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Módulo Constitucional de A a Z

Princípio da Proporcionalidade
1. Origem e Desenvolvimento
1.1. Magna Charta (Inglaterra, 1215):
Exemplo: “O homem livre não deve ser punido por
um delito menor, senão na medida desse delito, e
por um grave delito ele deve ser punido de acordo
com a gravidade do delito”.
1.2. Bill of Rights (Inglaterra, 1689): estende os
direitos dos Barões face à Coroa a todos os súditos, e
lhes confere força de lei.
Origem e Desenvolvimento
1.3. Jusnaturalismo, de cunho racionalista, apresenta
o suporte doutrinário e influencia os seguintes
textos:
i. Declaration of Rights, 1776 – Virgínia
ii. Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão,
1789 – França
Os países da Common Law adotam a razoabilidade a
partir da influência jusnaturalista.
Origem e Desenvolvimento
1.4. séc. XVIII: o princípio era considerado como
máxima suprapositiva referente às restrições
administrativas aos direitos individuais. Somente
vindo a ser positivado no séc. XIX.
1.5. Prússia: Svarez propõe perante o Rei Friedrich
Wilhelm o seguinte princípio fundamental de direito
público: “que o Estado
Origem e Desenvolvimento
só esteja autorizado a limitar a liberdade dos
indivíduos na medida em que for necessário, para
que mantenha a liberdade e segurança de todos”.
Prússia – Torna-se princípio do Direito de Polícia e de
todo o Direito Administrativo.

Origem e Desenvolvimento
O termo “proporcional” surge em 1802 com von Berg
ao tratar da limitação da liberdade pela atividade
policial.
A expressão “princípio da proporcionalidade” é
cunhada por Wolzendorff, com apoio em Otto Mayer,
para determinar que a força policial não deve ir além
do necessário e exigível para a consecução de sua
finalidade.

Origem e Desenvolvimento
No entanto, polícia, àquela altura, era o termo
utilizado para a atividade estatal com o um todo,
inclusive a própria noção de Estado de Direito
(segundo a qual o Estado não deve limitar os direitos
individuais, salvo no estritamente necessário).
Origem e Desenvolvimento
Walter Jellinek – relaciona a proporcionalidade com
o problema central do Direito Administrativo, a
saber, a discricionariedade, e não somente com o
poder de polícia.
Origem e Desenvolvimento
1.6. Controvérsia Quanto à Fundamentação: a
proporcionalidade integra o Direito Constitucional
como decorrência do Estado de Direito ou dos
Direitos Fundamentais?
i. Contexto Europeu: o princípio da
proporcionalidade surge a partir da “convergência
dos sistemas de Common Law e de direito
administrativo (...) [e] é, hoje,
Origem e Desenvolvimento
assumido como um princípio de controlo exercido
pelos tribunais sobre a adequação dos meios
administrativos (sobretudo coactivos) à prossecução
do escopo e ao balanceamento concreto ou
interesses em conflito” (Canotilho)

Origem e Desenvolvimento
ii. EUA – adota a teoria do princípio do devido
processo legal formal (ou procedimental) e
substantivo (ou material), deste último decorre o
princípio da Razoabilidade.

Origem e Desenvolvimento
Willis Santiago Guerra Filho: Razoabilidade e
Proporcionalidade se diferenciam na origem,
anglo-saxônico e tedesco, respectivamente, e quanto
ao conteúdo. Nos EUA a razoabilidade se
fundamenta no devido processo legal substantivo, na
Alemanha a proporcionalidade se fundamenta ora no
princípio (estruturante) do Estado de Direito, ora no
princípio (fundamental) da Dignidade da Pessoa
Humana.

2. Sentidos de Proporcionalidade
2.1. Em sentido amplo (ou Princípio da Proibição de
Excesso): É comando fundamental a que devem
obedecer tanto os que exercem quanto os que
padecem o poder.
2. Sentidos de Proporcionalidade
2.2. Em sentido estrito: “Existência de relação
adequada entre um ou vários fins determinados e os
meios com que são levados a cabo” (Paulo
Bonavides).
Procura-se evitar o excesso pela adequação da
relação do meio com o fim.
É aqui que se manifesta a violação da
proporcionalidade.
3. Elementos Parciais ou Subprincípios
Natureza Trifásica ou Relação Triangular.
Relação Triangular: Fim, Meio e Situação (que é o
equilíbrio entre meio e fim), ao invés de considerar
apenas a dualidade Fim e Meio.

Elementos Parciais ou Subprincípios – Natureza Trifásica


ou Relação Triangular.
Elementos Parciais ou Subprincípios
3.1. Adequação, Pertinência, Aptidão, Idoneidade ou
Conformidade
Xavier Philippe: “a medida seja suscetível de atingir o
objetivo escolhido”, ou seja, o meio,
comprovadamente, deve ser eficaz para a obtenção
do resultado.
Confunde-se com a vedação de arbítrio.
Atenta-se para o Fim para poder avaliar o Meio.
Elementos Parciais ou Subprincípios
3.2. Necessidade ou Exigibilidade
“A medida não pode exceder os limites
indispensáveis à conservação do fim legítimo que se
almeja, ou uma medida para ser admissível deve ser
necessária”.
Caracteriza “direito à menor desvantagem possível”.
Elementos Parciais ou Subprincípios
Maunz/Duerig – de todas as medidas que igualmente
servem à obtenção de um fim, cumpre eleger aquela
menos nociva aos interesses do cidadão.
Chamado de Princípio da Escolha do Meio mais
Suave ou da Menor Ingerência Possível ou da
Intervenção Mínima.
Elementos Parciais ou Subprincípios
Não se questiona o Fim escolhido, antes o Meio
empregado.
Canotilho classifica a exigibilidade da seguinte forma:
(i) exigibilidade material, a determinar que o meio
deve ser o mais “poupado” possível;
(ii) exigibilidade espacial, em que se deve limitar o
âmbito da intervenção;
Elementos Parciais ou Subprincípios
(iii) exigibilidade temporal, a demandar uma
delimitação temporal da medida coativa; e
(iv) exigibilidade pessoal, que significa a adstrição da
medida à pessoa ou às pessoas cuja liberdade deve
ser restringida.
Elementos Parciais ou Subprincípios
3.3. Proporcionalidade em Sentido Estrito (ou Princ. da
Correspondência) – as vantagens devem superar as
desvantagens.
Deve haver equilíbrio entre Meio-Fim.
Possui duplo caráter:
• Obrigação: fazer uso de meios adequados. Aqui se
tem uma condição positiva.
• Interdição: impedir o uso de meios excessivos.
Aqui, condição negativa.
Elementos Parciais ou Subprincípios
Proporcionalidade em Sentido Estrito: Realização de
um sopesamento (juízo de ponderação) entre o
bem-estar da comunidade e o direito individual para
que não haja o beneficiamento de um em
detrimento de outro.
Pode-se dizer: “traduz-se na ponderação dos
interesses, que estão (estaticamente) em
Elementos Parciais ou Subprincípios
posição de contraposição (“Gegenüberstellung”), os
quais devem ser de tal forma ponderados, que a
coordenação entre os bens jurídicos
constitucionalmente protegidos possa atribuir
máxima realização (“optimale Wirklichkeit”) a que
cada um deles. Esse é a chamada concordância
prática”.
Entendido também como “Princípio da Justa
Medida”.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
4.1. Estado de Direito: O Estado de Direito pode ser
entendido em dois momentos (Paulo Bonavides):
1° Momento: Primazia do Princípio da Legalidade –
em declínio (próprio do Estado Liberal);
2° Momento: Primazia do Princípio da
Constitucionalidade – em ascensão
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
Esse Novo Estado de Direito (no dizer de Paulo
Bonavides) surge após a Segunda Guerra Mundial, e
o princípio da proporcionalidade é sua nota mais
alta.
A ideia da proporcionalidade como limitação do
poder em face de determinados direitos e garantias
“confunde-se em sua origem, como é fácil perceber,
com o nascimento do moderno Estado de Direito”.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
4.2. Direitos Fundamentais e Dignidade da Pessoa
Humana:
Dürig vê na dignidade da pessoa humana, prevista na
Lei Fundamental alemã, a inserção do princípio da
proporcionalidade no plano constitucional.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
O entendimento é de que se há um conteúdo
essencial irrestringível, então há um limite ao juízo
de restrição.
Relação estreita com o problema das restrições aos
direitos fundamentais
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
4.3. Aplicação do princípio conforme o fundamento
que adote:
i. Fundamento nos Direitos Fundamentais: A
aplicação se dá na relação entre o indivíduo e Estado
e entre particulares (nos casos em que o Estado deve
intervir).
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
ii. Fundamento no Estado de Direito: A aplicação,
além de ocorrer na relação indivíduo/Estado,
também se dará na relação entre os Poderes.

4. Proporcionalidade como Princípio


Constitucional
iii. Postulado Geral do Direito: No que tange às
relações entre entes federativos, não encontraria o
fundamento da aplicação do princípio no Estado de
Direito ou nos Direitos Fundamentais, mas como
Postulado Geral de Direito (Gilmar Mendes).
Vide Julgado adiante

4. Proporcionalidade como Princípio


Constitucional
Princípio da Proporcionalidade e Relação entre Entes
Federativos: “Precatórios judiciais. Não configuração
de atuação dolosa e deliberada do Estado de São
Paulo com finalidade de não pagamento. Estado
sujeito a quadro de múltiplas obrigações de idêntica
hierarquia. Necessidade de garantir eficácia a outras
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
normas constitucionais, como, por exemplo, a
continuidade de prestação de serviços públicos. A
intervenção, como medida extrema, deve atender à
máxima da proporcionalidade.” (IF 298, Rel. Min.
Gilmar Mendes, DJ 27/02/04). Ver ainda a IF n. 2915,
rel. para o acórdão Min. Gilmar Mendes, DJ de
28/11/2003.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
4.4. Síntese: 2 posições teóricas principais sobre a
natureza constitucional do princípio da
proporcionalidade:
• Estado de Direito
• Direitos Fundamentais.

4. Proporcionalidade como Princípio


Constitucional
Alemanha: a Corte Constitucional Alemã “parece
aceitar que o fundamento do princípio da
proporcionalidade reside tanto no âmbito dos
direitos fundamentais quanto no contexto do Estado
de Direito” (Gilmar Mendes).

4. Proporcionalidade como Princípio


Constitucional
4.5. Direito Comparado
i. Portugal: Artigo 18.º (Força jurídica) 2. A lei só pode
restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos
expressamente previstos na Constituição, devendo as
restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar
outros direitos ou interesses constitucionalmente
protegidos.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
Artigo 19.º (Suspensão do exercício de direitos) 4. A
opção pelo estado de sítio ou pelo estado de
emergência, bem como as respectivas declaração e
execução, devem respeitar o princípio da
proporcionalidade e limitar-se, nomeadamente
quanto às suas extensão e duração e aos meios
utilizados, ao estritamente necessário ao pronto
restabelecimento da normalidade constitucional.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
Artigo 266.º (Princípios fundamentais) 2. Os órgãos e
agentes administrativos estão subordinados à
Constituição e à lei e devem actuar, no exercício das
suas funções, com respeito pelos princípios da
igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da
imparcialidade e da boa-fé.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
Artigo 272.º (Polícia) 1. A polícia tem por funções
defender a legalidade democrática e garantir a
segurança interna e os direitos dos cidadãos. 2. As
medidas de polícia são as previstas na lei, não
devendo ser utilizadas para além do estritamente
necessário.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
ii. Espanha: Capítulo Cuarto – De las garantías de las
libertades y derechos fundamentales – Artículo 53.1.
Los derechos y libertades reconocidos en el Capítulo
segundo del presente Titulo vinculan a todos los
poderes públicos. Sólo por ley, que en todo caso
deberá respetar su contenido esencial, podrá
regularse el ejercicio de tales derechos y libertades
que se tutelarán de acuerdo con lo previsto en el
artículo 161, 1, a).
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
Capítulo Quinto – De la suspensión de los derechos y
libertades – Artículo 55. 2. Una ley orgánica podrá
determinar la forma y los casos en los que, de forma
individual y con la necesaria intervención judicial y el
adecuado control parlamentario, los derechos
reconocidos en los artículos 17, apartado 2, y 18,
apartados 2 y 3, pueden ser suspendidos para
personas
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
determinadas, en relación con las investigaciones
correspondientes a la actuación de bandas armadas
o elementos terroristas. La utilización injustificada o
abusiva de las facultades reconocidas en dicha ley
orgánica producirá responsabilidad penal, como
violación de los derechos y libertades reconocidos
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
iii. EUA: Amendment V - No person shall be held to
answer for a capital, or otherwise infamous crime,
unless on a presentment or indictment of a Grand
Jury, except in cases arising in the land or naval
forces, or in the Militia, when in actual service in time
of War or public danger; nor shall any person be
subject for the same offence to be twice put in
jeopardy of life or limb; nor
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
shall be compelled in any criminal case to be a
witness against himself, nor be deprived of life,
liberty, or property, without due process of law; nor
shall private property be taken for public use, without
just compensation.
Amendment VIII - Excessive bail shall not be required,
nor excessive fines imposed, nor cruel and unusual
punishments inflicted.
4. Proporcionalidade como Princípio
Constitucional
4.6. Revoluções no Dir. Constitucional
Paulo Bonavides assinala algumas revoluções:
O controle de constitucionalidade.
A Tópica como método hermenêutico.
A centralidade e primazia dos direitos fundamentais.
A constitucionalização do princípio da
proporcionalidade.
Ano: 2013
Banca: FCC
Órgão: TJ-PE
Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros
Resolvi certo
O principal debate teórico na seara do
constitucionalismo, aqui considerado sintética e
amplamente como técnica jurídica de tutela de
direitos e garantias fundamentais do cidadão através
de constituições escritas, reside na discussão se
houve ou não a evolução para um novo paradigma
denominado neoconstitucionalismo. A interpretação
constitucional passou a ter uma gama de técnicas e
princípios específicos de exegese.
Independentemente da polêmica acadêmica, vem
sendo aplicado, reiteradamente, em decisões
importantes do Supremo Tribunal Federal, o
Princípio da Proporcionalidade, com o seguinte
sentido:

a
advém dos princípios gerais do direito e serve de
regra de interpretação para todo o ordenamento
jurídico. Acolhido na área do Direito Constitucional
por estar vinculado a ideia de Estado de Direito e
direitos fundamentais, especialmente quando há
colisão de bens ou valores igualmente protegidos
pela Constituição.
b
um mandato de otimização do querer constitucional,
significando que entre diversas exegeses igualmente
constitucionais, deve-se escolher a que se orienta
para a constituição ou que melhor corresponde às
decisões do constituinte.
c
as normas constitucionais devem ser vistas como um
sistema integrado de regras e princípios, de modo a
permitir ao intérprete a construção de soluções
exigidas em cada situação concreta.
d
a opção hermenêutica deve dar preferência a
critérios que favoreçam a integração social e a
unidade política.
e
cânone da interpretação constitucional que visa dar
densidade aos direitos fundamentais diante da
possibilidade de interpretações expansivas.
Resp.: A
5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição
Brasileira
No Brasil, encontra sua sede no Princípio do Devido
Processo Legal Substantivo (posição tradicional no
STF).
De forma geral, é considerado como um princípio
implícito.
5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição
Brasileira
Paulo Bonavides o identifica em alguns princípios e
dispositivos constitucionais:
i. Princípio da igualdade: relação de afinidade entre
os dois princípios, sobretudo na virada da
igualdade-identidade (igualdade formal) para
igualdade-proporcionalidade (igualdade material).
5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição
Brasileira
ii. E, ainda, nos seguintes dispositivos: Art. 5°, V, X e
XXV; Art. 7°, IV, V e XXI; Art. 36, §3°; Art. 37, IX; Art.
40, III, §4°, c e d; Art. 49, V; Art. 71, VIII; Art. 84,
parágrafo único; Art. 129, II e IX; Art. 170, caput; Art.
173, §§3°, 4° e 5°; Art. 174, §1°; Art. 175, IV.

5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição


Brasileira
STF: O desenvolvimento se deu a partir (i) do
impedimento de imposição de taxa abusiva,
desmedida, a afetar a liberdade profissional,
liberdade de comércio e indústria e o direito de
propriedade, RE 18.331, rel. Min. Orozimbo Nonato
(em 1953);

5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição


Brasileira
(ii) abertura material do catálogo de direitos
fundamentais para o reconhecimento de novos
direitos a partir do progresso humano, fato que
conduziria ao reconhecimento da impossibilidade de
penas cruéis, a se respeitar a própria dignidade
humana, HC 45.232, rel. Min. Themístocles
Cavalcanti, (em 1968);
5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição
Brasileira
(iii) e a proteção do conteúdo essencial do direito
fundamental, ao entender que a definição das
condições de capacidade para o exercício profissional
deve atender à razoabilidade, Rp. 930, rel. Min.
Rodrigues Alckmin, (em 1977).
Conclusão: fundamentação do princípio nos Direitos
Fundamentais.

5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição


Brasileira
STF e Princípio do Devido Processo Legal Substantivo:
O STF reconheceu as vertentes do princípio do
devido processo legal, formal (ou processual) e
material (ou substantivo).
Ver RE 414545 e RE 297635, rel. Min. Carlos Velloso,
em que se estabeleceu o art. 5°, LIV, como
substantivo, e o inciso LV como processual.
5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição
Brasileira
Na ADI 855 o Tribunal entendeu as limitações aos
partidos políticos como inconstitucionais, por
entendê-las não razoáveis, pois que contrárias ao
devido processo legal substantivo. Nesse último
julgado, o Min. Moreira assinalou que o devido
processo legal não deve ser entendido como mero
processo
5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição
Brasileira
de lei, pois isso já estaria no princípio da legalidade
(art. 5°, II), antes que deveria ser, na linha da
jurisprudência americana, uma possibilidade de a
Corte adotar medidas com certa largueza na aferição
da razoabilidade das leis.

5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição


Brasileira
“Decido. A alegação de ofensa ao devido processo
legal (C.F., art. 5º, LIV e LV) não autoriza a admissão
do RE, por isso que, no tocante ao inciso LIV, tem-se
o devido processo legal substantivo, matéria de que
não cuidou o acórdão. Na verdade, a alegação diz
respeito ao devido processo legal processual (C.F., art.
5º, LV)”. RE 414.545, rel. Min. Carlos Veloso.
5. Princípio da Proporcionalidade na Constituição
Brasileira
“A alegação de ofensa ao inc. LIV do art. 5º, C.F., não
é pertinente. O inc. LIV do art. 5º, C.F., diz respeito ao
devido processo legal substantivo e não processual.
Na verdade, a recorrente refere-se ao devido
processo legal processual, art. 5º, LV”. RE 297.635, rel.
Min. Carlos Veloso.

6. Princípio da Proporcionalidade e Direitos


Fundamentais
Restrições aos Direitos Fundamentais: O princípio
visa impedir a exorbitância da restrição, pois ainda
que haja autorização constitucional para o exercício
do juízo restritivo (princípio da reserva legal), há que
atender à proporcional relação entre meios e fins.
6. Princípio da Proporcionalidade e Direitos
Fundamentais
Daí falar-se em Princípio da Reserva Legal
Proporcional, pelo qual se afere não apenas a
legitimidade dos meios e dos fins, mas se há
adequação e necessidade desses meios.
6. Princípio da Proporcionalidade e Direitos
Fundamentais
Robert Alexy: A proporcionalidade é o limite último
da possibilidade de restrição legítima dos Direitos
Fundamentais.
Vincula-se ao núcleo essencial do Direito
Fundamental, servindo de instrumento de solução
das colisões entre direitos e bens constitucionais.

6. Princípio da Proporcionalidade e Direitos


Fundamentais
Canotilho: “o campo de aplicação mais importante
do princípio da proporcionalidade é o da restrição
dos direitos, liberdades e garantias por actos dos
poderes públicos”.
6. Princípio da Proporcionalidade e Direitos
Fundamentais
Willis Santiago Guerra Filho: O fim do princípio da
proporcionalidade (a limitação do poder público
perante os direitos dos indivíduos) é o mesmo da
própria Constituição, o que implica reconhecê-lo
como princípio dos princípios, “verdadeiro
principium ordenador do direito”.
6. Princípio da Proporcionalidade e Direitos
Fundamentais
Jorge Reis Novais: “O princípio da proporcionalidade,
ou mais rigorosamente, o princípio da proibição de
excesso, em aplicação combinada com a metodologia
da ponderação de bens, é a chave de decifração do
complexo tema dos limites aos direitos
fundamentais”

TRT 21ª REGIÃO


Questão n. 3 Os direitos fundamentais representam
importante capítulo do Direito contemporâneo, com
presença crescente nas argumentações jurídicas
desenvolvidas pelos juízes e tribunais de nosso país.
Sobre a teoria dos direitos fundamentais, assinale a
alternativa incorreta:
TRT 21ª REGIÃO
e) diante de um caso concreto, resolve-se a colisão
de direitos fundamentais a partir de um juízo de
ponderação, harmonizando-se, especialmente pelo
princípio da proporcionalidade, os direitos
fundamentais em conflito.
Item Correto
7. Princípio da Proporcionalidade e Interpretação
da Constituição
7.1. Quanto aos Direitos Fundamentais: como
ressaltado, o princípio é instrumento para solução
conciliatória no caso de antagonismo entre direitos
fundamentais ou entre princípios constitucionais.
7. Princípio da Proporcionalidade e Interpretação
da Constituição

7.2. Quanto
ao Princípio
da
Concordânci
a Prática:
Significa a
concordância
prática (ou
princípio da
harmonizaçã
o) a
necessidade
de
otimização
dos bens
constitucion
ais em
posição de
colisão, sem
que isso
importe a
negação de
algum deles.
7. Princípio da Proporcionalidade e Interpretação
da Constituição
No dizer de
Canotilho:
“impõe a
coordenação
e
combinação
dos bens
jurídicos em
conflito de
forma a
evitar o
sacrifício
(total) de um
em relação
aos outros”.
Bonavides
enxerga este
princípio
como
projeção do
da
proporcionali
dade.
7. Princípio da Proporcionalidade e Interpretação
da Constituição
7.3. Quanto à Natureza Procedimental: enquanto
princípio de interpretação da constituição a
proporcionalidade apresenta-se com natureza
procedimental e não material (substantiva), pois
serve de controle para o processo de definição da
decisão (no contexto do caso concreto).
7. Princípio da Proporcionalidade e Interpretação
da Constituição
7.4. Tópica: o princípio da proporcionalidade se
assemelha a este método de interpretação, na
medida em que sua utilização é problematicamente
orientada, ou seja, no contexto do caso concreto,
para definição da justiça concreta (no caso particular)
7. Princípio da Proporcionalidade e Interpretação
da Constituição
7.5. Princípio da Interpretação Conforme:
O princípio da proporcionalidade, para não cair no
risco de conferir primazia do juiz sobre o legislador,
deve ser conjugado com este princípio.
Dessa forma, impede-se o governo do juiz e se
fortalece a posição do legislador, já que dentre as
diversas possibilidades hermenêuticas o intérprete
deverá ater-se àquela que torna a norma compatível
com a Constituição.
8. Princípio da Proporcionalidade e Controle de
Constitucionalidade
8.1. Constitucionalidade Material: O princípio
propicia o controle do vício material, uma vez que o
intérprete (mormente, o juiz) adentra na relação de
adequação e necessidade entre meio e fim.
Importando uma análise valorativa, com vistas à
proteção dos valores superiores da Constituição.

8. Princípio da Proporcionalidade e Controle de


Constitucionalidade
Gilmar Ferreira Mendes salienta ser este,
possivelmente, dos temas mais “tormentosos” para
o controle de constitucionalidade hodierno.

8. Princípio da Proporcionalidade e Controle de


Constitucionalidade
8.2. Controle da Proporcionalidade de Atos Judiciais
e Administrativos: Possibilidade, sobretudo nas
hipóteses de esses atos se fundamentarem em lei
com “norma de conformação extremamente aberta
(cláusulas gerais; fórmulas marcadamente
abstratas).”
8. Princípio da Proporcionalidade e Controle de
Constitucionalidade
Assim, a norma por sua abertura confere larga
margem de atuação do administrador ou do juiz, e
essa atuação no caso concreto pode apresentar
violação da proporcionalidade, ainda que
abstratamente pareça haver concordância com o
princípio.
8. Princípio da Proporcionalidade e Controle de
Constitucionalidade
Daí surge o Duplo Juízo (ou Controle) de
Proporcionalidade: a necessidade de aferição não
apenas em abstrato, mas no caso concreto
(sobretudo, repita-se, no contexto de normas vagas).
9. Princípio da Proporcionalidade e Legislador
Controle da Liberdade Conformativa do
Legislador: Na situação do controle judicial de
constitucionalidade material adentra-se nos fins
constitucionais e na proporcionalidade da escolha
do legislador, podendo haver declaração de
inconstitucionalidade por excesso de poder de
legislar.
9. Princípio da Proporcionalidade e Legislador
Fato que pode representar um ingresso no campo
da discricionariedade legislativa (ou em outras
palavras, na liberdade de conformação
legislativa).

9. Princípio da Proporcionalidade e Legislador


Excesso do Poder de Legislar: "Princípio da
razoabilidade. Restrição legislativa. A aprovação de
norma municipal que estabelece a composição da
Câmara de Vereadores sem observância da relação
cogente de proporção com a respectiva população
configura excesso do poder de legislar, não
encontrando eco no sistema constitucional vigente.
9. Princípio da Proporcionalidade e Legislador
Parâmetro aritmético que atende ao comando
expresso na Constituição Federal, sem que a
proporcionalidade reclamada traduza qualquer
afronta aos demais princípios constitucionais e nem
resulte formas estranhas e distantes da realidade dos
municípios brasileiros. (RE 197.917, Rel. Min.
Maurício Corrêa, DJ 07/05/04).
9. Princípio da Proporcionalidade e Legislador
Subprincípios da Adequação e da proporcionalidade
em sentido estrito: ambos os subprincípios
assumem maior complexidade quando referente ao
controle dos atos do legislador, devido à sua
liberdade de conformação. Nessa hipótese o juízo
deve recair sobre o manifestamente inadequado ou
se houve erro manifesto de apreciação por parte do
legislador. (Canotilho)
9. Princípio da Proporcionalidade e Legislador
Critérios para o Controle: (i) não adentrar no juízo de
conveniência da elaboração do ato legislativo; (ii)
nem no motivo interior da vontade legislativa; (iii)
investigar, tão somente, a finalidade da lei; (iv)
fiscalizar, entretanto, os limites da liberdade
discricionária do legislador, um vez que o este tem
“poder de conformação dentro dos limites
estabelecidos pela Constituição”. (Gilmar Mendes)

10. Princípio da Proporcionalidade e Princípio da


Proibição de Proteção Insuficiente
Princípio da Proibição de Proteção Insuficiente
também é chamado de Proibição de Insuficiência ou
Proibição por Defeito
“A conceituação de uma conduta estatal como
insuficiente (untermässig), porque ‘ela não se revela
suficiente para uma proteção adequada e eficaz’, nada
mais é, do ponto de vista metodológico, do que
considerar referida conduta como desproporcional em
sentido estrito”. (Gilmar Mendes)
10. Princípio da Proporcionalidade e Princípio da
Proibição de Proteção Insuficiente
Tem-se a violação não da proibição de excesso, mas
da proibição de defeito (proibição de insuficiência).
“Existe um defeito de proteção quando as entidades
sobre quem recai um dever de proteção adoptam
medidas insuficientes para garantir uma proteção
constitucionalmente adequada dos direitos
fundamentais”.

10. Princípio da Proporcionalidade e Princípio da


Proibição de Proteção Insuficiente
Assim, em sentido inverso, o Estado deve envidar
esforços para realização de uma proteção suficiente,
ou seja, adequada e eficaz. (Canotilho)

10. Princípio da Proporcionalidade e Princípio da


Proibição de Proteção Insuficiente
Na hipótese de haver bens jurídicos ou interesses
contrapostos ao direito fundamental que se pretende
proteger, deve-se avaliar se aqueles bens ou
interesses não estão sobreavaliados.
Garantismo Negativo: vedação de excesso
Garantismo Positivo: vedação de proteção
insuficiente
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
Princípio: Willis Santiago Guerra Filho entende ser a
proporcionalidade verdadeiro princípio, e não regra
(como Virgílio Afonso da Silva), por força (i) de sua
estrutura lógico-deôntica, já que contém três
subprincípios, fato que não seria afeto às regras, (...)
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
(...) por força (ii) do fato de apenas os princípios
estarem sujeitos (isso é uma sua peculiaridade
distintiva das regras) à dimensão de peso (no dizer de
Dworkin) ou à ponderação (no dizer de Alexy), e,
enfim, (iii) se princípio não fosse, a
proporcionalidade não haveria de ser reconhecida no
ordenamento constitucional pátrio, uma vez que
apenas princípios e direitos fundamentais podem ser
implícitos.

11. Controvérsia Quanto à Natureza da


Proporcionalidade
Postulado Normativo Aplicativo: Humberto Ávila
entende que o dever de proporcionalidade “não
pode ser deduzido ou induzido de um ou mais textos
normativos, antes resulta, por implicação lógica, da
estrutura das próprias normas jurídicas estabelecidas
pela Constituição brasileira e da própria
atributividade do Direito, que estabelece proporções
entre bens jurídicos exteriores e divisíveis”.
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
“O dever de proporcionalidade decorre da estrutura do
Direito e de suas normas, mas não se esgota nela, na
medida em que pressupõe o conflito entre bens
jurídicos materiais e o poder estruturador da relação
meio-fim(...). Onde houver proteção a bens jurídicos
que concretamente se correlacionem e uma relação
meio-fim objetivamente demonstrável, haverá campo
aplicativo para o dever de proporcionalidade”.

11. Controvérsia Quanto à Natureza da


Proporcionalidade
O dever de proporcionalidade é induzido do modo de
colisão de princípios, em que se verificará no caso
concreto qual dos princípios deva prevalecer.
Na busca da realização de determinado fim (por
exemplo, a segurança do consumidor) deve-se
atentar para a adequação e necessidade da medida,
com vistas a evitar o desrespeito a outros princípios
(por exemplo, a livre iniciativa).
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
Nesse conflito entre os princípios a ponderação se
realiza pela verificação de atendimento ao dever de
proporcionalidade.
Repita-se, a proporcionalidade é implicação dos
princípios, ou seja, decorre da estrutura principial
das normas, e, por isso, mostra-se equivocada a
tentativa de fundamentação do dever de
proporcionalidade em texto normativo ou em
direitos.
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
Postulado: postulados são “condições de
possibilidade de conhecimento de determinado
objeto, de tal sorte que ele não pode ser apreendido
sem que essa condição seja preenchida no próprio
processo de conhecimento”. Há postulados
normativos e ético-políticos.
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
Postulados normativos são condições que devem ser
preenchidas para a consecução do conhecimento do
fenômeno jurídico.
Postulados não contêm argumentos substantivos
para fundamentar uma decisão, antes apresentam o
como chegar à decisão, ou seja, quais condições
devem ser implementadas para se chegar ao
conhecimento.
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
“O dever de proporcionalidade consiste num
postulado normativo aplicativo.
Como já afirmado acima, o dever de
proporcionalidade impõe uma condição formal ou
estrutural de conhecimento concreto (aplicação) de
outras normas.
Não consiste numa condição no sentido de que, sem
ela, a aplicação do Direito seria impossível.
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
Consiste numa condição normativa, isto é, instituída
pelo próprio Direito para a sua devida aplicação. Sem
obediência ao dever de proporcionalidade não há a
devida realização integral dos bens juridicamente
resguardados.
É dizer: ele traduz um postulado normativo
aplicativo como aqui se estipula”.
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
Entende Humberto Ávila que o dever de
proporcionalidade não pode ser considerado um
princípio
(i) por sua natureza trifásica;
(ii) sua aplicação não decorre das possibilidades
fáticas ou normativas;
(iii) conteúdo neutro em relação à situação fáticas;
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
(iv) impossibilidade de passar pelo juízo de
ponderação, já que seu conteúdo não sofrerá
modificação pela colisão com princípios; e
(v) configura uma estrutura formal para aplicação de
princípios.
11. Controvérsia Quanto à Natureza da
Proporcionalidade
Semelhantemente, não pode ser considerado um (a)
critério material ou (b) uma regra jurídica, pois não
estabelece uma conduta ou uma estrutura de
aplicação de normas.
12. Proporcionalidade e Razoabilidade
Regra da Razoabilidade: Canotilho fala em regra da
razoabilidade, a influenciar desde cedo os países da
Common Law. O juiz busca analisar caso a caso “a
dimensão do comportamento razoável tendo em
conta a situação de facto e a regra do precedente”

12. Proporcionalidade e Razoabilidade


Humberto Ávila: o dever de proporcionalidade é
uma estrutura formal de eficácia e aplicação de
princípios, mormente em situação de colisão,
enquanto o dever de razoabilidade “impõe a
observância da situação individual na determinação
das conseqüências normativas.
12. Proporcionalidade e Razoabilidade
Enquanto a proporcionalidade consiste numa
estrutura formal de relação meio-fim, a razoabilidade
traduz uma condição material para a aplicação
individual da justiça. Daí porque a doutrina alemã,
em especial, atribui significado normativo autônomo
ao dever de razoabilidade”.

12. Proporcionalidade e Razoabilidade


Na razoabilidade analisa-se a situação pessoal do
envolvido para identificar se seus bens jurídicos
assegurados foram ou não excessivamente
restringidos, configurando um tipo de “princípio da
proibição de excesso concreto”.
12. Proporcionalidade e Razoabilidade
Não se investiga, no dever de razoabilidade, a
intensidade da medida para a consecução de um fim
(como na proporcionalidade), mas sim a intensidade
da medida relativamente ao bem jurídico de
determinada pessoa.
12. Proporcionalidade e Razoabilidade
Quanto ao método de aplicação, o dever de
proporcionalidade consiste um “juízo com referência
a bens jurídicos ligados a fins”, e o dever de
razoabilidade, “um juízo com referência à pessoa
atingida”.

13. Críticas ao Princ. da Proporcionalidade


O princípio acarreta uma ascendência do juiz sobre o
legislador, por permitir o controle da
constitucionalidade material das normas feitas pelo
legislador. Ou em outras palavras, o juiz adentraria
nas escolhas feitas pelo legislador. Crítica de Ernest
Forsthoff (positivista).
13. Críticas ao Princ. da Proporcionalidade
Assim, o risco recai sobre uma possibilidade de
“governo de juízes”, o que ameaça o equilíbrio
funcional entre os poderes.
Pode-se utilizar o princípio para fundamentar uma
decisão de difícil fundamentação, por que
corresponde mais ao desejo de quem decide do que
propriamente a um reconhecimento geral.
13. Críticas ao Princ. da Proporcionalidade
Risco de exagero na aplicação do princípio,
exatamente por força de sua vagueza
(indeterminabilidade), fluidez e conteúdo aberto.
Possibilidade de nivelamento dos direitos
fundamentais, uma vez que o princípio da
proporcionalidade enseja uma “justiça para caso
concreto” (vota-se aqui à primeira crítica).
13. Críticas ao Princ. da Proporcionalidade
A indiferença entre os direitos fundamentais pode
gerar um problema em que o princípio seria não
apenas um limite aos limites dos direitos
fundamentais, mas sim um limite aos próprios
direitos.

Princípio da Proporcionalidade
Julgados do STF
Indústria de cigarros: cancelamento de registro especial
e obrigação tributária
A cassação de registro especial para a fabricação e comercialização de
cigarros, em virtude de descumprimento de obrigações tributárias por
parte da empresa, não constitui sanção política. Essa a conclusão do
Plenário que, ao finalizar julgamento, por decisão majoritária, negou
provimento a recurso extraordinário, interposto por indústria de
cigarros, em que se discutia a validade de norma que prevê interdição de
estabelecimento, por meio de cancelamento de registro especial, em
caso do não cumprimento de obrigações tributárias (Decreto-Lei
1.593/77) — v. Informativo 505. Preponderou o voto do Min. Joaquim
Barbosa, relator e Presidente. Salientou, inicialmente, precedentes da
Corte no sentido da proibição constitucional às sanções políticas.
Asseverou que essa orientação não serviria, entretanto, de escusa ao
deliberado e temerário desrespeito à legislação tributária.
Indústria de cigarros: cancelamento de registro especial
e obrigação tributária
Não haveria se falar em sanção política se as restrições à prática de
atividade econômica combatessem estruturas empresariais que se
utilizassem da inadimplência tributária para obter maior vantagem
concorrencial. Assim, para ser reputada inconstitucional, a restrição ao
exercício de atividade econômica deveria ser desproporcional. Aduziu
que a solução da controvérsia seria, no entanto, mais sutil do que o
mero reconhecimento do art. 2º, II, do Decreto-Lei 1.593/77 como
sanção política ou como salvaguarda da saúde pública e do equilíbrio
concorrencial. A questão de fundo consistiria em saber se a
interpretação específica adotada pelas autoridades fiscais, no caso
concreto, caracterizaria sanção política, dada a ambiguidade do texto
normativo em questão.
Indústria de cigarros: cancelamento de registro especial
e obrigação tributária
Assim, a norma extraída a partir da exegese do aludido dispositivo legal
seria inconstitucional se atentasse contra um dos três parâmetros
constitucionais: 1) relevância do valor dos créditos tributários em aberto,
cujo não pagamento implicaria a restrição ao funcionamento da
empresa; 2) manutenção proporcional e razoável do devido processo
legal de controle do ato de aplicação da penalidade; 3) manutenção
proporcional e razoável do devido processo legal de controle de validade
dos créditos tributários cujo inadimplemento importaria na cassação do
registro especial. Julgou atendidas essas três salvaguardas
constitucionais, e concluiu que a interpretação dada pela Secretaria da
Receita Federal não reduziria a norma ao status de sanção política.
RE 550769/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 22.5.2013.
Venda de GLP e Pesagem Obrigatória
•Em conclusão, o Tribunal, por maioria, julgou
procedente pedido formulado em ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada pela Confederação
Nacional do Comércio - CNC contra a Lei 10.248/93,
do Estado do Paraná, que obriga os estabelecimentos
que comercializem Gás Liquefeito de Petróleo - GLP a
pesarem, à vista do consumidor, cada botijão ou
cilindro vendido — v. Informativo 207. Entendeu-se
caracterizada a ofensa à competência privativa da
União para legislar sobre energia (CF, art. 22, IV),
bem como violação ao princípio da
proporcionalidade. Vencidos os Ministros Marco
Aurélio, Celso de Mello e Menezes Direito, que
julgavam improcedente o pedido, por considerarem
que a norma impugnada não disporia sobre energia,
mas sim sobre proteção e defesa do consumidor (CF,
art. 24, VIII), nem ofenderia o princípio da
proporcionalidade. ADI 855/PR, rel. orig. Min. Octavio
Gallotti, rel. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes,
6.3.2008.
Cobrança de Taxa: razoável equivalência entre o custo da
atuação estatal e o valor cobrado.
•"Taxa: correspondência entre o valor exigido e o custo da atividade
estatal. A taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do Poder
Público, não pode superar a relação de razoável equivalência que
deve existir entre o custo real da atuação estatal referida ao
contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte,
considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes às alíquotas
e à base de cálculo fixadas em lei. Se o valor da taxa, no entanto,
ultrapassar o custo do serviço prestado ou posto à disposição do
contribuinte, dando causa, assim, a uma situação de onerosidade
excessiva, que descaracterize essa relação de equivalência entre os
fatores referidos (o custo real do serviço, de um lado, e o valor
exigido do contribuinte, de outro), configurar-se-á, então, quanto a
essa modalidade de tributo, hipótese de ofensa à cláusula vedatória
inscrita no art. 150, IV, da Constituição da República." (ADI
2.551-MC-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 2-4-03, DJ de
20-4-06)
Taxa Judiciária: base de cálculo sobre o valor da causa ou da
condenação: a ausência de limite torna desproporcional.
•“Taxa Judiciária: sua legitimidade constitucional, admitindo-se que
tome por base de cálculo o valor da causa ou da condenação, o que
não basta para subtrair-lhe a natureza de taxa e convertê-la em
imposto: precedentes. Legítimas em princípio a taxa judiciária e as
custas ad valorem afrontam, contudo, a garantia constitucional de
acesso à jurisdição (CF, art. 5º, XXXV) se a alíquota excessiva ou a
omissão de um limite absoluto as tornam desproporcionadas ao
custo do serviço que remuneraram: precedentes (...). Custas judiciais
são taxas, do que resulta — ao contrário do que sucede aos impostos
(CF, art. 167, IV) — a alocação do produto de sua arrecadação ao
Poder Judiciário, cuja atividade remunera; e nada impede a afetação
dos recursos correspondentes a determinado tipo de despesas — no
caso, as de capital, investimento e treinamento de pessoal da Justiça
— cuja finalidade tem inequívoco liame instrumental com o serviço
judiciário.” (ADI 1.926-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 19-4-99, DJ
de 10-9-99)
Punição Proporcional
"Embora o Judiciário não possa substituir-se à Administração
na punição do servidor, pode determinar a esta, em
homenagem ao princípio da proporcionalidade, a aplicação de
pena menos severa, compatível com a falta cometida e a
previsão legal." (RMS 24.901, Rel. Min. Carlos Britto, DJ
11/02/05)
Fixação de números de vereadores
•"Princípio da razoabilidade. Restrição legislativa. A aprovação de
norma municipal que estabelece a composição da Câmara de
Vereadores sem observância da relação cogente de proporção com a
respectiva população configura excesso do poder de legislar, não
encontrando eco no sistema constitucional vigente. Parâmetro
aritmético que atende ao comando expresso na Constituição Federal,
sem que a proporcionalidade reclamada traduza qualquer afronta
aos demais princípios constitucionais e nem resulte formas estranhas
e distantes da realidade dos municípios brasileiros. Atendimento aos
postulados da moralidade, impessoalidade e economicidade dos atos
administrativos (CF, artigo 37). Fronteiras da autonomia municipal
impostas pela própria Carta da República, que admite a
proporcionalidade da representação política em face do número de
habitantes." (RE 197.917, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 07/05/04).
Gratuidade de Certidão de Nascimento e Óbito
•O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido
formulado em ação direta ajuizada pela Associação
dos Notários e Registradores do Brasil - ANOREG-BR,
contra os artigos 1º, 3º e 5º da Lei 9.534/97, que
prevêem a gratuidade do registro civil de nascimento,
do assento de óbito, bem como da primeira certidão
respectiva. Entendeu-se inexistir conflito da lei
impugnada com a Constituição, a qual, em seu inciso
LXXVI do art. 5º (“são gratuitos para os
reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o
registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito”),
apenas estabelece o mínimo a ser observado pela lei,
não impedindo que esta gratuidade seja estendida a
outros cidadãos. Considerou-se, também, que os atos
relativos ao nascimento e ao óbito são a base para o
exercício da cidadania, sendo assegurada a
gratuidade de todos os atos necessários ao seu
exercício (CF, art. 5º, LXXVII).
Gratuidade de Certidão de Nascimento e Óbito
•Aduziu-se, ainda, que os oficiais exercem um serviço
público, prestado mediante delegação, não havendo
direito constitucional à percepção de emolumentos
por todos os atos praticados, mas apenas o
recebimento, de forma integral, da totalidade dos
emolumentos que tenham sido fixados. Em
acréscimo a esses fundamentos do relator originário,
o Min. Ricardo Lewandowski, em seu voto-vista,
ressaltou que, não obstante o entendimento de se
tratar de serviço público prestado por delegação, a
intervenção estatal não poderia anular, por
completo, o caráter privado (CF, art. 236) — cuja
continuidade depende da manutenção de seu
equilíbrio econômico-financeiro —, o que não
vislumbrou no diploma legal em tela, quando
examinado à luz de uma ponderação de valores
constitucionais, especialmente sob o prisma da
proporcionalidade.
Gratuidade de Certidão de Nascimento e Óbito
•No ponto, salientando que o princípio da
proporcionalidade apresenta duas facetas: a
proibição de excesso e a proibição de proteção
deficiente, concluiu que os dispositivos impugnados
não incidem em nenhum deles. Afirmou que os
notários e registradores exercem muitas outras
atividades lucrativas e que a isenção de
emolumentos neles prevista não romperia o
equilíbrio econômico-financeiro das serventias
extrajudiciais, de maneira a inviabilizar sua
continuidade, e que tais dispositivos legais buscam
igualar ricos e pobres em dois momentos cruciais da
vida, de maneira a permitir que todos,
independentemente de sua condição ou sua situação
patrimonial, nesse particular, possam exercer os
direitos de cidadania exatamente nos termos do que
dispõe o art. 5º, LXXVII, da CF. ADI 1800/DF, rel. orig. Min. Nelson
Jobim, rel. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, 11.6.2007.

2011 - TRT - 23ª Reg. (MT) - Juiz do Trabalho


Assinale a alternativa que corresponde a uma
afirmação falsa: a) Além da proibição do excesso, a
proibição da proteção insuficiente também pode ser
considerada uma das dimensões do
proporcionalidade em sentido estrito, na medida em
que uma conduta estatal que não contempia uma
proteção adequada e
2011 - TRT - 23ª Reg. (MT) - Juiz do Trabalho
eficaz de um direito fundamental significa, do ponto
de vista metodológico, considerar referida conduta
desproporcional em sentido estrito
Item Correto
CESGRANRIO - 2010 - BNDES – Advogado
O princípio da proporcionalidade, acolhido pelo direito
constitucional brasileiro, compreende os seguintes
subprincípios:
a) legalidade, moralidade e necessidade.
b) legalidade, moralidade e impessoalidade.
c) legalidade, impessoalidade e proporcionalidade em
sentido estrito.
CESGRANRIO - 2010 - BNDES – Advogado
d) adequação, necessidade e proporcionalidade em
sentido estrito.
e) adequação, necessidade e moralidade
Resp.: D
FCC - 2010 - DPE-SP - Defensor Público
Após grave crise energética, o Governo aprova lei que
disciplina o racionamento de energia elétrica,
estabelecendo metas de consumo e sanções pelo
descumprimento, que podem culminar, inclusive, na
suspensão do fornecimento. Questionado
judicialmente, se vê o Supremo Tribunal Federal ?
STF com a missão de resolver a questão, tendo, de
um lado, a possibilidade de interrupções no
suprimento de energia elétrica, se não houver
economia, e, de outro, as restrições
FCC - 2010 - DPE-SP - Defensor Público
a serviço público de primeira necessidade, restrição
que atinge a igualdade, porque baseada em dados de
consumo pretérito, bem como limitações à livre
iniciativa, ao direito ao trabalho, à vida digna etc. O
controle judicial neste caso envolve
a) a eliminação da falsa dicotomia entre direitos
constitucionais, já que a melhor solução é a que os
harmoniza, sem retirar eficácia e aplicabilidade de
nenhum deles.
FCC - 2010 - DPE-SP - Defensor Público
b) juízo de constitucionalidade clássico, pois nem
emenda à Constituição pode tender a abolir direitos
fundamentais.
c) a apreciação de colisão de direitos fundamentais,
que, em sua maior parte, assumem a estrutura
normativa de "regras", o que implica anulação de uns
em detrimento de outros.
FCC - 2010 - DPE-SP - Defensor Público
d) a aplicação da regra da proporcionalidade, que,
segundo a jurisprudência constitucional alemã, tem
estrutura racionalmente definida - análise da
adequação, da necessidade e da proporcionalidade
em sentido estrito.
e) a utilização do princípio da razoabilidade, já
consagrado no Brasil, e que determina tratar os
direitos colidentes como "mandamentos de
otimização".
Resp.: D

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