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BRASILEIRO
Método progressivo
TURI COLLURA
© Copyright 2019 Terra da Música Edições - Vitória (ES). Todos os direitos reservados.
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos para a realização deste trabalho vão aos meus alunos e a todos aqueles
que acompanharam a sua produção desde o início. Em particular, agradeço ao percussionista Léo
de Paula que, com seu vasto conhecimento dos ritmos brasileiros, me influenciou e me inspirou
na realização deste livro. Ao amigo Thiago Veríssimo e à minha esposa Neusinha Escorel por me
exortarem, com seus exemplos, a dar sempre o melhor de mim. Ao amigo Michael de Souza pela
dedicação nas gravações e no tratamento do áudio. À equipe do Terra da Música pela produção
dos vídeos e da própria obra.
FICHA TÉCNICA
Assistente de Produção: Neusinha Escorel
Arte da capa: Gustavo Binda
Diagramação eletrônica e finalização: Terra da Música
Revisão de texto: Thiago Veríssimo
Gravações e tratamento de áudio: Michael de Souza
Pandeiro e instrumentos de percussão: Léo de Paula
Flautas (unidade 6): Weber Marely
Violão (unidade 6): Giovanni Malini
Filmagens e tratamento de vídeo: Terra da Música
ISBN: 9781074202590
Copyright © 2019 Terra da Música - Vitória (ES), Brasil. Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desse livro pode ser reproduzida em qualquer forma ou meio
sem a autorização da editora ou do autor.
Quem ouve a performance de pianistas como Ivan Lins, João Donato, Egberto Gismonti, André
Mehmari, César Camargo Mariano, Tom Jobim, Tânia Maria, Hermeto Paschoal − apenas
para citar apenas alguns dos nomes mais conhecidos − pode observar a riqueza rítmica que a
caracteriza e que é objeto de interesse de músicos e estudiosos do mundo inteiro. No entanto, no
que diz respeito ao estudo/aprendizagem da "brasilidade" ao piano, observamos, de modo geral,
certa escassez de publicações que ensinem "como tocar" gêneros como o baião, o choro, o frevo,
o samba, entre outros.
Desde a invenção do piano, acontecida no final do século XVII, os estudos pianísticos evoluíram,
ao longo da história, no que diz respeito à técnica, à prática de escalas, aos exercícios para o
desenvolvimento da velocidade e da articulação. Podemos considerar que a música europeia
evoluiu grandemente no que diz respeito à harmonia, contudo deu pouca ênfase ao elemento
rítmico. Logo, o destaque desse último elemento é fato recente.
Este livro é, então, uma proposta didática para trabalhar os ritmos brasileiros no piano, por
meio de estudos rítmicos, exercícios e músicas com diferentes níveis de complexidade, com o
objetivo de estimular os pianistas a tocar o que chamamos de piano brasileiro, desenvolvendo a
coordenação, a independência entre as mãos e a consciência rítmica.
Este estudo é fruto de uma ampla pesquisa e de trabalhos desenvolvidos há anos com muitos
alunos. Os resultados me levaram a escrever uma proposta didática, de forma sistematizada, para
apresentá-la a um público mais amplo. Espero que isso possa contribuir para o seu crescimento
musical e abrir novas portas que possibilitem conquistas nesse âmbito. Por fim, desejo que outros
pesquisadores possam acrescentar conquistas preciosas para a formação dos pianistas nessa
área.
É com imensa alegria que apresento a obra O Piano Brasileiro: método progressivo, um trabalho
que tem, como objetivo, o ensino/aprendizagem de músicas nos principais ritmos brasileiros, sendo
destinada tanto a professores de piano como a todos aqueles que desejam estudar ou aprofundar
o estudo das rítmicas e do repertório popular, contemplando baião, frevo, marcha-rancho, choro,
bossa nova, samba e partido-alto.
Começando pelos elementos peculiares de cada ritmo, a metodologia proposta leva o pianista
a desenvolver suas habilidades por meio de um percurso que envolve o estudo de músicas, de
padrões rítmicos e a realização de exercícios de coordenação motora.
Por meio de quinze músicas com diferentes níveis de dificuldade, estudamos os padrões
rítmicos, os clichês rítmico-harmônicos, elementos harmônicos e melódicos. Aprendemos, também,
técnicas de acompanhamento, como tocar em duo e em piano solo. Os professores de piano
podem aproveitar o método para tocar a 3 ou a 4 mãos com seus alunos. Podem, além disso,
estimular a prática em duo entre os alunos, cada um dos quais pode aprender a realizar tanto os
acompanhamentos bem como as melodias das músicas (e, quem sabe, divertir-se improvisando).
As bases áudio (play-along) são um ótimo recurso didático tanto para professores como para
quem deseja estudar sozinho.
Os vídeos que acompanham o método ilustram, de forma prática, como realizar o conteúdo
apresentado − os exemplos, a realização dos exercícios e das músicas.
As figuras rítmicas apresentadas podem ser praticadas até longe das teclas. É interessante aprender
a "batucar", sobre qualquer superfície, os exercícios rítmicos apresentados. Nesse sentido, convido
o leitor a "pensar" nos desenhos rítmicos de forma consciente para memorizá-los. Feito isso, saia
batucando! Dessa forma, você poderá estudar e desenvolver suas habilidades rítmicas mesmo
estando longe de seu instrumento.
Internet
Acesse o site www.opianobrasileiro.com e mantenha-se sempre atualizado. Faça o download
dos vídeos e áudios que compõem essa obra (veja a última página desse livro).
ÍNDICE
Prefácio 3
Apresentação 4-5
Aproveite ao máximo este método 8
Unidade 3: Baião
Padrão rítmico 1 18
Exercícios de 3 a 6 18-19
Baião da fortuna - melodia 20
Baião da fortuna - acompanhamento 21-23
Baião da fortuna - piano solo 24-25
Exercícios 7 e 8 26-27
Padrão rítmico 2 28
Exercícios de 9 a 11 28-29
Padrão rítmico 3 29
Exercícios 12 e 13 29
Salve Pernambuco - piano solo 30-31
Salve Pernambuco - acompanhamento 32-33
Além mar - piano solo 34-35
Unidade 5: Choro
Padrões rítmicos de 1 a 3 43
Exercícios de 17 a 24 44-46
Linhas de baixo no acompanhamento do choro 46-47
Exercícios 25 e 26 47
Lua branca - piano solo 48-49
Exercícios 27 e 28 50-51
A harmonia do choro, formas estruturais e modulações 52
A baixaria: uma característica do acompanhamento no choro 53
Exercícios de 29 a 31 53
Lua branca - acompanhamento com baixaria 54-55
Pelo Rio antigo - melodia 56-57
Pelo Rio antigo - piano solo 58-61
Pelo Rio antigo - piano solo 2 62-63
Pelo Rio antigo - acompanhamento 64-65
Chorinho para Hermeto - melodia 66-67
Chorinho para Hermeto - piano solo 68-69
Chorinho para Hermeto - acompanhamento 70-72
- Assista aos vídeos que integram este livro, internalize cada exercício, cada exemplo, cada música.
Experimente tocar junto.
- Tenha paciência durante a aprendizagem. Você está fixando as bases de suas novas habilidades.
- Passe a "batucar" os ritmos que aprender, mesmo estando longe das teclas.
- Repita cada exercício muitas vezes, de forma a ativar sua memória muscular.
- Se tiver a oportunidade, procure tocar com outra pessoa. Se for com um instrumento melódico,
você poderá praticar os acompanhamentos das músicas. Se for com outro pianista, vocês irão poder
alternar a realização dos acompanhamentos e das melodias e, por que não, de improvisações.
Na minha experiência, esse tipo de escrita nos permite nos concentrar apenas no movimento das
mãos, independente das notas tocadas ao piano.
Sobre a harmonia, é importante estabelecermos o conceito de voicing: esse termo inglês indica uma
determinada estrutura do acorde, isto é, uma determinada disposição de suas notas. É com esse
termo, então, que nos referimos às posições dos acordes. Vejamos, por exemplo, o voicing 6-2-b3-5
em três tonalidades diferentes:
5
5 b3 5
b3 2 b3
2 6 2
6 6
2. A RÍTMICA BRASILEIRA
CARACTERÍSTICAS E CÉLULAS RÍTMICAS DE BASE. POLIRRITMIA E SÍNCOPE.
É importante observar que a realização dessa célula não corresponde, exatamente, à sua notação.
Muitas vezes, ela se apresenta levemente "tercinada":
Interpretação:
Notação:
A escrita em duas alturas diferentes nos remete, por exemplo, ao som do agogô, um instrumento entre os mais antigos utilizados
no samba.
Essa célula está presente nos ritmos do nordeste como baião, toada, maracatu, frevo etc.
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SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
3. BAIÃO
PADRÕES RÍTMICOS, EXERCÍCIOS E MÚSICAS EM DUO E PIANO SOLO.
Original do sertão, interior do nordeste brasileiro, o baião tem algumas características rítmicas
marcantes. Os instrumentos tradicionais são o acordeon, a rabeca, a zabumba, o triângulo
e a voz, podendo existir, também, performances apenas instrumentais. Alguns dos mais
conhecidos expoentes da tradição são Luiz Gonzaga, João do Vale, Dominguinhos e Jackson
do Pandeiro. Os instrumentos tradicionais podem ceder o lugar a outros como baixo, bateria,
violão, piano, etc. O baião pode, às vezes, ser associado a composições instrumentais mais ou
menos influenciadas pela linguagem jazzística. Observamos isso, por exemplo nas músicas de
Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti, Sivuca, Tânia Maria entre outros.
3 3 2
> > > Normalmente, esse desenho rítmico se contrapõe à
pulsação regular de duas semínimas, veja a seguir:
PADRÃO RÍTMICO 1
> > > > >
a) b)
Nas duas figuras acima encontramos acentos postos na parte superior e na parte inferior. De forma
parecida com a escrita pianística, a partir de agora, atribuímos os acentos superiores à mão direita e
os acentos inferiores à mão esquerda. A figura rítmica a) pode ser realizada, por exemplo, da seguinte
forma:
EXERCÍCIO 3
C7 1
18
SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
Turi Collura
C7
1
3
5
C7
2 4 3
1
2
5
C7
1 2
F C/E
4
Dm G7 C7 C7
3 1 3 5
24
SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
4. FREVO E MARCHA-RANCHO
PADRÕES RÍTMICOS, EXERCÍCIOS E MÚSICAS EM DUO.
Uma rítmica muito parecida com a do frevo é a das marchinhas de carnaval nascidas no Rio
de Janeiro. A música O abre alas, de 1899, da compositora Chiquinha Gonzaga, é tida como a
primeira marchinha de carnaval.
A seguir, observamos três padrões rítmicos característicos que usamos do frevo e na marcha:
PADRÃO RÍTMICO 1
A partir do ritmo indicado, podemos treinar a rítmica com as duas mãos como mostrado em seguida:
C7M
EXERCÍCIO 14
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SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
Chiquinha Gonzaga
Introdução Gm Dm/F
E7 A7 Dm
C7/E C7 Dm A7/C# A7 Dm
48
SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
C Dm Em F
G Am Bdim C
Bdim Am G F
Em Dm C
50
SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
A HARMONIA DO CHORO
A linguagem harmônica do choro se parece com a do samba, exceto por alguns detalhes que
iremos evidenciar a seguir. A análise das músicas permite destacar algumas características.
De forma geral, podemos observar os seguintes pontos:
– A harmonia se articula, em sua maioria, por tríades. As tétrades aparecem nos acordes de
dominante, nos acordes meio-diminutos e nas cadências II-V;
– Uso de dominantes secundárias e dominantes estendidas;
– Presença de cadências secundárias II-V;
– Acordes diminutos;
– Acordes de empréstimo, especialmente provenientes da área da subdominante. Os principais
acordes de empréstimo usados na tonalidade maior são o IVm e o bVI. Aparece também o bII.
Na tonalidade menor encontramos o emprego do Vm.
AA – BB – A – CC – A
Observamos que se trata de uma forma tripartida, em que cada seção possui uma própria identidade
e certa independência das outras. Os motivos melódicos das seções raramente estão ligados entre
si. Obviamente, existem exceções à forma tripartida, em especial nas composições mais recentes.
Merece uma menção o choro Carinhoso (Pixinguinha) que, na época em que veio a público, foi foco
de polêmica, por ser composto apenas por duas partes.
MODULAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Entre uma seção e outra de um choro ocorrem, normalmente, mudanças de centros tonais, com o
principal objetivo de se obter um contraste. Essas modulações seguem um padrão bastante usual.
Distinguimos entre choros em tonalidade maior e menor.
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SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
Gm Dm/F
E7 A7 Dm
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SALTO DE PÁGINAS
O Piano Brasileiro - Unidade 6
6. BOSSA NOVA
PADRÕES RÍTMICOS, EXERCÍCIOS E MÚSICAS EM DUO E PIANO SOLO.
Entre os estilos brasileiros, a bossa nova se destaca pela sua sofisticação. Do ponto de vista rítmico,
a bossa nova deriva, diretamente, do samba, enquanto suas harmonias foram influenciadas de um
lado pelo jazz, de outro pela música culta europeia. A melodia se baseia, frequentemente, em notas
como a 7ª, 9ª, 11ª e 13ª dos acordes.
)
> > > >
PADRÃO RÍTMICO 2 Ele se parece com o padrão
rítmico anterior, mas contém uma antecipação na
última semicolcheia do compasso. > >
C7M,9
2X
C7M,9
2X
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SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
C7M
Observe que essa última forma de acompanhamento funciona bem com todos os tipos de tríades e
tétrades exceto com a tétrade X7. Nesse último caso, é aconselhável que as notas 3 e 7 estejam
presentes, como mostra a imagem a seguir:
C7
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SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
A seguir, realizamos o acompanhamento da música Com que roupa, do compositor Noel Rosa,
aplicando o padrão rítmico 1. Observe que, por se tratar de um acompanhamento sincopado muito
repetitivo, raramente aplicaríamos esse padrão rítmico em uma música inteira. Nesse momento,
proponho esse estudo como exercício. Mais à frente iremos mesclar esse padrão rítmico com
outros. Não subestime, porém, esse estudo, pois com ele você desenvolverá o "balanço" do samba.
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Com que roupa (acompanhamento - padrão 1) 68
Noel Rosa
C7M,9 A7(b13) Dm7 Bb7 A7(b13) G7sus4(9) G7(13)/F Em7 A7(b13) Dm7
Para a realização do acompanhamento, você pode utilizar os voicings indicados na página a seguir.
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SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
PARTIDO-ALTO
O partido-alto é um tipo antigo de samba tocado e cantado em roda, caracterizado por improvisações.
Os participantes acompanham batendo palmas enquanto cantam. O desenho rítmico característico
do partido-alto é o do pandeiro. Segundo o historiador Ney Lopes, a partir dos anos 60, esse gênero
tornou-se conhecido graças às gravações que, no entanto, eliminaram os improvisos. Grande foi
o sucesso, por exemplo, nesse período, de Martinho da Vila, Zeca Pagodinho e Dudu Nobre, que
estão entre os intérpretes mais populares. Graças a artistas como João Bosco e Toninho Horta, entre
outros, o partido-alto está em contínua transformação. Hoje, o desenho do pandeiro é facilmente
realizado (assim como todos os outros ritmos), por instrumentos como baixo, bateria, piano, guitarra.
Podemos simplificar o som do pandeiro reduzindo-o apenas a dois sons: o mais grave, tocado com
o polegar, e o agudo (com dinâmica mais forte), tocado com a mão. Isso pode ser imitado, ao piano,
de duas formas (vamos aplicar ao desenho de pandeiro n.4):
78
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SALTO DE PÁGINAS
Turi Collura - O Piano Brasileiro
Unidade 1
Tratamos da harmonia de base, composta por tríades e tétrades e sua notação. Estudamos as cin-
co tétrades de base. É claro que o estudo da harmonia não se esgota em poucas páginas e que, por
si só, constitui um amplo âmbito de estudos. Se quiser se aprofundar, dê uma olhada em estudos
específicos. Aconselho, por exemplo, o meu curso de Harmonia aplicada às teclas, organizado em
módulos progressivos no site www.terradamusica.com.br.
Unidade 2
Conhecemos as células de base da rítmica brasileira, da síncope que encontramos tanto nos padrões
rítmicos, bem como nas melodias. Para aprofundamentos, sugiro o livro de Carlos Sandroni e meu
livro Rítmica e levadas brasileiras para o piano (para ambos, veja a bibliografia ao final desta obra).
Unidade 3
Estudamos três padrões rítmicos muito interessantes (você se lembra deles?) e fizemos alguns
exercícios. Para outros padrões rítmicos e exercícios, veja o meu livro Rítmica e levadas
brasileiras para o piano. As músicas Baião da Fortuna e Salve Pernambuco são exemplos
bastante simples de se tocar. Uma vez interiorizada sua rítmica, você pode experimentar
improvisar livremente, com a mão direita, mantendo o acompanhamento na mão esquerda.
A música Além mar requer um domínio técnico maior para ser executada. Se ainda não conseguiu
realizá-la, veja o que lhe falta para isso. Tenha paciência, pois o domínio do piano requer tempo.
Se gostar da ideia, busque aplicar os estudos em músicas como, por exemplo, Bebê (Hermeto
Paschoal), O ovo (Hermeto Paschoal e Geraldo Vandré) Asa branca (Luiz Gonzaga) ou a mais
sofisticada Lôro (Egberto Gismonti). Ritmos como coco, xaxado e forró estão estritamente ligados
ao baião. É importante observar que entre autores e compositores não há, frequentemente, uma
distinção exata entre um e outro. Poucas modificações nos permitem criar novos acompanhamentos.
Unidade 4
Na unidade dedicada ao frevo e à marcha-rancho, estudamos três padrões rítmicos (você se lem-
bra deles?) e duas músicas apenas na sua versão em duo. Isso porque não é muito comum realizar
um frevo ou uma marcha em piano solo. Todavia, se você tiver internalizado a rítmica, com a expe-
riência que outras partes do livro lhe proporcionaram, poderá "aventurar-se" no piano solo. Comece
com coisas mais simples, pratique lentamente.
Unidade 5
Nos estudos referentes ao choro aprendemos os principais padrões rítmicos (você se lembra de
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seus desenhos rítmicos?), a realizar a chamada baixaria e como realizar o acompanhamento, em
duo e em piano solo. Uma vez interiorizadas essas ferramentas, você se torna capaz de tocar
muitas músicas de autores como Pixinguinha, Benedito Lacerda, Jacob do Bandolim, K. Ximbinho,
Ernesto Nazareth e muitos outros.
Existem livros dedicados às partituras de choro (veja, por exemplo, os Songbooks − volumes 1 e
2 − publicados pela editora Irmãos Vitale, de São Paulo), fontes preciosas de músicas.
Acompanhar, ao piano, algum solista é algo muito prazeroso, e nos proporciona muito crescimento
musical.
Ao realizar o piano solo não busque fazer coisas "complicadas demais". Procure um bom
compromisso entre a elaboração do que pretende tocar e sua capacidade de realização. Como
sempre, estudar lentamente é a estrada para o sucesso.
Unidade 6
Na unidade 6, estudamos a bossa nova. Por vários aspectos, essa é a unidade mais
"densa" do livro. De fato, em relação aos outros gêneros estudados, a bossa nova requer
um domínio harmônico maior. Como sugeri antes, para desenvolver esse domínio, busque o
meu curso de Harmonia aplicada às teclas, organizado em módulos progressivos no site
www.terradamusica.com.br.
Após os estudos dessa unidade, você saberia aplicar as três técnicas para a realização do piano
solo apresentadas? Se tiver entendido e absorvido bem a proposta, saberá transferi-las a outros
gêneros musicais, como o jazz ou o pop, por exemplo.
Experimente os estudos em uma ou mais músicas da bossa nova de sua escolha. Músicas como,
por exemplo, Eu sei que vou te amar (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Este seu olhar (Tom Jobim),
Amor em paz (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Corcovado (Tom Jobim), Meditação (Tom Jobim e
Newton Mendonça), O barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), Carta ao Tom 74 (Toquinho
e Vinicius de Moraes), Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), podem representar
um bom começo para formar seu repertório pianístico. Enquanto estuda uma determinada música,
procure ouvir gravações dela, feitas por diferentes intérpretes.
Unidade 7
Na unidade 7, estudamos o samba e o partido-alto (você se lembra deles?). Escolha outras músicas
e experimente aplicar esses padrões rítmicos, assim como fizemos com a música Com que roupa.
Você pode aplicar a "técnica das três mãos" à realização de músicas de samba para realizar pianos
solos. Todavia, isso pode ser um pouco difícil quando a melodia for muito sincopada. Nesses casos,
priorize à melodia. Experimente harmonizar a melodia respeitando o ritmo dela. Irá obter, com isso,
ótimos resultados.
Por fim, finalizo com um pensamento. A cada dia de nossa vida, nós mudamos. Milhões de células
se renovam em nosso corpo, as nossas percepções mudam, assim como nossas atitudes. Voltando
às páginas deste livro, daqui a algum tempo, com certeza, cada um de nós descobrirá coisas
novas, achará interpretações diferentes, terá novas ideias. Deixe isso acontecer. Os caminhos e a
busca da linguagem musical são infinitos.
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SALTO DE PÁGINAS
SOBRE O AUTOR