Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Fortaleza - CE – 29/06 a 01/07/2017

O telejornalismo brasileiro e as narrativas transmidiáticas: uma análise do

primeiro jornal da TV aberta transmitido AO VIVO no Facebook1

The Brazilian Telejournalism and narrative transmedia: An analysis of first open tv

news broadcast live on Facebook .

Yasmin Alves ALENCAR2

Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Paraíba

RESUMO

Na modernidade podemos ver os primeiros raios imponentes da tecnologia que

espalhou-se por todo o espectro comunicativo. Provindo disso, se deu o surgimento dos
primeiros meios de comunicação, como as cartas, os telégrafos, telefones, rádios e
televisores e mais contemporânea, a internet. Em toda a linha historiográfica do ser
humano, a comunicação fez-se presente e foi traçada como algo desafiador. Na
contemporaneidade, apesar da comunicabilidade ser algo extremamente desenvolvida,
ainda são encontrados pontos que necessitam de progresso. De modo que, com esse
avanço, o que era transmitido pelas TV’s coadunam-se com a internet e vice-versa.
Nessa perspectiva, o presente artigo faz um estudo e uma análise sobre o Jornal da
Band, primeiro telejornal da TV aberta que é transmitido pelo Facebook. Em
consonância com essa análise, pretende-se mostrar a transmidialidade e a interatividade
que essa nova forma de transmissão fornece ao telejornal.

Palavras-Chave: Telejornalismo; Transmídia; Facebook; Interatividade.

ABSTRACT

In modern times we can see the first imponent rays of technology that has spread across
the whole communication spectrum. Stemming from that, there has been the creation of
the first means of communication, such as letters, telegraphs, telephones, radios,
televisions and more contemporary, the internet. Throughout the historiographical line
of human beings, communication made itself present and was traced as something
challenging. In contemporary times, despite communicability being extremely developed,
there are still found points that need to progress. In a way that with this advance, what
was broadcast by the TV's were in line with the internet and vice versa. In this
perspective, this article makes a study and an analysis of the "Jornal da Band",

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Trabalho apresentado no IJ- Intercom Júnior do XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região
Nordeste, realizado de 29 de junho a 1 de julho de 2017.
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Graduanda em Comunicação Social – hab. Jornalismo pela Universidade Estadual da Paraíba. E-mail:
alencaryas@gmail.com
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which is the first television news broadcast TV transmitted by Facebook. In line with
this analysis, it is intended to show transmidiality and interactivity that this new form of
transmission provides the television news.

Key-words: Television journalism; Transmedia; Facebook; Interactivity;

Introdução

Inúmeros ramos das ciências, como medicina, engenharia e diversas tecnologias

obtiveram destaque ao se ater a avanços. A comunicação, sem dúvida, foi um ramo que
foi e continua a ser proeminente quando o progresso é descrito. Nisso, consiste todas
as esferas comunicativas que permeiam constante desenvolvimento, seja telefonia,
internet, rádio e televisão. Todavia, a televisão, assim como a internet, sobressalta de
forma especial.
A TV que surgiu por volta dos anos 1950, vivencia dia após dia mudanças no
que se refere a linguagens, modelos, narrativas e formatos. É notório no decorrer da sua
história, a inovação tecnológica que perpassa cada detalhe das transmissões televisivas. A
utilização de sinais satélites, a transmissão via cabo, o surgimento da TV em cores, etc.
Em concórdia com tais avanços e mudanças, deram início também ao que chamamos
de TV abertas e fechadas, logo o sinal analógico perdeu o lugar para o digital e o online
passou a tomar conta das transmissões televisivas.
Simultaneamente, o avanço da internet não se restringiu aos anos 1990 e
continua a ascender constantemente, reverberando com que os meios de comunicações
tradicionais se adequem a forma de fazer jornalismo via internet, de modo que, a
internet também abastada de permanentes mudanças, tem contato direto com o boom
que as redes sociais têm causado para os internautas e a vida em sociedade, impulsionando
também os meios de comunicação tradicionais apropriar-se das novas ferramentas que a
rede oferece para que se faça a comunicação e consequentemente o jornalismo.

O Facebook: a rede social multidisciplinar

É bem verdade que no percurso histórico de qualquer civilização, as mudanças são

fatos intrínsecos que variam em cada época, o que não seria diferente no momento
contemporâneo, no qual o modus operandi da sociabilidade entre pessoas possuem
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como decorrência, situações que envolvam virtualidade e realidade. Devido a isso,

constata-se a presença contundente das mídias sociais na sociedade, sobretudo as redes
sociais que estão insertas na atmosfera midiática. Apesar das mutações referentes a vida
em sociedade e do pouco tempo da existência das redes sociais, a abstração referente ao
uso delas é algo que passou a ser pensado há um século, com o intuito de constituir
relações entre pessoas de classes e dimensões diferenciadas.
Segundo Telles

Os sites de relacionamento ou redes sociais são ambientes que focam

reunir pessoas, os chamados membros, que, uma vez inscritos, podem
expor seu perfil com dados, com fotos pessoais, textos, mensagens e
vídeos, além de interagir com outros membros, criando lista de amigos
e comunidades (TELLES, 2011, p.82).

A aplicação das redes sociais na comunicação, permitiu que elas fossem usadas
para os mais variados tipos de públicos e destinos. O exemplo preponderante disso, é
verificado pelo uso multidisciplinar do Facebook, o qual é utilizado pelos seus membros
para as mais diversas finalidades, que podem ser: educacionais, jornalísticas,
entretenimento, ou unicamente como forma de socializar.
Criado em Outubro de 2003, pelo aluno da Universidade de Havard, Marck
Zuckerberg, o Facebook vem ao mundo. Primeiramente, o jovem estudante empreendeu
em uma rede que recebeu o título de “Facemash”, consistindo em um espaço que os
alunos comparavam duas fotos de outros alunos e opinava qual das fotografias era a
mais atraente. O Facemash recebeu um estouro de visitas e compartilhamentos entre os
estudantes de Havard. Logo após isso, Zuckerberg em união com mais três amigos
produziu a rede social Facebook, com a intenção prioritária de proporcionar a
sociabilidade apenas entre os alunos da instituição a qual eles estudavam.
(KIRKPATRICK, 2011). Posteriormente, o Facebook passou a receber alunos de outras
universidades, sendo apenas em Setembro de 2006 que qualquer pessoa poderia criar
seu perfil na rede. Atualmente, o Facebook é considerado a maior rede social do mundo.
Com a constância na interatividade e multimedialidade3 que a internet fornece,
as redes sociais apropriam-se cada vez do espaço que elas mantêm, investido em novas

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Para melhor compreensão do conceito, deve-se consultar o livro “Webjornalismo – 7 características que
marcam a diferença” (CANAVILHAS, João, 2014)
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ferramentas que priorizem a instantaneidade e o desenvolvimento tecnológico. E é o que

o Facebook tem feito nos últimos anos, tornando-se referência para grandes canais de
comunicação, entre eles a emissora brasileira televisiva Bandeirantes, que é a primeira
emissora brasileira a ter seu telejornal transmitido pela ferramenta “ao vivo” do Facebook,
propondo para os telespectadores e internautas maior possibilidade de interação através
de comentários, curtidas e compartilhamentos e aprimorando às narrativas transmidiáticas
(que iremos falar à frente) unida ao Jornal da Band feito para televisão, ou seja, o mesmo
produto que é transpassado para mais de um suporte midiático.

Perspectivas das narrativas transmídia

Com a consolidação da internet e das mídias sociais, as modificações culturais

na comunicação passaram a acontecer. Historicamente em primeiro momento, a galáxia
de Gutenberg foi sobreposta pela galáxia de McLuhan (CASTELLS, 2012), abolindo
espaços e longitudes através da comunicação em sua instantaneidade. Apesar do
pensamento de McLuhan se perpetuar, as pesquisas evoluíram e surgiu o termo “Narrativa
Transmídia”4 utilizado pela primeira vez por Henry Jenkis na revista Technology Review
em 2003. Após três anos, Jenkis aprimorou o termo em seu livro “Cultura da
Convergência”, no qual retratava o filme Matrix, narrando a vivência dos irmãos
Wachowski que se estendiam além da tela de cinema, criando a narrativa transmídia.
A Narrativa Transmídia pode atuar em inúmeros meios e cooperar de forma única.
É possível constatar as NT’s em diversos suportes midiáticos, como é o exemplo do Jornal
da Band, como dito anteriormente, o primeiro telejornal brasileiro transmitido ao vivo no
Facebook, que será o nosso objeto de estudo. Além dele, outros meios de comunicação
passaram a abordar esse tipo de narrativa, como é o caso da Folha de São Paulo, jornal
impresso que circula desde 1970 na imprensa brasileira e em 2011 aliou-se
às novas narrativas ao integrar-se com uma TV online intitulada “TV Folha”,

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Narrativas Transmídias - NT

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distribuindo seu conteúdo não apenas por meios tradicionais, mas adequando-se a nova
linhagem do jornalismo.
Essa linha, torna a convergência entre as mídias um processo cultural,
influenciando diretamente as novas produções e os novos profissionais da área da
comunicação, tornando verídico o fato que as narrativas transmídia delineiam na
comunicação a necessidade de um novo tipo de jornalista, que não se limite a afazeres
únicos, mas sim permeiem por todas as áreas comunicativas e por diversos suportes
midiáticos com segurança e saber.

O Jornal da Band e as influências do Facebook ao vivo

Estamos submetidos a um tempo, no qual, a instantaneidade é objeto de maior

destaque para a sociedade em todos os aspectos, acima de tudo para o jornalismo que torna
a ubiquidade5 mais do que necessária. Afinal, é indispensável que os jornalistas estejam
presentes em todos os meios que produzem notícia e sobretudo, que também possam
produzir concomitantemente em diferentes suportes.
Diante dessa condição, o Facebook implantou mais uma ferramenta inovadora
em sua plataforma, as transmissões ao vivo feita pela rede social que permite que o usuário
utilize o seu perfil/fanpage para realizar vídeos em tempo real, aceitando que os amigos e
seguidores conectem-se e interajam.
Utilizando-se dessa ferramenta, a emissora TV Bandeirantes investiu em uma ação
precursora para o jornalismo no Brasil, passando a transmitir o Jornal da Band todos
os dias ao vivo pela ferramenta da rede social.

História da Bandeirantes e Jornal da Band

Fundada por João Jorge Saad juntamente com a ajuda de seu sogro, o político
Ademar de Barros, a Rede Bandeirantes veio ao ar pela primeira vez no ano de 1967

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“Ubiquidade significa ser encontrado em todo lugar” (PAVLIK, John, 2014).

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com o intuito de ser a emissora mais moderna da América Latina, na época. A marca do
pioneirismo foi algo que sempre esteve presente na Band, já que em 1972 foi o primeiro
canal televiso a realizar transmissão em cores e em 1982 o primeiro a iniciar transmissões
via satélite.
Já o Jornal da Bandeirantes iniciou sua história em 1977 sob o comando de
Salomão Esper. Em 1997 recebeu nova nomenclatura passando a chamar-se apenas
“Jornal da Band” e sendo comandado por Paulo Henrique Amorim. Atualmente, o
jornal da Band tem como apresentadores Ricardo Boechat e Paloma Tocci.

As influências do Facebook ao vivo no Jornal da Band

Figura 1: Fanpage do @jornaldaband no Facebook

Fonte: Facebook

Além de já ser transmitido online pelo portal da Band, aplicativo e rádio, o

telejornal arriscou no uso da ferramenta live do Facebook, passando a realizar ao vivo pela
rede social a transmissão do telejornal a partir do dia 11 de Julho de 2016. Propiciando
dessa forma, maior interatividade com os receptores da notícia. Essa
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interatividade, permite que o telespectador possa fazer parte do conteúdo exposto, seja
curtindo, comentando ou compartilhando. O que proporciona contato direto do meio
com os que irão utilizar o produto.

A interatividade é um conceito ponte entre o meio e os

leitores/utilizadores, porque permite abordar esse espaço de relação
entre ambas as partes e analisar as diferentes instâncias de seleção,
intervenção e participação nos conteúdos do meio. Insere-se nessas
zonas de contacto entre jornalistas e leitores, que as tecnologias têm
alargado e simplificado (ROST, 2014, p. 53).

As narrativas transmídia constroem pontes diretas com a interatividade nas

novas formas de fazer jornalismo, o que permite a ligação direta entre os produtores e
consumidores das notícias.

Figura 2: Transmissão do Jornal da Band no Facebook em 19 de Setembro de 2016

Fonte: Facebook

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O exemplo acima atesta de forma clara como a interatividade está presente nas
transmissões do telejornal da Band através da rede social. Em plena transmissão do jornal,
aos 26 minutos e 21 segundos a âncora saúda os internautas com a frase “Boa noite
pessoal”, logo após aos 28 minutos e 31 segundos de transmissão ela tece um comentário
do que virá na sequência do jornal “Na sequência, o setor de aplicativos está em alta!”,
cada comentário feito pela jornalista conta com número de curtidas e comentários resposta
feitos pelos telespectadores.

Figura 3: Jornal da Band transmitido ao vivo via Facebook dia 04 de Setembro de 2016

Fonte: Facebook

Para quem acompanha o Jornal da Band via Facebook, encontra-se a par do tempo
dedicado aos comerciais da emissora, já que nos intervalos das transmissões é fixado no
lado superior direito da tela o tempo que o jornal demora para voltar ao ar.
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Viabilizando dessa forma, total liberdade ao telespectador, permitindo que ele possa
acessar outros canais de comunicação e buscar outros afazeres no momento intervalado.

Considerações Finais

De acordo com Jenkins (2008, p. 158), “cada vez mais as narrativas estão se
tornando a arte da construção de universos, à medida que os artistas criam ambientes
atraentes que não podem ser completamente explorados ou esgotados [...] em uma única
mídia”. Ou seja, o próprio avanço das mídias requer explorar variadas formas de
transmissão; principalmente aumentando a interação com o telespectador.
Todavia, apesar das narrativas transmídia ser um estudo constante nas pesquisas
relacionadas a comunicação, os antagonismos ainda perduram, porque poucos são os
meios de comunicação que já aderiram a multimedialidade relacionada a tais narrativas.
Contudo, não se pode anular que isso faz parte de um processo cultural que está em
exercício e que requer tempo para que seja consolidado. Portanto, torna-se louvável
quando os meios de comunicação aderem a NT, singularmente quando esse meio de
comunicação é uma emissora tradicional no jornalismo brasileiro, como é o caso da TV
Bandeirantes.

Referências Bibliográficas

CANAVILHAS, J. (Org). Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença,

2014.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede – a era da informação: economia,

sociedade e cultura – Volume 1. São Paulo: Paz & Terra, 2002.

História. Jornal da Band. Disponível em

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Jornal_da_Band>. Acesso em 27 de Setembro de 2016.

História. Rede Bandeirantes. Disponível em

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_Bandeirantes>. Acesso em 27 de Setembro de 2016
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História. 40 anos de TV: a história da Bandeirantes 1990. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=aE97XTAzdK0>. Acesso em 28 de Setembro de
2016

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Editora ALEPH, 2008.

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KIRKPATRICK, David T. O efeito Facebook - Os Bastidores da História da

Empresa Que Conecta o Mundo. Ed. Intríseca, 2011.

PAVLIK, John. "Ubiquidade". In: CANAVILHAS, J. (Org.). Webjornalismo: 7

características que marcam a diferença, 2014.

RECUERO, Raquel A conversação em rede. Comunicação mediada pelo computador

e redes sociais na internet. Porto Alegre, Ed. Sulina, 2012.

RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Ed. Sulina, 2ª ed. Porto Alegre, Março
de 2014.

ROST, Alejandro. "Interatividade: Definições, estudos e tendências". In:

CANAVILHAS, J. (Org). Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença,
2014.

TELLES, André. A revolução das mídias sociais. 2ª Ed. 2011. M. Books.

Tecnologia. Facebook começa a liberar transmissão de vídeos ao vivo para todo

mundo. Disponível em < https://tecnoblog.net/188857/facebook-live-video-collage/>.
Acesso em: 28 de Setembro de 2016