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e da Fonoarticulacáo
L
capítulo 33 c. R. Douglas
A fonoarticulacáo é um processo complexo, o qual Como toda teoria matemática, ela deve ser apoia-
envolve várias áreas ligadas ao SNC; a parte mo~ora da em códigos com sinais fundamentais; um conjun-
(neuromuscular), as estruturas periféricas; além do to coerente destes sinais denominado
é de alfabe-
inter-relacionamento respectivo. Pode ser definida to, cuja cornbinacáo dentro de determinadas regras
como a emissño da voz e o mecanismo de forma- gera o léxico (palavras). As palavras agrupadas com
9ao das palavras. Se for comparada a diferenca um significado - definindo urna configuracáo -
existente entre os animais e o homem, poder-se-ia gera a semántica, que regida pela sintaxe, na cria-
é
certamente afirmar que a funcáo fonatória passa a ser vao de textos decodificáveis e retransmitidos.
urna característica quase específica do ser humano.
Existiria urna comunicacáo presente nos animais,
I A LlNGUAGEM VERBAL I
porém esta comunicacáo nao contém classes lexicais
ou semánticas e gramaticais. Sua comunicacáo é ba-
A linguagem verbal exige urna intensa atividade
seada de acordo com suas necessidades primordiais
neura!. Se se imagina o processo desde a estrutura-
com um nível de complexidade variável conforme a
vao das idéias a serem transmitidas até a sua transfor-
escala zoológica - alimentacáo, sobrevivéncia, peri-
macáo em um conjunto de sons, que, emitidos, cons-
go, acasalamento etc. - portanto, diferenciada do ser
tituido as palavras verbalizadas por um sistema
humano.
que envolve músculos, ossos e sistemas, como o res-
piratório, estomatognático e posturais, além do que as
Comportamento da comunlcaeáo
palavras sáo colocadas de tal forma, que sua sinta-
xe seja correta para poder haver urna decodificacáo
A palavra "comunicacáo", do latim communicare =
por parte de outro ser inteligente. Ademais, pouco se
tornar comum, representa o básico para se tornar co-
sabe sobre os princípios que regem a codificacáo de
mum, entáo deve existir um emissor que utiliza um
informacóes no sistema nervoso. Esta Iinguagem
sistema de sinais com informacáo através de um ca-
pode aparecer de várias formas, por exemplo:
nal de informacáo, bem como um receptor que
Sinais naturais, visuais, auditivo s, táteis -
possui o papel de captar a mensagem, tornando-a
mas o homem pode representar estas sensacóes, ga-
"comum" a transrnissáo. Esta mensagem, para ser
rantindo ao interlocutor urna decodificacáo, através
entendida ou tornar-se comum, deve ser codificada;
de formas verbais como:
esta codificacáo para os seres humanos denomina-se
linguagem, que representa um modelo de caráter de - falando;
tempo-espaco. O processo pode ser codificado atra- - escrevendo, imitando a fala com sinais escritos
vés de um modelo matemático, criando-se com isso ou gráficos; ou
os princípios da teoría da informacáo. - lendo, imitando os sons das palavras.
Fisiologia Aplicada a Fonoaudiologia
Esta complexa, porém extremamente fina, com- seu desenvolvimento máximo, por exemplo, nos sur-
binacáo, entre o mecánico e o empírico da idealizacáo dos-mudos, que podem se comunicar quase táo bem
lógica, aparentemente distingue o homem dos ani- quanto aqueles que utilizam a fala. Provavelmente,
mais. Éstes apresentam, como foi dito anteriormen- deve ter surgido alguma espécie intermediária, já ex-
te, urna comunicacáo voltada somente a defesa indi- tinta, porque seria inadmissível supor que o desenvol-
vidual e coletiva, além da reproducáo e alimentacáo, vimento de urna estrutura táo complexa tenha evoluí-
simplesmente mecanizando um código genético. do abruptamente de alguma espécie, mas determinan-
Agora, quanto aos primatas e, recentemente, aos gol- do urna nova espécie. Para refletir, urna das condicóes
finhos e baleias, o processo se toma mais difícil de dis- especiais para gerar os sons ao nívellaríngeo, exige da
tingui-los, de algumas atribuicóes ditas humanas, nao posicáo ereta; se o homem tivesse conservado a pos-
só a mímica, como sons complexos e, até, no caso do tura quadrúpede, nao haveria sido possível desenvol-
famoso Washos, um chimpanzé que aprendeu cerca ver o fenómeno da vocalizacáo. Ou seja, na filogenia,
de 150 sinais, chegando a criar frases para fugir de primeiro foi estabelecido o equilíbrio e, logo, a fala.
objecóes, com clara nocáo de singular e plural, eviden-
ciando urna capacidad e de conceituar. Com base ni s- I CARACTERíSTICAS FíSICAS DO SOM I
so, deve-se tomar um cuidado especial, quando se
analisa o homem e deixa-se de olhar o mundo por Para a abordagem, mais adiante, das funcóes de
volta; é claro que o sistema fonoarticulador no homem cada estrutura, alguns conceitos de física ondulató-
atingiu urna escala táo elaborada, que, provavelmen- ria aplicados ao aparelho fonador sáo importantes de
te, determinou urna nova espécie, aprendendo e apri- analisar previamente.
morando seu uso, tornando-se a fonoarticulacáo dos
sons táo intrinsecamente ligada ao homem. Amplitude ou intensidade (sonoridade)
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Fisiologia da Fala e da Fonoarticulacáo
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Fisiologia Aplicada a Fonoaudiologia
Área
Áreas motoras tores, podendo ser executados quando houver es ti-
da voz
terciária ----::::::::--.c:::::.~~< mulacáo cortical adequada, como seria o caso da fala,
em que o córtex determina um certo propósito es-
pecífico da fala, mas que exige, para sua realizacáo,
a existencia de um programa motor adequado para
os propósitos ou objetivos desse programa pretendi-
do de fala. Ora, dentro das estruturas motoras basais,
o corpo estriado parece ser preponderante porque os
sinais corticais chegam a ele, e daí partem impulsos
que integraráo todo o programa motor preexistente
entre os núcleos da base, núcleo rubro e cerebelo.
E
do previamente a mecánica da fala. Ora, toda me- ",
mentos entre o córtex cerebral, os núcleos da base, <D Resplra~áo normal Tempo
o núcleo rubro e o cerebelo, de modo que se esta- <ID Inspira~áo intensa
@ Expira~áo prolongada
belecem circuitos - muitos de reverberacáo - en-
tre eles, que sáo armazenados como programas mo- Fig. 33-2 - Modiñcacáo espirométrica durante a fala.
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Fisiologia da Pala e da Fonoarticulaciio
do inspiracáo que se torna profunda (intensa) pela pros- volve-se num conteúdo emocional, porque nao fala
secucáo funcional do grupo dorsal. Determina-se as- do mesmo jeito quando está alegre, contente, ou
sim uma inspiracáo profunda seguida de urna expira- quando está triste, preocupado ou furioso. Estas ca-
c;ao longa, mantida no tempo (Fig. 33-2). racterísticas emóticas da fala sáo controladas princi-
Esta modificacáo da ventilacáo pulmonar seria palmente pelo hipotálamo, que controla bastante
primordial na excecucáo da fala, porque cria um a funcáo dos núcleos da base, principalmente o cor-
grande fluxo expiratório (mais de 1.000 mi) que se po estriado.
prolonga no tempo, mantendo um fluxo aéreo im- A interferencia hipotalámica se efetua conspi-
portante e mantido que passa pela laringe, condicáo cuamente no controle da respiracáo, mas também na
estrita para a funcáo fonática. articulacáo da voz e tal vez, em menor grau, na me-
canica laríngea da fonacáo. Vide Fig. 33-3 acerca da
Excitac;ao do núcleo motor do intervencáo do hipotálamo nos centros neurais asso-
vago (X par) ciados a fala.
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Fisiologia Aplicada ti Fonoaudiologia
Corpo
estriado
Fig. 33-3 - Esquema acerca das inter-relacóes neurais que realizam a etetuacáo da fala, através dos núcleos da
base - principalmente corpo estriado - que vai promover primeiro G)
acáo sobre o centro respiratório bulbar, logo
sobre ® corresponde ao núcleo motor do vago que permite a producáo da tonacáo: finalmente, determinante da ®
articulacáo da voz pelo sistema estomatognático.
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Fisiologia da Fala e da Fonoarticulaiiio
inferior, estando nela inserido o músculo tireoari- estas bandas ventriculares controlariam a vibra-
tenóideo inferior. Quando se observa a glote pelo 93.0 das verdadeiras cordas vocais na ernissáo de
laringoscópio, pode-se avaliar que sua forma e di- notas de tom excessivamente alto.
mensóes sáo variáveis de acordo com a fase respira-
tória: na inspiracáo, as cordas vocais se afastam, en- Controle extralaríngeo da fonacáo
quanto se aproximam, levemente, na expiracáo, Na
fonacáo, as cordas se aproximam, ficando paralelas Se a funcáo laríngea, básica e adaptativa, depen-
e tensas, fechando a glote. A glote tem urna carac- de da tensáo e posicáo das cordas vocais, por urna
terística básica durante a respiracáo, já que as mu- parte, e pela pressáo do ar expirado, por outra, poder-
dancas que se apresentam na fonacáo estáo super- se-ia controlar a emissáo da voz controlando-se estes
postas a posicáo básica respiratória e, em grande dois fatores primários. Nao obstante, a boca e a farin-
parte, dependem dela. Ao mesmo tempo em que as ge representam estruturas importantes nesta regula-
cordas vocais se adaptam na ernissáo da voz, há um cáo, Assim, por exemplo, segundo a concepcáo de
posicionamento (aprendido) da mandíbula, faringe Husson, a linguagem oral nao deveria ser considera-
e língua, de modo a haver urna sincronizacáo moto- da como urna simples funcáo de mecánica estomatog-
ra bucal e laríngea com a respiracáo, o que determi- nático-laríngea, mas como urna conduta de natureza
na a fonacáo eficiente que, de fato, constituiria urna verbal que tem um sentido dirigido de natureza me-
adaptacáo geral da respiracáo. cánica, visando a um determinado objetivo. Esta con-
Pode-se estudar a funcáo das cordas vocais atra- duta verbal seria de natureza motora complexa que
vés do registro eletrolaringográfico, colocando-se pode incluir múltiplas modalidades de funcionamen-
dois eletrodos na superfície cutánea a cada lado da to, mas que, resumidamente, seriam as seguintes:
laringe; de acordo com as modificacóes da irnpedán- 1) Condutas fonatórias: agindo sobre a varia-
cia do instrumento, registram-se as aproximacóes e bilidade de intensidad e, freqüéncia ou timbre dos
separacñes das cordas vocais. sons emitidos pela laringe;
2) Condutas articulatórias: agindo sobre a va-
Reflexos laríngeos adaptativos riabilidade de fatores que determinam a articulacáo
do som (ver mais adiante);
Obviamente, os movimentos das cordas vocais 3) Condutas lingüísticas: referem-se aos fato-
exigem alta precisáo, de modo que o sistema de con- res que atuam no estilo da linguagem, isto é, na es-
trole por feedback deve ser muito estrito. Um cantor colha particular das palavras, na seqüéncia das fra-
capaz de produzir 2.000 graus de tom deve modifi- ses, no sotaque; enfim, no conjunto de elementos
car o comprimento de suas cordas entre 1 e 1,5 mm que determinam o significado e a característica "pes-
para cada variacáo de tomo Isso ocorre por reflexos soal" da voz.
adaptativos.
A parte aferente do reflexo inicia-se, quer em Estes tres elementos constituintes da condueño
mecanorreceptores mucosos (a menor parte), verbal, ou da expressáo oral da linguagem - que sáo
quer em terrninacóes nervosas corpusculares exis- de natureza motora - de acordo com Jenkine, en-
tentes nas articulacóes ou juntas da mesma larin- globam dois sistemas neuromusculares diferentes:
ge, estes últimos receptores se adaptam velozmen-
te, o que é importante na velocidad e de ajuste dos 1) Um bloco neuromuscular pneumo-tráqueo-
fenómenos laríngeos. '1'ambérn há receptores fu- Iaríngeo- faringeano;
sais no músculo, mas bem primitivos, nos mesmos 2) Um bloco neuromuscular bucolabial.
músculos laríngeos. O controle da tensáo muscular
é controlado por um grande número de terminacóes Como estabelecido previamente, ambos sáo con-
nervosas em espiral dos músculos laríngeos. trolados pelo SNC. Os efetores sáo principalmente
músculos esqueléticos, já que as glándulas exócri-
Papel das falsas cordas nas e a musculatura lisa térn urna importáncia secun-
dária, assim os músculos esqueléticos recebem im-
As bandas ventriculares ou falsas cordas tém, apa- pulsos nervosos das áreas corticais motoras (giro pré-
rentemente, como funcáo, manter lubrificadas as central) ou das áreas corticais de associacáo, passan-
cordas vocais, isso porque contérn um alto número do pelo estriato até chegar aos núcleos da formacáo
de glándulas mucosas, cuja secrecáo aumenta com reticular. Contudo, a área somatossensorial ou pós-
o maior exercício da voz. Acredita-se também que central do córtex seria também importante, ligando-
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Fisiologia Aplicada ti Fonoaudiologia
primento de onda, determinam a excitacáo destes sos provenientes da área de Maurau ou do ouvido
receptores palatinos. Esta área, senslvel a este com- (cóclea), aumenta também o tono do esfíncter glóri-
primento de onda, denomina-se área de Maurau. co. Assim, por exemplo, quando se eleva o hióide por
Pela via trigeminal, os impulsos chegam até a forma- acáo da forrnacáo reticular ou por efeito cortical, pode
c;:aoreticular, em que as fibras fazern sinapse com o aumentar o tono muscular que leve a excitacáo do
núcleo sensorial principal do trigérnio que, por sua núcleo motor do nervo vago no bulbo que, por via
vez, se as socia por colateral ao núcleo motor do vago. do nervo recorrente, estimula a musculatura da cor-
O vago, através do nervo laríngeo recorrente, deter- da vocal, aumentando seu tono.
mina na musculatura vocal um aumento do tom, sen-
do o principal fator que mantém este estado tónico
I FISIOLOGIA DA ARTICULACAO DA VOZ I
vocal. Ora, as harrnónicas de 2.500 cps dependem di-
retamente deste tono muscular vocal, pelo que se
A articulacáo da voz se refere as funcóes asso-
pode deduzir que a rnanutencáo destas harrnónicas
ciadas do sistema faríngeo-bucolabial, que determi-
depende do controle do reflexo trigémio-recorren-
na modificacóes do som fundamental produzido ini-
cial, agindo através de umfeedback positivo de ma-
cialmente nas cordas vocais. Quando as ondas sono-
nutencáo do tono das cordas vocais (Fig. 33-5).
ras entram no canal faríngeo-bucal, ocorrem varia-
cóes do tono e da intensidade produzidas pela COB-
tracáo fásica dos músculos faríngeo-bucolabiais ou
Núcleo motor
do vago ----z... musculatura estomatognática, em geral.
Via
sensitiva
Impedancia faríngeo-bucal
1= __P 1_0_
)))))-
Laringe
,
Onda sonora
I impedancia;
=
qmd
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Fisiologia da Fala e da Fonoarticulacáo
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Fisiologia Aplicada a Fonoaudiologia
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Fisiologia da Fala e da Fonoarticulacáo
as estruturas orais tém que se movimentar enquanto elas freqüéncias que, além disso, fazem variar a caixa de
estáo sendo pronunciadas, havendo assim um cerro grau ressonáncia onde sáo produzidas. É preciso desta-
de velocidade de mudanca do tono, que é precisamen- car que a ressonáncia bucal resultaria fundamental
te o que ajuda a diferenciar estas consoantes. É também para a ernissáo de todas as consoantes.
evidente que as ressonáncias para as consoantes va-
riam de acordo com a vogal a elas associada, possivel- Classifica{:ao das consoantes
mente, pela posicáo adequada e oportuna procurada pe-
la língua, para associar a vogal com a consoante. Nos pa- . As consoantes podem ser classificadas de vários mo-
latogramas, tém sido estudadas as posicóes da língua dos, como pode ser avaliado nos Boxes 33-11 e 33-111.
em relacáo ao palato duro, durante a pronunciacáo das
consoantes. Anthony usou nos palatogramas a distribui-
cyaode um corante aplicado previamente no palato duro. Boxe 33-11
Estes palatogramas sáo usados assim na avaliacáo das Classifica~8o das consoantes, de
mudancas da relacáo língua-palato depois da instalacáo acordo com as estruturas que causam
impedancia ou lnterrupeáo do fluxo de ar
de próteses, por exemplo. Podem-se também avaliar as
pressóes de aplicacáo da língua contra o palato. Es- bilabiais, como B, P e M;
tas pressóes variam entre 35 e 160 g X cm ? durante a labiodentais, como F e V;
fala e entre 140 e 320 g X cm -2 durante a degluticáo. linguodentais, como D e T;
As consoantes diferem umas das outras pela impe- linguopalatais, como G e K.
dancia produzida, dependendo do fato de serem ou nao
acompanhadas de fonacáo. Quando sáo acompanhadas
de fonacáo, chamam-se consoantes vocalizadas; Boxe 33-11I
quando nao o sáo, chamam-se consosantes nao-voca- ClassificaQ80 das consoantes, de
lizadas. Assirn, as principais diferencas entre S e Z, P e acordo com suas características sonoras
B, por um lado, ou F e V, por outro, residem no fato de
que as cordas vocais estáo silenciosas em S, P e F, mas - Nasal, como em N, M ou NH, que requerem obs-
participarn da ernissáo de Z, B e V. Nao obstante, duran- trucáo da boca com passagem nasal aberta;
Lateral, como em L; o ar é toreado a lateral izar-se
te o sussurro das chamadas consoantes vocalizadas (Z,
na boca;
Be V), ocorrem mudancas nas falsas cordas (bandas ven-
Enrolada, como em R;
triculares), com o que muda a ressonáncia produzida pe- Plosiva, como em P, B, T, D, G e K, que requerem
la cámara interposta entre as cordas verdadeiras e falsas. uma completa parada do fluxo de aro Sendo cha-
madas também de consoantes de detencño;
Características de Fricada ou fricativa, como em F e V, que preci-
treqüéncla das consoantes sam só de uma parada parcial;
- Africada ou africativa, como em CH e J, que, em-
bora abrangendo uma parada parcial do fluxo de
Como se pode observar na Tabela 33-11, na ge-
ar, também precisam de liberacáo rápida de aro
nese das consoantes há variacóes importantes das
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Fisiologia Aplicada ti Fonoaudiologia
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Pisiologia da Pala e da Fonoarticulacáo
parcial, lesóes cerebrais, alteracóes na maturacáo neural, fina do palato mole e dos pilares posteriores da amíg-
perturbacóes congénitas dos órgáos da fonacáo, fatores dala. Pode-se acompanhar de vibracóes dos lábios e das
emocionais ou, o que é muito freqüente, falta de estí- janelas do nariz. Robin determinou que, na maioria das
mulo auditivo ou emocional, fatores que levam a urna pessoas que roncam, há urna obstrucáo do canal nasal,
evolucáo rápida e eficiente da linguagem, como falha que leva a um aumento de resistencia nasal a res-
que acontece em grupos humanos pouco desenvolvidos, piracáo, com ligeira depressáo da ventilacáo pulmonar,
ou em indivíduos isolados de outros seres humanos. queda de pOz e aumento de pCOz, estimulando a ven-
tilacáo pulmonar e determinando maior fluxo de ar
Ronquidao e vibracáo do palato mole, porém baixa freqüén-
cia respiratória. A obstrucáo nasal pode ser produzi-
Trata-se de urna acáo involuntária que se produz da por aumento de tamanho das adenóides e eventual-
no sono de ondas lentas (SOL, náo-Rli.M nas fases III mente, tonsilas, além de rinite vasomotora, deslocamen-
ou IV), e cessa imediatamente com o despertar ou pas- to do septo nasal ou outros defeitos nasais. '1'odavia, a
sagem a fase REM. A ronquidáo é causada pela vibra- depressáo fisiológica respiratória do sono náo-Rlí M
cáo - usualmente durante a inspiracáo - da borda seria um fator importante na determinacáo do ronco.
SINOPSE
1. A linguagem constitui o principal meca- 3. O corpo estriado controla tres níveis mo-
nismo de comunicacáo entre seres humanos.' 1'odo tores da fala: 1) Centro respiratório (grupos dorsal
o córtex cerebral determina a funcáo de expressáo e ventral) da forrnacáo reticular bulbar, determi-
lingüística; porém, tres áreas parecem essenciais nando inspiracáo profunda e expiracáo prolonga-
na expressáo verbal: primária de Broca (frontal), da; 2) Núcleo motor do vago, que, através do
secundária de Wernicke (temporal) e terciária de nervo recorren te, modifica a funcáo laríngea ou
Penfield (frontal superior). fonacáo; 3) Núcleos mesencefálico e supra-
2. Através do córtex motor pré-central - trigeminal da forrnacáo reticular mesencefálica-
correspondente ao controle da motricidade oro- pon tina, controlando a musculatura estorna-
facial- inicia-se a fala, atuando como gatilho do tognática: articulacáo da voz.
programa motor verbal iniciado pelos núcleos 4. Há controle da fonacáo por reflexos origina-
basais - preponderadamente o corpo estriado dos na laringe (músculos e articulacóes) e na boca
- cerebelo e núcleo rubro. Há interferencia do (reflexos trigémio-recorrencial, cócleo-recorrenci-
hipotálamo conferindo o tono afetivo da ver- al). Reflexos originados no mesmo sistema estorna-
balizacáo. tognático modulam a articulacáo da voz.
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