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Não olhe pra trás (II)

Muitos de nós sofrem da “síndrome de coruja”. Se você já viu uma coruja (na TV
também serve), vai perceber atônito que ela freqüentemente vira sua cabeça totalmente
para trás, a fim de vigiar o que ocorre ao seu redor.
Alguns sequer retornam a cabeça no lugar. Até a coruja volta a olhar pra frente!
Um emprego ruim, uma casa ruim...Oramos, clamamos para que Deus nos tire daquela
situação. Gritamos pra que Deus nos puxe pela mão e faça da nossa realidade algo
melhor.

Então Deus nos puxa. Nos livra. E nos mostra um novo horizonte, algo melhor,
maravilhoso. Mas no primeiro desafio, na primeira dificuldade na qual a sua fé é
testada, na qual seus princípios são confrontados, choramos, lamentamos e dizemos pra
Deus “O Senhor me tirou daquela vida pra isto ? Pelo menos lá eu já estava
acostumado” ou “pelo menos lá eu sabia me virar , me arranjava sozinho”. “Ta ruim
mas tá bom”.

EXEMPLO DA BÍBLIA

O povo do Egito havia penado 430 anos no deserto até o dia que Moisés foi usado por
Deus para sair do cativeiro. Eram torturados, humilhados, trabalhavam até a morte.
Bom, quando um morria, outro tomava o fardo e seguia em direção à mesma sina.

Se dissessem a eles “trabalhem dobrado por mais 10 anos, e vocês irão para Canaã,
livres e ainda com despojos dos egípcios”. Creio que qualquer um tentaria trabalhar
triplicado e sorrindo, cantando. Talvez até construíssem a esfinge alegre e sorrindo no
deserto..

Mas logo nos primeiros dias, o que acontece ? Eles olham para trás (Ex 16:3, Num
11:4-6), e se lamentam pelas cebolas e temperos do Egito.
Chicote ? que chicote ? “Tinha uma codorna deliciosa toda quarta-feira...ai que
saudade” - “Íamos bem no Egito ! “(Num 11:18) . Me diga : “Bem” ? aonde ia bem ?
Apanhando ? Morrendo ?? Não estava nada bem no Egito ! Deus nos conta que ouviu o
clamor de seu povo, seus gemidos (Ex 2:23 e 24);

E ao invés de louvarem por terem um alimento especialmente preparado por Deus –


aliás, um alimento que ninguém jamais comeria na História – eles olham saudosos, com
um romantismo para o que comiam no Egito! Primeiro, se estivesse tão bom, não teriam
pedido pra sair de lá !

Isso machuca, magoa o coração de Deus. Ao invés de louvarem por poder comer do
alimento de Deus, de no meio do deserto poderem vivenciar a dependência de Sua
Vontade, eles xingam, reclamam, amaldiçoam a própria sorte. O povo no deserto vivia
olhando pra trás ! Vivia olhando pro Egito que tinham deixado.

Mais tarde, eles chegam a Canaã (Num 13:1). O pessoal que foi espiar a terra voltou
cheio de novidades, deslumbrado com o que viram. Parecia que tinham chegado “em
Itu” : cachos de uvas que precisam de dois homens pra carregar, abundância de
natureza, de recursos.

Deus havia prometido que os levaria a esta terra maravilhosa. Lá na sarça ardente já
tinha dado uma ‘dica’. Como deve ter sido gostoso ouvir o relato, confirmando a
promessa que Deus havia feito. Era real ! A promessa era real !
Mas lá morava uma raça de gigantes (homens altos, fortes, que faziam eles parecerem
gafanhotos), os anaquins.
Ao invés de louvar a Deus pelo vislumbre da promessa, o sonho prestes a se tornar
realidade, o povo olha novamente pra trás. “Era melhor ter morrido no Egito. Lá pelo
menos não morríamos” (Num 14:1-4)..

Exceto Calebe e Josué, que foram valentes e tiveram como primeiro ímpeto enfrentar o
impossível (Num13:30), o resto do povo , por sua própria rebeldia, sua falta de fé, não
entrou na terra prometida.
Mas Calebe e Josué entraram. Deus explica : (Num 14:24) “por que neles houve outro
espírito, e perseverou em seguir-me”. E aqui a palavra “espírito” é o hebraico “ruak”,
que significa “respiração, fôlego” ou ainda “fúria, coragem, ímpeto”.Acho estes
últimos mais apropriados pra ocasião. Não é fácil, mas é preciso ter esse ímpeto.

CONCLUSÃO

Temos aflições. Deus espera que dependamos dele para sair. Oramos, clamamos, ele
nos tira. Mas Deus espera que recebamos isso pela fé, e não raro testa nossa confiança
n’Ele. Põe um Golias na sua frente. Um anaquim. Um mar vermelho.
Um obstáculo temporário, uma peleja TEMPORÁRIA para que confiante em Deus,
possamos aproveitar com sabedoria o que ele tem pra nós.

Há primeiro, a etapa do livramento. Clamar por socorro, e ser tirado da escravidão, do


jugo pesado...vemos prodígios de Deus, vemos sua mão poderosa...mas aí vem a etapa
intermediária e mais demorada.

A peregrinação, é um período em uma realidade entre o sofrimento/opressão de


antigamente e a glória/alegria do futuro.

A passagem do livramento para uma nova realidade é a fé. É olhar para frente. Se não
olharmos pra frente, passaremos o resto dos dias peregrinando sem direção, com uma
MENTALIDADE DE DESERTO, enxergando apenas o que deixamos pra trás e o
quanto andamos, quantos passos deixamos pra trás, quanta poeira...

Passamos tanto tempo como corujas, olhando pra trás, que temos tempo de sobra de
ficar relembrando e colocando “molduras” nas coisas que ficaram pra trás. Pra ficar
reparando nos detalhes, nas partes “não tão ruins”, no que aquela situação poderia se
tornar um dia...

Esquecemos que se fosse pra ter sido diferente, Deus não nos livraria.Ele transformaria
a realidade ao invés de tirar-nos de lá.

A peregrinação é a parte mais crítica das caminhadas cristãs. Podemos morrer no


deserto por não abrirmos o “portão da fé”, sem coragem de voltar nem de ir adiante –
uma vida cristã medíocre, ou nos deixamos enfeitiçar pelo que deixamos e voltamos
correndo sofrer outra vez...
Eu pessoalmente não prefiro nenhuma dessas opções. Creio que você também não.
Que tenhamos fé para ir adiante, confiantes em Deus, pra colhermos com dificuldade os
cachos de uva pesados que estão por vir. Que possamos olhar pra trás sim – para dizer
‘Ebenézer’ –até aqui nos cuidou o Senhor.

Bruno Escher

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