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Introdução à Agroecologia
Prof. Dr. Luiz Antônio Correia Margarido
ARARAS, 2010
1. Introdução
A planta do café, o cafeeiro, é um arbusto pertencente à família das rubiáceas e
ao gênero Coffea, as duas espécies mais conhecidas são a Coffea arábica, conhecida
como café arábica e a espécie Coffea canephora, conhecida como café conilon ou
robusta. O café arábica é originário das florestas subtropicais da região serrana e o
café robusta é originário das regiões equatoriais baixas, quentes e úmidas da bacia do
Congo, essas espécies são as mais cultivadas. O cafeeiro é um arbusto de
crescimento contínuo, com dimorfismo de ramos (Carvalho et al., 1950; Rena &
Maestri, 1986), que atinge 2 a 4 m de altura, conforme as condições climáticas da
região. Possui caule cilíndrico, lenho duro, branco amarelado e dois tipos de ramos:
ortotrópico (do grego orthós: reto, normal) e plagiotrópicos (do grego plágios: oblíquo,
transversal). Na espécie Coffea canephora a planta apresenta vários caules ou
multicaule, que necessita de poda para manter a estrutura adequada da planta que
possibilita a obtenção de maiores produtividade e facilidade para efetuar os tratos
fitossanitários.
O café arábica apresenta flores totalmente brancas e sementes claras, uma de
suas características mais visíveis são seus frutos, que se tornam geralmente vermelhos
quando maduros, assemelhando-se a rubis, enquanto que o café conilon apresenta
flores bicolores (faixas brancas e marrons) e sementes marrons.
A cultura esta adaptada a um sombreamento parcial, pois ela aproveita apenas
cerca de 1% da energia luminosa fotossinteticamente ativa. Quando exposta ao sol a
superfície da folha pode atingir temperaturas mais altas e quando a temperatura passa
de 34OC a taxa de assimilação de Co2 cai praticamente à zero, diminuindo a
capacidade fotossintética da planta, então as plantas sombreadas podem ter uma
capacidade fotossintetizante maior que as expostas ao sol. A faixa ideal de
temperatura para a cultura do café arábica é de 19 a 22OC. Em temperaturas mais altas
aumenta proliferação de pragas e infecção, comprometendo a qualidade da bebida,
porém também é estimulada a formação de botões florais e aumento do tamanho dos
frutos. Em temperaturas mais baixas que 10OC o crescimento do fruto é inibido e a
planta é também muito suscetível a geadas. O café robusta é mais resistente a
temperaturas maiores e a doenças, resiste bem a um período de seca que não
ultrapasse três meses, a quantidade ideal de chuva é de 1500 a 1900 mm anuais, se
essa quantidade não for bem distribuída pode causar floração desuniforme e
maturação desigual dos frutos.
Os solos ideais para o cultivo do café são aqueles que possuem boa drenagem,
não necessitam serem muito profundos, pois o cafeeiro possui bom desenvolvimento
das raízes superficiais, solos rico em húmus e levemente ácidos.
A escolha do cultivar deve ser feita com base em vários aspectos como:
produtividade, qualidade de bebida, época de maturação, espaçamento, micro clima,
ocorrência de pragas e doenças, dentre outras. Um exemplo é em relação a doença
ferrugem, em regiões de maior incidência deve-se plantar cultivares resistentes que no
caso o café Robusta já possui uma resistência natural de campo maior. Alguns
exemplos de cultivares indicados em sistemas de agricultura orgânica são: Icatu
amarelo, Icatu vermelho, Catucaí, Oeiras, Obatã (IAC 1669-20), Tupi (IAC 1669-33),
Paraíso MG H 419-1, Catiguá MG1 e MG2, Sacramento MG1, Araponga MG1, Pau-
Brasil MG2.
4. Mudas
A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta. Na semeadura direta são
colocadas duas sementes por saquinho plástico, com profundidade de 1 cm. Deve se
analisar se a terra utilizada para o plantio não possui sementes de plantas daninhas.
Depois de plantado deve se cobrir os saquinhos ou tubetes com palha para que as
sementes não sejam deslocadas com a irrigação e para manter a umidade por um
período de tempo maior. Já na semeadura indireta as plântulas com o tamanho
pequeno (palito de fósforo), serão transplantadas para o recipiente. Nesse método
deve se tomar cuidado para não danificar o sistema radicular da plântula durante o
transplante para o recipiente.
5. Substratos
Os substratos devem conter elevado teor de matéria orgânica. Podem ser de três
tipos diferentes:
1. 70 a 80% de sub-solo argiloso + 20 a 30% de vermicomposto;
2. 50 a 70% de sub-solo argiloso + 30 a 50% de esterco bovino curtido;
3. 85 a 90% de sub-solo argiloso + 10 a 15% de cama de aviário curtida
(atualmente proibido a utilização )
As principais diferenças quanto à formação de mudas de café para um cultivo
convencional ou orgânico residem na composição do substrato para abastecimento dos
saquinhos ou tubetes, no processo de desinfestação do mesmo, nas adubações
complementares de cobertura ou mediante pulverização foliar e no controle de pragas,
agentes fitopatogênicos e de ervas espontâneas no viveiro.
É proibido o uso de brometo de metila para a desinfestação do substrato. Uma
alternativa para o combate contra fitopatógenos é a utilização da solarização. Trata-se
de um método físico de desinfestação, baseado no uso da energia solar para elevação
da temperatura do solo. Durante a solarização a temperatura do substrato deve atingir
níveis que são letais à grande maioria dos fitopatógenos e da plantas espontâneas.
Uma forma de realizar esse método pode ser colocando o substrato em um terreiro
cobrindo com uma lona de polietileno fina e transparente de 4 a 5 dias de radiação
solar.
Na cafeicultura orgânica a utilização de herbicidas é proibida, sendo feito um
controle manual contra plantas invasoras nos saquinhos ou tubetes que estiverem no
viveiro.
6. Plantio
No Brasil o plantio adensado tem aumentado a cada ano que passa, podendo
variar de 5 a 10 mil plantas por ha (2,0 x 0,7m), ou podendo ser superior a 10 mil
plantas por ha (plantio super adensado; 1,0 x 0,7m). Porem para a pratica da
agricultura orgânica o plantio adensado não é recomendado, já que esse tipo de plantio
se caracteriza por estimular a monocultura, pratica essa que a agricultura orgânica não
é a favor.
A monocultura é fator que aumenta o numero de fitoparasitas, sendo um dos
grandes fatores prejudiciais na agricultura moderna. Alem disso o plantio adensado
inviabiliza o plantio de adução verde a partir do segundo ano, e também o consorcio de
plantas de porte baixo durante os anos.
8. Bokashi
9. Adubação
11. Biofertilizantes
13. Colheita
O café está pronto para a colheita quando os frutos atingem o estágio "cereja". A
colheita deve ser realizada o mais rapidamente possível, sendo ideal que se complete
num período de 2 a 3 meses.
A colheita do café orgânico deve ser feita de forma seletiva,isto é, deve-se coletar
somente os grãos maduras ou "cereja", o que resulta em qualidade superior do
produto. A área sob as plantas deve ser coberta com panos ou plásticos limpos para
que os frutos colhidos não entrem em contato com o solo, evitando, assim, uma
possível contaminação com fungos produtores de micotoxinas.
De acordo com o Manual de Segurança e Qualidade para a Cultura do Café
(2004), o principal cuidado a ser observado durante a colheita do café é, justamente,
evitar a contaminação dos frutos com fungos presentes no solo e produtores de
micotoxinas. Deve-se, portanto, evitar a mistura de grãos caídos com os grãos
colhidos.
15. Certificação
A certificação garante a origem do produto e sua qualidade, ostentando um nível
diferenciado no mercado. Na certificação do café, as lavouras e todo o processo de
beneficiamento são inspecionados. A certificação dá suporte à rastreabilidade do
produto, possibilitando uma diminuição nas tentativas de burlar o processo, protegendo
o consumidor .
O modelo de certificação Fair Trade (comércio justo) vem surgindo com bastante
força. Trata-se de aspectos éticos ligados à comercialização. Sua característica é a
preocupação por parte dos consumidores com a qualidade e o valor biológico dos
produtos, assim como com questões de cunho sociais e ecológicas.
Este processo pode ser obtido junto a várias empresas , que recebem o selo de
certificação representados na figura 3 a seguir.
Para ser certificado a cultura deve seguir as filosofias mais amplas da agricultura
orgânica e como tal, adotar princípios básicos e ser capaz de atestar e garantir as
características inerentes, permitindo assim a busca de posicionamento diferenciado no
mercado. Em 2003 o país passou a exportar café certificado, e em 2004 houve maior
referência aos cafés Fair Trade e Orgânicos no Brasil, sendo aproximadamente 200
produtores.
DELLA LUCIA, Suzana Maria; MINIM, Valéria Paula Rodrigues; SILVA, Carlos
Henrique Osório and MINIM, Luis Antonio.Fatores da embalagem de café orgânico
torrado e moído na intenção de compra do consumidor. Ciênc. Tecnol.
Aliment. [online]. 2007, vol.27, n.3, pp. 485-491. ISSN 0101-2061.