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DOI: 10.1590/1413-81232015213.

08182015 913

Educação Permanente em Saúde no Brasil:

temas livres free themes


educação ou gerenciamento permanente?

Ongoing Health Education in Brazil:


education or ongoing management?

Cristiane Lopes Simão Lemos 1

Abstract The scope of this study was to analyze Resumo O objetivo do estudo foi analisar a con-
the concept and principles of Ongoing Health cepção e os fundamentos da Educação Permanen-
Education (OHE) – the Brazilian acronym is te em Saúde (EPS) constante da Política Nacional
PNEPS. The methodology was based on the anal- de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) no
ysis of documents from the Ministry of Health and Brasil. A metodologia baseou-se na análise de
related scientific articles. It was revealed that the documentos do Ministério da Saúde e de artigos
concept of OHE transcends its pedagogical signif- científicos relacionados. Constatou-se que a con-
icance and is undergoing a service restructuring cepção da EPS na PNEPS transcende um signi-
process in the face of the new demands of the mod- ficado pedagógico, respondendo a um processo de
el. Precisely at the time in which jobs are increas- reestruturação dos serviços diante das novas de-
ingly unstable and precarious, the Ministry of mandas do modelo. Justamente no momento em
Health engages in discourse regarding innovative que o trabalho se encontra cada vez mais instável
management, focusing on the issue of OHE. The e precarizado, o Ministério da Saúde apresenta
idea is not one of ongoing education, but of on- um discurso sobre uma gestão inovadora, dan-
going management. Rather than being an instru- do centralidade à questão da EPS. A ideia não é
ment for radical transformation, OHE becomes de educação permanente, mas de gerenciamento
an attractive ideology due to its appearance as a permanente. Ao contrário de um instrumento de
pedagogical novelty. transformação radical, a EPS converte-se em uma
Key words Education in health, Human resourc- ideologia que seduz pela sua aparência de novida-
es in healthcare, Healthcare policies de pedagógica.
Palavras-chave Educação em saúde, Recursos
humanos em saúde, Políticas de saúde

1
Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade
Federal de Goiás. Campus
Samambaia. 74001-970
Goiania GO Brasil.
professoracristi@gmail.com
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Introdução repercutem na educação dos trabalhadores e é


neste contexto que a ideia da Educação Perma-
O termo educação permanente aparece pela pri- nente em Saúde é concebida pela OPAS, pois:
meira vez na França em 1955 e foi oficializado Se requiere una revisión conceptual y metodo-
no ano seguinte em um documento do Ministro lógica y la creación y adaptación de instrumentos
Educacional sobre o prolongamento da escolari- distintos de los utilizados hasta hoy, porque son
dade obrigatória e a reforma do ensino público1. situaciones con otro ritmo, otra intensidad, otros
No final da década de 1960, passa a ser difundida requisitos y en consecuencia, otros fine. [...] se hace
pela UNESCO, fundamentada na teoria do capi- necesario promover estudios e y desarrollar pro-
tal humano2, que compreende a qualificação do cedimientos que posibiliten una utilización más
fator humano como um dos mais importantes racional del personal existente asegurando la edu-
meios para a produtividade econômica e o de- cación permanente de los recursos humanos ya in-
senvolvimento do país. Paiva3 analisa a produção corporados a la fuerza de trabajo sectoral5.
teórica e o contexto de implantação da educação Lemos10 compreende que as situações com
permanente no país neste período e a compreen- outro ritmo, outra intensidade, outros requisi-
de como uma ferramenta ideológica do Estado tos estão ligadas à implantação do novo modelo
para inculcar nos trabalhadores novas formas de de reestruturação produtiva do capital. Baseada
trabalho com centralidade às necessidades do ca- no modelo de produção toyotista, a intenção da
pitalismo tardio. OPAS foi construir um novo referencial pedagó-
A denominada Educação Permanente em gico, a “educação permanente”, no qual o traba-
Saúde (EPS) surge em meados da década de lhador tenha maior envolvimento no processo
1980, tendo sido disseminada pelo Programa de produtivo da saúde, superando o “trabajo actual
Desenvolvimento de Recursos Humanos da Or- (fragmentado, deshumanizado, conflictivo, alie-
ganização Pan Americana de Saúde (OPAS)4,5. nante por efectos de la lógica tayloriana imperan-
A OPAS cria uma diferenciação entre os ter- te), [...] orientadas a la mejoría de la calidad”11
mos educação permanente e educação continua- (grifos nossos).
da, considerando a última mais reducionista. No Assim percebe-se que a origem da EPS tem
entanto, esta distinção não tem unanimidade no relação com a incorporação do modelo empre-
meio acadêmico. Em total oposição ao conceito sarial toyotista no mundo do trabalho da saúde,
da OPAS, Marin6 entende que educação continu- pois o taylorismo/fordismo passa a significar
ada seria mais completa por incorporar a ideia uma rigidez que não responde rapidamente às
de formação no próprio local de trabalho, sem problemáticas que se apresentam, colocando em
interrupção ou fragmentação, dependendo dos cheque toda a base do capital sustentado durante
objetivos que se quer alcançar. De outro modo décadas. Ao contrário do fordismo, que, de certa
Haddad et al.7, admite que a educação perma- forma, minimiza a dimensão intelectual do tra-
nente inclui a educação continuada e a educação balho, com a produção de atividades repetitivas e
em serviço. Ramos8 assevera que, em um contex- desprovidas de sentidos, o modelo toyotista cria
to mais amplo, educação continuada, educação uma lógica mais integrativa do operariado na or-
permanente, aprendizagem ao longo da vida, ganização do trabalho.
educação de adultos podem ser considerados si- No Brasil, com o SUS e os novos desafios as-
nônimos. sumidos, a formação dos trabalhadores da saúde
Vieira et al.9 consideram que para além das passa a ter maior ênfase. No texto da Constitui-
controvérsias da nomenclatura a EPS começa a ção Federal (Artigo 200), fica estabelecido que
ser estruturada pela OPAS, em virtude da ne- “ao sistema único de saúde compete, além de ou-
cessidade de utilizar um “novo vocábulo” para tras atribuições, nos termos da lei, ordenar a for-
implantar as mudanças que o setor enfrentaria mação de recursos humanos na área da saúde”12.
perante as novas demandas da reestruturação do A formação profissional passou a ser reconhecida
capital. como fator essencial para o processo de consoli-
É importante ressaltar que a década de 1980 dação da Reforma Sanitária Brasileira13. Somente
tem como pano de fundo a queda do muro de em 2003 é criada, no Ministério da Saúde, a Se-
Berlim, o fortalecimento do neoliberalismo, os cretaria de Gestão de Trabalho e da Educação em
questionamentos sobre o socialismo e as teses Saúde (SGTES), que assumiu a responsabilidade
pós-modernas de “fim” da história, além do des- de formular políticas orientadoras da gestão, for-
moronamento da união do “fordismo/tayloris- mação, qualificação e regulação dos trabalhado-
mo e do keynesianismo”. Todas estas mudanças res da saúde no Brasil.
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Em 2004, foi implantada a Política Nacional rwerker23, Merhy et al.24, autores/gestores que, de
de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) 2003 a 2005, participaram da implantação e con-
pela Portaria 19814 qual o Ministério da Saúde dução da PNEPS.
assume a responsabilidade constitucional de or- O cruzamento das informações dos docu-
denar a formação seus recursos humanos. mentos legais com as ideias sustentadas nos ar-
Com a PNEPS criou-se Polos de Educação tigos relativos à PNEPS foi primordial para uma
Permanente em Saúde (PEPS) que foram eficazes maior aproximação do objeto de estudo aqui
na difusão da proposta da EPS pelos diferentes proposto. Em síntese, foram realizadas as seguin-
municípios brasileiros. É importante situar que tes etapas metodológicas:
no ano de 2005 houve troca do ministro da saú- (1) catalogação dos documentos Ministé-
de, e alterações no quadro de trabalhadores e rio da Saúde relativos à primeira fase da PNEPS
gestores SGTES e em agosto de 2007, a PNEPS (2003 -2005)
foi alterada pela Portaria GM/MS nº 199615. Com (2) seleção de textos de autores envolvidos
isso inicia a segunda fase da PNEPS (que não será com a implantação da PNEPS neste período,
analisada neste estudo) com mudanças conceitu- (3) leitura e investigação dos documentos e
ais e metodológicas em relação à condução da artigos;
PNEPS. As Comissões Integração Ensino Serviço (4) organização dos dados, construção e aná-
(CIES) e os Colegiados de Gestão substituem os lise das categorias.
PEPS na gestão da EPS. O referencial teórico do estudo apoiou-se nas
Foi na vivência no PEPS de Goiânia no pe- contribuições de autores que se aproximam do
ríodo de 2003 a 2004 e nas leituras dos docu- enfoque marxista de educação e trabalho. A op-
mentos acerca da PNEPS que surgiu o interesse ção por este referencial teórico também reitera a
em investigar a EPS. O primeiro contato com a importância da retomada do marxismo para re-
proposta da EPS trouxe grande entusiasmo para fletir acerca dos objetos da saúde coletiva25.
quem sonha com uma educação transformadora
na saúde. A preconização de uma educação per-
manente vinculada a uma política ministerial deu Resultados
peso ao nosso interesse em estudar esta temáti-
ca. O ingresso no Doutorado em Educação da Com implantação da PNEPS pela Portaria nº
Universidade Federal de Goiás (UFG) permitiu 198/GM/MS de 13 de fevereiro de 200414 a EPS
um aprofundamento teórico sobre o tema e uma passa a ser amplamente difundida. Na visão da
ampliação do olhar sobre questões epistemoló- SGTES os cursos tradicionais focados na pro-
gicas, ontológicas e filosóficas sobre educação e posta da educação continuada não são suficien-
trabalho. tes, pois “Capacitam-se profissionais” que “ao
Dos embates teóricos e práticos, surgiu uma retornarem aos seus serviços não conseguem
questão central: Qual é a concepção de educação ‘aplicar’ o que ‘aprenderam’ ou constatam que o
da Política Nacional de Educação Permanente que ‘aprenderam’ não lhes fornece elementos su-
em Saúde? Nessa perspectiva o presente estudo ficientes para enfrentar as problemáticas da rea-
teve como objetivo a analisar os referenciais da lidade concreta”16.
Educação Permanente em Saúde (EPS) constante Pela análise dos documentos relacionados à
na primeira fase da PNEPS no período de 2003 PNEPS, percebe-se que a proposta ministerial
a 2005. é tributária de alguns referenciais da OPAS. A
ideia da Educação Permanente como “aprendi-
zagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar
Metodologia se incorporam ao cotidiano das organizações
e ao trabalho”5 sustentada pela OPAS também
A metodologia baseou-se na análise de docu- está presente na PNEPS. Também se adotam os
mentos do Ministério da Saúde relativos à pri- referenciais construtivistas (problematização e
meira fase da PNEPS (2003-2005). Foram in- aprendizagem significativa) da educação como
vestigados os documentos14,16-19. Também foram possibilidade de transformação do SUS.
utilizadas as publicações dos gestores/consultor Contudo, é importante destacar que não
do Departamento de Gestão e Educação na Saú- houve uma transposição sistemática do ideário
de (DEGES) que estiveram envolvidos na imple- da EPS da OPAS para o Brasil10,26. Embora re-
mentação da PNEPS neste período. Destaca-se a conheçamos uma filiação da ideia do organis-
produção de Ceccim20,21, Merhy22, Ceccim e Feue- mo internacional, percebemos que, no contexto
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brasileiro, houve novos contornos e desenhos na No mundo do trabalho, a responsabilidade


proposta que serão analisados a seguir. dos serviços de saúde no processo de transforma-
Na primeira fase da PNEPS há um grande ção das práticas profissionais e das estratégias de
diferencial que é o referencial do quadrilátero organização da atenção à saúde, levou ao desen-
da formação17, que amplia o âmbito da atuação volvimento da proposta da educação permanente,
da EPS da tradicional parceria ensino/serviço já considerada um recurso estratégico para a gestão
previsto na OPAS para outros segmentos. A ideia do trabalho e da educação na saúde16.
é de retirar o planejamento dos órgãos centrais e A possibilidade de transformação do traba-
promover uma gestão da educação descentraliza- lho do SUS na PNEPS ancora-se na EPS a partir
da e de forma democrática pelos PEPs ou “Rodas três fundamentos centrais: a micropolítica do
de Gestão” compostos por diversos setores envol- trabalho vivo, método da roda e problematiza-
vendo, agora, na elaboração do planejamento da ção/aprendizagem significativa que iremos dis-
EPS: trabalhadores, gestores, usuários (controle cutir em seguida. É importante entender que os
social), professores/acadêmicos. três elementos estão entrelaçados e na lógica do
Sem a intenção de aprofundar nas diferenças DEGES possibilita educar um sujeito com com-
entre OPAS e PNEPS, que fogem ao escopo deste promisso e capacidade de gerar resolutividade
trabalho e estão melhor analisadas nos estudos aos problemas da saúde pública brasileira.
de Bravin26 e Lemos10, é possível constatar por A micropolítica do trabalho vivo reconhece o
meio da análise documental e de artigos relacio- mundo do trabalho como espaço de criação de
nados à implantação da PNEPS (2003-2005) que novas subjetividades essenciais para a mudança
o eixo central da proposta de EPS da PNEPS é institucional. Micropolítica é um termo utiliza-
o trabalho como fundamento educativo e transfor- do por Guattari, que tem influência de Deleuze.
mador da realidade. Refere-se aos efeitos da subjetivação, conjunto de
fenômenos e práticas capazes de ativar estados
e alterar conceitos, percepções e afetos (modos
Discussão de pensar-sentir- querer). “Toda problemática
micropolítica consiste, exactamente, en intentar
A PNEPS tem o trabalho como elemento central agenciar los procesos de singularización en el
e transformador da realidade. No entanto, a rela- propio nivel en el cual emergen”28.
ção entre a educação e trabalho foi compreendida Na perspectiva da micropolítica, a educação
por Marx como uma relação dialética, podendo deve ser um instrumento permanente, que estimu-
ser marcada por uma positividade ou negativi- le os trabalhadores a novas posturas para um me-
dade, a depender do contexto histórico-social em lhor cuidado com a saúde. Segundo Merhy et al.24:
que ela se desenvolve. Na perspectiva ontológica En la política de educación para el SUS, la ges-
marxista, o trabalho é o elemento fundante de to- tión del Ministerio de Salud entre 2003 y 2005, se
das e quaisquer relações e constitui em elemento propuso trabajar la EPS como una “caja de herra-
de transformação humana. Contudo, na particu- mientas” que permitiera actuar sobre la micro-po-
laridade histórica do capitalismo, o trabalho car- lítica del trabajo en salud, para ampliar los espacios
rega em si uma negatividade. Ao invés de criação, locales de concertación de políticas y los espacios de
torna-se alienação. O homem deixa de ser “ho- libertad de los trabajadores en la conformación de
mem”, desumaniza-se ocorrendo um processo de las prácticas, y crear espacios colectivos con poten-
“coisificação” da essência que vai repercutir nas cial para construir nuevos acuerdos de convivencia,
suas relações sociais que se tornam embrutecidas comprometidos con los intereses y necesidades de
e desumanizadas27. los usuários.
Por meio da análise da PNEPS observa-se um Na visão destes autores, a ideia da formação
constructo teórico que se opõe as ideias marxistas como política do SUS poderia se inscrever como
sobre a alienação do trabalho no sistema do capi- uma potência permanente para desencadear uma
tal. A PNEPS concebe uma positividade na relação positividade nos trabalhadores para inventarem a
entre educação e trabalho, ao considerar a “trans- mudança no serviço de saúde. A teoria da micro-
formação das práticas profissionais e da própria política tem como pressuposto que a organização
organização do trabalho”, o que contraria as teses do saber não se estrutura igualmente nos diferen-
marxistas que veem a impossibilidade do trabalho tes tipos de trabalho, havendo processos produti-
como fundamento educativo no capitalismo. vos nos quais o peso que o trabalho morto expressa
Assim com a criação da PNEPS, o trabalho é maior que o trabalho vivo ou vice versa. Segundo
toma uma grande centralidade: a micropolítica, em certas produções, o processo
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de captura do trabalho vivo pelo trabalho morto é lho na saúde por ser relacional, na relação entre
diferenciado, permitindo imaginar situações em profissional e usuário. No entanto, Lukács31 par-
que o exercício do protagonismo/liberdade pre- tindo da tese da práxis interativa, compreende
domine em relação aos momentos de protago- que o capital não deforma o sujeito apenas no
nismo/reprodução no mundo geral da produção. seu trabalho propriamente dito, mas, de forma
Contrariamente, há uma aposta em um “trabalho contínua e constante, vai se entremeando nas re-
vivo”, baseado principalmente nas concepções lações familiares, na escola, na igreja, em todos
acerca da “micropolítica do trabalho vivo”. os espaços interativos que são determinados pela
É preciso explicitar que na micropolítica do objetividade do sistema capitalista. Nesta mesma
trabalho vivo não se concebe a noção de traba- visão Mészáros32 considera que o capitalismo é
lho discutida por Marx27,29. A ideia da micropo- estruturado de maneira mutuamente antagôni-
lítica é trabalhada por Merhy30 na perspectiva da ca das menores células ou “microcosmos” que o
mudança institucional nos serviços de saúde. O constituem às mais abrangentes unidades globais
autor30 identifica na área da saúde a existência de intercâmbio econômico e político e por isto,
de uma “maleta tecnológica” com três tipos de não se dá apenas no trabalho propriamente dito
tecnologias: duras, leve-duras e leves. As tecnolo- mas em todas as interações humanas e por isto se
gias duras estão relacionadas aos equipamentos situa em uma “complexidade insuperável”.
tecnológicos do tipo máquinas, normas e estru- Esta complexidade é banalizada pela a mi-
turas organizacionais. As tecnologias leve-duras cropolítica do trabalho vivo ao dar grande peso
seriam as intermediárias, como, por exemplo: os à intencionalidade do sujeito na superação do
saberes estruturados que operam no processo de capitalismo. Para Lucacks31 não se pode separar
trabalho em saúde. As tecnologias leves dizem os atos relacionais dos processos de alienação do
respeito aos processos relacionais no encontro capital. O trabalhador da saúde não é um frag-
entre o trabalhador de saúde e o usuário. mento descolado da história e por isso sujeita-se
A mudança de postura é fundamental para o e é sujeitado à lógica do capital. Constitui-se, as-
trabalho vivo em ato e é aí que estratégia da EPS sim, em meio a uma tensão entre subjetividade/
se articula, impelindo os trabalhadores a redu- objetividade, que não é reconhecida na lógica da
zir a dimensão centrada no profissional ou nos PNEPS.
procedimentos (tecnologia leve-duras e duras) Na visão de Vieira et al.9 há uma visão uni-
e enfatizar o eixo das tecnologias leves, levando lateral que os formuladores da PNEPS assumem
os profissionais, quando do encontro com seus ao não tratar a relação entre infraestrutura/su-
pacientes, a ser mais humanizados e ter maior perestrutura como uma totalidade, o que lhes
compromisso com a ação de cuidar do usuário. permite afirmar a possibilidade da desalienação
“Lo que confiere vida al trabajo en salud son jus- dos trabalhadores, pela constituição de uma nova
tamente las tecnologías “blandas”, que posibilitan subjetividade, desconsiderando a interferência
al trabajador actuar sobre las realidades singula- da base material na constituição da subjetividade
res de cada usuario en cada contexto, utilizando do trabalhador e na própria relação deste com o
las tecnologías “duras” y “blanda-duras” como usuário.
una referencia24. É preciso entender que o trabalho da saúde
É no constructo teórico/prático das tecnolo- não está inserido numa bolha imune aos proble-
gias leves é que a PNEPS compreende sua prin- mas do capital. O trabalhador da saúde, como
cipal estratégia, tese reconhecida no estudo9. A qualquer outro, está submetido à lógica do capi-
micropolítica do trabalho vivo atribui ao trabalha- tal e o seu trabalho por mais relacional ou hu-
dor uma potência que lhe permitiria confrontar e manizado que seja também está voltado para a
superar a alienação do trabalho no sistema capi- lógica mercantil de acumulação. A alienação não
talista. Tudo estaria condicionado ao trabalhador se dá apenas no ato da produção material (no co-
da saúde adotar uma nova postura relacional, tidiano do trabalho), se constitui a partir do um
ter maior comprometimento e intencionalidade estranhamento do trabalhador consigo e com os
em estabelecer uma relação mais humanizada no outros, intervindo nas relações e constituição do
atendimento e no trabalho de equipe, oferecer homem para si e para os outros homens33.
bem-estar aos usuários e em consequência tor- O estudo de Garrafa e Cordón34 reconhece
nar a sua atividade válida e reconhecida para ele que os espaços do cuidado profissional são inevi-
mesmo. tavelmente regulados pelo capital. O trabalhador
Ao contrário do trabalho fabril, admite-se da saúde também se vê impulsionado a atingir
uma relação positiva entre educação e o traba- metas de produtividade, a ter seus serviços ava-
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liados permanentemente, a manter seus conhe- como participantes de uma operação conjunta em
cimentos atualizados. Kuenzer35 assevera os tra- que todos usufruem o protagonismo e a produção
balhadores deste setor não se diferenciam dos coletiva20.
demais, no tocante a sua superexploração, em A curta existência e as dificuldades de traba-
face da valorização do capital que o submete a lho democrático nos PEPS26, todavia demons-
mais sofrimento. O avanço da terceirização das tram a tensão real da roda viva, pois o discurso
instituições do SUS, a extinção dos concursos da igualdade não suprime a desigualdade real
públicos e a criação de contratos seletivos que que existe no período histórico do capital. Há de
ampliam a precarização do trabalhado têm sido reconhecer que até mesmo nos jogos de crianças
um dos sintomas mais recentes do avanço do existem dificuldades de reconhecer o mesmo di-
neo­liberalismo. reito de voz.
Ao valorizar a subjetividade, o cotidiano, a Se não houver uma direção política para uma
construção e desconstrução de territórios, a mi- mudança efetiva da sociedade, corre-se o risco
cropolítica do trabalho vivo coloca-se na lógica da roda girar sobre o próprio eixo. Mobiliza-se,
pós-moderna, chegando a considerar que nes- desta maneira, trabalhador e usuários para mu-
tes processos. “não há um sujeito, mas singula- danças circunstanciais ao trabalho, ou às deman-
ridades, algo parecido com a ideia de que ‘um’ das locais, sem se considerar a luta mais ampla
são ‘vários’”36. Nesse sentido, pode-se chegar à de transformação, não só dos serviços como da
compreensão de que, ao invés de construção de sociedade9.
autonomia, corre-se o risco de cair num relativis- Diante das supostas ideias de igualdade fren-
mo, que dilui a história e mantém o capitalismo te a um mundo de base desigual cabe lembrar
como sistema societal inquestionável, pois sem que “Não é a consciência que determina a vida,
sujeitos históricos também não há razão para mas a vida que determina a consciência”33. Não
pensar a exploração do capital e os processos de se pode criar uma intencionalidade flutuante de
luta para sua superação! igualdade, pois é a materialidade do capital e a
Eis uma contradição na micropolítica do tra- mercantilização das relações sociais que são reais,
balho vivo: efetuar uma reestruturação produtiva enquanto a alienação do trabalho e a desigualda-
no trabalho do SUS em consonância com o in- de se impõem como referência na realidade.
teresse dos usuários, porém não antagônica aos Não se pode negar, entretanto, que, em seu
interesses do capital. Sem sujeitos, sem história, componente contraditório, as rodas podem
de alguma forma há uma perda de sentido e tam- constituir mecanismos contra hegemônicos e
bém de luta pela saúde, fato favorável à consoli- servir como elemento de luta para a emancipação
dação do capital10. dos trabalhadores.
Como acontece na tese da micropolítica do Na lógica da PNEPS, é na criação de uma
trabalho vivo, o método da roda valoriza a cons- nova subjetividade para o trabalho vivo que a
trução subjetiva da liberdade, ou seja, estrutura- problematização pode contribuir para educar os
se com base na possibilidade de expressão dos sujeitos para assumir um compromisso ético-po-
desejos, interesses e valores particulares ou sin- lítico e tornar-se capaz de atuar criticamente nos
gulares e se articula para a criação de espaços de micro espaços da saúde. Percebe-se também a in-
diálogo e confrontos para manifestação destes. fluência da noção de aprendizagem significativa
Contrapondo aos projetos tradicionais de gestão, de Ausubel nos documentos ministeriais, pois a
organizados verticalmente por especialistas, bus- aprendizagem significativa na PNEPS refere-se a
cou-se na PNEPS um método mais solidário, com uma pedagogia que concebe um papel mais ativo
interesses e valores diferentes e uso de conven- do aluno/trabalhador, que precisa ter disposição
cimento e de negociação como instrumento37,38. para aprender, pois confronta-se com a tradição
Com base na interação comunicacional como da memorização do conteúdo como acontece
mecanismo para eliminar as supostas diferenças nos modelos tradicionais ou da educação conti-
e hierarquia entre os ocupantes da roda, pauta-se nuada.
por uma suposta igualdade de condições entre os Para que a aprendizagem seja significativa, há
componentes do quadrilátero para fazer reflexões que se trabalhar com uma pedagogia diferenciada,
e procurar soluções para os problemas da EPS. que considere cada aprendiz com seus potenciais e
Nessa relação entre ensino e sistema de saú- dificuldades e que esteja voltada à construção de
de, sai a arquitetura do organograma para entrar sentidos, abrindo, assim, caminhos para a trans-
a dinâmica da roda. A noção de gestão colegiada, formação e não para a reprodução acrítica da re-
como nas rodas dos jogos infantis, coloca a todos alidade social16.
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Ramos39 considera que, para além da proble- ções sociais, substitui um processo educativo he-
matização e da relação dialógica, típicas do pen- terônomo” por um processo “autônomo” que é
samento de Paulo Freire e da perspectiva cogni- igualmente limitado40.
tivista de David Ausubel, a teoria da aprendiza- Duarte41 e Miranda42 têm considerado que
gem significativa tem influências de Dewey, que o lema aprender a aprender não é tão “novo”, e
valoriza a investigação e reflexão da experiência as propostas construtivistas disseminadas atual-
cotidiana e considera que o pensamento surge de mente nada mais são que a velha teoria escolano-
uma situação vivida. Deste modo, a aprendiza- vista revestida com novas roupagens, assumindo
gem significativa vincula-se ao pragmatismo. uma “retórica reformista”. Porque a roupagem
Ao dar destaque à problematização e à apren- nova? As demandas do chamado capitalismo fle-
dizagem significativa, com desvalorização do en- xível, implicam novas formas de exploração do
sino de repasse de ideias, a PNEPS enaltece o lema trabalho e faz severas críticas à educação descon-
aprender a aprender que se incorpora à dinâmica textualizada desenvolvida pela escola, conceben-
da micropolítica do trabalho, valorizando as tec- do que os aprendizes devem educar-se na própria
nologias leves. O lema aprender a aprender car- realidade do trabalho.
rega em si a ideia de uma autonomia, que daria Nesse sentido, salientamos que a EPS não diz
ao aprendiz a possibilidade de aprendizagem ao respeito somente a uma questão metodológica
longo da vida13. na qual os problemas do serviço viriam à tona
Assim, a SGTES assume a um embate direto para resolvê-los. A crítica se faz ao reducionismo,
com a educação continuada, que é considerada a valorização do saber aplicável aos serviços. Para
uma pedagogia tradicional, que não produz sujei- além deste pragmatismo, torna-se crucial deline-
tos pensantes. Segundo Ceccim20: ar os conteúdos que ampliem a visão dos traba-
Das atividades de educação permanente, das lhadores, emitindo uma melhor compreensão do
problematizações ao pensar-agir-perceber e de sua trabalho e de suas contradições nesta particulari-
interpretação emerge como aprendizagem signifi- dade histórica. Segundo Ramos:
cativa a invenção de si, nesse processo há a “disso- essas contradições só podem ser enfrentadas
lução de identidades” e a reconfiguração de novas se concebermos os trabalhadores como sujeitos de
subjetividades. Aquele que aprende é pressionado conhecimento e de cultura e, com isto, compreen-
pelas problematizações a reinventar-se, aos seus co- dermos qual o sentido dos conhecimentos para os
letivos e às suas instituições. trabalhadores, no exercício profissional em saúde e
Há uma ênfase na construção de um saber na sua condição de sujeito que produz sua existên-
que contribua para gestão do trabalho e colabore cia nas relações sociais em geral, num dado tempo
para a resolutividade dos serviços. Ramos39 con- histórico. Sendo assim, os desafios da formação de
sidera haver uma aproximação da PNEPS com as trabalhadores em saúde situam-se também num
teorias sobre organização qualificante, que se de- plano epistemológico, especialmente quanto aos
senvolvem sob o preceito de que toda produção sentidos dos saberes formais ou conhecimentos
atualmente tende a assumir a lógica dos serviços, científicos e dos saberes profissionais técnicos e so-
que se pauta pela imprevisibilidade como ori- ciopolíticos, expressos pela histórica e difícil relação
gem e ocasião de aprendizagem, adaptabilidade entre teoria e prática39.
do conhecimento perante as situações mutantes,
relevância da comunicação.
Mas é crucial a compreensão de que os pro- Considerações finais
blemas do mundo do trabalho que se propõe re-
solver não são de natureza exclusivamente peda- É indiscutível a importância da PNEPS que trou-
gógica e prática. Percebe-se que ao invés dos ide- xe à tona as discussões sobre a educação e o des-
ais de transformação do trabalho do SUS, o que pertar ético-político dos sujeitos para a consoli-
se desencadeia é uma visão de educação pragma- dação do SUS. No entanto, este estudo demons-
tista na qual só o saber aplicável aos serviços tem tra que os fundamentos da PNEPS enfrentam em
validade. Educação e gerenciamento permanente seu cerne diversos limites ao dar grande peso ao
do trabalho passam a ser confundir. sujeito/trabalhador como elemento de mudança,
Manacorda considera que embora as me- desconsiderando as condições estruturais que
todologias novas incontestavelmente produzem tem grande impacto na qualidade do SUS. Mes-
uma ruptura, também se limitam pois “põem mo com a criação do Departamento de Gestão e
o homem frente a si mesmo e não diretamente da Regulação do Trabalho em Saúde (DEGERTS)
frente ao mundo concreto das coisas e das rela- em 2003 que tem como objetivo atuar em me-
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lhores condições de trabalho no SUS percebe-se para a construção de uma nova ordem que bus-
que a precarização tem se ampliado desde então. que alterar a realidade da alienação humana. Nes-
Destacando recentemente, nos primeiros meses te estudo defende-se que contrariamente a uma
de 2015, a aprovação do Projeto de Lei (PL) 4.330 educação para o cotidiano e pragmatista, cumpre
na Câmara dos Deputados, ainda tramitando no apostar numa educação que favoreça a articula-
Senado Federal que “dispõe sobre os contratos de ção dos princípios epistemológicos, científicos,
terceirização e as relações de trabalho deles de- estéticos e tecnológicos para além da lógica da
correntes”43 e a validação pelo Supremo Tribunal sociedade atual e capaz de potencializar rupturas
Superior da prestação de serviços públicos não com os mecanismos de exploração vigentes.
exclusivos por organizações sociais em parceria Neste sentido essa educação intelectualmente
com o poder público44. ampliada faz sintonia, muitas vezes com a trans-
À guisa de conclusão é possível constatar que missão de conteúdos/conhecimentos elaborados
é justamente no momento em que o trabalho com base na real história do homem em relações
se encontra cada vez mais instável e precariza- de reciprocidade com outros, que tenham orien-
do que o Ministério da Saúde aposta na gestão tação universal, desvelando a opacidade do real
inovadora, dando centralidade à questão da EPS. e abrindo os horizontes culturais/humanitários
Por meio da descentralização da gestão da EPS, dos trabalhadores. Não consideremos apenas os
rodas são estimuladas a pensar permanentemente métodos ditos problematizadores como possibli-
em soluções criativas para a superação da inefici- dade de uma formação diferenciada.
ência dos serviços baseados na gestão do traba- Deste modo devemos resgatar uma EPS que
lho. Considera-se assim que a micropolítica do de fato articule a “utopia” da “saúde como direi-
trabalho vivo, as rodas de gestão e os referenciais to de todos”, como possibilidade de qualidade de
da problematização vem colaborar para ideia do vida, para usuários e trabalhadores, que em tem-
gerenciamento permanente. pos do fortalecimento do neoliberalismo no país
Como formar um sujeito comprometido a se faz extremamente necessária. A luta deve se dar
gerir problemas da realidade do trabalho frente não apenas no cotidiano, mas nos espaços políti-
às dificuldades estruturais do SUS? Se, por um cos, nas articulações coletivas que fortaleçam o
lado, apontamos a impossibilidade da educação movimento da reforma sanitária e a concretiza-
para alterar os limites estruturais do capital, por ção do SUS constitucional.
outro, consideramos que a educação é crucial
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Ciência & Saúde Coletiva, 21(3):913-922, 2016


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cao=267841

Artigo apresentado em 11/09/2014


Aprovado em 11/07/2015
Versão final apresentada em 13/07/2015

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