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Nesta seção identifica-se a estrutura de saber que Francis Ching considera para analisar obras
de arquitetura. Este referencial de análise é tradicionalmente adotado em contextos de ensino /
aprendizagem de projeto de arquitetura, trazendo conceitos de percepção e organização da
forma arquitetônica.
Figura 3.13 – Mapa conceitual que organiza a estrutura geral de saber tratada por Ching (2002). Fonte: a
autora.
Ching (2002) inicia seu estudo apresentando os elementos básicos, sistemas e ordens que
constituem qualquer trabalho físico no marco arquitetônico, os quais se podem perceber e
experimentar. Destaca que alguns podem ser mais imediatos, e outros mais difusos para nossa
percepção, e que alguns serão dominantes e outros terão um papel de segunda ordem dentro
da organização total de um edifício. E que uns transmitem imagens e significados e outros
atuam como qualificadores e modificadores destas imagens e significados. No entanto, reitera
que estes elementos sempre devem estar inter-relacionados, serem interdependentes e
reforçarem-se mutuamente, a fim de formar um conjunto integrado (Ching, 2002). Para o autor
a ordem arquitetônica se estabelece no momento em que estes elementos e sistemas
enquanto partes constituintes tornam perceptíveis as relações entre os mesmos e o edifício,
como um todo, configurando assim uma ordem conceitual.
Destaca que cada elemento primário se entende, em primeira instância, como elemento
conceitual, e logo após, como elemento visual constitutivo do vocabulário empregado no
projeto arquitetônico. Desse modo, elementos não visíveis do ponto de vista conceitual, tal
como o ponto, a linha, o plano e o volume, se tornam visíveis sobre a superfície de papel ou no
espaço tridimensional, o que os converte em formas dotadas de características de essência,
contorno, tamanho, cor e textura, e torna possível perceber-se em sua estrutura a existência de
tais elementos primários.
A figura 3.14 apresenta um mapa conceitual que identifica a estrutura de saber relacionada aos
conceitos e características que Ching (2002) atribui aos elementos primários da forma
arquitetônica.
Figura 3.14 – Mapa conceitual que identifica a estrutura de saber relativa aos elementos primários,
tratados por Ching (2002). Fonte: a autora.
Segundo o autor, o elemento ponto, por exemplo, assinala uma posição no espaço, mas
conceitualmente não tem longitude, largura e profundidade, e é estático, central e não
direcional. No entanto, possui outros atributos importantes para a configuração da forma
arquitetônica, tal como ocorre quando se encontra no centro de um campo visual, situação em
que se torna estável e organiza os elementos que se encontram ao seu redor e, em
conseqüência, exerce um domínio sobre este campo.
Dessa maneira, em relação aos elementos primários tais como as linhas atuando como
definidoras de planos, o autor destaca que elementos lineares verticais e horizontais, ao
configurarem outros elementos tais como pérgulas e pilares construtivos arquitetônicos, de
maneira conjunta, são capazes de delimitar um volume de um espaço, determinando a sua
configuração.
Para Ching (2002), em vista que a arquitetura atende especificamente a formação de volumes
tridimensionais de massas e espaços, o plano passa a ser considerado um elemento
fundamental do vocabulário de projeto arquitetônico. A forma final de uma construção pode,
assim, destacar suas características volumétricas a partir da diferenciação entre planos
verticais e horizontais.
O autor destaca que, para o contexto de seu estudo, a forma sugere uma referência a estrutura
interna, ao contorno exterior e ao princípio que confere unidade ao todo. Inclui com freqüência
um sentido de massa ou de volume tridimensional. Assim, suas propriedades visuais, os seus
elementos básicos constituintes, a articulação entre estes elementos, e possíveis
transformações aplicadas a eles, são determinantes para sua configuração final.
A figura 3.13 apresenta um mapa conceitual que identifica a estrutura de saber atribuída por
Ching (2002) para conceituar e caracterizar a forma arquitetônica.
Figura 3.13 – Mapa conceitual que identifica a estrutura de saber relativa aos conceitos sobre a forma,
tratados por Ching (2002). Fonte: a autora.
O mapa da figura 3.14 apresenta a estrutura de saber referente aos conceitos de Forma e
Espaço. Segundo Ching (2002) quando um espaço começa a ser apreendido, encerrado,
conformado, e estruturado pelos elementos da forma, a arquitetura começa a existir, e a forma
arquitetônica, desse modo, se produz no encontro entre a massa e o espaço.
Figura 3.14 – Mapa conceitual que identifica a estrutura de saber relativa aos conceitos sobre a forma e
espaço, tratados por Ching (2002). Fonte: a autora.
Nesta estrutura o autor caracteriza tipos de relações entre os espaços e classifica alguns tipos
de organizações espaciais, destacando suas características, tais como as de uma organização
do tipo central como composição estável e concentrada, composta de numerosos espaços
secundários que se agrupam em torno a um espaço central, dominante e de maior tamanho.
Diferencia ainda uma organização radial de uma central, referindo-se a que, em uma
organização centralizada, há um direcionamento até o interior do espaço central, e em uma
organização radial há um esquema em que braços lineares se estendem e acoplam-se por si
mesmo a elementos ou particularidades de localização.
O mapa conceitual da figura 3.16 identifica a estrutura de saber que Ching (2002) considera
para os conceitos sobre Circulação.
Figura 3.16 – Mapa conceitual que identifica a estrutura de saber relativa aos conceitos sobre Circulação,
tratados por Ching (2002). Fonte: a autora.
O autor define que a Circulação é o fio perceptivo que vincula os espaços de um edifício, que
reúne qualquer conjunto de espaços interiores ou exteriores, e que permite experimentarmos
um espaço com relação a outro quando nos movemos através de uma seqüência destes.
Apresenta os componentes fundamentais do sistema de circulação de um edifício, enquanto
elementos positivos que influem na percepção relativa a formas e espaços construtivos.
Para Ching (2002) os espaços de circulação constituem uma parte integral da organização de
qualquer edifício e ocupam uma quantidade importante do volume do mesmo. Assim, forma e
escala do espaço de circulação devem ser apropriados à locomoção do usuário, a um passeio,
uma breve parada, um descanso, e a contemplação da paisagem. Estas atribuições
influenciarão na determinação do tipo, forma e configuração dos espaços de circulação.
Na figura 3.17 está ilustrada uma estrutura de saber referente aos conceitos de Proporção e
Escala, aplicados na arquitetura, considerados por Ching (2002).
O autor ressalta o emprego destes conceitos na composição arquitetônica por teóricos da
arquitetura em diferentes épocas.
Para o autor a escala refere-se ao tamanho de um objeto comparado com um standard de
referência ou com as dimensões de outro objeto e a proporção se refere à justa e harmoniosa
relação de uma parte do objeto com outras ou com o todo. Esta relação pode não ser somente
de magnitude, senão também de quantidade ou de grau. O seu estabelecimento pelo projetista
pode se relacionar com a natureza dos materiais, com a reação dos elementos aos efeitos das
forças, e com o modo de fabricação dos objetos.
Figura 3.17 – Mapa conceitual que identifica a estrutura de saber relativa aos conceitos sobre Escala e
Proporção, considerados por Ching (2002). Fonte: a autora.
Na figura 3.18 está ilustrada uma estrutura de saber referente aos conceitos sobre Princípios
Ordenadores na arquitetura, considerados por Ching (2002).
Figura 3.18 – Mapa conceitual que identifica a estrutura de saber relativa aos conceitos sobre Princípios
Ordenadores, considerados por Ching (2002). Fonte: a autora.
Para Ching (2002) a ordem não se refere somente à regularidade geométrica de uma
composição, mas também aponta àquela condição em que cada uma das partes de um
conjunto está corretamente disposta em relação às demais, e ao seu propósito final, desde que
dê lugar a uma organização harmoniosa.
Segundo o autor, o princípio de hierarquia implica que na maioria, senão na totalidade das
composições arquitetônicas, existem autênticas diferenças entre as formas e os espaços que,
em certo sentido, refletem seu grau de importância e tarefa funcional, formal e simbólica, que
se articula em sua organização.
O ritmo refere-se ao movimento que se caracterize pela recorrência modulada de elementos ou
de motivos a intervalos regulares ou irregulares. Implica a noção fundamental de repetição que,
como artifício, é possível empregar para organizar as formas e espaços em arquitetura, e
elementos recorrentes que criam também ritmos visuais.
O autor ressalta que a transformação é um princípio que faculta ao projetista selecionar um
modelo protótipo arquitetônico cuja estrutura formal e ordenação de elementos sejam
apropriadas e lógicas, assim como para modificá-lo através de uma série de manipulações
descontínuas, a fim de que cumpra resposta às condições e contexto específicos do projeto em
questão.
Ching (2002) destaca que estes elementos componentes da forma e do espaço arquitetônicos
se referem aos aspectos visuais de sua realidade física na arquitetura e que além de suas
funções visuais, de suas inter-relações e da natureza de sua organização, transmitem também
noções de domínio e lugar, de acesso e circulação, de hierarquia e de ordem. Apresentam-se,
assim, como os significados literais e indicativos da forma e espaço arquitetônicos.
Observa-se que esta estrutura de saber, delimitada por Ching (2002), objetiva relacionar os
conceitos geométricos com conceitos perceptivos sobre a forma arquitetônica, que segundo o
autor, tem o propósito de que o estudante adquira, simultaneamente, um vocabulário
geométrico e arquitetônico, dotado de sentido conceitual.