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OS VENCEDORES E O REINO MILENAR

CONTEÚDO
Introdução.................................................................... 03
1. Os vencedores e a salvação..................................... 06
As três partes do homem
As três etapas da salvação
As três classes de homens
A primeira promessa
2. Os vencedores e a cruz............................................ 27
A carne e a cruz
Pedro e a Cruz
Um Jacó tratado por Deus
Para quê crucificar a carne?
Novidade de vida
As coroas dos vencedores
A segunda promessa
O vencedor não sofrerá o dano da segunda morte
A salvação em Hebreus
A graça e o governo de Deus
A segunda morte
3. Os vencedores e o mundo........................................ 58
As minorias de Deus
O mundo se opõe ao Pai
O amor à alma
Terceira promessa
O maná escondido
4. Os vencedores e as obras........................................ 67
Um evangelho de obras?
A salvação e as boas obras
Castigo temporário dos crentes: Trevas exteriores - Açoites - A
Geena de fogo - Cárcere
As quatro etapas da obra de Cristo
O vencedor e as recompensas
Jesus cristo, O fundamento
Materiais da construção
Quarta promessa

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 1


A estrela da manhã
5. Os vencedores e a justiça........................................ 96
O pecado e os pecados
A justiça de Deus
Nossa justiça objetiva
Nossa justiça subjetiva
Quinta promessa
Vestiduras brancas
Não serão apagados os nomes dos vencedores
Seus nomes serão confessados diante do Pai
6. Os vencedores e a Igreja........................................ 109
Os vencedores ante o fracasso da Igreja
O vinho novo necessita de odres novos
A armadura de Deus: O cinto da verdade - A couraça da justiça
O calçado do evangelho - O escudo da fé - O capacete da
salvação - A espada do Espírito - A oração - O manto da
humildade - O amor.
Sexta promessa
Colunas no templo
O nome de Deus
O novo nome de Cristo
7. Os vencedores e o Tribunal de Cristo...................... 131
O tribunal de Cristo: a) O tempo do juízo; b) O lugar do juízo;
c) Pessoas julgadas.
Três parábolas de juízo: a) do servo mal; b) das virgens; c) do
servo negligente.
As três etapas de nossa ressurreição: Ressurreição do espírito -
Ressurreição da alma - Ressurreição do corpo.
Os vencedores e o arrebatamento da Igreja: Quanto ao
conhecimento do tempo do arrebatamento - Quanto ao tempo
do arrebatamento e a participação no mesmo: 1. Pós-
tribulacionismo, 2. Pré-tribulacionismo, 3. Os dois
arrebatamentos.
Diferença entre a salvação e o reino
As bodas do Cordeiro
Sétima promessa
8. O reino messiânico na perspectiva profética........... 163
Bibliografia

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 2


INTRODUÇÃO
De onde veio a idéia de escrever este livro? Desde o ano de
1993, o Senhor esteve me inquietando de maneira insistente a
fim de que escrevesse uma análise histórico-profética das sete
cartas do Apocalipse, assunto que o Senhor me permitiu
realizar em meu livro "A Igreja de Jesus Cristo, Uma
Perspectiva Histórico Profética", terminado em 1998. No
segundo capítulo deste livro, ao fazer a análise da carta a
Esmirna, e particularmente do versículo 11 de Apocalipse 2,
sobre o relacionado com a promessa do Senhor de que os
vencedores não sofrerão dano da segunda morte, por ser um
tema pouco conhecido nos meios cristãos convencionais, senti a
necessidade de realizar um estudo mais profundo e explicativo
do assunto. E mais, alguns dos poucos pregadores que
conhecem este tema, tendem a se esquivar do assunto. Pensei
ser possível que muitos leitores desejassem se aprofundar mais
sobre isso, a fim de percebê-lo melhor, e outros sensivelmente
pela fome que desperta um tema tão controvertido, mas tão
importante e conveniente para nosso andar com o Senhor.

Ao ler as sete cartas dos capítulos 2 e 3 de Apocalipse, uma das


mais profundas impressões que se costuma ter é que os
vencedores que ali menciona o Senhor pertencem a uma classe
à parte e exaltada de crentes, dotados de certos poderes
extraordinários e dons que não tem os irmãos comuns. Mas,
queridos irmãos, o vencedor está longe de pertencer a uma
elite especial de crentes; ao contrário, é o cristão normal e
bíblico; é o apartado do mundo para o serviço e adoração ao
Senhor. O que acontece é que nos tempos que vivemos, a
Igreja tem se “laodiceiado”, e se tem por normal os irmãos que
se mantêm crianças na fé, imaturos e carnais. Se com a ajuda
e a luz do Espírito Santo analisarmos detidamente os textos
bíblicos veremos que o vencedor é o crente consciente de sua
condição de soldado de Cristo. Romanos 8 nos fala dos cristãos
normais, espirituais, os guiados pelo Espírito de Deus,
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 3
predestinados para ser feitos conforme a imagem de Cristo; de
pronto diz no versículo 37: "Antes, em todas estas coisas
somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou".

Em Efésios 6:10-18, encontramos a armadura do vencedor, do


soldado de Cristo; mas não é outra coisa senão a armadura do
crente normal. O Senhor não quer que sejamos outra coisa.
Nossa luta é contra poderosos principados das trevas, contra
Satanás; e se não estamos vestidos com essa armadura, nosso
andar cristão é de derrota; e em derrota não podemos apagar
os dardos de fogo do maligno. O escudo da fé normal de um
verdadeiro crente é a de um vencedor. É bom que os demais
santos orem por nós, e nós pelos demais santos; mas o escudo
da fé de outro, dificilmente poderá me servir. Se analisares
toda essa armadura, verás que ninguém pode vesti-la por ti.

A Palavra de Deus diz que sem fé é impossível agradar a Deus;


de maneira que o que trabalha por fé, é um filho de Deus
normal, não necessariamente um gigante. A lista que aparece
em Hebreus 11 é de pessoas normais iguais a nós, que
sensivelmente creram em Deus, e pela fé alcançaram bom
testemunho. Vejo nas palavras do apóstolo Paulo, a sinceridade
e segurança de alguém que sabia perfeitamente quem era o
Senhor em quem havia crido; e com essa confiança diz:
"Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o
tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate,
completei a carreira, guardei a fé" (2 Tm. 4:6-7).

Não é nossa intenção esgotar o tema, e sim contribuir em algo


que muitos de nossos irmãos possam experimentar um
despertar em muitas verdades bíblicas a respeito, e
introduzirem-se nas páginas das Escrituras, que lhes estarão
guiando a uma vida mais íntima com o Senhor. Aqui neste
curto trabalho abundam as citações bíblicas, muitas vezes
transcritas quase sem comentário algum; porque mais que
nossas palavras e comentários, é nosso interesse que nos
fixemos no que nos diz a Palavra de Deus, e lhe ponhamos toda
a atenção. A Bíblia contém algumas verdades importantes,
fundamentais, e muito pouco conhecidas, e uma delas é

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 4


relacionada com o tribunal de Cristo para julgar as obras da
Igreja. Porque esta verdade não é conhecida? Porque os
crentes fogem a tudo o que cheira juízo de sua conduta; e em
razão de ser esquivada, esta verdade tem sido esquecida
nestes tempos, e tem sido desconhecida e terrível. Mas é nosso
dever restaurar os ensinamentos contidos neste livro e abrir as
portas destas verdades. Este é o caminho de um verdadeiro
vencedor.

Recorde-se, além disso, que Deus tem falado por meio de Seu
Filho, e tudo o que analisamos através deste livro é do que tem
falado o Senhor Jesus Cristo e pregaram os apóstolos, do que
quis o Espírito Santo que ficasse registrado no Novo
Testamento acerca de temas tão fundamentais como os
vencedores, o tribunal de Cristo, o juízo das obras da Igreja, as
recompensas e os castigos; e o reino milenar, tudo no marco
do que a Palavra de Deus chama a “doutrina dos apóstolos”.
Isto não é algo novo, pois é algo que está registrado na Bíblia
desde os tempos primitivos da Igreja.

Arcadio Sierra Díaz

1.OS VENCEDORES E A SALVAÇÃO


Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 5
(1a. parte)

As Três Partes do Homem

Para compreender melhor o que significa ser um cristão


vencedor, é necessário conhecer que o homem está composto,
não de duas, mas de três partes: espírito, alma e corpo.

Quando Deus fez o homem, varão e mulher, o fez pensando em


Seu Filho, e pensando na Igreja, porque não era bom que Seu
Filho estivesse só, mas que tivesse uma esposa idônea; Deus
fez o homem para chegar a ter uma família, um lugar, e
edificar uma casa para morar eternamente; e Deus fez o
homem com um propósito definido e dotado das partes
convenientes para que pudesse cumprir esse propósito. Deus
queria que o homem fosse semelhante a Cristo. Diz Gênesis
2:7: "Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra
e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a
ser alma vivente".
Analisando um pouco, vemos que do pó da terra formou o
corpo do homem; em sua narina soprou fôlego (hebraico
neshamaj, vento, espírito) de vidas (no original está no plural,
jayim), porque ao soprar o espírito e reagir com o corpo, teve
origem a alma, e o homem veio a ser então um ser vivente
(hebraico nephesh hayah, ser vivente ou alma vivente).
Portanto, na regeneração o homem veio a ter várias classes de
vidas: vida biológica (no corpo), vida psíquica (na alma) e vida
zoé ou pneumática (no espírito), que é a vida divina, a vida
não criada, a vida eterna que nos deu Deus no dia de nossa
regeneração, pois sem a vida do Senhor, o espírito humano
existe mas não tem vida divina. Lemos em 1 Tessalonicenses
5:23:"O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso
espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e
irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo"

"Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 6


que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hb. 4:12).

Nestas citações e em outros lugares da Bíblia, vemos que Deus


nos fez, seres humanos, dotados de três partes ou princípios
bem diferenciados, que são: espírito, alma e corpo; partes com
as quais estamos capacitados para ter relação com Deus e os
seres espirituais, consciência de nós mesmo e comunicação
com o mundo que nos rodeia, respectivamente. Mediante os
sentidos do corpo biológico e suas operações vitais nos
comunicamos com as coisas físicas; mediante a alma temos
consciência de nós mesmos, pois na alma estão assentadas o
conjunto de funções psíquicas próprias de nosso ego, e que
determinam nossa personalidade, tais como a mente que gera
os pensamentos, a vontade para tomar as determinações, e as
emoções, que estão relacionadas com o amor, o ódio, a
tristeza, a alegria, a amargura, o gozo, a introspecção, etc...;
ou seja, a mente determina o que penso, a emoção o que sinto
e a vontade o que quero. Mediante o espírito temos
comunicação com Deus; quando somos regenerados pelo
Espírito de Deus com base no haver crido na obra redentora do
Senhor Jesus na cruz. Uma vez que temos crido, somos
regenerados, nascidos de novo no Espírito, porque Deus nos faz
partícipes de Sua vida eterna, de Sua natureza divina (2 Pedro
1:4), e vem morar em nosso espírito por Seu Espírito. Nosso
espírito humano, para ter esta relação íntima com Deus, está
provido de certas faculdades tais como a intuição, a consciência
e a comunhão.
O Espírito Santo mora no espírito do crente. O espírito humano
foi projetado para que more nele o Espírito de Deus. Diz em
Romanos 8:9-10: "Vós, porém, não estais na carne, mas no
Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se
alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Se,
porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto
por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da
justiça". De conformidade com a Palavra de Deus, temos sido
feitos assim pelo Senhor, para que dentre todos os homens, os
que crêem no Senhor Jesus Cristo, os redimidos pela obra do

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 7


Senhor Jesus na cruz, e ressurreição e ascensão, e que
compõem a Igreja, seja um templo santo de Deus; e o Senhor
Jesus está edificando esse tabernáculo entre nós os redimidos.
"Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus
habita em vós?" (1 Co. 3:16). O Novo Testamento fala da
construção do tabernáculo verdadeiro. Por exemplo, Efésios
4:11-12 diz: "11 e Ele mesmo (Cristo) constituiu a uns,
apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas; a outros,
pastores e mestres, a fim de aperfeiçoar aos santos para a
obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo". No
Antigo Testamento encontramos um tipo, ou uma maquete ou
figura deste verdadeiro templo do Senhor. Essa figura a
encontramos no tabernáculo, ou templo portátil que Yahveh
ordenou Moisés que lhe fizessem no deserto; e mais tarde no
templo que Salomão lhe construiu em Jerusalém. No livro de
Êxodo encontramos em detalhe a descrição do tabernáculo, o
qual constava de três partes principais: o átrio, o Lugar Santo e
o Lugar Santíssimo.

Nós, a Igreja, no Novo Testamento somos o verdadeiro


tabernáculo que Deus está construindo para Sua morada
eterna. Somos o verdadeiro templo de Deus. Se compararmos
as três partes do homem com as três partes principais do
tabernáculo, encontramos suas correspondentes similaridades.
Até o átrio tinham acesso todas as tribos dos israelitas e
mesmo gentios prosélitos; era a parte mais aberta do templo;
corresponde a nosso corpo, que é a parte mais externa de
nosso ser, por meio do qual nos comunicamos com tudo o que
nos rodeia por meio dos sentidos.

No Lugar Santo do tabernáculo só podiam entrar os sacerdotes,


e é comparado com nossa alma, que é a parte que segue ao
corpo, a qual já não pode ser penetrada por outros seres; a
alma tem sua intimidade, a intimidade de nossa própria
personalidade. No Lugar Santo do tabernáculo estava o
candeeiro de ouro, a mesa e os pães da proposição e o altar de
ouro de incenso. Até ali podiam entrar os sacerdotes a
ministrar ao Senhor, e oferecer-lhe azeite, incenso e pão; mas
não o resto dos israelitas. Em nossa alma residem, como temos

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 8


dito, nossa vontade humana, nossa mente e as emoções, que
caracterizam nossa personalidade e individualidade, e até onde,
em condições normais, não tem acesso as demais pessoas,
como se podem fazer com nosso corpo por meio dos sentidos:
visão, olfato, paladar, audição, tato.

Mas no tabernáculo havia uma terceira parte ainda mais íntima,


o Lugar Santíssimo, onde estava a arca do pacto de madeira de
acácia, coberta de ouro por todas as partes, e dentro da qual
estava uma urna de ouro que continha um pouco de maná, a
vara de Arão que havia florescido; e as tabuas do pacto
trazidas do Monte Sinai por Moisés. Em cima da arca estavam
dois querubins de glória, que cobriam com sua sombra o
propiciatório; ou seja, a tampa da arca, onde era oferecido o
sangue dos sacrifícios. Estes querubins eram guardiões da
glória e da justiça de Deus, e velavam, simbolicamente, que o
sumo sacerdote se aproximasse do propiciatório não sem
sangue. Mas analise o leitor as seguintes palavras de Hebreus
9:7-8:
"7 mas, no segundo (aqui se refere ao Lugar Santíssimo do
tabernáculo), o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano,
não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de
ignorância do povo,8 querendo com isto dar a entender o
Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar não se
manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido".
No Lugar Santíssimo não podia entrar ninguém; era o lugar
central e mais íntimo do tabernáculo; ali só podia entrar o
sumo sacerdote uma vez ao ano, no Yon kippur, o dia da
expiação, que era o dia décimo do mês sétimo judeu. O Lugar
Santíssimo estava separado do Lugar Santo por meio de um
véu, tipo do véu que separa aos homens de Deus, e enquanto
não haja revelação ou se rasgue o véu, o homem não tem
capacidade para conhecer a Deus nem a Seu Cristo. No Lugar
Santíssimo se manifestava a glória de Deus, a Shekiná, a
habitação ou presença de Deus. Nosso espírito é o Lugar
Santíssimo de nosso ser humano, feito por Deus para Sua
habitação. Assim o Senhor faz Sua habitação corporativa, Sua
Igreja. Logo diz nos versículos 9 e 10:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 9


"É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta,
se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no
tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele
que presta culto,
10 os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas
somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas
até ao tempo oportuno de reforma".

Diz aqui a Palavra de Deus que chegaria um tempo de reformar


as coisas, e que o antigo tabernáculo é apenas símbolo para o
tempo presente. Símbolo de quê? Do verdadeiro templo de
Deus, Sua Igreja, a vida corporativa da Igreja. Para entender o
delicado tema da doutrina bíblica da salvação é necessário,
pois, fazer uma clara diferença entre o corpo, a alma e o
espírito no homem. Se não se faz uma clara diferença sobre
isto, a confusão é grande. Não confundas a alma e o espírito. O
homem é um ser tripartido. Qual é o objetivo de Deus ao fazer
o homem composto de três partes? A respeito, a Bíblia diz em
Zacarias 12:1:

" Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel. Fala o


SENHOR, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o
espírito do homem dentro dele ".
Aparece o espírito do homem como se para Deus fosse o mais
importante de toda sua criação. Vai do maior ao menor: do céu
e sua imensidão concentra sua atenção na pequenez da terra, e
logo no espírito do homem. O Senhor tem um especial
interesse no espírito do homem.
O espírito é o lugar secreto do Senhor, onde a luz é Deus; ali o
homem se une e se comunica com Deus. As funções do espírito
são: a consciência, ou seja, a luz e guia de Deus para
discernir o bom do mal, independentemente de todo
conhecimento da mente e opiniões exteriores (Romanos 8:16);
a intuição, que se relaciona com a voz e o ensinamento de
Deus no espírito humano para perceber os movimentos do
Espírito Santo e as revelações de Deus (Atos 18:25); e a
comunhão, por meio da qual adoramos e servimos a Deus no
espírito e temos intimidade com Ele (João 4:23; Romanos 1:9).

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 10


A alma é o eu da pessoa, pois ali está a sede de sua
personalidade, dado que é o assento da mente (pensamentos),
vontade (faculdade de decidir), de onde emana sua
responsabilidade e seu poder de decisão, e as emoções da
alma, que são seus afetos, seus sentimentos e suas paixões;
ou seja, nossas simpatias e antipatias. Na alma estão todas as
faculdades que determinam nossa individualidade e nossa
personalidade. A alma, como sede da vontade e personalidade
do homem, enlaça e fusiona o corpo com o espírito, e por meio
da alma o espírito pode submeter o corpo a sua obediência, a
fim de sublimá-lo. Mas pode suceder o contrário, por meio da
alma o corpo pode atrair ao espírito para que ame ao mundo e
as coisas que estão no mundo. Mas o anterior depende da
vontade do homem, assentada na alma.

O cristão deve ter clareza, e saber diferenciar e separar as


funções do espírito e as da alma; não confundir, por exemplo,
os meros pensamentos da alma com a intuição do espírito
(Hebreus 4:12). Antes da queda do homem, o poder da alma
estava totalmente sob o domínio do espírito. O espírito era o
amo, a alma era apenas o administrador, e o corpo era o servo.
Isto temos que ter presente para compreender tudo o
relacionado com nossa salvação, e a vitória ou derrota no andar
com o Senhor.

OS VENCEDORES E A SALVAÇÃO

As três etapas da salvação


A Bíblia diz que o homem que Deus criou caiu em
desobediência e veio a ser escravo do pecado. A antiga
serpente, o diabo, o tentou e ele pecou. Primeiro o diabo
enganou a mulher, e ela comeu da árvore do conhecimento do
bem e do mal; a estratégia era fazer-lhe crer que seria como
Deus, que seria independente de Deus; logo comeu o homem

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 11


deliberadamente, pelo afeto que tinha à sua mulher. Foi então
quando o espírito do homem ficou sem vida. Quando Satanás
fez o homem cair, começou a trabalhar de fora para dentro;
começou pela carne, usou os sentidos do corpo, a emoção da
alma, com o qual se apoderou da vontade; inchou a alma e deu
um golpe tão forte ao espírito, que o matou. Assim segue
trabalhando o diabo na humanidade. Em contrapartida o
Senhor trabalha de dentro para fora. Seu labor começa no
espírito, e de acordo com o fortalecimento do homem interior,
vai iluminando a alma em sua mente, com influência
estimulante em suas emoções, a fim de que a vontade do
homem exerça domínio sobre seu corpo, até lograr que o corpo
obedeça ao espírito e se faça a vontade de Deus, que já veio
morar no espírito. O Senhor Jesus já fez a obra na cruz, mas
devemos ter em conta que a salvação completa, a que integra
as três partes do homem, consta de justificação, santificação e
redenção, e que a justificação está relacionada com a salvação
do espírito, a santificação com a salvação da nossa alma
humana, e a redenção com a salvação de nosso corpo. Na
medida em que a vida de Deus em Cristo se vai alargando e
fortalecendo em nós, se vai incrementando o raio de ação na
salvação do homem. Depois da queda, o homem foi evoluindo
negativamente até converter-se totalmente em carne (Gênesis
6:3), e a carne não pode herdar o reino de Deus (1 Coríntios
15:50), nem pode salvar-se por si mesma. Do anterior se
deduz que a salvação completa é um processo que requer três
etapas.

A salvação do espírito .
Assim como o homem tem três partes, cada uma dessas
partes tem seu tempo de salvação. O homem herda de Adão
um espírito morto, um corpo que envelhece até a morte, e uma
alma inclinada à carne, saturada de maldade, depravada,
incapaz de fazer o bem e obedecer à vontade de Deus. Nossa
salvação tem, pois, três etapas. O dia que cremos em Cristo
como nosso Salvador, é salvo o espírito, e o Espírito de Deus
vem morar em nosso espírito eternamente. "16 E eu rogarei
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 12
ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja
para sempre convosco,17 o Espírito da verdade, que o mundo
não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o
conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. " (João
14:16-17). A salvação do espírito está relacionada com a
justificação e regeneração. Em Romanos 8:10,16 lemos: "10
Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está
morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da
justiça.... 16 O próprio Espírito (o Espírito Santo) testifica com
o nosso espírito (o humano), que somos filhos de Deus."o
Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita
convosco e estará em vós." (João 14:17). Deus está
construindo Seu templo com o objetivo de habitar nele; mas
para que o templo seja construído, o primeiro que deve ser
construído no tabernáculo é a arca no Lugar Santíssimo (Êxodo
25:10); ou seja, a salvação de nosso espírito para que possa
morar Cristo em nós. A arca do pacto que estava no Lugar
Santíssimo do tabernáculo era símbolo de Cristo, pois a arca do
pacto no tabernáculo é uma analogia de Cristo formado na
Igreja, que é Seu templo.
Lembremos sempre que quando se fala da salvação do espírito,
há dois elementos importantes a considerar: (1) a Palavra de
Deus sempre se refere a ela como um presente não merecido,
e (2) sempre fala em tempo passado. Medita nas seguintes
citações bíblicas, ainda que há mais.

"3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo,4 assim como nos escolheu nele antes da
fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
perante ele; e em amor 5 nos predestinou para ele, para a
adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o
beneplácito de sua vontade" (Efésios 1:3-5).

"1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados... 4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa
do grande amor com que nos amou,5 e estando nós mortos

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 13


em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela
graça sois salvos,
6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar
nos lugares celestiais em Cristo Jesus...
8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem
de vós; é dom de Deus;9 não de obras, para que ninguém se
glorie." (Efésios 2:1,4-6,8-9).

"11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e


esta vida está no seu Filho.12 Aquele que tem o Filho tem a
vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida" (1
João 5:11-12).

"29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os


predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.30 E
aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que
chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a
esses também glorificou.31 Que diremos, pois, à vista destas
coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por
todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente
com ele todas as coisas?33 Quem intentará acusação contra os
eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.34 Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede
por nós.35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será
tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou
perigo, ou espada?36 Como está escrito: Por amor de ti,
somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como
ovelhas para o matadouro.37 Em todas estas coisas, porém,
somos mais que vencedores, por meio daquele que nos
amou.38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte,
nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas
do presente, nem do porvir, nem os poderes,39 nem a altura,
nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso
Senhor." (Romanos 8:29-39).

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 14


A Bíblia diz que a salvação é um presente de Deus, que
ninguém tenha merecido nem pode fazer algo para recebê-la; o
recebe pela fé, e a própria fé quem nos dá é Deus. Se o homem
fora o autor e gerador da fé, teria algo de quê gloriar-se na
relação com sua salvação. Não há ninguém que faça o bem 1.
O Pai é quem nos revela a Seu Filho Jesus Cristo, por Seu
Espírito, o qual é quem nos dá a convicção e a capacidade de
arrepender-nos. O homem por si mesmo não tem luz nem
capacidade para escolher ao Senhor Jesus; ninguém o pode
fazer. O homem não pode dar do que não tem; ainda a
iniciativa da salvação provém de Deus. Diz Mateus 7:18: "Não
pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má
produzir frutos bons". Ninguém por si só tem a capacidade para
entender o que Deus diz. Em João 8:43, lemos: "Qual a razão
por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois
incapazes de ouvir a minha palavra". Deus põe no homem a
capacidade de crer em Jesus. Por favor, medite nos seguintes
versículos bíblicos:
"porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar, segundo a sua boa vontade." (Fp. 2:13).

"E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a


Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus
concedido o arrependimento para vida." (Atos 11:18).

"Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o


trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia" (João. 6:44).

"15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?16


Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo.17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és,
Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to
revelaram, mas meu Pai, que está nos céus." (Mateus 16:15-
17).

Essa salvação, a eterna, a do espírito, não está condicionada a


obra alguma de nossa parte, nem boa nem má, e dela não nos
separará nem o presente nem o porvir 2. Um morto não pode

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 15


ter vida por si mesmo; quem da vida é Deus, tanto a biológica,
como a psíquica, e quanto mais a eterna, a do Espírito (em
grego, zoé). "E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas
transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida
juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos" (Cl.
2:13). Esta salvação corresponde ao espírito; e dessa salvação
há de se ter absoluta segurança. Diz Romanos 8:1-2:

"1 Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo,


separado para o evangelho de Deus, 2 o qual foi por Deus,
outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas
Sagradas Escrituras,".

Aqui a Palavra se refere a uma condenação subjetiva, pois se


refere a uma derrota da lei do pecado por parte do Espírito de
vida que já mora no espírito da pessoa salva objetivamente
pela obra de Cristo na cruz.
Diz Romanos 10:8-10:
"8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e
no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. 9 Se,
com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu
coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo.10 Porque com o coração se crê para justiça e com a
boca se confessa a respeito da salvação".
Cristo é a Palavra vivente e glorificada que vem morar em
nosso coração quando pela fé o recebemos, crendo em Sua
vida de ressurreição. Quando cremos que Deus levantou dos
mortos a Jesus, implicitamente manifestamos que o Verbo de
Deus se encarnou, viveu como qualquer humano (exceto que
não pecou), morreu por nós, e ressuscitou e foi glorificado; só
crendo que Ele foi glorificado, podemos confessar que Jesus
Cristo é o Senhor. Ao crer somos justificados diante de Deus,
mas ao confessá-lo somos salvos diante dos homens; quando
invocamos e proclamamos o nome e o senhorio do Senhor
Jesus, somos salvos mesmo de prisões e problemas
temporários.

A salvação da alma .
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 16
A alma também deve ser salva. A salvação da alma se
relaciona com a santificação. Devemos ocupar-nos da salvação
de nossa alma, de nosso eu, com temor e tremor. "Assim, pois,
amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, muito mais agora, na minha ausência,
desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor" (Filipenses
2:12). ”como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande
salvação?" (Hb. 2:3a). A salvação eterna, a do espírito, é um
presente não merecido, por graça, aplicando uma fé que
também nos dá Deus, para o qual não é necessário que
intervenha nossa conduta e nossas obras; mas a salvação da
alma tem a ver com obras; devemos ocupar-nos na
salvação de nossa alma, porque a alma é a que peca. "a
alma que pecar, essa morrerá." (Ezequiel 18:4b).
Quando fala da salvação do espírito, a Palavra de Deus fala no
passado; mas quando se trata da salvação da alma, usa o
verbo no tempo presente. "Portanto, despojando-vos de toda
impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a
palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a
vossa alma." (Tiago 1:21). Se tivermos em conta que a
salvação do espírito não é por obras, note o que diz a seguinte
citação relacionada com crentes: "19 Meus irmãos, se algum
entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter,20
sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho
errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de
pecados." (Tiago 5:19-20). Aqui se trata de crentes
extraviados, salvos no espírito, mas não na alma.
Em 2 Coríntios 4:16, a Escritura diz que um crente consta de
um homem exterior e um homem interior. Podemos explicá-lo
superficialmente assim: Assim como uma pessoa normal está
composta de um corpo, que é seu órgão, que é a parte física, e
de uma alma, que é a parte espiritual (como sua vida e
pessoa), por explicá-lo assim, de maneira similar o homem
exterior do crente está composto de corpo como seu órgão
físico e de alma como sua vida e pessoa; e o homem interior
está formado pelo espírito humano regenerado e habitado por
Deus como sua vida e pessoa, e de alma renovada como seu
órgão. O apóstolo Paulo ora ao Pai a fim de que esse homem

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 17


interior dos efésios, onde já mora Deus por Seu Espírito, seja
fortalecido com poder "para que habite Cristo pela fé em
vossos corações". Nisto vemos que primeiro recebemos a
salvação em nosso espírito, e que logo Deus começa a
trabalhar conosco na salvação da nossa alma, que se relaciona
com nosso coração. A conotação bíblica de coração é nossa
alma humana mais a consciência de nosso espírito. Quando a
salvação começa a fluir do espírito à alma pela ação subjetiva
do Espírito Santo em nós, começamos a experimentar um
processo de mudança, de carnais a espirituais, e o Senhor
Jesus vem habitar em nossos corações, a sentir-se realmente
em sua casa; o Senhor se apossa de nosso ser com toda
confiança. A partir desse momento, e com todos os irmãos
unidos corporativamente começamos a compreender todas as
dimensões do Senhor, a conhecer melhor ao Senhor, a
entender Qual é Seu propósito. Coisas que nossa carnalidade
não nos permitia compreender. Na medida em que o Senhor
Jesus habite confiadamente em nosso coração, melhor
poderemos conhecer o coração Dele.
Por tanto, é necessário que nosso homem interior, já salvo,
seja fortalecido com o poder do Espírito Santo, para que em
conseqüência habite Cristo pela fé em nossos corações, que é
outra forma bíblica de chamar a alma junto com a consciência
(cfr. Efésios 3:16,17), e chegue a ser Ele vivendo em nós e não
nós mesmos (cfr. Gálatas 2:20). Quando isto ocorrer, temos
sido aperfeiçoados pelo Senhor, temos salvado nossa alma. O
espiritual depende de Deus; o anímico é independentista, é do
homem, e por tanto deve ser trabalhado pelo Espírito Santo
com a colaboração do homem, porque a queda é fruto de uma
rebelião em busca de independência.
Para salvar o espírito só temos que crer, e mesmo esta fé nos é
dada por Deus; mas para salvar a alma há de se cumprir certos
requisitos. Quais? Por exemplo, negar-se a si mesmo, obedecer
ao Pai, tomar a cruz a cada dia e seguir ao Senhor Jesus. No
capítulo 16 de Mateus vemos que o apóstolo Pedro já era salvo,
já havia recebido a revelação do Pai de que o Senhor Jesus era
o Cristo, o Filho do Deus vivente, já era uma pedra viva para a
edificação da Igreja, e, entretanto tinha que trabalhar na
salvação de sua alma. Pedro tinha muito amor próprio, muita

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 18


confiança em suas próprias forças e capacidades, não estava
disposto a passar por nenhum sofrimento; não podia
compreender a obra de Deus em Cristo. Para Pedro a obra da
cruz era uma loucura, e até mesmo Satanás fala por sua boca
para dizer ao Senhor: "22 E Pedro, chamando-o à parte,
começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor;
isso de modo algum te acontecerá.23 Mas Jesus, voltando-se,
disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de
tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos
homens.24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém
quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e
siga-me.25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-
la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.26 Pois
que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a
sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?
(Mateus 16:22-26). A salvação eterna depende da vontade de
Deus, mas para seguir ao Senhor e andar com Ele, devemos
preencher certos requisitos como negar-nos a nós mesmos, não
centrar-nos em nós mesmos nem em nossa própria forma de
pensar, senão buscando estar de acordo com a mentalidade de
Deus. O que nós somos está em nossa alma; de maneira que
devemos ocupar-nos na salvação de nossa alma. Diz Lucas
21:19: "Com vossa paciência ganhareis vossas almas".
Como veremos depois, a salvação do espírito é eterna, tem a
ver com o novo céu e a nova terra; mas a salvação da alma se
relaciona com nossa atual conduta, com nossas obras, e tem a
ver com o reino dos céus no milênio. Nossos atos hoje e nosso
grau de sofrimento e adversidade, decidem nossa participação
no reino; e daí que, depois de falar do juízo da Igreja, Pedro
diz: "18 E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai
comparecer o ímpio, sim, o pecador?19 Por isso, também os
que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua
alma ao fiel Criador, na prática do bem." (1 Pedro 4:18,19). Diz
o irmão Watchman Nee:
"A salvação do espírito é ter vida eterna, enquanto que a
salvação da alma é possuir o reino. “O espírito é salvo
mediante o Fato que Cristo levou a cruz por mim; a alma
é salva pelo fato que eu leve a cruz”. “O espírito é salvo
pelo fato que Cristo dá sua vida por mim; a alma é salva,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 19


porque eu nego a mim mesmo e sigo ao Senhor”
(Watchman Nee. A Salvação da Alma. CLIE- 1990. pág.
16).

A salvação do corpo .
A salvação do corpo é no futuro, quando ocorrer a ressurreição
da Igreja, e se relaciona com a redenção. Para vê-la na Bíblia,
nos basta uns poucos versículos. "20 Pois a nossa pátria está
nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor
Jesus Cristo,21 o qual transformará o nosso corpo de
humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a
eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as
coisas." (Fp. 3:20-21). "11 Se habita em vós o Espírito
daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo
que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará
também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que
em vós habita."

(Ro. 8:11). "23 E não somente ela, mas também nós, que
temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso
íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso
corpo." (Ro. 8:23).

Haverá um tempo no futuro em que gozaremos de uma


completa salvação. Diz 1 Pedro 1:5: "5 que sois guardados
pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada
para revelar-se no último tempo.".

Também em Romanos 5:9 nos fala de uma justificação em


tempo passado e de uma salvação futura, quando diz: "Logo,
muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos
por ele salvos da ira.". De acordo com isto, é fácil concluir que
nossa salvação tem três tempos, a saber: passado, presente e
futuro. Como já temos visto, o crente em Cristo, no passado já
tem sido redimido da culpa e pena do pecado, mas no tempo
presente está se livrando do poder do pecado; e no futuro,
quando se efetuar a ressurreição, será livrado de sua presença,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 20


e assim será perfeitamente conformado à imagem do Filho de
Deus, que é nosso Redentor.

OS VENCEDORES E A SALVAÇÃO

As três classes de homens

Na Bíblia se diferenciam três classes de homens: os judeus, os


gentios e a Igreja. Mas, além disso, encontramos outras três
classes, que em princípio são duas, os crentes e os incrédulos,
mas os crentes se dividem por sua vez em carnais e espirituais;
de maneira que temos o homem natural, o crente carnal e o
crente espiritual.

O homem natural .
A Palavra de Deus chama ao incrédulo de homem natural,
incapaz de perceber as coisas de Deus. Diz 1 Coríntios 2:14:

" 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de


Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque
elas se discernem espiritualmente. ".

Este homem natural é o homem psychikós, dominado por sua


psiquê, ou alma natural que, como temos dito, é o princípio
vital ou de individualidade, assento de seu caráter. É o homem
caído, adâmico, nascido uma só vez, morto em delitos e
pecados, ou que segue a corrente deste mundo por caminhos
de completa obscuridade, sem Deus e sem esperança. O
príncipe de este mundo tem cegado o homem natural, não
regenerado; este tem a mente entenebrecida. Na queda do
homem, a alma deliberadamente se opôs à autoridade do
espírito, e o resultado é que não teve em realidade nenhuma
independência, senão que chegou a escravizar-se ao corpo com
suas paixões e desejos. Meditemos nos seguintes versículos:
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 21
" 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os
que se perdem que está encoberto,4 nos quais o deus deste
século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a
imagem de Deus " (2 Co. 4:3-4).

" para lhes (os gentios) abrires os olhos e os converteres das


trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim
de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os
que são santificados pela fé em mim " (At. 26:18).

" obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por


causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu
coração" (Ef. 4:18).

Há um véu como obstáculo que impede que o homem entenda


a Deus. O homem não regenerado nem entende o bem nem o
deseja. Mesmo os judeus, sendo eles o povo terreno escolhido
para manifestar Deus, o povo dos pactos, o povo por meio do
qual o Senhor nos deu as Escrituras, o povo por meio do qual
nasceu nosso Salvador, ainda eles não podem ver por esse véu.
Lemos em 2 Coríntios 3:13-15:

" 13 E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face,
para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do
que se desvanecia.14 Mas os sentidos deles se embotaram.
Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga
aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado
que, em Cristo, é removido.15 Mas até hoje, quando é lido
Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. ".

Se o Senhor Jesus não tira esse véu, continuam na


obscuridade, seja judeu ou gentio; vendo não vêem, e ouvindo
não ouvem, porque são coisas do espírito, que não se podem
ver nem ouvir com os sentidos naturais, nem entender com a
mente natural da alma.
os não regenerados não podem agradar a Deus. Diz Romanos
8:7-8:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 22


" 7 Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois
não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.8
Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. ".

É necessário que Deus abra o coração do homem, a fim de que


possa compreender a mensagem do evangelho. O vemos na
cidade de Filipos, com ocasião de um ensinamento que
compartilhava Paulo à margem de um rio.
" Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora
de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu
o coração para atender às coisas que Paulo dizia. " (At. 16:14).

Quando o homem quer ser bom por si mesmo, não tem


capacidade de ser. O homem trata de ser bom, mas não pode;
e em um esforço por parecer melhor diante da humanidade e
de sua própria consciência, o homem com freqüência não
comete o pior, ou pode ser que em ocasiões não chegue a ser
todo o mal possível, mas isso se deve a que Deus, em Sua
misericórdia, tem provisto de um testemunho de Si mesmo. O
homem leva o testemunho de Deus em sua própria consciência;
mas isso não significa que em ocasiões o homem é bom. Diz a
Escritura que "o que de Deus se conhece lhes é manifesto, pois
Deus o manifestou" (Ro. 1:19; ver também Atos 14:17). Então,
segundo isto, e de acordo com Romanos 2:14, o homem por si
mesmo faz um bem relativo.

O crente carnal .
Diz em 1 Coríntios 1:18: "Porque a palavra da cruz é loucura
aos que se perdem; mas aos que se salvam, isto é, a nós, é
poder de Deus". Este versículo se refere aos incrédulos, mas
em algo também se pode aplicar aos crentes carnais. A palavra
da cruz (o evangelho) é uma loucura para a humanidade não
regenerada, devido a que sua mente está submergida nas
trevas da ignorância, a superstição e o engano. A sabedoria do
mundo não pode nem sequer mais ou menos vislumbrar a obra
de Deus a favor dos homens. A palavra da cruz e a sabedoria
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 23
de Deus estão inteiramente relacionadas com Jesus Cristo, o
Filho de Deus. Ainda no cristão carnal, o autêntico evangelho, o
que enfatiza a cruz de Cristo, não é bem compreendido; porque
há duas maneiras de andar do povo cristão: uma é carnal e a
outra é espiritual. Falemos agora do cristão carnal. Por
exemplo, em Romanos 8:4, a Escritura faz a diferença entre
andar na carne e andar no Espírito, quando diz: "Para que a
justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos conforme
a carne, senão conforme o Espírito". Logo os versículos
seguintes enfatizam essa diferença. Leiamos:

"5 Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas


da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do
Espírito.6 Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o
do Espírito, para a vida e paz.7 Por isso, o pendor da carne é
inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem
mesmo pode estar.8 Portanto, os que estão na carne não
podem agradar a Deus." (vs.5-8).

A palavra "carne" no Antigo Testamento é “basar” em hebraico,


e no Novo Testamento é “sarx” em grego. O cristão carnal às
vezes não se diferencia muito do homem natural (psychikós) ou
almático, pois o crente carnal (sarxkikós) não tem alcançado
maturidade nem submissão plena a Cristo; é com freqüência
dominado ainda por sua natureza carnal, porque participa do
caráter da carne. Disse Paulo aos irmãos coríntios:
"1 Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e
sim como a carnais, como a crianças em Cristo.2 Leite vos dei
a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis
suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois
carnais.3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas,
não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?4
Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de
Apolo, não é evidente que andais segundo os homens? " (1 Co.
3:1-4).

Um crente carnal não tem a capacidade para desfrutar e


experimentar plenamente a vida do Senhor em nós. Hoje em
dia muitos cristãos atribuem ao espírito o que na realidade é

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 24


apenas da alma; há muita confusão sobre isso. Uma coisa é
receber os dons (1 Coríntios 12:4-11) do Espírito sem que
necessariamente haja crescimento espiritual, e outra é viver e
expressar o fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23), o que já supõe
uma maturidade espiritual no crente. Os coríntios, como bons
gregos, se interessavam pela sabedoria humana, e não haviam
passado a desejar alimentarem-se da sabedoria de Deus. Os
coríntios haviam sido ensinados, mas não alimentados; pois o
alimento se relaciona com a vida e o ensinamento com o mero
conhecimento.
Às vezes costumamos pedi ao Senhor mais conhecimento das
coisas e muita sabedoria, e até chegamos a pedir que
possamos ter a mente Dele; mas o que faríamos com esse
conhecimento se Ele não habita em Sua plenitude em nosso
coração? Empregaríamos esse conhecimento com nossas
habilidades e mesquinhez naturais, sem que hajam passado
pelo processo da cruz? Empregaríamos esse conhecimento com
nossos sentidos extraviados pelas artimanhas do diabo? Diz
Paulo:
" 2 Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho
preparado para vos apresentar como virgem pura a um só
esposo, que é Cristo.3 Mas receio que, assim como a serpente
enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja
corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza
devidas a Cristo. " (2 Co. 11:2-3).

O que é conhecer o Senhor? Conhecer ao Senhor é mais do


conhecimento do que fez em Sua encarnação, em Seu
ministério terreno, em Sua cruz. Conhecer ao Senhor envolve
conhecê-lo intimamente; conhecer o que Ele pensa; conhecer
Seu coração, conhecer Seus segredos, Suas intimidades. Para
que isso ocorra devemos atender a Seu chamado, andar com
Ele, e ter íntima comunhão com Ele, ser Seus amigos.

O crente espiritual .

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 25


De acordo com a Palavra de Deus há crentes maduros,
espirituais (pneumátikós) (Efésios 5:18), cuja vida está rendida
ao Senhor, na qual se reflete e expressa o fruto do Espírito.

" 22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz,


longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,23 mansidão,
domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. " (Gl. 5:22.23).

A vontade do crente espiritual está sujeita à vontade de Deus,


porque seu espírito está intimamente unido ao Espírito de
Deus. O cristão cujo homem interior tenha sido fortalecido e
está Cristo habitando pela fé em seu coração, sabe por
experiência o que é ser cheio de toda a plenitude de Deus;
chega a se aprofundar até compreender que só na perfeita
expressão da unidade do Corpo de Cristo é que se pode
entender como é grande o nosso Deus, Seus propósitos, Seu
amor e Sua misericórdia para conosco. Só o cristão espiritual
chega a ser um vencedor. Como determinar a maturidade
espiritual de um crente? Para que haja espiritualidade deve
haver disposição no crente; a espiritualidade não se adquire por
inércia. A maturidade espiritual sempre se determina pela
disposição de sacrificar nossos próprios desejos, interesses e
comodidades, em prol do reino dos céus e dos interesses do
Senhor e dos demais irmãos, e essa disposição de sacrifício se
traduz em que se deve pagar um preço, como as virgens
prudentes. Toda vez que nossa prioridade for nós mesmos e
nossos próprios interesses, somos virgens insensatas e
andamos caminhando em derrota.

A primeira promessa

Desde o primeiro século da Igreja, muitos irmãos abandonaram


o primeiro amor (Apocalipse 2:4), e o melhor e primeiro amor é
o Senhor em nós, não necessariamente é aquele amor que
sentimos pelo Senhor nos dias em que fomos salvos, nessa lua
de mel. Quase sempre quando se acaba a lua de mel e
começam as provas, em muitos há uma queda espiritual de
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 26
grande envergadura. O Senhor nos manda que vençamos o
abandono do primeiro amor. Em que sentido haviam deixado o
primeiro amor os irmãos do primeiro século? Por exemplo,
muitos se deixaram fascinar, não pelo Amado habitando em
seus corações, senão pelas doutrinas dos judaizantes (Gálatas
3:1; 5:7; Colossenses 2:16, 20-21), pela filosofia mística em
sua relação com o nascente gnosticismo e a adoração de anjos
(cfr. Col. 2:8,18). Passados os séculos, vemos muitos católicos
com seu coração inclinado, não a Cristo e a Sua Palavra, senão
ao papa romano e ao que diz "a Igreja" (referindo-se à Igreja
Católica). Um pode ter a Cristo só de nome, mas sem ter amor
nem afeto pessoal por Ele. Se Cristo é nosso primeiro amor,
isso significa que seguimos nos alimentando Dele como fruto da
árvore da vida.
O homem caiu por haver crido em Satanás e haver participado
de uma rebelião, por haver desobedecido e comido da árvore
do conhecimento do bem e do mal; mas o Senhor nos tem
redimido e nos chama a que sejamos vencedores. O homem
comeu e desobedeceu, mas há uma recompensa ao vencedor, e
é:
"dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra
no paraíso de Deus. " (Ap. 2:7b).
A árvore da vida é Cristo, nosso verdadeiro alimento. A Nova
Jerusalém vindoura será o paraíso de Deus no milênio. A árvore
da vida se apresenta como uma enredadeira que está a um e
outro lado do rio da água da vida no meio da praça da Nova
Jerusalém, a cidade esposa do Cordeiro de Deus.
" Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor " (Jo.
15:1).
O comer da árvore da vida era o propósito original de Deus, e
agora o restaura com Sua redenção. É um banquete oferecido
pelo Senhor, porque o caminho à árvore da vida foi aberto de
novo, um caminho novo e vivo que nos abriu Cristo através do
véu (Hebreus 10:19-20).
A história tem demonstrado que a Igreja tem falhado com o
Senhor, e tem deixado de ser a expressão de amor de Deus; é
por isso que há promessas para o indivíduo vencedor. O
homem caiu porque participou na comida de algo que não
tinham que comer, e que lhe trouxe a ruína. Mas ao comer da

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 27


árvore da vida, é restaurado a um lugar mais privilegiado do
que perdeu Adão. É necessário consolidarmos em nossa
vocação, abandonar o legalismo e a aparência externa e
alimentar-nos de novo, de Cristo, desfrutar-lhe, voltando a Ele
com o primeiro amor. O Senhor é nosso pão da vida (João
6:35, 57). É bom o conhecimento, mas segundo Deus. Não é o
mesmo que alimentar-se só de ensinamentos doutrinais que de
Cristo como nosso pão da vida. Com esta promessa o Senhor
incentiva e estimula aos crentes para que não deixem o
primeiro amor, lhe sirvam sempre no amor e desfrutem ao
Senhor desde agora, e se fará efetiva como galardão no reino
milenar; mas todo vencedor pode começar a desfrutá-lo desde
agora, porque a vida da Igreja hoje é um gozo antecipado da
Nova Jerusalém. O vencedor é o cristão que se alimenta de
Cristo hoje, e como conseqüência a promessa é que se
alimentará do Senhor como árvore da vida na Nova Jerusalém.
Necessitamos vencer o abandono do primeiro amor.
A grande maioria dos irmãos não tem suficiente clareza sobre o
reino vindouro de Cristo, e à raiz desse desconhecimento
ignoram as responsabilidades que se relacionam com eles e
costumam confundir o céu (vida eterna), com o reino. Desde
agora, quero fazer afirmar que os galardões são muitos
diferentes da salvação. Os galardões, como seu nome o indica,
são prêmios para os que trabalham, para os que lutam, para os
que obedecem, para os que negam a si mesmos, para os que
levam a cruz, para os que velam, para os vencedores, para
recebê-los no reino milenar; em troca a salvação é um presente
de Deus para seus escolhidos desde antes da fundação do
mundo, e um presente nem se ganha, nem se merece, nem se
perde.

2. OS VENCEDORES E A CRUZ

A carne e a cruz
Uma vez salvo, o cristão vencedor deve levar a cruz e negar-se
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 28
a si mesmo. É um mandamento do Senhor para os que
voluntariamente o querem seguir. O ensino da cruz não é
popular. O crente carnal evita este ensino bíblico; entretanto,
as Escrituras dizem que todos nós os que temos crido já fomos
crucificados com Cristo; mas nosso velho homem deve
experimentar essa crucificação na realidade prática, levar e
encarar a cruz em nossa alma, ou seja, viver essa experiência
de morte e ressurreição enquanto estamos nesta terra; do
contrário vivemos uma vida vencida. Quando isto ocorre, com
freqüência somos dominados pelo pecado e por nossa própria
vida natural, e como conseqüência não fazemos a vontade de
Deus, e essa vida derrotada nos enreda em pecados e em
obras que voltarão a nós quando regressar o Senhor, e teremos
que dar conta dele. Se não aceitamos levar a cruz agora, é
necessário que sejamos tratados no futuro.
Um derrotado é vencido pela carne, pelo mundo e por Satanás.
Tomar a cruz é obedecer a Deus e estar disposto a passar por
todas as situações que Deus haja previsto que passemos. No
mundo, a alma tem seus deleites e seus próprios interesses,
mas a cruz e o negar a si mesmo rompe com esses vínculos, e
a pessoa se submete à vontade de Deus. Só o caminho da cruz
nos leva a sermos verdadeiros vencedores; mas muito poucos
se animam a abrir a porta que conduz a esse caminho. A vitória
de Cristo é nossa vitória, e devemos mantê-la e proclamá-la.
Não significa que devemos ser crucificados de novo, pois já
fomos crucificados com Cristo. O sangue do Senhor se
derramou para expiar o que temos feito; para nosso perdão
pelos pecados cometidos e justificar-nos diante de Deus; mas
não basta que sejamos perdoados, pois há um problema em
nós: herdamos de Adão dentro de nós uma força que nos
escraviza; a força do pecado; e por isso é que necessitamos da
cruz, para tratar com o que somos; então a cruz, aplicada pelo
Espírito, nos libera do poder do pecado, para que não tenhamos
que ser julgados pelo que fazemos.
O sangue de Cristo nos reconcilia com Deus, mas segue dentro
de nós um conflito do qual só nos pode livrar a cruz. A vitória
do vencedor não é uma mera transformação em sua carne,
senão a vida ressuscitada de Cristo dentro dele. Aceitar a cruz
é uma vitória. Um vencedor é o crente que tem ido mais além

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 29


de aceitar a cruz só objetivamente; o verdadeiro vencedor é
aquele que aceita a cruz subjetivamente; é aquele cuja cruz
tem matado seu egocentrismo, pois a tem aceitado
subjetivamente; e é necessário que a cruz seja aplicada à
nossa carne pelo Espírito Santo.
Diz o apóstolo Paulo em Gálatas 2:19 b-20:

" Estou crucificado com Cristo;20 logo, já não sou eu quem


vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho
na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim”

Este é um nível muito avançado e importante no desenvolver


espiritual de um crente que tem negado a si mesmo e leva sua
cruz a cada dia. Devido a que na alma está a vontade do
homem, é a alma a que tem que decidir se obedece ao espírito,
e desse modo lograr sua união com o Senhor por Seu Espírito
que mora no espírito do homem; em nosso homem interior.
Lemos em João 3:6:

"O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do


Espírito é espírito".

Quando o homem é regenerado no momento de crer no Senhor


Jesus, ele vem de ser meramente carne, e já em sua qualidade
de crente regenerado segue sendo carnal enquanto não houver
experimentado uma renovação em sua alma. Como se efetua
essa renovação? A renovação não consiste em modificar a
carne. Há muitas instituições, métodos, recursos humanos,
terapias e filosofias terrenas que pretendem modificar o
comportamento do homem. Deus o que quer fazer de nós não é
uma mera modificação de nosso comportamento, senão uma
nova criatura, uma criatura à imagem de Cristo; mas a nova
criatura não se consegue por modificação, pois a carne de um
regenerado segue sendo a mesma corrupta que antes. Na
regeneração, Deus nos dá Sua vida não criada, eterna, em
nosso espírito, mas nossa carne segue igual. O eu do homem
segue intacto. Mas a Bíblia nos diz uma grande verdade em
Romanos 6:6:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 30


" sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho
homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não
sirvamos o pecado como escravos".
Se apesar disso teu velho ego segue igual, o Senhor nos exorta
a que levemos a cruz e neguemos o ego. Diz Lucas 9:23:

" Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se


negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me ".

O Que significa tomar a cruz? Diz Roland Q. Leavell: "Levar a


cruz quer dizer mais que sobre levar uma enfermidade
com inteireza ou sofrer uma desgraça com fortaleza.
Uma cruz é algo que alguém pode evitar se assim o
deseja, e é algo que alguém aceita voluntariamente por
causa de Jesus e a glória de Deus. Significa obediência a
Cristo, mas inclui muito mais. Levar a cruz não era um
assunto superficial para os doze. Alguns deles chegaram
a experimentar a morte por meio da crucificação. Todos
eles sofreram violência por serem cristãos, violência que
poderiam haver evitado se houvessem entrado em
compromissos". (Roland Q. Leavell. "Mateus: o Rei e o
Reino". Casa Batista de Publicações. 1988. pág. 95).
Indubitavelmente a carne deve ser tratada pela cruz. A moda
de hoje é o contrário; que o crente evite o sofrimento e que se
aprofunde nos prazeres de uma vida fácil e mundana. Negar a
si mesmo é renunciar às demandas, gozos e privilégios de
nosso antigo ego e a nossa vida anímica; é negar-se mesmo
como princípio de vida natural; não é necessariamente negar
coisas, ainda que envolva negar aos prazeres mundanos. Gozar
de muitas coisas é contrário à de levar a cruz. Tenha-se em
conta que os deleites terrenos acende a concupiscência de
nossa carne. O Senhor sabe bem que o que nos espera com Ele
no reino é incomparável com tudo aquilo que nos atrai nesta
vida terrena. O Senhor Jesus, o Verbo de Deus, tinha tudo em
Sua glória com o Pai, e se despojou de tudo isso para poder
abrir-nos o caminho para que nós também o desfrutemos,
desfrutemos o verdadeiro gozo eterno; o Senhor não se
importou no ter aqui nem uma pedra onde recostar Sua
cabeça; nesse aspecto estava em pior condição que as aves do

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 31


céu e que as raposas do campo. Esta vida é tão curta como um
suspiro, mas suas atrações nos enervam de tal maneira que
temos em pouco as promessas de um Deus verdadeiro e
confiável. Depois de fazer um relato da luta entre os desejos da
carne e a vida no Espírito, diz Gálatas 5:24:

"E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas


paixões e concupiscências".

A crucificação da carne se traduz no quebrantamento do


homem exterior, da morte do grão de trigo, e isso é necessário
para a liberação e manifestação de nossa vida espiritual. A vida
do Espírito deve ser liberada. Diz João 12:24:

"Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo


na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito
fruto".

Esse grão de trigo é o Senhor Jesus Cristo. Antes de sua morte


tinha Sua vida prisioneira em Seu corpo; não podia menos que
estar em um só lugar de cada vez; mas com Sua morte e
ressurreição, a vida do Filho unigênito foi liberada e produziu
muitos grãos à imagem do primeiro, e veio a ser o primogênito
entre muitos filhos de Deus. Assim como o grão de trigo, para
dar fruto, deve cair na terra e morrer, cada crente, para ser
vencedor e produzir muito fruto, deve morrer o seu “eu”; sua
vida natural (a dura casca exterior) deve apodrecer e
desaparecer, a fim de que libere a vida do espírito e seja
manifestado Cristo através dele.
Cristo na cruz tratou uma só vez com o pecado para que o
pecado não reine mais em nós, mas o Espírito Santo trata dia
após dia com o eu por meio da cruz; entretanto, segue no
crente uma luta entre a carne e a vida espiritual. Os crentes
que na prática não vivem para Deus senão para si mesmos, são
considerados cristãos anormais (1 Coríntios 3:1-3); em troca os
cristãos espirituais, simplesmente são cristãos normais; já tem
experimentado uma renovação que vem de dentro para fora. A
renovação é experimentada na alma; é um processo mais ou
menos prolongado; depende da dureza da natureza da alma do

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 32


crente. Há plantas que não crescem devido a que lhes faz falta
a luz solar, ou umidade, ou nutrientes, ou tem parasitas; ou
não dão muito fruto porque não as podam e limpam; isto
contando com que hajam sido semeadas em boa terra.
A maturidade leva seu tempo. Por via de regra, um cristão
recém nascido não pode evitar ser carnal, como um bebê não
pode evitar ser bebê, mas o pior é que a maioria dos crentes
permanecem carnais, imaturos, crianças por toda a vida; eles
tem medo da cruz, recusam negarem a si mesmos, não querem
pagar o preço; carecem de uma disposição para o sofrimento;
muito pelo contrário, se encaminham pela amizade com o
mundo. Assim como uma pessoa natural tem dado o passo
para que por meio da cruz de Cristo se tenha regenerado e
tenha sido crucificada a sua carne, assim mesmo deve dar o
passo para que mediante o Espírito Santo tome sua própria
cruz, e passe de carnal a espiritual, de derrotado a vencedor.
Um crente carnal dificilmente pode guiar a outro a Cristo, ou
fazer algo que realmente agrade a Deus. O carnal pode estar
trabalhando na igreja; mas esse trabalho pode resultar sendo
obras mortas. As obras mortas não tem nenhum mérito diante
de Deus, por muito boas que pareçam aos olhos dos homens.
Indubitavelmente se queimarão quando o Senhor vier, e o pior
é que nos impedirão de entrar no reino se não nos
arrependermos a tempo.
O cristão carnal pode assimilar os ensinamentos, mas na
mente.

" Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas


da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do
Espírito.
6 Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do
Espírito, para a vida e paz.7 Por isso, o pendor da carne é
inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem
mesmo pode estar." (Ro.8:5-7).

Os cristãos de Corinto tinham muito conhecimento e


sabedoria, mas na mente. A "insensatez da cruz" é usada por
Deus em troca da busca de conhecimento. A Deus não se pode
conhecer por abundância de conhecimento e sabedoria

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 33


humana, senão por fé através da cruz. Os conhecimentos sem
a cruz só chegam à mente.

Pedro e a cruz

Consideremos o contexto de Mateus 16:13-28. Depois de haver


perguntado sobre a opinião dos homens acerca de Sua pessoa,
o Senhor se interessou em conhecer o que pensavam seus
próprios discípulos acerca de quem era Ele. Diz nos versículos
16-18:

" Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do


Deus vivo.17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és,
Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to
revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.18 Também eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela ".

Simão, que significa uma palha dócil ao vento, dominado por


seu voluntarioso caráter, quando veio ao Cristo, O Senhor
trocou seu nome, porque começou a transformá-lo, e em vez
de Simão lhe chamou Pedro, uma pedra (Jo 1:42), neste caso
uma pedra viva para a construção da casa de Deus (1 Pedro
2:5). Se não somos transformados em pedras, não podemos
ser edificados apropriadamente, e não podemos ser edificados
só nem em grupos independentes; nossa edificação é na
comunhão de todos os santos. A transformação tem suas
etapas, e em cada etapa encontramos lições para aprender.
Aqui vemos também que sem a revelação divina não se pode
conhecer ao Senhor Jesus; e como só o Pai conhece o Filho, só
se pode conhecer o Filho pela revelação do Pai. A Pedro foi
revelada, pelo Pai, a identidade do Filho; logo o Filho revela a
da Igreja, e lhe diz que a partir desse momento Pedro faz parte
da Igreja, é uma pedra viva para a edificação da casa de Deus,
devido à confissão que havia feito a respeito do Filho. De
maneira que Pedro já era um crente e membro da Igreja, na
economia de Deus. Apesar do anterior, era Pedro já um crente
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 34
maduro e vencedor? Vejamos.
De acordo com o seguinte contexto, Pedro estava longe de ser
um cristão maduro, sem ter em conta que depois ofereceu ao
Senhor defendê-lo com sua espada, de não abandoná-lo, mas
já vemos que o Evangelho nos diz que o deixou só e o negou.
Dizem os versos 21-23:

" 21 Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus


discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer
muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos
escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia.22 E Pedro,
chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem
compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.23
Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és
para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de
Deus, e sim das dos homens ".

Aqui vemos o crente Pedro sem entender para nada a cruz de


Cristo e menos sua própria cruz. A Igreja não pode ser
edificada sem crucificação e ressurreição, e um crente carnal
dificilmente pode estar disposto a tomar a cruz. Tenhamos por
claro que o homem natural e Satanás caminham e cavalgam
juntos, e que o crente vencido não se diferencia muito; e
quando não temos a mente de Cristo, não podemos cumprir o
propósito de Deus, senão que somos pedra de tropeço para o
Senhor. A raiz destas considerações se pode entender as
palavras do Senhor nos versículos 24 e 25:

" 24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir


após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.25
Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem
perder a vida por minha causa achá-la-á".
Esse negar a si mesmo, é negar a velha natureza herdada de
Adão. De maneira, pois, que há duas classes de crentes: os que
negam a si mesmos e tomam sua cruz, e os que não o fazem.
Pedro tinha que perder a vida de sua alma, e tomar a cruz;
Pedro estimava mais sua vida natural que os propósitos de
Deus; Pedro não podia entender, todavia o plano de Deus, e a
mente de Deus; era necessário que Pedro negasse a si mesmo

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 35


e tomasse sua cruz. Só se submete a Cristo um crente
vencedor.
Se a Igreja não se submete a Cristo, os demais seres não se
submeterão, e só a cruz faz com que o nosso eu vá minguando
e Cristo vai crescendo em nós, no mais íntimo de nosso ser.
Contemplamos a mulher samaritana de João 4; ela cria em
Deus, sabia da promessa de um Messias, e o esperava, mas
sua vida estava fundida em espessas trevas do pecado;
buscava a solidão e a obscuridade, e não se atrevia a deixar-se
ver a cara, pois a luz a incomodava; sua consciência não a
deixava tranqüila; sua conduta a fazia caminhar por veredas
torcidas; a carne a escravizava. Mas um dia o Senhor foi a
buscá-la, e a esperou que viesse buscar água no poço de Jacó.
Ao ter o encontro com Cristo, Ele lhe deu de beber da água
viva; foi algo penetrante que deu uma grande virada na vida
desta mulher, e já não teve mais sede, e deixando o cântaro,
correu a dar testemunho. Também nós, quando chegarmos a
ser vencedores, é quando não nos importará mais o cântaro; o
deixaremos de um lado do poço, e correremos a proclamar que
Jesus Cristo é o Senhor. Mas para isso é necessário que de
nosso interior corram rios de água viva. Temos dito que nós, os
crentes, já fomos crucificados com o Senhor, mas agora o
Senhor nos diz que devemos levar a cruz. Se nosso velho
homem já morreu na cruz, agora devemos negá-lo. Para que
fazer viver a um defunto que estorva a obra do Senhor? Já o
Senhor ressuscitado vive dentro de nós, e nós Nele.
De havermos negado a nós mesmos e de havermos levado a
cruz ou não, depende nossa situação quando o Senhor
regressar e tivermos que comparecer ante Seu tribunal. Os
versículos 26-27 dizem:

" Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e


perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua
alma?27 Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu
Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um
conforme as suas obras ".
A vida da alma é a vida natural, a vida do ego. A vida psíquica
deve ser tratada pela cruz, do contrário seguiremos como Pedro
em sua situação de Mateus 16 e outros textos. Na hora mais

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 36


amarga do Senhor, Pedro e todos os amigos íntimos do Senhor
o abandonaram; e não só eles; nós fazemos o mesmo hoje em
dia. Não queremos acompanhar o Senhor nesta hora crucial.

Um Jacó tratado por Deus

Em Jacó temos o exemplo de um crente astuto, não obstante


haver sido escolhido para a primogenitura desde antes de
nascer; quando todavia não havia feito nem bem nem mal.
Especificamente e por vontade de Deus foi escolhido, apesar de
que ia ser uma pessoa de caráter forte, enganadora, calculista
e egoísta. O Senhor não nos escolhe por sermos bons ou maus,
pois todos somos maus. O Senhor deu um destino prévio a
Jacó, mas para que Jacó pudesse chegar a ser um servo do
Senhor, um homem útil nas mãos de Deus, um verdadeiro
vencedor, um homem obediente à vontade de Deus, esse “eu”
perverso de Jacó devia morrer, devia passar pela cruz, até que
chegasse a negar-se a si mesmo. Diz Romanos 9:10-16:

" 10 E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de


um só, Isaque, nosso pai.11 E ainda não eram os gêmeos
nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o
propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por
obras, mas por aquele que chama),12 já fora dito a ela: O
mais velho será servo do mais moço.
13 Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.
14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De
modo nenhum!15 Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de
quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de
quem me aprouver ter compaixão.16 Assim, pois, não
depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a
sua misericórdia ".

A Escritura nos diz que antes que Jacó nascesse já havia sido
eleito por Deus para, em Sua misericórdia, dar-lhe a
primogenitura. Jacó jamais recebeu isto porque merecia; ao
contrário, seu próprio nome Jacó, significa Deus proteja, mas
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 37
também o suplantador, o que toma pelo calcanhar, ou seja, o
que trama uma armadilha. A vida de Jacó esteve saturada de
engano e de armadilhas; que muitas vezes vieram contra ele.
Apesar de que Deus se revelava e o protegia, Jacó era o tipo de
crente voluntarioso e carnal, que devia ser tratado por Deus a
fim de que pudesse ser útil nas mãos do Senhor, para cumprir
o propósito de Deus. Deus tem um propósito eterno, e quer
realizá-lo com a igreja, mas com os obedientes, com crentes
esforçados em quem possa confiar, que não amem a si
mesmos, com lutadores, com vencedores.
Jacó quis tomar vantagem no plano de Deus, e depois de haver
enganado a seu pai e a seu irmão, se viu na necessidade de
fugir. Em Betel Deus se revelou, em sua fuga; e inclusive aí
Jacó disse a Deus: Se me prosperares, te darei o dízimo de
tudo. Isso encerra algo de negócio. Quis ter vantagem sobre
Labão, de quem também foi enganado desde o começo, quando
pediu a Raquel para casar-se. Mas tarde houve uma luta entre
Jacó e Deus, mas Jacó persistiu diante de Deus até conseguir
que Deus o abençoasse, e saiu vencedor, pois a Palavra diz no
verso 28:
"Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como
príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste".

(Leia Gênesis 32:22-32). Em Peniel, Jacó viu o rosto de Deus e


foi livrada sua alma. O andar de Jacó mudou depois dessa
experiência. De homem anímico passou a ser espiritual; foi
desgarrado o tendão da coxa, e ao ser desgarrado seu próprio
andar, pode caminhar com Deus, para cumprir propósitos
eternos. Quando chegou a ser um vencedor, Deus lhe mudou o
nome. Já não se chamaria mais Jacó, o suplantador, senão
Israel, o que luta com Deus.
Morreu sua amada Raquel; logo foi enganado por seus próprios
filhos; desapareceu José, seu filho favorito; logo também teve
uma amarga experiência com Benjamim; tudo isso para quê?
Era necessário que o Jacó natural fosse tratado pelo Senhor; e
esse trato do Senhor ia transcorrendo em forma dolorosa. Uma
coisa é confiar nas destrezas do Jacó carnal, e outra é confiar
exclusivamente no Senhor. Indiscutivelmente é necessário que
sejamos iluminados, que possamos ver o caminho pelo que

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 38


caminhamos, e que estejamos confessando nossa dependência
do Senhor e de Seu Santo Espírito.

Para que crucificar a carne?


Muitos crentes são cheios do Espírito Santo quando crêem, e
vão experimentando um crescimento normal de sua vida
espiritual; vão caminhando com Deus e preocupando-se pelas
coisas de Deus. Mas desafortunadamente a maioria dos cristãos
não se ocupam muito do que interessa ao Senhor, senão de
seus próprios interesses egoístas e carnais (Gálatas 5:19); por
isso o Senhor quer que a carne seja crucificada subjetivamente.
Na realidade histórica a carne já foi crucificada no Gólgota; o
velho homem tem passado por esse processo; de maneira que
a criança carnal em Cristo deve ser totalmente liberada desse
domínio, para que cresça e possa andar segundo o espírito. Há
quem persista nas obras da carne (inimizade, divisões,
sectarismos, vícios, paixões e desejos), Deus diz que essa
carne foi crucificada; mas há crentes de almas cuja natureza é
muito forte, e tem um caráter muito difícil, nos quais o
processo é lento e doloroso. A respeito diz o irmão Watchman
Nee:
" A obra da cruz consiste em suprimir (anular); não nos
traz coisas, mas as tira. Em nós há muitos resíduos; há
muitas coisas que não são de Deus e não lhe rendem
nenhuma glória. Deus quer eliminar todas estas coisas
por meio da cruz para que assim cheguemos a ser ouro
puro. Há coisas que não provém de Deus; nos temos
convertido em uma liga. Por isso Deus tem que utilizar
tanto poder para mostrar-nos estas coisas que há em nós
que provem do ‘eu’, todas aquelas coisas que não lhe
proporcionam nenhuma glória. Cremos que se Deus nos
fala, descobriremos que tem que ser eliminadas muito
mais coisas que as que nos tem de ser acrescentadas.
Especialmente aqueles cristãos cuja alma é de natureza
forte, deveriam pensar nisto: que a obra de Deus neles
por meio do Espírito Santo, consiste em eliminar coisas
deles para reduzi-los". (Watchman Nee. "A Igreja
Gloriosa". CLIE. 1987. pág. 163).
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 39
A carne não pode dar fruto que glorifique a Deus. O cristão
deve limpar-se de seus pecados apropriadamente. Diz João
15:2:
"Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e
todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda".
Devemos ter clareza de que não se exige que crucifiquemos de
novo nossa carne, pois já foi crucificada na cruz de Cristo. A
crucificação da carne tem que ser experimentada, e que essa
morte na cruz tenha seu efeito em nós. Essa prática se dá em
colaboração com o Espírito Santo. Diz a Palavra de Deus em
Colossenses 3:5:

"Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição,


impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é
idolatria".

Esse, pois, enlaça o versículo com os anteriores, em que diz


que já temos morrido e ressuscitado com Cristo. São duas
realidades que vão unidas: Já fomos crucificados com Cristo, e
Fazer morrer o terreno em nós. Se crermos que temos sido
mortos em Cristo, podemos fazer morrer o terreno em nós. Isto
se logra porque o Espírito Santo aplica a morte da cruz a tudo o
que tem que morrer. Diz Romanos 8:13:

"Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte;


mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo,
certamente, vivereis".
Entretanto, devemos estar sempre vigilantes, pois a carne, não
fica inutilizada pela crucificação conjunta em Cristo, ela contudo
não fica suprimida; ela segue existindo e, em quanto tiver
oportunidade, se põe em ação.
A mensagem da cruz não está sendo pregada, pois, com
contadas exceções, está se pregando uma caricatura do
evangelho. Nós dizemos ver, mas em nossas faculdades
naturais não podemos ver; pelo contrário, essas faculdades
naturais nos impedem de ver a realidade. Se Deus nos ilumina
um pouco, então constatamos nossa cegueira. Afirmar que
vemos, como no caso da igreja do período de Laodicéia, é um
orgulho farisaico. Quanto mais nos gloriamos e envaidecemos

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 40


dizendo que vemos, mais cegos somos; e quando já vemos
manifestada em verdade nossa cegueira, então é quando
vamos começar a ver. Paulo só pode ver as coisas de Deus
quando ficou cego fisicamente. É necessário restaurar a
mensagem da cruz, e vivê-la. Quando não se vive a mensagem
da cruz, vivemos para nós mesmos, não para o Senhor. A cruz
é para por nela todos os dias, o que somos e o que temos, o
velho, o inútil.
Dizem os apologistas da prosperidade no cristão, que o Senhor
quer ver-nos envoltos em uma vida regalada e aprazível, sem
problemas, sem fome, sem preocupações, sem perseguições,
tudo bem; mas Mateus 10:34-39 diz o contrário:
" 34 Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer
paz, mas espada.35 Pois vim causar divisão entre o homem e
seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra.36
Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa.37
Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno
de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim
não é digno de mim;38 e quem não toma a sua cruz e vem
após mim não é digno de mim.39 Quem acha a sua vida
perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-
la-á".
O Senhor não traz paz a uma terra em que Satanás ainda é
seu príncipe; por isso os vencedores estão em guerra contra
Satanás, e este os ataca usando inclusive aos mesmos
familiares de sua própria casa.
O Senhor tem que ser amado acima de todas as coisas. Essa
espada que se menciona no versículo 34, é a vida cheia de
tribulações e dores do sofrido e verdadeiro vencedor, o que
caminha todo ferido pelo caminho estreito traçado por Cristo. O
versículo 35 explica o 34. De acordo ao verso 38, se trata de
uma cruz; e tu estás em liberdade para levá-la ou não. A cruz é
opcional, mas absolutamente necessária para o que quer
caminhar com Cristo. O fato de seguir ao Senhor e obedecer-
lhe te cria dificuldades, e tu podes voluntariamente escolher
sofrê-las ou não. Como a de Cristo, toda cruz dos filhos de
Deus é determinada e decidida pelo Pai, e nós escolhemos levá-
la ou não. Disso depende nossa participação no reino. Diz 1
Pedro 4:1,2:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 41


"Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do
mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o
pecado,2 para que, no tempo que vos resta na carne, já não
vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a
vontade de Deus".

Não é que Deus quer que vivamos sofrendo, mas se devemos


armar-nos com uma disposição ao padecimento, devido a que
estamos imersos em uma batalha espiritual que também tem
suas repercussões e manifestações em nossa vida natural.
Crente que recusa o sofrimento, não pode ser edificado. Deus
pode salvar nossa mente, de tal maneira que haja em nós a
disposição a sofrer como também Cristo padeceu. É natural que
nossa tendência seja a de fugir de todo sofrimento e a toda
hora pedir ao Senhor que, por favor, nos livre de todas as
dificuldades e amarguras, pois não suportamos as provas. Mas
esta não foi a atitude do Senhor em Getsêmani. Desde que
nasceu, o Senhor Jesus teve a disposição para sofrer. Ele sabia
que havia nascido para isso enquanto permaneceria no corpo
mortal. Por tanto, desde o dia em que nascemos no Espírito, e
somos filhos de Deus, deve ser nossa tarefa entregar-nos para
o sofrimento. Essa é a verdadeira posição de um vencedor. Se
escapares como um covarde do sofrimento, estás desarmado e
te vem a derrota. Irmão, enfrenta o sofrimento. Quando a
Palavra de Deus nos diz que não sejamos carnais, luxuriosos,
covardes, infiéis, ou o que seja que dependa da nossa velha
vida natural, é porque Ele nos pode salvar de qualquer dessas
demandas e pensamentos dos desejos carnais.
A Palavra de Deus diz que são bem-aventurados os que
padecem perseguição por causa da justiça, os que estão
dispostos a sofrer pela verdade, pela justiça, pela causa do
Senhor e de Seu evangelho da salvação; suas feridas e
cicatrizes são as chaves de entrada no reino dos céus. O
sofrimento do crente é mais meritório que o dos anjos quando
eles participam em lutas contra o inimigo. Por que é mais
meritório? Porque os anjos conhecem a glória do Senhor e o
que o céu representa; ao passo que o crente é estorvado por
sua própria carne, por Satanás e por um mundo atraente, e

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 42


apenas vê as coisas como por um espelho; apenas vislumbra
algo do que lhe espera, movido pela fé e a esperança, baseado
nas promessas do Senhor, na revelação das Escrituras e no
pouco conhecimento que agora tem de Deus e das coisas que
Ele nos tem preparado. Sofrer pelo Senhor é uma honra que
não é dado a todos os crentes.

2A: OS VENCEDORES E A CRUZ

Novidade de vida
Diz Romanos 6:4:
"Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória
do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida".

O contexto do capítulo 6 de Romanos nos fala do batismo em


sua dupla conotação de ser introduzidos dentro do Corpo de
Cristo pelo Espírito e o de ser identificados com Cristo mediante
o batismo nas águas. Em quê nos identificamos com Cristo?
Somos submersos em Cristo para que sejamos parte Dele,
depois de haver sido tomados de nossa antiga posição no
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 43
mundo de pecado e de trevas; agora somos um com Ele em
Sua morte e ressurreição. De Adão, de onde havíamos nascido,
somos trasladados pelo batismo a nossa nova posição em
Cristo; e ao ser batizados em Sua morte, essa morte nos
separa do mundo, nos liberta de toda a força de nossa velha
natureza com sua vida natural implícita, de nosso ego, de
nossa carne, do poder satânico das trevas; ou seja, tem
cortado esse cordão umbilical que nos unia a nossa velha
história e seus enredos, pois agora participamos com o Senhor
de Sua ressurreição. É nossa primeira ressurreição, a do
espírito, que se traduz em novidade de vida.
Os versículos 4 e 6 nos falam de que nosso velho homem foi
crucificado com Cristo, de maneira que participamos também
de Sua sepultura pelo batismo, e logo experimentamos uma
ressurreição, que é uma novidade de vida; passamos a ser
parte do novo homem, que é Cristo; historicamente chegamos
a ser novas pessoas, porque esta primeira ressurreição do
crente agora também é subjetiva, nosso espírito passou da
morte à vida. Mas logo vem um processo de ressurreição em
nossa alma, em nossa vida atual; até alcançar viver uma vida
de ressurreição, uma morte do velho homem herdado de Adão,
até que a sua vez nossa alma passe da morte à vida. Nesse
processo vamos experimentando como espécie de uma
transformação progressiva pelo Espírito, de tal maneira que
cada dia nos vamos conformando mais à imagem do Filho de
Deus. É uma verdadeira metamorfose.
Nossa primeira ressurreição é um ato histórico, e nossa
segunda ressurreição é um processo atual no qual não
podemos ficar estancados, pois se trata de desenvolver nossa
novidade de vida; buscar que essa novidade de vida reine em
nós e se expresse. Não só no batismo nos identificamos com
Cristo, senão que o batismo é só o começo dessa identificação.
À medida que crescemos em nosso processo atual de novidade
de vida, mais nos identificamos com o Senhor Jesus e nossa
ressurreição dará testemunho de quem somos, e o Senhor se
expressará através de nós. Diz o verso 5:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 44


"Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua
morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua
ressurreição".

O Senhor Jesus, como o grão de trigo, teve que morrer para


poder dar fruto; e nós, como o grão de trigo, estamos mortos
com Ele, e como estamos unidos com Ele organicamente, se
produz um crescimento. Vemos na agricultura que o broto que
foi enxertado em uma árvore, participa da vida, da seiva e das
características da árvore. Nós agora pelo batismo somos
plantados juntamente com o Senhor; somos enxertados Nele,
de maneira que participamos de tudo o que Ele tem
experimentado: Sua morte, Sua sepultura, Sua ressurreição.
Em Romanos 11:24 diz que fomos cortados da oliveira brava
(Adão) e enxertados na boa oliveira, na oliveira cultivada
(Cristo).
O batismo é uma semelhança na qual participamos de tudo o
que Cristo é e tem experimentado, mas tendo em conta que
toda essa experiência é um processo atual. Recorde-se que
tudo o de Deus, incluída Sua salvação, Sua vida em nós, Suas
promessas, tudo se recebe pela fé, e se lhe da autonomia.
Pois bem, na medida em que o Espírito Santo me revela o valor
que tem para Deus o sangue vertido por Cristo em meu
benefício, Sua morte substituta e Sua ressurreição, poderei eu
ter consciência da importância de levar minha cruz e viver a
ressurreição em novidade de vida. Ao nascer de Adão,
recebemos tudo o que é de Adão; ao nascer em Cristo,
recebemos e participamos de tudo o que é de Cristo; não
obstante, devemos ter em conta que em Adão nascemos sendo
pecadores, o que se chama o "velho homem", e que o sangue
de Cristo me lava de todos os meus pecados, mas se faz
necessária a cruz para que esse velho homem seja crucificado.

As coroas dos vencedores


Apocalipse 2:10b diz:

"Sê fiel até a morte, e darte-ei a coroa da vida".

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 45


O Senhor diz ao vencedor: Sê fiel ainda que tenhas de morrer.
Ser crente não é o mesmo que ser fiel. Há crentes nos quais
Deus pode confiar e outros em que não. A vontade de Deus é
que todo crente seja fiel; que Ele possa contar com todos nós.
Note que aqui o Senhor não fala de dar vida eterna, que é um
presente, mas sim a coroa da vida, a qual se logra, não como
um presente recebido pela fé, e sim adquirida por nossa
fidelidade. O Senhor havia dito aos vencedores da igreja em
Esmirna:
"Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está
para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à
prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e
dar-te-ei a coroa da vida".
Tiago 1:12 também menciona a coroa da vida para todos
aqueles que suportam as provas por meio da vida divina.
Não podemos confundir a vida eterna com a coroa da vida. A
vida eterna a recebemos de Deus de sua vontade, sem que seja
mediadora as obras de nossa parte, pois a vida de Deus em
nosso espírito a temos recebido por graça. Quem poderá
comprar a vida de Deus? Ele corrige o que houver de mal em
seus filhos para purificar-nos, aperfeiçoar-nos e santificar-nos,
mas não tira o que tem dado.

"porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis."(Ro.


11:29).

Em troca, para receber a coroa da vida devemos ser fiéis até a


morte; ou seja, em caso de sofrer perseguições, estar dispostos
a ser sacrificados por causa do Senhor, se for necessário. Então
a coroa denota um prêmio. É como uma ressurreição
sobressalente. Note que em Hebreus 11:35 fala de uma melhor
ressurreição para os mártires:

"Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos.


Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para
obterem superior ressurreição".

Lemos 1 Coríntios 9:25-27:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 46


"25 Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar
uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível.26 Assim
corro também eu, não sem meta; assim luto, não como
desferindo golpes no ar.27 Mas esmurro o meu corpo e o
reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não
venha eu mesmo a ser desqualificado".

Note que ainda temos lutas com nós mesmos.


Aqui fala de uma coroa incorruptível para aqueles que obtém
domínio sobre o velho homem e fazem morrer os hábitos do
corpo; se pode pregar as recompensas no reino, e alguém,
ainda que seja salvo por graça mediante a fé em Jesus Cristo,
se não está em alerta, pode ter a possibilidade de ser
desqualificado, de ser indigno de receber o prêmio no reino.
Esta coroa tem a conotação de que o vencedor é honrado
publicamente por um serviço distinguido.
Em 1 Tessalonicenses 2:19 diz:

"Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que


exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda?
Não sois vós?"

Paulo aqui fala de coroa com a conotação de que é para os


ganhadores de almas para o Senhor.
Diz 2 Timóteo 4:8:

"Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o


Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim,
mas também a todos quantos amam a sua vinda".

Aqui a Palavra de Deus fala de uma coroa de justiça; ou seja,


que provém da justiça do Senhor, mas através das obras do
crente, a todos os que amam a vinda do Senhor; isto também à
parte de sua salvação.
Também em 1 Pedro 5:4 a Palavra de Deus diz:
"Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a
imarcescível coroa da glória".

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 47


Deus promete uma coroa de glória para os anciãos (bispos)
fiéis, os que tem boa disposição para apascentar o rebanho de
Deus.

Segunda promessa
O Espírito Santo quer que a Igreja não se esqueça que o
Senhor Jesus foi crucificado por nós uma só vez, mas que
ressuscitou glorioso; que não tenhamos nenhum temor do que
eventualmente tenhamos que padecer por causa do Senhor e
de Seu testemunho, pois Ele é o poderoso Deus que tem o
controle de tudo o que ocorre no universo. É necessário vencer
a perseguição.
"Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do
tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser
revelada em nós" (Ro. 8:18).
Nosso Deus santo e poderoso quer que nossa fidelidade a Ele
seja aperfeiçoada até a morte. O mais importante para um filho
de Deus deve ser a fidelidade ao Senhor em todas as
circunstâncias; vencer todas as dificuldades pelo poder de Seu
Santo Espírito. Tudo o que nos acontece é para nosso bem; Ele
sabe tudo e ninguém pode arrebatar-nos de Suas mãos. Nós
mesmos somos os que nos afastamos Dele.
Temos que ser vencedores sobre a perseguição (Apocalipse
2:9-10), e a perseguição inclui o sofrimento, a tribulação, os
cárceres, a pobreza, as provas e as calúnias dos religiosos. Para
ser vencedores tem que se amar ao Senhor e dar-lhe o
primeiro lugar em todas as coisas, inclusive pô-lo por cima de
nossa comodidade, de nossos bens, de nossa fama, de nossos
amores, de nossa família, e até de nossa própria vida. Quando
damos ao Senhor a preeminência em tudo, freqüentemente
isso nos acarreta problemas e fricções em nossos próprios
lugares. Sobrevêm perseguições por parte de nossos parentes
e amigos, vêm calúnias e dedos acusadores por parte das
sinagogas de Satanás; às vezes o Senhor nos guia a que
devamos trabalhar e ter comunhão com irmãos muito
dominantes e intolerantes. Tudo isso nos vai aperfeiçoando e
nos vai convertendo em vencedores. Alguns pensam que em
nossa igreja local tudo é manifestação de amor, compreensão e
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 48
harmonia, mas na prática o Senhor utiliza todas essas fricções
e até enfrentamentos com os irmãos, para tratar conosco, para
descobrir nossos espíritos.

O vencedor não sofrerá dano da segunda morte


"Ao que vencer, não sofrerá o dano da segunda morte" (Ap.
2:11).
O Senhor aqui fala a todos os crentes, e particularmente aos de
Esmirna. O que eles têm que vencer neste caso? Satanás, o
máximo que pode nos causar, se o Senhor permitir, é fazer uso
da morte contra nós, e ele pode usar os poderes do Estado e
das instituições religiosas de toda índole, mesmo as
eclesiásticas de tipo cristão. Vemos em toda a história que há
muitas instituições e organizações que pretendem ter o
hereditário direito de ser a legítima Igreja ou povo do Senhor, e
delas os vencedores recebem perseguição e tribulação, ou pelo
menos o menosprezo, difamação mediante libelos, programas
de rádios e outros meios. Isso é a realidade da história da
Igreja em todos os tempos, mas o Senhor já havia advertido. A
vitória aqui se trata da fidelidade ao Senhor até a morte.
Satanás sabe que está derrotado, e Jesus Cristo já conquistou a
vitória, o Filho de Deus, mediante o derramamento de seu
precioso sangue na cruz; vertido até a morte, mas com o
resultado de uma poderosa ressurreição e gloriosa ascensão ao
Pai nos céus, enviando logo Seu Santo Espírito e dando vida à
Igreja, que é Seu Corpo, a qual faz efetiva a sentença contra
Satanás agora, e em especial aos vencedores. Irmão, se és
infiel terminas em derrota. Se fugires do sofrimento, foges de
todo compromisso que, inclusive, te pode levar até o martírio,
estás em derrota. Se amas mais a tua própria vida e não estás
disposto a oferecê-la pelo Senhor, sofrerás o dano da segunda
morte. Mas Façamos uma curta analise destes conceitos.
Para entender isto é fundamental que saibamos que há duas
categorias de crentes, os vencedores e os derrotados. Quando
a Escritura fala de vencedores, é porque há cristãos derrotados.
Os vencedores são os cristãos que, no marco da Palavra de
Deus, são crentes espirituais normais, e os derrotados são os
crentes carnais. Um cristão carnal é um crente anormal. Os
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 49
crentes de ambas as categorias são salvos pela eternidade,
alguns serão salvos assim como pelo fogo, ou seja, sendo
castigados. Assim como não é o mesmo a vida eterna que a
coroa da vida, tampouco se deve confundir a morte eterna ou
segunda morte, com o dano da segunda morte. Sofrer dano da
segunda morte se relaciona com o castigo temporário no reino
milenar. Lemos em 1 Coríntios 3:15:
" se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse
mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo".
Quando a Palavra de Deus diz que os vencedores não sofrerão
dano da segunda morte, significa que os derrotados sim a
sofrerão. Sofrer um castigo temporal na Geena, ou algum lugar
parecido, é sofrer dano da segunda morte. Não sofrerão a
segunda morte, mas se lhes causará dano, dor. Que não
sofrerá a segunda morte nos diz João 10:27-28, assim:
"27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e
elas me seguem.28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais
perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. ". "39 E a
vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de
todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no
último dia." (João. 6:39). "Dos que me deste não perdi
nenhum" (João. 18:9b).

Note que diz que não perecerão jamais; não diz que o que se
extraviar pelo pecado, se perde eternamente. O crente que
peca, será julgado por seu pecado e castigado, mas não perde
sua salvação. A salvação eterna não guarda nenhuma relação
com nossas obras ou comportamento (Efésios 2:8-9).
Ressurreição significa passar da morte para a vida. Como
veremos no capítulo sete, o crente deve passar por um
processo de ressurreição. O normal é que todo crente
experimente três ressurreições. Toda pessoa humana nasce
morta em pecado; quando crê, é regenerado, experimenta o
novo nascimento. Isto é a primeira ressurreição pessoal de que
já falamos. O espírito passa da morte à vida quando cremos;
mas vem logo uma segunda ressurreição: a alma vai
experimentando sua ressurreição na medida em que nos
ocupamos menos da carne e mais do espírito. Na prática esta é
uma ressurreição progressiva na vida do crente, na medida em

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 50


que caminha com Cristo. A terceira é a ressurreição gloriosa, à
última trombeta, quando vier o Senhor, que é a primeira das
duas grandes ressurreições coletivas. É quando será
ressuscitado o corpo. Também em Apocalipse 20:6 diz:
"Bem aventurado e santo o que tem parte na primeira
ressurreição; a segunda morte não tem autoridade sobre eles,
senão que serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão
com ele os mil anos".
A diferença baseia-se em que a segunda morte é condenação
eterna, e sofrer dano da segunda morte, é só uma disciplina
temporária, durante a dispensação do milênio.
Se alguém não é purificado em sua alma nesse tempo, o será
na era vindoura, durante o tempo do reino milenar, para que
na eternidade possamos estar com o Senhor, e sermos santos
como Ele é Santo. Há coisas no crente carnal que estão de
baixo da maldição em Adão, que devem ser tiradas, agora ou
quando o Senhor vier e julgar à Igreja.

Note que Paulo havia sido salvo eternamente quando ainda era
um perseguidor da Igreja, após a visão que teve de Jesus
cristo; e ele sabia isso. Mas foi chamado a um trabalho, não
para ser salvo, senão para fazer a obra de Deus e poder entrar
no reino. Ao analisar o capítulo 9 de 1 Coríntios, vemos que
Paulo se refere a seu trabalho em relação com o reino, e no
versículo 17 fala de que terá recompensa; no 18 fala de
galardão; no 24 fala de prêmio; no 25 fala de receber uma
coroa incorruptível. A manifestação do reino dos céus será para
os cristãos a manifestação de uma recompensa. Não obstante,
nos versículos 26 e 27 diz:
"26 Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não
como desferindo golpes no ar.27 Mas esmurro o meu corpo e o
reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não
venha eu mesmo a ser desqualificado".
Isto de ser eliminado ou reprovado, tem a conotação de ser
desqualificado, recusado ante o tribunal de Cristo, não digno de
receber o prêmio, ainda que houvesse sido salvo eternamente
por graça mediante a fé em Cristo.
Já temos dito que uma coisa é a vida eterna e outra é a coroa
da vida. A vida eterna se recebe como um presente de Deus e a

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 51


coroa da vida depende de nossas obras. A coroa da vida
somente a recebe quem for fiel até a morte, o vencedor. Assim
também encontramos o oposto à vida eterna, ou seja, A morte
eterna, a segunda morte, o que a sua vez é diferente ao dano
da segunda morte. Então, quando, em que tempo, se recebe a
coroa da vida? Quando o Senhor vier, quando nos reunirmos
com Ele nas nuvens e começar Seu tribunal para julgar à Igreja
e se dê início à idade do reino dos céus, o milênio, e isso se
traduz em que o vencedor há de reinar com Cristo no reino de
Deus. Simultaneamente, o derrotado, o crente que não é fiel
até a morte, ainda que não perca a sua salvação, entretanto,
não recebe a coroa da vida, senão que durante o milênio a tem
perdida e é submetido a sofrer o dano da segunda morte, que
pode ser uma espécie de "corretivo" nas trevas exteriores.
" 25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e
quem perder a vida por minha causa achá-la-á. " (Mt. 16:25).
O homem natural, morto espiritualmente, pela graça de Deus,
e mediante a fé no Senhor Jesus, recebe a vida eterna.
Posteriormente, quando voltar o Senhor, recebe a coroa da
vida, sempre e quando for vitorioso, fiel até o ponto de estar
disposto a dar sua vida pelo Senhor.

Cap. 2B: OS VENCEDORES E A CRUZ

A salvação em Hebreus
A carta aos Hebreus constitui uma das primeiras amostras de
defesa (apologética) da fé cristã e sua superioridade frente ao
judaísmo; e é por isso que ao largo de seu contexto contrapõe
a aparência e a sombra do provisório e terreno da lei mosaica,
frente à verdade celestial e eterna de Cristo e a Igreja. Esta
carta tem que ser analisada em seu verdadeiro contexto.
Leiamos Hebreus 5:11-14:

"11 A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de


explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir.12
Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 52


tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém
que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares
dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados
de leite e não de alimento sólido.13 Ora, todo aquele que se
alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é
criança.14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para
aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas
para discernir não somente o bem, mas também o mal".

Estes últimos quatro versículos do capítulo cinco de Hebreus


falam de crentes imaturos, crianças espirituais, aos quais não
se pode alimentar senão com leite, com os rudimentos da
doutrina da salvação e não com alimento sólido, porque são
crianças. Há crentes que passam toda a vida, digamos, no
primário, quando deveriam ser já mestres de outros, e não
avançam, não saem dessas primeiras etapas dos seis
rudimentos da graça que estão enumerados nos dois primeiros
versículos do capítulo 6, que são o fundamento da vida cristã, a
saber: (1) o arrependimento de obras mortas, (2) a fé em
Deus, (3) a doutrina de batismos (ablução, lavagem), (4) a
imposição de mãos, (5) a ressurreição, e (6) o juízo eterno.
Não podemos ficar nessa etapa da graça; devemos crescer na
palavra de justiça, no conhecimento e a vida do Senhor;
devemos colaborar com o Senhor na edificação da casa de
Deus; devemos trabalhar com o Senhor na preparação do reino
dos céus. O Senhor é o que trabalha em nós em nosso
crescimento espiritual, em nossa maturidade, mas não faz se
nós não cooperamos com Ele. Note que o capítulo 6 conecta
com um "por isso". Leiamos o contexto de Hebreus 6:1-8:

" Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina


de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não
lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas
e da fé em Deus,
2 o ensino de batismos e da imposição de mãos, da
ressurreição dos mortos e do juízo eterno.3 Isso faremos, se
Deus permitir.
4 É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram
iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 53


participantes do Espírito Santo,5 e provaram a boa palavra de
Deus e os poderes do mundo vindouro,6 e caíram, sim, é
impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto
que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de
Deus e expondo-o à ignomínia.7 Porque a terra que absorve a
chuva que freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para
aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte
de Deus;8 mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e
perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada ".

Aqui confirmamos que o autor fala a cristãos em processo de


maturidade, que devem estar deixando os rudimentos e que
devem avançar e adentrar-se nas coisas profundas da vida no
Espírito; isto encerra o participar com o Senhor em suas
realizações, e alimentar-nos Dele para um normal crescimento.
Vemos, pois, que aí o tema não é a salvação; do que trata aí é
de progredir na maturidade espiritual e não o retrocesso.
Se alguém que uma vez tenha sido iluminado e gozado do dom
celestial (Cristo), participante do Espírito Santo e dos poderes
do mundo vindouro (poderes do reino milenar, que são os dons
e poderes do Espírito Santo), se recair e voltar atrás, não tem
necessidade de voltar a por o fundamento, crendo outra vez no
Senhor Jesus, nem de arrepender-se de novo de obras mortas,
pois não pode ser outra vez renovado para arrependimento; já
tudo isso se fez uma vez e para sempre.
Quando cremos em Cristo, Deus nos perdoou, nos justificou,
nos deu vida eterna, nos deu sua paz, nos deu segurança de
nossa salvação. Então, o que acontece com essa pessoa? Pois
sensivelmente que, em vez de dar fruto ao ser alimentada e
cultivada por Deus, deu espinhos e abrolhos; então essa pessoa
é reprovada, eliminada do reino, pois os espinhos e abrolhos
que produziu devem ser queimados. Essa pessoa não perece
para sempre, mas sofrerá o dano da segunda morte. Alguém
pode alegar contradição usando o texto de Hebreus 10:26-29,
que diz:
" 26 Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois
de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não
resta sacrifício pelos pecados;27 pelo contrário, certa

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 54


expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir
os adversários.
28 Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três
testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés.29 De
quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno
aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o
sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o
Espírito da graça? ".

Aqui mostra o caminho de um apóstata judeu. Levemos em


conta todo o contexto da carta aos Hebreus que, como seu
nome indica, é dirigida aos cristãos que antigamente
professavam a religião judaica, com seus sacrifícios de animais,
tudo isso figura e sombra da verdade em Cristo; eles vinham
assistindo a suas reuniões nas sinagogas. Onde se reuniam
depois que se convertiam? Nas reuniões da igreja, pelas casas
com os irmãos. A carta aos Hebreus foi escrita precisamente
por causa dos judeus que haviam se convertido ao cristianismo,
os quais muitas vezes não tinham estabilidade; estavam cheios
de temores pela continua intimidação, ameaças e acusação a
que eram submetidos pelos líderes das sinagogas, e inclusive
pelos parentes e achegados; de maneira que alguns temiam
que os vissem nas reuniões da igreja, e muitos estavam ao
ponto de regressar ao judaísmo.
Ao analisar cuidadosamente toda a carta aos Hebreus, e em
particular os capítulos 9 e 10, vemos que o Senhor Jesus com
Seu sacrifício na cruz aboliu os sacrifícios do antigo pacto, e nos
abriu um caminho novo e vivo para entrar no Lugar Santíssimo,
que agora não se trata do templo de Jerusalém, figura do
verdadeiro, senão o Lugar Santíssimo dos céus, onde está o
Senhor sentado; porque Seu único sacrifício é válido para
sempre, em contraste com os sacerdotes, que estão de pé dia
após dia, oferecendo sacrifícios continuamente, que nunca
podem tirar os pecados. Quando o versículo 25 diz que "não
deixando de congregar-se, como alguns tem por costume",
significa que o irmão hebreu que chegasse a deixar de
congregar-se nas reuniões cristãs, equivalia voltar
voluntariamente às reuniões do judaísmo, ao antigo pacto, à
sinagoga; e isso é o que significa "pecar voluntariamente" do

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 55


versículo 26, desprezando assim a verdade do novo pacto e
voltando aos sacrifícios de touros e cordeiros machos que, na
economia de Deus, já não podem tirar os pecados.
Vemos, pois, que o contexto fala da verdade, que é todo o
revelado na carta; fala do novo pacto, em comparação com o
antigo, que era a sombra; fala do sangue do Senhor, em
comparação com o sangue dos animais; de maneira que se um
irmão hebreu voltasse ao judaísmo, já não restaria mais
sacrifício por seus pecados, pois os antigos sacrifícios já ficaram
sem valor; guardar certos dias e preceitos ficou sem valor;
preferir certos alimentos ficou sem valor; reunir-se na sinagoga
ficou sem valor; preferir certos edifícios chamados templos e
certos lugares específicos, ficou sem valor. O válido está em
Cristo, dentro da Igreja redimida, o Corpo de Cristo.
Levemos em conta que todos os sacrifícios do antigo pacto
foram substituídos pelo único sacrifício de Cristo; de modo que
o sacrifício pelos pecados cessou para sempre; já não há mais
sacrifício. Alguém que voltasse ao judaísmo, já não teria mais
sacrifício por seus pecados, e o que lhe esperaria seria um
terrível castigo dispensacional. No caso de que sua conversão
tenha sido autêntica, essa pessoa não perde a salvação,
porquanto segue fazendo parte da Igreja, conforme o versículo
30. O que um judeu, depois de haver crido em Jesus, voltasse
ao judaísmo e voltasse a confiar nos sacrifícios dos animais,
significava pisotear ao Filho de Deus, e haveria tido como
comum o sangue de Cristo. Consideramos que se alguém,
sendo crente, se volte a sua antiga religião e a seus ídolos, terá
algum forte castigo dispensacional.

A graça e o governo de Deus


Para compreender melhor todo o relacionado com a salvação e
o reino, é necessário saber que Deus tem estabelecido no
universo dois sistemas que são, o sistema da graça e o sistema
do governo de Deus.
Por exemplo, a criação do homem é um ato do governo de
Deus, e a vida do homem sobre esta terra, suas ações, suas
responsabilidades, suas inter-relações, suas próprias formas de
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 56
governo e constituições, requerem que se submeta ao governo
de Deus, que obedeça esses princípios e dê conta ante Deus de
seus atos, agora ou diante do trono judicial divino.
Satanás caiu porque se rebelou contra o governo de Deus; logo
caiu o homem e pecou deliberadamente, rebelando-se também
contra o governo de Deus. Então, e por essa causa, foi
adicionado o sistema da graça, para redimir e restaurar aos
homens insubordinados e rebeldes, pois de outra maneira
jamais poderiam submeter-se ao sistema de governo de Deus.
Ninguém que não tenha sido redimido o tem logrado por seus
méritos. Onde se encontram os redimidos e restaurados? Na
Igreja, de maneira que o sistema da graça se relaciona com a
Igreja, com a salvação, onde se espera que os filhos de Deus
em Cristo se submetam ao governo de Deus.
O governo de Deus atua desde a criação dos anjos; e quando
Lúcifer se rebelou contra esse governo, foi expulso do céu. O
governo de Deus atuou no jardim do Éden ao por o homem a
cargo do mesmo, revestido de toda a autoridade para ele, mas
expulsou dali quando caiu; porém atuou Sua graça ao
prometer-lhe um Salvador. O governo de Deus atuou muitas
vezes durante a peregrinação do povo hebreu pelo deserto; e
muitos caíram debaixo do justo juízo de Deus e pereceram no
deserto, e não entraram na terra prometida. O governo de
Deus se pôs de manifesto quando Davi pecou e representou
mal o governo de Deus, fazendo blasfemar os inimigos de
Deus. Por Sua graça, o Senhor perdoou a Davi de seu pecado.
Mas a disciplina lhe seguiu pelo resto de sua vida, primeiro com
a morte do filho, fruto de seu pecado com Bate-Seba, a mulher
de Urias, e logo lhe sobreveio que a espada (arma com a qual
Davi havia feito o mal, a morte de Urias) jamais se apartou da
casa de Davi (2 Samuel 12:7-14). A Bíblia está cheia de
exemplos.
Conforme o sistema da graça, o Senhor Jesus esteve nesta
terra para salvar aos homens, mas conforme a Palavra de
Deus, Ele também padeceu na cruz para estabelecer a
autoridade de Deus e o reino dos céus sobre a terra. É essa
mesma autoridade que recebeu Adão, mas que ele a entregou
ao maligno quando pecou. Essa autoridade é restaurada ao
homem em Cristo, o último Adão. "pregai que está próximo o

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 57


reino dos céus" (Mateus 10:7). Os homens no mundo não
conhecem o governo de Deus; isso só se conhece na Igreja,
entre os vencedores. Há muitos irmãos que ignoram isto.
O que acontece quando um crente não se submete ao governo
de Deus? Todo crente tem sido perdoado de seus pecados
passados pela graça. Mas a graça não tem posto de lado o
governo, e os filhos são os primeiros a dar o exemplo. Se tu,
sendo crente, tu que representas ao Senhor, pecas ou vives
levianamente, não se submetendo ao governo de Deus, fazes
que blasfemem os inimigos de Deus, estás buscando que te
aconteça como aconteceu a Davi. Se confessas teu pecado, Ele
é fiel e justo para perdoar-te, mas o perdão da graça que tens
recebido de Deus, não muda Seu perdão de governo, não o
afeta, e de acordo com a gravidade de teu pecado, pode ser
que sejas tratado disciplinarmente. Moisés pecou, representou
mal ao Senhor em Meribá, quando golpeou a rocha; Deus o
perdoou, ele é salvo; apareceu na transfiguração do Senhor,
mas não entrou na terra prometida, por causa do perdão do
governo.
Isto é sério, irmãos, de maneira que se um filho de Deus não
alcança o ser julgado e castigado pelo Senhor enquanto está
aqui na terra, seu pecado lhe alcançará diante do tribunal de
Cristo em Sua vinda, na ressurreição da Igreja, e ali terá a
disciplina do caso. É necessário que nos examinemos a nós
mesmos à luz e convicção do Espírito.
"31 Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos
julgados.32 Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo
Senhor, para não sermos condenados com o mundo" (1 Co.
11:31-32).

Quanto mais se entender e se viver o sermão do monte, quanto


mais humilde e pobre no espírito for o crente, mais podemos
compenetrar com o governo de Deus e mais nos sujeitarmos a
ele. O mundo não conhece isto, nem pode conhecê-lo; queira o
Senhor que o conheça e o viva a Igreja. Nossa salvação é pela
graça de Deus em Cristo, mas nossa conduta como crentes
deve estar sujeita ao governo de Deus.

A Segunda Morte
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 58
Além da coroa da vida, aos vencedores se lhes promete não
sofrer o dano da segunda morte. Em Apocalipse 2:10b diz:
"Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida".
Note que aqui o Senhor não fala de dar vida, senão a coroa da
vida, a qual se conquista, não como um presente recebido pela
fé, e sim adquirido por nossa fidelidade. Além da coroa da vida,
aos vencedores é prometido o não sofrer o dano da segunda
morte. Todos os homens, tanto crentes como ímpios, temos de
experimentar a primeira morte, que é a morte física, a
separação da alma do corpo. Diz em Hebreus 9:27:
" E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só
vez, vindo, depois disto, o juízo".
Também Cristo sofreu a primeira morte, para que todo o que
Nele crer não sofra a segunda morte nem o juízo dos ímpios no
grande trono branco, depois de finalizado o reino milenar.
Então, o que é a segunda morte? A segunda morte é a
separação da pessoa de todo contato com Deus e o resto da
criação, e lançado em um lago de fogo para perdição eterna. A
Palavra de Deus diz em Apocalipse 20:14,15:
" 14 Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do
lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.15 E, se
alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi
lançado para dentro do lago de fogo".
Quando ocorrerá isto? Depois do reino milenar, quando os
mortos ímpios forem ressuscitados, depois que forem julgados
no juízo do grande trono branco; uma vez terminada a
sentença, serão laçados no lago de fogo, a Geena, e ali sofrerão
tormento eterno no corpo, alma e espírito. Essa é a segunda
morte, para todos aqueles cujos nomes não se acharem
escritos no livro da vida do Cordeiro.
A Palavra de Deus nos diz que nenhum cristão sofrerá a
segunda morte, ainda que, como temos dito; os cristãos
derrotados, os que se unem ao mundo e amam ao mundo e as
coisas do mundo, entretanto, podem eventualmente sofrer
dano temporário da segunda morte durante o reino milenar,
nesse mesmo lugar onde estarão os incrédulos do mundo.
Como temos anotado, tem muitas partes na Bíblia que
declaram que os crentes não sofrerão a segunda morte. Então

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 59


estimamos que houvesse uma marcada diferença entre o que é
a segunda morte, que implica a condenação eterna, e sofrer
dano da segunda morte, que só é temporário. Por favor, leia o
contexto sobre o servo infiel em Lucas 12:41-48. Ali fala de
açoites aos servos, e de castigo temporário no mesmo lugar
onde estarão os infiéis. O Senhor jamais tem por servos aos
que não lhe pertencem. No capítulo quatro estaremos dando
detalhes das diferentes classes de disciplinas durante a idade
do reino.
Não se trata de algum lugar chamado "purgatório", pois a Bíblia
não ensina essa doutrina nem esse lugar. Quando os religiosos
inventaram a doutrina do purgatório se referiam à salvação
eterna e não ao reino. O castigo temporário a que se refere a
Escritura, se refere ao reino e não à vida eterna. Mas voltando
ao tema, temos que também os que não resolvem a tempo
seus problemas com os demais irmãos da igreja, podem ter
suas dificuldades diante do tribunal de Cristo. Trata-se de
problemas na Igreja, de problemas entre os irmãos,
sectarismos, dissensões, pleitos, ódios, zelos religiosos e
demais obras da carne. Com a atual situação da Igreja, é fácil
arrumar esses problemas com o simples fato de se mudar
alguém da comunhão com os irmãos e ir reunir em outra
congregação denominacional, e fazer-se membro onde ainda
não tenha tido esses problemas; mas, já estão resolvidas essas
coisas diante do Senhor? O Senhor diz aos crentes:
" 21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem
matar estará sujeito a julgamento.22 Eu, porém, vos digo que
todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará
sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão
estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar:
Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo .23 Se, pois, ao
trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão
tem alguma coisa contra ti,24 deixa perante o altar a tua
oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então,
voltando, faze a tua oferta.25 Entra em acordo sem demora
com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para
que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de
justiça, e sejas recolhido à prisão.26 Em verdade te digo que
não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo "

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 60


(Mateus 5:21-26).
No contexto anterior, para o Senhor não há irmãos fora da
Igreja. Qual é o lugar desse castigo temporário? Ali diz que é o
inferno de fogo, e logo o repete no verso 30. Onde diz que é
temporário? No contexto dos versículos 25 e 26.
Somos salvos pela graça, não por cumprimento da velha
dispensação, mas para entrar no reino devemos cumprir a lei
do reino, a que complementa a antiga. A justiça dos legítimos
cristãos deve ser superior à dos meros religiosos professos, que
são os modernos escribas e fariseus.
Algumas pessoas estarão tentadas a tomar estes ensinamentos
confundindo-os como se tratasse da apologia da doutrina
romana do purgatório. Nós aqui não estamos ensinando nada
que se relacione com um lugar chamado purgatório, porque
levamos em conta que o ensinamento sobre a existência do
purgatório é trazida pelo catolicismo romano das profundezas
satânicas babilônicas, e não da Bíblia. O catolicismo romano
historicamente desvirtuou a salvação gratuita de Deus em
Cristo e difundiu a espécie de que as pessoas (inclusive os
ímpios) deviam pagar (comprar indulgências, missas,
responsos e votos) para que pudessem sair do purgatório e ter
salvação eterna. Por esse enganoso meio, os hierarcas desse
sistema religioso seguem obtendo abundantes ganâncias. Isso
todo mundo sabe. Mas as Escrituras falam de que todo crente
em Cristo foi predestinado desde antes da fundação do mundo
para ser salvo pela graça, sem obras, gratuitamente, somente
pela fé na obra redentora de Cristo na Cruz. É um presente de
Deus, imerecido. Mas quando Cristo vier, depois da
ressurreição, todo crente comparecerá ante o tribunal de Cristo
para que sejam julgadas suas obras, já em sua qualidade de
crente e filho de Deus, sejam boas ou sejam más.
Todo pai de família faz que no lar se respeitem certas normas
de vida, moral e de disciplina; quanto mais o Senhor. E quanto
essas normas são infringidas, o pai de família toma medidas.
Se os filhos fazem o bem, costuma haver presentes e
motivações, mas quando fazem o mal, costuma haver
dolorosas disciplinas. Isso diz a Bíblia, por exemplo, em
Hebreus 12:3-11:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 61


"3 Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou
tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que
não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.4 Ora, na vossa
luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue
5 e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre
convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do
Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado;6 porque
o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem
recebe.7 É para disciplina que perseverais (Deus vos trata
como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?8 Mas, se
estais sem correção, de que todos se têm tornado
participantes, logo, sois bastardos e não filhos.9 Além disso,
tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e
os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior
submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?10 Pois eles
nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia;
Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de
sermos participantes da sua santidade.11 Toda disciplina, com
efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de
tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que
têm sido por ela exercitados, fruto de justiça ".

Cap. 3. OS VENCEDORES E O MUNDO

As minorias de Deus
Há organizações religiosas que se ufanam do grande número de
membros que enchem seus templos e livros de registros, e
neles às vezes baseiam o triunfo de determinada gestão
ministerial. Observamos na Palavra de Deus que o Senhor se
deleita com poucas pessoas, quando essas poucas pessoas lhe
amam e lhe são fiéis e obedientes. O Senhor Jesus sempre
considerou seus seguidores como uma minoria; se as multidões
se contaminam com o mundo, então Ele quer uma minoria
santa, seleta pelo Pai, leal, apartada de um mundo dominado
pelo pecado, a avareza, a cobiça, o engano e as aparências. A

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 62


esse seu pequeno grupo de eleitos, diz o Senhor em Lucas
12:30-32:
"30 Porque os gentios de todo o mundo é que procuram estas
coisas; mas vosso Pai sabe que necessitais delas.31 Buscai,
antes de tudo, o seu reino, e estas coisas vos serão
acrescentadas.32 Não temais, ó pequenino rebanho; porque
vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino ".
Nas Escrituras Santas com freqüência se registram ocasiões em
que o Senhor se decide pelas minorias. Por exemplo, antes do
dilúvio havia muita gente. A cultura antediluviana havia
desenvolvido o suficiente como para que se fale de cidades
habitadas por milhares de pessoas; mas a maldade havia se
multiplicado de tal maneira, que Deus decidiu varrer de sobre a
face da terra os homens que havia criado, porque a terra toda
estava corrompida. Dentre tanta gente só um homem, Noé,
achou graça ante os olhos de Yahveh*(1), e diz a Palavra de
Deus em 1 Pedro 3:20: "... os quais, noutro tempo, foram
desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos
dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a
saber, oito pessoas, foram salvos, através da água ".
Também vemos outro caso no livro de Números, com ocasião
do envio dos espias, durante a peregrinação do povo hebreu
pelo deserto. Havia necessidade, e por mandato de Yahveh,
que se enviasse desde o deserto a uns espias a que
explorassem a terra de Canaã; e da grande multidão que
compunham os filhos de Israel depois que saíram do Egito e ia
pelo deserto caminho à terra prometida, Deus não permitiu que
Moisés enviasse a muitos, senão a um grupinho de
selecionados por nomes.Diz em Números 13:2 que Deus disse
a Moisés: " Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu
hei de dar aos filhos de Israel; de cada tribo de seus pais
enviareis um homem, sendo cada qual príncipe entre eles ".
Outro exemplo clássico encontramos no caso de Gideão. Nos
tempos dos juízes; quando Deus entregou o povo de Israel nas
mãos dos medianitas, os israelitas clamaram a Deus, e o
Senhor escolheu para que os salvasse; um simples jovem da
tribo de Manassés chamado Gideão, do qual sabemos como
pediu ao Senhor que lhe confirmasse seu chamado mediante
um novelo de lã posto à intempérie, a fim de que o Senhor

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 63


fizesse chover sobre o mesmo ou não; embora que a seu
derredor ocorria o contrário. Foi tanta a confirmação e o
respaldo que recebeu do Senhor, que a seu chamado acudiram
mais de trinta mil israelitas; Mas ao Senhor não interessa muito
essas grandes multidões, não seja que por serem muitos, por
estarem bem armados, por terem uma boa conta bancária e
magníficas relações com o governo e com a sociedade, por
ostentarem graus universitários, se louvem a si mesmos e não
dêem glória a Deus, pois Ele diz: " Não por força nem por
poder, mas pelo meu Espírito " (Zacarias 4:6); e então
determina fazer uma seleção de uns poucos, como podemos ler
em Juízes 7:2-7:
" Disse o SENHOR a Gideão: É demais o povo que está contigo,
para eu entregar os midianitas nas suas mãos; Israel poderia
se gloriar contra mim, dizendo: A minha própria mão me
livrou.3 Apregoa, pois, aos ouvidos do povo, dizendo: Quem
for tímido e medroso, volte e retire-se da região montanhosa
de Gileade. Então, voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil
ficaram.4 Disse mais o SENHOR a Gideão: Ainda há povo
demais; faze-os descer às águas, e ali tos provarei; aquele de
quem eu te disser: este irá contigo, esse contigo irá; porém
todo aquele de quem eu te disser: este não irá contigo, esse
não irá.
5 Fez Gideão descer os homens às águas. Então, o SENHOR
lhe disse: Todo que lamber a água com a língua, como faz o
cão, esse porás à parte, como também a todo aquele que se
abaixar de joelhos a beber.
6 Foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca,
trezentos homens; e todo o restante do povo se abaixou de
joelhos a beber a água.7 Então, disse o SENHOR a Gideão:
Com estes trezentos homens que lamberam a água eu vos
livrarei, e entregarei os midianitas nas tuas mãos; pelo que a
outra gente toda que se retire, cada um para o seu lugar ".

Com os 300 homens que ficaram com Gideão bastava; a glória


seria do Senhor. A Gideão e a seus 300 o Senhor deu três
coisas a cada uno: Um cântaro de barro, esse é nosso eu,
somos vasos de barro; mas dentro de esse cântaro de barro
nos deu uma tocha acesa; esse é o fogo do Espírito Santo

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 64


dentro de nós; e uma trombeta para dar som de batalha, de
juízo e de vitória. Ao romper o cântaro, ao negar-nos a nós
mesmos, o que se aproveita é a luz do Senhor, de Seu Espírito,
e ao som da trombeta, temos a vitória sobre os inimigos do
Senhor, do reino e de nossa salvação. Deus escolheu em
Gideão a alguém que confessou ser o mais insignificante da
família mais humilde de toda a tribo. Era um vencedor de
arrancada. A Palavra do Senhor diz que o espírito é o que dá
vida e que a carne para nada aproveita. Além disso, diz que as
palavras que nos fala o Senhor são espírito e vida. Em muitas
ocasiões são palavras que nos parecem muito fortes, e não
queremos comprometer-nos. Como na ocasião em que o
Senhor declarava que Ele era o pão de vida, e que o que não
comesse Sua carne e bebesse Seu sangue, não poderia
permanecer Nele; diz que muitos o abandonaram; não
entenderam. Logo diz em João 6:66-67: "À vista disso, muitos
dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com
ele.67 Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis
também vós outros retirar-vos? "

O mundo se opõe ao Pai


Se a Igreja tem se comprometido com o mundo e tem falhado
na história, Deus determina fazer o trabalho com um grupo de
valentes vencedores que lhes ama, lhe obedece, que negam a
si mesmos e levam sua cruz a cada dia. Em todos os tempos
tem havido vencedores; pouquinhos, mas tem havido. Diz 1
João 2:15-17:
" Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se
alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;16 porque
tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do
Pai, mas procede do mundo.17 Ora, o mundo passa, bem
como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade
de Deus permanece eternamente ".
Aqui a palavra mundo denota o sistema, contrário e oposto aos
princípios de Deus, estabelecido por Satanás; e esse sistema
tem envolvido aos homens em todos os aspectos da vida
humana como são a política, o poder, a economia, a religião, a
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 65
cultura, a educação, o entretenimento e suas relações sociais.
Satanás tem valido para ele tanto da natureza caída do homem
como do poder latente de sua alma humana, criando um
mundo supremamente sedutor, atraente e falso, que enlaça por
meio das concupiscências e vaidades enganosas. Como o diabo
é o criador, dono e manipulador desse sistema, tudo o que se
enreda aí, está abaixo do sistema do maligno.
A Igreja também se tem visto enredada nesse emaranhado;
mas sempre tem havido vencedores que não amam o mundo e
tem vencido o maligno. O vencedor sabe perfeitamente que
não é deste mundo. Diz em João 15:18-19: " Se o mundo vos
odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a
mim.19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era
seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele
vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia ".
O que ama ao mundo, não ama ao Pai; mas o vencedor ama
ao Pai e luta com Cristo contra Satanás.
"Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras
do diabo." (1 Jo. 3:8). Cristo trabalha com os vencedores para
desfazer as obras de Satanás.

O mundo gira através de três princípios que tem impulsionado


a obra de Satanás: Os desejos da carne, que é o intenso desejo
do corpo, a concupiscência dos olhos, que tem a ver com os
desejos da alma pelas coisas que entram pelos olhos, e a
soberba da vida, a qual se relaciona com a jactância e a
prepotência que envolve o amor às coisas materiais e as
posições e a glória dos homens. Tudo isso se desvanece; mas
Satanás, todavia tem esse sistema mundial sob seu comando e
o manipula; e os homens que não tem a vida de Deus, que
estão mortos em seus delitos e pecados, seguem essa corrente
satânica. Esses três princípios envolvem toda a atividade
humana deste século, chama-se economia, política, educação,
o governo, a cultura, o entretenimento em seus diferentes
aspectos, a religião, em fim, tudo. Diz em 1 Juan 5:19:
"Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no
Maligno ". E também em Efésios 2:1-3 diz:
"Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados,2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 66


mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que
agora atua nos filhos da desobediência;3 entre os quais
também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais ".
A Igreja não está sob o maligno, mas sim sob o governo e a
vida de Deus; entretanto, a Igreja, ou melhor o cristianismo
professo, historicamente se uniu em matrimonio com o sistema
mundial e tem sido infiel ao Senhor. Por que tem sido infiel?
Porque o Senhor é nosso esposo, e uma esposa é infiel quando
ama a alguém fora de seu legítimo esposo.
Diz o Senhor em Tiago 4:4:
"Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga
de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo
constitui-se inimigo de Deus ". Qual é, então, a posição de
vencedor frente ao mundo? Já que a Igreja tem falhado, os
vencedores tomam a posição de toda a Igreja, e vencem ao
mundo; o vencem com a fé no Filho de Deus. Diz em 1 João
5:4-5:
"porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é
a vitória que vence o mundo: a nossa fé.5 Quem é o que vence
o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?" Já
todo filho de Deus tem a vida divina em seu espírito; essa vida
de Deus recebida na regeneração, deve desenvolver-se em nós
continuamente, o qual nos dá poder para vencer o mundo
manipulado pelo diabo.

O amor à alma
Depois de declarar que para dar fruto tem que morrer, como o
grão de trigo, diz em João 12:25: "Quem ama a sua vida
perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo
preservá-la-á para a vida eterna". Nós devemos perder a vida
da alma, a casca que oprime o espírito, a fim de andar em
comunhão espiritual com o Senhor e dar fruto, e assim
desfrutar, na ressurreição, do reino com o Senhor.
Mais de cem vezes encontramos no Novo Testamento,
afirmações no sentido de crer para ser salvo, para ser
justificado, para ter vida eterna; tudo isso se refere à salvação
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 67
do espírito; entretanto, quando se refere à salvação da alma, a
Bíblia fala de sofrer com paciência, de trabalhar, de perder a
alma para ganhá-la. Pode ser que tu não estejas pecando no
sentido de estar praticando atos implicitamente maus; mas
deixas de obedecer ao Senhor por estar envolvido em
comprazer-te nos desejos e paixões de tua alma, ou
comprazer-te com as relações de tuas amizades e parentes;
podes estar amando tudo isso mais que ao Senhor. Tem que
decidir entre obedecer a Deus ou obedecer e deleitar nossa
alma. Nós não queremos que nossa alma sofra, e às vezes isso
nos interessa mais que obedecer ao Senhor.
Em que se deleita a alma? No que se deleita o mundo: Ter
muitos amigos e compartilhar com eles, ter dinheiro e amá-lo
mais que a Deus, desfrutar de luxos, deleitar-se com a boa
comida, luzir os bons vestidos à moda, tudo o relacionado com
os exageros na beleza física, as recreações, as coisas
supérfluas, os elogios dos homens, a fama, a glória terrena, as
vaidades. Tudo isso agrada a alma. O cristão deve escolher
entre o mundo e o reino milenar. O cristão já tem vida eterna;
seu espírito já está salvo, e é certo que estará com o Senhor na
Nova Jerusalém; mas se não tem perdido sua alma nesta era,
irá perder quando o Senhor estabelecer Seu reino. Que
lamentável seria que diante do Senhor tivéssemos que
reconhecer uma triste realidade e admitir: Se, conhecíamos ao
Senhor, tínhamos consciência que éramos do Senhor, mas não
vivíamos para Ele senão para nós mesmos, e todo o tempo que
vivemos na terra o desperdiçamos, estávamos obscurecidos,
com nossa visão posta em um mundo atraente.
O mundo se relaciona também com as riquezas, o amor que se
tenha e o lugar que ocupem em nosso coração. De acordo com
a prioridade que ocupem as coisas em tua vida, assim é teu
andar com Deus, assim é o grau de comunhão que tenhas com
o Senhor, e assim é a motivação de tua oração. Diz a Palavra
que da abundancia do coração fala a boca, e isso mesmo pode
se aplicar para nossa oração diária. Qual é tua motivação na
oração? Priorizas teus próprios interesses ou concedes ao
Senhor o primeiro lugar? Qual é a ordem de prioridades em
Mateus 6:33? Um crente vencedor é um intercessor diante do
Pai pelos interesses do Senhor.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 68


Lemos em Hebreus 11:24-26: " Pela fé, Moisés, quando já
homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,25
preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir
prazeres transitórios do pecado;26 porquanto considerou o
opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do
Egito, porque contemplava o galardão".
O crente vencedor também escolhe ser maltratado por causa
do Senhor e sofrer o vitupério de Cristo fora do acampamento.
O que significa fora do acampamento? Lemos em Hebreus
13:12-13: " Por isso, foi que também Jesus, para santificar o
povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta.13
Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério ".
De conformidade com o contexto, o Senhor Jesus foi sacrificado
fora da porta, fora do acampamento, e nos guiou ao caminho
estreito da cruz e do sacrifício, e assim poder ter comunhão
com Ele mais além do véu, mais além da mera aparência
religiosa, no Lugar Santíssimo de nosso espírito, onde está Ele
morando por Seu Espírito.
Nos guia fora da cidade terrena e a organização humana, em
especial nos afasta dessa labiríntica organização religiosa;
envolvidos no sistema religioso dificilmente podemos levar a
cruz; saímos do acampamento para seguir a Jesus em Seus
sofrimentos, em sincera humildade, levando o vitupério de
Jesus; é o caminho da cruz. Aí está o Gólgota. Fora do
acampamento desfrutamos a presença do Senhor e escutamos
que nos fala e nos guia, nos fortalece. Saímos do desfrute dos
gozos do mundo e de nossa própria alma, a desfrutar a Ele em
nosso Espírito.

Terceira promessa
"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao
vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei
uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome
novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe."
(Ap. 2:17).
Em Pérgamo a Igreja do Senhor se casa com o mundo, esse
mundo que segue a Satanás, onde ele mora e governa. Mas
necessitamos vencer esse mundanismo. Os habitantes do
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 69
mundo seguem uma corrente contrária a Deus; é a corrente de
Satanás, o príncipe deste mundo. O Senhor nos tem chamado a
sair dessa corrente e que nos apartemos do mundo de pecado.
Mas houve um momento da história em que a Igreja foi infiel
ao Senhor unindo-se profundamente com o mundo, em troca
de aprovação oficial, de palácios e templos, prebendas e
jurisdições episcopais. Isso degenerou tanto que chegou o
momento em que era difícil diferenciar a igreja do Estado; a
igreja havia afiançado sua morada na terra.
A partir de Constantino o Grande, a Igreja foi descendo dos
lugares celestiais em Cristo, e foi se acomodando em uma nova
morada, na terra, um lugar estranho para ela, onde satanás
tem seu trono. Dali havia sido tirada pelo Senhor. A Igreja
sofreu uma queda espiritual. Em meio dessa situação, o Senhor
opta por dirigir-se aos crentes vencedores. Em todas as épocas
tem havido vencedores na Igreja do Senhor. Chama-lhes a que
se abstenham de comer as coisas sacrificadas aos ídolos.
Depois de tantos séculos, as massas continuam sendo
enganadas pelos que ainda seguem retendo a doutrina de
Balaão. Balaão significa destruidor ou corruptor do povo. A
Palavra de Deus diz que retém essa doutrina de idolatria e
fornicação como um tumor maligno. E o pior é que não tratam
de extraí-lo, nem há disciplina corretiva. Balaão é um indutor
ao mal por antonomásia.
De que serve ter a verdade e não andar nela? Os cristãos
caíram na armadilha de tropeço. De pronto diriam: "Entremos
no ambiente pagão para atrair aos homens, a nossos amigos.
Não vamos participar de sua idolatria. Conheçamos as
doutrinas e os métodos do inimigo para vencê-lo. Que triunfo
que as altas esferas do governo e da religião nos reconheçam e
nos respeitem!". Mas a amizade com o mundo, como sempre,
deu maus resultados. El mundo não deixa que se fale do
evangelho para ele, e em contrapartida foi arrastando à Igreja
às práticas mundanas. Temos que pregar o evangelho, mas não
temos que nos contaminar com o pecado. Há cristãos que se
unem ao mundo, que amam o mundo e as coisas do mundo, e
tudo isso o convertem em sua modus vivendi.

O maná escondido
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 70
O vencedor não se interessa pelo mundo, somente pelo
Senhor; ele se interessa em obedecer, levar a cruz e negar a si
mesmo. Isso traz sofrimento? "através de muitas tribulações,
nos importa entrar no reino de Deus." (At. 14:22b). O vencedor
não é intimidado pela perseguição, nem lhe atrai a adulação
dos opulentos e poderosos deste mundo, nem se inclina e se
deixa seduzir ante o constante convite a participar dos deleites
deste mundo.
Ao vencedor, ao que não se contamina com as doutrinas
contemporizadoras de Balaão e com o sacrificado aos ídolos, o
Senhor lhe dará comer do maná escondido na arca do pacto;
escondido em Cristo, quem está no Lugar Santíssimo celestial.
É um maná escondido do mundo e dos crentes derrotados. Esse
maná do céu é Cristo. Diz em João 6:49-51: " Vossos pais
comeram o maná no deserto e morreram.50 Este é o pão que
desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça.51
Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer,
viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo
é a minha carne".
Há crentes derrotados que se deleitam com as coisas do
mundo, e lhes atrai de tal maneira que não podem viver sem
elas. Estando nessa condição, pensam que é a maneira normal
da vida do crente. Em troca, no vencedor há outro deleite; um
deleite imperecível. Para eles as ofertas mundanas não os
convencem, porque há um motivo de gozo inefável, muito
superior a todos os deleites mundanos juntos. Os vencedores
com freqüência buscam acercar-se confiadamente ao trono da
graça. Ali há íntima comunhão com o Pai, pelo Filho e mediante
o Espírito Santo.
O maná é um alimento do céu, escondido do mundo; o mundo
não pode conhecer esse alimento. Assim mesmo os crentes
derrotados o desconhecem. É um aspecto mais profundo de
Cristo. Na medida que o testemunho de Cristo progride em
mim, conheço melhor ao Senhor a cada dia; se me revela algo
novo Dele. Cada dia tenho novas surpresas para minha vida
com o Senhor. No deserto, muitos israelitas queriam comer
carne em vez de maná, e muitos sentiam saudades do Egito.
Mas devemos prosseguir a marcha em vitória, e se comemos

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 71


do maná escondido, somos transformados em pedras brancas
(diamantes). É maravilhoso que sendo feitos inicialmente de
barro, ao conhecer ao Senhor Jesus pela revelação do Pai, e
haver crido em Seu nome, Deus nos converte em pedras vivas
de Seu templo santo; mas quando somos vencedores, essas
mesmas pedras são convertidas em diamantes.

Cap. 4. OS VENCEDORES E AS OBRAS

Um evangelho de obras?
No primeiro capítulo temos visto que a salvação não é pelas
obras, e sim um presente eterno de Deus para os que Ele antes
conheceu. Diz em Romanos 8:29-30.
"Porquanto aos que de antemão conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos 30 E
aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que
chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a
esses também glorificou ".
O verbo grego “preoegno”, conhecer de antemão, não é um
simples conhecimento prévio dos que seriam salvos, pois o
Senhor enquanto Deus, conhece previamente todas as coisas, e
conhecia a todas as pessoas que nasceriam na humanidade em
todos os tempos, salvos ou perdidos. Temos que levar em
conta que todos estes verbos, para nós os humanos, estão no
tempo passado; que se trata de algo que Deus já fez no
passado, antes da fundação do mundo, quando os humanos
não haviam feito nem bem nem mal. Deus é o Deus da
eternidade; Ele vive em um eterno presente; o tempo existe
para nós os humanos, não em Deus. Então este conhecer
previamente tem uma conotação mais profunda que o simples
conhecimento das coisas; é um conhecer intimamente com
amor; é amar a seus prediletos, a seus escolhidos.
Note que na mesma forma encontramos o verbo conhecer em
Gênesis 4:1, quando diz:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 72


" Coabitou( conheceu) o homem com Eva, sua mulher. Esta
concebeu e deu à luz a Caim ". O mesmo acontece em Mateus
1:24-25: "Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o
anjo do Senhor e recebeu sua mulher.25 Contudo, não a
conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o
nome de Jesus. ".
Tanto no caso de Adão como no de José, fazia já algum tempo
que eles conheciam as suas respectivas esposas, mas ali não
fala desse conhecimento e sim de uma relação de amor, de
uma intimidade mais além do simples conhecimento pessoal;
se trata de um conhecimento profundo e pessoal. Assim nos
conheceu Deus desde antes da fundação do mundo.
De maneira que aos que antes conheceu dessa maneira
predileta, os predestinou para chamá-los e justificá-los. Esse
chamamento de Deus encerra uma preparação de todos os
chamados, para que o Filho unigênito de Deus se converta em
primogênito de muitos irmãos, que conformam agora a família
de Deus, porque agora têm a vida e a natureza de Deus, e
formam agora o Corpo de Cristo. O Senhor era o Filho
unigênito, mas ao encarnar, morrer e ressuscitar, se converteu
também no primogênito, dando-nos a vida eterna.
Sem que mencionemos o catolicismo romano, que é a religião
da salvação pelas obras por antonomásia; tem se estendido no
protestantismo uma espécie de evangelho de obras, consistente
em ter que fazer coisas para que se vá prorrogando em nós a
salvação sem considerar que, pela excelente obra de Seu Filho,
Deus já nos tem dado. Temos sido salvos pela cruz de Cristo.
Proliferam por ai as organizações com listas de mandamentos e
proibições, para que os irmãos as cumpram, e com o qual,
talvez sem que tenha sido proposto a eles, tem substituído a
autêntica transformação subjetiva e vida no Espírito. O que diz
a Palavra de Deus?
"sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras
da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos
crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé
em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei,
ninguém será justificado." (Gl. 2:16).
Há outras citações bíblicas que falam por si só: " e, por meio
dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 73


vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés. " (Atos
13:39).
"que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não
segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria
determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes
dos tempos eternos" (2 Timoteo 1:9).
O cristão, que tem recebido sua salvação gratuita de Deus,
deve desenvolver sua vida espiritual; não ficar como uma
criança; não deve inclinar-se sob o guiar de sua natureza
carnal, Mas crescer e chegar a ser um vencedor. A criança não
se preocupa pelas coisas profundas de Deus, nem tem
capacidade para percebê-las, senão que se baseia nos
rudimentos. Lemos em Gálatas 4:3: "Assim, também nós,
quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos
rudimentos do mundo". De acordo com o contexto, uma criança
e um escravo em nada diferem; são escravos da lei, de
obrigações, de estatutos, de rudimentos. Logo diz no versículo
9: "mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo
conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos
rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda
escravizar-vos?" quais são esses rudimentos? Por exemplo, nos
versículos 10 e 11 diz: "Guardais dias, e meses, e tempos, e
anos.
11 Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco".
Sutilmente se instituem mandamentos e cargas para os irmãos;
proibições rudimentares na carne; instituições forçosas de
certos dias, certas comidas e certas aparências externas. O
Senhor já despojou ao inimigo, aos carcereiros, de todos os
decretos que nos condenavam, e triunfou sobre essas
potestades (cfr. Colossenses 2:13-15); agora nos tem feito
servos Dele. Ainda que o crente deve vestir-se decentemente,
entretanto,as vestes de justiça do crente não tem relação com
os trajes que colocamos, e sim com a vida de Deus em nós e
nossa obediência a Ele. Leiamos em Colossenses 2:16-19:
"16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida,
ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados,17 porque tudo isso
tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo
é de Cristo.18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros,
pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 74


visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal,19
e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem
vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento
que procede de Deus".
Ninguém cresce espiritualmente obedecendo leis e estatutos de
outros, e menos dos que dizem ser muito espirituais e não são.
Estas pessoas dominam aos que seguem sendo crianças no
espírito. Quem se agarra não a pretendidas cabeças, senão à
verdadeira Cabeça da Igreja, o Senhor Jesus, experimentando
a normal nutrição corporativa, seu desenvolver espiritual é
verdadeiro, não aparente; essa pessoa chega a ser um
vencedor, e ninguém o pode privar de seu prêmio como
vencedor. A oração não deve ser uma carga, senão um deleite,
uma constante comunicação com o Ser que amamos, que
palpita com amor dentro de nós; um Ser maravilhoso que está
se formando em nós. As vezes chega-se a crer que é pela
quantidade, que quanto mais oramos e lemos a Bíblia, somos
mais vencedores. Logo segue dizendo nos versos 20-23:
" 20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo,
por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a
ordenanças:21 não manuseies isto, não proves aquilo, não
toques aquiloutro,22 segundo os preceitos e doutrinas dos
homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se
destroem.23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de
sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de
rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a
sensualidade".
Um crente pode perfeitamente praticar certo ascetismo em
seus costumes morais, religiosos e rituais, e continuar sendo
um menino , carnal, submetido a preceitos; mas pela Palavra e
a experiência sabemos que o cumprimento de preceitos não
livra a sua alma dos apetites da carne. Que diremos, por
exemplo, do jejum? O jejum se tem convertido em um
legalismo; há muita gente que não sabe por que esta jejuando;
pelo simples fato de que o jejum esteja instituído em sua
congregação? É possível que se tenha chegado ao farisaísmo a
respeito; como aquele homem que se jactava de que jejuava
duas vezes por semana (Lucas 18:12), quando a lei só lhe
mandava uma só vez ao ano, no dia da expiação (Atos 27:9;

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 75


Levítico 16:29).
Lemos em 1 Timóteo 4:1-3: " Ora, o Espírito afirma
expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão
da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de
demônios,2 pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm
cauterizada a própria consciência,3 que proíbem o casamento
e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem
recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos
conhecem plenamente a verdade". O Espírito Santo mora em
nosso espírito, onde nos fala e nos adverte que nos guardemos
desses espíritos enganadores e da doutrina dos demônios que
trabalham com os mentirosos, aos quais a hipocrisia lhes tem
cauterizado a consciência. O Espírito nos avisa desses ataques
quando nosso espírito está exercitado para escutar a voz de
Deus.O celibato e o ascetismo são doutrinas de demônios,
posto que atentam contra a continuidade e multiplicação da
humanidade; o mesmo que abster-se de certos alimentos
necessários para continuar vivendo. Ninguém é mais santo que
outro pelo fato de ser celibatário ou porque se abstenha de
comer alguns alimentos. Pelo contrário, podem cair em
armadilhas de severas tentações. Há falsos ensinamentos
religiosos que tem aparência de piedade, que aparentemente te
impulsionam à santidade por meio de tuas próprias obras
mortas, mas que no fundo são obstáculos para o verdadeiro
fortalecimento espiritual.
Levemos em conta que no mercado religioso com freqüência se
tem por fundamental o que apenas se trata de rudimentos. Por
exemplo, diz em Romanos 14:3,5,17: " quem come não
despreze o que não come; e o que não come não julgue o que
come, porque Deus o acolheu... 5 Um faz diferença entre dia e
dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião
bem definida em sua própria mente.. 17 Porque o reino de
Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria
no Espírito Santo ". Estas questões das comidas e dos dias de
observância religiosa são assuntos menores e secundários para
o Senhor, que nem salvam nem impedem a salvação. Se Deus
tem recebido alguém mediante a obra de Seu Filho, nós
também devemos receber. Todos os que têm sido lavados pelo
sangue do Senhor Jesus, são nossos irmãos. O reino de Deus já

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 76


se manifesta hoje na Igreja, que é a esfera onde o Senhor
exerce Sua autoridade nesta era; e o que eu comer e beber não
vai a detrimento da justiça, a paz e o gozo que me proporciona
o Espírito Santo, e a relação que eu devo manter, viver e
expressar aos demais.

A salvação e as boas obras


Por outro lado, levamos em conta que nossos pecados estão
diante de Deus, e também se fazem sentir em nossa
consciência acusadora; e devido a isto, o homem tem
inventado a salvação das boas obras. Para quê? Para subornar
a consciência, a qual constantemente lhe acusa que está
condenado. Alguns têm inventado a teoria da balança, que
consiste na crença de que Deus vai pesar em uma balança as
obras de todos e cada um dos homens. Em um pratinho vai por
as obras boas e no outro as más. Se as boas pesam mais, vai
para o céu, e se pesam mais as más, ele vai para o inferno.
Existem pessoas que enganam a si mesmas pensando que suas
obras tem algum mérito diante de Deus como para que Ele as
contabilize para salvar a pessoa.
Estamos na era da graça. O que significa isso? O que é graça?
A Bíblia declara que Deus é amor (1 João 4:8): não meramente
que ama, senão que sua natureza é amor. Ele ama o homem, e
o vendo necessitado e perdido, põe em ação Seu amor, e
manifesta Sua misericórdia; mas não fica na simples
misericórdia, porque Ele sabe que só isso não resolveria nossa
miserável situação; de maneira que o amor de Deus tem uma
expressão que vai mais além da sua misericórdia, e é a graça
de Deus para com o homem. A graça é a obra de Deus em
favor do homem necessitado, perdido, condenado. No Antigo
Testamento se fala da lei, que consiste nas demandas de Deus
para com o homem, para que o homem faça obras para Deus;
mas a graça, manifestada no Novo Testamento, é o contrário, é
a obra que Deus faz em favor dos homens, e essa obra a faz
em Seu Filho, Jesus Cristo. Ele é o Cordeiro de Deus que foi
imolado desde antes da fundação do mundo.
É verdade que a partir do Concílio de Trento, o catolicismo
romano aprovou a aceitação da doutrina da graça e da fé, para
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 77
a salvação, mas na prática; o das obras havia se arraigado
profundamente, tanto que ainda hoje em dia se exalta a
santidade de algumas pessoas, não necessariamente com base
na graça e obra de Deus a favor deles e neles, senão nas obras
e méritos deles mesmos, como se houvessem conquistado a
salvação e a exaltação com a ajuda de seus méritos pessoais.
Então talvez me dirão, acaso não chegaram a ser autênticos
vencedores? Isso só o Senhor sabe. Apesar do anotado acima
do Concílio de Trento, a teologia católica na prática segue
sustentando "que o sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo
não foi suficiente e então, tem que fazer o pagar missas,
responsos, penitências, comprar indulgências, medalhas,
etc., e tratar a todo custo de agregar méritos para a
redenção e a ganhar a Salvação por obras"*(2). Nós
simplesmente vemos as aparências; só Deus conhece a
realidade das coisas, e não podemos julgar antes de que
chegue o dia do tribunal de Cristo, em Sua segunda vinda,
onde e quando nossas obras serão examinadas e julgadas.
Deus não nos faz objetos de Sua graça com base em nossos
méritos pessoais; é o contrário, estes obstaculizam a
manifestação da graça de Deus; precisamente nossa vida de
pecado e perdição, é que nos tem feito necessitados de que a
graça de Deus se manifeste. A graça de Deus tem seu
fundamento no amor e a misericórdia de Deus, manifestada
pela obra de Cristo na cruz do Calvário.
*(2) Jaime Ortiz Silva. "Versões Alteradas da Palavra de
Deus". Ransom Press International. 1999. Pág. 55.

Como no Tabernáculo de Moisés, um véu separava o Lugar


Santo do Lugar Santíssimo (Êxodo 26:33), assim o pecado é
um véu que nos separa de Deus; por isso quando Adão pecou
se escondeu de Deus. Foi quando Deus começou a buscar o
homem, a chamá-lo, pois o homem jamais tem tomado a
iniciativa de buscar a Deus; e quando Deus o encontrou, o
homem estava tapando sua nudez com folhas, escondendo seu
pecado com obras humanas de aparência religiosa. E assim tem
sido todo o tempo. Mesmo os crentes, incluídos muitos dos
vencedores, vivem escondidos, nos falta transparência diante
dos irmãos e diante de Deus. Portanto, é necessário que nos

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 78


despojemos de toda falsa aparência de piedade, de todo véu; é
necessário que não escondamos nada a ninguém. Se aqui
insistimos em esconder algo por vergonha, lá o saberá todo o
corpo dos crentes. O véu é uma artimanha da alma que não
tem experimentado a cruz, para esconder seu verdadeiro
estado. Enquanto nosso véu não for de todo tirado, não pode
ser completada nossa restauração. Como podemos ser
plenamente liberados de nós mesmos? Se nós não nos
julgamos agora, e levamos a cruz agora e nos negamos agora,
o Senhor nos julgará em Seu tribunal. Poucos crentes
compreendem que nossa salvação ainda não foi completada, e
que ainda não andamos plenamente na luz. Ninguém pode
andar na luz se não anda em união com o Senhor; em pleno
acordo com Ele.
Muitos de nós vivemos muito ocupados fazendo muitas coisas
boas para o Senhor, mas muito poucos estão fazendo o que na
realidade Ele lhes tem chamado a fazer. Há um constante
chamamento do Senhor a Seus servos, a que se ponham de
acordo com Ele. Levemos muito em conta que nenhum grupo
religioso tem a exclusividade do Senhor. Com freqüência
costumamos moldurar muito mal ao Senhor; desconhecendo
Suas legítimas dimensões e Seu coração. Cada crente deve
viver como os trilhos da linha férrea; um trilho de nada serve
se falta o outro, e no crente um trilho se chama crer, e o outro,
obedecer.

Castigo temporário dos crentes


Não somos salvos por obras, mas não podemos ter participação
no reino vindouro senão pelas obras. Todas as nossas obras de
agora como filhos de Deus serão examinadas. Quando o Senhor
vier julgar nossas obras, sejam boas ou sejam más; e de
acordo com as Escrituras, tem várias categorias de crentes
derrotados, logo também há variação em relação ao castigo
dispensacional milenar, a saber:

Trevas exteriores. Por exemplo, alguns não têm pecados


não resolvidos, esse não é o problema deles; mas ainda assim
não trabalharam adequadamente, foram descuidados, ou não
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 79
obedeceram aos princípios para a edificação da casa do Senhor,
e se fizeram algo, o fizeram conforme a sua própria vontade
humana; estes irão para as trevas exteriores; não terão parte
nas festas de bodas do Cordeiro, e estarão fora da
resplandecente glória do reino, cheios de remorso e sentimento
de culpa. Consideremos alguns versículos. Diz Mateus 8:11-12:
"11 Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e
tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino
dos céus.12 Ao passo que os filhos do reino serão lançados
para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes".
Ainda que aqui se refere particularmente aos judeus,
entretanto, nos serve para sustentar que fora da
resplandecente glória do reino dos céus haverá trevas, onde
muita gente salva será disciplinada, onde haverá remorso e
terrível dor por não haver feito as coisas bem, o qual é
diferente do ser lançado no lago de fogo. Ser lançado nas
trevas exteriores não significa que a pessoa pereça
eternamente, mas que é castigada dispensacionalmente; o
crente é desqualificado e por não haver vivido uma vida
vencedora por meio de Cristo, não pode desfrutar do reino
durante o milênio. Diz em Mateus 22:13: " Então, ordenou o rei
aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora,
nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes". Todo crente é
chamado, mas poucos são escolhidos para receber una
recompensa; só o que vencer recebe recompensa. Também ao
final da parábola dos talentos, o servo inútil é lançado fora, nas
trevas. "E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali
haverá choro e ranger de dentes" (Mt. 25:30). Aqui se vê que
não se julga a salvação do crente, a qual não é por obras, mas
que se trata do juízo da fidelidade do servo frente à obra do
Senhor. É um castigo temporário para um servo salvo do
Senhor.

Açoites. Em Lucas 12:35-40 vinha a Palavra falando do servo


vigilante; de pronto, nos versículos 41-48, fala da outra cara da
moeda, os servos negligentes, assim:
" 41 Então, Pedro perguntou: Senhor, proferes esta parábola
para nós ou também para todos?42 Disse o Senhor: Quem é,
pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 80


seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?43 Bem-
aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier,
achar fazendo assim.44 Verdadeiramente, vos digo que lhe
confiará todos os seus bens.
45 Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor
tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a
comer, a beber e a embriagar-se,46 virá o senhor daquele
servo, em dia em que não o espera e em hora que não sabe, e
castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis 47 Aquele
servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se
aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com
muitos açoites.48 Aquele, porém, que não soube a vontade do
seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos
açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será
exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe
pedirão".

Ali fala de açoites aos servos infiéis, aos descuidados; e fala de


castigo a esses servos no mesmo lugar onde estarão os infiéis e
incrédulos do mundo. Diz Hebreus 12:6: " porque o Senhor
corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe". O
Senhor jamais tem por servos aos que não lhe pertencem. O
Senhor mesmo se submeteu ao Pai em tudo e se fez servo, e
em qualidade de servo não se pôs a reclamar direitos e
posições de privilégio. O Senhor se submeteu a sofrer a cruz
sem que primasse sua própria vontade e sim a do Pai. O que
corresponde a nós? Quais são os direitos que um crente deve
reclamar? A respeito diz John Nelson Darby: "Crer que
podemos manter nossos direitos neste mundo é esquecer
a cruz de Cristo. Não podemos pensar em nossos direitos
até que os Seus sejam reconhecidos, pois não temos
outros que os Dele". (J.N. Darby. Estudo sobre o Livro de
Apocalipse. La Bonne Semence, 1988, pág. 42.).

A Geena de fogo. Outros têm pecados não resolvidos; estes


irão ao fogo temporariamente. O que é ter pecados não
resolvidos? O Senhor Jesus morreu na cruz e derramou Seu
sangue para perdoar todos nossos pecados passados, presentes
e futuros, manifestos ou não; e o pecador tem um Advogado

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 81


diante do Pai, a Jesus Cristo o Justo, e vence a Satanás por
meio do sangue do Cordeiro. Estamos já justificados em Seu
sangue (cfr. Romanos 5:9). Mas se podemos pecar intencional
e continuamente, sem arrepender-nos; sem que recusemos
nossos pecados; sem nem sequer tentar eliminá-los. O pecador
deve reconhecer seu pecado e confessá-lo, apartar-se e
restituir. O sermão do monte ilustra a respeito.

" 21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem
matar estará sujeito a julgamento.22 Eu, porém, vos digo que
todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará
sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão
estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar:
Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.23 Se, pois, ao trazeres
ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem
alguma coisa contra ti,24 deixa perante o altar a tua oferta,
vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando,
faze a tua oferta.25 Entra em acordo sem demora com o teu
adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o
adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça,
e sejas recolhido à prisão.26 Em verdade te digo que não
sairás dali, enquanto não pagares o último centavo" (Mt. 5:21-
26).
No contexto vemos três classes de juízos escalonados de
acordo à gravidade do ato e mencionados conforme o
transfundo judeu dos irmãos que, nesse momento, escutavam
ao Senhor. O primeiro juízo se realiza na porta da cidade, onde
se resolvem os assuntos menores (Ge. 19:1,9; Rt 4:1-6; 2 Sm.
15:1-6); o segundo juízo era no Sinédrio ou tribunal supremo
dos judeus, e o terceiro é um juízo supremo, o de Deus, uma
de cujas penas pode ser na Geena de fogo. A Geena é o mesmo
lago de fogo. Se não te reconcilias com teu irmão agora, é
possível que passes uma temporada larga no lago de fogo, até
que pagues o último quadrante, até que teu coração seja limpo
de todo ódio. Não vais sofrer a segunda morte, mas te tocará
um tempo.
Nós somos o povo do reino e temos um Rei que há de vir, e
compareceremos diante de Seu tribunal. Um filho de Deus não
necessariamente peca quando comete o ato, e sim quando em

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 82


seu coração já tem a intenção, o desejo, a atitude. Se não
vivemos a qualidade de vida espiritual que exige nossa
condição de novas criaturas, já estamos em perda, estamos
derrotados. O contexto nos diz que se trata de irmãos da
Igreja. Diz nos versículos 29-30: "29 Se o teu olho direito te
faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se
perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo
lançado no inferno.30 E, se a tua mão direita te faz
tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca
um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o
inferno". Se algo é muito atrativo para mim e me traz
oportunidade de pecado, com ele ofendo a Deus e a outras
pessoas, devo cortar com isso. Recomendamos também ler
Mateus 10:28; 18:9; 23:15,33; Marcos 9:43,45,47; Lucas
12:5.

Prisão. De acordo com a gravidade de nossa condição


espiritual, assim seremos julgados quando vier o Senhor.
Outros irão para o cárcere. Lemos em Mateus 5:24b-26: " vai
primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze
a tua oferta.25 Entra em acordo sem demora com o teu
adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o
adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça ,
e sejas recolhido à prisão.26 Em verdade te digo que não
sairás dali, enquanto não pagares o último centavo". Aqui
o caminho representa a era atual nesta terra, o juiz é Cristo e o
oficial de justiça é o anjo, e é possível que a prisão ou o cárcere
seja o lago de fogo. Note que não se trata de condenação
eterna; o servo vai sair do cárcere quando houver cumprido
seu castigo, de acordo com a magnitude da falta.
Diz Mateus 24:48-51: " Mas, se aquele servo, sendo mau,
disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se,49 e passar a
espancar os seus companheiros e a comer e beber com
ébrios,50 virá o senhor daquele servo em dia em que não o
espera e em hora que não sabe 51 e castigá-lo-á, lançando-
lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de
dentes ".
Observamos também que a Escritura nos revela aqui que o
servo não é castigado eternamente, porém terá sua parte no

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 83


mesmo lugar onde irão os hipócritas; é “somente” um castigo
dispensacional. Observe que o servo é crente, é um santo, pois
chama ao Senhor: "meu Senhor", mas se pôs a tratar mal aos
irmãos na fé e a juntar-se com gente mundana e a participar
no que o mundo participa.
O cristão é julgado por sua obediência, por seu serviço, por sua
fidelidade. O que caracteriza a um vencedor hoje? O cristão
vencedor, mais que trabalhar, serve, porque o serviço genuíno
envolve o amor, a disponibilidade, a compreensão, mas sobre
tudo a obediência. O que trabalha sem amor, se vangloria, se
envaidece. Quando Cristo tem a preeminência em tudo em
nossa vida, lhe servimos com amor. Quando Cristo tem a
preeminência em todas as tuas coisas, tanto nas experiências
doces como nas amargas, és vencedor, porque Cristo é nossa
vida. Um crente não chega a ser pobre no espírito, ou humilde
ou amável, porque meramente lhe são propostas estas coisas;
sem Cristo não podemos fazer nada bom. A carne não pode
produzir algo meritório. Toda bondade carnal é hediondez para
o Senhor. Não se trata de que Ele nos complete no que nos faz
falta; se trata de Sua vida em nós. Por que és um vencedor?
Porque tens te negado, já te consideras débil, tu já não vives;
agora tua vida é Cristo, tua fortaleza é Ele, e Cristo é o que
vence em ti. No momento em que começares a jactar-te (de
poder espiritual, de tuas obras para o Senhor, por exemplo), e
confiar em ti mesmo, começastes a ser um derrotado. Se fores
consciente de que és débil e que não podes esperar de ti nada
bom, te consagras ao Senhor de maneira absoluta, pondo Nele
toda a confiança e fé, e permitindo que seja o Senhor de toda
tua vida e de teu andar. O que é negar a si mesmo? Leiamos
uma magnífica, simples e eloqüente definição que nos
proporciona o irmão Paul Cain:
"Mas o que significa morrer a ti mesmo? Um bloqueio ou
interrupção do curso normal de tua vida pela intervenção
de Deus, isso é morrer a ti mesmo. Quando todos te
esquecem ou te descuidam, ou a propósito te colocam de
lado, e tu não alimentas tua dor, nem permites ao insulto
ou ao desprezo ferir teu interior, senão que pelo
contrário, consideras uma honra o poder sofrer por
Cristo, isso é morrer a ti mesmo. Quando ainda daquele

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 84


que fazes bem é criticado, e teus desejos são
contrariados, teu conselho desprezado e tua opinião
ridicularizada, e entretanto assim tu te recusas a deixar
subir a ira a teu coração e não tomas nenhuma iniciativa
para defender-te, senão que aceitas tudo com paciência
e amor, isso é morrer a ti mesmo. Quando nunca fazes
questão de ser citado ou reconhecido por outros, ou de
divulgar tuas boas obras, senão que verdadeiramente
tens prazer em ser desconhecido, isso é morrer a ti
mesmo. Quando vês a teu irmão prosperar e que suas
necessidades sejam supridas, e tu podes honestamente
regozijar-te com ele no espírito, sem sentir inveja, nem
questionar a Deus, apesar de ter tuas necessidades
muito maiores que as dele e estar em circunstâncias
muito mais desesperantes, isso é morrer a ti mesmo.
Quando puderes receber correção e repreensão de
pessoas que tem uma estatura e maturidade menor que
a tua, e puderes submeter-te humildemente por dentro e
não tão somente por fora, sem que surja ressentimento
nem amargura em teu coração, isso é morrer a ti
mesmo". (Paul Cain. Alerta para la Iglesia. Mensaje en
Kansas, USA, diciembre./98.).

Cap. 4A: OS VENCEDORES E AS OBRAS

As quatro etapas da obra de Cristo


O Senhor está edificando sua casa; esse é seu grande
propósito. E para isso Deus tem se revelado por etapas. Na
Bíblia vemos um processo ascendente dessa revelação divina
ao homem. No começo, quando o homem pecou, Deus disse (à

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 85


serpente): "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar." (Gn. 3:15). Aí aparece um começo de
revelação de Deus para o curso da história e da economia
divina. Essa serpente antiga se tem feito sentir na história da
humanidade, e tem se desenvolvido tanto que chegou a ser um
grande dragão com sete cabeças e dez chifres. Mas Deus
também vem desenrolando seus propósitos; e formou para si a
nação de Israel, por meio da qual manifesta-se ao mundo e dá
testemunho de sua unidade, de seu poder, de sua palavra, de
seus propósitos eternos, e da encarnação de Seu Verbo.
Enquanto à manifestação do Filho de Deus, o Salvador,
podemos ver quatro etapas definidas:

Primeira etapa. O Verbo divino estava com o Pai (Jo1:1,2);


com Ele estava eternamente. "No princípio era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.2 Ele estava no
princípio com Deus ".

Segunda etapa. Historicamente encarna por obra do


Espírito Santo em uma mulher hebréia de uma família oriunda
de Belém, descendentes do rei Davi. "14 E o Verbo se fez
carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e
vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai". ( Jo 1:14)
" 20 Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu,
em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi,
não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi
gerado é do Espírito Santo.21 Ela dará à luz um filho e lhe
porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos
pecados deles " (Mt. 1: 20-21). Cresceu como homem, é
batizado, exerce seu ministério público.

Terceira etapa. Submete-se à morte na cruz, é sepultado


e ressuscita ao terceiro dia; foi ascendido e glorificado. " Antes
de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo
morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,4 e que
foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras. " (1 Co. 15:3-4). "Jesus, porém, tendo oferecido,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 86


para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à
destra de Deus" (Hb. 10:12).

Quarta etapa. Seu Espírito desce a morar em nós os


crentes. " 16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco,17 o
Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita
convosco e estará em vós" (Jo. 14:16-17). " Todos ficaram
cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas,
segundo o Espírito lhes concedia que falassem" (At. 2:4). "Não
sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus
habita em vós?" (1 Co. 3:16). Isto se reflete tanto no judaísmo
como no cristianismo.
1. Para os judeus ainda não veio o Messias; se pode dizer que
eles seguem na primeira etapa. Os judeus crêem que virá um
Messias, mas não Deus encarnado.
2. Com relação aos católicos romanos, eles não sentem que são
moradas de Deus. É algo completamente alheio a sua prática
religiosa e ritual. Seus sacerdotes e teólogos vivem e ensinam a
segunda etapa.
3. As organizações cristãs denominacionais em geral vivem a
terceira etapa. Com freqüência pedem que desça o Espírito
Santo sobre eles.
4. Mas há um grupo de irmãos que vivem na quarta etapa.
Somos morada de Deus no Espírito. Agora Cristo está se
formando em nós; Ele é nosso Senhor e Salvador, logo a Ele
pertencemos, e tem vindo a morar dentro de nós, em nosso
espírito. Isso significa que temos crido em Cristo como o
fundamento da edificação da casa de Deus; mas o que havia
em nós antes de que isso ocorresse? Se éramos religiosos, em
que etapa estávamos? Para poder edificar sobre o único
fundamento, primeiro tem que se destruir o que antes havia,
derrubar o velho, tanto a nível pessoal como no institucional.
Por exemplo em Marcos 13:1,2 diz: " 1 Ao sair Jesus do
templo, disse-lhe um de seus discípulos: Mestre! Que pedras,
que construções!
2 Mas Jesus lhe disse: Vês estas grandes construções? Não
ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada".

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 87


Talvez os discípulos esperassem que Jesus falasse algo elogioso
do que Herodes havia construído e embelezado; mas não; para
poder edificar a igreja tem que se derrubar o judaísmo; e não
somente ao judaísmo, senão também a todos os sistemas que
tem se desviado do verdadeiro modelo da igreja bíblica. Esse
antigo templo de Jerusalém já não podia dar morada a Deus,
pois já se tratava somente da sombra ou a maquete do que é o
verdadeiro edifício (Hb 8:5: 10:1).
" Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus,
edifício de Deus sois vós" (1 Co. 3:9).

Quando Paulo disse “nós” referia-se aos apóstolos, neste caso


como os mestres de obra. "1 E ele mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e
outros para pastores e mestres,12 com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do corpo de Cristo" (Ef. 4:11,12).
Nessa edificação da casa de Deus, cada santo tem alguma
responsabilidade. Por que somos colaboradores de Deus?
Porque fazemos parte da casa de Deus, somos moradas de
Deus e templo de Deus. "16 Não sabeis que sois santuário de
Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?17 Se alguém
destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o
santuário de Deus, que sois vós, é sagrado " (1 Co. 3:16).
Destruir o templo de Deus é dividi-lo. Ao entender uma pessoa
que somos o corpo de Cristo e templo de Deus, pode ver a
realidade dessa unidade, mas se busca a divisão, a está
destruindo. O Senhor está edificando sua Igreja, O fundamento
já está posto, é Cristo; uma pessoa já tem o fundamento
quando tem recebido a Cristo pela fé. E estamos "edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele
mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular" (Ef. 2:20). No Novo
Testamento nós somos edificados tanto individual como
corporativamente. Somos um corpo e formamos o templo do
Senhor.

O vencedor e as recompensas
Uma vez mais deixamos claro que não temos que confundir a
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 88
vida eterna, ou salvação eterna, com o reino dos céus. Não
temos que confundir o dom com o galardão. A vida eterna se
recebe do Senhor pela fé, como um dom gratuito. Não temos
que fazer nada para merecer a salvação eterna. Em troca o
reino dos céus é temporário, mil anos, e se ganha por obras.
Há de se trabalhar para merecer o reino dos céus. Diz 2 João 8:
"Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado
com esforço, mas para receberdes completo galardão". Isto
significa que devemos estar vigilantes por nós mesmos, para
que não se arruíne o fruto de nosso trabalho. Também em
Colossenses 3:24-25, nos diz a Escritura: " 24 cientes de que
recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o
Senhor, é que estais servindo;25 pois aquele que faz injustiça
receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de
pessoas".
A Palavra do Senhor não registra nem uma única vez que o
reino dos céus se recebe por graça por meio da fé. Por
exemplo, se leres as bem-aventuranças em Mateus 5,
encontrarás que para entrar no reino dos céus se necessita,
entre outras coisas, ser pobres de espírito, e sofrer perseguição
por causa da justiça; em troca a vida eterna se recebe por fé,
imerecidamente, sem que alguém deva fazer nada para recebê-
la, nem bom nem mal; pelo contrário, diz que não é por obras
para que ninguém se glorie.
Não nos apelide de Néscios se não deixamos de repetir que a
salvação é um presente de Deus; mas que também devemos
trabalhar para participar no reino. Se trabalharmos conforme o
plano de Deus, receberemos recompensa; mas se não
trabalhamos, ou se o fazemos na carne, receberemos castigo.

Jesus Cristo, o fundamento


Lemos em 1 Coríntios 3:8-10: "Ora, o que planta e o que rega
são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu
próprio trabalho.9 Porque de Deus somos cooperadores;
lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.10 Segundo a graça
de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente
construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como
edifica".
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 89
Nestes versículos a Escritura fala que o que trabalha recebe sua
recompensa, que é como um incentivo para os servos do
Senhor que trabalham em Sua obra. Deus está trabalhando em
Sua lavoura e nós somos Seus colaboradores, porque a Igreja é
a terra cultivada por Deus onde Cristo foi plantado; e essa terra
tem de ser regada, adubada, limpa, para que produza o fruto
previsto na Palavra. Além de lavoura, a Igreja é o edifício de
Deus, a casa de Deus, a qual está se construindo; o Senhor
está trabalhando nessa construção com a nossa colaboração.
Quem trabalha nessa edificação? Nós, uns mais que outros,
ainda que alguns não façam nada. Mas muitos trabalham
usando métodos, planos e materiais que não são de Deus.
Paulo pôs o fundamento, a base do ensinamento; as cartas de
Paulo são a revelação da Igreja. Cada um deve saber como
edifica sobre este único fundamento da Igreja. Alguém pode
estar ocupado edificando sobre o fundamento de Jesus Cristo,
mas obedecendo, não a Palavra, não ao evangelho, não às
cartas de Paulo nem ao resto do Novo Testamento, senão as
outras diretrizes diferentes, outras correntes doutrinais, outras
tradições, idéias, estatutos, leis e normas de organizações e
lideranças de fatura humana. A casa de Deus é edificada pelo
próprio Senhor; sem Ele toda edificação é inútil. Diz o Salmo
127:1: "Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham
os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão
vigia a sentinela".

Materiais da construção
Seguimos lendo 1 Coríntios 3: "Porque ninguém pode lançar
outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo"
(vv.11,12).
Na edificação da casa de Deus há um único fundamento, que é
Seu Filho Jesus Cristo, a pedra angular. Aqui figuram seis
elementos com os quais se está edificando. Os três primeiros,
ouro, prata e pedras preciosas, simbolizam a Trindade divina:
Pai, Filho e Espírito Santo. Os três últimos, madeira, feno e
palha, simbolizam o humano nessa sobre edificação; o último
grupo se contrapõe ao primeiro, pois os pensamentos do
homem não são os de Deus. Deus quer edificar sua casa com
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 90
os três primeiros elementos. O ouro se refere à natureza
divina, à vontade de Deus, o eterno, o que jamais se
envelhece, o mais glorioso; ao passo que a madeira é a
natureza humana, o que perece. Por exemplo, no tabernáculo o
principal é Cristo, a arca, a qual estava feita de madeira de
acácia (a humanidade de Cristo) recoberta de ouro (a divindade
de Cristo). De maneira que caso se edifique em ouro significa
que se está obedecendo à vontade de Deus consignada no
Novo Testamento; mas se é em madeira, é porque se está
obedecendo outras opiniões; é o que tem feito o cristianismo a
partir do século V desta era. Mas se seguimos ao Senhor Jesus,
devemos fazer sua vontade, e Ele veio fazer a vontade do Pai
que o enviou. "Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em
fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra."
(Jo. 4:34).
Antes que o Senhor nascesse em carne, o Pai já tinha
preparado tudo, galáxias, sistemas solares, mares, continentes,
tudo o necessário para que homem pudesse viver na terra e se
pudesse encarnar seu Filho e salvar à Igreja. Deus não vai
deixar o cumprimento de seus propósitos ao critério dos
homens. O primeiro Adão falhou, mas o segundo Adão veio
para vencer, a obedecer a Deus. A partir Dele, Cristo veio
preparar para Deus uma nova raça humana, o verdadeiro
homem à imagem de Deus.
O Pai disse ao Filho o que devia fazer. "Eu nada posso fazer de
mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é
justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a
daquele que me enviou" ( Jo 5:30 ). Por que insiste o Senhor
Jesus nisto? Para nos dar exemplo de obediência. "Porque eu
desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a
vontade daquele que me enviou.39 E a vontade de quem me
enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu;
pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia " (Jo. 6:38-39).
Voltemos a Efésios 2:19-22: "19 Assim, já não sois
estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois
da família de Deus,20 edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra
angular;21 no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para
santuário dedicado ao Senhor,22 no qual também vós

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 91


juntamente estais sendo edificados para habitação de
Deus no Espírito ".
A que se refere aqui com o fundamento dos apóstolos? Refere-
se ao Novo Testamento. Estamos em plena edificação do
templo, e o Senhor quer terminar esse edifício com pessoas
obedientes. Recorde-se que cada um de nós é uma pedra viva,
com as quais o Senhor está edificando sua casa. Ele não busca
montões de pedras mortas, nem sequer que haja montões de
pedras por lá e outras por cá; Ele busca é que estejamos todos
juntos para que possamos ser edificados. Quando Pedro
confessou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivente, o
Senhor lhe disse: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela ". (Mt 16:18)
O que edifica a Igreja é Cristo, e nós somos colaboradores; Ele
conosco e nós com Ele. Se não edificamos com Ele, só
estaríamos edificando com madeira. Já não seria Sua Igreja; de
pronto estaríamos edificando nossas pequenas igrejas.
O que é a Igreja? A palavra igreja vem do grego ekklesia (de
ek, fora de, e klesis, chamamento). Usava-se entre os gregos
esta palavra para se referir a um corpo de cidadãos reunidos
para considerar assuntos de estado (At. 19:39). A igreja de
Jesus Cristo (Mt. 16:18), a qual é seu corpo (Ef. 1:22; 5:22) é
toda a companhia dos redimidos através da era presente. A
Igreja universal do Senhor é a mesma que nasceu no dia de
Pentecostes, dez dias depois de haver ascendido o Senhor à
destra do Pai.
Então vemos que nessa construção da Igreja, nós somos Seus
colaboradores, que estamos sobre edificando, "edificados sobre
o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo,
Cristo Jesus, a pedra angular" (Ef 2:20). Essa sobre edificação,
quando se faz sobre o fundamento dos apóstolos e os profetas,
ou seja, de acordo com o que eles pregaram e escreveram,
deve ser em ouro, prata e pedras preciosas, o qual é a obra de
Deus. Ali o ouro, o metal precioso por excelência, representa a
natureza de Deus Pai, Sua vida, Sua glória, Sua justiça, Sua
obra, Seus propósitos com a criação; a prata se relaciona com
a redenção, a obra do Filho, pelo preço designado pelo Senhor
(Zacarias 11:12; Mateus 16:15), e as pedras preciosas tem a

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 92


ver com a manifestação e obra do Espírito Santo na Igreja e na
vida de cada um de nós em particular. As pedras preciosas são
carbonos purificados e trabalhados através do tempo com alta
pressão e temperaturas elevadas.
Infortunadamente, sobre esse mesmo fundamento, Jesus
Cristo, Freqüentemente também costuma trabalhar por
iniciativa própria, valendo-nos de nosso próprio ponto de vista,
excluindo a vontade do Senhor; se abandonam os princípios do
fundamento apostólico, do que eles deixaram registrado pela
vontade de Deus, e é quando aparecem outros três elementos
que de alguma maneira se relacionam com os três primeiros:
madeira, feno e palha. Se alguém edifica em madeira, que
representa a natureza do homem, essa obra se destrói, se
converte em lixo. Temos por exemplo, a arca do pacto. Foi feita
de madeira de acácia recoberta de ouro, pois era um tipo de
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Também disse
João o Batista em Mateus 3:10: "Já está posto o machado à
raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é
cortada e lançada ao fogo".

Se alguém edifica em feno, que é uma planta de utilização


periódica, essa sobre edificação também perece e não é eterna
em comparação com a salvação eterna que nos assegurou o
Senhor Jesus na cruz.
Por último, pode ser que se edifique em palha, que são folhas
secas, mortas, que caem das árvores quando seus tecidos se
murcham e já não lhes chega seiva; isso simboliza as coisas de
vistosa aparência, mas de uma fragilidade impressionante, são
as coisas inúteis e de pouca sustância, ainda que a nós pareça
que estamos fazendo muito bem, especialmente nas palavras e
promessas; ou essa demasiada e inútil frondosidade de
algumas árvores e plantas; todo o inútil com o qual cremos que
estamos agradando ao Senhor, desprezando o verdadeiro
trabalho do Espírito Santo em nós, comparado com as pedras
preciosas. A maturidade de um crente se dá através de um
processo e um árduo trabalho do Espírito do Senhor em nós e
conosco, levando a cruz, negando-nos a nós mesmos, passando
por provas.
Deus nos deu sua vida na regeneração, o ouro; também nos

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 93


tem redimido pela obra de Seu Filho, a prata, e também forja
dentro de nós as pedras preciosas, para que sejamos a imagem
de Seu Filho. Deus não troca as pedras preciosas por palha. A
vida que Deus nos tem dado não é afetada pelo fogo. Os três
primeiros, o de Deus, são materiais duradouros, e os três
últimos são materiais combustíveis, perecíveis, por quanto
simbolizam a obra do homem. Continuando, podemos tentar
fazer uma comparação um pouco mais detalhada entre os três
elementos de Deus e os três elementos do homem:

Ouro. O ouro é o primeiro elemento indicado para a sobre


edificação da igreja. O ouro se relaciona com a obediência à
vontade do Pai. Já temos visto que o Senhor tem estabelecido e
ordena que a edificação de sua casa se efetue sobre o
fundamento posto pelos apóstolos e profetas. "A muralha da
cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze
nomes dos doze apóstolos do Cordeiro" (Ap. 21:14). O
testemunho dos doze apóstolos do Cordeiro é fundamental,
pois por meio deles o Senhor nos deixou no Novo Testamento
os detalhes sobre esta edificação do templo. O modelo, pois, da
Igreja do Senhor está no Novo Testamento. A edificação da
igreja do Senhor deve ser sobre a base da unidade do Espírito,
não da carne; a unidade só se pode realizar no amor na igreja
de uma localidade. Obedecer à vontade de Deus para edificar a
igreja, é sobre edificar em ouro. O ouro, portanto, se contrapõe
à madeira. O ouro e a madeira se juntam na construção da arca
do tabernáculo, autêntico tipo de Cristo, verdadeiro Deus e
verdadeiro homem. "Também farão uma arca de madeira de
acácia; de dois côvados e meio será o seu comprimento, de um
côvado e meio, a largura, e de um côvado e meio, a altura.
11 De ouro puro a cobrirás; por dentro e por fora a cobrirás e
farás sobre ela uma bordadura de ouro ao redor " (Ex. 25:10-
11).
Esses dois versículos nos falam do centro do tabernáculo.
Agora nós somos o tabernáculo de Deus, e a arca (Cristo) a
levamos dentro de nós, em nosso lugar santíssimo (nosso
espírito regenerado).

Madeira. A madeira é o que se contrapõe ao ouro; a

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 94


madeira é a natureza humana; o homem mortal. Mas nessa
madeira vem Cristo a morar e trazer o ouro da natureza divina.
Cristo vai desenvolvendo em nós. "Já está posto o machado à
raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é
cortada e lançada ao fogo" (Mt. 3:10).

Não se refere às árvores do campo, senão aos homens que não


dão fruto de arrependimento. Mateus 7:19 repete nas palavras
do Senhor Jesus. Ele quer que cada um de nós demos
abundante fruto; mas fora de sua vontade não podemos dar
fruto. Deus quer que nos capacitemos para um trabalho em sua
obra. Nós em nossa vida natural podemos ir adquirindo
conhecimentos, escalando sucessos, inclusive posições de onde
nos enaltecemos; mas à medida que Cristo se forma em nós, o
Espírito Santo vai nos mostrando que há dentro de nós, e
podemos ver os preceitos supersticiosos, os fundamentos
filosóficos e religiosos. A religião do mundo se fundiu com a
cristandade; da Babilônia passou esse espírito a formar o
papado romano e do papado passou ao anglicanismo e dali aos
batistas, aos presbiterianos, etc. A igreja do Senhor ficou cativa
em um emaranhado de sistemas construídos com madeira, e o
Senhor decidiu tirá-la dali, e continuar sua construção com
ouro, prata e pedras preciosas. Tudo o que não edifica a casa
de Deus em unidade do corpo de Cristo, é construído com
madeira; e se queimará. Nós somos a assembléia dos santos;
somos santos porque temos sido apartados para Deus. Na
cristandade infiel tem se metido muito fundamento filosófico,
muito judaísmo, muita construção de templos materiais, muitas
leis e preceitos estatutários, muito nicolaísmo, muita religião
babilônica, muita magia, comercialização com a Palavra de
Deus, visualização, muito pense e faça-se rico. No começo se
formaram as grandes denominações em torno de doutrinas;
hoje se organizam em torno de lideranças e "ministérios".

Prata. Relaciona-se com o Filho de Deus, com a redenção na


cruz. Tipifica a vida do homem redimido; na prata estamos
envolvidos os redimidos; a sobre edificação com prata tem a
ver com nosso andar com Cristo. O Cordeiro de Deus está
intimamente ligado com sua cruz. Quando em Apocalipse João

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 95


viu o trono de Deus, ali estava o Cordeiro imolado. Os Atos
mais relevantes da história da humanidade são: a encarnação
do Verbo de Deus, sua crucificação e ressurreição no corpo
glorioso. Cristo ressuscitou para jamais voltar a experimentar a
morte. Durante seu ministério Ele ressuscitou a Lázaro e a
outros, mas eles voltaram a morrer. Cristo está edificando
através da cruz; se nós não levamos nossa cruz e
experimentamos a negação de nosso eu, não podemos edificar
com Cristo. Através desse processo há revelação em nossas
vidas, mas antes deve haver revelação do Pai acerca do Senhor
Jesus como Salvador; se não há revelação ninguém pode crer
em Cristo. Quem é Cristo para ti? Ninguém busca ao Senhor; é
o Senhor o que nos busca. Ele sempre toma a iniciativa, nós
jamais.
Mateus 16:15: "Mas vós, continuou ele, quem dizeis que
eu sou?" Surge uma pergunta, qual é a rocha que menciona o
Senhor? "Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo.17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-
aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e
sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos
céus". Conhecer quem é Jesus é uma revelação do Pai. Já que
o Pai te revelou quem sou eu e tu o confessas, então "Também
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela". Agora deixas de ser Simão; agora és uma pedra viva para
a construção de minha casa. A construção não é material; é
uma casa espiritual. Sobre esta rocha, sobre o que acaba de
confessar Pedro "edificarei minha igreja". Aí está o fundamento.
A rocha é Cristo, e Pedro é uma pedra vida. "também vós
mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa
espiritual para serdes sacerdócio santo" (1 Pe. 2:5). Cristo é a
pedra viva, a pedra angular, e nós somos pedras vivas em
Cristo. Nós somos "edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra
angular;21 no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para
santuário dedicado ao Senhor,22 no qual também vós
juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no
Espírito" (Ef. 2:20-22). O fundamento dos apóstolos e profetas
é o Novo Testamento; eles foram testemunhas da encarnação

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 96


do Verbo de Deus, de sua vida como homem, de sua morte, de
sua ressurreição, de sua ascensão aos céus. Uns anjos de Deus
se apresentaram e lhes disseram: " Varões galileus, por que
estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi
assunto ao céu virá do modo como o vistes subir" (At 1:11). O
apóstolo Paulo também o viu, e também foi levado ao terceiro
céu, e ali recebeu toda essa informação que nos transmite em
suas cartas; e Paulo foi apóstolo, profeta, evangelista, pastor e
mestre.
Então, quem sobre edifica? Os crentes em Cristo; mas essa
sobre edificação pode ser errada; alguns podem estar
edificando com madeira, feno e palha. De modo, pois que a
sobre edificação com prata tem a ver com o Filho, com a
redenção; a prata tipifica a vida do homem redimido, o andar
com Cristo. Com a prata se paga um preço. José, o filho de
Jacó, é um tipo de Cristo; ele foi vendido como escravo por
seus próprios irmãos por vinte moedas de prata (Gn 37:28). O
Senhor foi vendido por trinta moedas de prata, como está
profetizado em Zacarias 11:12-13 e seu cumprimento em
Mateus 26:14-15.
A prata se relaciona com o fato de que nossa vida está unida ao
Senhor. Ele pagou o preço com seu precioso sangue. A prata
tem a ver com a vida de Cristo em nós. É necessário que Cristo
se forme e cresça em nós (Gl. 2:20); nós em Cristo já fomos à
cruz, por isso agora é necessário que Ele viva sua vida em
mim. Se não for assim, não estou sobre edificando com prata.
Se Cristo vive em mim, já eu não vivo; o viver na carne
(comer, dormir, trabalhar, falar), o vivo não em minhas
próprias ilusões e interesses. Quanto mais viver Cristo em mim,
se vão de meus antigos costumes, porque Ele traz outros
costumes a nossas vidas. A edificação em prata, como em
Cristo, pode incluir em nós o sofrimento. "Ora, tendo Cristo
sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo
pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o
pecado,2 para que, no tempo que vos resta na carne, já não
vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a
vontade de Deus. " (1 Pe. 4:1-2).

Feno. Se não se edifica com prata, a contraparte negativa é o

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 97


feno. O feno é uma gramínea que simboliza o homem caído, o
homem não redimido, o homem carnal, não regenerado.
Quando se trata de um crente, é um bebê espiritual e nunca
deixa de ser (1 Co. 3:2,3), de maneira que sua edificação o faz
em seus egoísmos, mal caráter, ambições e avareza;
pretensões de que pode tudo. Quando a vida de alguém não
tem passado do velho homem, está na erva, no feno (1 Pe.
1:24); o homem velho atrai a glória dos homens. Muitas vezes
o homem gosta de receber a glória terrena, as palavras de
aprovação, as felicitações. Mas o que assim trabalha tudo está
fazendo em feno; muitos vivem pendentes dos homens. A
glória e o viver humano se seca quando sai o sol (a vinda do
Senhor), a flor cai (Tg. 1:9-11) e perece. O verdadeiro tesouro
deve ser o Senhor; os demais tesouros causam cegueira e
apartam de Deus. Há uma grande diferença entre o viver de
Cristo e o viver carnal. Entre a prata e o feno podemos ver a
relação entre a erva e o viver de Cristo.

Pedras preciosas. Temos aqui a obra transformadora do


Espírito Santo em nós. Os crentes têm passado por um
processo. O Pai nos fez do barro da terra para viver neste
mundo físico (Gn. 2:7; Ro. 9:20,21); o Filho, ao crescer Nele,
nos converteu em pedras vivas a fim de viver em Sua casa e
fazer parte dela (Jo. 1:42; Mt. 16:17,18; 1 Pe. 2:5), e o
Espírito Santo veio a converter-nos em pedras preciosas para
entrar no reino e na Nova Jerusalém, a cidade celestial (Ap.
21:18-20; 2 Co. 3:18; Ro. 12:2). Como barro somos vasos;
como pedras vivas construídas somos casa, e como pedras
preciosas faremos parte da cidade de Deus. Na natureza as
pedras preciosas se formam através de um prolongado
processo de altas temperaturas e pressões; algo parecido nos
acontece. (Mt. 16:24) Ninguém quer submeter-se à cruz, e à
negação de seu ego. Mas só a ação da cruz aplicada pelo
Espírito realiza essa transformação. Na Nova Jerusalém não
pode entrar nada que não seja precioso. Para ser precioso tem
que se pagar o preço.

Palha. É o oposto à pedra preciosa. Palha é o que não tem


vida, está seca. A palha é o trabalho e viver proveniente de

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 98


uma fonte terrena. É o proceder de uma alma sem a devida
transformação e vida por parte do Espírito Santo. É quando em
nosso ser natural não somos pedras senão barro. Tudo o que se
constrói com palha, quando não sai de uma vida transformada
pelo Espírito Santo, não está firme, se vai face a qualquer
corrente (Salmo 83:13); tudo se queima fácil (Isaías 33:11).
" Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,13 manifesta se
tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque
está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o
próprio fogo o provará.14 Se permanecer a obra de alguém
que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão;15
se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse
mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo " (1 Co.
3:12-15).

Mas chega o dia do juízo da Igreja. O Senhor virá provar todas


nossas obras; virá a ver como utilizamos nossos talentos. O
que sucede, pois, com os que sobre edificam em ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno e palha? Que o fogo provará
tudo. Esse fogo é o juízo. O fogo do juízo do Senhor à Igreja
em Sua vinda; entra a provar se o que temos sobre edificado
tem sido em ouro, prata e pedras preciosas. Se for assim, em
tudo isso se sai vitorioso, e tem recompensa; uns mais, outros
menos, mas tem, e se entra a participar com o Senhor no
reino. Se for com ouro, prata e pedras preciosas; haverá
recompensa, a qual é o reino milenar. Mas ao chegar aos que
tem edificado em madeira, feno e palha, tudo muda. Mas se
queimar a obra, sofrerá perda do reino, e entrará em uma
disciplina. Haverá, pois, um período de pagar o preço assim
como por fogo (Mt. 5:21-26). Ninguém perde a salvação, mas
tudo isso se queima, pois nada disso foi conforme a Deus.
Então o Senhor diz em sua Palavra:
"Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento
edificou, esse receberá galardão;15 se a obra de alguém se
queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo,
todavia, como que através do fogo " (1 Co. 3:14-15).
Mateus 5:27-30. Se algo é para mim de muita atração e com
ele peco, devo cortar com ele. Está falando à Igreja. Em

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 99


Apocalipse 20:11-14 fala da segunda morte, o Geena. O lago
de fogo é o Geena. O juiz é o Senhor, os meirinhos são os
anjos. Se não te reconcilias com teu irmão agora, vais a passar
uma temporada no lago de fogo até que pagues o último
centavo.

Apocalipse 2:9-11. O que vencer não sofrerá dano da segunda


morte. A primeira morte é a morte física, a separação da alma
do corpo. A segunda morte é a separação da pessoa de todo
contato com Deus e lançado no lago de fogo, a perdição eterna.
Deve-se buscar viver uma vida de obediência e submissão ao
Senhor para ser um vencedor e não sofrer dano da segunda
morte.

Com freqüência há diferença entre servir a Deus e trabalhar


para Deus. Diz o irmão Watchman Nee: "Muitos vão
apressadamente de um lugar a outro para conseguir
fama por suas obras. Não cabe dúvida de que tem
realizado essas obras, mas em realidade não tem servido
a Deus",*(1) pois efetivamente, não têm servido a Deus,
senão ao templo e a seus próprios interesses.
*(1) W. Nee. "O Plano de Deus e os Vencedores". Ed. Vida.
1977. pág. 56.

Quarta promessa
" Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe
darei autoridade sobre as nações,27 e com cetro de ferro as
regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de
barro;28 assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei
ainda a estrela da manhã " (Ap. 2:26-27).
Devemos vencer as três grandes religiões deturpadas que estão
reveladas no livro de Apocalipse: o judaísmo, o catolicismo e o
protestantismo. Estas religiões têm feito dano à Igreja. Por
quê? Devido a que as religiões tem se contaminado com
mistérios e princípios satânicos disfarçados com a aparência de
verdades bíblicas. As organizações religiosas de corte
institucional, ao não guardar as obras do Senhor,
freqüentemente se pervertem e se revestem de um domínio
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 100
mundano e temporário, inclinadas a receber a glória dos
homens, e fazer as coisas abaixo outras diretrizes diferentes
das do Senhor. Mas o Senhor mostra outra alternativa ao
crente: deixar esse caminho autoritário e dominante, deixar de
morar na terra, onde o diabo tem seu trono, e ocupar seu lugar
nos lugares celestiais com Cristo.
Por outro lado, hoje em dia, para o cristão há um grande perigo
na amizade e companheirismo com os mundanos. Pode ser que
a intenção seja às vezes atrair aos incrédulos. Isto, por
inocente que pareça, sempre dá péssimos resultados. Por que é
tão trágico? Porque as pessoas do mundo, em sua cegueira e
obscuridade não permitem que se lhes fale do evangelho; não
lhes interessa, lhes estorva. Como conseqüência os resultados
são inversos: o cristão é submerso em uma luta frente a uma
força que o trata de arrastar aos vícios e costumes próprios do
mundo e do pecado, de onde já o Senhor o tem tirado. Por isso
o vencedor de Tiatira enfrenta às tentações que a ímpia Jezabel
lhes apresenta; é o que faz com perseverança as obras que
agradam ao Senhor.
A carta apocalíptica a Tiatira é uma profecia que se cumpre
com a formação da Igreja Católica Romana. Diz o irmão Lee:
"Em Mateus 13:33 o catolicismo é tipificado por uma
mulher que levedou ‘três medidas de farinha’, que
representam todo o ensinamento acerca do elemento de
Cristo em Sua pessoa e obra. A Igreja Católica aceitou o
ensinamento neo-testamentário, mas a levedou. O pão
sem levedura é difícil de comer"*(2). O vencedor receberá
autoridade sobre as nações, e as regerá com cetro de ferro e as
fará como cacos de barro, da mesma maneira que o Senhor
Jesus tem recebido potestade do Pai celestial no Salmo 2:8-9.
Isto ocorrerá no reino messiânico milenar, em que o crente fiel
participará plenamente no governo das nações, tanto na parte
régia como na judicial. É uma promessa de caráter
escatológico. Em Lucas 19:16-17 diz: "Compareceu o primeiro
e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez.
17 Respondeu-lhe o senhor: Muito bem, servo bom; porque
foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades.".
*(2) Witness Lee. "Os Vencedores". LSM. pág. 67.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 101


Então, aos vencedores de Tiatira Deus lhes promete governar,
reinar e reger as nações com Cristo no Reino vindouro. De
acordo com Mateus 3:2, há dois mil anos veio à Igreja o reino
dos céus, mas pela degradação da Igreja, o cristianismo
convencional é a aparência do reino dos céus descrita nas
parábolas de Mateus 13. Os que vencem ao sistema religioso,
também se relacionam com o Filho varão “Com vara de ferro as
regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro” do Salmo
2:9. Quando estará os vencedores recebendo essa autoridade
de quebrantar as nações como vaso de barro? Durante o futuro
reino do milênio. Por que relaciona o Senhor as nações e o
sistema religioso dominante com vasilhas de barro? Voltemos
ao livro de Gênese.
Satanás e seus seguidores querem imitar a edificação de Deus,
na construção da cidade terrena, Babilônia, e seu sistema
político religioso, não segundo Deus senão segundo o homem,
não com pedras, senão com tijolos (barro cozido modelado pelo
homem). "E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos e
queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o
betume, de argamassa.4 Disseram: Vinde, edifiquemos para
nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e
tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos
espalhados por toda a terra...." (Gn. 11:3-4). Os sistemas
religiosos do homem, tudo o que se encaminha face o
ecumenismo, tudo o que se aparta de Deus, é construído com
tijolos (barro cozido), é destrutível. Fazem-se um nome, com o
agravante de que é um nome efêmero, como todo o que não
sai das mãos de Deus.
Deus está edificando com os vencedores uma cidade celestial, a
Nova Jerusalém, a casa de Deus que é a Igreja, com pedras
vivas e preciosas. O Senhor convida a vencer guardando as
obras de Deus, segundo o plano traçado por Deus, de acordo
com a maquete de Deus. As obras dos homens às vezes são
muito chamativas, Mas enganosas; falta-lhes a autenticidade
estampada na Palavra de Deus. O vencedor é um crente
espiritual, e sabe captar quando as coisas não são de Deus e as
discerne pelo Espírito, e não se aparta da vontade de Deus. Por
isso receberá a mesma autoridade para governar que recebeu o

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 102


Senhor Jesus do Pai. As obras da igreja apóstata se realizam
sob a influência de Satanás.

A estrela da manhã
"E lhe darei a estrela da manhã" (Apo. 2:28).
Aos vencedores de Tiatira o Senhor promete dar-lhes a estrela
da manhã. Qual é essa estrela da manhã? É o Senhor Jesus
mesmo. "Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas
coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a
brilhante Estrela da manhã" (Ap. 22:16).
Na astronomia, a estrela da manhã é Mercúrio, o astro que se
vislumbra na hora mais obscura da madrugada, próxima à
saída do Sol; é como um anúncio de que vem a luz do dia; e
por essa razão o relacionam com o deus romano do mesmo
nome, e com o deus grego Hermes, Arauto de Zeus, o pai dos
deuses do Olimpo. Essa estrela da manhã só pode ser vista
pelas pessoas que madrugam e estejam atentas a contemplá-la
no firmamento. De maneira que podemos entender que o
Senhor Jesus Cristo, em sua segunda vinda e manifestação
gloriosa, será a estrela da manhã só para os irmãos
vencedores, os que não andam adormecidos espiritualmente, e
sim velando e esperando a vinda do Senhor. Para o resto da
Igreja, o Senhor não será a estrela da manhã, mas quando
despertarem de seu sono, Ele será como o sol quando já saiu
para todos. Só aos vencedores não os surpreenderá a vinda do
Senhor como ladrão na noite; ou seja, não os tomará por
surpresa.

Cap. 5. OS VENCEDORES E A JUSTIÇA

O pecado e os pecados
Para ter clareza sobre o real significado do que poderíamos
chamar “nossa justiça própria frente à verdadeira justiça de
Deus”, é supremamente necessário poder distinguir entre o que
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 103
é o pecado e os pecados. O pecado é uma lei ou poder ou
principio que está dentro de nós, em nossa carne, que controla
nossos membros e que nos impulsiona a cometer toda sorte de
atos pecaminosos (cfr. Romanos 7:23), ou seja, os pecados. O
pecado se relaciona com nossa vida natural herdada de Adão
(cfr. Ro 5:19), tanto que os pecados estão relacionados com
nossa conduta, nossas obras, nossos atos. Os pecados são uma
conseqüência do pecado que mora em nós. O pecado gera os
pecados. É verdade que a lei do Espírito de vida em Cristo nos
livra da escravidão dessa lei do pecado; não obstante, um
crente pode seguir servindo a Deus em sua mente, em seu
desejo, mas com a carne seguir servindo à lei do pecado (cfr.
Ro 7:25); de maneira que um crente pode continuar com a
tendência de continuar pecando, e de fato todo crente peca.
O que acontece com esses pecados dos crentes depois de
serem salvos? Se o crente os confessa e se aparta, lhe são
perdoados por Deus pela justiça do Senhor Jesus (1 Jo 1:9); do
contrário, esses pecados serão tratados por Deus nesta era da
Igreja ou durante o reino milenar, como estamos expondo no
presente trabalho. Há de se ter presente que ainda que
sejamos santos em Cristo, e temos recebido uma salvação
completa pela graça mediante a fé no Senhor Jesus,
entretanto, seguimos sendo pecadores. Deus é justo. Uma vez
somos salvos pela graça, entramos a ser Seus filhos e
colaboradores, e todo o resultado de nosso trabalho será
recompensado, mas assim mesmo disciplinados se o resultado
é negativo.
Não só basta tratar com os pecados em si, como a lascívia,
auto-estima, desafeto, infidelidade e muitos outros, tem que se
tratar com o pecado maior, o verdadeiro produtor de pecados;
de faltas em nossa conduta diária, e que seu tratamento só
pode levar a cabo com a cruz e uma íntima comunhão com o
Senhor Jesus, e relação de inteira confiança, até que sejamos
liberados do pecado, esse principio natural herdado que nos
faze pecar.

Entre os aspectos do perdão, o primeiro é o perdão para


salvação. Ao salvar-nos, Deus nos perdoa eternamente; mas já
como filhos de Deus, voltamos a pecar, e isso não significa que

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 104


perdemos nossa salvação, mas se perdemos nossa comunhão
com Deus, de maneira que necessitamos um novo perdão para
restaurar a comunhão com Deus. Nossos pecados passados já
têm sido perdoados; nossos pecados presentes também podem
ser perdoados se os confessarmos, se nos arrependermos,
apartando-nos da situação que nos tem envolvido no pecado,
fazemos a devida restauração, reparando o dano causado, em
fim, arrumando devidamente nossos assuntos, e assim
restauramos nossa comunhão com Deus; mas tenhamos em
conta que somos filhos de Deus e que, como tais, temos nossas
responsabilidades. De maneira que há perdão para salvação e
perdão para restaurar a comunhão.
Quando os hebreus foram liberados da escravidão do Egito pelo
sangue do cordeiro pascal, essa liberação foi irreversível,
jamais voltaram à escravidão egípcia, mas depois, já como
povo de Deus, deviam estar oferecendo sacrifícios expiatórios
por seus pecados. Não somos responsáveis pela salvação que
já temos recebido por graça, porque é um presente de Deus;
nem tampouco Deus nos pede que preservemos agora essa
nossa salvação eterna com base em nossos próprios méritos e
nossas boas obras. A salvação é um presente, não um crédito
que tenha que pagá-lo depois; a salvação não é como um
eletrodoméstico comprado a crédito, que se não pagas às
parcelas, eles podem tirá-la de ti. Tudo é gratuito. Em
Apocalipse 22:17b, diz: " Aquele que tem sede venha, e quem
quiser receba de graça a água da vida". Nossas
responsabilidades agora não se referem a nossa salvação
eterna, senão à salvação de nossa alma com relação ao reino
milenar, às coroas, aos prêmios e recompensas, ou a... A
disciplina dispensacional.

A justiça de Deus
Levamos em conta que Deus não nos salva sem tratar com os
pecados conforme a lei, já que está por meio da Sua justiça; ou
seja, Deus nos salva legalmente. Na cruz recaiu em Cristo todo
o peso da lei de Deus, e o Senhor Jesus veio ser nossa justiça.
Se Deus passasse por alto a obra de Cristo na cruz para salvar-
nos, violaria sua Justiça. Deus quer que nossa salvação seja
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 105
totalmente ajustada à lei. Qualquer que creia em Seu Filho é
justificado por Deus; uma salvação sem sombra de dúvida,
legal, aprovada, vicária. Muitos se esforçam por buscar uma
salvação errada, fraudulenta, comprada com dinheiro ou com
obras de justiça própria. O faz assim Deus? Não. Deus nos
salvou "não por obras de justiça praticadas por nós, mas
segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar
regenerador e renovador do Espírito Santo " (Tt. 3:5). Deus nos
salva legalmente, mas nos salva também aparte da lei. A lei de
Deus nos condena, mas Deus nos salva por Sua graça em Sua
Justiça. Desde antes da fundação do mundo, Deus se
comprometeu a nos salvar por meio de Seu próprio Filho. Diz
Watchman Nee:
"O que é a justiça de Deus? A justiça de Deus é a
maneira em que Ele faze as coisas. O amor é a natureza
de Deus, a santidade é a disposição de Deus e a glória é
Deus mesmo. Entretanto, a justiça é o procedimento de
Deus, Sua maneira e Seu método. Posto que Deus é
justo, Ele não pode amar ao homem só com seu amor.
Ele não pode conceder graça ao homem só porque quer.
Ele não pode salvar ao homem por que Seu coração lhe
disse. É verdade que Deus salva ao homem porque o
ama. Mas Ele deve fazê-lo conforme a Sua justiça, Seu
procedimento, Seu nível moral, Sua maneira, Seu
método, Sua dignidade e Sua majestade". (Watchman
Nee. O Evangelho de Deus. Tomo I. LSM. 1994. pág.90).
Vemos, pois, que Deus, para nos salvar, pelo fato de que nos
ama, não toma uma atitude tolerante frente ao pecado. Para
salvar-nos, o amor de Deus não trabalha sem justiça. Os
pecados dos homens devem ser julgados. Enviando a Seu Filho,
ao Senhor Jesus, a que encarnasse e morresse por nós na cruz
e carregasse os nossos pecados, Deus satisfaz Seu amor e Sua
justiça. Para nos salvar, deve haver um equilíbrio entre o amor
e a justiça de Deus. De maneira que enquanto a nossa posição
de salvos e filhos de Deus, já nós fomos julgados na cruz com
Cristo. Nós recebemos a salvação como um presente, mas Deus
pagou um altíssimo preço por esse presente.
No Antigo Testamento, o sumo sacerdote entrava uma vez ao
ano no Lugar Santíssimo do tabernáculo; ali estava a arca do

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 106


pacto, em cuja coberta, o propiciatório, vertia o sangue dos
animais sacrificados, para achar graça de Deus por seus
próprios pecados e os do povo. Agora Jesus se tem convertido
em propiciatório e Sumo Sacerdote à vez, oferecendo Seu
próprio sangue para que nós venhamos pela fé a Deus. Isto o
fez Deus à parte da lei; porque se Deus manifesta Sua justiça
com base na lei, todos teriam que pagar com a morte eterna.
Quão desgraçados seríamos! Não agradamos a Deus mediante
nossa própria justiça. O legalismo e o judaísmo levam às
pessoas a estabelecerem sua própria justiça, mas a Palavra de
Deus não aprova este procedimento. Por exemplo, lemos em
Romanos 10:3-4: "3 Porquanto, desconhecendo a justiça de
Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se
sujeitaram à que vem de Deus.4 Porque o fim da lei é Cristo,
para justiça de todo aquele que crê". Há pessoas que se
esforçam por praticar o bem a fim de apresentarem-se justos
diante de Deus; mas Deus tem estabelecido Sua própria justiça
na obra que Deus cumpriu em Seu próprio Filho, o Senhor
Jesus, e a essa justiça devemos nos sujeitar a fim de sermos
salvos.
Nossa própria justiça não é suficiente; pelo contrário, nossa
própria justiça nega a eficácia da obra do Senhor na cruz. Com
base na obra de Cristo na cruz, Deus nos dá total confiança e
segurança de que somos salvos eternamente. Na obra de Cristo
na cruz se manifesta a justiça de Deus a favor de nós. Ele tem
se comprometido nele firmemente por meio de um pacto
eterno. Deus jamais invalida Seus pactos.

Nossa justiça objetiva


Nossa justiça objetiva é Cristo, e por Ele somos justificados
diante de Deus quando cremos. Ele morreu na cruz para que
todo o que creia Nele seja salvo, e todas as transgressões
cometidas no passado são perdoadas, e renascemos em nosso
espírito, recebendo a vida de Deus em nós. Lemos em 1
Coríntios 1:30: " Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se
nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção". Também em Romanos 3:26 diz a
Escritura:
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 107
" tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo
presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que
tem fé em Jesus". No Calvário o Senhor nos justificou; agora
vivendo em nós, Ele nos faz justos. Cristo é nossa justiça
diante de Deus por meio da fé. Lemos em Romanos 3:20-26: "
20 visto que ninguém será justificado diante dele por obras da
lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do
pecado.21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus
testemunhada pela lei e pelos profetas;22 justiça de Deus
mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que
crêem; porque não há distinção,23 pois todos pecaram e
carecem da glória de Deus,24 sendo justificados
gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em
Cristo Jesus,25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como
propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por
ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados
anteriormente cometidos;26 tendo em vista a manifestação da
sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o
justificador daquele que tem fé em Jesus".
Alguns buscam ser justificados diante de Deus observando a lei
e cumprindo mandamentos, mas vemos no verso 20 que isto é
impossível. Então, como nos justificamos diante de Deus? Por
meio da fé em Jesus Cristo, e o objetivo da fé é o próprio
Cristo. A fé é como uma semente semeada no homem, que o
Espírito Santo faz desenvolver para que o homem creia no
Senhor Jesus, e seja justificado pela obra de Cristo na cruz.
Cristo é a justiça de Deus. Não há outra. Não crer em Cristo
nos separa de Deus eternamente. A justificação que temos em
Cristo se baseia na graça de Deus, e não tem nada que ver com
nossas próprias obras. O sangue de Jesus Cristo nos tem
justificado. Nunca temos tido nada a oferecer a Deus que saia
de nós, porque nada bom tem havido em nós diante de Deus;
de maneira que a Deus só podemos oferecer o sangue de Seu
próprio Filho, a qual é o único que nos pode justificar quando
somos salvos. A base para lutar e ser vencedor, é o sangue do
Senhor Jesus, em seu justo valor, não nossa própria justiça
nem méritos, nem progressos espirituais. A justiça objetiva se
relaciona com a salvação do crente, em tanto que a justiça

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 108


subjetiva se relaciona com a vida vitoriosa do crente. A
primeira tem a ver com a obra de Cristo na cruz, e a segunda
com a vida de Cristo em nós. A primeira precede e determina a
segunda.

Nossa justiça subjetiva


Somos chamados a ser a imagem de Cristo. Como se consegue
isso? Deus tem um nível de vida que quer que nós vivamos,
mas acontece que nós não podemos viver. Não temos essa
capacidade; não podemos viver o nível de vida exigido por
Deus. Só Cristo pode viver. Cristo vive esse nível de santidade,
de obediência, de fidelidade, de sofrimento. Cristo é tido às
vezes como um modelo para nós, mas nós não temos
capacidade para imitá-lo; ninguém pode imitar a Cristo. Cristo
é o nível de vida para o cristão normal, o vencedor. Então,
quem pode satisfazer esse nível de vida de Deus? O único que
pode satisfazer essa demanda de Deus é Cristo; de maneira
que se não é Cristo vivendo Sua própria vida em ti, tu nunca o
lograrás. Diz Paulo em Gálatas 2:20: " logo, já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora,
tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e
a si mesmo se entregou por mim ".
Isso de que há crentes que não pecam, não tem respaldo
bíblico nem se cumpre na vida real. Todos somos pecadores, de
modo que por nós mesmos não podemos satisfazer a
expectativa de Deus. O que fazer? Nosso eu deve morrer; é
necessário que seja Cristo vivendo em nós. Não se trata que eu
viva como Cristo, que o imite, e sim que Cristo esteja vivendo
Sua vida em mim. "Porquanto, para mim, o viver é Cristo"
(Fp.1:21), dizia Paulo; não minha própria vontade, nem a lei,
nem os ritos, nem as obrigações religiosas, nem meu mérito
depende de que seja membro de determinada religião; meu
viver é Cristo, porque Ele e eu somos uma só pessoa; "não
tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é
mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus,
baseada na fé" (Fp 3:9); ou seja, se meu viver é Cristo, não
agrado a Deus por guardar alguma lei, nem por meus esforços

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 109


pessoais, senão por uma união orgânica com Cristo por meio de
nossa fé Nele.
Em Apocalipse 19:8 fala dos atos de justiça dos santos. Ali diz:
"pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e
puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos
". Estes atos de justiça dos santos vencedores são subjetivos;
isto só se logra pela vida de Cristo no crente. Diz em Mateus
6:33: "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas". A vida
eterna se recebe pela fé, pela graça de Deus em Cristo, mas o
reino se obtém cumprindo uns requisitos exigidos pela justiça
do Pai. O reino de Deus tem seus próprios princípios, muito
mais estritos que os da antiga lei mosaica, a praticada pelos
escribas e fariseus. Diz em Mateus 5:20: "Porque vos digo que,
se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e
fariseus, jamais entrareis no reino dos céus". Esta é nossa
justiça subjetiva, relacionada com nossa íntima comunhão com
Cristo em nós. Quem quer participar no reino dos céus, isso
depende de sua própria vontade, que esteja disposto a permitir
ao Espírito Santo que trabalhe para que, uma vez perdida a
nossa alma aqui, possamos começar a viver a realidade do
reino desde agora. Para participar no reino futuro, é necessário
estar participando desde agora em obedecer seus princípios.
A vida religiosa dos fariseus aparece nas Escrituras revestida de
aparência de piedade. Trata-se de meras vestiduras religiosas.
A hipocrisia se costuma revestir de aparência de piedade. A
Escritura fala da manifestação nos últimos tempos de homens
amadores de si mesmos; e por certo serão religiosos, porque 2
Timoteo 3:5 diz que "tendo forma de piedade, negando-lhe,
entretanto, o poder. Foge também destes.". O que acontecerá
com os crentes com aparência de piedade? Isso o contesta
Mateus 7:21-23: "21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de
meu Pai, que está nos céus.22 Muitos, naquele dia, hão de
dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?23
Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-
vos de mim, os que praticais a iniqüidade".

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 110


Note que para entrar no reino dos céus temos que fazer a
vontade do Pai celestial; não uma mera aparência. Se não
obedecemos, ou simplesmente nos deleitamos em fazer nossa
própria vontade, não seremos aprovados no dia do Senhor. Há
um afã desmedido por crescer em muitas coisas, mas o
verdadeiro crescimento espiritual experimentamos na medida
em que minguamos.
Por que Deus nos tem escolhido? Diz a Escritura: "Entretanto,
devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados
pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para
a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (2 Ts.
2:13).

"4 assim como nos escolheu nele (Cristo) antes da fundação


do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e
em amor5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos,
por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua
vontade " (Ef 1:4-5). Deus Elege as pessoas porque encontra
nelas algo especial? Não; em nossa eleição o que entra em jogo
é a vontade e a graça soberanas de Deus. Deus é amor, e esse
amor se põe em ação por sua misericórdia, vendo o homem
perdido, e manifesta sua graça em Cristo produzindo nossa
salvação. Deus tem misericórdia de quem quer ter
misericórdia; Ele é soberano. Primeiro elege a Isaque ao invés
de Ismael; logo a Jacó ao invés de Esaú; e o Senhor escolhe a
Jacó com conhecimento de que ia ser uma pessoa
supremamente egoísta; entretanto, lhe dá as promessas, o
aperfeiçoa (Fp 1:6) e faz dele um instrumento espiritual (Jo
6:39).
A nós nos conheceu em forma especial desde o princípio, e nos
predestinou; chegado o momento nos chamou, nos justificou
por Seu Filho e por último nos glorificou. Agora vive em nós e
quer engrandecer-se em cada um de nós. Quando Cristo se
engrandece em ti, é porque tua vida é iluminada por Deus, e
começas a ver as coisas como Deus as vê.

A quinta promessa
"O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 111
modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo
contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante
dos seus anjos" (Ap. 3:5). O versículo anterior faz parte da
carta à igreja local de Sardes. Como profecia que é; Sardes
representa o protestantismo, ou seja, um cristianismo de
sistemas mortos (Apocalipse 3:1b), onde tem que vencer uma
morte que não conclui, onde abunda a vida artificial, e isso é
devido a que no protestantismo os membros do Corpo de Cristo
têm suas funções anuladas porque não há vida. Os membros
que são olhos, não vêem; os que são pés, não caminham,
estão atrofiados. Tu podes observar uma congregação
denominacional, e por grande e numerosa que seja a
membresia, a grande massa se contenta com assistir à reunião
dominical, como quem assiste a missa; só são ativos o pastor e
uns poucos achegados. Ao haver se oficializado o nicolaísmo
em Tiatira, posteriormente Sardes herdou que só o pastor e
seus convidados especiais podem falar nas reuniões; os demais
estão restringidos porque são laicos; e todo membro do corpo
que não se usa, se vai atrofiando e suas funções vão se
aniquilando, e se experimenta uma morte que jamais termina.
É necessário vencer a morte espiritual.
Dentro dos sistemas religiosos do protestantismo prevalece um
estado latente de morte organizacional. As organizações são
sectárias, pois rompem a expressão da unidade do Corpo de
Cristo, então, de fato nascem mortas, sem a vida de Deus, mas
individualmente os cristãos que agora fazem parte das
mesmas, podem vencer essa situação e andar de acordo com a
vontade de Deus. Ao ser vencedor, ao ter a disposição
permanente de obedecer e ser fiel ao Senhor, o crente será
objeto de um prêmio no reino vindouro. De acordo com o andar
nesta era da graça, com a obediência ao Pai, com o sofrimento
por causa de Cristo, com o renunciar o mundo e seus deleites,
com a fidelidade ao nome do Senhor Jesus Cristo e não a outro
nome, assim será a retribuição na era do reino. Aqui aparecem
três recompensas para os vencedores de Sardes, os do período
que representa o sistema denominacional: (1) Vestiduras
brancas, (2) não serão apagados seus nomes do livro da vida e
(3) serão confessados seus nomes diante do Pai celestial e
Seus anjos.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 112


Vestiduras brancas
Algumas pessoas em Sardes não têm contaminado suas
vestiduras; isso significa que seu andar e seu viver o têm feito
na apropriada aprovação do Senhor; não há contaminação de
morte em suas vestiduras. Se tu vives agora na vida de Cristo,
e não contaminado com a morte das organizações protestantes,
tens parte com Ele em Seu reino. Pode que neste momento
faças parte de una organização religiosa com nome, mas teu
espírito esta em uma disposição de comunhão do Corpo de
Cristo, em vigilância, de fidelidade e obediência em teu andar
com o Senhor. As do cristão são duas vestiduras diferentes. A
vestidura do verso 4, representa ao Cristo que nos salvou,
Cristo como nossa justiça, que nos reveste de Sua justiça, que
recebemos e que vem a nós dando-nos a vida de Deus, sendo
feito para nós justificação, redenção e salvação em forma
objetiva; de maneira que é uma vestidura objetiva " Mas vós
sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de
Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1 Co.
1:30). Ao sermos justificados recebemos uma vestidura de
justiça objetiva: "O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei
depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e
sandálias nos pés" (Lucas 15:22), a qual é diferente de nossas
ações justas determinadas pela vida de Cristo em nós.
A vestidura de Apocalipse 3:5 representa o Cristo que mora em
nós, que vivemos em nosso andar, nossa justiça subjetiva, pela
qual possamos dizer como Paulo: "21 Porquanto, para mim, o
viver é Cristo, e o morrer é lucro. e ser achado nele, não tendo
justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé
em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Fp.
1:21; 3:9). Levemos em conta que em nós não há justiça
própria, pois fora de Cristo, nenhuma pessoa humana é justa
por si mesma. Cristo "não por obras de justiça praticadas por
nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o
lavar regenerador e renovador do Espírito Santo" (Ti. 3:5). As
vestiduras de linho fino de Apocalipse 19:8, são as atos de
justiça dos santos, subjetivos, o que reflete a vida de Cristo em
nós; mas isso não se deve confundir com a justiça que
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 113
recebemos quando fomos salvos, que é Cristo (1 Co. 1:30), e
que é uma justiça objetiva.
Diz Mateus 22:11-14: " 11 Entrando, porém, o rei para ver os
que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia veste
nupcial12 e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem
veste nupcial? E ele emudeceu.13 Então, ordenou o rei aos
serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas
trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.14 Porque muitos
são chamados, mas poucos, escolhidos". Na parábola das bodas
encontramos a alguém que assistiu às bodas, em sua qualidade
de salvo que era, mas não estava vestido com o vestido de
linho fino, bordado, limpo e resplandecente próprio dos
vencedores; de maneira que foi atado e lançado
temporariamente às trevas exteriores. Como salvo que era, já
tinha o vestido da justiça objetiva de Cristo; tanto é assim que
logrou entrar às bodas, mas não permaneceu nela gozando e
desfrutando do reino dos céus, porque não estava vestido com
sua vestidura de justiça subjetiva, o bordado mencionado no
Salmo 45:14, o de seu andar em vida com Cristo. Lemos em
Romanos 8:30 que aos que Deus predestinou para ser salvos, a
estes chamou, ou seja que todo salvo é chamado; mas não
todos os chamados são escolhidos para receber a recompensa
no reino.

Não serão apagados os nomes dos vencedores


Muitos mestres da Bíblia ensinam que ser apagado o nome de
alguém do livro da vida significa que essa pessoa era salva e
perde a salvação. Já temos lido nas Escrituras que o que crer
no Senhor Jesus Cristo tem vida eterna, sem que tenha que
fazer nada para ganhá-la ou perdê-la, pois é um presente (Jo
3:16; Ro 6:23; Ef 2:8,9), e seu nome foi incluído no registro
divino de todos os predestinados para serem salvos desde
antes da fundação do mundo (Ef 1:3,4). O nome do vencedor
não será apagado do livro da vida. E o dos demais salvos? Para
entender isto é necessário saber que existe um livro nos céus
onde tem sido escritos os nomes de todos os santos escolhidos
por Deus e predestinados para participar das bênçãos que Deus
tem preparado para eles; as quais são dadas na era da Igreja,
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 114
logo durante o milênio depois que o Senhor regressar, e por
último na eternidade, no novo céu e a nova terra. Então, o que
acontecerá?

Seus nomes serão confessados diante do Pai celestial e


diante de Seus anjos. No protestantismo há diversidade de
nomes de organizações, missões, ministérios e doutrinas; e
muitos têm preferido rotular seu cristianismo com tais nomes,
ainda por cima do nome do Senhor. Muitos preferem chamar-se
católicos, anglicanos, adventistas, batistas, presbiterianos,
metodistas, wesleyanos, pentecostais, carismáticos,
quadrangulares. A esse respeito disse Watchman Nee:
" No começo do reino, frente ao tribunal, os anjos de
Deus levarão os cristãos diante de Deus. O livro da vida
estará ali. No livro da vida estão escritos todos os nomes
dos cristãos. Haverá muitos anjos e muitos cristãos. O
Senhor Jesus também estará ali. Um ou mais anjos lerão
os nomes do livro da vida, e o Senhor Jesus confessará
alguns dos nomes. Aqueles nomes que Ele confessar,
entrará no reino. Quando os nomes de outros forem
lidos, o Senhor não dirá nada; em outras palavras, Ele
não confessará seus nomes. Então os anjos marcarão
estes nomes; portanto, os nomes dos vencedores estarão
limpos no livro da vida. Um grupo não tem seus nomes
inscritos no livro; outro grupo tem seus nomes escritos,
mas seus nomes estão marcados; e o terceiro grupo, na
era do reino, tem seus nomes preservados na mesma
forma em que foram escritos a primeira vez". (Watchman
Ne. O Evangelho de Deus. LSM. 1994, pág. 476).
"alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim
porque o vosso nome está arrolado nos céus" (Lc. 10:20b). Não
é necessário que nossos nomes estejam registrados nos livros
das organizações eclesiásticas. Devemos estar seguros de
nossa salvação em Cristo Jesus. Estás tu seguro de tua
salvação? No caso de que não estejas seguro de tua salvação, a
que se deve isso? O Senhor nos dá a segurança de nossa
salvação. " 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as
conheço, e elas me seguem.28 Eu lhes dou a vida eterna;
jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão "

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 115


(Jo. 10:27,28). Se teu nome está escrito no livro da vida, agora
és objeto de muitas benção, tais como a redenção, o perdão
dos pecados, a vida eterna, a regeneração, a natureza de Deus,
a santificação, a renovação, a justificação e outras. Se durante
o tempo da graça, enquanto vives nesta terra, tu cresces em
tua vida espiritual, amadureces, cada dia é fortalecido teu
homem interior, e o Espírito te dá testemunho de que és um
vencedor, se teu andar é com Cristo e teu eu experimenta cada
dia a ação da cruz, e vai minguando, então o Senhor não
apagará teu nome durante o juízo da Igreja, senão que como
prêmio o Senhor te permitirá participar com Ele no reino
milenar, incluindo as bênçãos de Seu gozo e repouso, e serás
vestido de vestiduras brancas de acordo a como houveres
andado nesta era. "Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom
e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no
gozo do teu senhor " (Mt. 25:21).
O Senhor tem vindo a viver dentro de nós, em nosso espírito,
para Ele poder viver Sua vida e realizar Sua obra. Nós somos
seus colaboradores; mas nesta era da Igreja, em meio deste
chamativo mundo, alguém, como humano, necessita de certos
incentivos para poder cooperar com a graça de Deus e fazer a
correta e verdadeira obra do Senhor na construção da Igreja; e
o único que nos pode incentivar é o Senhor. Por isso é
necessário ver isto com toda a seriedade.
Diz a Escritura: "desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor;
13 porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:12b-13). Se refere
à salvação diária, não à eterna; é Cristo vivendo em nós,
operando em nós por Seu Espírito, e isto inclui obediência;
porque o Senhor põe dentro de ti o querer, e fora de ti o fazer;
é algo de dentro para fora; de teu espírito para a tua alma,
onde está tua mente, tua vontade, tuas emoções, e logo de tua
alma a teu corpo, para que todo teu ser entre em ação; mas se
tu não avanças com Ele, se te contentas de pronto com ser um
crente a mais na multidão, um menino na vida espiritual; se
não te interessa vencer sobre o que ocorre em teu entorno
religioso, se negas o nome do Senhor por exaltar o nome de
alguma organização religiosa ou de algum proeminente líder

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 116


religioso, ou a ênfase de uma doutrina em especial tem te
deixado sectário, então teu nome é apagado do livro da vida
durante a dispensação do reino e não terás participação com o
Senhor nele mesmo, nem receberás as bênçãos para esse
tempo. Significa isso que perdem a salvação? De maneira
nenhuma; senão que durante esse tempo, os que não
houverem vencido, serão disciplinados como o servo mal que
foi lançado às trevas exteriores, e desse castigo não sairá até
que tenha alcançado a maturidade necessária para participar
das bênção que Deus tem prometido para a eternidade na Nova
Jerusalém, quando seus nomes serão escritos novamente no
livro da vida. Quais são essas bênçãos eternas? O reinado
eterno com Deus na Nova Jerusalém, o sacerdócio eterno, a
árvore da vida, a água da vida.
" 3 Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono
de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão,4
contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele.5
Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de
candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará
sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos. 14 Bem-
aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue
do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e
entrem na cidade pelas portas. 17 O Espírito e a noiva dizem:
Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede
venha, e quem quiser receba de graça a água da vida" (Ap.
22:3-5,14,17).
Nem todos serão vencedores. Parece ser que os vencedores são
uma minoria. Há pessoas que dizem que andam na luz, mas a
realidade demonstra que andam em trevas (1 Jo 2:8,9).
Surpresas se darão! Os nomes dos vencedores também serão
confessados pelo Senhor diante do Pai e de Seus anjos na era
do reino milenar na terra. A experiência nos diz que é
agradável para muitas pessoas que seus nomes sejam
confessados diante de altas personalidades e figuras de certo
prestígio. Isso tem algo a ver com o estado em que se encontra
a cristandade? Desde suas raízes a história do protestantismo
se tem visto relacionada com a vinculação de altos
personagens, imperadores, reis, príncipes, eleitores, prelados,
dignitários políticos e religiosos, que vão abrindo passo e

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 117


escalando certas posições as vezes por meios não bíblicos,
como o da política e as contendas belicosas. Mas a casa
construída pelos homens, e usando métodos humanos, será
deixada deserta (cfr. Mateus 23:38). A chave é Deus em nós
em Cristo e por Seu Espírito. Um crente não tem nenhum
motivo para gloriar-se; não importa que seja muito sábio ou
muito ignorante; não importa a posição que ocupe no mundo
religioso; se tudo tem feito o Senhor, se em algo devemos
gloriar-nos é no Senhor.

Cap. 6: OS VENCEDORES E A IGREJA

Os vencedores ante o fracasso da Igreja


Solidarizo-me com os que afirmam que «a Igreja forma o
centro do universo e a razão de ser da criação».*(1) O
que pensava Deus quando criou o universo? Diz Zacarias
12:1b: "o SENHOR, o que estendeu o céu, fundou a terra e
formou o espírito do homem dentro dele". Eis aí o centro da
atenção do Senhor, eis aí o mais importante para o Criador, o
espírito do homem regenerado, a Igreja, onde fará Sua morada
eterna. Isso é mais importante para Deus que todas as grandes
galáxias juntas.
*(1) Daniel Ruíz Bueno. Pais Apostólicos. BAC. 1985.
Pág. 929.

De acordo com Gênesis 1:26-27 e Romanos 5:14, Adão foi


criado à imagem de Cristo; mas o homem caiu e perdeu essa
imagem. É agora na era da graça e pela redenção de Deus em
Cristo, que o homem redimido volta a ser a imagem de Cristo
(Romanos 8:29); é a Igreja, o conjunto de todos os
predestinados por Deus para que participem desta salvação tão
grande. Ante a rebelião de Satanás primeiro e a queda do
homem depois, o plano eterno de Deus de reunir todas as
coisas em Cristo, e que todas as coisas manifestassem a glória
de Cristo, e que o homem fosse semelhante a Cristo, esse
plano sofre demora; e por ele é necessário que o Filho de Deus

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 118


se encarne na história, nasça e cresça como todos os homens e
faça Sua obra na cruz, morrendo por nós e ressuscitando
gloriosamente, segundo o antecipado conselho de Deus, e
vença. O Senhor Jesus é o primeiro vencedor. Ao derramar sua
vida na cruz, e por meio de Sua poderosa ressurreição e
gloriosa ascensão, o Senhor da vida à Igreja, a qual é chamada
a se manter na vitória de Cristo na cruz. Cristo, o Cabeça, no
Calvário venceu e atou a Satanás; e o Senhor quer que Seu
Corpo, a Igreja, todo o tempo que permanecer na terra,
mantenha e demonstre a vitória da cruz, e para ele é
necessário que a Igreja amarre a Satanás em todo lugar.
Satanás tem se interessado muito em que a Igreja, seus
membros, ignore que Cristo já venceu na cruz do Gólgota, e
que essa vitória é nossa, onde nos devemos manter firmes. A
Igreja está chamada a proclamar e viver essa vitória do Senhor
sobre as forças das trevas. Sabemos que muitos irmãos vivem
prostrados, crendo que suas próprias forças lhe darão a vitória.
Mas a Igreja historicamente tem fracassado; isto vem
ocorrendo desde o período primitivo. Desde os tempos
apostólicos começaram as falhas; com a perda do primeiro
amor começou o declínio. A Igreja gradualmente foi
experimentando suas falhas, primeiro manifestadas em
algumas pessoas, e depois caiu comprometida com o mundo
em tempos de Constantino o Grande, imperador romano;
houve um matrimônio desigual que se consolidou nos tempos
do imperador Teodósio o Grande (379-395), veio das alturas
com Cristo a morar na terra, até que definitivamente foi infiel
ao Senhor. A Igreja é o Corpo místico de Cristo; Ele como
Cabeça, sofre as feridas do Corpo e, como o corpo humano,
através da história a Igreja tem sido atacado por inumeráveis
germes e pragas malignas com que Satanás tem desejado
acabar com a igreja. A Igreja tem sido atacada por legiões de
demônios que a vão contaminado com a falta de amor ao
Senhor e aos irmãos, falta de fé e esperança nas promessas de
Deus conforme as Escrituras, com heresias, gnosticismo,
ataques por parte do judaísmo e o legalismo, com o
desconhecimento dos princípios bíblicos, com incontáveis
divisões, com perseguições, união com o mundo, com
cesaropapismo, com sincretismo, idolatria, por meio da

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 119


inquisição, o nicolaísmo, a mariolatria, o denominacionalismo e
as doutrinas de demônios, com as forças psíquicas latentes na
alma e a teologia da prosperidade, com o evangelho das
ofertas, com o cepticismo e a incredulidade, com o farisaísmo e
a aparência de piedade, com sedução com princípios e práticas
esotéricas, e por último com o ecumenismo e a globalização da
religião.
Mas a Igreja, apesar de que tem chegado a estar gravemente
enferma, tem saído triunfante, porque as portas do Hades não
prevalecerão contra ela, e depois do grande cativeiro e de
passar pelo vale da sombra da morte, chegou a hora de brotar
loução como as flores na primavera, mas desafortunadamente
nem toda a Igreja tem estado comprometida, e nem toda ela é
a portadora dos anticorpos, senão que só os vencedores
estarão preparados para a grande batalha final. É como a
vanguarda da Igreja. Desde o começo, e ante o fracasso da
Igreja, surge a necessidade de que a responsabilidade recaia
sobre uns poucos, os vencedores. Só com os vencedores, os
que já tem recobrado a imagem de Seu Filho, Deus porá Seus
inimigos por estrado dos pés de Cristo (Mateus 22:44), quem
tem a preeminência em tudo. O resto, a grande massa da
Igreja quer glorificar a si mesma e jactar-se de seu trabalho e
de suas conquistas. É mais saudável que trabalhes para o
Senhor sem esperar nada para ti; si estás esperando algo, não
tens matado a ti mesmo. Se isso está te ocorrendo, conta-te
entre os eliminados do reino. É preciso que Deus nos vença por
meio da cruz.
O Antigo Testamento está cheio de tipos e figuras de Cristo e a
igreja. Por exemplo, a Escritura, falando da construção do
tabernáculo no deserto sob a liderança de Moisés, diz que a
coberta exterior desse templo portátil era confeccionada com
peles de texugos (cfr. Êxodo 36:19). A esse respeito citamos
um comentário do irmão Witness Lee, tendo em conta que o
tabernáculo era só um tipo da legítima Igreja do Senhor.
"Depois da capa de peles de carneiro tingidas de
vermelho, está a quarta capa, a qual vem a ser a capa
externa. Esta coberta está formada de peles de texugo
ou de marsopas, as quais são muito fortes; podem
resistir a qualquer classe de clima, qualquer classe de

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 120


ataque. A coberta exterior não é muito atrativa em
aparência e é algo tosco. Hoje em dia, exteriormente
Cristo não é tão agradável para as pessoas mundanas;
Ele simplesmente se assemelha à forte pele de texugo,
que não tem atrativo em sua aparência exterior. Mas
ainda que Ele não seja muito atrativo por fora, por
dentro Ele é formoso, maravilhoso e celestial. Ele não é
como o cristianismo de hoje, que tem edifícios imensos e
formosos; exteriormente são muito imponentes, mas
interior e espiritualmente são desagradáveis, vazios e
algumas vezes corruptos. As organizações cristãs
mundanas são verdadeiramente feias. No interior da
igreja apropriada, do edifício de Deus, há algo celestial e
belo, ainda que exteriormente seja humilde e tosco, sem
atrativo nem beleza". (Witness Lee. A Economia de Deus.
LSM. 1990. pág. 204).
O cristianismo perfila-se através de duas correntes. Por um
lado, há um cristianismo religioso, nominal, professo e até com
aparência de piedade; claro, com uma variante gama de
autenticidade; que ao mesmo tempo em que podem estar
anelando estar bem com Deus, também podem estar se
inclinando a olhar com simpatia o mundo circundante e seus
enganosos prazeres. São os que não costumam desejar
comprometer-se com Deus. Mas detrás desse cristianismo
veleidoso, há outra realidade, a dos lutadores, os que sabem
que com Cristo são vitoriosos, os que esperam a vinda do
Senhor e Seu reino com Ele. São os que têm se comprometido
com Cristo até a morte; são os que são guiados pelo Espírito de
Deus, porque conhecem e estão familiarizados com Sua voz e a
estimam. São os que já não vivem para si mesmos, senão para
Aquele que dentro deles habita e ordena, porque têm
consciência que ofertou Seu próprio sangue pela vida da Igreja,
e nos fez livres do que escraviza aos homens e quer destruir o
rebanho do Senhor. São os que tem consciência que nossa
verdadeira causa, vida e fortaleza é Cristo; são os que sabem
que os demais saem sobrando. São os que sabem que tudo o
que está relacionado com este mundo de pecado, com nossa
própria carne e com Satanás, nos impede de um autêntico
crescimento espiritual. São os que estão conscientes de que

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 121


chegou a hora em que tem que deixar de julgar à Igreja. São
os que não põem em primeiro lugar às “demais coisas” senão
ao Senhor. Freqüentemente essas duas correntes cristãs não se
identificam uma com a outra, nem se entendem, e até tem sido
antagônicas na história. Dá-se o caso de que se um vencedor
trata de ajudar a um irmão caído, ou a um irmão cego à
realidade do Senhor, ou a um irmão egocêntrico, este o recusa
e o apelida de fanático ou extraviado. E até o persegue.
A partir da regeneração dos membros do Corpo de Cristo; a
Igreja já vive dentro da esfera do reino de Deus, e como em
todo reino, no reino de Deus há claras normas de governo e de
disciplina, e é necessário que todos os redimidos sejamos não
só governados e disciplinados, senão também treinados para
governar com Cristo na eventual manifestação do reino dos
céus.
Este é o tempo em que, de acordo com o sermão do monte de
Mateus 5-7, a Igreja, como a atual realidade do reino dos céus,
deve ser treinada, disciplinada, provada, purificada, limpa,
experimentada em uma vida austera, em tribulações e
restrições, corrigida em tudo. Nos pequenos reinos e feudos
que se tem formado no cristianismo, a Igreja está sendo guiada
pelos caminhos largos e amplas portas que facilitam a entrada
à prosperidade econômica; os irmãos são treinados para
ganhar méritos próprios diante do Senhor para serem dignos de
ricas "bênçãos" terrenas, que satisfaçam seus deleites carnais
aqui e agora. Estamos na era das ovações e as distinções entre
os homens. Para que esperar o futuro? Não há preparação para
merecer o reino, porque se desconhece tudo do reino. Para quê
mais reino, se já a grande massa está reinando. Se dizem:
"Somos os filhos do Grande Rei; já estamos reinando". Muitos
querem reinar desde agora, mas recusam pagar o preço da
coroa. É melhor reinar na manifestação do reino futuro, e estar
sobre todos os bens do Senhor (cfr. Mateus 24:47), que reinar
aqui. Ninguém, exceto os vencedores, querem ocupar-se na
confecção e bordado, com o Espírito Santo, do vestido de linho
fino, limpo e resplandecente, sem mancha, para poder
participar nas bodas do Cordeiro; porque esse vestido é
individual, pois é feito em nosso viver diário com o Senhor, o
que fazemos, a Palavra diz que são os atos de justiça de cada

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 122


santo em particular. As ações justas de outro santo não servem
a ti para que possas participar nas bodas do Cordeiro, enquanto
tu não negares a ti mesmo, e teu andar não for no Espírito de
Deus.
Por tudo isso, a Palavra de Deus fala de vencedores, porque só
os vencedores podem chegar a ser pobres no espírito, ter
capacidade para suportar o sofrimento, ser mansos, ter fome e
sede de justiça, ser misericordiosos; só os vencedores podem
ser limpos de coração, pacificadores; só os vencedores tem
capacidade de padecer perseguição por causa da justiça e ser
vituperados por causa do Senhor, e por cima de tudo isso, se
regozijar e alegrar, sem devolver mal por mal, sem queixar-se,
e sim bendizendo a seus detratores; só os vencedores são
capazes de voltar a face esquerda ao que lhe fere ou golpeia a
direita. Só um vencedor tem a capacidade de se contentar com
qualquer que seja a situação pela que tenha que passar, seja
de necessidade ou de abundância, e poder manifestar como
Paulo: " tudo posso naquele que me fortalece " (Fp. 4:13).
Os vencedores são a vanguarda; os vencedores são os
verdadeiros guerreiros de Deus na Igreja, os que estão vestidos
com toda a armadura de Deus. Na Igreja há pessoas que só
vestem parte dessa armadura, e outros, embriagados por uma
falsa teologia fácil, não vestem nada. Andam nus, como os de
Laodicéia. Só os vencedores expressam a realidade do reino
que deveria expressar toda a igreja redimida pelo Senhor;
porque só na vida vitoriosa dos crentes vencedores se satisfaz
o requerimento de Deus de que nossa justiça deve ser maior
que a dos escribas e fariseus, ou seja, uma mais elevada e
exigente moral comparada a que demanda a lei
veterotestamentária e os legalistas religiosos professos. Temos
a realidade do reino, mas é uma realidade escondida na Igreja,
inclusive para a maioria dos crentes.
Por exemplo, a lei exige que se ame ao próximo e se aborreça
aos inimigos, mas o Senhor nos diz que amemos a nossos
inimigos. Mas, quem que não seja vencedor pode conseguir
isto? Com o estado atual da igreja professa, com essa divisão
crônica reinante, se vive um egoísmo sem precedentes; não se
ama nem sequer aos irmãos na fé; às vezes nos devoramos
uns aos outros; muitas vezes se prefere não empregar os

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 123


serviços de nossos irmãos, porque há muita desconfiança,
irresponsabilidade, falta de honradez, fachada de religiosidade,
mas nada de amor e respeito, muito menos de piedade, porque
o crente vive como o resto dos homens, como qualquer filho de
vizinho e não como filhos de nosso Pai que está nos céus.
Existe uma grande diferença entre ser filho de um pai
meramente humano e ser filho do Pai celestial; porque a vida
humana não pode viver a realidade do reino dos céus, senão a
vida divina que Deus vive dentro de nós. A oração autoritativa,
a obediência, a dedicação, o sofrimento, a cruz, o negar a si
mesmo, o trabalho e a vitória dos vencedores, repercute em
toda a Igreja. Os vencedores obtêm a vitória para a Igreja,
porque os vencedores levam toda a carga que deveria levar a
Igreja inteira. Sobre os ombros dos vencedores recai a
responsabilidade de carregar a arca (símbolo de Cristo); elevá-
la, e ao custo de sua própria vergonha, livrá-la do vitupério dos
homens. O vencedor não tem repouso; sua responsabilidade
não lhe admite o descanso; o vencedor sabe que tem que se
manter em vigília até que o Senhor lhe alivie da carga. Então,
irmãos, é justo que o Senhor julgue em Seu tribunal o que a
Igreja tem feito nesta era? Será justo que todos os santos
recebam um mesmo trato, sendo que uns tem caminhado pelo
caminho amargo e difícil, enquanto que outros o tem feito pelo
amplo, prazeroso e fácil? É curioso o que anota o irmão
Sonmore: "O povo, que tem ouvidos sarnento, se
congrega ante os mestres de sua própria eleição para
ouvir mensagens de prosperidade, de paz, de poder, de
auto-realização e de sanidade física para continuar em
pecado". (Clayton E. Sonmore. "Ninguém
se atreve a chamá-lo engano". Tomo 3 da série "Mostre
a Casa aos da Casa". M.S.M. 1995, p. 130).

Há duas coisas que teve a igreja em seu período primitivo e


que se perderam não muito tempo depois, e que urge que
sejam restauradas em nosso tempo, a saber, o ministério e a
mensagem. Esses dois aspectos já tem sido restaurados em
certos lugares, mas a um alto custo de perseguição e
dificuldades. Por exemplo, o ministério que existe agora não é o
bíblico; e a mensagem em mãos de um ministério estranho

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 124


também se aparta da verdade do fundamento escriturário.
Alguém tem dito que uma igreja com um ministério e uma
mensagem que não se podem reconhecer, é um fantasma da
verdadeira Igreja do Novo Testamento. Hoje ministério é uma
fonte de ganância e de posição social; na Bíblia, exercer o
ministério é um grande sacrifício pois exige pagar um preço.
Qual é a mensagem do verdadeiro ministério e por que é
recusado no cristianismo atual? Porque o verdadeira mensagem
é a cruz. Ninguém quer pregar a cruz, nem menos vivê-la. Se
tu pregas a cruz, te correm de tua denominação. Se a Igreja
não vive a cruz, qual será a diferença com os pagãos?
Os vencedores são os únicos que levam a cruz e negam a si
mesmos. A cruz é obediência e submissão ao Senhor até a
morte; a cruz é dor e sofrimento, a fim de que possa haver
vida para outros. Sem morte não pode haver vida. Mas a Igreja
evita levar a cruz, e se refugiam na prosperidade material, na
vida fácil, como se o Rei nos houvesse redimido para que nos
acomodemos neste mundo. Diz W. Nee: "Cada um de nós
deveria perguntar: O que faço o faço com o afã de
adquirir fama, ou prosperidade ou para ganhar a
simpatia dos demais? O que busco é a vida na igreja de
Deus? Espero que todos possamos pronunciar a seguinte
oração: Oh Senhor, permita-me morrer para que outros
possam viver". (W. Nee. O Plano de Deus e os
Vencedores. Ed. Vida, 1977, pág. 87.)

Satanás já foi julgado na cruz, de modo que a execução dessa


sentença está a cargo da Igreja, e em particular dos
vencedores. Quando os vencedores forem ressuscitados e
levados ao céu, com eles o Senhor estabelece Seu reino e Sua
autoridade sobre a terra e é consumada a salvação. A grande
maioria na Igreja não consegue cumprir o propósito de Deus
simplesmente porque o ignora; por isso é que o Senhor
consegue Seu propósito com um grupo de vencedores. No
cristianismo não há consciência de Igreja como Corpo de Cristo.
Só na condição de Filadélfia se tem restaurado a vida
corporativa da Igreja. No cristianismo tem se exagerado a
ênfase na salvação individual, e isso em detrimento da Igreja, o
Corpo de Cristo; porque o que tem que ver com um membro,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 125


tem sua repercussão em todo o organismo. Se não somos
agarrados e alicerçados em amor, todos unidos como os
membros do corpo humano, não podemos ser cheios de toda a
plenitude de Deus. Deus não trabalha só, nem quer que nós
trabalhemos sós. A Palavra de Deus diz que só
corporativamente se pode conhecer a Cristo em suas reais
dimensões (cfr. Efésios 3:17-19). Individualmente na Igreja há
covardes, outros são preguiçosos, outros descuidados, outros
amadores das coisas do mundo; daí que o Senhor
dispensacionalmente sempre se tem valido de um pequeno
remanescente, tanto no povo de Israel como na Igreja.
Ser vencedor não necessariamente se relaciona com ser
integrantes de um grupo de pessoas especialmente espirituais,
com meta a receber coroas e recompensas quando vier o
Senhor. Pode haver algo disso, mas no fundo se trata da falha
que historicamente tem afetado à Igreja, e o Senhor quer
cumprir Seus propósitos com uns poucos que tem vencido as
circunstancias que tem levado à derrota o resto da Igreja. O
vencedor faz o que realmente deveria fazer toda a Igreja. O
vencedor proclama com freqüência a vitória de Cristo; ou seja,
dá testemunho que Cristo já venceu Satanás, e que já se
aproxima a manifestação do reino dos céus. É necessário que
expressemos o testemunho tanto aos homens como a Satanás.
É necessário dar testemunho que Jesus é o Senhor. De
conformidade com a Palavra de Deus, vemos a diferença entre
um crente vencedor e um vencido. Ao menosprezar sua vida
até a morte, o vencedor está disposto a ser sacrificado em sua
vida física e a negar-se até perder toda a força de sua alma. As
capacidades naturais da alma humana do crente, devem ser
tratadas pela cruz. Quando chegamos a Cristo, trazemos uma
série de forças e capacidades, que o diabo e a carne nos
induzem a por ao serviço do Senhor sem que sejam tratadas
pela cruz; e quando isto ocorre, o cristão tem falhado. As
capacidades naturais do homem estorvam a obra de Deus.
Qualquer um pode se enganar e enganar usando suas
habilidades como se procedessem do Espírito Santo. Costuma-
se usar magníficas habilidades naturais pedagógicas,
eloqüência, inteligência inata, privilegiada memória; mas tudo
isso pode estar se fazendo na carne: madeira, feno, palha. O

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 126


que significa isso? Que se está apresentando uma santidade e
umas capacidades que não procedem de Deus. A Deus não se
pode servir com o que não procede Dele mesmo. Deus não
recebe o que não procede Dele. Qual é o caminho correto a
seguir? O eu deve ser anulado por meio da cruz. Se isso não
ocorre, Cristo não pode manifestar Seu poder em nós. O
orgulho que nos arrasta com base em nossos próprios recursos
naturais, e o poder de Cristo, não são compatíveis. Diz em 1
Coríntios 15:50: "Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue
não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a
incorrupção". O corpo animal de que fala o versículo 44 não
pode herdar o reino; ele deve passar primeiro pela
ressurreição, e a alma haver experimentado a cruz.

O vinho novo necessita de odres novos


O Senhor está edificando sua Igreja de acordo aos parâmetros
bíblicos, e necessitamos ter clareza de que o Senhor nos revela
em sua Palavra e pelo Espírito que não temos para quê nos
esforçar tratando de reformar as velhas estruturas eclesiásticas
reinantes; isso é uma tarefa impossível. Todo intento de
renovação não funciona simplesmente porque a edificação da
Igreja é viva; a Igreja é um organismo vivo. As organizações
eclesiásticas, por muito esplendorosas que se mostrem, não
deixam de ser estruturas mortas que não podem conter essa
vida. São recipientes velhos e rotos aptos para a dispensação
da lei; e o Senhor está preparando odres novos para depositar
o vinho novo (cfr. Mateus 9:14-17; Marcos 2:18-22; Lucas
5:33-39.). As dispensações da lei e da graça são incompatíveis.
O que procura estabelecer sua própria justiça tratando de
cumprir preceitos legais (Ro. 10:3), e não se sujeita à justiça
de Deus em Cristo (Ro. 3:22; 10:4), simplesmente cai da graça
(Ga. 5:4). O cristianismo voltou ao legalismo. Por exemplo,
para os meros professantes da religião, o jejum já não é um
ato íntimo e secreto de adorar ao Senhor (cfr. Mateus 6:16-
18), senão uma prática religiosa externa e oficial, muitas vezes

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 127


usado para ostentar e jactar-se não só diante dos homens
senão também ante Deus.
Isto tem cumprimento tanto a nível pessoal como
organizacional. As caducas estruturas da igreja tradicional em
suas diferentes facções, com sua bagagem de legalismo e
imposições, constituem uma trincheira para a graça. A Igreja
do Senhor está voltando a sua normalidade bíblica, à
verdadeira vida e unidade do corpo de Cristo, às práticas do
primeiro século, quando os santos "E perseveravam na
doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações" (At. 2:42). Mas a normalidade da Igreja não se
conquista renovando as estruturas das igrejas tradicionais. Não
se podem reformar velhas estruturas eclesiásticas; isso é uma
verdadeira utopia. Desde o ano 1123 ao redor de 13 concílios
"ecumênicos" não puderam renovar o catolicismo romano, por
exemplo. Diz o Senhor que isso seria como pretender que um
vestido velho fosse convertido em um novo simplesmente
porque se enche de remendos, pois remendar um pano velho
com pedaços de um novo traz como resultado a ruptura do
pano velho. Por que se rompe? No original grego não diz
necessariamente pano novo; mas fala de pano tosco, sem
cardar (agnafos), não curtido. Um pano não passado por
curtimento, é que não tenha sido golpeado, desengraxado e
curtido; é um pano tosco, que ao ser molhado se encolhe, de
maneira que o remendo do dito pano o tira do velho e o
desgarra; então a ruptura se faz maior que antes. Assim é o
evangelho do reino; é puro; é um evangelho sem tirar as
asperezas, a cruz, o negar a si mesmo; é o evangelho do
caminho estreito; é um evangelho que não pode servir para
remendar o evangelho fácil que está se pregando. O evangelho
do reino e da justiça de Deus choca-se com o evangelho
mundano da prosperidade e do enriquecimento econômico;
choca-se com o evangelho dos palácios e dos grandes
empórios.
O mesmo acontece com os odres. Os odres são couros
geralmente de cabra, que, cozidos e costurados por todas as
partes menos pelo correspondente ao pescoço do animal, serve
para conter líquidos, como vinho e azeite. Os couros dos odres,
com o envelhecimento tendem a endurecer, e, claro, vão

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 128


perdendo flexibilidade, e podem romper facilmente. Esses
couros velhos não resistem à força da fermentação do vinho
novo. A restauração da igreja bíblica está fermentando agora
em quase todos os países do mundo; e essa fermentação está
produzindo grandes rupturas nas diferentes estruturas da igreja
tradicional. Há milhares de irmãos que neste momento estão
recebendo essa revelação do Senhor; e há deserções por em
toda parte. Há muitos irmãos vencedores que estão buscando a
unidade do corpo de Cristo na comunhão do Espírito de Cristo.
O vencedor vê o que não vêem os demais. O vencedor faz um
escrutínio cuidadoso conforme a Palavra de Deus, porque a
visão espiritual deve ser conforme a as Escrituras. O vencedor
examina e reflete. O vencedor não fica na superfície; em certo
modo há de se penetrar no mistério do corpo de Cristo; vê-lo,
vivê-lo, discerni-lo. Nós cristãos não devemos viver no temor
que engendra o cumprimento de preceitos e cargas; ao crer em
Jesus Cristo, Dele não temos recebido o espírito de escravidão
(cfr. Romanos 8:15.). Hoje somos filhos de Deus, e devemos
gozar do espírito de liberdade do Evangelho, e esse espírito de
liberdade (não de libertinagem) não cabe nos velhos odres ou
antigos moldes nem do judaísmo nem da igreja tradicional
envelhecida com essa carga de institucionalismo, legalismo,
normas, divisões, nicolaísmo e caducas estruturas.
Insistimos, o Senhor está trabalhando na restauração de sua
legítima Igreja; é uma porta aberta que ninguém pode fechar.
Há um avanço incontido. O Senhor está derramando seu vinho
novo. Mas para esse vinho novo, O Senhor necessita odres
novos. Os odres velhos não servem ao Senhor. Longe está o
Senhor de que se reformem as velhas estruturas religiosas. Aí
está o exemplo de Jesus. Quando iniciou seu ministério não
cuidou de ir ao Sinédrio revelar sua filiação trinitária divina e
messiânica a Anás e a Caifás e demais dirigentes religiosos de
sua nação; nem tampouco a avalizar as estruturas do judaísmo
reinante; ao contrário, combateu todo aquele comércio
religioso. E em vez disso, foi às praias do Lago de Genesaré e
chamou a um grupo de odres novos para que neles
fermentasse o vinho novo do Evangelho do Reino. Jesus não
veio a renovar as estruturas do judaísmo, como agora
tampouco está interessado em renovar as velhas estruturas da

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 129


igreja tradicional. Jesus agora está edificando algo novo. O que
na história se envelheceu, morrerá em sua velhice. Quando
Jesus inicia seu ministério, nesse momento histórico, o
judaísmo, com Anás e Caifás como cabeças e com suas alas de
fariseus e saduceus, representavam o odre velho com seu
vinho velho da lei, as obras, os tipos, as sombras, os sacrifícios
e as promessas do Antigo Pacto; agora vem Cristo, marcando o
fim de tudo isso, trazendo o vinho novo à graça divina e a
verdadeira realidade a depositá-la em um odre novo, pois
Cristo é o verdadeiro Cordeiro Pascal, o bode expiatório
verdadeiro, o verdadeiro maná, o verdadeiro tabernáculo de
Deus.
As organizações eclesiásticas tem já seu leque de programas,
métodos e práticas; uns tradicionais e outros recebidos de
diferentes fontes; inclusive pode tratar-se de uma congregação
que se esteja inaugurando hoje; que esteja estreando pastor,
membros, edifício, púlpito, pessoas jurídicas, tudo; mas se
começa tendo por base as estruturas tradicionais do sistema,
essa congregação nasce sendo velha e caduca, pois essas
estruturas não resistem ao autêntico vinho. Às vezes a igreja
tradicional trata de remendar os furos de sua estrutura caduca
com remendo de pano novo. Dá-se o caso de que às vezes até
usam certa literatura dos apóstolos e mestres da restauração
da igreja, mas ao usá-las mal, vêm as brechas, pois para que
sejam odres novos, as organizações deveriam desaparecer.
Há membros de antigas estruturas que, abandonando esse
sistema corrompido, se abrem ao vinho novo do Senhor, da
unidade do corpo de Cristo, do evangelho do reino, do caminho
da cruz, da porta estreita, da restauração da verdadeira
liderança (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres), da comunhão do Espírito, da centralidade de Cristo,
etc. Todo esse precioso vinho temos no Novo Testamento, de
onde bebemos pelo Espírito Santo. Cristo nos deixou com
palavras claras, inequívocas. Não é o caso de tratar de unificar
a igreja com o método externo e superficial de unir as
diferentes organizações. Isso se contempla como a apostasia
que envolve o ecumenismo. Pelo contrário, se trata de uma
revelação do Senhor a nosso espírito; é a luz de Deus que se
deve manifestar no amor que dá seu fruto. O ecumenismo

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 130


acrescenta a obscuridade, as rivalidades, os enfrentamentos, o
ódio, revive o zelo religioso. O ecumenismo pode ser
papacêntrico, mas não cristocêntrico.

Cap. 6: OS VENCEDORES E A IGREJA

A armadura de Deus
A Bíblia registra uma luta da Igreja contra o inimigo de Deus,
as forças malignas das trevas; e o Senhor nos ordena vestir-
nos com toda a armadura de Deus, para podermos sair
vitoriosos nesse inevitável enfrentamento; porque é necessário
que lutemos no Senhor, em Seu poder, e não no nosso. O
vestir-nos com a armadura de Deus é uma ordem, um mandato
de Deus, e uma necessidade para nós, não é opcional; Mas o
por a armadura é um ato voluntário nosso, um exercício
voluntário. Toda arma meramente humana não serve para esta
luta, e sim de estorvo.
" 10 Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do
seu poder.11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para
poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;12 porque a
nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes.13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para
que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido
tudo, permanecer inabaláveis" (Ef. 6:10-13). Aqui a Igreja é
apresentada como um guerreiro, mas o lamentável é que nem
todos estão vestidos com esta armadura. Muito poucos, os
vencedores, estão vestidos com toda a armadura de Deus;
outros só tem parte dessa armadura, e o resto, a maioria, não
tem nada. Levemos em conta que nós vemos as pessoas com
nossos olhos físicos, mas detrás das pessoas (carne e sangue)
estão os ventríloquos, os verdadeiros inimigos de Deus, os
anjos rebeldes que ostentam neste século os poderes malignos
de Satanás, o qual conta com uma organização sofisticada nos
lugares celestes, os ares, e exercem seu poder sobre as nações

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 131


do mundo. Cada nação tem seu próprio príncipe das trevas
(Daniel 10:20) dentro dessa organização, a qual a sua vez
maneja uma verdadeira hierarquia de poderes e especialidades
a seu cargo, para infringir dano à Igreja e às nações, que estão
regidas e escravizadas por essas trevas. Mas devemos estar
firmes na vitória de Cristo, que é nossa própria vitória, por
quanto Satanás e suas hostes de maldade estão destinadas a
serem vencidas por nós; por isso devemos resistir, ou seja,
estar firmes. Paulo toma a armadura de Deus, em sua parte
externa, de modelo do soldado romano de seu tempo, o qual
era muito famoso por sua disciplina e vigilância. A armadura
consta das seguintes partes:

O cinto da verdade. "Estai, pois, firmes, cingindo-vos com


a verdade" (v. 14a). Cingir-se com cinto tem a conotação de
estar pronto para a ação, neste caso para a batalha espiritual;
mas é necessário que nos cinjamos com a verdade, a qual é
Cristo, o qual verteu seu sangue por nós. Como comeram o
cordeiro os hebreus, no dia de sua liberação? "Desta maneira o
comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão"
(Ex. 12:11a). Quanto mais conhecemos a Deus e a Seu Cristo,
mais temos consciência que Ele é nossa única verdade e
realidade cotidiana, em nosso andar como cristãos.
"Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6).

A couraça da justiça. A couraça era a parte da armadura


que revestia e protegia o peito do soldado romano, ou seja,
nossa consciência. " e vestindo-vos da couraça da justiça " (v.
14b). Cristo tem sido feito por Deus nossa justificação, e dessa
justiça temos sido revestidos desde que cremos, a qual tem se
convertido em nossa couraça em nossa condição de soldados; a
obra de Cristo na cruz nos tem feito justos, mas em nossa luta
contra Satanás, devemos ter nossa consciência limpa e
protegida com a justiça de um coração reto diante de Deus e
dos homens, o qual é a vida de Cristo em nós; porque Satanás
constantemente está nos acusando, e não devemos permitir
que essas acusações definhem nossa fé e nossa confiança no
Senhor. Se nossa consciência não nos acusa, não devemos

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 132


permitir que sejamos atemorizados e envergonhados pelo
inimigo.

O calçado do evangelho. "Calçai os pés com a


preparação do evangelho da paz" (v. 15). O homem estava
inimizado com Deus, mas o Senhor Jesus em Sua obra na cruz
serviu de mediador para estabelecer a paz, tanto com Deus
como com os homens; essa é a disposição fundamental do
evangelho, com o qual devemos estar calçados e parados
firmemente. Agora estamos parados sobre a rocha firme, e
nessa posição entramos com confiança a participar na batalha
espiritual. Devemos caminhar com o Senhor na paz que Ele nos
tem conquistado; não em nossa própria paz, nem na paz dos
homens. Já não caminhamos sobre a terra, porque não somos
deste mundo. A salvação separa aos crentes da terra suja, e
nos faz livres. Além disso, nosso testemunho exige que
estejamos em paz com Deus e com os homens.

O escudo da fé. "embraçando sempre o escudo da fé, com


o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno "
(v.16). O escudo era uma arma defensiva para o soldado
romano, para se proteger tanto das flechas como dos ataques
com espada, lança ou outras armas da época. O escudo é
fundamental para se proteger dos ataques do inimigo. O
escudo do soldado romano era de couro, ou de metal; mas o
escudo do crente é a fé. Há crentes que carecem de fé, logo
não tem o escudo para apagar os dardos de fogo e ataques do
maligno, como as dúvidas, as tentações, os enredos
mentirosos, as incitações e propostas ao pecado. Outros
crentes têm um escudo muito pequeno, com o qual só poderão
apagar certos dardos, mas não todos, pois sua fé não é o
suficientemente grande; e outros, os menos, tem um escudo
grande; são os vencedores.

O capacete da salvação. "Tomai também o capacete da


salvação" (v.17a). O capacete era a parte da armadura antiga
que resguardava a cabeça e o rosto, de modo que é fácil
entender que, na guerra espiritual, o capacete da salvação de
Deus guarda a mente do crente, seu intelecto, de ansiedades,
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 133
preocupações, acusações, temores, vergonha, ameaças de
Satanás, que vão diretamente dirigidas a nossa mente, para
nos debilitar, nos desorientar e nos prostrar em uma situação
de derrota e culpabilidade. Mas temos sido salvos por Deus em
Cristo; agora somos filhos de Deus, e é Cristo quem vive em
nós permanentemente. Satanás continuamente está lançando
seus dardos em nossa mente. Satanás sabe que é na mente do
homem onde se maquinam e perfilam todas as coisas, e por
isso é na mente dos crentes onde se livram as grandes batalhas
contra o inimigo, pois os argumentos e pensamentos
pertencem à mente.
Lemos em 2 Coríntios 10:3-6: "3 Porque, embora andando na
carne, não militamos segundo a carne.4 Porque as armas da
nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para
destruir fortalezas, anulando nós sofismas5 e toda altivez que
se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo pensamento à obediência de Cristo,6 e estando prontos
para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa
submissão". Para entrar a participar na guerra espiritual é
necessário andar conforme o espírito; daí que as armas devem
ser espirituais, poderosas em Deus, para poder derrubar
fortalezas do inimigo. Todos os que desobedecem a Deus são
portadores das fortalezas de Satanás; por isso todo
pensamento deve ser levado cativo à obediência a Cristo.

A espada do Espírito. "e a espada do Espírito, que é a


palavra de Deus" (v.17b). A espada É a única peça da
armadura que é usada para atacar o inimigo. Cristo é o Verbo
de Deus encarnado, e a Bíblia é a Palavra de Deus (gr. logos)
inspirada pelo Espírito Santo, ou soprada pelo alento de Deus
(gr. theopneustos), de maneira que quando é usada a palavra
específica (gr. rhema) para dar um golpe mortal e contundente
ao inimigo, é o próprio Cristo falando por Seu Espírito e pela
Palavra. As Escrituras têm sido deturpadas e manipuladas
abundantemente através da história, em tal forma que essas
deturpações têm facilitado o caminho para introduzir heresias
na Igreja do Senhor, contribuindo às múltiplas divisões
sustentadas com aparente respaldo bíblico. Eis ai o grande
perigo, que apoiados com uma falsa base bíblica, se protocolize

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 134


a divisão do Corpo de Cristo. O zelo religioso não é de Deus,
nem o orgulho sectário, nem a vanglória do progresso humano.
Tudo isso tem causado muito dano à unidade da Igreja; tem se
quebrantado a verdadeira expressão da unidade do Corpo do
Senhor. Daí que deve se usar a espada do Espírito no Espírito e
pelo Espírito. É de suma importância saber qual é a versão
bíblica em nosso idioma que guarde mais fidelidade com os
manuscritos originais.

A oração. "com toda oração e súplica, orando em todo tempo


no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e
súplica por todos os santos" (v.18). A oração não está
relacionada dentro da armadura de Deus, mas é o elemento
indispensável para receber a armadura e usá-la
convenientemente no momento apropriado.

O manto da humildade. Mesmo os vencedores


vestidos com toda a armadura de Deus têm seus perigos, e
caso se descuidem, podem cair de qualquer altura de onde se
encontrem; não importa o grau de maturidade espiritual que se
tenha. Diz 1 Co. 10:12: "Aquele, pois, que pensa estar em pé
veja que não caia". O brilho da armadura, pode deslumbrar ao
vencedor que se descuida, e em vez de fixar os olhos no
Senhor, fixa em si mesmo; não tem consciência de que sua
armadura não tem proteção para suas costas, onde pode ser
ferido pelos dardos do inimigo, dardos chamados orgulho; e já
ferido, vai se enchendo de certa auréola ao redor de si mesmo,
e, sem se dar conta, vai se debilitando espiritualmente de tal
maneira que ao final não tem forças suficientes para sustentar
a espada e o escudo (a Palavra de Deus e a fé), e como
conseqüência vem o engano quanto à Palavra e quanto à fé, e
começa a declarar que já não necessita usar a espada e o
escudo; e no final se despojará a si mesmo de toda a
armadura.
Então, qual é o remédio preventivo? Os reis, os grandes deste
mundo e os cristãos orgulhosos, se cobrem com um manto de
púrpura, mas o manto do cristão vencedor é a outra cara da
moeda; o manto que nos cobre as costas dos dardos da altivez
é a humildade, a pobreza no espírito. 1 Pedro 5:5b-6 diz: "sede

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 135


submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns
com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus
resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua
graça.6 Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus,
para que ele, em tempo oportuno, vos exalte". O vestido de
humildade é a vestidura de um escravo em aptidão de serviço.
O altivo faz alarde por cima dos demais; é depreciativo. O
orgulhoso se enche tanto de confiança em si mesmo, que chega
o momento em que crê que já não necessita usar a Palavra de
Deus, a fé e a confiança no Senhor, e a armadura em geral, e é
enredado facilmente no engano de toda índole. Todo guerreiro
necessita de toda a armadura de Deus, mas vestido de
humildade, " 4 Porque as armas da nossa milícia não são
carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas,
anulando nós sofismas 5 e toda altivez que se levante contra o
conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à
obediência de Cristo" (2 Co. 10:4-5).
A guerra contra os demônios não se faz com as habilidades da
carne; nem com força carnal e física, nem com eloqüência
natural, nem com sabedoria humana, nem derrubando às
pessoas ao chão nas reuniões; não estamos lutando contra os
homens. Por tanto, as armas devem ser espirituais, poderosas
em Deus. Os dardos do inimigo vão dirigidos a encher nossa
mente de argumentos e raciocínios que nos induzem à fofoca, à
busca de faltas em nossos irmãos, à acusação, à falta de
perdão, ao egocentrismo, ao juízo injusto, aos zelos e
contendas, ao repúdio, à amargura, à luxúria; mas um dos
mais fortes e devastadores ataques vem do orgulho. Em troca,
a Palavra de Deus nos insta a sermos "Tende o mesmo
sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes
orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais
sábios aos vossos próprios olhos" (Ro. 12:6). Devemos estar
vigilantes, porque abundam as falsas roupas de humildade.
Diz Mateus 5:3: "3 Bem-aventurados os humildes de espírito,
porque deles é o reino dos céus". Com este versículo, o Senhor
no sermão do monte começa a descrição da verdadeira
natureza dos que são aptos para participar no reino dos céus; e
todas as características descritas, são o pólo oposto do cristão
orgulhoso. Diante de Deus, o humilde tem a posição mais alta,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 136


porque reflete a plenitude de Deus e de Sua graça; porque
Tiago 4:6 diz: "Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus
resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes". Então,
amados irmãos, para que não nos deslumbre o brilho da
armadura e nos impeça ver a verdadeira natureza do inimigo,
devemos tapá-la com o manto da humildade.

O amor. Por Seu Santo Espírito, o Senhor nos tem dado dons
espirituais, como ferramentas para nosso trabalho nesta era, e
como antecipação dos poderes do mundo vindouro; mas o mais
excelente, importante e poderoso de todas as ferramentas
recebidas da parte do Senhor é o amor do Pai. Muitos, como os
coríntios, buscam os dons exteriores, mas o amor é a maneira
excelente de exercê-los, e é a expressão de Deus dentro de nós
como vida e alento.
A natureza de Deus é amor (1 Jo 4:16), e a expressão desse
amor é o que nos leva a ser espirituais. Podemos ter uma
magnífica compreensão da Palavra de Deus, podemos ter todos
os dons espirituais, podemos compreender todos os princípios
do reino, podemos possuir uma fé gigantesca, mas se
carecemos do amor do Pai, nada somos.
Não temos conseguido compreender, todavia, o suficiente e em
sua justa medida o capítulo 13 da primeira epístola aos
Coríntios. Quanto mais nos alimentamos de Cristo, mais cheios
somos de Seu amor, porque Ele, que é amor, vai se
apoderando de todo nosso ser; não só do espírito, mas também
da alma e todas suas faculdades, e até do corpo. O Senhor tem
vindo a viver dentro de nós para sempre; nunca se afastará de
nós; esta é Sua casa; mas devemos buscar que Ele nos encha
de Seu Espírito e de Seu amor para que lhe sejamos fiéis; Seu
amor nos livra do egocentrismo, e nos faz ver mais além de
nosso contorno físico. Saturados de Seu amor, poderemos ter a
visão do terceiro céu, e pregá-lo. Com o amor, podemos
manejar a armadura de Deus com eficácia.

A sexta promessa
A Igreja tem falhado, mas na história o Senhor começou a
restaurar tudo o que havia se perdido no cativeiro babilônico;
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 137
portanto começou o período de Filadélfia, do amor fraternal, os
irmãos que, ainda que com pouca força, guardam a Palavra de
Deus, retém firmemente o que têm e não negam o nome de
Jesus Cristo. É em Filadélfia onde melhor se expressa a
realidade atual do reino dos céus entre os crentes
neotestamentários, e particularmente para os vencedores de
Filadélfia há formosas promessas. Diz Daniel 4:26: "26 Quanto
ao que foi dito, que se deixasse a cepa da árvore com as suas
raízes, o teu reino tornará a ser teu, depois que tiveres
conhecido que o céu domina".Em Filadélfia começamos a
experimentar que o céu governa em nossas vidas.
Na carta do Senhor a Filadélfia encontramos uma formosa
promessa para os vencedores, de serem guardados da hora da
prova, ou seja, a grande tribulação que tem de ser manifestada
sobre toda a terra habitada (Mateus 24:21). Diz em Apocalipse
3:10: "10 Porque guardaste a palavra da minha perseverança,
também eu te guardarei da hora da provação que há de vir
sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam
sobre a terra". Neste versículo e no contexto da carta vemos
que os santos que guardam a palavra do Senhor e não negam
o nome do Senhor Jesus Cristo, ou seja, não o troquem por
nomes denominacionais ou de líderes religiosos, serão
guardados por Deus da grande tribulação nos tempos do
governo do anticristo. Não significa isto que alguns santos
serão transformados e arrebatados ao céu antes da grande
tribulação, posto isto seria crer em um arrebatamento da igreja
em duas etapas, pois a Igreja de Cristo estará na terra durante
todo o governo do anticristo.

Colunas no templo
"12 Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e
daí jamais sairá" (Ap. 3:12a). Se os vencedores de Filadélfia
conseguem reter firmemente o que tem, o Senhor os fará
colunas no templo de Deus. Em Filadélfia vencer é reter. Todos
os santos neotestamentários são pedras do templo do Senhor,
mas nem todos chegam a ser colunas do templo de Deus. Tem
que se diferenciar a condição de ser coluna do templo de Deus
e o ser uma simples pedra do edifício. O vencedor de Sardes
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 138
será transformado em uma pedrinha para o edifício de Deus,
mas o de Filadélfia será uma coluna edificada no templo de
Deus. A coluna é fundamental, não pode ser tirada sem que
ponha em risco a estrutura da edificação; ou seja, que o
vencedor de Filadélfia, que guarde a palavra do Senhor e não
neguem Seu nome vá, a receber no reino milenar o prêmio de
ser um fundamento do templo de Deus, e nunca mais será
tirado dali. O vencedor sabe perfeitamente que não pertence a
este mundo, que não habita aqui como se pertencesse a esta
esfera. Uma vez pertencíamos a este mundo, mas se somos
vencedores, agora não pertencemos a este mundo. Pelo
contrário, esta era é tão malvada, que os vencedores, já como
um exército, virão com Cristo a por um fim nesse sistema
mundano (Apocalipse 17:14; 19:14, 19-21). Agora somos
possessão de Deus, de Cristo e da Nova Jerusalém. Fora de seu
lugar celestial, a vida do vencedor é a cruz e o vitupério. Hoje
tem pouca força, e amanhã é una coluna no templo de Deus,
pelo poder do Senhor.

O nome de Deus
"gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da
cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu,
vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome" (Ap. 3:12b).
Ao vencedor de Pérgamo se promete dar-lhe no milênio uma
pedra com um nome escrito, mas ao vencedor de Filadélfia se
fará dele uma coluna sobre a qual serão escritos três nomes: o
de Deus, o da Nova Jerusalém e o novo de Cristo, como sinal
por pertencer a Deus, de herança eterna e de testemunho de
Cristo e de que se tenha feito um com Deus, com a Nova
Jerusalém e com o Senhor; todo o qual se cumprirá no reino
milenar. Levar o nome de Deus significa que Deus foi formado
em ti; levar o nome da Nova Jerusalém significa que fazes
parte da Cidade Santa, porque tem sido também formada em
ti, e levar o nome novo do Senhor significa que o Senhor tem
formado a Si mesmo em ti, em tua experiência, em teu andar.
Em resumo, Filadélfia é a única igreja que é completamente
aprovada por Deus. Filadélfia não nega o nome do Senhor; os
irmãos de Filadélfia não se apelidam com outros nomes; em
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 139
Filadélfia não há batistas, nem presbiterianos, nem
pentecostais, nem puritanos, nem quadrangulares;
simplesmente são de Cristo, são cristãos, e em conseqüência
recebem uma preciosa promessa de que será escrito sobre eles
o nome de Deus, o nome da cidade de Deus e o novo nome de
Cristo.

O novo nome de Cristo


"e o meu novo nome" (Ap. 3:12b). O vencedor de Filadélfia
receberá um prêmio especial, o novo nome do Senhor Jesus
Cristo. O nome do Senhor é o Senhor mesmo; o qual significa
que Cristo é pertence do crente vencedor. O nome do Senhor
tem sido forjado no crente vencedor. Qual é o nome novo de
Cristo? Tu conheces o nome novo de Cristo quando
experimentas de uma maneira nova ao Senhor. Para muitos
santos Cristo já ficou velho, já ficou algo assim como uma vida
religiosa rotineira; mas se tomas a decisão de vencer, Cristo
chegará a ser novo para ti; sempre será teu alimento fresco. O
vencedor de Filadélfia retém o nome do Senhor e a unidade do
Corpo de Cristo. O vencedor de Filadélfia tem vencido a ruptura
do Corpo de Cristo. É um erro pensar que para que haja
unidade na Igreja é necessário que se leve a cabo sob a
aparência do ecumenismo. Enquanto subsistirem as divisões
denominacionais e sectárias não pode haver unidade. É um erro
pensar que para que haja unidade na Igreja necessariamente
deve haver uniformidade. Uma coisa é a uniformidade externa
e outra a verdadeira comunhão do Espírito.

Há ênfase doutrinárias que não revestem caráter fundamental,


e que por fim não afetam a salvação nem rompem a unidade
do Corpo; e há denominações que tem se formado e tem se
apartado do resto do Corpo devido a que dão caráter
fundamental a algo que a Escritura não tem como fundamental
nem afeta a salvação. A este respeito vale a pena trazer a
colocação às palavras do irmão Martín Stendal, em relação à
Igreja: "Através da era da Igreja, tem havido muitos
indivíduos e grupos envolvidos em "guerras" e com
"sangue" em suas mãos, que vão tentando edificar o
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 140
Templo do Senhor à maneira de determinada
denominação, grupo ou movimento organizado. Estes
intentos tem terminado por edificar monumentos
mortos, ao invés de unir pedras vivas que seriam uma
verdadeira luz para as nações. O homem mede o êxito
pelo número de "fiéis", ou pelas instalações, ou pelos
êxitos terrenos quando Deus o mede pela justiça e a
retidão no coração, e por obediência a Seu ordenamento
e a Sua Palavra".*(1) Também disse o irmão Grau: "Os
mesmos reformadores não tentaram fundar uma nova
religião, nem sequer uma nova Igreja. Tanto eles como
nós temos um só Mestre. A mensagem da Reforma não
nos diz que nos façamos luteranos ou calvinistas, senão
cristãos".*(2)

Além disso, como temos vindo estudando na Palavra de Deus, o


grau de maturidade e santidade dos irmãos biblicamente não é
uniforme, nem tampouco se deve esperar uniformidade no
procedimento e a ordem. Nem ainda nos vencedores há
uniformidade espiritual. No reino, uns receberão melhores
recompensas que outros. A posição no reino e mesmo na
eternidade, no novo céu e a nova terra depende e é produto de
nossa vida terrena depois de haver crido. Ser vencedor requer
sacrifício, obediência e entrega, e quanto mais se escale aqui,
se traduz em que teremos um nível maior no reino e na
eternidade. Cada vez temos mais clareza de que nossa vida e
andar com Cristo não se deve tomar levianamente.
Quando se fala de vencedores é porque há crentes derrotados.
Os que vencem são os cristãos espiritualmente normais; os
demais irmãos continuam sendo nossos irmãos, mas são
espiritualmente anormais. "4 porque todo o que é nascido de
Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a
nossa fé.5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê
ser Jesus o Filho de Deus?" (1 Jo 5:4,5).

Cap. 7: OS VENCEDORES E O TRIBUNAL


DE CRISTO

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 141


O tribunal de Cristo
De nenhuma maneira é nossa intenção alarmar aos irmãos que
leiam este trabalho. Longe está de nossa parte ser portadores
de uma mensagem que vá causar tristeza e inquietação, ou que
vá escandalizar; aí estão as páginas das Escrituras, que são as
que dão testemunho de toda verdade exposta. Só queremos
ser fiéis ao Senhor e a Sua Palavra, declarando o que nos
adverte a Palavra de Deus por Seu Santo Espírito; ou seja,
dando o sonido do atalaia quando vê que se aproxima o perigo.
O Senhor já está às portas, e Seu povo deve conhecer tudo o
relacionado com essa preciosa vinda, e uma dessas coisas é
que o Senhor estabelecerá seu tribunal nos ares e julgará à
Igreja. Disse o apóstolo Paulo pelo Espírito em 2 Coríntios
5:10:
" 10 Porque importa que todos nós compareçamos perante o
tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o
bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo".
Esse é o primeiro de todos os juízos, o da Igreja. Muitos
rejeitam isto, mas é uma declaração bíblica. Irmãos, o juízo da
Igreja é necessário; recordemos que as caras se vêm pelos
corações, não. Mas o Senhor sim que vê tudo. Diz Tiago 5:8,9:
"8 Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração,
pois a vinda do Senhor está próxima.
9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes
julgados. Eis que o juiz está às portas". Antes de que o Senhor
venha como Noivo, virá como juiz; não esqueçamos disso
(Mateus 25:1-13). Tudo isso, tanto Sua vinda como o juízo da
Igreja, deve encher-nos de alegria. O Senhor, tudo o que faz, o
faz para o bem e em justiça.
Em sua qualidade de administrador dos mistérios de Deus, cada
obreiro deve ser achado fiel. Diz Paulo em 1 Coríntios 4:4-5: "4
Porque de nada me argúi a consciência; contudo, nem por isso
me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor.5
Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o
Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas
das trevas, mas também manifestará os desígnios dos
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 142
corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de
Deus". No tribunal de Cristo será manifesto publicamente nosso
caráter e motivação subjetiva e pessoal, pelo que seremos
julgados um por um. O juízo começa pela casa de Deus. Lemos
em 1 Pedro 4:17: " 17 Porque a ocasião de começar o juízo
pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós,
qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de
Deus?"
Disse o irmão Rick Joyner: "O Senhor começa o juízo por
Sua própria casa, porque não pode julgar ao mundo se
seu povo vive nos mesmos caminhos dos maus. Quando
chegar o juízo, haverá uma distinção entre Seu povo e o
mundo, mas será porque Seu povo é diferente".*(1) A
Igreja não será julgada ante o grande trono branco, senão mil
anos antes ante o tribunal de Cristo, quando vier o Senhor e
iniciar o reino milenar, para castigo ou recompensa, de acordo
com a vida e obras dos crentes, os santos salvos, filhos de
Deus. "10 Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que
desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o
tribunal de Deus.11 Como está escrito: Por minha vida, diz o
Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua
dará louvores a Deus.12 Assim, pois, cada um de nós dará
contas de si mesmo a Deus " (Romanos 14:10-12). Também
Paulo em 2 Coríntios 5:10 diz: "10 Porque importa que todos
nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada
um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do
corpo". Este juízo não se relaciona com a salvação eterna, e
sim com nossa conduta em nossa condição de filhos de Deus.
*(1) Rick Joyner. Liberação da marca da besta. The
Morning Star. 1995.

Diz Mateus 16:26-27: "26 Pois que aproveitará o homem se


ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o
homem em troca da sua alma?27 Porque o Filho do Homem há
de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então,
retribuirá a cada um conforme as suas obras". Aqui fala de
recompensas para os seguidores do Senhor em Sua vinda; mas
essas recompensas dependerão da perdição ou salvação de si
mesmos, ou seja, de sua vida natural. Depois de exortar a que

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 143


levem em prática certas coisas, o apóstolo Pedro disse aos
irmãos: " 11 Pois desta maneira é que vos será amplamente
suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo" (2 Pe. 1:11). Quando o Senhor vier, muitos
crentes reinarão com Ele e outros não; de modo que a principal
recompensa é participar com o Senhor em Seu reino; e de
acordo com o contexto, isto dependerá de que tenham perdido
ou não sua alma. Neste juízo, o Senhor determinará quem
dentre os santos são dignos de galardões e recompensas, e
quem merece e necessita mais de disciplina. Todo vencedor
tem prêmio no reino milenar, pois o reino será uma
recompensa para os crentes vencedores. Disse 2 Timóteo
2:12a " 12 se perseveramos, também com ele reinaremos; se
o negamos, ele, por sua vez, nos negará".

Diz o Salmo 66:18: " 18 Se eu no coração contemplara a


vaidade, o Senhor não me teria ouvido". No coração é onde
residem nossas emoções, motivações, inclinações, afetos,
paixões, desejos, ódio e amor. O coração deve ser renovado.
Ali podemos guardar pecados não confessados e dos quais não
tenhamo-nos arrependido, não foram eliminados, nem
resolvidos de uma vez por todas sob o sangue do Senhor Jesus.
Às vezes se costuma perdoar em aparência, e em nosso
coração não nos temos esquecido, segue ali latente; então esse
problema com alguém, em realidade não tem sido resolvido
convenientemente, e seguimos guardando iniqüidade. Todo
pecado que não tenha sido apagado, voltará a nós no tribunal
de Cristo. Uma coisa é que nossos pecados sejam apagados, e
outra diferente é que seja apagado em nós toda mancha de
pecado.
No tribunal de Cristo não se estará julgando a salvação, senão
que as obras do crente são submetidas a juízo. Por exemplo,
Romanos 8:1, diz: "Agora, pois, nenhuma condenação há para
os que estão em Cristo Jesus, os que não andam conforme à
carne, senão conforme ao Espírito" ( Versão Reina Valera). O
andar do crente vencedor é conforme a vida do Espírito dentro
de seu espírito; mas o derrotado é carnal; não anda conforme o
Espírito. No tribunal de Cristo, o santo não vencedor não perde
sua salvação; se anda conforme a carne; tem motivo de juízo

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 144


no tribunal de Cristo. Diz João 5:24: "24 Em verdade, em
verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele
que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas
passou da morte para a vida". Também 1 Jo 4:17 diz: "17
Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo,
mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós
somos neste mundo". Note que esta declaração é muito séria e
encerra um grande compromisso. Se somos imagem de Cristo,
não temos motivos para sermos disciplinados.

O tempo do juízo. Quando terá lugar o tribunal de Cristo?


Conforme a Lucas 14:14 o tempo das recompensas está
associado com a ressurreição. " 14 e serás bem-aventurado,
pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua
recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos".
O momento em que compareceremos ante o tribunal de Cristo
é quando ocorrer a ressurreição da Igreja, na última trombeta.
Diz Apocalipse 11:15-18:
" 15 O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes
vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e
do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.16 E os
vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no seu
trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e
adoraram a Deus,17 dizendo: Graças te damos, Senhor Deus,
Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu
grande poder e passaste a reinar.18 Na verdade, as nações se
enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado
para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos
teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu
nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres
os que destroem a terra".
Como vemos, se trata da sétima trombeta, a última, como diz 1
Coríntios 15:52: " 52 num momento, num abrir e fechar de
olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os
mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados ". Chega o tempo de estabelecer o reino.
Também confirma esse tempo o Apocalipse 22:12: " 12 E eis
que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho
para retribuir a cada um segundo as suas obras".

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 145


O primeiro juízo será o da Igreja ao regresso do Senhor. Diz 1
Pedro 4:17a: " 17 Porque a ocasião de começar o juízo pela
casa de Deus"; mas a Igreja não será mais julgada depois do
tribunal de Cristo. Depois do reino milenar terá lugar o juízo do
grande trono branco, onde serão julgados os ímpios, os que
participam na segunda ressurreição, pois os capítulos 21 e 22
de Apocalipse descrevem a situação na eternidade, tanto para a
Igreja como para os ímpios e as nações.
Lugar do juízo. No ar. Lemos em 1 Tessalonicenses
4:16,17: " 16 Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra
de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de
Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão
primeiro;17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre
com o Senhor". Pode ser que ao encontrar-nos com o Senhor
no ar, logo desçamos à terra com Ele, e logo o Senhor
estabeleça seu tribunal em algum lugar da terra.
Pessoas julgadas. Quem será convocado para o juízo da
Igreja? Este juízo será só para os crentes. De acordo com o
contexto do capítulo 5 da segunda carta aos Coríntios, se trata
da Igreja, tanto vencedores como vencidos. Começa o capítulo
falando do anelo da redenção do corpo e de ser revestidos da
habitação celestial, a fim de não ser achados nus. Agora
vivemos nesta terra como peregrinos, ausentes do Senhor;
mas desde já devemos ser agradáveis; e então é quando o
versículo 10, com toda clareza nos diz que "Porque importa que
todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo". De
conformidade com o contexto de 1 Coríntios 3:12-15, ali o juízo
é para todos os crentes com relação à obra de cada um; de
como houver sobre-edificado sobre o único fundamento, Jesus
Cristo. Construíram-se com materiais diferentes dos de Deus, o
resultado será um edifício estranho, que se queimará, e esses
construtores sofrerão perdas; serão castigados, ainda que não
perderão sua salvação. Também o confirma 1 Coríntios 9:24-
27, como temos comentado.
Pensemos, ainda que seja por um momento, a vergonha que
sentiríamos naquele dia, ao contemplar a visão do Senhor
sobre nós, sobre a indiferença e com o pouco caso que fizemos

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 146


Dele, o que morreu por nós na cruz e derramou Sua própria
vida por uns seres tão ruins e ingratos. Também pensemos nos
milhões de testemunhas que nos rodearão, onde ninguém terá
a oportunidade de ocultar nada.

Três parábolas de juízo


Todo crente mundano, negligente e carnal, deverá enfrentar a
vergonhosa realidade que aparece na Escritura. Analisemos um
pouco três parábolas em Mateus, que se relacionam
intimamente com a vinda do Senhor e o tribunal de Cristo. A do
servo mau (Mat.24:45-51), a das virgens imprudentes (Mt.
25:1-13) e a do servo negligente (Mat. 25:14-30). Estas três
parábolas são dirigidas à Igreja; para que a Igreja se
“belisque”, sobre tudo em um tempo de tanta expectativa como
o que vivemos. A igreja está atravessando por uma época de
grandes e transcendentais acontecimentos.

A parábola do servo mau. Esta parábola fala de servos


fiéis e infiéis. Aqui os servos representam os crentes no aspecto
da fidelidade ao Senhor. A parábola fala de servos que estão à
frente da servidão, onde deve ser fiel e prudente. Note que o
Senhor aqui não usa a palavra filhos para chamar aos salvos,
senão servos; pois como filhos já recebemos Sua vida; em
troca, como servos, seremos julgados para receber ou não as
recompensas. No começo, nos versos 45-47, a parábola fala de
um servo vencedor, o qual receberá como recompensa ser
posto sobre todos os bens do Senhor no reino. Essa é a bem-
aventurança. Ali diz: " 45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente,
a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o
sustento a seu tempo?46 Bem-aventurado aquele servo a
quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.47 Em
verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens ". Dar
alimento a tempo está relacionado com ministrar a Palavra de
Deus aos crentes, e tudo o que se refira a Cristo como vida da
Igreja. O bom servo tem de dar alimento, não leis, a seus
conservos. As leis quem dá é o Senhor. O labor do servo bom é
dar, não buscar o seu próprio. O ser achado fiel, o bom servo
será promovido a um cargo mais elevado no reino. "47 Em
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 147
verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens".
Mas nos versos 48-51 fala do servo mau, que, ainda que seja
salvo, não é vencedor, trata mal aos demais crentes, se
assenhoreia deles como se Deus o houvesse posto na igreja
como um príncipe (1 Pe. 5:3), tem amizade e companheirismo
com as pessoas mundana, não ama a vinda do Senhor nem lhe
interessa o reino. O servo mau é um escravo de suas paixões e
apetites. Ali diz: "48 Mas, se aquele servo, sendo mau, disser
consigo mesmo: Meu senhor demora-se,49 e passar a
espancar os seus companheiros e a comer e beber com
ébrios,50 virá o senhor daquele servo em dia em que não o
espera e em hora que não sabe51 e castigá-lo-á, lançando-lhe
a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes".
O servo mau é levado por uma falsa doutrina. O servo mau
pensa que o Senhor tarda em vir ou que talvez nunca virá, e
isso lhe dá a oportunidade de viver uma vida descuidada para
andar segundo suas próprias concupiscências (2 Pe. 3:3-4). O
servo mau quer impor sua autoridade tratando mal a seus
conservos. É possível que lhe joguem na cara sua conduta e
isso o enfurece mais, ou busca duramente que os demais o
reverenciem e se inclinem ante ele. Para uma pessoa, a vinda
do Senhor (ou a morte da pessoa, é o mesmo, pois acarreta as
mesmas conseqüências) é algo supremamente terrível. A
morte, pois, o separará de muitas coisas que hoje ama e lhe
entretém, deste mundo que tanto lhe atrai. O que espera a este
servo mau quando se encontrar com o Senhor no juízo da
igreja? Espera-lhe um castigo temporário. Necessitamos ganhar
esta carreira aqui, não só para não sermos castigados
temporariamente com os hipócritas, senão para receber o
galardão, o prêmio, dos vencedores, como diz Paulo (1 Co.
9:24-27).
Note que este servo é salvo, é um filho de Deus; fala de "meu
Senhor"; nenhum ímpio chama "meu Senhor" ao Senhor Jesus;
mas no dia em que a Igreja comparecer ante o tribunal de
Cristo, esse servo será separado do Senhor e de Seu reino, e
temporariamente posto no lugar onde irão os hipócritas. Não
eternamente, senão que ali porá só "sua parte", conforme a
sua falta.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 148


A parábola das dez virgens. Em Mateus 25:1-13,
encontramos a parábola das dez virgens, a qual está
intimamente relacionada com o reino dos céus. Aqui as virgens
representam aos crentes no aspecto da vida com o Senhor. O
andar do crente com Cristo em santidade e obediência se
relaciona intimamente com sua plenitude do Espírito Santo. Da
constante plenitude do Espírito Santo em um crente depende
sua perfeição na comunhão com Deus e com os demais irmãos,
o conhecer o amor de Cristo e o de ser cheio de toda a
plenitude de Deus (Efésios 3:19).
O número dez é o número das nações, e significa que a Igreja
está constituída por crentes de toda linhagem, de toda tribo, de
todas as raças, línguas e nações do globo.*(2) Claro que, além
da última geração de crentes, inclusive aos irmãos que já estão
mortos na história ("cochilaram e dormiram", diz no verso
5)*(3). Algumas pessoas se confundem pensando que todas as
virgens "dormem" espiritualmente; mas isso seria uma
contradição. A metade das virgens são prudentes e a metade
insensatas. Suas lâmpadas (o espírito de cada crente)
representam que a Igreja, nesta era de trevas, leva o
testemunho do Senhor, é morada do Espírito Santo de Deus;
mas é necessário que cada lâmpada continuamente esteja
plena de azeite de Deus (Seu Espírito), para que possa irradiar
essa luz de Deus começando do interior; porque todo crente é
responsável ante Deus de ser cheio do Espírito Santo. "O
espírito do homem é a lâmpada do SENHOR" (Pr. 20:27a).
Lâmpada com azeite insuficiente não pode alumiar senão com
uma luz muito tênue. "15 Portanto, vede prudentemente como
andais, não como néscios, e sim como sábios,16 remindo o
tempo, porque os dias são maus.17 Por esta razão, não vos
torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade
do Senhor " (Ef. 5:15-17). O néscio não aproveita bem o
tempo, e como vive para si mesmo, não se interessa de qual
seja a vontade do Senhor em determinados acontecimentos.
*(2) Cfr. Apocalipse 5:9. Não é uma casualidade que no
capítulo 10 de Gênesis se descreve as gerações dos
filhos de Noé, e que diga no versículo 32: " São estas as
famílias dos filhos de Noé, segundo as suas gerações,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 149


nas suas nações; e destes foram disseminadas as nações
na terra, depois do dilúvio". Dos dez chifres (as nações
globalizadas do último sistema mundial) da quarta besta
surge um chifre que os dominará a todos (Dn. 7:7-8; Ap.
13:1; 17:3). No tabernáculo, as dez cortinas de Êxodo 26
representam à igreja. Relacione com a noiva de Cantares
(1:5).
*(3) Quando se refere aos crentes, o sonho representa a
morte, como em 1 Tes. 4:13-16; João 11:11-13; 1
Coríntios 11:30.

Todas as virgens saem do mundo ao encontro do Senhor,


porque as virgens representam os santos, aos apartados do
mundo para Deus; mas " As néscias, ao tomarem as suas
lâmpadas, não levaram azeite consigo;4 no entanto, as
prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas ". A
vasilha é a pessoa de cada um, é sua alma (vasos de honra
para Deus e habitação de Cristo). Todas as virgens tinham
azeite em suas lâmpadas; todas eram salvas; todas tinham o
Espírito Santo; mas há uma distinção entre as virgens
prudentes e as insensatas: as insensatas não tinham reservas
em suas vasilhas; de maneira que suas almas não conheciam a
vida do Espírito; eram almas sem renovação e santificação.
Eram crentes que se conformavam a este século, pois não
haviam sido transformados por meio da renovação de seus
entendimentos, de maneira que nesse estado não tinham
capacidade para comprovar qual era a vontade de Deus em
cada caso, em cada circunstancia (Romanos 12:2). Isto é sério,
que Deus nos fale em nosso espírito e nós não possamos
entender o que nos diz. "E não vos embriagueis com vinho, no
qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito" (Ef. 5:18). O
enchimento do Espírito no crente deve ser continua e
constante. Alguns pensam que isso se refere a um ato, mas se
trata de um estado interior permanente para gozar da plenitude
de Deus com os demais irmãos, pois somos um corpo. Ou
somos néscios e seguimos postergando conhecer essa
plenitude, ou somos sábios e buscamos essa provisão
constante de azeite para nossas lâmpadas e nossas vasilhas
com mais diligencia que ao ouro e a prata.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 150


Mas a meia noite, quando a humanidade estiver se debatendo
na grande obscuridade da grande tribulação, se escutará a voz
do arcanjo e a trombeta de Deus; já vem o Senhor, e ocorre a
ressurreição e o arrebatamento da Igreja. O que sucederá
então com os crentes que tendo o Espírito Santo não estejam
suficientemente saturados Dele? A parábola não responde a
todas as nossas interrogações, mas vemos tacitamente que os
crentes néscios não pagaram um preço para serem cheios do
Espírito Santo. Qual é o preço? Tampouco o declara, mas em
outras partes da Escritura Sagrada o vemos. Por exemplo,
renunciar ao mundo, carregar nossa própria cruz cada dia em
obediência ao Pai, negar o eu; em nossa escala de valores pôr
a Cristo em primeiro lugar, por cima de todas as coisas;
estimar todas as coisas como perda por amor de Cristo. Todo
crente que não pagar o preço agora, nesta vida, para ser cheio
do azeite do Espírito, deverá pagar depois da ressurreição, pois
todo crente deve ser aperfeiçoado, se não agora, será depois
nas trevas exteriores. O Senhor agora está nos dando a
oportunidade de que não desperdicemos os passos que Ele está
tomando para levar a todos os Seus filhos à maturidade. Mas,
por que se chamará preço? Porque se trata de renunciar a toda
essa herança que recebemos e que vivemos em outro tempo
em nosso velho homem. Isso é doloroso quando nos aferramos
a essas coisas, costumes, pertences, vícios, amores, valores
ancestrais, cujo centro não é Deus. Agora nosso tesouro é
Cristo, e Deus nos tem escondidos nos lugares celestiais em
Seu Filho. O demais sobra.
Note que as cinco virgens insensatas chegam a tocar a porta
depois que se fecha para iniciar as bodas com as prudentes, os
crentes vencedores. Diz nos versos 10-13: "10 E, saindo elas
para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas
entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta.11 Mais
tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor,
abre-nos a porta!12 Mas ele respondeu: Em verdade vos digo
que não vos conheço ". Vemos, pois, que se relaciona com a
vinda do Senhor e Seu juízo das obras da Igreja quando Ele
estabelecer Seu tribunal. As cinco virgens insensatas, ainda que
não perdem sua salvação, não são aprovadas para entrar nas

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 151


bodas; não têm o vestido apropriado; não tem se ocupado a
seu devido tempo em ter suficiente azeite. Quando no tribunal
de Cristo, o Senhor dizer a alguém: Não os conheço; isso
significa que essa pessoa jamais se interessou por ter
comunhão com o Senhor, não se interessou por conhecer ao
Senhor; e a salvação se relaciona com o conhecimento do
Senhor (João 17:3). Enquanto estamos nesta terra, o Senhor
nos dá a oportunidade de conhecer-lhe e obedecer-lhe, mas
quando Ele vier e estabelecer Seu tribunal para julgar à Igreja,
ali, nesse momento não é o Salvador senão o Juiz (Mateus
5:25) que estará julgando nossa conduta como filhos de Deus.
Se as virgens insensatas não foram salvas, não poderiam estar
aí tocando as portas do reino dos céus. Irmãos, é um privilégio
grande o poder servir ao Senhor agora. É verdade que
podemos estar muito ocupados em nossos próprios programas
"espirituais", e não estar fazendo a vontade de Deus, e naquele
dia receber a reprovação do Senhor (Mateus 7:21-23).
Por outro lado, o estar cheio do Espírito Santo de outro irmão,
não pode te servir. As virgens insensatas eram salvas pela cruz
do Senhor Jesus Cristo, e depois de haver conhecido a grande
salvação de Deus por Seu Filho unigênito, não viveram para Ele
senão para elas mesmas; todo o tempo de crentes nesta terra
foi lastimosamente desperdiçado.
Para desfrutar do reino temos que entrar pela porta estreita.
Mas nossa tendência natural é entrar pela porta larga, a que
nos dá acesso a múltiplos gozos e vantagens terrenas. Os
gozos terrenos não fazem muito atrativa a porta estreita. É
como um paradoxo: a porta estreita nos leva a um caminho
estreito e difícil, mas o caminho que nos levará ao reino e ao
gozo do Senhor. Em Lucas 13:24-25 diz o Senhor: " 24
Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita,
pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não
poderão.25 Quando o dono da casa se tiver levantado e
fechado a porta, e vós, do lado de fora, começardes a bater,
dizendo: Senhor, abre-nos a porta, ele vos responderá: Não sei
donde sois".

A parábola do servo negligente. Em Mateus 25:14-30


encontramos a mui conhecida parábola dos talentos.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 152


Consideramos que não há necessidade de transcrevê-la toda.
Também começa falando do reino dos céus, porque tem a ver
com o reino dos céus, e o que aqui aparece não se relaciona
com a salvação eterna. O homem que entrega seus bens a seus
servos é Cristo, e o ausentar-se do País é Sua ida aos céus
depois de Sua gloriosa ressurreição. Os talentos são repartidos
de acordo com a capacidade natural de cada crente, e essa
capacidade tem relação com o que somos em nossa vida
natural, nossa herança cultural e genética, nossos costumes,
nossa vida social e nossa aprendizagem. Da forma em que
havemos sido criados por Deus, uma vez temos crido, nessa
mesma medida recebemos os dons do Espírito para pô-los a
serviço do Senhor.
Deus conhece exatamente do que podemos ser capazes de
responder, e nessa mesma medida vai nos pedir contas. Aqui
os vencedores, trabalham com os talentos (dons espirituais)
recebidos do Senhor e para a glória do Senhor, em Sua vinda
lhe entregam bons resultados. Estão, pois, representando aos
crentes no aspecto do serviço. Estes servos, os vencedores, são
aprovados e recebem seus galardões e entram a desfrutar do
Senhor no reino milenar, mas sobre tudo o gozo é no aspecto
interior. O Senhor não avalia nossa obra e a premia
fundamentando-se na quantidade e o bom que possa ser,
senão por nossa fidelidade no serviço. O Senhor quer que nos
disponhamos a que o talento que temos recebido Dele seja
usado ao máximo, com uma entrega absoluta, e de acordo com
Sua vontade perfeita.
Mas a parábola faz ênfase no servo que recebeu um só talento
e o enterrou. O versículo 18 diz: "Mas o que recebera um,
saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor".
Com Freqüência é ressaltado os servos que recebem muitos
talentos e se lhes tem em muita estima e até se lhes exalta; e
os que recebem um, porque são menos dotados, eles mesmos
se descuidam, não o utilizam bem ou definitivamente não o
tem em conta, e o enterram; ou seja, que ao invés de trabalhar
com seu talento, se envolvem com o mundo. Toda associação
com o mundo tem em si o perigo de enterrar o dom que temos
recebido do Senhor. Note que enquanto o Senhor não houver
regressado, não tira de ninguém o dom (cfr. Ro. 11:29), senão

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 153


que nós mesmos nos encarregamos de enterrá-lo com nossa
associação com o mundo, ou em nosso próprio orgulho e
ambições de tipo espiritual, ou ocupados em guardar nossa
própria reputação. Resulta fácil encontrar qualquer pretexto
mundano ou pessoal para não usar o dom que o Senhor tem
depositado em nós, e desperdiçá-lo, escondendo-o. Às vezes
queremos viver aqui como reis, e quando isto ocorre, nós
mesmos somos os responsáveis de não sermos reis no reino
com o Senhor.
Diz o versículo 19: "Depois de muito tempo, voltou o senhor
daqueles servos e ajustou contas com eles". Logo o Senhor
Jesus Cristo regressa e acerta contas com seus servos no
tribunal de Cristo, depois de transcorrida toda a idade da
Igreja. Milhões de irmãos não têm nem a menor idéia de que o
Senhor virá e a primeira coisa que vai fazer é instalar seu
tribunal no ar para acertar as contas com seus servos que Ele
comprou com Seu próprio sangue*(4). Diz Apocalipse 22:12:
"E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que
tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras".
*(4) 1 Coríntios 7:22,23; 2 Co.5:10; Ro. 14:10; 1 Co. 4:5

Dizem os versículos 24-28 da parábola: "24 Chegando, por


fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és
homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde
não espalhaste,25 receoso, escondi na terra o teu talento;
aqui tens o que é teu.26 Respondeu-lhe, porém, o senhor:
Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e
ajunto onde não espalhei?27 Cumpria, portanto, que
entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar,
receberia com juros o que é meu.28 Tirai-lhe, pois, o talento e
dai-o ao que tem dez". O fato de que este servo compareça
ante o tribunal de Cristo, demonstra que foi ressuscitado ou
transformado e trasladado com a Igreja, pois é salvo
eternamente. Mas este servo falha em sua vida interior,
conduta e obras diante do Senhor; conhecia ao Senhor mais
objetiva que subjetivamente. Temos que trabalhar na obra do
Senhor com o que recebemos do Senhor, partindo do zero; de
conformidade com os resultados, estaremos participando do
reino; e do servo negligente será tirado os dons espirituais e

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 154


será desqualificado e lançado nas trevas exteriores,
disciplinado, o tempo que for necessário.

Cap. 7: OS VENCEDORES E O TRIBUNAL


DE CRISTO

As três etapas de nossa ressurreição


É importante ter sempre em conta que nós como seres
humanos estamos conformados de três partes: espírito, alma e
corpo, e essas três partes que integram nosso ser são salvas
em três tempos diferentes, como ensinamos no primeiro
capítulo. O espírito é salvo no ato da regeneração, quando
cremos em Cristo; a alma é salva no curso de nossa vida cristã,
pois temos que nos ocupar da salvação de nossa alma com
temor e tremor, e isso devemos fazer juntamente com a ação
em nós do Espírito Santo; deve ser uma ação continua de
renovação e santificação da alma; e o corpo será salvo no
futuro, quando ocorrer a ressurreição da Igreja. Mas as três
partes devem ser achadas irrepreensíveis (1 Tessalonicenses
5:23). E assim como as três partes de nosso ser são salvas em
três etapas diferentes, também nossa ressurreição ocorre em
três etapas.
De conformidade com a Palavra de Deus, haverá no futuro duas
grandes ressurreições, e só duas: Uma, a primeira, a dos
mortos em Cristo, quando o Senhor regressar, no soar da
última trombeta, antes do reino milenar (1 Tessalonicenses
4:16; 1 Coríntios 15:52; Apocalipse 20:4-6); e a outra
ressurreição terá ocasião depois de mil anos (Apocalipse 20:7,
11-15). Mas dentro dos que participam da primeira
ressurreição, haverá um remanescente de vencedores que
obterão uma melhor ressurreição, conforme lemos em Hebreus
11:35: " Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus
mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate,
para obterem superior ressurreição".
A respeito, e para uma melhor compreensão do que significa
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 155
essa superior ressurreição, entremos a analisar um pouco em
Filipenses 3:10-11. No contexto, desde que se inicia o capítulo
3 de Filipenses, Paulo vem falando de gozar-nos e gloriar-nos
no Senhor, e não na nossa confiança, na força e recursos da
carne e seus interesses, tendo por esterco tudo aquilo que em
nós chegou a ocupar um lugar privilegiado, incluindo tudo o
relacionado com nossa antiga religião, e considerar tudo isso
como perda; logo diz no versículo 9: " e ser achado nele( em
Cristo ), não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a
que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus,
baseada na fé".
No curso de nossa vida cristã deve chegar o momento em que
devemos ser achados vivendo não em nossa própria justiça,
essa que provem de nossos próprios esforços por guardar a lei,
e sim ser achados em Cristo. Ser achados por quem? Pelos
homens, pelos anjos e pelos demônios. Logo nos versículos 10
e 11, diz:
" 10 para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a
comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na
sua morte;11 para, de algum modo, alcançar a ressurreição
dentre os mortos".
Nossa justiça deve ser a que procede de Deus; a vida de Deus
em nós, a fim de poder lhe conhecer. Conhecer ao Senhor é
experimentá-lo; não é meramente ler ou escutar sobre Ele.
Conhecer ao Senhor é experimentar o poder da ressurreição de
Cristo. Note que para isto é necessário que participemos dos
sofrimentos de Cristo, configurando-nos a Sua morte. Isso
enriquece nossa vida de ressurreição. Essa experiência de viver
uma vida crucificada vai nos aperfeiçoando ao Seu
conhecimento. A revelação é aperfeiçoada pela experiência até
o conhecimento de Cristo; e então podemos experimentar o
poder da ressurreição de Cristo. A vivência dessa ressurreição
nos faz aptos para uma super-ressurreição, a qual não será
alcançada por muitos. Muitos não querem a cruz, mas preferem
benção materiais e carnais.
No original grego, a palavra ressurreição que aparece no
versículo 10, não é a mesma traduzida no versículo 11. No
versículo 10 a palavra traduzida ressurreição, no grego é
anastaseos, mas no versículo 11 encontramos uma palavra um

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 156


pouco diferente; ali diz exanastasin, a qual se poderia traduzir
como uma super-ressurreição ou uma ressurreição
sobressalente, que será um prêmio para os santos vencedores.
Para chegar a esta ressurreição sobressalente, indica que todo
nosso ser, espírito, alma e corpo, já tenha passado por um
processo de ressurreição desde o momento em que
conhecemos a Cristo. É um processo paulatino, progressivo,
continuo, no qual podemos explicar assim:
1. Ressurreição do espírito. A nossa condição antes de
conhecer a Cristo era de morte. Isso explica vivamente a
Palavra em Efésios 2:1-4: "Ele vos deu vida, estando vós
mortos nos vossos delitos e pecados,2 nos quais andastes
outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da
potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da
desobediência;3 entre os quais também todos nós andamos
outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza,
filhos da ira, como também os demais.4 Mas Deus, sendo rico
em misericórdia, por causa do grande amor com que nos
amou..."
Antes de conhecer ao Senhor nosso espírito estava morto, mas
o Senhor o ressuscita para a vida eterna. Lemos em Efésios
2:5-6, onde os verbos estão no tempo passado:

"5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida


juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,6 e,
juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus".
O espírito não volta a ressuscitar devido a que jamais volta a
morrer. Na ressurreição do corpo, o espírito só faz reunir-se
com o corpo glorioso para reunir-se com Jesus. De
conformidade com Romanos 6:3-11, o batismo tem um aspecto
ressuscitador; ou seja, ao ser batizado no corpo de Cristo (1
Coríntios 12:12), participamos de todos os aspectos e
experiências de Cristo, incluída a ressurreição, de maneira que
fomos ressuscitados juntamente com Cristo "e a vossa vida
está oculta juntamente com Cristo, em Deus" (Col. 3:3). Essa é
uma constante em todo o Novo Testamento. Em nossa vida de

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 157


ressurreição não devemos praticar as coisas de nossa velha
natureza, a terrena.

" tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no


qual igualmente fostes ressuscitados (tempo passado)
mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os
mortos" (Col.2:12). "Portanto, se fostes
ressuscitados( tempo passado) juntamente com Cristo,
buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita
de Deus." (Col. 3:1).

2. Ressurreição da alma.
Uma vez que temos
experimentado a ressurreição do espírito, o Senhor passa a
trabalhar para ressuscitar nossa alma; mas a alma, para que
possa ressuscitar, deve morrer antes. Um crente novo ainda é
carnal, sua alma não tem sido renovada, de maneira que temos
que passar por um processo de crescimento espiritual, provas e
negação do eu, até que nossa alma chegue a ser renovada, e
tenhamos uma alma espiritual, com uma mente renovada, que
possamos pensar como Cristo; ao sermos conformados, não à
nossa maneira de pensar passada, mas sim à mente de Cristo.
Uma alma totalmente renovada é uma alma ressuscitada a uma
nova vida.

Diz Romanos 8:6: "Porque o pendor da carne dá para a morte,


mas o do Espírito, para a vida e paz". Nosso velho homem foi
crucificado juntamente com Cristo,*(1) mas devemos tomar
nossa cruz a cada dia,*(2) a fim de que essa morte (da alma
carnal) seja uma realidade presente em cada um de nós.
Enquanto nos ocupemos (nossa alma) da carne, não há morte
em nosso eu; mas ao participar na morte de Cristo, nossa alma
tem vida e verdadeiramente somos trasladados da velha
criação, do velho homem, à nova criatura, ao novo homem,
que é Cristo em nós. O processo desta ressurreição é um
assunto presente. Essa ressurreição especial é a meta de nossa
vida cristã.
*(1) Cfr. Romanos 6:6
*(2) Cfr. Lucas 9:23

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 158


3. Ressurreição do corpo. Nosso corpo será ressuscitado
no futuro, ao som da última trombeta; e nessa ressurreição se
lhe unirão o espírito e a alma. Romanos 8:10,11 diz:

"10 Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está


morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da
justiça.11 Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou
a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo
Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo
mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita".

Deus quer que todo nosso ser (1 Tes. 5:23) seja achado
irrepreensível quando vier o Senhor, e todo nosso ser
completamente ressuscitado, seja em forma integral liberado
do velho homem que tinha Satanás escravizado. Que trabalhe,
pois, em nós o poder de ressurreição que operou em Cristo
Jesus. Disto tiramos a conclusão que haverá crentes não
vencedores, que suas almas não haverão experimentado a
respectiva ressurreição, de maneira que não experimentarão
essa ressurreição especial no último dia. Note que Paulo
adverte em Filipenses 3:11, quando diz: " para, de algum
modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos". É bem claro
que não está se referindo à ressurreição geral da Igreja senão a
essa ressurreição especial, pois Paulo estava seguro que
participaria da ressurreição geral.

Os vencedores e o arrebatamento da Igreja


As Escrituras dão fé de que a Igreja será levantada pelo Senhor
em Sua vinda, evento no qual ocorrerá a ressurreição dos
justos e a transformação dos que permanecerem vivos até o
glorioso regresso de Cristo. Vejamos acerca desse fato em
quanto ao conhecimento de tal evento por parte dos crentes e
em quanto à participação no mesmo.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 159


Quanto ao conhecimento do tempo do
arrebatamento.

De conformidade com Atos 1:9-11 e outros muitos textos


bíblicos, o Senhor virá outra vez. "9 Ditas estas palavras, foi
Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o
encobriu dos seus olhos.10 E, estando eles com os olhos fitos
no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de
branco se puseram ao lado deles11 e lhes disseram: Varões
galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que
dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes
subir". De acordo com certos sinais dados na Bíblia, sabemos
que Sua vinda não demora, porque ninguém sabe nem o dia
nem a hora, Mas podemos saber o tempo em que esse evento
ha de ocorrer. Quem saberá o tempo em que o Senhor ha de
regressar? Haverá irmãos que, ou por não amar a vinda do
Senhor ou por andar preocupados em seus desejos carnais e
vida do mundo, vivem despercebidos e esse fato os
surpreenderá como ladrão na noite, e a outros, que estarão
velando, não.

Por exemplo, aos irmãos de Sardes, os que estão marcados


dentro do protestantismo denominacional, os que tem nome de
que vivem, e estão mortos, o Senhor lhes diz (Ap. 3:3):
"Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e
arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e
não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti". O
curioso é que isso mesmo diz o Senhor ao mundo com respeito
de Sua vinda. Registramos no texto de 1 Tessalonicenses: 5:2-
3: "2 pois vós mesmos (os santos) estais inteirados com
precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite.3
Quando andarem dizendo: (no mundo) Paz e segurança, eis
que lhes sobrevirá (os ímpios) repentina destruição, como vêm
as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo
escaparão". Uma coisa é o mundo e o crente descuidado, e
outra o que vela e ama a vinda do Senhor. Transcrevemos na
continuação os versículos seguintes (4-10): "4 Mas vós, (os que
velam) irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 160


ladrão vos apanhe de surpresa;5 porquanto vós todos sois
filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das
trevas.6 Assim, pois, não durmamos (não nos descuidemos no
mundo) como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos
sóbrios.7 Ora, os que dormem dormem de noite (nas trevas do
mundo), e os que se embriagam é de noite que se
embriagam.8 Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios,
revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como
capacete a esperança da salvação;9 porque Deus não nos
destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante
nosso Senhor Jesus Cristo,10 que morreu por nós para que,
quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele".
Este texto fala por si só.

Quanto ao tempo do arrebatamento e à participação


no mesmo.
A ortodoxia doutrinal bíblica ensina que haverá duas
ressurreições: Uma, a primeira, a dos santos na vinda do
Senhor, depois da grande tribulação, e a segunda, a dos
ímpios, ao finalizar o milênio. Sobre este ponto crucial da
Escatologia, através da história se foram desenvolvendo os
pontos de vista de várias escolas de interpretação, dos quais
destacamos os seguintes.

1. Pós-tribulacionismo. A sã doutrina bíblica é que toda a


Igreja do Senhor será arrebatada pelo Senhor e trasladada aos
ares, onde nos encontraremos com o Senhor. Quando ocorrerá
esse evento? Na última trombeta. "51 Eis que vos digo um
mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos
todos,52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao
ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados." (1
Coríntios 15:51-52). "16 Porquanto o Senhor mesmo, dada a
sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a
trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro;17 depois, nós, os vivos, os que
ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 161


estaremos para sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses
4:16-17). Ao ser levantada a Igreja ao toque da sétima
trombeta, significa que a Igreja estará aqui na terra durante os
sete anos do governo do anticristo, porque ao toque da última
trombeta é quando ocorrerá a gloriosa vinda do Senhor e o
começo de Seu reino milenar; e isso não ocorrerá senão ao
finalizar os sete anos do governo da besta. Vejamos o que diz
Apocalipse sobre isso.
"15 O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes
vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e
do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.16 E os
vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no seu
trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e
adoraram a Deus,17 dizendo: Graças te damos, Senhor Deus,
Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu
grande poder e passaste a reinar.18 Na verdade, as nações se
enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado
para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos
teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu
nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres
os que destroem a terra" (Apocalipse 11:15,18). Este ponto de
vista era o sustentado pela igreja primitiva, pois é o que
aparece nos documentos do primeiro século, como a Didaqué;
logo foi o ponto de vista interpretativo dos chamados pais da
igreja, e dos escolásticos; também foi o ponto de vista dos
reformadores; por último foi sustentado por várias das grandes
denominações da linha reformada e outras; são pós-
tribulacionistas inclusive algumas correntes presbiterianas e
batistas. Também foram pós-tribulacionistas os irmãos
Benjamím Newton e George Mueller, dentro da linha dos
Irmãos ou Brethren, os quais se opuseram a Darby.
Apocalipse fala dos santos saídos da grande tribulação. "9
Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém
podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas,
em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de
vestiduras brancas, com palmas nas mãos;10 e clamavam em
grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono,
e ao Cordeiro, pertence a salvação.11 Todos os anjos estavam
de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 162


e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a
Deus,12 dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e
as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao
nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!13 Um dos
anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de
vestiduras brancas, quem são e donde vieram?14 Respondi-
lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes
os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e
as alvejaram no sangue do Cordeiro,15 razão por que se
acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no
seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá
sobre eles o seu tabernáculo.16 Jamais terão fome, nunca
mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor
algum,17 pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os
apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus
lhes enxugará dos olhos toda lágrima" (Apocalipse 7:9-17). O
pós-tribulacionismo é o que se chama como a teologia do
pacto. Mas o que sucedeu?

2. Pré-tribulacionismo. Não obstante que a igreja


primitiva e a patrística sustentavam a interpretação do Novo
Testamento no sentido de que a Igreja seria arrebatada depois
da grande tribulação, entretanto, no ano 374, Efraim o Sírio,
sem demonstrar profundamente, pela primeira vez na história
lança a idéia de um arrebatamento antes da grande tribulação;
mas não fez muito eco, pois até 1754 é quando retoma este
ponto de vista um pastor batista chamado John Gill;
posteriormente retomaram suas bandeiras os seguintes: em
1810 um jesuíta chileno de apelido Lacunsa; em 1812, um
irmão inglês chamado Edward Irving; também ensinou o pré-
tribulacionismo em 1816 uma mulher, ao parecer mística,
chamada Margaret McDonald. Mas o que deu o respaldo final foi
o irmão John Nelson Darby em 1820, que havia escutado de
Eduard Irving. O irmão Darby foi da linha dos Brethren,
também conhecidos na história como Os irmãos de Plymouth,
intimamente relacionados com a restauração da igreja bíblica e
a unidade do Corpo de Cristo. Darby havia sido um arcebispo
anglicano, de onde saiu para se unir aos Irmãos em Plymouth.
Darby aprofundou e sistematizou o pré-tribulacionismo e o

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 163


dispensacionalismo. Mas quem deu ampla difusão ao pré-
tribulacionismo e ao dispensacionalismo foi o Dr. Scofield com
suas famosas anotações da Bíblia, e por esse meio essa
corrente de ensinamento teve fácil entrada em muitas
denominações. A morte de Scofield, quem retomou as
bandeiras do pré-tribulacionismo foi Lewis Sperry Shaffer,
fundador do Seminário Fundamentalista de Dallas, Texas, onde
se tem formado muitos pastores denominacionais, e autor de
una famosa teologia sistemática; de maneira que tem sido
meios poderosos para que se difunda o pré-tribulacionismo.
Outros influentes pré-tribulacionista tem sido Charles Ryrie,
John F. Walvoord, das Assembléias de Deus, e J. Dwight
Pentecost, autor da conhecida obra dispensacionalista "Eventos
do Porvir", que tanta influencia tem projetado no
denominacionalismo.
Os irmãos que tem ensinado e difundido o pré-tibulacionalismo
merecem todo o respeito, mas devo declarar o que diz a Bíblia,
que se aos crentes é ensinado que a Igreja do Senhor será
trasladada antes da aparição do anticristo na esfera política
mundial, estão lhes enganando. "1 Irmãos, no que diz respeito
à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com
ele, nós vos exortamos, 2 a que não vos demovais da vossa
mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito,
quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de
nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor.3 Ninguém, de
nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá
sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o
homem da iniqüidade, o filho da perdição, 4 o qual se opõe
e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de
culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus,
ostentando-se como se fosse o próprio Deus.5 Não vos
recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos
estas coisas? 6 E, agora, sabeis o que o detém, para que ele
seja revelado somente em ocasião própria.7 Com efeito, o
mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja
afastado aquele que agora o detém;8 então, será, de fato,
revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro
de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda " (2
Tessalonicenses 2:1-8).

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 164


Os pré-tribulacionista interpretam o versículo 7 no sentido de
que é o Espírito Santo quem impede a manifestação do
anticristo, e que o Espírito Santo será tirado da terra ao ser
arrebatada a Igreja. Mas tenhamos em conta que o Espírito
Santo está em todas as partes, inclusive no Hades. "7 Para
onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua
face?8 Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no
mais profundo abismo, lá estás também " (Salmos 139:7-8).
Isso significa que o Espírito continuará na terra depois que a
Igreja for arrebatada ao céu; inclusive estará nas duas
testemunhas de Deus cujo ministério se desenvolverá em
Jerusalém durante a grande tribulação.*(3) O Espírito não é
quem tem detido a manifestação dos grandes impérios
mundiais. Deus tem traçado um plano na história dos homens.
Medite bem o leitor na estátua do sonho de Nabucodonosor de
Daniel 2; aí aparece a sucessão dos impérios mundiais até a
vinda do Senhor. As pernas da estátua correspondem ao
império romano; logo vem uma explicação mais detalhada disto
mesmo nas bestas de Daniel 7. Note que a estátua termina em
dez dedos, e a quarta besta (Roma) aparece com dez chifres,
dos quais se levantará outro, a besta, que se encarregará de
quebrantar aos santos do Senhor (Daniel 7:14-25; Apocalipse
13:5,7; Apocalipse 17:12-13). A Escritura se interpreta por si
própria; de maneira que o que impede a manifestação do
anticristo é o império romano; ao ser tirado o poder de Roma,
aparecerá o anticristo.
*(3) Apocalipse 11_1-12

Vemos que para que na história se manifestasse o Império


Romano foi necessário que fosse tirado o império grego, e que
para que antes houvesse manifestado a Grécia, havia sido
necessário que se tirasse a Medo-Pérsia, etc. Muitos ignoram
que o Império Romano continuou governando em forma
latente. Os bárbaros podiam haver desferido um golpe mortal à
Roma imperial, mas esse mesmo espírito continua ao surgir a
Roma papal, a qual herdou os poderes imperiais sobre toda
Europa e suas colônias, poder que se encarregou de reviver o
império romano com o Sacro Império Romano Germânico com
Carlos magno e seus sucessores na Europa. De maneira, pois,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 165


que estamos vendo um ressurgir do Império Romano no antigo
território europeu do império, suas antigas províncias, os países
que hoje formam a Comunidade Européia. Daí sairá o
anticristo, mas será um império diferente, pois o anticristo "o
qual será diferente dos primeiros... e cuidará em mudar os
tempos e a lei " (Dn. 7:24,25).
3. Os dois arrebatamentos. Ao analisar os dois
anteriores pontos de vista, e talvez vendo em ambos alguma
razão, surgiu uma terceira escola de interpretação com os
irmãos Robert Govett, G. H. Pember, D. M. Panton, pioneiros da
restauração da igreja bíblica, e ultimamente com o irmão Lang,
com a convicção de que o arrebatamento da Igreja tem duas
etapas ou dois arrebatamentos, um antes da tribulação para as
primícias, os vencedores, e outro depois da tribulação para a
colheita, ou seja, o resto dos cristãos salvos. Para ele tomam
textos bíblicos tanto do Antigo como do Novo Testamento. Este
foi o ponto de vista que seguiram e ensinaram os irmãos
Watchman Nee e Witness Lee, apóstolos da restauração na
China. Mas devemos ter em conta que só há duas
ressurreições: Uma no começo do milênio para a igreja, e outra
no final do reino milenar, para os ímpios. Também a Escritura
fala de primícias da ressurreição, mas diz que as primícias é
Cristo. "20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos,
sendo ele as primícias dos que dormem.21 Visto que a
morte veio por um homem, também por um homem veio a
ressurreição dos mortos.22 Porque, assim como, em Adão,
todos morrem, assim também todos serão vivificados em
Cristo.23 Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo , as
primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda" (1
Coríntios 15:20-23). De maneira que Cristo é as primícias da
primeira ressurreição; a igreja é a colheita.

Cap. 7: OS VENCEDORES E O TRIBUNAL


DE CRISTO

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 166


Diferença entre a salvação e o reino
Satanás quebrou a ordem divina instaurada no universo,
envolvendo nele mais tarde o homem. Mas o Filho de Deus
encarnou para iniciar a restauração de tudo, conforme o
propósito inicial de Deus, incluindo a Igreja que Ele mesmo
resgatou, até instaurar sobre a terra o reino dos céus, até que
sejam postos todos seus inimigos por estrado de Seus pés.
O Pai é quem nos revela a Seu Filho Jesus Cristo, por Seu
Espírito, o qual é quem nos dá a convicção e a capacidade de
arrepender-nos, "8 Porque pela graça sois salvos, mediante a
fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;9 não de obras,
para que ninguém se glorie" (Ef. 2:8,9). Essa salvação não está
condicionada a obra alguma de nossa parte, nem boa nem má,
e dela não nos separará nem o presente nem o porvir*(1). Esta
salvação corresponde ao espírito. Mas a alma também deve ser
salva; e devemos nos ocupar da salvação de nossa alma, de
nosso eu, com temor e tremor*(2). Se não se faz uma clara
diferença entre a salvação da alma e do espírito, a confusão é
grande. Não confundas a alma e o espírito. O homem é um ser
tripartido. A alma é o eu da pessoa, ali está a sede de sua
personalidade, pois é o assento do intelecto (pensamentos),
vontade (faculdade de decidir) e emoções, e dali emana sua
responsabilidade e seu poder de decisão. Portanto, é necessário
que nosso espírito (homem interior, o chama Paulo), já salvo,
seja fortalecido com o poder do Espírito Santo, para que em
conseqüência habite Cristo pela fé em nossos corações, que é
outra forma bíblica de chamar a alma mais a consciência do
espírito*(3), e chegue a ser Ele vivendo em nós e não nós
mesmos*(4). Quando isto ocorrer, teremos sido aperfeiçoados
pelo Senhor, teremos salvo nossa alma e teremos chegado a
ser verdadeiros vencedores.
*(1) Cfr. Romanos 8:38*(2) Filipenses 2:12*(3) Efésios
3:16,17*(4) Gálatas 2:20
A salvação do espírito se relaciona com a vida eterna, e a
salvação da alma e as boas obras estão intimamente
relacionadas com a participação no reino, que são dois aspectos
diferentes. Uma coisa é a salvação eterna, que é um dom de
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 167
Deus imerecido e que não se perde, e outra coisa diferente é a
recompensa de Deus ou o castigo temporário durante a era do
reino. O problema da eternidade já está resolvido desde antes
da fundação do mundo e faz dois mil anos que teve seu
cumprimento na cruz do Calvário, mas o da posição no reino e
sua recompensa dependem de que nós nos mantenhamos
firmes. Não se deve confundir o reino com a salvação eterna. A
salvação se recebe pela fé; é um presente, é a vida eterna; por
outro lado, no reino se entra por nossa fidelidade até a morte,
se recebe por obras, por obedecer ao Pai; no caso de Esmirna é
a coroa da vida. Quando a palavra de Deus diz em Romanos 8
que não nos separará do amor de Cristo nem o porvir, ali não
está condicionando que classe de porvir em nossas vidas.
Aconteça o que acontecer no futuro, não perderemos nossa
salvação eterna. Romanos 8:35-39 declara que não há maneira
de separar-nos de Cristo. Nossa salvação eterna não se perde,
pois não depende de nossas obras nem de nossas justiças
próprias; se assim fosse, aparte de que anularia a obra do
Senhor, se acaso hoje fosse salvo e amanhã não; talvez depois
de amanhã sim; e depois? Nossa salvação nem sequer assim
poderia sustentar-se firme, pois nada do que façamos ou
deixamos de fazer nos fará merecedores de podermos chegar
até Deus. A Bíblia não indica nenhum caminho nem esforço
humano para chegar a Deus. Pelo contrário, nos revela que a
melhor de nossas justiças é como trapo de imundícia frente à
obra de Deus; mas, graças ao Senhor que nossa salvação não
depende de nós, inúteis humanos, depende da obra que Cristo
levou a cabo por nós em Sua encarnação, em Sua morte na
cruz, em Sua ressurreição e em Sua glorificação. Tudo tem
feito Cristo, "que nos salvou e nos chamou com santa
vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua
própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus,
antes dos tempos eternos" (2 Timóteo 1:9). "Quando, porém,
se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu
amor para com todos,5 não por obras de justiça praticadas
por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou
mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo "
(Tito 3:4.5).
A Bíblia diz que a salvação é um presente de Deus que não se

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 168


perde, pois fomos salvos uma só vez e para sempre; diz que
ninguém tem merecido a salvação, nem pode fazer algo de sua
própria natureza para recebê-la. É um presente que se recebe
pela fé, e a própria fé nos é dada por Deus. É Deus que tem
eleito à quem vai salvar. Deus "4 assim como nos escolheu
nele ( Em Cristo) antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor " (Efésios 1:4).
Diz em João 15:16: " Não fostes vós que me escolhestes a
mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei
para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim
de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo
conceda". Desde antes da fundação do mundo temos sido
predestinados a uma salvação que não se perde jamais. "Os
gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra
do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para
a vida eterna" (At. 13:48). Levemos em conta que o que Deus
dá, não tira. "Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos
delitos e pecados" (Ef. 2:1); aqui, como em outras partes,
aparece no passado, se trata da salvação do espírito; por outro
lado quando se trata da salvação da alma, sempre aparece no
presente ou futuro. Por exemplo, diz 1 Timóteo 4:16: "Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres;
porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos
teus ouvintes ". Também Lucas 21:19 diz: "É na vossa
perseverança que ganhareis a vossa alma".
A maioria dos teólogos, mestres e estudiosos da Bíblia, em sua
concepção e exegese tradicional ignoram ou seguem tendo
dificuldade para interpretar e concordar corretamente o
conteúdo das passagens que se relacionam com o tribunal de
Cristo e o juízo da Igreja. Ao ignorar a exegese dos respectivos
textos ou se confundirem, tem chegado à concepção da falsa
doutrina de que a salvação se perde, porque não fazem
diferença entre a alma e o espírito e seus respectivos tempos
de salvação. Se tu és um legítimo cristão, não estás perdido
eternamente, mas pode ser que leves uma vida vencida e
tenha motivos suficientes para merecer um tratamento
adicional do Senhor; esse tratamento disciplinar pode ser
executado agora, nesta era da Igreja ou quando vier o Senhor,
o qual não significa que se vá perder tua salvação eterna. É

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 169


muito certo o que nos diz João 3:16, mas também é certo o
que nos diz Apocalipse 2:11. Podemos fazer, por exemplo, uma
relação entre Mateus 5:13 com Lucas 14:34-35.
Nos diz o Senhor em Mateus 5:13: "Vós sois o sal da terra;
ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor?
Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado
pelos homens". Os cristãos são o sal da terra. O que significa
ser lançado fora? Significa ser excluídos do reino dos céus. Diz
em Lucas 14:34-35, onde o Senhor nos dá a chave: "34 O sal
é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como
restaurar-lhe o sabor?35 Nem presta para a terra, nem
mesmo para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos
para ouvir, ouça ". O sabor e utilidade desse sal dependem da
conduta do crente nesta terra, de seu grau de renuncia ao
mundo e aos deleites terrenos. O que acontecerá com os que
não renunciam a todas as coisas da vida presente? Que não
serão aptos para o reino dos céus (na terra), nem para a
estrumeira, ou inferno, porque são filhos de Deus, então serão
lançados da glória do reino às trevas exteriores. Se tu és um
cristão derrotado, jamais deixas de ser um filho e servo de
Deus, mas há em tua vida a opção de ser jogado fora da terra,
às trevas exteriores, longe da glória do reino de Cristo, durante
o Milênio. Como temos anotado no capítulo 4, em muitas partes
da Palavra de Deus vemos que haverá diferentes classes de
castigos disciplinares para os crentes derrotados.

O sermão do monte foi dito pelo Senhor a Seus discípulos, e


são princípios e normas que se referem ao reino, para que a
Igreja saiba o que lhe corresponde quanto ao trato e inter-
relações dos irmãos, seus compromissos e atividades na obra
do Senhor, sua atitude frente às coisas terrenas. No Antigo
Testamento, temos o Salmo 89, um salmo messiânico que se
relaciona com o pacto de Deus com Davi, o qual tem seu pleno
cumprimento com o Senhor Jesus Cristo, de quem nos versos
27-29 diz:
" 27 Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre
os reis da terra.28 Conservar-lhe-ei para sempre a minha
graça e, firme com ele, a minha aliança".

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 170


Logo nos versos 30-37 nos diz: "30 Se os seus filhos
desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos,31 se
violarem os meus preceitos e não guardarem os meus
mandamentos, 32 então, punirei com vara as suas
transgressões e com açoites, a sua iniqüidade.33 Mas
jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei
a minha fidelidade.34 Não violarei a minha aliança, nem
modificarei o que os meus lábios proferiram.35 Uma vez jurei
por minha santidade (e serei eu falso a Davi?):36 A sua
posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol
perante mim.37 Ele será estabelecido para sempre como a lua
e fiel como a testemunha no espaço".
Vemos que o não vitorioso terá seu castigo, ainda que não
perderá sua salvação. Se sabe pela Palavra de Deus que no
cristianismo professo há discórdia e gente não regenerada
dentro de suas fileiras, e já sabemos o que sucederá com essas
pessoas, mas também é um fato indiscutível que na Igreja,
entre os regenerados e lavados pelo sangue do Senhor há
servos fiéis, menos fiéis e infiéis, vencedores e derrotados,
valentes e covardes, maduros e imaturos, espirituais e carnais,
diligentes e negligentes, crianças flutuantes e adultos na fé. Em
Mateus 24:45-51, encontramos o que acontecerá tanto com
uma classe de servos como com a outra, na vinda do Senhor e
o estabelecimento de seu tribunal, quando diz:
" 45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o senhor
confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu
tempo?46 Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor,
quando vier, achar fazendo assim.47 Em verdade vos digo que
lhe confiará todos os seus bens.48 Mas, se aquele servo,
sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se,49
e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber
com ébrios,50 virá o senhor daquele servo em dia em que não
o espera e em hora que não sabe 51 e castigá-lo-á, lançando-
lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de
dentes ".
Onde estiverem os hipócritas sofrendo eternamente, ali mesmo
estarão sendo castigados por um tempo (diz, sua parte) os
crentes descuidados, desobedientes, glutões, bêbados, viciosos,
preguiçosos, mundanos, amadores dos prazeres mais que de

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 171


Deus; os que buscam impor sua autoridade e suas leis na
igreja. É importante ter em conta que a Escritura diz com toda
clareza que somos salvos pela graça de Deus mediante a fé,
como um presente de Deus em Cristo; entretanto, a
continuação e as entrelinhas seguidas afirmam no mesmo
contexto que o Pai preparou um trabalho exclusivo para cada
um de nós. "10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo
Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou
para que andássemos nelas" (Ef. 2:10).
Isso significa, não obstante, que como filhos de Deus, temos a
responsabilidade diante Dele de fazer algo específico que Deus
preparou para que fizéssemos, dentro dos propósitos Dele na
edificação de Sua casa, e do qual devemos dar conta. Deus não
tem deixado Sua criação nem muito menos a edificação de Sua
Igreja ao arbítrio dos homens. É necessário trabalhar de acordo
a um plano minuciosamente traçado pelo Senhor, de acordo
com Sua vontade, e seguindo os fundamentos bíblicos. Não se
trata, pois, de fazer as coisas de acordo com nosso próprio
plano e propósito, assim nos pareça que o que fazemos é
perfeito e aceito por Deus.
É necessário, pois, e para benefício nosso, que desviemos
nossa atenção dos meros interesses terrenos, tanto de tipo
pessoal como dos relacionados com organizações religiosas não
fundamentadas na Palavra de Deus, e não descuidar a salvação
de nossa alma. "...desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor" (Fp. 2:12); e a razão disto encontramos também na
bendita Palavra de Deus, quando diz " Pois que aproveitará o
homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou
que dará o homem em troca da sua alma?" (Mateus 16:26). De
acordo com o contexto, isto não disse o Senhor às multidões
mundanas e sim a seus discípulos. Disse o irmão W. Nee:
"Não podemos mesclar a perdição eterna com a
disciplina. Muitos versículos, que parecem dizer que os
cristãos podem se perder de novo, realmente falam da
disciplina dos cristãos. Não só está o assunto da
disciplina e o assunto da falsidade, Mas também o
assunto do reino e da recompensa. Estas poucas coisas
são fundamentalmente diferentes. Muitas vezes,
aplicamos as palavras para o reino à era eterna, e as

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 172


palavras com respeito à recompensa ao tema da vida
eterna. Naturalmente, isto produzirá muitos problemas.
Devemos dar-nos conta de que existe uma diferença
entre o reino e a salvação, e entre a vida eterna e a
recompensa. A maneira em que Deus tratará conosco no
milênio é diferente da maneira em que Ele tratará
conosco na eternidade. Há uma diferença na maneira em
que Deus trata com o homem no mundo restaurado e no
mundo novo. O milênio está relacionado com a justiça.
Está relacionado com nossas obras e com nosso andar
depois de que temos chegado a ser cristãos. O reino
milenar tem como propósito julgar nosso andar;
entretanto, na eternidade, nos novo céu e nova terra,
tudo é graça gratuita. E o que tem sede pode vir e beber
gratuitamente (Apocalipse 22:17). Esta palavra é falada
depois de que os novos céus e a nova terra tenham
vindo".*(5)
*(5) Watchman Nee. O Evangelho de Deus. L. S. M. Tomo
II. Pág. 357.

As bodas do Cordeiro
Não tem havido muita clareza no relacionado com as bodas do
Cordeiro e com a Igreja. Muitos irmãos pensam que toda a
Igreja, ou seja, cem porcento dos irmãos participarão como
noiva nas bodas. Mas a Escritura não diz isso. Na parábola da
festa de bodas diz que "o reino dos céus é semelhante a um rei
que fez festa de bodas a seu filho" (Mt. 22:2). Pelo contexto
vemos que para participar nesta festa de bodas é necessário
cumprir certos requisitos, como ser dignos (v.8) e estar vestido
de certo tipo de vestido de boda. Dizem os versos 11-13: "11
Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou
ali um homem que não trazia veste nupcial12 e perguntou-lhe:
Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele
emudeceu.13 Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o
de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá
choro e ranger de dentes". O que significa este vestido de
boda? O fato de que este homem entrou à festa de bodas é
porque é salvo, mas não estava vestido com as vestes dos
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 173
vencedores, o da justiça subjetiva em seu andar com o Senhor.
O compreenderemos melhor com Apocalipse 19:7-9: " 7
Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são
chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já
se ataviou,8 pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo,
resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de
justiça dos santos.9 Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-
aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do
Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de
Deus". Então vemos que as bodas do Senhor não se farão com
toda a Igreja; nem todos são chamados para participar ali,
senão só com Seus vencedores, os quais vêm a ser a esposa.
Por um lado vemos que na parábola fala de alguém que,
mesmo que seja salvo, é lançado fora por não estar com o
vestido adequado; e por outro vemos em Apocalipse 19:7-9
que fala do vestido de linho fino, que são os atos de justiça dos
santos, e esses atos justos só se vêem nos vencedores.
A noiva do Cordeiro deve estar preparada antes desse
acontecimento. Como é essa preparação? Deve levar o vestido
adequado, que simboliza a vida do Senhor em nós, nossa
justiça, nossa conduta, nossas obras em Deus, e além disso,
estar cheios de azeite do Espírito Santo, como diz Eclesiastes
9:8: "Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte
o óleo sobre a tua cabeça". Temos o caso das cinco virgens
insensatas. Lhes faltou pureza, limpeza de toda mancha, lhes
faltou azeite, não haviam pagado o preço, e sendo salvas, pois
foram até o tribunal de Cristo, não puderam participar nas
bodas do Cordeiro. Não haviam se preparado para as bodas.
"E, saindo elas ( As insensatas) para comprar(pagar o preço),
chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com
ele para as bodas; e fechou-se a porta.11 Mais tarde,
chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-
nos a porta!12 Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que
não vos conheço" (Mateus 25:10-12). Sem fé não podemos
alcançar a salvação eterna; mas sem obras justas não
poderemos desfrutar do reino dos céus, incluindo as bodas de
Cordeiro. Na Palavra de Deus se fala de una vestidura de
bodas, e explica em que consiste; ninguém pode confeccionar
esse vestido a não ser com a ajuda de Senhor. O Senhor faz

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 174


em nós e nós fazemos Nele. Trabalhar sem Ele, é trabalhar em
madeira, feno e palha. A vestidura objetiva significa que somos
revestidos de Cristo, digamos, por fora, somos mudados de
posição; e a vestidura subjetiva significa que somos habitados
por Cristo por dentro; que somos conformados a Sua imagem.
Ele é forjado em nós, manifestando seus atributos através das
virtudes de nossa alma renovada. Irmão, medita na arca do
pacto. Foi feita de madeira de acácia (a humanidade), mas
revestida de ouro (a divindade) por dentro e por fora. Para que
possamos participar nas bodas, é necessário que nosso eu seja
aniquilado, e Cristo forjado em nós antes; temos tido que
sofrer dores de parto. Mas Cristo se forma em nós com nosso
consentimento, usando também de nossa vontade. Paulo disse
aos santos, salvos de Galácia: "meus filhos, por quem, de
novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós"
(Gálatas 4:19).
Quando se levarão a cabo as bodas? Imediatamente depois do
juízo da Igreja ante o tribunal de Cristo, seguidas pelas festas,
naturalmente, as quais se prolongarão por todo o milênio. "E o
Espírito e a Noiva dizem: Vem". Só o Espírito Santo e a Noiva
estão preparados para o encontro com o Senhor. Antes
vejamos que o Espírito falava às igrejas; agora o Espírito de
Deus e os vencedores se tem feito um, e expressam o desejo
de que venha prontamente o Senhor.

A sétima promessa
"Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim
como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono"
(Ap. 3:21).
Este é o máximo galardão que o Senhor pode outorgar ao um
vencedor. O Senhor tem falado à Igreja; então o Senhor está à
porta, chamando a quem queira abrir. A grande multidão dos
crentes são crianças carnais, entretidos em seus próprios
deleites e diversões, nas falsas doutrinas de prosperidade; têm
se enchido de riquezas materiais, e orgulho; se gabam dos
muitos conhecimentos que vão adquirindo, de suas posições
ante o Estado e as esferas sociais; já não necessitam de Deus.
Mas o Senhor recorre aos vencedores, ao que lhe escute e lhe
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 175
obedeça, ao que abre sua intimidades com Ele; ao que esteja
disposto a se por de acordo com Ele. O tempo já está pronto
para se cumprir; já vai terminar a era da graça, e vem a do
reino milenar; se aproxima o juízo da Igreja ante o tribunal de
Cristo; então o Senhor, em troca dos "tronos" fabricados pelos
homens, oferece a máxima posição de glória, sentar-se com o
Senhor em Seu trono. Por que precisamente a esta igreja do
morno período de Laodicéia?
Ainda que a Igreja esteja ocupada em seus próprios interesses
e glórias terrenas, entre os vencedores já existe a expectativa
da vinda do Senhor. Eles sabem que esse glorioso dia está às
portas; o esperam ansiosos e amam o regresso do Senhor. Os
vencedores que receberem este galardão de se sentarem com o
Senhor em Seu trono, hão de participar da autoridade do
Senhor, em sua qualidade de reis, governando com Ele sobre
toda a terra durante o reino milenar de Cristo. Mas antes os
vencedores têm comprado de Deus ouro puro refinado pelo
fogo.

Aqui o que vence o faz sobre a mornidão da igreja degradada,


gerada pelo orgulho do conhecimento de muita doutrina, mas
sem o Senhor. Aqui o vencedor é o que paga o preço para
comprar o ouro refinado nas provas de fogo, as vestiduras
brancas de seu andar em Cristo e o colírio da unção e a luz do
Espírito Santo. Ao vencedor compete vencer não só a
hostilidade do mundo e de seu próprio eu, senão também, e o
que é pior, a infidelidade, cegueira, prepotência e desvio da
Igreja. A Igreja está cheia de outras glórias alheias à
verdadeira glória do Senhor; a Igreja se embriaga dos potentes
imãs do progresso material, e tem se esquecido da verdadeira
glória do reino, o qual se ganha com a cruz, negando-se a si
mesmo. Todo crente que se ocupe hoje em exaltar a si mesmo
e a seu ministério, atropelando às ovelhas do Senhor, chegará
nesse dia em que sofra a mais dolorosa humilhação. Na Igreja
se tem generalizado o conceito de que o Senhor só nos salvou
do inferno; já não temos que ir ao inferno, pois não há idéia de
qual seja o plano de Deus para a Igreja; e, além disso, nos
salvou para que vivamos nesta terra cheios de bens materiais e
felicidades temporárias. Mas vem o juízo de Deus, e o juízo

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 176


começa por Sua própria casa. Irmão, deixa que o Senhor julgue
agora teu andar; permite que o Senhor julgue cada
pensamento; submete ao juízo do Senhor cada ato teu, cada
passo que dê; acostuma-te a viver abaixo do juízo da Palavra
de Deus, do Espírito Santo por tua consciência, da voz do
Senhor dentro de ti. Julga-te a ti mesmo usando as
ferramentas que o Senhor te ha dado. Se isso chega a ser tua
realidade cotidiana, o dia que o Senhor julgar a Seu povo, para
ti será um dia de glória.
Todo vencedor estará reinando no milênio a um mesmo nível
que os demais? De acordo com a parábola das minas de Lucas
19:11-26, cada crente exercerá no reino um serviço de acordo
com o uso que tenhamos feito aqui dos dons que nos tem
outorgado o Espírito Santo, postos ao serviço de Deus. Nem
todos teremos a mesma posição no reino dos céus, nem os
mesmos privilégios, nem desfrutar ao Senhor no mesmo grau
de proximidade. O Senhor é justo e trabalha com justiça. Na
terra medimos as classes e as posições de maneira diferente a
como se medem no céu.

8. O REINO MESSIÂNICO NA
PERSPECTIVA PROFÉTICA

O homem recebe o senhorio e o perde

Depois que o Senhor terminou toda a obra da criação, diz a


Bíblia que Deus criou o homem. Deus necessitava de alguém
que representasse Sua autoridade na Sua criação. Depois que
Deus criou o homem à Sua imagem, varão e varoa, dotados
com suficiente poder e autoridade, lhes disse (Gn. 1:28): “E
Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos,
enchei a terra e sujeitai-a(é a palavra chave); dominai sobre os
peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que
rasteja pela terra". Essas eram as três áreas sobre as quais o
homem tinha domínio. Deus deu senhorio ao homem sobre os
ares, nas águas e na terra. Deus queria estabelecer seu reino
no universo começando por esta terra, mas com a
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 177
representação do homem, uma criatura inteligente de sua
inteira confiança.
Mas o homem falha com Deus. Vem o drama do homem e a
antiga serpente, e o homem entrega este senhorio a Satanás, o
mesmo senhorio que havia recebido de Deus. Satanás incita ao
homem a ser independente de Deus; assegura-lhe que se
comer do fruto proibido seriam abertos seus olhos e seria como
Deus, sabendo o bem e o mal. O homem cai voluntariamente
na armadilha, e é despojado desse senhorio. Queda, pois,
sendo Satanás o príncipe deste mundo, como disse Paulo em
Efésios 2 e em 2 Coríntios 4:4, que diz que o diabo é o deus
deste mundo, deste século. Por quê? Porque recebe o senhorio
de mãos de quem havia recebido o senhorio de parte de Deus,
ou seja, do homem. De maneira que o homem fica sendo
escravo de Satanás. O apóstolo Paulo descreve assim: "1 Ele
(Cristo) vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados, 2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que
agora atua nos filhos da desobediência;3 entre os quais
também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais"
(Ef. 2:1-3). De maneira que o homem se converteu realmente
em escravo do diabo.

Mas quando o pecado de Adão é descoberto, há um juízo da


parte de Deus, e vem a maldição da serpente, a maldição de
Eva e a maldição de Adão e a expulsão do homem do Jardim
até o dia que pudesse comer da árvore da vida. Mas em meio
de tudo isso se destaca a promessa de um poderoso Salvador e
a luta e rivalidade históricas entre as duas sementes até que o
dragão fosse julgado e vencido na cruz de Cristo. Deus disse à
serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar" (Gn. 3:15). Satanás, pois, recebe um
poder especial para governar este mundo, e ele conta com uma
sofisticada e poderosa organização hierarquizada que opera nas
trevas, integrada pelos anjos caídos que arrastou o querubim

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 178


Lúcifer depois de sua rebelião. Satanás desenvolve assim um
reino chamado de "potestade das trevas".

Israel no Reino
Então esse propósito de Deus de estabelecer seu reino na
criação, teve aqui na realidade um obstáculo, mas com isto não
se cancelou, pois o Senhor já tinha um plano, e começou a se
mover de tal maneira a restaurar as coisas para que seu reino
se estabelecesse plenamente em um homem em quem Ele
pudesse confiar; não no homem caído. O homem caído ficou
desqualificado em sua escravidão. Primeiramente, quando as
coisas se deram, houve uma linha étnica, uma raça na história,
que se lembrava de Deus, que temia a Deus, pela descendência
de Sete, pois a descendência de Caim se esqueceu de Deus; e
nos tempos de Noé a humanidade já havia se saturado de
maldade, sobre tudo de ocultismo, um pecado que aborrece a
Deus sobremaneira, porque se lhe rejeita, e isso acarretou o
juízo de Deus por meio de um dilúvio. Mas o homem não quer
fazer o bem e se esquece de Deus. A torre de Babel é uma
evidência de que o homem não aprendeu a lição do dilúvio,
voltando à prática do ocultismo, pois a torre de Babel, o
primeiro zigurate da história para a adoração ocultista, também
é o primeiro monumento à auto-exaltação.
Também da descendência de Noé, com o tempo Deus escolheu
a um varão chamado Abraão, filho de Tera da descendência de
Sem, para ir conformando as coisas, para ir estabelecendo os
princípios a fim de dar começo e desenvolvimento aos planos
de Deus encaminhados a estabelecer seu reino sobre a terra; e
a partir do capítulo 12 de Gênesis, Ele o chama das terras
caldéias para fazer uma nação de sua semente, uma nação
diferente por meio da qual revelar sua verdade e sua justiça; e
Deus estabelece a Abraão na terra escolhida por Deus,
chamada nesse tempo Canaã, e lhe dá descendência. Nasce
Isaque, e Isaque gera a Jacó, quem mais tarde daria o nome à
nação, Israel, e quem por sua vez gera os doze pais das tribos
de Israel, e sua descendência se multiplica, e por circunstâncias
que conhecemos se vão à terra do Egito e com o tempo
chegam a serem milhões os hebreus, mas escravizados; e
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 179
depois de quatrocentos e trinta anos, desse povo elege a um
varão, a Moisés, para libertá-los, tirá-los e levá-los pelo deserto
para prepará-los e se revelar a eles a fim de lhes entregar uma
terra onde Ele começaria a estabelecer um modelo, um
princípio, um avanço, um arquétipo realmente do reino de Deus
sobre a terra. No final o reino abraçará toda a terra, mas Deus
começaria por Israel, além de que dessa raça nasceria a
semente da mulher, o Rei messiânico.
E foi assim como depois de 40 anos de perambular pelo
deserto, para suceder a Moisés, elege a um varão da tribo de
Efraim chamado Josué, e com ele na liderança do povo
entrega-lhes a terra e estabelece uma teocracia. O Senhor já os
havia dito em Êxodo 19:6: "vós me sereis reino de sacerdotes
e nação santa". Deus queria que todo o povo fosse um povo
sacerdotal, e um reino à vez; ou seja, Ele queria fazer de Israel
una teocracia, onde o verdadeiro Rei fosse o próprio Deus. Esta
nação foi criada por Deus para Si mesmo, de maneira que os
israelitas, como nação, foram os primeiros em serem livrados
da potestade do reino das trevas, da jurisdição de Satanás, e
ao invés de um príncipe espiritual satânico, como as demais
nações (cfr. Daniel 10:13,20), seu príncipe espiritual que os
guardava foi o arcanjo Miguel (cfr. Daniel 10:21; 12:1). Mas a
eles queriam pedir um rei humano, como as demais nações do
mundo, ao invés de seguir sendo uma teocracia pura. Então
Deus os concedeu no que se chama a vontade permissiva de
Deus. Esse rei, Saul, da tribo de Benjamin, falhou, e então
Deus escolheu a um rei conforme ao Seu coração e
estabeleceu, de certa maneira, a teocracia, pois mesmo que
reinasse Davi, da tribo de Judá, ele fazia a vontade de Deus,
representava a autoridade de Deus, representava a realeza do
Senhor. De todas as maneiras reinaram Davi, seus filhos e
netos, mas faziam a vontade de Deus. Esse era o desejo de
Deus para um reino diferente sobre a terra. Uma única nação
onde realmente ali reinasse Deus e não Satanás. Mas não foi
assim sempre; e diz a Palavra que ao fim eles falharam. E
depois da morte de Salomão o reino se dividiu. Dez tribos no
norte tiveram seu próprio rei, a Jeroboão iniciando a lista; e as
duas tribos restantes, as de Judá e Benjamin continuaram com
Roboão, filho de Salomão, o rei da linha de Davi.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 180


Lastimosamente ambos os reinos falharam com Deus. Os reis
do reino do norte todos falharam e recusaram a Deus; se
envolveram desde o princípio na idolatria para evitar que o
povo fosse adorar em Jerusalém e ficasse por lá; inclusive
chegaram a trocar a Deus por Baal.

E os reis de Judá, a maioria se apartou dos princípios de Deus


para governar sua nação. Jeroboão se apartou do princípio do
reino, para edificar um reino para si mesmo. Um princípio do
reino é a unidade, e outro é que tem que adorar onde Deus
escolher que se lhe adore, e Jeroboão não permitiu. Claro que
Roboão também teve sua cota de culpabilidade na divisão do
reino; não representou bem o governo de Deus. Então o
Senhor teve que tomar medidas corretivas e permitiu que
nações ímpias e poderosas os assediassem, os sitiassem e os
levassem cativos às terras estrangeiras. Como eles começaram
a falhar com Deus, descuidando os princípios e leis do reino,
então tiveram que ser levados, cada reino por separado,
cativos a outras nações estrangeiras para que vivessem em sua
própria carne a realidade da diferença que é o reino de Deus e
os reinos do mundo, governados por Satanás e suas hostes.

Os dois cativeiros
Se houve um tempo em que havia uma nação que
representava o reino de Deus, e quando essa nação falhou com
Deus, já não se podia dizer que aí reinava Deus, pois mui
poucos obedeciam a Deus; só um pequeno remanescente se
recordava de Deus. E ficaram sabendo até no estrangeiro sobre
esta triste realidade, ante a qual Deus determinou levantar
outras nações poderosas, cruéis e apressadas para castigar aos
mal-feitores de Israel e de Judá. A primeira grande falha foi
dividir o reino e começar a ser regidos por egoístas princípios
humanos afastados da vontade de Deus. Claro, sobreveio a
idolatria. A idolatria minava os alicerces da teocracia, mesmo
quando esta seja representativa; e muito mais em um reino
dividido.
Em conseqüência houve dois cativeiros: Primeiro, o cativeiro de
Israel (as dez tribos do norte) pela Assíria em 722 a. C., a
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 181
causa do castigo recebido por sua iniqüidade. Essas tribos
jamais regressaram; é provável que alguns indivíduos de Israel
tenham regressado com o remanescente de judeus (das tribos
meridionais) depois do cativeiro babilônico. Em verdade,
descendentes das tribos nortenhas tem regressado à Palestina,
mas no presente retorno dos hebreus a sua antiga pátria a
partir de finais do século XIX, e sobre tudo com os eventos do
Holocausto na Alemanha por parte dos nazistas na segunda
guerra mundial, e a criação do moderno Estado de Israel em
1948.
O segundo cativeiro recaiu sobre o reino do sul, Judá, que foi
sitiado, derrotado e levado em cativeiro para a Babilônia em
605 a. C., a mando do rei Nabucodonosor, durante setenta
anos, conforme a profecia de Jeremias;*(1) foram sitiados,
vencidos e levados por causa de sua idolatria. Quando esse
tempo se cumpriu, Deus preparou um pequeno remanescente
dos judeus para que regressassem, pois em sua própria terra
deviam conformar o verdadeiro povo por meio do qual viria o
Salvador dos homens, e verdadeiro rei que ao final dos tempos
restabeleceria o trono de Davi, o reino de Deus sobre a terra. O
propósito de Deus com o retorno desse remanescente era que
eles se pusessem nas mãos de Deus e começassem um
processo para o restabelecimento do reino; tratando Deus de
restabelecer Seu reino em Israel; mas agora seria
completamente distinto. Seria um rei em quem Deus poderia
confiar plenamente, e para ele seria necessário que nascesse a
semente da mulher, o Filho de Deus encarnado, e morresse e
ressuscitasse, e ascendesse à glória, e enviasse a seu Espírito,
e se formasse a Igreja, e passasse o tempo necessário para seu
glorioso retorno à terra a estabelecer seu reino. De modo, pois,
que com o retorno de um remanescente não ia restaurar o
reino imediatamente; eles seguiriam sob o domínio dos
impérios mundiais que se sucederiam na história.
*(1) Cfr. Jeremias 27:19-20; 29:10

Grandes revelações no livro de Daniel

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 182


O caso, pois, é que a partir do cativeiro de Babilônia, Israel não
voltou a ser livre até sua destruição total pelos exércitos do
Império Romano, no ano 70 do primeiro século.
Sucessivamente na história, Israel esteve sob o jugo das
grandes potencias que tem dominado o mundo. Deus se
revelou com luxo de detalhes a um profeta exilado na
Babilônia, um homem temeroso de Deus que havia sido levado
com os primeiros cativos. A revelação está contida nos
capítulos 2 e 7 do livro de Daniel. Mesmo quando eles
regressassem à sua terra, não seriam de todo livres, pois Deus
não tinha a intenção de por no trono a homem comum algum,
senão a seu próprio Filho. Vejamos, pois, como Deus revela a
este profeta o curso total da história até estabelecer Deus
plenamente Seu reino nesta terra, conforme Seu propósito
original antes da criação de Adão. Deus lhe deu toda a
autoridade, autonomia e poder a Adão, mas como Adão falhou,
Ele se propôs estabelecer a alguém que não falhe jamais. O rei
que virá já tem toda a potestade da parte de Deus.*(2)
*(2) Cfr. Mateus 28:18

Nos capítulos 2 e 7 do livro de Daniel há uma revelação sob os


enfoques. Um (capítulo 2) é feito em parte a um rei pagão;
digo em parte, porque Nabucodonosor não teve conhecimento
de fato até que o profeta de Deus o revelou. Tenhamos em
conta que o rei havia esquecido o sonho, e o profeta o
desconhecia; só o soube depois que Deus o revelou. De
maneira que a verdadeira revelação daquele sonho, Deus fez
ao profeta. E há uma segunda parte, um segundo ponto de
vista revelado diretamente ao profeta, que se encontra no
capítulo 7. No capítulo 2 a revelação começa de acordo com o
ponto de vista do homem. O homem só vê a majestade que em
torno de si mesmo se cria, a glória que a si mesmo se dá ou lhe
outorgam os demais; glória efêmera envolta em vanglória. Mas
Deus vê a realidade intrínseca das coisas; Deus vê o bestial que
é a glória e o governo do homem. No capítulo 2 vemos uma
imagem apoteótica; no capítulo 7 Deus revela esses mesmos
impérios mundiais, mas representados em uma sucessão de
bestas, como o que realmente tem sido.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 183


O rei Nabucodonosor recebe a revelação em um sonho, mas o
sonho se esquece. Isso Deus permite a fim de que nenhum
mago especule e faça crer o rei em uma interpretação
mentirosa e acomodada. Este rei era um indivíduo mui centrado
em si mesmo e em sua glória terrena; ele pensava na grandeza
da Babilônia, nesses palácios e jardins maravilhosos, em seu
poderoso exército, em suas futuras conquistas e domínios, etc.
Ele estava preocupado pelo que seria de tudo isso, quantos
anos estaria governando, quem veria depois dele, e como
aconteceriam todas essas coisas. Ele ostentava a coroa de um
império mui brilhante. Imagino que vivia pensando naquilo dia
e noite. É possível que o profeta Daniel também se inquietasse
com o futuro de seu povo. Então Deus deu um sonho ao rei
revelando-lhe o futuro, mas também ao profeta. Depois de
haver sido chamados e consultados todos os caldeus,
astrólogos, magos e videntes que rodeiam um poderoso
governante oriental, e ante a impossibilidade destes de
adivinhar e interpretar o sonho do rei; iam ser levados à morte.
Daniel solicitou que não matassem a estes senhores e que lhe
dessem um tempo a ele para mostrar a interpretação ao rei.
Depois de haver orado e recebido a revelação da parte de
Deus, Daniel se apresentou diante do rei, glorificando a Deus.
Diz a Palavra de Deus no livro do profeta Daniel, capítulo 2:
" 27 Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério
que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos
o podem revelar ao rei;28 mas há um Deus no céu, o qual
revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que
há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua
cabeça, quando estavas no teu leito, são estas:29 Estando tu,
ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que
há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela mistérios te
revelou o que há de ser.30 E a mim me foi revelado este
mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em
todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse
saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua
mente".
Os reinos terrenos e o curso da história
A continuação o profeta Daniel continua com a interpretação do
sonho de Nabucodonosor, dizendo-lhe:

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 184


" 31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua
(porque Nabucodonosor havia se esquecido do sonho). esta,
que era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé
diante de ti; e a sua aparência era terrível.32 A cabeça era de
fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os quadris,
de bronze;33 as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro,
em parte, de barro.34 Quando estavas olhando, uma pedra foi
cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e
de barro e os esmiuçou ".
Deus mostra a Nabucodonosor quatro grandes impérios que
dominariam ao mundo civilizado até o fim da história, e se
estabeleceria definitivamente o reino de Deus sobre a terra,
cujo glorioso Rei está representando aqui por uma pedra que
cairia do céu, a qual destruiria todo o reinado de Satanás sobre
a terra. A pedra foi cortada não com mão. As coisas de Deus
não se realizam por iniciativa humana, por projetos idealizados
pelos homens, e menos o relacionado com o estabelecimento
de Seu Reino, por muito magníficos que nos pareçam. Deus
tem um plano eterno, incomovível e verdadeiro; plano que
aparece na Palavra e que nos revela por Seu Espírito. A Palavra
de Deus não admite reformas humanas. Todo o escrito terá seu
cumprimento. Tudo está registrado no livro sagrado.
" 35 Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o
bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das
eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais
vestígios (aqui vemos que Deus esmiúça toda a glória e os
propósitos dos homens). Mas a pedra que feriu a estátua se
tornou em grande montanha, que encheu toda a terra ".
Essa é a pedra angular de que fala Pedro. Deus é quem põe os
reis e os tira, e dá aos homens autoridade para que reinem. O
presidente Álvaro Uribe Vélez acaba de ganhar as eleições para
seu segundo período devido a que Deus lhe deu essa
autoridade. É Deus quem lhe concede prolongar seu mandato.
Segue dizendo Daniel ao rei:
" 36 Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos ao
rei.37 Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o
reino, o poder, a força e a glória;38 a cujas mãos foram
entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem, e
os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 185


sobre todos eles, tu és a cabeça de ouro".
Babilônia. Israel se aparta de Deus em face à idolatria; Deus
já não era levado em conta ali, e Deus decide transferir o
domínio da terra às mãos dos gentios, e por causa do cativeiro,
essa transferência recaiu na pessoa de Nabucodonosor.
Babilônia então veio a ser essa cabeça de ouro. A Palavra de
Deus revela que Babilônia foi o império mais brilhante e
glorioso que tenha existido em toda a história da civilização.
Não o mais poderoso, pois à medida que foram sucedendo-se
esses impérios mundiais, se iam degradando e perdendo seu
brilho de glória, mas paradoxicamente nessa mesma proporção
iam ganhando em força e poder. Na grande estátua do sonho,
depois da cabeça de ouro (Babilônia) seguia o peito e os braços
de prata, logo seu ventre e suas coxas de bronze, suas pernas
de ferro, e por último, seus pés de ferro e de barro cozido. Os
materiais dessa estátua iam se degradando à medida que
descia à terra. É algo que parece contraditório, mas é a
realidade. Os homens, na medida em que adquirem mais força
e poder, mais se degradam moralmente, e seu coração se
desliza mais em face à corrupção e a crueldade.
" 39 Depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu; e um
terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a
terra ".

Media e Pérsia. Que poder mundial surgiu depois de


Babilônia? Uma colisão dos medos e os persas (os dois braços
da estátua unidos pelo peito) tomaram o poder mundial e
derrotaram a Babilônia. Eram menos brilhantes, contudo mais
poderosos em força. A prata tem menos valor e preciosidade
que o ouro, mas é mais forte.

Grécia. Depois se levantou um terceiro grande império,


Grécia, em mãos de um jovem macedônio chamado Alexandre,
mais conhecido na história como Alexandre O Grande, filho de
Filipos, rei da Macedônia, quem no curto lapso de dez anos
chegou a conquistar e dominar o mundo; e depois de sua morte
seu grande império foi dividido e prolongado por seus quatro
grandes generais do estado maior, estendendo e implantando

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 186


pelo mundo a cultura helenística, usada por Deus inclusive para
a expansão do evangelho.

Império Romano
" 40 O quarto reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo
quebra e esmiúça; como o ferro quebra todas as coisas, assim
ele fará em pedaços e esmiuçará".

A Babilônia chegou ao fim; o mesmo sucedeu aos medo-


pérsas; aos gregos também chegaram ao fim de seu poderio
por meio da incursão de um quarto reino muito poderoso,
porém extremadamente sanguinário, chamado Roma.
Recordem irmãos, que o império romano está representado
pelas duas pernas de ferro da estatua. Roma foi um império
com duas capitais: Roma propriamente dita, na parte ocidental,
e Constantinopla na parte oriental. E houve um prolongado
tempo em que foram suas capitais simultaneamente. Esta
circunstancia serviu para sua posterior degradação. Tem sido o
império mais cruel e sanguinário da história.
" 41 Quanto ao que viste dos pés e dos artelhos, em parte, de
barro de oleiro e, em parte, de ferro, será esse um reino
dividido; contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do
ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo.42
Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, em
parte, de barro, assim, por uma parte, o reino será forte e, por
outra, será frágil.43 Quanto ao que viste do ferro misturado
com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas
não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura
com o barro".

Império Romano ressurgido


O quarto império, o romano, não existe já na história. Roma,
sua capital ocidental, sucumbiu no ano 476, em mãos de
Odoacro, um chefe dos mercenários germânicos da Itália, que
depôs ao imperador Rômulo Augustus e enviou a
Constantinopla as insígnias imperiais. Constantinopla, sua
capital da ala oriental, foi conquistada pelos turcos em 1453,
instaurando um regime islâmico. Entretanto o império romano
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 187
tem continuado latente nestes séculos em toda a civilização
ocidental; mas ao final dos tempos ocorrerá um ressurgimento
deste império, não com o poder e a força antiga, senão que
termina em dez dedos que não são totalmente de ferro, e sim
que têm parte de barro, para que se entenda melhor; e o ferro
jamais se mescla com o barro; jamais se compactam; isso
ocorre só em aparência; no momento em que recebam um
golpe contundente, cai o ferro por um lado e os pedaços de
ladrilho pelo outro. De maneira que são uniões aparentes,
muito débeis e frágeis.
São dez dedos. O número dez representa a totalidade das
nações surgidas das antigas províncias do Império Romano,
incluindo as nações que foram colônias de ultramar dessas
metrópoles. São as nações que no final dos tempos darão o
trono ao Anticristo, e que em determinado momento estarão
aparentemente unidas. Por exemplo, os países que conformam
a União Européia aparentemente estão unidos por múltiplas
instituições políticas e econômicas, seu parlamento, sua
constituição, o euro, etc., mas seguem mantendo em si
mesmos suas barreiras, ali subjazem nacionalidades e
interesses que defendem por cima dos pactos multinacionais.
Os ingleses, os franceses, os alemães, os espanhóis sempre
defenderão o que são, incluindo sua cultura ancestral, ainda
que agora vivam uma união e aliança continental.

A Pedra lançada por Deus

" 44 Mas, nos dias destes reis (quando estiverem governando o


mundo estes reis; isto não aconteceu ainda na história) o Deus
do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este
reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos
estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre,45 como
viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de
mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o
ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser
futuramente. Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação".
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 188
Eu creio que os romanos jamais pensaram que o império
romano chegaria a ser destruído, que sucumbiria; isso jamais.
Mas o Rei que porá Deus, nunca será destronado. Ele virá a dar
fim na história dos grandes poderes mundiais humanos. Jesus
Cristo esmiuçará e consumará todos estes reinos e todas as
nações da terra terão que submeter-se a sua autoridade e a
seu reino.
Ao passarmos para o capítulo 7 de Daniel, vemos o aspecto sob
o qual este profeta viu o curso dos impérios na história da
humanidade. Já temos visto que os reinos do mundo são
apoteóticos, tem uma aparente e efêmera glória, e a
humanidade sonha com viver essas grandezas. Mas a glória dos
grandes impérios e as realezas mundanas é sumamente
aparente, passageira e frágil. Deus é quem vê a realidade das
coisas, e Ele é quem tem em suas mãos a continuação e o
desenvolvimento dos assuntos segundo como Ele o traçou, por
mais que se creia ao contrário. Todo o plano da economia de
Deus ha de realizar-se fielmente. Nada tem sido deixado ao
azar. O governo do Anticristo que virá na terra poderá aparecer
com muita glória e poder, mas será de pouca duração. Diz em
Apocalipse que as pessoas o adorarão, o admirarão e irá atrás
dele, e dirão: Quem é como a besta? Quem poderá lutar contra
ela? Vejam que glória! Quando se havia visto algo semelhante
em toda a história?*(3) Segundo a visão do apóstolo João, se
maravilhará toda a terra seguindo a besta.
*(3) Cfr. Apocalipse 13:3-4.

Os impérios bestiais
Por isso Deus tem revelado como vê Ele os reinos do mundo;
ao profeta Daniel e ao apóstolo João, em primeiro lugar. Daniel
recebeu uma revelação desses quatro impérios mundiais,
Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, nas figuras de quatro bestas,
porque não tem sido outra coisa. Cada besta revela exatamente
as características e qualidades do respectivo reino. A primeira
besta, um leão com asas de águia, simbolizava a grandeza do
império babilônico; a segunda besta, um urso com um lado
mais alto que o outro, e em sua boca três costelas entre seus

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 189


dentes, simbolizava a aliança devoradora e sangrenta dos
medos e os persas; a terceira besta, semelhante a um leopardo
com quatro cabeças e quatro asas de aves em suas costas,
simbolizava o veloz domínio do mundo por parte dos gregos; e
a quarta besta, espantosa e terrível, que era como uma mescla
das três anteriores juntas, mas com dez chifres, simbolizava o
terrível império romano. Todos esses governos têm sido
bestiais e satânicos, pois Satanás, o príncipe do mundo e da
potestade do ar, é o supremo ventríloquo que os manipula dos
ares com sua poderosa organização espiritual das trevas.*(4)
Mas há uma explicação do sonho. Leiamos ao profeta Daniel no
capítulo 7: "15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi
alarmado dentro de mim, e as visões da minha cabeça me
perturbaram.16 Cheguei-me a um dos que estavam perto e
lhe pedi a verdade acerca de tudo isto. Assim, ele me disse e
me fez saber a interpretação das coisas:17 Estes grandes
animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da
terra".
*(4) Cfr. Daniel 10:12-13.

Temos que analisar por que a Palavra de Deus focaliza nestes


quatro grandes impérios. O Senhor revela o que não é
conhecido; por isso a revelação começa nos tempos do profeta
que a recebe. Antes da Babilônia havia dois grandes impérios
que alguma relação tiveram com o povo de Deus: Egito e
Assíria. No Egito o povo havia se multiplicado, mas haviam
estado escravizados; Assíria havia invadido o reino do norte e
os havia levado em cativeiro. Agora os quatro grandes impérios
a partir da Babilônia, todos submeteram à terra santa. Quando
o Senhor nasceu em Belém, a terra santa estava submetida
pela quarta besta, por Roma; e foi Roma quem ditou a
sentença e o levou à cruz. Todos estes impérios têm sido
bestiais e satânicos; mas, qual será o fim deles quando Satanás
for encerrado no abismo? Diz Apocalipse 20:1-3: "1 Então, vi
descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma
grande corrente.2 Ele segurou o dragão, a antiga serpente,
que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos;3 lançou-o
no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais
enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 190


disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo". Quando o
Senhor regressar à terra e Satanás for lançado ao abismo,
imediatamente toda a estrutura de seu poder cairá ao chão,
como viu Daniel que se desmoronou toda a imagem vista por
Nabucodonosor. Ainda que todos esses impérios mundiais
tenham caído na história, todavia persiste a estrutura de toda a
imagem. O poder mundial que levará ao poder ao anticristo
aparecerá com algo do brilho do ouro babilônico, terá muito do
poder destruidor dos medos-persas, algo da habilidade,
destreza e ligeireza dos gregos, e possuirá, sobre tudo, o
espírito sanguinário e frieza do império romano. Mas tudo isso
será consumido com a chegada gloriosa do Senhor Jesus Cristo.
"18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão
para todo o sempre, de eternidade em eternidade".
Quem são os santos do Altíssimo? A Igreja; sobre todo os
vencedores. E o caso é que a Igreja está pondo pouca
seriedade neste assunto do reino. E segundo a Palavra de
Deus, o reino é prioritário. "33 buscai, pois, em primeiro lugar,
o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas" (Mt. 6:33). Nós temos uma grande
responsabilidade frente ao reino de Deus. É uma ordem do
Senhor que nos preocupemos pelo reino muito acima de todos
os nossos interesses e necessidades particulares.

Cap. 8: O REINO MESSIÂNICO NA


PERSPECTIVA PROFÉTICA

Um chifre enigmático
"19 Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do
quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito
terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas unhas eram de
bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que
sobejava;20 e também a respeito dos dez chifres que tinha na
cabeça e do outro que subiu, diante do qual caíram três,
daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 191
insolência e parecia mais robusto do que os seus
companheiros".
Aí é revelado a aparição do Anticristo, que surge destas últimas
nações que corresponde com os dez chifres da quarta besta e
com os dez dedos da estatua do sonho de Nabucodonosor.
"21 Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os
santos e prevalecia contra eles,22 até que veio o Ancião de
Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em
que os santos possuíram o reino".
Vemos na Palavra a revelação de que Deus nos tem feito reis e
sacerdotes; mas para reinar com Cristo temos que ser
vencedor.
"23 Então, ele disse: O quarto animal será um quarto reino na
terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda
a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.24 Os dez
chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele
mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será
diferente dos primeiros, e abaterá a três reis.25 Proferirá
palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e
cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão
entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de
um tempo".
Isso concorda com os três anos e meio revelados em
Apocalipse (cfr. Apocalipse 13:5; 11:2).

Instauração do reino de Deus


"26 Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o
domínio, para o destruir e o consumir até ao fim.27 O reino, e
o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu
serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será
reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão".
Se sabe que Cristo virá pronto, e vai estabelecer Seu reino, e
os vencedores da Igreja reinarão com Ele. Mas enquanto isso,
todas as nações estão sofrendo a tirania de Satanás. Inclusive
o moderno Israel está sofrendo essa escravidão. Quando
voltará Israel a estar sob o reino de Deus como antigamente?
Até que seja tirado todo poder dos gentios e até mesmo de
Satanás (cfr. Ro. 11:25). Diz a Palavra de Deus que a criação
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 192
inteira está aguardando ardentemente, gemendo com dores de
parto, a manifestação dos filhos de Deus e que a criação
mesma será libertada da escravidão a que tem sujeitado
Satanás e suas hostes malignas que a tem dominado (cfr.
Romanos 8:19-22). Há um mandato decisivo do Senhor de que
nos encarreguemos de difundir e pregar o evangelho do reino,
mas devemos lutar fortemente contra uma poderosa oposição
comandada pelo diabo. As hostes do reino das trevas estão
organizadas hierarquicamente nos ares. Cada nação ou
província da terra tem seu príncipe satânico, ajudado por
incontáveis potestades, dominadores, governadores das trevas
e exércitos de anjos caídos (cfr. Ef. 6:12). Eles são os
verdadeiros inimigos, e a Igreja é a única que não está sob o
governo de Satanás e seu reino tenebroso. A Palavra diz que
Deus "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou
para o reino do Filho do seu amor " (Col. 1:13). Também diz a
Palavra que o Senhor disse ao apóstolo Paulo que lhe enviava
aos gentios "para lhes abrires os olhos e os converteres das
trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus" (Atos
26:18).

A Palavra de Deus revela que Cristo já está reinando agora;


está sentado no trono do Pai; e nós em cada localidade
estamos representando o reino de Deus. Para que o reino de
Deus seja bem representado em cada localidade, se deve estar
guardando a unidade do corpo de Cristo. As divisões na igreja
dão a imagem de um reino dividido. Quando Josué chega à
terra prometida, ele avança com o exército a seu comando, um
só exército, para tomar para Deus a terra prometida localidade
por localidade. Mas que na verdade agia com eles, e lhes dava
a vitória, era Deus; e vejam como lhes entrega a primeira
cidade, a Jericó. Recordam o quadro? Somente tiveram que
obedecer a ordem de Deus, como disse o chefe do estado maior
do exército. Daremos seis voltas na cidade em seis dias, e no
sétimo dia proclamaremos a vitória de Deus, dando nesse dia
sete voltas. Disse Josué: Gritai, porque o Senhor vos tem dado
a cidade.*(1) e aquelas fortes muralhas caíram derribadas
como se fosse de papelão. Era a vitória de Jesus Cristo. Mas em
Jericó não se detiveram; seguiram tomando as outras cidades,

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 193


e Deus pelejava por eles e com eles, e iam tomando localidade
por localidade, para instaurar um começo e modelo do reino de
Deus sobre a terra. Nós temos essa missão: ir tomando
localidade por localidade, e ir estabelecendo o reino em cada
uma delas.
*(1) Cfr. Josué 6:15-21
Quem deseja realmente que venha e se manifeste o reino de
Deus? As pessoas recitam a oração do Pai Nosso, e dizem: " 9
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome;10 venha o teu reino; faça-se a
tua vontade, assim na terra como no céu" (Mt. 6:9-10). Mas se
eu digo ao Senhor: "Venha teu reino"; necessariamente que
deve vir em primeiro lugar a mim. Que o Rei (Cristo) reine em
mim. Tenha seu trono em meu coração, ponto central de minha
vida. E reinando em mim e reinando em ti, E reinando em cada
um dos irmãos, como conseqüência o Senhor reina na Igreja, e
assim então se está vivendo o reino. E o mundo poderá ver que
Deus reina em nós; isso é inocultável. Unos mais, outros
menos, mas o que não se submete, pois então há disciplinas,
há provas, se estabelecem instancias, o Senhor trata conosco.
Que diz a Palavra de Deus ao respeito? Quais são os princípios
do reino? Estuda-se com atenção, muitas vezes, o famoso
sermão do monte. Aí estão resumidos os princípios do reino,
como devemos viver; como nos comportar como filhos de
Deus. Diz o Senhor ali que nossa vida deve ainda ser mais
rígida que a dos próprios religiosos. "Porque vos digo que, se a
vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus,
jamais entrareis no reino dos céus" (Mt. 5:20). Isso declara
enfaticamente o Senhor. "Bem-aventurados os humildes de
espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mt. 5:3).

Então, quando ainda estava em vigência o governo da quarta


besta, já tem uma primeira manifestação a pedra não cortada
com mãos. Já se manifesta no cenário da terra santa. Em
Mateus 3 diz a Escritura por boca de João o Batista; ele estava
pregando pelo deserto, mas abre sua boca para declarar algo
de suma importância: "Arrependei-vos, porque está próximo o
reino dos céus.3 Porque este é o referido por intermédio do
profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 194


caminho do Senhor, endireitai as suas veredas". Nesse
momento todavia não se manifesta; apenas se está
aproximando; de maneira que já é tempo de que se
arrependam. Já está por perto o que o há de manifestar, o que
o há de reger. Logo no seguinte capítulo, no 4, diz o Senhor em
pessoa: " Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer:
Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus".
Todavia o reino nesse momento não havia chegado; apenas
estava próximo. Para sua manifestação tem o Senhor que
permanecer um tempo aqui desenvolvendo Seu ministério
terreno, e logo ser levado à cruz, onde morre por nossa
salvação, e logo ser sepultado, e logo ressuscitar, e logo
ascender aos céus e ser glorificado, e logo enviar Seu Santo
Espírito, a fim de que Seu Espírito nos traga a vida de Deus e
penetre e faça morada em nosso espírito e se faça um só com
nosso espírito, e comecemos realmente a fazer parte do novo
homem, do verdadeiro homem que há de reinar nesta terra,
não para o reino das trevas senão para Deus, Jesus e Sua
Igreja, trazendo com Ele o reino dos céus, e a representar o
reino de Deus nesta terra.

O Reino é a quinta-essência do evangelho


(Quinta Essência = O mais alto grau; o requinte, a plenitude, o auge:) dicionário Aurélio

Nós fazemos hoje parte desse Rei, pois Ele nos tem feito reis e
sacerdotes; o Senhor nos tem elevado a essa posição gloriosa;
e a Palavra de Deus nos diz que devemos pregar o evangelho
do reino. Por exemplo, em Mateus 10 encontramos uma
habilitação e comissão dos doze discípulos mais íntimos do
Senhor. Ali vemos que eles foram comissionados e enviados,
não sem antes serem dotados de autoridade sobre os espíritos,
para que os expelissem, para sanar toda enfermidade e toda
doença, como selos divinos que garantiam a autenticidade da
mensagem. O reino dos céus é a quinta-essência do evangelho,
mas eles não iam pregar, dizendo: Já chegou o reino de Deus,
pois Cristo não estava reinando todavia, mas o Senhor decide
enviá-los essa vez com essa bendita mensagem precursora,
como os primeiros raios da alva anunciando a aparição do sol.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 195


Bom, vós ireis sair agora "e indo, pregai, dizendo: O reino dos
céus está próximo". Segundo o contexto vemos que aqueles
homens levavam a mensagem de salvação e liberação, mas a
presença do bendito Salvador e seu poder manifestado,
também assegurava a presença física do Rei, de maneira que
era iminente a irrupção em meio deles das graças espirituais
próprias do reino dos céus.

Nós temos construído pequenos reinos em torno de nós. Há


coisas que para nós revestem tanta importância, que chegam a
monopolizar toda a nossa atenção. Subjetivamente podem
estar localizadas em qualquer canto de nosso coração, pois
objetivamente pode compreender algum aspecto de nosso
trabalho, de nossa ocupação cotidiana, de nossa economia, de
nossos amores e sentimentos, de maneira que se agiganta
tanto que se converte em nosso pequeno reino; e chega o caso
em que não admitimos que nada nem ninguém nos confronte
frente a aquilo. Não poucas vezes estamos desejando que se
realize o planejado por nós. Mais há algo que ocorre, e é que
não temos em conta que fazemos parte do corpo de Cristo, de
Sua Igreja; que o Reino é de Cristo, que devo me interessar
por trabalhar pelo Reino; e o caso é que em tudo isto está em
jogo minha própria participação na manifestação futura do
Reino. Para que, quando Cristo vier, eu possa participar nas
bodas do Cordeiro e na manifestação gloriosa do reino. É
necessário que estejamos participando agora na realidade
desse reino na Igreja e trabalhando por ele, obedecendo seus
princípios e vivendo-o ativamente nestes dias. Lembramos da
parábola das dez virgens.
Se não fazemos assim, que diferença poderia ter com os
gentios? "32 Porque os gentios é que procuram todas estas
coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas
elas;33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt.
6:32-33). Quais são as preocupações centrais dos gentios? Em
o que comer, o que beber, onde viver, o que manejar, como
enriquecer-se, onde se alegrar; isso é o que busca o mundo; e
matam e roubam e enganam e se enchem de inimizades e
fazem guerra a fim de dar feliz cumprimento a todas essas

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 196


coisas. O mundo é uma só rebatinha. A vaidade satisfaz o
coração das pessoas sem Deus; esse é seu interesse principal.
Mas não façais vós assim, pois vosso Pai celestial sabe que tens
necessidade de comer, de beber e de vestir-vos. Nós já
estamos no reino; o reino de Deus tem vindo a nós. Nós não
vivemos abaixo da autoridade do príncipe deste mundo, para
seguir essa corrente de trevas, senão que o nosso Reino tem
um Rei Santo, um Rei de amor, mas também de disciplina. Se
nosso interesse primordial é buscar o reino de Deus e sua
justiça, então o Senhor cumprirá Sua palavra de prover-nos o
necessário, de abrir-nos portas de trabalho ou os meios
adequados para que tenhamos a tempo nossa comida, nossa
bebida, nossos vestidos, nossa moradia, e às vezes até para
nosso recreio, porque disso também temos necessidade. Ele
sabe que necessitamos de algum descanso temporário, nossas
pequenas férias; tudo isso sabe o Senhor. "E todas estas coisas
vos serão acrescentadas". Deus se compromete a isso em Sua
Palavra. Se tu trabalhas para o Senhor, Ele
comprometidamente te suprirá para suas necessidades.

Sacerdócio Real
Nós estamos localizados na Palavra nesse contexto. Nós
estamos sendo treinados para governar como reis e ministrar
como sacerdotes. Por exemplo, o apóstolo Pedro em sua
primeira carta nos declara: "4 Chegando-vos para ele, a pedra
que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus
eleita e preciosa,5 também vós mesmos, como pedras que
vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio
santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a
Deus por intermédio de Jesus Cristo.6 Pois isso está na
Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e
preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum,
envergonhado.7 Para vós outros, portanto, os que credes, é a
preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os
construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra,
angular8 e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os
que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 197
também foram postos.9 Vós, porém, sois raça eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe. 2:4-9).
Ali eles, os desobedientes; mas vós sois linhagem escolhida.
Para Deus somos uma raça especial; já não somos nem judeus
nem gentios. Originalmente, Deus queria fazer de Israel uma
nação sacerdotal, mas eles caíram na idolatria e não se
qualificaram. Nós agora somos reis e sacerdotes, porque
estamos em Cristo, que é Rei de reis e Sumo Sacerdote. Note
que Pedro não diz “sereis” e sim “sois”, no presente. Somos
linhagem escolhida, real sacerdócio. Para que temos sido
chamados? Para anunciar as virtudes Daquele que nos chamou
das trevas à Sua luz admirável; para anunciar as virtudes do
Rei. Para isso temos sido chamados por Deus, para anunciar
essas virtudes do Senhor e, claro, mostrá-las em nós mediante
um testemunho santo.
Em Apocalipse também aparece esta declaração. "E nos fez reis
e sacerdotes para Deus, seu Pai; a ele seja a glória e império
pelos séculos dos séculos. Amém" (Ap. 1:6). Nos fez. é um
fato. "9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar
o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu
sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo,
língua, povo e nação10 e para o nosso Deus os constituíste
reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra" (Ap. 5:9-10).
Fomos tirados de toda linhagem e língua e etnia; aí estão as
dez virgens. Isso somos, e o seremos para toda a eternidade
com o Senhor. Em todo reino há um rei, e há um território que
compreende os limites do reino, e há súditos, mas também há
leis, há princípios morais e jurídicos, e há disciplinas. Os
princípios do reino de Deus são totalmente opostos e diferentes
aos princípios dos reinos do mundo. Eu creio que as leis e
constituições dos reinos do mundo que mais podem se
assemelhar aos princípios do reino de Deus são aquelas que se
baseiam em alguma medida na Palavra de Deus.

Restaurarás o Reino agora?


Então, irmãos, quem escreve isto que aparece em Apocalipse?
Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 198
João, um dos doze apóstolos do Senhor Jesus Cristo. Quem
escreveu o que temos lido anteriormente? Pedro, outro dos
doze. Mas o curioso é que eles mesmos, João, Pedro, Mateus,
Felipe, André, Tiago e demais discípulos, já chegada a hora da
ascensão do Senhor, se aproximavam do Senhor para fazer
uma pergunta. O Senhor os havia convocado a que se
reunissem no monte das Oliveiras, mas eles, antes que o
Senhor ascendesse ao céu, lhe fizeram uma pergunta. É
possível que todos esses dias houvessem estado à expectativa
de cada palavra, de cada movimento do Senhor depois de
haver ressuscitado. Que glória, que dias aqueles! O que virá
agora, João? O Que poderá suceder nestes dias, Pedro? e
perguntaram diretamente a Ele. Se não for agora, poderemos
ter outra oportunidade? "6 Então, os que estavam reunidos lhe
perguntaram: Senhor, será este o tempo em que
restaures o reino a Israel?" (At. 1:6). Eles, seus íntimos amigos
e discípulos, tinham essa preocupação; eles sabiam acerca das
promessas de Deus sobre o reino. E também criam que Jesus
era o verdadeiro Rei messiânico; logo foram testemunhas de
como o Senhor se entregou para que o matassem; que
voluntariamente se entregou para que o julgassem e o
levassem à cruz, pois também, Ele poderia esquivar e fugir
com seus discípulos; ir longe. Pedro mesmo havia insinuado
(cfr. Mateus 16:22). Tudo isso puderam estar eles pensando
dias antes. Mas se deixou matar. Bom, ressuscitou. Aleluia!
Mas, o que segue agora? Agora vemos que ele vai. Isto o que
é? Há algumas coisas agora que não entendemos. Por isso
perguntam ao Senhor ressuscitado e nas portas da ascensão,
se ele ia restaurar o reino a Israel nesse tempo.
A pergunta dos discípulos do Senhor Jesus, quanto à
restauração do reino, é legítima e correta, tendo em conta que
eles conheciam muito bem as profecias do reino messiânico
prometido a Israel, reino para o qual seria restaurado o trono
de Davi, e ocupado por um descendente direto dessa linhagem
real. Mas o que ignoravam os discípulos do Senhor era que o
Senhor Jesus haveria de chegar à glória do reino através da
cruz e mediante a prévia edificação da Igreja, pois, como era (e
segue sendo) a pauta em geral dos judeus, eles não viam na
profecia bíblica senão uma só parousia do Messias. Os israelitas

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 199


não tem vislumbrado ainda que na primeira vinda o Messias
teria que submeter-se ao sofrimento e à morte, logo de sua
ressurreição viria a glorificação, e mediante a vinda do Espírito
Santo, conformar um corpo elite que estaria reinando com Ele,
e por fim regressar em glória e poder a estabelecer o reino,
conforme as Escrituras.
Mas, irmãos, meditemos nisto. A eles, aos judeus, levaram
cativos a Babilônia, e mesmo que um remanescente regressou
em tempos dos medos-persas, seguiram sob o domínio
estrangeiro; logo vem um terceiro império mundial governado
pelos gregos, e seguem sob o domínio estrangeiro. Inclusive o
historiador Flavio Josefo narra em um de seus livros, como
receberam apoteoticamente a Alexandre O Grande em
Jerusalém, mas ele não disse aos judeus: Venho a dar-lhes a
liberdade, não; vocês seguirão sob meu jugo.*(2) Então nos
tempos da Babilônia os judeus estavam abaixo do domínio
estrangeiro; nos tempos dos medos-persas, também; abaixo
do governo grego, também; abaixo dos romanos, também, e
nada que Deus restaura o reino. Estava Deus fazendo algo para
restaurar o reino? Claro que sim, mas a seu devido tempo. Já
havia se manifestado o Rei, mas faltava algo. Seus discípulos
não entendiam os movimentos de Deus, e por isso lhe
perguntam: Senhor, restaurarás o reino a Israel neste tempo?
Como quem diz: Vimos-te ressuscitar, vimos teu poder, como
ressuscitastes, como transpassas as paredes, como te fazes
invisível, como logo restauras tua visibilidade, como comes a
vontade, como caminhas ou voas se quiseres; logo tu tens
poder para restaurar o reino a Israel neste tempo. Cremos que
tu és o Rei. O restaurarás? Já te vais. O que é que está
impedindo? Eles não entendiam nada, irmãos, devido a que
eles viam tudo isso através de uma lente muito humana, como
pensando: Bom, o Senhor pode agora chamar para acertar
contas a todos aqueles que o crucificaram; pode chamá-los ao
jugo e subjugar a Pilatos e a todo o império romano, incluindo
o césar romano. Aqui estamos nós para governar contigo. O
que impede agora?
*(2) Flavio Josefo. Antigüidades dos Judeus. Tomo II.
Cap. VIII, 5, p. 256.

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 200


Mas eles não sabiam que o reino de Deus é diferente. Ao reino
de Deus tem que se ver e compreender profundamente; e a
carne não pode ver nem muito menos entrar nesse reino. A
mente carnal não pode compreender o reino de Deus.*(3)
Quando o espírito de Adão morreu sem haver comido da árvore
da vida, senão que em troca havia comido da árvore do
conhecimento do bem e do mal, o espírito se apagou e, em
contrapartida, começou a erguer-se e a crescer a alma; e
quando a alma se engrandece, seu centro neurálgico é o ego, o
eu. Esse constitui o centro da alma. Tu que opinas? Eu não
quero Isso; eu prefiro este outro. Eu sou o que mando. Eu sou
Hitler, e vou dominar o mundo. Essa é a alma humana. Por isso
diz o Senhor: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, tome a sua cruz e siga-me" (Mt. 16:24). Decide-se não
fazê-lo, não pode seguir a Cristo; não o entende. O eu e Cristo
não podem caminhar juntos a menos que haja uma renovação
da alma. Diz Paulo que as coisas de Deus a carne não pode
entender; ou seja, o homem natural ou o crente carnal;*(4) e a
alma é a parte da carne quando não tem sido renovada.
Falando do reino de Deus, disse o Senhor a Nicodemos que
ninguém pode ver o reino, nem muito menos entrar nele a
menos que nasça de novo para esse reino; deve experimentar
um novo nascimento, de cima, para que possa a vida de Deus
entrar em seu espírito e dar a vida incriada; e assim poderá ver
coisas que nunca antes havia podido ver.*(5)
*(3) Cfr. 1 Coríntios 2:14
*(4) Cfr. 1 Coríntios 3:1-4
*(5) Cfr. João 3:1-7

Nós, pela misericórdia do Senhor, temos chegado a ter a vida


de Deus, então podemos ver o reino de Deus; devemos, pois,
ver o momento crucial que estamos vivendo, e não seguir
navegando no barco de nossa alma. Embarquemo-nos com o
Senhor; entremos no reino de Deus. Eles quiseram ver
estabelecido o reino de Deus nesse tempo. Mas nesse momento
quem poderia compreender? Quem conhecia a Cristo? Quem?
Nem sequer eles mesmos o conheciam bem. Para eles conhecer
a Cristo tiveram que receber o Espírito Santo no dia de

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 201


Pentecostes; e quando eles receberam o Espírito no dia de
Pentecostes, neles houve uma verdadeira revolução, e se lhes
tirou dos olhos um grosso véu, e puderam ver a realidade de
quem realmente eram eles, de quem era Deus e Seu Cristo, de
quais são os propósitos de Deus.
As vezes nós nem sequer nos assomamos a meditar nessa
realidade e pensar no poder que temos. Diz Mateus 12:28: "Se,
porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente
é chegado o reino de Deus sobre vós". Isso só pode realizar
uma pessoa que tenha o Espírito de Deus, e esteja dentro dos
parâmetros do reino de Deus. Porque o outro reino, o das
trevas, já está julgado e vencido; seus dias estão contados. O
decreto já foi expedido contra Satanás e as hostes espirituais
de impiedade. "Chegou o momento de ser julgado este mundo,
e agora o seu príncipe será expulso" (Jo. 12:31). Diz o irmão
Pember: "Esta sentença ainda não tem sido aplicada; mas
acontecerá, aparentemente, quando Satanás for
amarrado e lançado por mil anos ao abismo (aquela
profundidade ardente no centro da terra), que, segundo
a Escritura, é o cárcere dos que morrem perdidos. Assim,
ele sofre a primeira morte durante o Milênio e, depois, a
segunda, ao ser lançado no lago de fogo e enxofre (veja
Is. 24:21,22; Ap. 20:1,2; 20:14)".6 Vemos que a sentença
foi pronunciada, mas Satanás não tem sido destituído de seu
cargo governamental nem despojado de seu título de príncipe
deste mundo, até que seja acorrentado e lançado ao abismo;
entretanto os vencedores na Igreja estão no reino de Deus, e
representam o poder e a autoridade de Deus, sobre todas as
trevas.
*(6) George Hawkins Pember. "As eras mais primitivas
da terra". Cap. 2, pág. 59

Voltamos a Atos 1:6. Aí há algo que o Senhor nos quer dizer.


"Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor,
será este o tempo em que restaures o reino a Israel?" Ali não
se reuniram quaisquer pessoas; se reuniram o Senhor e Seus
discípulos mais íntimos. Perguntaram-lhe: "será este o tempo
em que restaures o reino a Israel?" Como se dissessem,
seguiremos nós sob o jugo romano? Isso era o que eles

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 202


pensavam. Não temos por que especular, mas às vezes fico
pensando coisas e me coloco na cena dos quadros bíblicos.
Depois de três anos e meio de estarem escutando do Senhor
tantas parábolas onde lhes dizia que era necessário que Ele se
fosse e enviasse Seu Espírito e mais tarde voltasse para
estabelecer Seu Reino, etc., e agora saem com essa pergunta.
Bom, mas o Senhor, com paciência e muito amor, responde
aparentemente com uma evasiva, dizendo: "Não vos compete
conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua
exclusiva autoridade". Não compete a vós saber os cronos ou
os kairós, os tempos ou as épocas que o Pai pôs em sua
exclusiva autoridade. O Pai tem tudo bem planejado; mas para
que ocorra tudo o que vocês me estão perguntando, para que
se estabeleça o reino, é necessário que o dia que regresse
Cristo, todos o vejam e saibam todos quem é o que vem, e, por
ele mesmo, muitos correrão a esconder-se debaixo das pedras
e nas covas dos montes. E saberão perfeitamente quem vem.
Naquele dia da pergunta, ninguém sabia quem era Jesus de
Nazaré, só uns pouquinhos. Para isso era necessário que
primeiramente ocorresse a extensão desse conhecimento entre
os homens, e por isso lhes seguiu dizendo: " 8 mas recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria e até aos confins da terra".

A restauração do Reino e exaltação do Rei messiânico só tem


desenvolvimento e final cumprimento segundo o plano eterno e
a sabedoria de Deus. Ali o Senhor fala de tempos e épocas
(cronos e kairós). Deus sabe exatamente quando deve ocorrer
tudo; Ele e só Ele sabe o tempo. Cada coisa deve estar pronta,
disposta, tanto na história secular como na Igreja, e ainda nos
âmbitos espirituais da maldade. Deus vai se revelando e
dispensando-se ao homem no curso da história, a fim de que o
homem objeto de sua revelação e de sua luz, esteja atento às
manifestações celestiais, e Deus tem um tempo apropriado
para o cumprimento de Seus propósitos. A colheita não se pode
recolher senão até que esteja madura, e Ele sabe quando
estará madura. O reino não pode se manifestar antes que os
acontecimentos, a Igreja, a sociedade, o aspecto político e

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 203


econômico do mundo, a globalização, a apostasia, o estado
moral humano estejam em seu ponto. Antes da segunda vinda
de Cristo, Ele tem que haver terminado de formar um povo que
há de reinar. Para isso é necessário que o Senhor qualificasse
os Seus discípulos, começando pelos doze, com a vinda do
Espírito Santo, e lhes foram abertos seus olhos, e receberam
poder para testificar, por todas as nações e através do tempo,
que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o Senhor que ressuscitou
da tumba, e que há de vir a reinar. Quando eles formularam a
pergunta sobre a restauração do reino, nesse momento o
Senhor quis dizer com sua resposta: Agora, todavia não é o
tempo; há tantas coisas que vocês devem saber; nada tem
amadurecido, nem vocês mesmos; vocês mesmos devem abrir
seus olhos, pois devem seguir semeando, " 8 mas recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria e até aos confins da terra".

A Bíblia diz que chegou esse poder a eles com a vinda do


Espírito Santo no dia de Pentecostes, e houve um tempo
quando Pedro ia caminhando, e traziam os enfermos, mas
havia tanto o que fazer, e seguramente não havia tempo para
atender um por um, então somente com a sombra de Pedro, os
enfermos eram curados pelo poder de Deus (cfr. Atos 5:12-16).
Quando veio o Espírito Santo, Seus discípulos começaram a dar
testemunho verdadeiro do que realmente é Jesus Cristo.
Enquanto regresso, vós dareis testemunho realmente do que é
o reino; dareis testemunho realmente de qual é o poder de
Deus. Dareis testemunho primeiramente em Jerusalém (a
localidade onde estavam residindo), dareis testemunho na
Judéia (a província onde viviam), em Samaria (a província
vizinha) e até os confins da terra, chegando a mensagem a
todos os continentes da terra, e chegou até a Colômbia, a
Bogotá, e a Sogamoso, a Cúcuta, a Santa Marta e a
Barranquilla. Chegou a nós este testemunho do Senhor Jesus;
e agora o Senhor tem estabelecido em nós Seu reino. Agora em
nós há uma realidade do reino; logicamente que quando Ele
vier vai haver uma manifestação, mas hoje nós já vivemos no
reino. Se nós queremos participar das bodas do Cordeiro e do

Os vencedores e o Reino milenar Paá gina 204


reino milenar, devemos reinar desde agora com Cristo; que Ele
reine sobre nós, e assim nós estamos reinando, sendo
vencedores. E todos os entes das trevas tremam ante o nome
glorioso do Senhor Jesus Cristo.
" 9 Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista
deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos.10 E, estando
eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que
dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles11 e
lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as
alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do
modo como o vistes subir ". Ao ser glorificado, o Senhor Jesus
começou a reinar, sentado à destra de Deus, até que todos
seus inimigos sejam postos por estrado de Seus pés (cfr. Mt.
19:28; He. 1:3; 10:12; Ap. 3:21). A seu devido tempo
regressará a esta terra cheio de glória, poder e majestade. Que
o Senhor Jesus abra nossos olhos para que possamos vê-lo e
vivê-lo, e levá-lo profundamente conosco a uma realidade.

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DE OS VENCEDORES E O REINO MILENAR
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