguir. Caso positivo, circule e
classifique os indicadores de inferência.
a) Algumas pessoas dizem que pular da ponte é interessante. Ana pulou da ponte neste fim de
semana. Logo, Ana fez algo interessante. Quase todas as coisas interessantes são realizadas
por pessoas agitadas. Consequentemente, Ana é uma pessoa agitada.
b) Todas as criações humanas finalmente perecerão. Tudo que perece é, afinal, sem sentido.
Logo, todas as criações humanas são, afinal, sem sentido.
a) Se existissem ETs, eles já nos teriam enviado algum sinal. Se nos tivessem enviado um
sinal, teríamos feito contato. Portanto, se existissem ETs, já teríamos feito contato com eles.
b) Quando o filme é bom, o cinema fica lotado. Como a crítica diz que esse filme é muito bom,
podemos imaginar que não encontraremos lugares livres.
c) Se o programa é bom ou passa no horário nobre, o público assiste. Se o público assiste e
gosta, então a audiência é alta. Se a audiência é alta, a propaganda é cara. O programa, passa
no horário nobre, mas a propaganda é barata. Logo, o público não gosta do programa.
d) Se José roubou a jóia ou a Sra. Krasov mentiu, então um crime foi cometido. A Sra. Krasov
não estava na cidade. Se um crime foi cometido, então a Sra. Krasov estava na cidade.
Portanto José não roubou a jóia.
e) Ela não está em casa ou não está atendendo ao telefone. Mas se ela não está em casa, então ela foi
sequestrada. E se ela não está atendendo ao telefone, ela está correndo algum outro perigo.
Introdução
A lógica proposicional é também conhecida na literatura como lógica sentencial, cálculo
sentencial ou cálculo proposicional. Esta lógica visa formalizar a estrutura lógica mais elementar do
discurso matemático, definindo precisamente o significado dos conectivos lógicos não, e, ou, se..então e
se somente se (Casanova et al., 1987). Este significado é obtido pela combinação de sentenças
(proposições) simples e assim formando proposições mais complexas. Tanto para proposições simples
quanto compostas, esta lógica trabalha com valores de verdade e de falsidade.
O estudo detalhado dessa lógica é importante porque ela contém quase todos os conceitos
importantes necessários para o estudo de lógicas mais complexas, tal como a lógica de predicados
(Wikipédia, 2008). Nesta aula, abordaremos tanto a parte sintática por meio da apresentação do alfabeto
e das regras de formação de fórmulas bem formadas, quanto à parte semântica da lógica proposicional,
enfatizando os valores de verdade e de falsidade das fórmulas. Apresentaremos ainda como os
conectivos lógicos são usados em conjunto com as proposições, bem como o seu aspecto lógico.
A Lógica foi sistematizada por Aristóteles (384-322 a.C.) e se constituiu durante toda a Idade Média
como matéria principal ao lado da Teologia e da Filosofia (Teles, 2000).
3.1 Alfabeto
Assim como na língua portuguesa temos um alfabeto (a, b, c...., z, A, B,...Z) e, a partir deste,
conseguimos criar palavras reais, na lógica proposicional também temos um alfabeto e que de acordo
com algumas regras de formação conseguimos construir fórmulas válidas.
O alfabeto da lógica proposicional é constituído por símbolos lógicos e não-lógicos. Os símbolos
lógicos são caracterizados por:
pontuação: (, )
conectivos: (negação), (conjunção), (disjunção), (condicional ou implicação),
(bicondicional ou bi-implicação).
e r para expressar estes fatos. A partir do alfabeto da lógica proposicional, podemos criar fórmulas que
são uma seqüência dos símbolos. No entanto, nem toda união dos símbolos do alfabeto é considerada
uma fórmula válida ou bem formada (well-formed formula - WFF). Uma fórmula bem formada da lógica
proposicional é formada pelas seguintes regras de formação (Souza, 2002):
todo símbolo proposicional é uma fórmula;
fórmula;
fórmula.
Com a definição da ordem de precedência dos conectivos lógicos, podemos ainda simplificar
algumas fórmulas com relação aos símbolos de pontuação. Vejamos o seguinte exemplo:
Neste caso, podemos reescrever esta fórmula sem alterar o seu significado eliminando alguns
e letras maiúsculas (..., P , Q , R , ...) para expressar as proposições compostas. Vejamos alguns
b) q : Cachorro é um mamífero
Analisando estes exemplos, concluímos que as duas primeiras proposições são classificadas
como simples ( p e q ); e as duas últimas são proposições compostas ( P e R ), pois por intermédio de
conectivos unem dois pensamentos. Sendo que na proposição P foi usado o conectivo de conjunção, e
na proposição R foi apresentado o conectivo condicional.
comp[ P ] = comp[ P ] + 1
comp[ P Q ] = comp[ P ] + comp[ Q ] + 1
Observe ainda que os símbolos de pontuação não são levados em consideração na verificação
do comprimento das fórmulas. Portanto, a contagem é realizada somente com os conectivos lógicos,
bem como os símbolos proposicionais utilizados na fórmula.
Quando trabalhamos com fórmulas bem formadas complexas é bastante usual separarmos em
diversas subfórmulas para se obter uma melhor compreensão. Sendo assim, dizemos que uma fórmula
Q é subfórmula de uma fórmula P se e somente se Q é uma subcadeia de P . Por exemplo:
P : ((P Q) P) (Q P)
Q : ((P Q) P)
Neste caso, podemos afirmar que Q é uma subfórmula de P .
3.2.1 Negação
O conectivo representa a negação, isto é, o inverso do pensamento. Assim, a negação do
verdadeiro é falso, e a negação do falso é verdadeiro. Desta forma, podemos estruturar o
comportamento deste conectivo da seguinte forma:
= F, se v( P ) = V
A forma de leitura deste conectivo para esta proposição, por exemplo, é “não P ” ou “não é
verdade P ” , “é falso que P ”, “não tem P ” ou “não é fato que P ”.
Considerando que a proposição P represente a sentença “O prefeito renunciou”, temos, se P
3.2.2 Conjunção
O conectivo representa a conjunção, isto é, a combinação aditiva de proposições. Neste
caso, para que o valor lógico seja verdadeiro é necessário que as duas proposições analisadas sejam
verdadeiras simultaneamente. Caso contrário, seu valor é falso. Desta forma, podemos estruturar o
comportamento deste conectivo da seguinte forma:
v( P Q ) = V, se v( P ) = v( Q ) = V
= F, caso contrário
A forma de leitura deste conectivo usando estas proposições, por exemplo, é “ P e Q ”, “ P e
Agora considere P como “O aluno estudou” e Q como “O aluno obteve uma excelente nota na
prova”. Então a sentença “O aluno estudou e obteve uma excelente nota na prova” será verdadeira
somente se as duas sentenças isoladas forem verdadeiras. Ou seja, se por acaso o aluno estudou e não
obteve uma excelente nota, então a frase completa (“O aluno estudou e obteve uma excelente nota na
prova”) será falsa.
3.2.3 Disjunção
O conectivo representa a disjunção, ou seja, a escolha de forma não exclusiva. Deste modo,
o valor lógico é verdadeiro se pelo menos um dos valores das proposições forem verdadeiros. Caso
contrário, será falso. Assim, podemos expressar este comportamento da seguinte maneira:
v( P Q ) = F, se v( P ) = v( Q ) = F
= V, caso contrário
A forma de leitura deste conectivo usando estas proposições, por exemplo, é “ P ou Q ”.
3.2.4 Condicional
O conectivo representa a implicação ou o condicional entre duas proposições, sendo a
proposição do lado esquerdo chamada de antecedente e a do lado direito chamada de conseqüente.
Deste modo, o valor lógico é falso se o antecedente tiver valor verdadeiro e, simultaneamente, o
conseqüente tiver o valor igual a falso. Nos demais casos, será o valor verdadeiro. Assim, podemos
expressar este comportamento da seguinte maneira:
v( P Q) = F, se v( P ) = V e v( Q ) = F
= V, caso contrário
A forma de leitura deste conectivo usando estas proposições, por exemplo, é “se P então Q ”, “
3.2.5 Bicondicional
O conectivo representa a bi-implicação ou bicondicional entre duas proposições. Deste
modo, o valor lógico é verdadeiro se ambas proposições possuírem valores lógicos iguais ao mesmo
tempo, podendo ser tanto verdadeiro quanto falso. Nos demais casos, é o valor falso. Assim, podemos
expressar o comportamento deste conectivo da seguinte maneira:
v( P Q) = V, se v( P ) = v( Q )
v( P Q ) = V, se v( P ) = V e v( Q ) = F
= V, se v( P ) = F e v( Q ) = V
= F, caso contrário
A forma de leitura deste conectivo usando estas proposições, por exemplo, é “ou P ou Q ”.
Para este conectivo, considere P como “O prefeito renuncia” e Q “O prefeito será cassado”.
Assim, teríamos a sentença “Ou o prefeito renuncia ou ele será cassado”. Neste caso, a frase será
verdadeira somente se uma das opções for verdadeira. Caso contrário, será falsa.
Antes de conhecer algumas leis importantes da lógica envolvendo estes conectivos lógicos,
vamos fazer uma analogia entre a teoria dos conjuntos, mostrada na primeira aula, e a lógica
proposicional que está sendo vista nesta aula para a apresentação de um valor lógico. Assim, considere
1 A : F
v ( q ): F
Com isso, finalizamos a apresentação do comportamento dos conectivos lógicos da lógica
proposicional.
Uma proposição e sua negação não são nunca verdadeiras ao mesmo tempo. De uma proposição e de
sua negação podemos dizer que uma delas pelo menos é verdadeira (Teles, 2000).
Em outras palavras, a negação e uma proposição deve ser contraditória com a proposição dada. A
tabela a seguir mostra as equivalências mais comuns para as negações de algumas proposições
compostas:
Proposição Negação direta Equivalência da Negação
AeB Não (A e B) Não A ou não B
A ou B Não (A ou B) Não A e não B
Se A então B Não (se A então B) A e não B
A se e somente se B Não (A se e somente se B) [(A e não B) ou (B e não A)]
Todo A é B Não (todo A é B) Algum A não é B
Algum A é B Não (algum A é B) Nenhum A é B
p /\ q (Negação) = ~ ( p /\ q )
Eliminando-se os parênteses, o sinal /\ é trocado por v (trocamos "e" por "ou"), assim:
~ (p /\ q) = ~ p v ~ q
p: Débora é inteligente.
~ (~ p) = p
Atividades
1) Considerando às regras de formação de fórmulas bem formadas, identifique dentre as fórmulas
apresentadas a seguir quais são fórmulas da lógica proposicional. Considere ainda a forma simplificada
de representação de fórmulas em que os símbolos de pontuação podem ser eliminados.
a) (P Q) (R Q)
b) (P Q)(R Q)
c) (Q) (R Q)
d) ((P Q) (R (Q)))
a) (P Q) P
b) ((P (Q) T ) (R (Q)))
c) ((P Q) ((R) (Q)))
b) v( Q ) = F e v( P Q ) = F
c) v( Q ) = V e v( P Q ) = F
d) v( Q ) = F e v( P Q ) = F
11) Represente o significado das sentenças abaixo utilizando os princípios do diagrama de Venn (visto
anteriormente).
a) p
b) p
c) p q
d) p q
e) p q
f) p q
12) Considere as proposições p: “Está frio” e q: “está chovendo”. Traduza as fórmulas a seguir para a
linguagem natural.
a) p q
b) p q
c) p q
d) p q
14) As sentenças a seguir estão em linguagem natural. Escreva cada uma delas usando a linguagem da
Lógica Proposicional.
a) Se chove então as ruas ficam molhadas.
b) João é magro ou Maria não é brasileira.
c) Se Maria estuda bastante então Maria vai ao cinema.
d) Antonio vai ao cinema se e somente se o filme for uma comédia.
e) Ou Maria irá ao cinema e João não, ou Maria não irá e João irá.
f) Maria tem 10 anos ou se Maria é estudiosa então é boa aluna.
21) (UFMT) Se num campeonato de futebol é verdade que “quem não faz, leva”, ou seja, time
que não marca gol numa partida sofre ao menos um gol nessa mesma partida, então:
a) em todos os jogos os dois times marcam gols.
b) nenhum jogo termina empatado.
c) o vencedor sempre faz um gol a mais que o vencido.
d) nenhum jogo termina 0 x 0, ou seja, sem gols.
e) resultados como 1 x 0, 2 x 0 ou 3 x 0 não são possíveis.
22) Um agente de viagens atende três amigas. Uma delas é loira, outra é morena e a outra é
ruiva. O agente sabe que uma delas se chama Bete, outra se chama Elza e a outra se chama
Sara. Sabe, ainda, que cada uma delas fará uma viagem a um país diferente da Europa: uma
delas irá à Alemanha, outra irá à França e a outra irá à Espanha. Ao agente de viagens, que
queria identificar o nome e o destino de cada uma, elas deram as seguintes informações: A
loira: “Não vou à França nem à Espanha”. A morena: “Meu nome não é Elza nem Sara”. A
ruiva: “Nem eu nem Elza vamos à França”. O agente de viagens concluiu, então,
acertadamente, que:
a) A loira é Sara e vai à Espanha.
b) A ruiva é Sara e vai à França.
c) A ruiva é Bete e vai à Espanha.
d) A morena é Bete e vai à Espanha.
e) A loira é Elza e vai à Alemanha.
23) (AFTN) Considere as afirmações: A) se Patrícia é uma boa amiga, Vítor diz a verdade; B)
se Vítor diz a verdade, Helena não é uma boa amiga; C) se Helena não é uma boa amiga,
Patrícia é uma boa amiga. A análise do encadeamento lógico dessas três afirmações permite
concluir que elas:
a) implicam necessariamente que Patrícia é uma boa amiga.
b) são consistentes entre si, quer Patrícia seja uma boa amiga, quer Patrícia não seja uma boa
amiga.
24) (FGV) Alguém afirmou certa vez que toda pessoa que diz que não bebe não está sendo
honesta. Pode-se concluir dessa premissa que:
a) Uma pessoa que diz que bebe está sendo honesta.
b) Uma pessoa que está sendo honesta se diz que bebe.
c) Não existem pessoas honestas que dizem que não bebem.
d) NDA.
25) É correto o raciocínio lógico dado pela sequência de proposições seguintes: Se Célia tiver
um bom currículo, então ela conseguirá um emprego. Ela conseguiu um emprego. Portanto,
Célia tem um bom currículo. Explique o raciocínio das afirmações com auxílio dos diagramas
de conjuntos.
26) (MTE) Investigando uma fraude bancária, um famoso detetive colheu evidências que o
convenceram da verdade das seguintes afirmações:
Se Homero é culpado, então João é culpado. Se Homero é inocente, então João ou Adolfo são
culpados. Se Adolfo é inocente, então João é inocente.
Se Adolfo é culpado, então Homero é culpado. As evidências colhidas pelo famoso detetive
indicam, portanto, que:
a) Homero, João e Adolfo são inocentes.
b) Homero, João e Adolfo são culpados.
c) Homero é culpado, mas João e Adolfo são inocentes.
d) Homero e João são inocentes, mas Adolfo é culpado.
e) Homero e Adolfo são culpados, mas João é inocente.
Introdução
Até a aula passada você aprendeu a identificar o valor lógico de uma proposição e, a
partir deste valor, saber qual seria outro valor lógico, caso combinasse com um certo conectivo
( , , , ou ) e/ou com uma segunda proposição. Assim, no máximo, analisamos
duas proposições com um conectivo. Porém, quando se tem um número maior de proposições
ou até mesmo quando a fórmula se torna complexa devido aos símbolos de pontuação, a
maneira utilizada até o presente momento não traz muitos recursos. Devido a este tipo de
necessidade, foram criadas as tabelas-verdade para sistematizar o processo de obtenção de
valores lógicos.
Logo, nesta aula, aprenderemos como criar tabelas-verdade para fórmulas
proposicionais (simples e compostas), bem como classificá-las de acordo com os valores
lógicos obtidos como resultado. Assim, classificaremos uma tabela-verdade como tautologia,
contradição ou contingência (ou indeterminação). Por fim, analisaremos uma fórmula com
relação à sua satisfabilidade.
4.1 Tabela-verdade
As tabelas-verdade (ou tabelas de verdade) são tabelas em que são associadas aos
conectivos proposicionais e às fórmulas da lógica proposicional. No último caso, as tabelas são
construídas a partir das tabelas associadas aos conectivos proposicionais (Souza, 2002).
Essas tabelas são usadas para verificar se uma fórmula é verdadeira e válida.
O número de colunas numa tabela-verdade varia de acordo com a fórmula que está
sendo analisada. Além disso, podemos ter ainda para uma mesma fórmula proposicional
diversas tabelas-verdade condizentes no que se diz respeito ao número de colunas.
Normalmente, para cada fórmula analisada, várias decomposições são realizadas, ou seja, são
escritas as suas subfórmulas. Basicamente, o que diferenciará uma tabela da outra é a
capacidade de encontrar valores lógicos analisando um ou mais conectivos ao mesmo tempo.
Inicialmente, recomendamos que escreva todas as subfórmulas da fórmula analisada e, com o
passar do tempo, você será capaz de agilizar o processo do entendimento dos conectivos e,
conseqüentemente, reduzir o número de colunas, caso deseje.
Por exemplo, se fôssemos analisar a fórmula ( p q) (p q) para construir a
tabela-verdade, poderíamos criar sete colunas, sendo uma cada para uma das subfórmulas,
Saiba mais!
Uma boa recomendação para começar a construir uma tabela-verdade é colocando o valor V
para as proposições mais à esquerda e modificando para F quando não existir mais
possibilidades de continuar com V observando as combinações de V e F para todas as
proposições simples. Este processo continua até chegar à última linha, que conterá somente
Fs.
Portanto, de um modo geral, podemos estruturar a construção da tabela-verdade em
três etapas:
1. definição da quantidade de linhas, observando o número de proposições simples
distintas na fórmula proposicional;
2. identificação da ordem de precedência dos conectivos lógicos, subdividindo assim a
fórmula proposicional em subfórmulas. Cabe ressaltar que, assim como na matemática,
quando existir parênteses nas fórmulas, as operações dentro dos parênteses deverão
ser efetuadas primeiramente;
3. preenchimento dos valores lógicos (V ou F) das subfórmulas de acordo com o
comportamento dos conectivos envolvidos.
Observe que, inicialmente, esta tabela apresenta os valores lógicos das proposições p
e q . Na seqüência, são obtidos os valores de p e q em função de p e q ,
respectivamente. De forma similar, foram obtidos os valores lógicos das subfórmulas até
alcançar a fórmula completa ( p q) (p q) .
Analisando os valores finais obtidos em cada uma das linhas da proposição ou fórmula
analisada, podemos classificar a tabela em tautologia, contradição ou contingência. Então,
vamos entender agora estas três formas de classificação.
4.2 Tautologia
Uma fórmula é uma tautologia ou válida quando para qualquer interpretação, ou seja,
linha da tabela-verdade possui o valor lógico igual a verdadeiro. Um exemplo clássico de
tautologia é a fórmula p p . Construindo sua tabela-verdade, teremos:
p p p p
V F V
4.3 Contradição
Uma fórmula é uma contradição quando todas as interpretações da tabela-verdade
possuem o valor lógico igual a falso. A fórmula p p é um exemplo clássico de contradição,
conforme pode ser vista pela tabela a seguir.
p p p p
V F F
F V F
4.5 Satisfatibilidade
Podemos ainda classificar as fórmulas com relação à sua satisfatibilidade. Uma fórmula
é dita satisfatível (ou factível) quando existe pelo menos uma interpretação, ou seja, uma
linha da tabela-verdade com o valor verdadeiro (Souza, 2002). Por conseguinte, toda fórmula
tautológica é automaticamente uma fórmula satisfatível. Por outro lado, uma fórmula é
considerada insatisfatível quando esta não é satisfatível, ou seja, quando se obtém uma
contradição.
Deste modo, podemos concluir ainda que:
se uma fórmula não for tautológica, então esta pode ser satisfatível ou
contraditória;
se uma fórmula for satisfatível, então esta não é uma contradição e pode ser
tautológica;
se uma fórmula não for satisfatível, então esta é uma contradição e não pode
ser tautológica.
Atividades
1) Considerando as etapas para a construção de tabelas-verdade apresentadas anteriormente,
crie uma tabela-verdade para as proposições descritas a seguir.
a) (a b) (b a)
b) a b c a b
7) Considerando que p tenha o valor F, q o valor F, r o valor V, então determine o valor lógico
das fórmulas a seguir.
a) ((p q) (q r)) (p q)
b) ((q r)) ((p))
c) (p q) (q r)
d) (p p q p) r
Argumento: Se a medida não for aprovada, então não teremos aumento salarial.
Ora, a medida foi aprovada.
Logo, teremos aumento salarial.
Simbolizar:
a) Se o estudante não comete erros, aprende a matéria.
b) Se há motivação para o estudo, o estudante não comete erros.
c) O estudante aprende a matéria se e somente se há motivação para o estudo.
d) Se não há motivação para o estudo, então o estudante comete erros ou não aprende a
matéria.
Simbolizar:
a) Se João estiver aqui e Saulo não estiver viajando, os diretores reunir-se-ão hoje.
b) Raul aceitará a situação e encarregar-se-á de tudo.
c) Se Raul não aceitar a situação, então ele encarregar-se-á de tudo, Saulo viajará e se ao
diretores analisarem o contrato, ele será assinado hoje.
d) Os diretores assinarão o contrato se, reunindo-se hoje, notarem que Raul se encarrega de
tudo.
e) Se João não estiver aqui ou se Saulo estiver viajando, então o contrato não será assinado,
os diretores não se reunirão e não analisarão o contrato ou Raul aceita a situação e se
encarrega de tudo.
a) (p q) ((p q) (q r))
b) ((p q) p) q
c) ~(~p q) p q
Introdução
Continuando ainda com os estudos da lógica proposicional, nesta aula veremos os
conceitos de implicação e equivalência lógica aplicados em suas fórmulas. Estes conceitos
podem ser facilmente comprovados por meio das tabelas-verdade sob determinadas
condições. Para isso, apresentaremos alguns exemplos comprovando a existência de uma
implicação ou equivalência lógica tanto com a notação de fórmulas proposicionais quanto com
o uso de sentenças usadas no cotidiano, relembrando o estudo da aula 2. Veremos ainda como
provar a validade de um argumento por meio dos conceitos de implicação e equivalência
lógica.
Na Lógica Matemática, existem diversas leis de implicação e equivalência previamente
definidas pelos pesquisadores, as quais são usadas para nortear o nosso pensamento ou
raciocínio. As implicações direcionam a obtenção de uma conclusão caso determinados
acontecimentos (ou premissas) ocorram. As equivalências, por sua vez, possibilitam que
fórmulas proposicionais ou textos sejam substituídos sem perdas lógicas, uma vez que
possuem exatamente o mesmo valor de verdade ou falsidade. As equivalências desempenham
um papel muito importante em processos de inferência de um novo conhecimento porque
apresenta alternativas de caminhos a serem percorridos para se chegar numa conclusão.
Como você deve ter observado na tabela 1, a maioria dos antecedentes é composta por
mais de uma proposição e que estão separadas por vírgula. Cada uma dessas regras pode ser
facilmente provada por meio de tabelas-verdade, a partir da obtenção de uma tautologia como
Modus Tollens
p p q q p q q ( p q) q ( p q) p
V F V F V F V
V F F V F F V
F V V F V F V
F V F V V V V
Para estas duas frases, podemos inferir um novo conhecimento ou obter uma conclusão
do raciocínio utilizando as regras de Modus Ponens e Modus Tollens, respectivamente. Assim,
teríamos:
1. “Se ganhar na Loteria, fico rico; ganhei na Loteria;
logo, fiquei rico”.
2. “Se ganhar na Loteria, fico rico; não fiquei rico;
logo não ganhei na Loteria”.
p para a frase “ganhei na Loteria”, q para a frase “fiquei rico”, p para a frase “não ganhei
na Loteria” e q para a frase “não fiquei rico”.
Outra forma de representação da implicação lógica é por meio do símbolo . Assim,
para representar estes exemplos, teríamos p, p q q e q, p q p , respectivamente.
5.3 Falácias
Mesmo tomando afirmações verdadeiras como ponto de partida (as premissas),
podemos tirar conclusões não verdadeiras. São as chamadas falácias. É preciso estar atentos,
para não nos deixarmos enganar pelas falácias.
Nem tudo que tem a forma de uma implicação lógica é. Por exemplo, se tivermos um
condicional do tipo p q e a proposição q , não é possível concluir p , ou seja:
( p q) são equivalentes. Primeiramente, vamos criar uma tabela-verdade para encontrar
os valores lógicos de cada uma das fórmulas analisadas. Em seguida, teremos que aplicar o
conectivo do bi-condicional com estas fórmulas. Se obtivermos uma tautologia na última
coluna, então poderemos dizer que p q é realmente equivalente à ( p q) .
p q p q p q p q ( p q ) ( p q) ( p q)
V V F F V F V V
V F F V F V F V
F V V F F V F V
F F V V F V F V
Cada uma dessas equivalências pode ser provada com a construção da tabela-verdade
e, neste caso, teremos a obtenção da uma tautologia quando aplicado o conectivo do bi-
condicional com as duas fórmulas analisadas. Sendo assim, vamos comprovar as leis de De
Morgan e da contraposição por meio da apresentação de tabelas-verdade.
p q p q p q ( p q) p q (( p q)) (p q)
V V F F V F F V
V F F V F V V V
F V V F F V V V
F F V V F V V V
p q p q p q q p ( p q ) (q p )
V V F F V V V
V F F V F F V
F V V F V V V
F F V V V V V
Fazendo uma analogia dessas equivalências com textos da linguagem natural, então
dois trechos textuais são equivalentes quando exprimem o mesmo sentido ou idéia. Assim,
vejamos o seguinte exemplo:
Vou à praia ou à piscina
Deste modo, ambas frases são equivalentes, pois exprimem o mesmo pensamento no
que diz respeito à aprovação na disciplina de Introdução à Lógica. Este exemplo, portanto,
reforça a existência da lei da contraposição.
Em suma, a partir dessas e outras equivalências, é possível substituir uma fórmula por
outra logicamente equivalente de modo que não tenha perda de sentido. Essas substituições
podem acontecer quando se deseja alterar o modo da fórmula num processo de raciocínio
lógico.
2. p ...............................................P
3. p ...................................................2 D.N. (Dupla negação)
4. q .................................................1,3 M.P. (Modus Ponens)
5. q ......................................................4 D.N. (Dupla negação)
2. p ........................................................P
3. q .............................................................P
Atividades
1) Considerando que duas fórmulas são equivalentes quando ambas possuem os mesmos
valores lógicos, assinale a alternativa que possui uma relação de equivalência entre as
fórmulas.
a) p q e p q
b) ( p q ) e p q
c) p q e p q
d) p q e p q
5) Realize o processo de prova de validade de argumento por meio das regras de inferência e
das equivalências lógicas para o argumento p ( q r ), p p q .
12) Demonstre a validade dos argumentos abaixo mediante utilização de regras de inferência e
equivalências notáveis:
a) p q, r s, p r, s q
b) a b, c (b d), e c, e a d
c) p q, (p q) (q p) p q
d) p (q r), p, r s t s t
e) s (p t), t q r, s r q
f) f (s d), s f
g) (s v) p, p, v s
Se meu cliente é culpado, então a faca estava na gaveta. A faca não estava na gaveta
ou Jason viu a faca. Se a faca estava no tapete então Jason não a viu. Além disso, se
a faca não estava no tapete, então o machado estava no celeiro. Mas todos nós
sabemos que o machado não estava no celeiro. Portanto, senhoras e senhores do Júri,
meu cliente não é culpado.
1) (TCE/RO-2007) André, Bernardo e Carlos moram nas casas amarela, branca e cinza, cada um em
uma casa diferente, não necessariamente na ordem dada. Três afirmativas são feitas abaixo, mas
somente uma é verdadeira.
I - André mora na casa cinza.
II - Carlos não mora na casa cinza.
III - Bernardo não mora na casa amarela.
3) (TCE/RO-2007) Sejam p e q proposições. Das alternativas abaixo, apenas uma é tautologia. Assinale-
a.
a) p q
b) p q
c) (p q) q
d) (p q) q
e) ~p ~q
4) (TCE/RO-2007) Considere verdadeira a declaração: “Toda criança gosta de brincar”. Com relação a
essa declaração, assinale a opção que corresponde a uma argumentação correta.
a) Como Marcelo não é criança, não gosta de brincar.
b) Como Marcelo não é criança, gosta de brincar.
c) Como João não gosta de brincar, então não é criança.
d) Como João gosta de brincar, então é criança.
e) Como João gosta de brincar, então não é criança.
5) (TCE/RO-2007) Os amigos André, Carlos e Sérgio contavam histórias acerca de suas incursões
futebolísticas. André e Sérgio mentiram, mas Carlos falou a verdade. Então, dentre as opções seguintes,
aquela que contém uma proposição verdadeira é:
a) Se Carlos mentiu, então André falou a verdade.
b) Se Sérgio mentiu, então André falou a verdade.
c) Sérgio falou a verdade e Carlos mentiu.
d) Sérgio mentiu e André falou a verdade.
e) André falou a verdade ou Carlos mentiu.
6) (STN-2005) A afirmação “Alda é alta, ou Bino não é baixo, ou Ciro é calvo” é falsa. Segue-se, pois,
que é verdade que:
a) se Bino é baixo, Alda é alta, e se Bino não é baixo, Ciro não é calvo.
b) se Alda é alta, Bino é baixo, e se Bino é baixo, Ciro é calvo.
c) se Alda é alta, Bino é baixo, e se Bino não é baixo, Ciro não é calvo.
d) se Bino não é baixo, Alda é alta, e se Bino é baixo, Ciro é calvo.
e) se Alda não é alta, Bino não é baixo, e se Ciro é calvo, Bino não é baixo.
8) (Delegado-Pol Civil PE 2006 - IPAD) A sentença “penso, logo existo” é logicamente equivalente a:
a) Penso e existo.
b) Nem penso, nem existo.
c) Não penso ou existo.
d) Penso ou não existo.
e) Existo, logo penso.
9) (GEFAZ/MG-2005) A afirmação “Não é verdade que, se Pedro está em Roma, então Paulo está em
Paris” é logicamente equivalente à afirmação:
a) É verdade que ‘Pedro está em Roma e Paulo está em Paris’.
b) Não é verdade que ‘Pedro está em Roma ou Paulo não está em Paris’.
c) Não é verdade que ‘Pedro não está em Roma ou Paulo não está em Paris’.
d) Não é verdade que “Pedro não está em Roma ou Paulo está em Paris’.
e) É verdade que ‘Pedro está em Roma ou Paulo está em Paris’.
11) (Fiscal Recife/2003) Pedro, após visitar uma aldeia distante, afirmou: “Não é verdade que todos os
aldeões daquela aldeia não dormem a sesta”. A condição necessária e suficiente para que a afirmação
de Pedro seja verdadeira é que seja verdadeira a seguinte proposição:
a) No máximo um aldeão daquela aldeia não dorme a sesta.
b) Todos os aldeões daquela aldeia dormem a sesta.
c) Pelo menos um aldeão daquela aldeia dorme a sesta.
d) Nenhum aldeão daquela aldeia não dorme a sesta.
e) Nenhum aldeão daquela aldeia dorme a sesta.
12) (AFC/2002) Dizer que não é verdade que Pedro é pobre e Alberto é alto, é logicamente equivalente a
dizer que é verdade que:
a) Pedro não é pobre ou Alberto não é alto.
b) Pedro não é pobre e Alberto não é alto.
c) Pedro é pobre ou Alberto não é alto.
d) se Pedro não é pobre, então Alberto é alto.
e) se Pedro não é pobre, então Alberto não é alto.
13) (MPOG/2001) Dizer que “André é artista ou Bernardo não é engenheiro” é logicamente equivalente a
dizer que:
a) André é artista se e somente se Bernardo não é engenheiro.
b) Se André é artista, então Bernardo não é engenheiro.
c) Se André não é artista, então Bernardo é engenheiro
d) Se Bernardo é engenheiro, então André é artista.
e) André não é artista e Bernardo é engenheiro
15) (Fiscal Trabalho/98) Dizer que "Pedro não é pedreiro ou Paulo é paulista" é, do ponto de vista lógico,
o mesmo que dizer que:
a) se Pedro é pedreiro, então Paulo é paulista
b) se Paulo é paulista, então Pedro é pedreiro
c) se Pedro não é pedreiro, então Paulo é paulista
d) se Pedro é pedreiro, então Paulo não é paulista
e) se Pedro não é pedreiro, então Paulo não é paulista
16) (Fiscal Trabalho/98) A negação da afirmação condicional "se estiver chovendo, eu levo o guarda-
chuva" é:
a) se não estiver chovendo, eu levo o guarda-chuva
b) não está chovendo e eu levo o guarda-chuva
c) não está chovendo e eu não levo o guarda-chuva
d) se estiver chovendo, eu não levo o guarda-chuva
e) está chovendo e eu não levo o guarda-chuva
17) (SERPRO/96) Uma sentença logicamente equivalente a “Pedro é economista, então Luísa é solteira”
é:
a) Pedro é economista ou Luísa é solteira.
b) Pedro é economista ou Luísa não é solteira.
c) Se Luísa é solteira,Pedro é economista;
d) Se Pedro não é economista, então Luísa não é solteira;
e) Se Luísa não é solteira, então Pedro não é economista.
19) (TRT-PR-2004) Considere a seguinte proposição: "na eleição para a prefeitura, o candidato A será
eleito ou não será eleito". Do ponto de vista lógico, a afirmação da proposição caracteriza
a) um silogismo.
b) uma tautologia.
c) uma equivalência.
d) uma contingência.
e) uma contradição.
20) (TRT 9ª Região 2004 FCC) A correta negação da proposição "todos os cargos deste concurso são
de analista judiciário. é:
a) alguns cargos deste concurso são de analista judiciário.
b) existem cargos deste concurso que não são de analista judiciário.
c) existem cargos deste concurso que são de analista judiciário.
22) (ICMS/SP 2006 FCC) Considere a proposição “Paula estuda, mas não passa no
concurso”. Nessa proposição, o conectivo lógico é
a) disjunção inclusiva
b) conjunção
c) disjunção exclusiva
d) condicional
e) bicondicional
23) (ICMS/SP 2006 FCC) Das cinco frases abaixo, quatro delas têm uma mesma
característica lógica em comum, enquanto uma delas não tem essa característica.
I. Que belo dia!
II. Um excelente livro de raciocínio lógico.
III. O jogo terminou empatado?
IV. Existe vida em outros planetas do universo.
V. Escreva uma poesia.
Gabarito:
1. A
2. E
3. C
4. C
5. A
6. C
7. B
8. C
9. D
10. E
11. C
1 Prova do Condicional
Raciocínio hipotético é um raciocínio baseado em hipóteses, uma suposição feita “em
consideração ao argumento” a fim de mostrar que uma conclusão particular segue
daquela suposição. De modo diferente de outras suposições de uma prova, as
hipóteses não são declaradas verdadeiras. Elas são “artifícios lógicos”, as quais
acolhemos, temporariamente, como um tipo especial de estratégia de prova.
Suponhamos que um corredor machucou o seu tornozelo, uma semana antes de uma
grande corrida, e que gostaríamos de persuadi-lo a parar de correr por alguns dias a
fim de que o seu tornozelo sare. Nós afirmamos o condicional. ‘Se você continuar
correndo, você não estará apto para disputar a corrida’.
A maneira mais geral para provar um condicional é colocar o seu antecedente como
hipótese (isto é, admiti-lo, em consideração ao argumento) e então mostrar que o seu
conseqüente deve se seguir. Para fazer isso, podemos raciocinar do seguinte modo:
Suponhamos que você continue correndo. O seu tornozelo está muito inchado. Se ele
está muito inchado e você continuar correndo, ele não sarará em uma semana. Se ele
não sarar em uma semana, então você não estará apto para disputar a corrida. Deste
modo, você não estará apto para disputar a corrida.
Este é um argumento hipotético. ‘Você não continue correndo’ é uma hipótese, desta
hipótese, a conclusão ‘você não estará apto para disputar a corrida’ é mostrada a
seguir. O argumento emprega três suposições:
Veremos, agora, como isso pode ser formalizado. As três suposições podem ser
expressas, respectivamente, como:
I
(I C) S
S A
e a conclusão é:
C A
Prova do condicional (PC): Dada uma derivação de uma wff a partir de uma
hipótese , podemos descartar a hipótese e inferir .
Para provar um condicional, a estratégia usual (a menos que algo mais simples seja
evidente) é colocar como hipótese o seu antecedente e então derivar o seu
conseqüente, por PC.
A hipótese não necessita ser extraída de lugar algum, ela pode ser gerada de acordo
com que se necessita no desenvolvimento da subprova.
Atividades
a) P ((P Q) Q)
b) P P
c) a b, (b a) c, ((b a) c) d ad
d) P (Q R) Q (P R)
e) Q R (~Q ~P) (P R)
f) (p q) r r (p q)
Exemplo1: p q, q p
1p q P
2 q P
3p Hipótese para RAA
4q 1,3 MP
5 q q 2,4 Conjunção
6 p 3 - 5 RAA
Atividades
- Sabemos que p q é verdadeira se, e somente se, p e q são ambas verdadeiras; daí, podemos
substituir
p q por p e q gerando as linhas 3. e 4., respectivamente, e MARCANDO ( ) a fórmula p q .
(Uma fórmula marcada não poderá mais ser utilizada na construção da árvore!!!)
1. p q
2. p
3. p
4. q
(3,5)
A árvore de refutação está completa. A nossa busca para uma refutação do argumento dado
falhou e, portanto, o argumento é válido.
1. p q
2. p
3. q
/ \
4. p q
1. p q
2. p
3. q
/ \
4. p q
5. X X
(2, 4) (3,4)
- Temos que q é equivalente a q; daí, marcamos q e escrevemos q gerando a linha 4. :
1. p q
2. p
3. q
4. q
- A árvore terminou e nos dois ramos não há contradições, ou seja, uma fórmula F. Neste caso os
ramos não serão fechados e o argumento não é válido.
As regras para a construção de uma árvore de refutação estão relacionadas com as tabelas
verdade já conhecidas. Ao aplicar uma regra em uma fórmula da árvore, temos a observar que :
- a fórmula será marcada () para evitar aplicações repetidas de uma regra em uma mesma
fórmula.
- a aplicação de uma regra deve gerar : uma ou duas linhas, um ramo ou dois ramos conforme a
regra, e será aplicada em todos os ramos abertos (não fechados com X) aos quais a fórmula
pertence.
1. REGRA DA DUPLA NEGAÇÃO () : Uma fórmula do tipo A gera uma linha e
escrevemos A na linha. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula A
pertence pois, A é verdadeira se e somente se A é verdadeira.
1. A B
2. A
3. B
3. REGRA DA DISJUNÇÃO (): Uma fórmula do tipo A B gera uma linha e dois ramos e
escrevemos, na linha e, em cada ramo, as fórmulas A e B, respectivamente. Procedemos assim
em todos os ramos abertos aos quais a fórmula A B pertence pois, A B assume valor V se, e
somente, a fórmula A é verdadeira ou a fórmula B é verdadeira.
1.A B
/ \
2. A B
4. REGRA DA IMPLICAÇÃO (): Uma fórmula do tipo A B gera uma linha e dois ramos
e escrevemos, na linha e, em cada ramo, as fórmulas A e B respectivamente. Procedemos
assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula A B pertence pois, A B assume valor
V se, e somente, a fórmula A é verdadeira ou a fórmula B é verdadeira.
1. A B
/ \
A B
5. REGRA DA BI-IMPLICAÇÃO () : Uma fórmula do tipo AB gera duas linhas e dois
ramos e escrevemos nas linhas as fórmulas A e B em um ramo e as fórmulas A e B no outro
ramo. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula AB pertence pois,
AB assume valor V se, e somente, a fórmula
(A B) é verdadeira ou a fórmula (A B) é verdadeira.
AB
/ \
2.A A
3.B B
6. REGRA DA NEGAÇÃO DA CONJUNÇÃO (): Uma fórmula do tipo (A B) gera uma
linha e dois ramos e escrevemos, na linha e, em cada ramo, as fórmulas A e B
respectivamente. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula (A B)
pertence pois, (A B) assume valor V se, e somente, a fórmula A é verdadeira ou a fórmula
B é verdadeira.
7. REGRA DA NEGAÇÃO DA DISJUNÇÃO ( ) : Uma fórmula do tipo (A B) gera duas
linhas e escrevemos, em cada linha, as fórmulas A e B. Procedemos assim em todos os ramos
abertos aos quais a fórmula (A B) pertence pois, (A B) assume valor V se, e somente, as
fórmulas A e B são verdadeiras.
(A B)
A
B
(A B)
2. A
B
9. REGRA DA NEGAÇÃO DA BI- IMPLICAÇÃO (): Uma fórmula do tipo (AB) gera
duas linhas e dois ramos e escrevemos nas linhas as fórmulas A e B em um ramo e as fórmulas
A e B no outro ramo. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula
(AB) pertence pois, (AB) assume valor V se, e somente, a fórmula (A B) é verdadeira
ou a fórmula (A B) é verdadeira.
(AB)
/ \
A A
3. B B
10. RAMO FECHADO: Um ramo será fechado se nele existem uma fórmula A e sua negação
A e escrevemos X no final do ramo.
1. A
2. A
3. X
OBSERVAÇÕES:
- As regras dadas para construir árvores de refutação se aplicam em cada linha ao conectivo
principal da fórmula e não as subfórmulas. Por exemplo:
- Não importa a ordem em que as regras são aplicadas; no entanto, é mais eficiente aplicar as
regras, primeiramente, em fórmulas que não resultam em ramificações.
- Cada linha gerada deve ser justificada indicando a respectiva linha de origem na qual foi
aplicada a regra e também a regra usada.
- Fórmula na qual foi aplicada alguma regra deve ser marcada ( ) para evitar aplicações
repetidas da mesma.
Exemplos:
a) p r s, r s q p q
1. p r s Premissa
2. r s q Premissa
3. (p q) Negação da Conclusão
4. p 3.()
5. q 3.()
/ \
6. p (r s) 1.()
7. X(6.4) / \
8. r s 6. ()
/ \ / \
9. (r s) q (r s) q 2.()
/ \ \ / \ \
10. r s X r s X ()
11. X ? (9.5) ? X (9.5)
(10.8) (10.8)
Temos neste caso dois ramos que não fecharam e, portanto, o argumento não é válido.
Atividades
1) Verificar, por meio de árvore de refutação, a validade dos argumentos:
a) ~P P ~P
b) P Q P Q
c) P Q, ~P, ~Q R
d) ~(P Q), R P ~R
e) (P Q) R, S (T U), S P R U
f) p q, p q p q
g) p r, (r p) r (p q)
Introdução
A linguagem da lógica proposicional, vista em aulas anteriores, é limitada para
representar relações entre objetos do mundo real. Por exemplo, se usássemos a linguagem
proposicional para representar a relação “João é pai de Ana” e “José é pai de João”,
precisaríamos usar duas letras sentenciais (ou proposições) diferentes para expressar a
mesma idéia, que é a relação de parentesco. Assim, teríamos, por exemplo, P para simbolizar
que “João é pai de Ana” e Q para simbolizar “José é pai de João”. No entanto, ambas
proposições representam a mesma informação no que se diz respeito à relação de parentesco
entre João e Ana e entre José e João. Outra limitação da lógica proposicional é a que esta
linguagem tem baixo poder de expressão, pois é incapaz de representar instâncias de uma
propriedade geral. Para sanar problemas deste tipo, surgiu então a lógica de predicados que é
uma extensão da lógica proposicional (Aranha e Martins, 2003).
A lógica de predicados é também conhecida na literatura como lógica de primeira ordem
ou cálculo de predicados. Esta lógica possibilita captar relações entre indivíduos de um mesmo
domínio e permitir concluir particularidades de uma propriedade geral dos indivíduos de um
domínio, assim como derivar generalizações a partir de fatos que valem para um indivíduo
qualquer do domínio. Desta maneira, expressar sentenças com as palavras “existe”, “qualquer”,
“todos”, “alguns” e “somente”, por exemplo, é possível. Para ter este grande poder de
expressão, a lógica de predicados dispõe uma variedade de símbolos. Então vamos conhecer
o seu alfabeto inicialmente e, em seguida, como representar conhecimento, relações entre
objetos, mais especificamente.
9.1 Alfabeto
O alfabeto da linguagem da lógica de predicados consiste em símbolos lógicos e não-
lógicos. Os símbolos lógicos são caracterizados por:
pontuação: (, )
conectivos: , , , ,
quantificadores: ,
Um átomo, por sua vez, ocorre se t1 , t 2 ,..., t n são termos e p é um símbolo para o
Neste caso, f ( x, a) e x são termos e a aplicação de p a estes termos, tornou-se num átomo.
9.3 Interpretação
Como a lógica de predicados possui um alfabeto bem mais diversificado se comparado
com o da lógica proposicional, as interpretações das fórmulas tornam-se, naturalmente, mais
bem elaboradas. Observe a seguir a simbologia da lógica de primeira ordem em quatro
sentenças bastante conhecidas na literatura, bem como a sua forma de leitura, conforme pode
ser encontrado em (Abar, 2008):
Como você deve ter observado, numa mesma fórmula pode existir mais de um
quantificador, conectivo, variável ou predicado. Analisando a frase “Meninos e meninas gostam
de brincar”, por exemplo, observamos que a conjunção “e” apresentada na sentença não está
expressa na sua fórmula. Na verdade, ao invés do “e”, tem-se a representação do “OU” ( ).
E, neste caso a representação está correta? A resposta é sim, pois avaliando a fórmula,
veremos que a variável x, que é um elemento do domínio, pode ser um menino ou uma menina
somente, nunca os dois ao mesmo tempo. E, ou menino ou menina, seja este ou esta, gosta de
brincar.
Com relação à sentença “Todas as crianças são mais jovens que os pais”, observe que
foram utilizados dois quantificadores universais, um com a variável x e outro com a variável y.
Para expressar que uma criança é mais jovem que pai, apresentamos inicialmente a condição
necessária para que isto aconteça. Ou seja, é preciso que o x seja uma criança e o y seja o pai
da criança. Caso positivo, então podemos inferir que o x é mais jovem do que o y.
Esperamos que esses exemplos tenham sido suficientes para você ter uma noção do
que se pode fazer com o uso dos quantificadores. No entanto, para compreender melhor ainda
a abrangência dos quantificadores, observe na figura 1, a localização de quatro exemplos num
plano cartesiano.
x( s ( x) p( x)) x( s( x) p( x))
(Ex: Toda aula (Ex: Nenhuma aula
é expositiva) é expositiva)
Nesta figura é possível observar quando se acompanha as linhas verticais tem-se uma
generalização (baixo para cima) ou uma restrição (cima para baixo). Ambas informam a mesma
verdade ou falsidade, porém diferenciam em termos de quantidade. Ao acompanhar a linha
horizontal mais inferior, observa-se uma oposição parcial de um lado para o outro, pois apenas
o valor de um predicado está sendo alterado, opondo-se assim em termos de qualidade. Já na
linha horizontal superior tem-se uma oposição em termos de qualidade porque uma afirma e
outra nega um mesmo predicado de um mesmo sujeito, universalmente. E, por fim, as
diagonais apresentam a oposição mais forte porque não há nada que se possa convir, se
opondo em termos de quantidade e qualidade.
o quantificador existencial. Neste caso, teremos a expressão x(p( x) . Para este caso,
informamos que existe pelo menos um x que não tem a propriedade p . Ambas
representações são válidas para a expressão de que nem todos os indivíduos possuem a
propriedade p . Logo, concluímos que x( p( x)) e x(p(x)) são equivalentes logicamente,
existencial com o conectivo da negação como, por exemplo, x( p(x)) . Observe que o
conectivo de negação está externo negando toda a expressão e, assim, representando que não
ainda ser expresso com o quantificador universal. Neste caso, temos x(p( x)) , em que todo
x não tem a propriedade p . Portanto, concluímos que as expressões x( p(x)) e x(p( x))
são equivalentes, ou seja, x( p(x)) x(p( x)) . É importante lembrar que como estas
representações são equivalentes logicamente, ambas podem ser usadas indistintamente.
Além dessas equivalências apresentadas, podemos ainda mencionar as seguintes
equivalências:
x( p( x)) x(p( x))
x( p( x)) x(p( x))
No primeiro caso, temos que todo x tem a propriedade p ( x( p( x)) ) é equivalente a
dizer que não é verdade que um x tal que não possui a propriedade p , representado por
x(p( x)) . Já para o segundo caso, temos que existe pelo menos um x tal que tem a
propriedade p ( x( p( x)) ). Assim, poderíamos expressar a mesma idéia com o uso do
quantificador universal, informando que não é verdade que todo x não tem a propriedade p (
x(p( x)) ).
Enfim, para todas essas situações, o papel fundamental da equivalência é possibilitar a
substituição de uma fórmula pela a outra sem perdas lógicas. Com isso, recomenda-se o uso
da versão em que seja mais familiar e compreensiva.
Atividades
1) Formalize os enunciados a seguir usando o alfabeto da lógica de primeira ordem.
a) Nenhum tubarão é considerado uma pessoa.
b) Nem todos os tubarões são carnívoros.
c) Só verdadeiros e falsos são valores lógicos.
d) Todos os tubarões têm dentes afiados.
2) Relacione a primeira coluna com a segunda de forma que ambos expressem o mesmo
conhecimento, embora estejam usando linguagens diferentes. Considere ainda que f (x)
I - x( f ( x) h(x))
II - x(h( x) f ( x))
III - x y (y x p(y))
( ) Para todo número, existe um outro número que é maior ou igual a ele e é par
( ) Existem feiticeiros humanos
( ) Nem todo homem é feiticeiro
( ) Existem números pares e primos
a) III, II, I, IV
b) IV, I, II, III
c) IV, II, I, III
d) III, I, II, IV
a) (x) P(x)
b) (x) ¬P(x)
c) (x) P(x)
d) ¬((x) P(x))
e) (x) ¬P(x)
f) (x) (P(x) Q(x))
g) (x) (P(x) Q(x))
b) A nenhum homem é consentido ser juiz em causa própria; porque seu interesse
certamente influirá em seu julgamento, e, não improvavelmente, corromperá a sua
integridade.
11) (ENADE – 2008) Uma fórmula bem formada da lógica de predicados é válida se ela é
verdadeira para todas as interpretações possíveis. Considerando essa informação, analise as
duas asserções apresentadas a seguir.
porque,
Denote por x um indivíduo qualquer e simbolize por P(x) o fato de o indivíduo ser psiquiatra, por
M(x) o fato de ele ser médico, e por E(x) o fato de ser engenheiro de software. Nesse contexto
e com base na argumentação lógica, julgue os itens seguintes.
2) A forma simbólica (x) (E(x) M(x)) é logicamente equivalente a (x) (E(x) M(x))
Isto porque não existe nenhuma forma que permita que a declaração universal seja verdadeira
sem que a declaração específica também o seja. Esta inferência é denominada “Instanciação
Universal” ou “Eliminação do Universal”.
Ex: Pa xPx
1 Pa P
Da premissa que ‘a’ é primo, não implica que todos os números são primos.
1 x(Px Cx) P
2 Pa Ca 1 EU
3 | Pa Hipótese para PC
4 | Ca 2, 3 MP
6 Pa xCx 3 – 5 PC
Dada uma fórmula quantificada existencialmente ∃x e uma derivação de alguma conclusão θ
a partir de uma hipótese da forma [x/a], podemos descartar a hipótese e reafirmar θ.
Restrições:
1 ∃x A(x, x) P
3 | ∃xA(a, x) 2 IE
A constante ‘a’ não deve ocorrer em θ. Da premissa que alguém ama a si próprio não se segue
que Ana ama alguém” (∃x A(a, x)).
1 ∀x∃y F(y, x) P
2 ∃y F(y, a) 1 EU
4 | ∃x F(x, x) 3 IE
A constante a não pode ocorrer em . Da premissa que todos tem um pai (∀x∃y F(y, x)) não se
segue que alguém é pai de si mesmo.
1 ∃x Gx P
2 Fa P
3 | Ga hipótese para EE
4 | Fa Ga 2, 3 Conjunção
5 | ∃x (Fx Gx) 4 IE
1 xGx P
2 | Fa Hipótese para PC
3 | | Ga Hipótese para EE
5 | | x(FxGx) 4 IE
7 Fa x(FxGx) 2-6 PC
A “a” não pode ocorrer em qualquer hipótese vigente na linha em que EE será aplicada.
Semelhante a regra anterior, mas aplicada para hipóteses em vez de premissas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1 ~(∀x ~F(x)) = ∃xF(x)
2 ~(∀x F(x)) = ∃x~F(x)
3 ∀x ~F(x) = ~(∃xF(x))
4 ∀x F(x) = ~(∃x~F(x))
Atividades
3) Quais dentre os argumentos abaixo são válidos e quais são inválidos? (Escreva a forma do
argumento com a linguagem da lógica de predicados).
a) Nenhum mamífero é invertebrado. Gatos são mamíferos. Logo, gatos são vertebrados.
b) Alguns políticos são honestos. Logo, nem todos os políticos são desonestos.
c) Colombo era corintiano, pois era paulista e todos os paulistas são corintianos.
d) Todo brasileiro é fanático por futebol. Bush não é brasileiro, portanto, não é fanático por
futebol.
e) Nenhum deputado governista vai votar contra as reformas. Pedro não é um deputado
governista. Logo, Pedro vai votar contra as reformas.
f) Somente os brasileiros são cariocas. Ora, posto que todos os flamenguistas são cariocas,
todo flamenguista é brasileiro.
g) Todo flamenguista é campeão do mundo. Nenhum atleticano é campeão do mundo. Logo,
nenhum atleticano é flamenguista.
a) Todos os cachorros são estúpidos. Todas as criaturas estúpidas são amáveis. Nenhuma
criatura amável é sensata. Portanto, nenhum cachorro é sensato.
b) Nenhum cantor é inútil, pois nenhum cantor é ignorante e todas as pessoas ignorantes são
inúteis.
c) Todo microcomputador tem uma porta serial. Alguns microcomputadores têm uma porta
paralela. Portanto alguns microcomputadores têm uma porta serial e uma porta paralela.
A generalização das árvores de refutação para a Lógica de Predicados mantém todas as regras
anteriormente vistas para a Lógica Proposicional e novas regras serão estipuladas para as
fórmulas contendo os quantificadores Universal () e Existencial (). Teremos então, além das
dez regras dadas na lógica Proposicional, mais quatro novas regras (Alves, 2010).
Justificativa: A fórmula (x)(x) significa que todos os objetos do universo têm a propriedade .
Sendo assim, a regra deve ser aplicada a todas as constantes presentes na árvore e eventualmente
para aquelas que surgirem durante a "construção" da árvore.
2. Somente se nenhuma constante ocorre em algum ramo é que podemos introduzir uma nova
constante para usar em possíveis aplicações da regra () ao longo do referido ramo.
Atividades
1) Prove a validade dos argumentos a seguir por meio da árvore de refutação.
a) (x)P(x) (x)P(x)
b) Todos os cientistas são estudiosos. - (x) (C(x) E(x))
Alguns cientistas são inventores. - (x) (C(x) I(x))
Alguns estudiosos são inventores. - (x) (E(x) I(x))
a) Todos os membros do conselho vêm da indústria ou do governo. Todos que vêm do governo e
são advogados são a favor da moção. João não vem da indústria mas é advogado. Portanto, se
João é um membro do conselho, ele é a favor da moção.
Use os símbolos: M(x), I(x), G(x), A(x), F(x) e j.
b) Todos os gatos são mansos. Alguns cachorros são mansos. Logo, alguns cachorros são gatos.
Use os símbolos: G(x), C(x) e M(x).
c) Algumas ferramentas são venenosas. Todas as coisas venenosas são prejudiciais. Logo,
algumas ferramentas são prejudiciais.
Use os símbolos: F(x), V(x) e P(x).
a) Se os filósofos sabem lógica, então sabem argumentar. Mas há filósofos que não sabem
argumentar. Assim, alguns filósofos não sabem lógica.
Use os símbolos: L(x) = filósofos que sabem lógica; e A(x) = filósofos que sabem argumentar.
b) Todos os girassóis são amarelos e alguns pássaros são amarelos, logo nenhum pássaro é um
girassol.
Use os símbolos: G(x) = girassol, A(x) = amarelo e P(x) = pássaro.
c) Alguns baianos são surfistas. Alguns surfistas são loiros. Não existem professores surfistas.
Portanto, alguns professores são baianos.
Use os símbolos: B(x) = baiano, S(x) = surfista, L(x) = loiro e P(x) = professor.
d) Todos os cachorros têm asas. Todos os animais de asas são aquáticos. Existem gatos que são
cachorros. Logo, existem gatos que são aquáticos.
Use os símbolos: C(x) = cachorro, As(x) = animais de asas, Aq(x) = animais aquáticos e G(x) =
gato.
A ideia de criar máquinas inteligentes não é nova. Desde o Renascimento que se tem
procurado de forma sistemática conceber máquinas capazes de substituírem o homem em
certas tarefas. Foi no século XVII que começou uma sucessão de notáveis investigações e
invenções que iriam conduzir à inteligência artificial. As ideias filosóficas do tempo
estimulavam estas descobertas (Fontes, 2010).
Por volta de 1950, na área de Inteligência Artificial, surgiu a linguagem Prolog que pertence ao
paradigma de programação lógico. Prolog é uma linguagem declarativa e bastante utilizada
para representar conhecimento de um domínio e realizar inferências. Existem vários dialetos do
Prolog disponíveis na Internet. Uma das ferramentas que trabalha com o Prolog é o Amzi
Prolog, que pode ser encontrado em http://www.amzi.com/.
Considere o argumento:
Todo brasileiro é fanático por futebol.
Bush não é brasileiro, portanto, não é fanático por futebol.
Neste caso, este seria o conhecimento que temos do domínio. Na sequência, poderíamos
perguntar ao Prolog se Bush não é fanático por futebol. Para isso, faremos esta pergunta no
formato:
?- not fanatico(bush).
yes
Algumas observações:
Qualquer letra maiúscula é considerada uma variável para a linguagem. Assim, a utilize
para representar os objetos dos quantificadores.
:- representa se, ou seja, se os predicados do lado direito forem verdadeiros, então o
predicado da esquerda também o será.
Os nomes dos predicados são livres, mas opte para que eles sejam mais significativos.
Todo fato (ex: paulista(colombo).) ou regra (ex: corintiano(X):-paulista(X).) deve finalizar
com um ponto final.
Atividades
1) Considere o programa lógico a seguir.
gosta(antonio,eva).
gosta(ivo,ana).
gosta(ivo, eva).
gosta(eva,antonio).
gosta(ana,antonio).
namora(X,Y):- gosta(X,Y), gosta(Y,X).
3) Crie regras para irmão, irmã, avoh, primo, prima, tio, tia, sobrinho, sobrinha, ...