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Abstract: This paper studies the production routines of news, contributing to the
understanding of the world built daily. In the current context of convergence,
which in recent decades pave prospects for reconfiguration / redesign to television
journalism, through technological adoption, show the changes and the
predominant characteristics of two moments: the routines of the late twentieth
century (fordist routines) and the early nineteenth century (flexible routines). This
time, the goal is to establish a brief discussion that pervade the context of the
routines and the news at the end of the 90 building on research conducted by Vizeu
(2002) and Lordêlo (2015), who points out how the newsroom routines away from
serve as some claim mechanics are constantly changing, a constant stream of
changes contributing to the social construction of reality from new challenges of
social technologies to Journalism.
1. Introdução
Mídia Brasileira 2014 e 2015, encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência
da República – Secom. A Pesquisa Brasil (2014a, 2014b) mostra que 95% dos entrevistados
afirmam ver tevê diariamente, dais quais 79% dos brasileiros assistem TV para ver notícias. A
pesquisa, ainda, evidencia melhorias na confiança dos brasileiros nas notícias da TV, com 49% na
pesquisa de 2014 e 54% para a pesquisa de 2015. Desta feita, salientamos que não é de agora que a
televisão vem sendo o meio predominante no Brasil, contribuindo de uma forma efetiva para as
mudanças sociais, culturais e políticas, colaborando para a compreensão da realidade social.
Realidade esta, entendida como o processo socialmente determinado, intersubjetivamente e
institucionalizado pelas práticas, pelos papéis e pelos agentes da vida cotidiana (ALSINA, 2009).
Dentro deste contexto que desenvolvemos este trabalho procurando estudar algo que é
central no telejornalismo, as rotinas produtivas das notícias, que contribuem para este olhar sobre
nosso País e o mundo diariamente construído. Neste sentido o presente artigo coloca as rotinas
produtivas no centro do atual contexto de convergência, que nas últimas décadas pavimentam
perspectivas e reflexões para a reconfiguração/redesenho, por meio da adoção tecnológica no fazer
do telejornalismo. Assim, observamos as alterações e as predominâncias características de dois
momentos do fazer no telejornalismo brasileiro: as rotinas do final do século XX (rotinas fordistas)
e do início do século XIX (rotinas flexíveis). Nosso objetivo é estabelecer uma breve discussão que
perpassa o contexto das rotinas e as notícias no final da década de 90, tomando por base pesquisa
realizada por Vizeu (2000) e Lordêlo (2015), atualmente com a preocupação de mostrar como as
rotinas da redação, longe de serem como alguns afirmam mecânicas, estão em transformação, num
fluxo constante de mudanças, contribuindo para a construção social da realidade a partir de novos
desafios das tecnologias sociais ao Jornalismo. Como parte deste olhar sobre estes dois momentos,
apontamos também, que as chamadas rotinas produtivas e valores-notícias, longe de terem
desaparecido, ainda estão presentes e são básicos no telejornalismo de hoje.
Na pesquisa que realizamos em março de 1990, no jornal RJTV, da Rede Globo Rio, com a
finalidade de identificar quais os aspectos que influenciavam os jornalistas e a redação na hora de
decidir o que era noticiável, cada jornalista tinha sua função definida. Ou seja, não tínhamos, como
aos poucos vai se tornando comum nas redações do País, o profissional que exerce várias
atividades (polivalente). Dentro deste contexto que procuramos explicar o cenário, as rotinas e a
notícia na época. Nos anos 90, a estrutura da redação era composta por um diretor-regional, um
chefe de redação, 12 editores de texto, um chefe de reportagem, quatro subchefes de reportagem,
três assistentes de produção e dez repórteres. Os quais possuíam funções e meio de distribuição
noticiosa fixa, ou seja, restrito ao meio televisivo: “TV fazia TV”.
A redação já era informatizada, mas cada um tinha a sua função. E neste período em que se
apontam as primeiras iniciativas de convergência nos veículos de comunicação tradicionais: por
meio das operações das emissoras de televisão na internet que passaram a distribuir os conteúdos
para mídias digitais, como uma extensão dos processos produtivos (LOPEZ, 2009). O RJTV1 tinha
um editor-chefe, um editor executivo, uma subchefia de reportagem, três produtores, uma
editora/apresentadora, três editores de texto e quatro repórteres. As fontes de informação são: as
agências noticiosas (A Globo, por exemplo), a editoria de esporte, a rádio CBN, entre outros. Todo
o fluxo de informação que circula pela Rede Globo no Rio de Janeiro, desde a pauta dos telejornais
locais e nacionais até o texto final que os apresentadores vão ler no ar pode ser – e é – acessado
pelos jornalistas a qualquer momento. No entanto, não havia uma integração entre as equipes dos
diversos jornais.
Como podemos ver dentro desta breve descrição algo que é central para todos na redação é
que cada jornalista sabe a própria função, ou melhor, tem uma função própria. Vamos denominar
esse contexto para fins deste trabalho como “notícias fordistas”, em que as notícias estão bem
categorizadas como mostramos acima. O jornalista ao chegar na redação já sabe como enquadrar
cada material informativo que recebe. As rotinas não são muito diferentes. Provavelmente
levaríamos um susto se comparássemos como uma redação de hoje: jornalistas parados esperando
material informativo!
Acreditamos que este momento que descrevemos até agora sobre as rotinas e as notícias
pode ser chamado de “notícias fordistas”. Grosso modo, entendemos por notícia fordista aquela
notícia uniforme e padronizada em que a redação parecia uma linha de produção, com funções,
processos e meios fixos.
Após esta breve introdução, até este período para nos determos no que entramos agora, que
estamos chamando provisoriamente de “notícias flexíveis”. Nossa pesquisa atual ocorreu por
observações etnográficas: no Jornal da Record, em janeiro de 2014, os demais: Jornal da Clube
ª ª
(Rede Record), NETV 2 edição, ABTV 2 edição, em agosto de 2014 (Rede Globo). A pesquisa
atual aponta que as rotinas produtivas noticiosas vêm se reconfigurando, em que o fazer
2. Rotinas no telejornalismo
Assim, as possibilidades tecnológicas não são determinantes para a prática jornalística, pois
o jornalismo, como instituição social, não se configura somente a partir das possibilidades
Conforme Tuchman (1983), essas tipificações estão embutidas nas tarefas práticas dos
jornalistas e se baseiam na sincronização do seu trabalho com o programa provável segundo o qual
se realizarão os fatos informativos potenciais. As notícias duras são as notícias factuais. Tuchman
(1983) explica que administrar o fluxo do trabalho informativo envolve algo mais que a
programação. Envolve também a distribuição de recursos e o controle de trabalho mediante o
planejamento. As distinções entre as notícias súbitas, em desenvolvimento e em sequência são
determinadas por essas tarefas práticas.
começa a se organizar; 2) meio da manhã, quando os editores de texto já estão editando algumas
matérias ou esperando para editar as que estão na rua; 3) o fechamento, já no final da manhã,
quando se aproxima a hora do jornal entrar no ar e a correria é geral na redação.
Monzoncillo (2011) faz uma reflexão sobre as mutações relacionadas ao meio televisivo
que foi a referência do século passado; com o advento da internet se estabelece uma reformulação
na cadeia de valores tradicionais, que separavam produção, distribuição e público, em que “os
públicos generalistas e massivos dão origem a novos cidadãos que exigem a liberdade de escolha e
de participar” (MONZONCILLO, 2011, p.2)[3]. Deste modo, estabelece-se o desenvolvimento das
televisões temáticas que pressupõe uma lógica distinta da televisão de massa e começa a estruturar
a televisão de uso flexível aos interesses pessoais (on demand / dieta de conteúdo). A TV está
passando por um processo de fragmentação e digitalização de conteúdos, além de menos coletiva e
mais individual (pessoal/personalizada). As telas ampliaram-se em termos de tamanho da imagem,
e multiplicou-se em muitos dispositivos, incluindo os dispositivos móveis. Os processos digitais,
3. A convergência jornalística
A convergência está para além de uma simples mudança tecnológica ou uma estratégia de
integração de redação, é uma alteração na relação entre tecnologias existentes, grupos empresariais,
mercados, gêneros e públicos (JENKINS, 2008). O contexto de convergência nos meios de
comunicação reconfigura a lógica operacional das emissoras, produtos, distribuição de conteúdos,
perfil profissional e modelo produtivo. Nesta alteração de modelo, os grupos de comunicação em
rede estão implantando as integrações, como:
Os modelos convergentes nas redes televisivas, em que o jornalismo se insere, ainda não
são precisos e estruturados, embora exista uma percepção, que se trata de um processo que aponta
um futuro de convergência dos meios de comunicação (López-García et al, 2012). Entretanto,
dentro das estratégias empresariais existem ou residem os efeitos não previstos, que dentro das
contradições do capitalismo podem abrir outras perspectivas, para além dos anseios empresariais,
calcadas no jornalismo e na sociedade, nestes processos de convergência.
Na outra mão das intenções estão as estratégias de renovação, mais relacionadas com as
mudanças provocadas pela convergência tecnológica que promovem as reconfigurações
inovadoras, associando meios tradicionais e digitais. Estas estratégias apostam fortemente nas
novas tecnologias digitais em multiplataformas e na reconfiguração do modelo de sustentação na
lógica das mídias digitais. Neste sentido, buscam-se novos modelos de produção, distribuição,
perfil profissional, reorganização das estruturas empresariais, abrindo caminho para à participação
do público nos processos de produção e distribuição de conteúdos (López-García et al., 2012).
Tais canais digitais de integração das redações, de uma mesma rede televisiva, podem ser
sofisticados e de alto inverstimentos como a fibra ótica (Metrolan), ou simples e acessíveis, como
as redes sociais e o email. Na estruturação por meio de canais, as redes sociais, e-mails e
smartphones, tablets e as páginas web, são configuradas como canais de interação entre as equipes
e a redação local, fontes e população, e perspectivas de canais de integração entre redações, nas
redes televisivas. Nas rotinas flexíveis, a integração vertical das redações, possibilitam o
compartilhamento estrutural de imagens e conteúdos, fortalecendo e aperfeiçoando a produção de
rede televisivas, como o evidenciado na análise dos dados do monitoramento das atividades nas
duas redes televisivas de comunicação. Percebe-se sinais de integração vertical das redações dos
veículos, no compartilhamento de reportagens e cobertura de acontecimentos. Neste sentido, é
importante considerar que a integração não é uma estratégia nova. Em especial a integração física
de espaços de trabalho, que está ancorada na lógica dos meios tradicionais de centralização das
rotinas produtivas. A integração vertical das redações, pela adoção dos canais digitais, no atual
contexto de convergência, expressa uma lógica fragmentada da mídias digitais, que integra
profissionais e produção de redações separadas. A lógica de produção e sustentação dos meios
tradicionais, que conduz as ações operativas das redes televisiva, no atual contexto, está
configurando a adoção dos meios digitais, em uma perspectiva de conservação dos grupos de
comunicação nos moldes dos meios analógico.
Realização das atividade por perfil profissional polivalente - Os fatores que configuram a
polivalência jornalística não são casuais, naturais e nem unidirecional, pois como um processo de
mudança sistêmica, a polivalência não está dissociada de um conjunto de forças, tendências e
anseios empresariais. Desta forma, as alterações tecnológicas de informatização, a digitalização da
produção e a gestão dos recursos na reestruturação das redações corroboram para transformações
dos perfis profissionais no processo de convergência.
5. Considerações finais
O presente trabalho pauta uma tendência de perceber outros tipos de rotinas produtivas face
a convergência – no percurso de elaboração da pesquisa, ainda foi percebido outros tipos de rotinas
produtivas nos telejornais em rede de início de noite. Foram possíveis de ser consideradas na
caraterização do fazer nas redações do telejornalismo contemporâneo, em dois polos que cercam as
rotinas produtivas flexíveis, que contempla o modelo produtivo corrente consolidado nos anos 70 e
o modelo convergente: Rotinas produtivas convergentes – A produção é centrada na integração
horizontal de meios diversos e a distribuição é multiplataforma de caráter amplo, envolvendo TV,
rádio, impresso e mídias digitais. No que se refere ao fazer jornalístico, o mesmo sofre adaptações
conforme a veiculação de meios, ou seja, polivalência midiática. Nestas rotinas produtivas, as
notícias e profissionais assumem os formatos e atribuições dos distintos veículos de distribuição de
conteúdos, entre os meios integrados horizontalmente. Assim, na rotina produtiva convergente dilui
[3] Do original: “las audiencias interclasistas y masivas dan lugar a nuevos ciudadanos que reivindican la libertades de
elegir y de participar” (MONZONCILLO, 2011, p.2) [Tradução nossa]
[4] Do original: “Esta evolución de redes y dispositivos ha dado lugar las nuevas formas de entretenimiento que
cuestionan el proprio concepto de televisión. Se trataría del concepto de “nuestra televisón”, frente a los del pasado: “mi
televisión” y “su televisión”. Ésta sería la nueva forma de entender la nueva televisión, etiquetada, pero el punto crucial
está en la producción de contenidos” (MONZONCILLO, 2011, p.2) [Tradução nossa]
[5] Do original : “La convergencia periodística es un proceso multidimensional que, facilitado por la implantación
generalizada de las tecnologías digitales de telecomunicación, afecta al ámbito tecnológico, empresarial, profesional y
editorial de los medios de comunicación, propiciando una integración de herramientas, espacios, métodos de trabajo y
lenguajes anteriormente disgregados, de forma que los periodistas elaboran contenidos que se distribuyen a través de
múltiples plataformas, mediante los lenguajes propios de cada una” (SALAVERRÍA et al, 2010, p. 59) [Tradução nossa].
Referências
ALSINA, Miquel Rodrigo. A construção da notícia: tradução de Jacob A. Pierce. Petrópolis RJ:
Vozes. 2009
GOMES, Itania. Metodologia de Análise de Telejornalismo in: GOMES, Itania (org.) Gêneros
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(Orgs.). 60 Anos de telejornalismo no Brasil: história, análise e crítica. Florianópolis: insular,
2010.
LÓPEZ GARCÍA, Xosé; FERNÁNDEZ. Moisés; BRAN, Carlos; FARIÑA, José. A convergência
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BJR - Brazilian Journalism Research - V.8, n.1, 2012. Disponível em :
<http://bjr.sbpjor.org.br/bjr/article/view/400>. acessado em: 28 setembro 2012.
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