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OPINIÃO DO PROFESSOR:
O QUE VOCÊ ACHA QUE DEVE
MUDAR NO ENSINO MÉDIO?
TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
Escola Bosque implanta plataforma da Microsoft
Education e mostra resultados surpreendentes
www.editoradobrasil.com.br
Kelly Cardoso
Professora do
Ensino Médio
SÉRIE BRASIL
O ENSINO MÉDIO
NA MEDIDA CERTA
Saiba mais:
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Livros Caderno Livros Portal
impressos de Revisão digitais exclusivo
A Série Brasil – Ensino Médio tem como propósito contribuir para a formação
de cidadãos conscientes de seu papel na transformação da sociedade. O projeto
apresenta um conjunto de propostas que privilegia tanto a assimilação dos
conteúdos curriculares como o exercício de uma postura crítica, possibilitando
ao aluno construir uma opinião independente e uma leitura própria do mundo.
Ensino Médio EM FOCO
A Editora do Brasil lança a revista EM Foco com o
objetivo de levar aos educadores os assuntos mais
atuais sobre o Ensino Médio.
Boa leitura!
8 OS DESAFIOS DO NOVO
ENSINO MÉDIO
40
Uma reflexão sobre os possíveis LANÇAMENTOS DE GRAMÁTICA E
caminhos do Ensino Médio no Brasil. QUÍMICA COMPLETAM A SÉRIE BRASIL
A Editora do Brasil apresenta as
novidades da coleção de livros didáticos
12
OPINIÃO DO PROFESSOR do Ensino Médio que conquistou escolas
Professores respondem ao em todo o país.
questionamento: “O que você acha que
deve mudar no Ensino Médio?”
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TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO
18
A HISTÓRIA E A LUTA PELA PLURALIDADE
46
O currículo de História da BNCC foi ponto PROFESSOR: O VERDADEIRO AGENTE
central de um debate importante, mas ainda QUE FARÁ A BNCC ACONTECER
pouco compreendido: a luta pela pluralidade. Na opinião de formadores, a garantia do
direito à educação, como prometido pela
Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
20
TECNOLOGIA: PROTAGONISTA OU só vai se confirmar se a formação dos
CENÁRIO EM SALA DE AULA? professores prepará-los para a nova
A pedagoga Francisca Paris ajuda a refletir dinâmica em sala de aula.
sobre tecnologia e a resistência dos educadores
em inseri-la em sala de aula.
Coordenação
Helena Poças Leitão
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DIVERSIDADE EM SALA DE AULA
Saber lidar com a diversidade em suas várias Jornalista Responsável
dimensões é um aspecto crucial para o êxito Tânia Pescarini (MTB 0077719)
do processo de ensino e aprendizagem.
Produção de textos
Tânia Pescarini
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ENTREVISTA
Ocimar Alavarse, professor e pesquisador na Edição de Arte e Diagramação
Faculdade de Educação da Universidade de São Z1 Propaganda
Paulo (FEUSP), fala sobre os tipos de avaliações
educacionais brasileiros, as dificuldades para Revista EM Foco é uma publicação gratuita voltada para
implantá-las e a efetividade de seus resultados. professores do Ensino Médio.
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OS DESAFIOS DO
NOVO ENSINO MÉDIO
Não existe uma resposta única para os desafios que o Ensino Médio
enfrenta no Brasil. Entretanto, mudanças significativas passam,
necessariamente, por melhores formação e condições de trabalho para os
professores, além de uma cultura de valorização do conhecimento.
O Ensino Médio (EM) no Brasil não vai bem: altas lhor caminho para o Ensino Médio aqui no Brasil,
taxas de evasão escolar, notas baixas em avaliações precisamos levar em conta as realidades sociais e
unificadas, violência. A Medida Provisória no 746 culturais plurais dos nossos jovens. Afinal, o Brasil
(2016), agora transformada em Lei no 13.415/2017, tem muitas faces e é relativamente recente o proje-
tenta combater o que é encarado por diversos es- to de contar com todos os adolescentes entre 15 e
pecialistas como um dos principais problemas do 17 anos na escola.
Ensino Médio em nosso País: a falta de atrativida-
de da escola para os jovens. Por isso, o currículo ENSINO MÉDIO PARA TODOS: UMA META RECENTE
foi flexibilizado, instituindo 5 diferentes itinerários
Até a década de 1970, no Brasil, o Ensino Mé-
formativos. O diagnóstico de falta de atratividade
dio era um luxo a que tinham direito somente os
da escola apoia-se em diferentes pesquisas. Uma
filhos da elite que pretendiam seguir rumo à uni-
delas, organizada pela Fundação Victor Civita — O que
versidade. Naquela época, essa etapa do ensino era
pensam os jovens de baixa renda sobre a escola? —,
dividida entre o científico, o clássico e o normal.
indica que, muitas vezes, os adolescentes não veem
A universidade era restrita até mesmo a mulhe-
sentido na escola. Sem que haja conexão entre a es-
res de famílias abastadas: muitas faziam apenas
cola e o projeto de vida dos adolescentes, muitos deles
o curso normal. Essa realidade mudou nas décadas
optam por abandonar os estudos a fim de trabalhar.
seguintes, quando jovens das classes trabalhadoras
A flexibilização do currículo pode ajudar nesse sen-
passaram a cursar o Ensino Médio, em parte devido
a mudanças no mercado de trabalho e na economia
PARA PENSARMOS QUAL SERIA O MELHOR mundial. Ainda hoje, poucos adolescentes concluem
CAMINHO PARA O ENSINO MÉDIO AQUI NO o EM na idade certa (até os 19 anos): apenas 56,7%,
BRASIL, PRECISAMOS LEVAR EM CONTA
segundo o levantamento Todos Pela Educação
AS REALIDADES SOCIAIS E CULTURAIS
PLURAIS DOS NOSSOS JOVENS. (2016). E muitos jovens entre 15 e 17 anos ainda
estão fora da escola: 1,7 milhão, segundo estima-
tivas mais conservadoras. Milhares de outros bra-
tido. No entanto, o mesmo documento lembra que
sileiros continuam presos no Ensino Fundamental.
a falta de atratividade está ligada a outros fatores,
como infraestrutura precária e falta de seguran- Em outras palavras, o Brasil ainda não alcançou a
ça, pouco uso e baixa valorização da tecnologia universalização do Ensino Médio. Contudo, a cara
em sala de aula, absenteísmo e falta de contato dessa etapa da educação básica mudou, seja por
com o professor. Para pensarmos qual seria o me- fatores geracionais, tecnológicos ou de composi-
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Os desafios do Novo Ensino Médio
“A reforma tem dois pontos positivos: ela acerta no Até o momento, não existe consenso a respeito de
diagnóstico de que a escola é pouco atrativa para
o jovem de hoje e está alinhada com o que se faz “OS PROFESSORES PRECISAM DE
em outros países”, afirma Olavo. Ele acredita que o CONDIÇÕES BÁSICAS PARA FAZER UM
modelo único de currículo, em que o jovem deve se TRABALHO DE QUALIDADE”, DIZ LYRA.
adaptar à escola e não o contrário está falhando
com a juventude. No entanto, é preciso lembrar que um modelo único de sucesso para o Ensino Médio.
o Ensino Médio também é um desafio em outros No entanto, a educação de qualidade passa neces-
países e que não existe uma fórmula única para o sariamente pelo investimento e pela valorização
sucesso. das pessoas envolvidas. “Se pensarmos a palavra
‘caminho’ a partir daquilo que mais imediatamente
Nos Estados Unidos, os estudantes são livres para
nos falta, e não a partir de metas, no mais das
montar a própria carga horária. São três as dis-
vezes, abstratas, penso que precisamos primeiro
ciplinas obrigatórias para todos: Inglês (língua
dar aos nossos estudantes — todos os estudantes —
materna), Matemática e História. A Finlândia é um
10
Os desafios do Novo Ensino Médio
condições mínimas de estudo, ou seja, facilitar a co- ma Olavo. Hoje, a profissão não é muito atrativa
existência entre sua formação escolar e a realidade por razões já conhecidas: salas superlotadas, pouco
social e cultural em que se inserem”, acredita Lyra.
tempo para planejar atividades, salários ruins, entre
“Também os professores precisam de condições bá-
outras. Mas há razões culturais que podem estar
sicas para fazer um trabalho de qualidade. Nossas
professoras e nossos professores, na imensa maio- atrapalhando, tais como a sociedade que valoriza
ria das vezes, em nenhum sentido dispõem dessas resultados rápidos e posições de liderança, relegan-
condições, seja em termos salariais, seja de tempo do atividades técnicas e conhecimentos a segundo
disponível para uma formação continuada e apri-
plano. Países com educação de alta qualidade são
morada, nem sequer para a preparação das aulas
aqueles em que a profissão docente é valorizada
e avaliações. Não fosse tudo isso já suficientemen-
te ruim, projetos de criminalização das atividades e está entre as mais disputadas. São os casos da
docentes, como o ‘Escola Sem Partido’, podem, se Coreia do Sul e da Finlândia, por exemplo.
forem adiante, tornar o quadro ainda menos atrati-
vo para o magistério”, diz. Talvez não seja necessário olhar muito longe para
ter uma ideia de como tornar o magistério atrativo
“Se pudesse eleger uma etapa do ensino onde mais
para profissionais talentosos. Temos uma história
se acumulam problemas, elegeria o Ensino Funda-
mental II. Muitos problemas atribuídos ao Ensino de sucesso no Brasil mesmo. Aqui, a carreira de
Médio, como alta distorção idade-série vêm lá de professor em universidades federais está entre as
trás”, aponta Olavo. Para ele, uma reforma real do mais disputadas e é valorizadíssima. Seus profissio-
EM envolveria necessariamente um amplo progra-
nais são comprometidos com a produção, exigentes
ma de formação de professores.
com a qualidade do ensino em suas instituições,
Olavo lembra que melhorar a educação significa
respeitados pela sociedade e para eles não faltam
valorizar o professor. “O grande desafio da imple-
oportunidades de crescimento profissional, pessoal
mentação da Base Nacional Comum Curricular e
da reforma do Ensino Médio está no professor. No e intelectual — como viagens, congressos, contatos
fim do dia, é ele que faz a coisa acontecer”, afir- com outras culturas — etc.
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OPINIÃO DO PROFESSOR:
O QUE VOCÊ ACHA QUE DEVE
MUDAR NO ENSINO MÉDIO?
paração de aulas, entre outros. Logo, não acho
que adianta muito mudar o currículo sem que haja
preocupação em melhorar a infraestrutura da Edu-
cação. Quanto à reforma do Ensino Médio, acho
que ela tem vários pontos em aberto e cito quatro
como exemplos: primeiro, essas questões de infra-
estrutura mal foram comentadas e precisam ser
debatidas. Segundo, de forma simplificada, as es-
colas escolherão quais áreas elas vão querer apro-
Letícia Vieira, fundar: se são as humanas, as biológicas ou todas,
Professora de Geografia do
Ensino Fundamental II e do por exemplo. Mas como será feita essa escolha? Eu
Ensino Médio acho que o vestibular ainda terá papel importan-
te na definição da grade de aulas e me preocupa
“Não devemos pegar os exemplos internacionais
a possibilidade de, em determinadas regiões, não
e aplicar na realidade educacional brasileira sem
haver uma ou outra disciplina disponível para o
refletir sobre nossas particularidades. Por exem-
aluno que queira aprendê-la. E isso é um tercei-
plo, falta infraestrutura nas escolas públicas e pri-
ro problema: como vamos lidar com as diferenças
vadas. Essa é a primeira questão que o governo
regionais e conseguir ofertar todas as possibilida-
deveria enfrentar antes de aumentar carga horária
des do novo currículo a todos os alunos? A quar-
dos alunos. As escolas precisam de infraestrutura
ta questão é que parte do Ensino Técnico poderá
para que professores, alunos e funcionários consi-
ser feito em empresas. Porém, qual proteção legal
gam passar o dia lá: papel higiênico nos banheiros,
os alunos vão ter? Esse estágio será remunerado?
lugar para tomar banho depois de treinos, salas
de estudos, computadores e internet, entre outras Quantas horas o aluno poderá trabalhar? Haverá
coisas. Além disso, o ideal seria que o professor alguma ajuda de custo? Essas regras não estão
pudesse arrumar a sala de forma antecipada para muito claras e corremos o risco de, nesse momen-
a dinâmica de aula que ele pensou. Para isso, seria to, Ensino Técnico ser entendido como uma forma
necessário repensar a sala de aula. Também de- de mão de obra superbarata para as empresas.
veríamos repensar o número de alunos nas salas: Enfim, existem muitas outras questões associadas
com 30, 40 ou mais alunos numa sala, o professor ao Novo Ensino Médio. Porém, eu escolhi algumas
não consegue dar a atenção necessária ao apren- mais básicas para ilustrar o quanto o tema ainda
dizado individual. Também temos que remunerar está incerto. Até acho que existam ótimas pessoas
melhor os docentes e considerar mais o trabalho trabalhando com esse assunto, mas falta transpa-
feito fora da sala de aula: correção de provas, pre- rência e um diálogo mais claro com a população.”
12
Opinião do Professor
Paulo Crispim,
Professor de Sociologia
do Ensino Médio
Gilda Albuquerque
Professora de História
14
BNCC do Ensino Médio
A Constituição de 1988 garante o direito univer- alunos mais e menos favorecidos do ponto de
sal à educação. A efetivação desse direito, en- vista socioeconômico é grande. Enquanto alunos
tretanto, enfrenta inúmeros desafios de ordem de escolas federais e privadas, cujos pais cursa-
orçamentária e administrativa, seja do ponto de ram Ensino Superior ou Pós-Graduação, podem
vista de recursos humanos, seja da logística. En- ultrapassar os 600 pontos como nota média no
quanto nos últimos 29 anos esforços significati- ENEM, as notas de alunos de escolas municipais
vos foram empregados para ampliar o acesso à ou estaduais, cujos pais não estudaram, nem se-
escola, garantias de aprendizado para as crian- quer alcançam 450 pontos.
ças que estavam na escola também não eram
A lista de desigualdades continua em áreas como
completamente asseguradas. A Base Nacional
infraestrutura, acesso a bens culturais e produ-
Comum Curricular (BNCC) é uma tentativa de ga-
ções científicas, acesso à orientação profissional
rantir o direito ao conhecimento. “A Constituição
e auxílio na formulação de um projeto de vida.
de 1988 estabelece o direito à educação mas não
explica como efetivar esse direito”, afirma Olavo
DESAFIOS: ARTICULAÇÃO COM A REFORMA DO
Nogueira Filho, gerente geral da ONG Todos pela
ENSINO MÉDIO E IMPLEMENTAÇÃO
Educação. “A BNCC é importante para a concre-
tização do direito à educação”, acredita. Na primeira semana de abril de 2017 foram
apresentadas ao Conselho Nacional de Educação
A garantia de que todos os jovens de 15 a 18
(CNE) a BNCC do Ensino Fundamental e da Edu-
anos, além dos alunos matriculados na modali-
cação Infantil. Os documentos trazem marcos
dade Educação de Jovens e Adultos (EJA), terão
como parâmetros de aprendizagem para bebês e
o direito a um conteúdo mínimo é também uma
crianças menores de 6 anos e a obrigatoriedade
tentativa de mitigar um dos principais problemas
do ensino de Inglês. No entanto, a BNCC para o
da educação brasileira: a desigualdade. Alguns
Ensino Médio ainda está em discussão. A expec-
indicadores preocupam nesse sentido. Por exem-
tativa é que sua base chegue ao CNE até o final
plo, o Brasil ainda tem 12,9 milhões de analfa-
de 2017. Assim que a BNCC for aprovada pelo
betos (PNAD/ 2016), pessoas que não conseguem
Conselho e sancionada pelo Ministério da Educa-
ler ou escrever uma sentença simples. Entre essa
ção (MEC), escolas particulares e redes estaduais
população, mais da metade (6,5 milhões) é com-
de ensino deverão elaborar currículos que incor-
posta por idosos com mais de 60 anos. Observa-
porem simultaneamente o novo documento e os
ram-se avanços principalmente nas últimas duas
percursos formativos (Lei no 13.415/2017). A ex-
décadas. O percentual de jovens que concluem o
pectativa é de que 60% do tempo seja dedicado
Ensino Médio (EM) antes dos 19 anos cresceu
à carga regular e 40% à carga horária flexível.
de 41,4% em 2005 para 56,7% em 2014 (PNAD).
Contudo, quando avaliamos as notas do Exame Pensar o conteúdo da Base Nacional Comum
Nacional do Ensino Médio (ENEM), observamos Curricular do Ensino Médio não será uma tarefa
que ainda persistem muitas desigualdades na simples. “Todos os alunos terão todo o conteú-
educação. A diferença entre o desempenho dos do da BNCC nos 3 primeiros semestres. Depois
15
TODOS OS ALUNOS TERÃO TODO O CONTEÚDO DA
BNCC NOS 3 PRIMEIROS SEMESTRES. DEPOIS PODERÃO
ESCOLHER SEUS ITINERÁRIOS FORMATIVOS.
Mariana Guglielmo,
Pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV)
HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
16
BNCC do Ensino Médio
gerais da BNCC
Exercitar a curiosidade intelectual e
Valorizar e utilizar os conhecimentos recorrer à abordagem própria das
historicamente construídos sobre o mundo ciências, incluindo a investigação, a
físico, social e cultural para entender e
1 reflexão, a análise crítica, a imaginação
explicar a realidade (fatos, informações, e a criatividade, para investigar causas,
fenômenos e processos linguísticos, elaborar e testar hipóteses, formular e
culturais, sociais, econômicos, científicos, resolver problemas e inventar soluções
tecnológicos e naturais), colaborando para com base nos conhecimentos das
a construção de uma sociedade solidária. diferentes áreas.
2
17
A HISTÓRIA E A LUTA
PELA PLURALIDADE
O currículo de História da Base Nacional Comum Curricular foi
ponto central de um debate importante, porém pouco compreendido:
a luta pela pluralidade. Duas leis — a Lei no 10.638/2003, que
estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana e
Afro-Brasileira, e a Lei no 11.645/2008, que modifica e complementa
a Lei anterior, tornando obrigatório o ensino de História e Cultura
Africana, Afro-Brasileira e Indígena —, tentam equilibrar uma
narrativa compatível com a sociedade plural em que vivemos e
com métodos internos da disciplina.
Para uma criança parda, negra ou indígena no da mais sofisticada, precisaria ser assimilada por
Brasil, é quase impossível não se sentir deslo- qualquer cidadão com ambição de conquistar um
cado dentro da própria pátria diante da enorme bom emprego, além de sucesso material e social,
representatividade de crianças e adultos brancos uma vez que nossas instituições e nossos mo-
na televisão, no cinema, em anúncios, revistas e delos econômico e político são influenciados por
livros didáticos — sem mencionar as inúmeras re- construções ocidentais. Daí sua proeminência na
ferências culinárias, comportamentais e de moda, literatura escolar e acadêmica. Mesmo quando se
que pouco têm a ver com a natureza e o clima falava sobre cultura e literatura indígena e africa-
que vivenciamos aqui. A criança não precisa ser na, os assuntos eram tratados por meio de uma
negra, parda ou indígena para estranhar o Papai perspectiva europeia.
Noel sentado em uma cadeira cercada por neve
falsa e vestindo uma roupa desconfortável en- Nos últimos anos, no entanto, observamos um
quanto o termômetro marca 30˚ C. Esse processo, movimento de recuperação da História e da cul-
conhecido como aculturação, ocorre quando duas tura de povos africanos e de nativos americanos,
ou mais culturas se encontram e um grupo abre culminando na criação das Leis no 10.638/2003,
mão de sua cultura para assimilar outra. Em um que estabelece a obrigatoriedade do ensino de
contexto histórico de colonização, uma cultura é História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, e
colocada como superior, enquanto as demais são no 11.645/2008, que tornou obrigatório o ensi-
relacionadas ao “subdesenvolvimento”. Foi o que no de História e Cultura Africana, Afro-Brasileira
aconteceu no Brasil e no restante das Américas, e Indígena. Não é um movimento que acontece
de maneira geral. A cultura europeia, considera- somente no Brasil: o Fundo das Nações Unidas
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A história e a luta pela pluralidade
A tecnologia possibilitou transformações em nos- aumenta, de modo que esses aparelhos hoje po-
so mundo de modo antes inimaginável. dem ser considerados instrumentos facilitadores,
podendo apoiar o aprendizado de maneiras inusi-
Dispositivos móveis fazem parte de nossa vida,
tadas, tanto fora como dentro das salas de aula.
provendo um acesso sem precedentes à comu-
nicação e à informação. Hoje, grande parte da Apesar do reconhecido conceito sobre seu poten-
população usa aplicativos nos dispositivos mó- cial educativo e de aprendizagem, os dispositivos
veis, e há estimativas de que a quantidade de móveis costumam ser banidos de escolas, princi-
dispositivos móveis já supere o número total da palmente durante as aulas, momento legítimo e
população mundial. instituído de organização de situações de aprendi-
zagem. Proibições como essa baseiam-se no jul-
Muitos usuários afirmam que o WhatsApp, o
gamento de que os dispositivos móveis são noci-
LinkedIn, o Spotify e o aplicativo de navegação
vos à aprendizagem escolar.
Waze são muito importantes em seu cotidiano.
Em outras palavras, as pessoas argumentam que Há, entre os professores, uma percepção de que o
precisam de aplicativos de smartphone voltados celular atrapalha o andamento das aulas, assim
para muitos aspectos de sua existência, do trans- como queixas de que os telefones celulares distra-
porte ao entretenimento, e de redes sociais para em os alunos. É possível. Porém, sem os telefones
conexão com seus grupos de amigos. celulares, os estudantes também se distraem; a
diferença é que antes eles se distraíam com ou-
O uso de aplicativos propagou-se, sobretudo, en-
tras ocorrências. Algo que também pode causar
tre os jovens. Pesquisas de mercado revelam que
a distração nos alunos é o desinteresse pelo as-
mais de 80% dos adolescentes entre 15 e 17 anos
sunto discutido em sala, e não necessariamente
de idade têm smartphones.
a presença de um telefone celular. Professores
Assim, podemos observar que à medida que os também compartilham da ideia de que os alunos
dispositivos se tornam mais robustos, funcionais podem usar celulares para colar. É provável que
e baratos, o potencial pedagógico deles também sim. Entretanto, eles copiarão as respostas se es-
20
tecnologia: protagonista ou cenário em sala de aula?
www.editoradobrasil.com.br
Douglas Santos – Geografia
Bianca Freire Medeiros e Mariana Guglielmo, Marieta de Moraes e Renato Franco - História em Curso
Julia O´Donnell – Sociologia
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Diversidade em Sala de Aula
TECNOLOGIA PODE AJUDAR “Por exemplo, você pode gravar videoaulas e nelas
os alunos podem rever coisas que em sala não con-
Em uma aula puramente expositiva, o professor
seguiriam. Depois você pode colocar material sobre
pode não ter muita certeza de como a mensagem
o mesmo assunto para os que têm mais ou menos
que pretendeu transmitir foi recebida por seus alu-
dificuldade — artigos ou exercícios. Ou seja, é preci-
nos de modo individual. Já em um modelo mais
so criar o seu jeito de elaborar percursos diferentes
interativo, que faça uso de diversas linguagens, é
para seus alunos” , acredita Moises.
mais fácil receber um feedback do que cada um
está aprendendo. O professor Moises Zylbersztajn, “Os alunos têm perfis diferentes de aprendizado.
do Colégio Santa Cruz, acredita que a tecnologia Tem aluno que gosta mais de ler, tem aluno que
pode ser uma grande aliada. “A tecnologia não re- gosta mais de ouvir, tem aluno que aprende bem
solve a questão, mas ela permite que você pos- quando assiste a um vídeo ou quando faz um exer-
sa produzir roteiros de trabalho e de estudo, além cício. Há mil formas. Então, quando você tem uma
de diagnósticos que permitam ao aluno encontrar diversidade de opções para fazê-lo chegar àquele
outros jeitos de estudar o conteúdo que você está conhecimento, é mais fácil abraçar essas diferen-
trabalhando”, afirma. ças”, conclui.
29
ENTREVISTA
AVALIAÇÃO: UMA
OPORTUNIDADE
DE APRENDIZADO
PARA TODOS
da escola. Quiçá se dedicaria tanta reflexão às Não quero dizer com isso que os resultados do
avaliações organizadas por um corpo externo. PISA não devam ser olhados. Não quero dizer com
Acaba-se criando um cenário que dificulta a isso que a margem de erro do PISA o inviabili-
apropriação. ze. O Brasil é um dos países onde o desempenho
dos jovens de 15 anos apresenta um dos maio-
res crescimentos, inclusive em relação à OCDE, já
“O BRASIL É UM DOS PAÍSES ONDE que a série histórica mostra a OCDE em declínio.
O DESEMPENHO DOS JOVENS DE 15
ANOS APRESENTA UM DOS MAIORES O problema é que projeções indicam que levaría-
CRESCIMENTOS.” mos de 50 a 90 anos para ultrapassar a OCDE. Por
quê? Porque nossos resultados são baixos. Porém
eles são completamente compatíveis com as nos-
sas avaliações, inclusive com o SAEB e mesmo
EM Foco — O PISA é uma boa referência para o com outras avaliações estaduais. O problema é
Brasil? Quais são os desafios dessa avaliação? gerar políticas para alterar o quadro da educa-
ção escolar, de onde derivam parte dos resultados.
Ocimar — O primeiro desafio do PISA é que não é
organizado pela Organização das Nações Unidas Digo “parte” porque as condições socioeconômicas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), das quais os jovens derivam alteram os resultados
uma instituição com tradição em Educação. Essa sobremaneira. Se não mudarmos a maneira como
avaliação é organizada pela Organização para a as escolas trabalham, seja na reflexão sobre re-
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sultados gerados por avaliações externas, seja na
o que não lhe dá toda a legitimidade para ser a reflexão das avaliações internas, não veremos as
indicadora da qualidade das escolas mundo afora. mudanças que queremos.
33
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DO ENSINO MÉDIO, GARANTIMOS OS
MELHORES SERVIÇOS EDUCACIONAIS.
Sequências
de Revisão
seriebrasilensinomedio.com.br
TEMPOS MODERNOS,
TEMPOS DE SOCIOLOGIA
A Sociologia, assim como a Filosofia, deixou de ser disciplina obrigatória
pouco depois de sua introdução no currículo do Ensino Médio, em 2008. O que
isso significa para o futuro dessa matéria? Nesta reportagem, trazemos a
visão de duas pesquisadoras da área sobre o papel da Sociologia na escola.
Se você tem mais de 25 anos de idade, é provável O FUTURO DA SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO
que não tenha tido aulas de Sociologia no Ensino
Professores, estudantes e gestores de escolas pú-
Médio (EM). A disciplina tornou-se obrigatória em blicas e particulares aguardam ansiosos a publi-
2008 e, com a proposta de flexibilização do currí- cação da versão final da Base Nacional Comum
culo na última etapa da Educação Básica, acabou Curricular (BNCC) para saber como será, de fato, a
voltando a ser matéria optativa. Para Raquel Bal- organização do Ensino Médio após a flexibilização
mant Emerique, professora, pesquisadora e autora curricular. Afinal, a BNCC é que deve decidir aquilo
de livros didáticos, o principal desafio para o ensino que deverá ser ensinado a todos. No entanto, com
de Sociologia nas escolas está em sua legitimação o fim da obrigatoriedade do ensino de Sociologia
perante os estudantes, as famílias, os colegas e a na Educação Básica, é possível que diversas Se-
cretarias Estaduais de Educação decidam cortar a
sociedade de modo geral. Ou seja, ainda há muita
matéria do currículo.
gente que considera Sociologia uma disciplina pou-
co necessária na grade curricular. A pesquisadora Uma reivindicação antiga de profissionais da área,
considera que ainda há muita incompreensão acer- o ensino de Sociologia na Educação Básica ainda
ca da disciplina. Além da pressuposição de que seu enfrenta desafios. Tal como ocorre com Filosofia,
conteúdo possa ser diluído em aulas de História e trata-se de uma das disciplinas com o maior ín-
dice de professores sem a titulação adequada no
Geografia, por exemplo, sem prejuízos à formação
Ensino Médio. Segundo o Censo Escolar, 88% dos
do aluno, há ainda a pressão de grupos sociais que
profissionais que ministram aulas de Sociologia e
temem “doutrinação ideológica” em sala de aula,
77% dos que dão aulas de Filosofia no EM não
quando, na verdade, o objetivo da matéria é levar
têm licenciatura na área. Isso acontece, em par-
ao estudante conhecimento científico sobre o mun- te, porque a presença dessas disciplinas na grade
do social. Em outras palavras, a Sociologia, como curricular é recente. Bianca Freire-Medeiros, pes-
qualquer outra ciência, apresenta métodos, objetos quisadora da Universidade de São Paulo (USP),
de estudo e referências na literatura clássica, que atualmente alocada em Austin, Texas (EUA), acre-
compõe a espinha dorsal da civilização ocidental. dita que o fim da obrigatoriedade pode colocar em
36
Tempos Modernos, tempos de sociologia
38
Os DESAFIOS das AULAS de SOCIOLOGIA
EM Foco — A Medida Provisória do Ensino Mé- EM Foco — A Sociologia foi alvo do ataque de
dio tornou a Filosofia e a Sociologia matérias grupos ultraconservadores, que parecem res-
optativas. Isso ameaça a permanência da So- sentir-se de debates multiculturais em sala de
ciologia no currículo? aula, distintos dos pontos de vista de famílias
mais tradicionais, por exemplo. Qual seria,
Raquel — Essa legislação ainda é bastante con-
então, o lugar da Sociologia na escola?
fusa para mim. O que me parece claro é que
estamos aguardando a aprovação da BNCC para Raquel — A disciplina pretende contribuir para que
saber quais serão os conteúdos obrigatórios para os estudantes compreendam como a ciência se
a primeira fase do Ensino Médio. Para a segun- aproxima do mundo social para estudá-lo. Ela tem
da etapa do Ensino Médio, os estados terão au- métodos, teorias, objetos, conceitos e questões
tonomia para definir o que ficará no currículo (problemas sociais). O estudante precisa com-
e o que sairá. Nesse sentido, há possibilidade preender isso porque vivemos em uma socieda-
de a Sociologia ser retirada de diversos currí- de científica, isto é, uma sociedade que se apoia
culos estaduais. Mas acho que, depois de qua- muito no conhecimento científico para definir suas
se uma década em que figura como disciplina políticas públicas, por exemplo. Um cidadão bem
obrigatória em âmbito nacional (2008-2017), formado precisa compreender minimamente como
ela já acumulou — do ponto de vista curricu- são formulados os problemas, como eles são pes-
lar e metodológico — muitas contribuições para quisados e como os dados são analisados. Todos
a formação dos estudantes secundaristas. E os dias somos desafiados a ler informações sobre
não podemos fragilizar a luta dos professores o mundo social em revistas e jornais impressos,
de Sociologia nesses anos todos. Mas precisa- na TV e na internet. Precisamos ser críticos acer-
mos ficar atentos, porque estamos vivendo um ca desses dados, ou seja, questionar como foram
momento em nosso país em que mudanças produzidos e que novos conhecimentos eles estão
importantes estão acontecendo muito rápido trazendo sobre a sociedade brasileira, por exem-
(às vezes na base da canetada). plo. Sabendo fazer isso, podemos produzir um
pensamento crítico sobre a informação e sobre a
EM Foco — Qual literatura é possível aprovei-
própria realidade social e podemos fazer escolhas
tar em sala de aula? Os alunos nessa faixa
que ajudem a transformá-la em direções dese-
etária estão prontos para aproveitar as obras
jáveis: mais igualitária, mais democrática, mais
de Foucault, Marx etc.?
livre etc. Um professor de Sociologia não está na
Raquel — Acreditamos que sim. Por essa razão in- sala de aula para “fazer a cabeça” dos seus alu-
cluímos esses autores no livro. Além disso, a teoria nos, mas sim para ajudar a botar a cabeça deles
social permite um diálogo com as demais discipli- para funcionar, fazendo perguntas e buscando
nas da área de Humanas que também abordam respostas com os recursos disponibilizados pelas
esses autores. Ciências Sociais.
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LANÇAMENTOS DE
GRAMÁTICA E DE QUÍMICA
COMPLEMENTAM A
SÉRIE BRASIL
Autoras: Cibele Lopresti, Aline Evangelista, • Por meio da reflexão sobre o uso da língua, o
Elenice Rodrigues e Angela Arahata aluno é levado a perceber formas adequadas a
diferentes contextos, considerando as variedades
• Variedade de gêneros e textos atuais contextua-
linguísticas de prestígio ou norma-padrão.
lizados.
• Exploração dos textos em diferentes níveis, por
• Estudo da língua por meio da análise de textos, meio de perguntas que enfocam a macroestrutu-
seja de natureza escrita, seja de oral. ra e a microestrutura.
• Exploração de aspectos fonológicos, morfológicos, • Exercícios elaborados especialmente para essa
sintáticos, semânticos e morfossintáticos, além obra, a fim de que o aluno exercite o desenvolvi-
do estudo da estilística dos textos. mento de competências e habilidades.
As escolas sabem que precisam mudar o formato EM Foco — Quais são os principais benefícios
de ensino voltado para essa nova geração de alu- que a escola percebe após a implantação da
nos. Agora, o que seria esse novo formato? Como Microsoft Education?
tornar a aula mais prazerosa para o aluno? Como
Silvia/Fátima — O pacote que adquirimos nos aju-
conectar toda a comunidade escolar em seus pro-
dou não só no âmbito pedagógico, mas também
jetos? O que é, hoje em dia, ser uma escola voltada
na eficiência de gestão. Nossa comunicação inter-
para a tecnologia?
na melhorou muito entre professores, pais e alu-
Essas e outras perguntas não são fáceis de ser res- nos. As ferramentas também ajudaram nas me-
pondidas pois não há uma fórmula do sucesso ou lhorias dos processos. Então, processos que eram
um único caminho a trilhar. As escolas brasileiras manuais passaram a ser digitais. Por exemplo,
estão se reinventando a cada dia, recorrendo a tec- os semanários com os planejamentos das aulas
nologias que facilitem a vida dos professores e que dos professores eram feitos num caderno a mão;
sejam atrativas para os alunos. agora, estão todos na plataforma. Essa mudança
facilitou muito a vida dos professores, que pude-
Fomos conhecer a Escola Bosque, em São Paulo,
ram organizar melhor suas aulas, já incluindo no
que implantou um pacote completo de recursos da
planejamento os recursos que utilizarão em cada
Microsoft Education e atualmente é uma das esco-
aula, como vídeos, slides, fotos, entre outros. Caso
las de referência na implantação da tecnologia no
o professor precise faltar, repor sua aula será
ambiente escolar.
mais fácil também.
A revista EM Foco conversou com Silvia Scuracchio,
diretora pedagógica da Escola Bosque, em São
Paulo, e com Fátima Costa, coordenadora peda- “UM PONTO POSITIVO PARA OS
gógica do colégio, para entender como se deu o ALUNOS FOI O USO DA TECNOLOGIA
processo de implantação desse tipo de tecnologia PARA DESENVOLVER SUAS LIÇÕES DE
CASA, TRABALHOS EM GRUPO, ENTRE
na instituição e quais são os principais benefícios
OUTROS PROJETOS DA ESCOLA.”
e desafios dessa estratégia letiva.
42
Tecnologia: casos de sucesso
Espaço da Microsoft Education dentro da escola: decoração lúdica e espaço aconchegante voltado para os alunos.
Professor pode corrigir as provas via plataforma e deixar recados para seus alunos ou por meios escritos ou por áudios.
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Fátima e Silvia com aluno no espaço escolar da Microsoft Education.
44
Tecnologia: casos de sucesso
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Professor: o verdadeiro agente que fará a BNCC acontecer
Desde que a publicação da terceira e última ver- veram tanto professores e pesquisadores liga-
são da Base Nacional Comum Curricular para o dos às universidades quanto grandes grupos de
Ensino Fundamental e Educação Infantil foi apre- capital aberto e associações, como a União dos
sentada pelo Ministério da Educação, houve con- Dirigentes Municipais de Educação (Undime). No
trovérsias. A BNCC foi fruto de um debate que entanto, houve quem considerasse que a última
envolveu atores sociais diversificados e contou versão publicada pelo MEC deixou de lado grande
com o apoio de parte significativa de professo- parte do que havia sido debatido. Não demorou
res, pesquisadores e governo. Os debates para para que o debate, já acalorado antes da apre-
a formulação das duas primeiras versões envol- sentação do documento, fosse transformado em
crítica. No entanto, vale a pena prestar um pouco
mais de atenção à formação de professores, já
que muito do sucesso da implementação das ba-
ses dependerá deles.
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A implementação da BNCC ocorrerá em um cená- é um ponto importante na BNCC. Os professores
rio de austeridade econômica. Mesmo que ainda terão de organizar suas aulas levando em consi-
não tenham sido anunciados cortes para a edu- deração as Unidades de Conhecimento. Algumas
cação, teme-se que os investimentos parem de escolas, porém, podem sofrer para colocar em
crescer. Além disso, escolas públicas e privadas, prática essas ideias. Em muitos casos, os pro-
urbanas e rurais, nas cinco regiões do Brasil te- fessores lecionam em diversas unidades e mal
rão de implementar essa lei em condições muito têm tempo de preparar as aulas, e menos ainda
desiguais. Há, ainda, o desafio da própria gestão tempo de se reunir.
dos colégios. Por exemplo, a interdisciplinaridade
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Professor: o verdadeiro agente que fará a BNCC acontecer
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FAÇA COMO
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Carla Sousa
Professora de História
do Ensino Médio
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