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e seus resultados
Jacques Rancière
Narrativas de Autonomia e
Heteronomia
Sensorium da deusa
Reduplicação Infinita?
Entropias da vanguarda
Derrota da imaginação?
[1] Eu distingo três regimes de arte. No regime ético, as obras de arte não
possuem autonomia. São vistas como imagens a serem examinadas de
acordo com sua verdade e seu efeito no etos de indivíduos e da comuni-
dade. A República de Platão propõe um modelo perfeito desse regime.
No regime representacional, as obras de arte pertencem à esfera da imi-
tação, e por isso não estão mais sujeitas às leis da verdade ou às regras
comuns de utilidade. Não são tanto cópias da realidade, mas maneiras
de impor uma forma à matéria. Como tal, estão submetidas a um con-
junto de normas intrínsecas: uma hierarquia de gêneros, a adequação
da expressão ao assunto, a correspondência entre as artes, etc. O regime
estético revoluciona essa normatividade e a relação entre forma e con-
teúdo na qual ela é baseada. As obras de arte são agora definidas como
tal por pertencerem a um sensorium específico que se destaca como
uma exceção do regime normal do sensível, que nos apresenta uma ade-
quação imediata do pensamento e da materialidade sensível. Para mais
detalhes, ver Jacques Rancière, Le Partage du sensible. Esthétique et
Politique, Paris 2000.