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Francisco De Assis, de Hermann Hesse. 1ª publicação: 1904 (no Brasil, 2019). 127 p.

Meu primeiro contato com Hesse foi com a pequena biografia de Francisco de Assis, e não me
decepcionei: o autor tem uma escrita elegantemente impecável. Além disso, sua relação de
admiração para com o santo deixa a biografia um tanto quanto bonita de se ler.

Francisco nasceu em Assis, região italiana da Úmbria, no ano de 1182. Para os padrões da
época, sua família poderia ser considerada rica, o que fez com que o jovem Francisco
crescesse, convivesse, e fizesse parte da juventude aristocrata italiana.

Assim, como era esperado de sua classe, o jovem era voltado às “coisas mundanas”: adorava
jogatinas, dar festas, pegar em armas, embebedar-se, sair com amigos e ficar idealizando sua
vida como cavaleiro e símbolo de virilidade, o que, aliás, era seu maior sonho. Já aos vinte anos
participou de uma batalha defensiva contra a Perúgia, quando acabou sendo feito prisioneiro
por um ano. Assim que foi libertado, retomou sua vida libertina em Assis.

Em seguida, Francisco passou por uma doença que poderia tê-lo levado à introspecção, mas
que no fim das contas não resultou mudança significativa na vida do futuro santo. Porém, sua
existência se transformaria logo depois, ao se voluntariar a um exército a serviço do papa.

Imaginando realizar todos os seus sonhos juvenis, Francisco armou-se com mais riqueza e
exuberância que todos os outros colegas e partiu entusiasmado. Qual não foi a surpresa geral
quando, dois dias depois, o projeto de cavaleiro retorna a Assis totalmente transformado,
lúcido, humilde. Havia doado toda a riqueza que levava consigo, até mesmo sua armadura, a
um nobre empobrecido. Não se sabe o que o levou à transformação, nem o porquê do súbito
retorno, mas “seja como for, vivenciou um momento em que sua alma travou combates
mortais, em que Deus tocou seu coração e, naquela hora misteriosa, a ambição e a sede de
aventura desprenderam-se dele como pele morta”.

A partir de então Francisco dedicou-se a busca de um novo ideal, que acabou materializando-
se na negação total de posses como única possibilidade de liberdade interior. Sua façanha foi
ter decidido simplesmente seguir ao pé da letra o Evangelho. Não pregava nada que ele
próprio não pudesse cumprir, e deixava claro que não queria ter discípulos, pois seu objetivo
era amar e doar o seu amor a toda a humanidade e à natureza, e não governá-las.

Sua postura de comunhão com a pobreza não foi aceita pela família, o que lhe rendeu até
mesmo espancamentos, torturas e encarceramentos pelo próprio pai, que chegou ao ápice de
denunciá-lo no tribunal religioso. A comunidade, de início, também não o via com bons olhos.
Zombavam e não o levavam a sério, pois acreditavam tratar-se de um homem que havia ficado
louco.

E assim começou a trajetória do futuro santo Francisco de Assis, que viria a transformar-se em
uma figura adorada e eternamente relembrada em toda a Itália, por religiosos e não religiosos.
Influenciou a arte moderna e contribuiu, inconscientemente, na construção da obra
renascentista. Pintores, escultores e escritores consideravam a vida do santo “tão cheia de
poesia e digna de ser contada, que deveria ser lembrada eternamente”.
Quanto ao livro, após a biografia feita por Hesse, há um artigo de Fritz Wagner, onde o autor
analisa a relação de Hesse com Francisco de Assis. De minha parte, confesso que achei
desnecessário, já que Fritz mais repete trechos de Hesse do que acrescenta coisas novas.

Enfim, a edição do livro está linda (e possui ilustrações!). indico a leitura àqueles que se
interessam pela vida do santo e pelas figuras que influenciaram Hermann Hesse. E agradeço à
@editorarecord pelo envio.

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