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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO

CONTRATAÇÃO DE OBRAS E
SERVIÇOS DE ENGENHARIA
NO SETOR PÚBLICO
Ficha técnica:

EQUIPE DE PRODUÇÃO

COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DO MATERIAL PEDAGÓGICO


Avante Brasil Informática e Treinamentos Ltda.

DIRETOR DE PLANEJAMENTO
Carlos Henrique Ferraz

DIRETOR COMERCIAL
Rômulo Moura Afonso

CONTEÚDO
Avante Brasil

COORDENADORA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


Gislene Alves

DESIGN INSTRUCIONAL
Cláudia Vasconcelos

DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO


Alissom Lázaro
ÍCONES ORGANIZADORES

DEFINIÇÃO - É utilizado ao definir conceitos e significados.

SAIBA MAIS- Aprofundamento de ideias, curiosidades, links de sites e tex-


tos complementares.

REFLEXÃO - Momento para refletir sobre as questões apresentadas e apro-


fundar pontos relevantes.

EXEMPLO - Utilizado no momento em que exemplifica conteúdo ou ideias.


APRESENTAÇÃO

Objetivos da disciplina:
Apresentar aos participantes os conceitos e informações relativas a licitações e contratação
de obras, Política Nacional de Saneamento, além de metodologias para gestão e controle de
contratos.
Sumário

Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras


1. Introdução: ..............................................................................................................................8
1.2. Obras Públicas....................................................................................................................10
1.2.1 Forma de execução de obras públicas............................................................................. 11
1.2.2. Execução Indireta.............................................................................................................12
1.2.3. Projeto Básico .................................................................................................................13
1.2.4. Orçamento........................................................................................................................15
1.3. Licitação de obras e serviços de engenharia......................................................................19
1.3.1 Fase Interna......................................................................................................................20
1.3.1.1 Modalidade de Licitação.................................................................................................20
1.3.1.2 Estimativa de impacto orçamentário financeiro..............................................................21
1.3.1.3 Declaração de compatibilidade com o PPA e LDO e adequação com a LOA................23
1.3.1.4 Projeto Básico, orçamento e cronograma físico-financeiro............................................23
1.3.1.5 Edital de Licitação .........................................................................................................23
1.3.2 Fase Externa.....................................................................................................................24
13.2.1 Publicidade do aviso de licitação....................................................................................24
1.3.2.2 Recepção das propostas................................................................................................25
1.3.2.3 Fase de habilitação dos licitantes..................................................................................25
1.3.2.4. Fase de julgamento das propostas, recursos, julgamento de recursos .......................25
1.3.2.5. Recursos administrativos - julgamento dos recursos ...................................................27
1.3.2.6. Adjudicação e homologação do processo.....................................................................27
1.3.2.7 Cuidados a serem observados na licitação ...................................................................27
1.3.3 Contrato.............................................................................................................................28
1.3.3.1. Alterações contratuais...................................................................................................29

Módulo 02: Política Nacional de Saneamento


1. Introdução: ............................................................................................................................31
1.2. Programa Nacional de Saneamento e Gestão dos Resíduos Sólidos................................33
1.3. Plano Nacional de Resíduos Sólidos .................................................................................35
1.4. Planos Microrregionais, Metropolitanos ou de Aglomerações Urbanas de Resíduos
Sólidos........................................................................................................................................36
1.5. Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos......................................................................36
1.6. Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos............................................37
1.7. Logística Reversa................................................................................................................40
1.8. O componente de limpeza urbana nos municípios – contratação dos serviços.................42
1.9. Licitações de Serviços de Limpeza Urbana e tratamento e destinação
final dos resíduos.......................................................................................................................43
1.9.1 Fase Interna......................................................................................................................43
1.9.2 Projeto básico ...................................................................................................................43
1.9.3 Orçamento.........................................................................................................................45
1.9.4 Fase Externa.....................................................................................................................52
1.9.5 Contrato.............................................................................................................................52

Módulo 03: Execução de Obras e Serviços de Engenharia - Gestão


do contrato e Controles
2.1. Introdução...........................................................................................................................53
2.2. Obras por Execução Direta ................................................................................................55
2.3. Obras por Execução Indireta ..............................................................................................56
2.4. Pagamento .........................................................................................................................57
2.5. Termos Aditivos a Contratos ...............................................................................................57
2.6. Recebimento ......................................................................................................................57
2.7. Atrasos na obra ..................................................................................................................58

REFERÊNCIAS..........................................................................................................................59
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO

CONTRATAÇÃO DE OBRAS E
SERVIÇOS DE ENGENHARIA
NO SETOR PÚBLICO
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras


1. Introdução:
As licitações públicas somente passaram a ser um princípio de observância obrigatória no
Brasil com a promulgação da Constituição da República de 1988. Entretanto, desde o século
XIX já se encontravam registros de licitação no Brasil. O primeiro registro, ainda no século XIX,
veio com o objetivo de regulamentar as arrematações dos serviços a cargo do Ministério da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
Em 1922, o governo do Brasil organizou o Código de Contabilidade da União, que consolidou
de forma muito simples os procedimentos licitatórios no Brasil. A partir do Código de Contabilidade
da União foi introduzida uma gama de inovações nos procedimentos licitatórios, até que em
1967 foi publicado o Decreto-Lei n. 200, que estabeleceu a reforma administrativa federal. Em
1968, foi editado o Decreto 5.456, que estendia a reforma ao Estado e aos Municípios. Em
1986 e 1987 foram publicados o Decreto-lei n. 2.300, o Decreto-lei 2.348 e o Decreto-lei 2.360,
que instituíram o Estatuto Jurídico das Licitações e Contratos Administrativos, reunindo normas
gerais e especiais relacionadas às licitações no Brasil.

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Com a promulgação da Constituição da República de 1988, que estabeleceu no


inciso XXI a obrigatoriedade de licitar para se contratar com a Administração Pública,
foi publicada a Lei Federal 8.666, de 21.06.93, alterada pelas Leis 8.883/94, 9.648/98 e 9.854/99
que disciplina as licitações e contratos da Administração Pública. Esta lei encontra-se em vigor
até os dias atuais e nela foram estabelecidas cinco modalidades licitatórias: concorrência,
tomada de preços, convite, leilão e concurso.

A lei de licitações, entretanto, ao longo de sua existência vem evoluindo e passando por
inúmeras alterações. Mediante a Lei Federal 10.520 foi introduzida a modalidade de licitações
denominada Pregão.

Recentemente, com a edição da Lei Federal 12.462, foi introduzida na legislação sobre
licitações o Regime Diferenciado de Contratações.

O pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, em que a


disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lances (presencial
ou eletrônico).

A evolução das leis de licitações é natural à medida que novos princípios sociais, culturais
e econômicos vão se formando. O intuito é melhorar as normas de procedimentos já existentes,
adequando as contratações no setor público.

A evolução é um fenômeno globalizado. À medida que as leis evoluem surge a necessidade


de que os procedimentos de controle também sofram estas mudanças. Assim, os Tribunais de
Contas do Brasil passam por permanente evolução na busca do aprimoramento dos controles
sobre as licitações e contratações, especialmente sobre a execução de obras públicas.

Com este objetivo, foi implantado no Tribunal de Contas o Geo-Obras, que é um software
desenvolvido para gerenciar as informações das obras executadas em todos os Órgãos das
esferas Municipal e Estadual do Estado do Espírito Santo. É uma ferramenta, sobretudo,
de gestão, acompanhamento e consulta dos investimentos realizados pelas Administrações
Públicas, nas mais diversas regiões do Estado, que além de permitir o controle externo
do Tribunal de Contas, auxiliará o gestor na sua obrigação de acompanhar as obras a seu
cargo.

Objetivos do módulo:
Abordar as diretrizes relacionadas à Licitação e Contratação de Obras

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

1.2. Obras Públicas


As obras públicas têm sua origem nos instrumentos de planejamento governamental Plano
Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA. Por
ato do gestor público é determinada a abertura de procedimento de licitação, contrato e em
seguida a execução. O controle sobre as obras é uma obrigação da Administração Pública, que
deve culminar com a conclusão e recebimento da obra.
O PPA, a LDO e a LOA formam o conjunto de planos e objetivos que constituem as metas
para a implementação de diretrizes nas unidades federativas. Nestes instrumentos estão
estabelecidos as prioridades e investimentos em obras públicas.
Para iniciar os estudos sobre a licitação e contratação de obras de engenharia é importante
traçar um comentário sobre cada um deles.
• Plano Plurianual – PPA - O Plano Plurianual está previsto pelo art. 165 da Constituição
da República e constitui um instrumento de planejamento governamental para um período
de 4 anos. Tem o objetivo de organizar as ações do governo em programas que resultem
em bens e serviços para a população. Tem sua vigência a partir do segundo ano de um
mandato até o final do primeiro ano do mandato seguinte. Detalham as políticas públicas
executadas, as metas físicas e financeiras, inclusive as obras a serem executadas.
• Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO – Está prevista no §2º do art. 65 da Constituição
da República de 1988, estabelece diretrizes para a confecção da Lei Orçamentária Anual
- LOA, contém metas e prioridades da Administração Pública e orienta as despesas
de capital para o exercício financeiro seguinte, as alterações na legislação tributária e
política de aplicação nas agências financeiras de fomento.

A LDO é uma lei anual de iniciativa do executivo e deve ser encaminhada anualmente até
o dia 15 de abril de cada ano para ser aprovada até a data de 30 de junho.
• A Lei Orçamentária Anual – LOA - Estima os valores da receita e fixa os valores da
despesa para um exercício financeiro das unidades gestoras. É a partir da LOA que
o cidadão identifica a destinação dos recursos que o governo recolhe sob a forma de
impostos. Nenhuma despesa pública pode ser executada fora do orçamento. O projeto
de lei do orçamento é anual e deve ser encaminhado ao legislativo em cada nível da
Administração Pública, para aprovação até o dia 30 de setembro de cada ano.

No exercício da democracia, alguns governos permitem à sociedade influenciar ou decidir


sobre a aplicação dos recursos públicos através da participação das comunidades. Esta
participação da sociedade na escolha das ações de governo onde serão aplicados os recursos
é denominada Orçamento Participativo – OP.

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Reflexão
Na elaboração do OP são realizadas assembleias em várias regiões e bairros
dos municípios, para discussão da forma de aplicação dos recursos públicos.
Nas assembleias são eleitos delegados regionais que formaram conselhos para
negociar com os representantes da Administração Pública a execução das obras
aprovadas nas assembleias.

1.2.1 Forma de execução de obras públicas

Em seu plano de ação, o administrador deve proceder à identificação das necessidades


do ente federativo que está governando e, com base neste levantamento, priorizar a execução
das obras e contratação de serviços de maior importância, para atender as expectativas da
população, justificando os aspectos de oportunidade, conveniência e interesse público.

A prioridade é traduzida mediante programas próprios nos instrumentos de planejamento


PPA, LDO e LOA. Paralelamente, deve analisar a viabilidade de execução da obra ou serviço
com recursos próprios (mão-de-obra e materiais), em contraposição à terceirização, definindo
se realizará a obra por execução direta ou indireta. A decisão deve basear-se no tipo de serviço,
na dimensão da obra, no prazo para execução e na capacidade técnica do pessoal próprio da
Administração, observando o art. 10 da Lei Federal n.º 8.666/93.
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas seguintes formas:

I - execução direta;

II - execução indireta, nos seguintes regimes:

Licitação

Programa Dispensa
Inexegibilidade Contrato Execução
de Governo

Execução
Direta

Figura 1 – Decisão quanto à forma de execução de obra

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

• Obras por execução direta – são realizadas pela administração, utilizando-se de meios
próprios - mão-de-obra e materiais.
• Obras por execução indireta – São realizadas pela administração, mediante a contratação
de empresas especializadas no ramo da obra que se pretende realizar. Estas podem
ser licitadas ou por contratação direta mediante dispensa ou inexigibilidade de licitação
conforme autorizado pela Lei de Licitações.

As obras devem ser programadas na totalidade prevendo os custos totais e finais,


considerando todo o prazo de execução, todas as etapas inclusive canteiro de obras, mobilização
e desmobilizações de máquinas e equipamentos necessárias.
As obras e serviços de engenharia são atividades desenvolvidas exclusivamente por
profissionais habilitados, de acordo com as atribuições descritas no art. 7º da Lei Federal
5.194/66, no art. 2º da Lei Federal 12.378/2010 e na Resolução 218, de 1975 do Conselho
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA. Os contratos devem trazer
cláusulas com a obrigatoriedade de apresentar os documentos de registro de responsabilidade
técnica – ART e/ou RRT.

1.2.2. Execução Indireta


Execução indireta é aquela que a administração contrata com terceiros, sob um dos regimes
de execução:
a) Empreitada por preço global;
b) Empreitada por preço unitário;
c) Tarefa;
d) Empreitada integral.

Os regimes de execução encontram-se definidos no art. 6º da Lei Federal 8666/93, conforme


se segue:
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se:

VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata com terceiros sob qualquer
dos seguintes regimes:
a) empreitada por preço global - quando se contrata a execução da obra ou do serviço
por preço certo e total;
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a execução da obra ou do serviço
por preço certo de unidades determinadas;

d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos por preço certo,
com ou sem fornecimento de materiais;

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

e) empreitada integral - quando se contrata um empreendimento em sua integralidade,


compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob
inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições
de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em
condições de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas
às finalidades para que foi contratada;

1.2.3. Projeto Básico


A sequência para execução de obras públicas encontra-se definida no art. 7º que assim
resume:
Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços
obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte seqüência:
I - projeto básico;
II - projeto executivo;
III - execução das obras e serviços.

A execução do projeto básico e do projeto executivo é pré-requisito para a execução de


obras e serviços de engenharia.
No regime da Lei Federal 8666/93, a elaboração do projeto básico antecede a realização das
licitações para contratações de obras e serviços de Engenharia, identificadas nos instrumentos
de planejamento PPA, LDO e LOA.
Os estudos preliminares têm o objetivo de verificar a viabilidade de se executar a obra. São
realizados os projetos, os estudos de viabilidade técnica e econômica, os estudos ambientais
e relatórios de impacto ao meio ambiente, contendo as medidas mitigadoras e os estudos
de impacto à vizinhança. Com o advento do Estatuto das Cidades foi criada a necessidade,
conforme o caso, de se elaborar também os estudos de impacto de vizinhança, acessibilidade,
desempenho, dentre outras normas.
A definição de projeto básico vem insculpida no art. 6º da Lei Federal 8666/93, conforme
abaixo:
Art. 6º Para fins desta lei considera-se:

IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de
precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares,
que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos
e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e


identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma
a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de
elaboração do projeto executivo e de realização das obras e montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a
incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores
resultados para o empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua
execução;
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos,
instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter
competitivo para a sua execução;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo
a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros
dados necessários em cada caso;
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de
serviços e fornecimentos propriamente avaliados;

Conforme estabelece o parágrafo 2º do art. 7º da Lei Federal 8666/93, as obras públicas só


podem ser licitadas quando houver projeto básico, disponível para consulta.
Art. 7º - …

§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame
dos interessados em participar do processo licitatório;
II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os
seus custos unitários;
A prática de se abrir qualquer procedimento de licitação sem que o projeto básico tenha
sido elaborado é irregular e passível de anulação do certame Além de expressamente
previsto na legislação sobre licitações, os tribunais têm decidido no sentido da
necessidade do projeto básico nas contratações, conforme se verifica na Súmula 261
do Tribunal de Contas da União:
SÚMULA Nº 261
Em licitações de obras e serviços de engenharia, é necessária a elaboração de
projeto básico adequado e atualizado, assim considerado aquele aprovado com todos
os elementos descritos no art. 6º, inciso IX, daLeinº 8.666, e 21 de junho de 1993,
constituindo prática ilegal a revisão de projeto básico ou a elaboração de projeto
executivo que transfigurem o objeto originalmente contratado em outro de natureza e
propósito diversos.

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

O projeto básico elaborado pela Administração deve ser utilizado para elaboração do Edital
de Licitação e, como se vê pela Súmula 261, não pode sofrer alterações que o transfigurem. O
conteúdo do projeto básico está previsto no art. 6º da Lei Federal 8666/93. Com o objetivo de
elucidar detalhadamente todos os itens de um Projeto Básico, o Instituto Brasileiro de Auditoria
de Obras Públicas editou a Orientação Técnica OT-IBR-001/2006, que se encontra disponível
no site do IBRAOP – www.ibraop.org.br.
Elaborado o projeto, a Administração deve elaborar o orçamento e o cronograma físico
financeiro de desembolso que são parte do projeto básico.

1.2.4. Orçamento
Apesar de ser um dos itens do projeto básico, iremos tratar separadamente, em face de
sua importância na decisão do gestor sobre a forma de se executar uma obra ou serviço de
engenharia. O orçamento deve ser elaborado com base em composições de custos unitários de
todos os serviços. Não se deve confundir estimativa de custo com orçamento.
A estimativa é um cálculo expedito para avaliação de um serviço. Neste caso, utiliza-se
de índices conhecidos no mercado, a exemplo do CUB – Custo Unitário Básico, divulgado por
algumas entidades ou revistas especializadas do ramo.
Exemplo 1: Estimar o custo de uma construção com 1 pavimento, com área de 150m²,
padrão normal de construção.
Para se estimar o custo de construção, procura-se identificar o padrão de qualidade a ser
utilizado na obra e o índice que melhor representará.
1- Consultando a tabela do Sinduscon-mg, obteve-se:

Tabela 1 - CUB – Sinduscon-mg


R1 R$1.355,67/m²
PP4 R$1.268,83/m²
R8 R$1.096,66/m²
R16 R$1.062,23/m²
Fonte:http://www.sinduscon-mg.org.br/site/arquivos/up/cub/tabelas

2- CUB = R$1.356,67/m²
3- Estimativa = Área x CUB
Estimativa = 150 x R$1.356,67 => Estimativa = R$203.500,50

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Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Reflexão
Ao estimar o custo de uma obra mediante um índice, o gestor deve estar atento
aos itens que não estão presentes na sua confecção. No CUB, não se encontram
presentes itens importantes que variam de projeto para projeto tais como
fundações, submuramentos, paredes-diafragma, tirantes, rebaixamento de lençol
freático; elevador (es); equipamentos e instalações em geral.
Assim o gestor ao estimar o preço de uma obra através de índices corre o risco
de deixar de considerar serviços que são determinantes na execução de obras.
Não é raro encontrarmos obras paralisadas em todo o Estado do Espírito Santo
que tiveram suas falhas na origem: Projeto Básico e Orçamento. Estas, via de
regra, nascem de projetos padrões onde não são levadas em consideração as
peculiaridades dos locais onde serão executadas: Geologia do terreno, topografia,
instalações especiais, etc.

No caso dos orçamentos, utiliza-se das composições de custos unitários de cada serviço,
agrupando-as e chegando-se ao custo da obra. Sobre o custo da obra, aplica-se a taxa de
Benefícios e Despesas Indiretas – BDI para se chegar ao preço de venda.
O orçamento de uma obra é a composição de uma série de serviços elaborados em uma
planilha (s). Assim é importante entender o conceito de custo, BDI e preço:
• Custo – É o valor apropriado diretamente das composições dos serviços a serem
executados, que refletem os consumos de materiais e os índices de produtividade das
equipes de trabalho.
Exemplo 2: Calcular o custo para assentamento de tubos de PVC soldável, ∅25 mm

Tabela 2 - Assentamento de tubos soldáveis de PVC rígido ∅ 25 mm – unidade m


Unidade de Custo Custo de Custo de
Item Consumo
medida unitário R$ material Mão-de-obra
Tubo de PVC rígido ∅ 25mm 1,0 M 5,66 5,66
Adesivo PVC 0,01 Kg 28,51 2,85
Encanador 0,12 H 15,00 1,80
Ajudante 0,12 H 12,00 1,44
Encargos sociais 75,30% 2,44
Custo 8,51 5,68
Custo Total 11,36
Fonte: Tabela de Composição de Custos para orçamento – TCPO

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

• Taxa de Benefícios e Despesas Indiretas – BDI - O BDI é parte integrante da formação do


preço de venda dos serviços de engenharia e representa as despesas indiretas, assim como
o lucro pretendido pelas empresas. É uma taxa que se adiciona ao custo de uma obra
para cobrir as despesas indiretas do construtor, mais o risco do empreendimento, as
despesas financeiras incorridas, os tributos incidentes na operação, eventuais despesas
de comercialização, o lucro do empreendedor. As unidades públicas que pretendem
contratar obras e serviços de engenharia devem compor o seu BDI. Entre as despesas
indiretas distinguem-se as seguintes parcelas (página a seguir):

Parcelas do BDI
O cálculo do BDI será efeituado com o uso da seguinte equação

Onde:
AL é a taxa da administração local;
AC é a taxa de rateio da administração central;
S é uma taxa representativa de seguros;
R corresponde aos riscos e imprevistos;
G é a taxa que representa o ônus das garantias exigidas em edital;
DF é a taxa representativa das despesas financeiras;
L corresponde ao lucro bruto;
I é a taxa representativa dos tributos (PIS, COFINS E ISS).

Diversas são as fórmulas empregadas para o cálculo da taxa de BDI, todas com valores
muito próximos.

O TCU – Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo recomenda o uso da fórmula que
se segue:
⎛ (1+ AC + R) ⋅(1+ DF) ⋅(1+ L) ⎞
BDI = ⎜ − 1⎟
⎝ (1− T ) ⎠

É importante frisar que não se classificam como despesas indiretas para o computo do BDI:

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Também não entram no cálculo do BDI os seguintes impostos por se configurarem de


caráter pessoal das empresas:
- Imposto de Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ;
- Contribuição sobre o Lucro Liquido – CSLL.

A exclusão destas parcelas do BDI encontra-se pacificada e podemos encontrá-la sintetizada


na súmula 254/2010 do Tribunal de Contas da União – TCU.
Súmula 254
O IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a CSLL – Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido – Não se consubstanciam em despesa indireta passível de inclusão na taxa de
Bonificações e Despesas Indiretas – BDI do orçamento-base da licitação, haja vista a natureza
direta e personalística desses tributos, que oneram pessoalmente o contratado.

• Preço – é o resultado do produto do custo pela taxa de Benefícios e Despesas Indiretas


– BDI.
PV=CD+CD*BDI

Exemplo 3: Seja para o exemplo 2, calcular o preço de venda, considerando que o BDI
tenha sido de 23,50%.
BDI = 23,50%;
CD = R$11,36
PV = R$11,36 + R$11,36 x 23,50% => PV = R$11,36 + R$2,67 => PV = R$14,03

Ao se elaborar o projeto básico e orçamento, a equipe das unidades gestoras devem tomar
alguns cuidados:
• O Projeto Básico deve ser suficientemente detalhado, propiciando a elaboração dos
orçamentos e cronogramas físicos e financeiros das obras e serviços de engenharia;
• Os orçamentos devem ser suficientemente detalhados, prevendo todas as etapas da
obra ou serviço e identificando com clareza as despesas diretas e as indiretas;
• As despesas de instalação e mobilização devem considerar: canteiro de obras; transporte
de máquinas para o local das obras e serviços e, ao fim da obra, a retirada das mesmas;
• As composições de custos unitários, o detalhamento do BDI e dos Encargos Sociais - ES
integram o orçamento e devem constar no processo administrativo da contratação;

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

• Os cronogramas físicos e financeiros devem levar em conta todas as atividades e fases


da execução da obra ou serviço;
• Devem ser elaborados estudos de impacto ao meio ambiente, à vizinhança , acessibilidade
e desempenho, e relatórios desses impactos contendo as medidas mitigadoras;
• Obras que necessitem licenças ambientais devem ter as Licenças Prévias para se
licitar e de implantação para executar. Atenção especial para eventual necessidade de
desapropriações e regularização documental de imóveis.

Vejamos o que diz a Súmula 258 do TCU.


SÚMULA Nº 258
“As composições de custos unitários e o detalhamento de encargos sociais e do BDI
integram o orçamento que compõe o projeto básico da obra ou serviço de engenharia,
devem constar dos anexos do edital de licitação e das propostas das licitantes e não
podem ser indicados mediante uso da expressão ‘verba’ ou de unidades genéricas”.

A aprovação do projeto básico deverá levar em consideração os requisitos de segurança,


funcionalidade e adequação ao interesse público, economia na execução, conservação e
operação, possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais e matérias primas existentes
no local para execução, conservação, operação, adoção das normas técnicas de saúde
e segurança do trabalho adequado e os impactos ambientais e de vizinhança. Todos estes
fatores são relevantes na hora de elaborar as composições de custos unitários dos serviços e
do orçamento da obra.
Qualquer alteração de projeto básico ou de cronograma de execução físico-financeiro da
obra tem um impacto direto no orçamento.

1.3. Licitação de obras e serviços de engenharia


Face ao tema do curso, serão comentados apenas os aspectos inerentes à licitação de obras
e serviços de engenharia, permitindo a ampliação somente quando for necessário. Conhecido
o Projeto Básico, o orçamento e o cronograma físico-financeiro para execução da obra, será
definida a forma de execução: Direta ou Indireta. A opção pela execução indireta leva o gestor à
necessidade de realizar uma licitação para contratação de uma empresa, permitindo a dispensa
ou inexigibilidade somente nos casos previstos em lei.
Licitação é o procedimento administrativo formal, em que a Administração Pública convoca,
mediante condições estabelecidas em edital ou convite, empresas especializadas no objeto a
ser contratado, interessadas na apresentação de propostas para a execução da obra ou serviço.
Objetiva garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais
vantajosa para a Administração, de maneira a assegurar oportunidade igual a todos os interessados
e possibilitar o comparecimento ao certame do maior número possível de concorrentes.

19
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

O Procedimento de licitação é feito em duas fases distintas:

• Fase Interna;
• Fase Externa.

1.3.1 Fase Interna

Inicia-se com a ordem da autoridade competente e caracteriza-se pela fase de preparação


da licitação. Nesta fase, é definida a modalidade de licitação, elaborado o Edital de Licitação
com seus anexos, elaborada a estimativa de impacto orçamentário-financeiro dos recursos para
execução da obra ou serviços de engenharia, elaborada a declaração de que a despesa tem
adequação e compatibilidade com o PPA e com a LDO e adequação com a LOA.

Durante a fase interna, deve ser verificada a suficiência do projeto básico e adequação
do cronograma de desembolso com a estimativa de impacto orçamentário financeiro. Para
garantir a legalidade da licitação, o processo administrativo com o edital de licitação deve
ser submetido a uma análise jurídica. O parecer jurídico deve ser contundente quanto à
irregularidades, falhas e restritividades, devendo a Comissão de Licitação revisá-lo e em
seguida publicá-lo.

1.3.1.1 Modalidade de Licitação

A escolha da modalidade de licitação é feita com base no valor estimado da contratação, ou


seja, com base no orçamento. O art. 23 da Lei Federal 8666/93, lei geral de licitações, prevê as
seguintes modalidade de licitação e limites:

• Concorrência – acima de R$1.500.000,00


• Tomada de Preços – de R$ 150.000,00 até R$1.500.000,00
• Convite – de R$ 15.000,00 até R$150.000,00

Obras realizadas pelas unidades gestoras, até o limite de 10% do limite previsto para
convite (R$15.000,00) estão dispensadas de licitação. Este limite passa para 20% nos casos de
obras contratadas por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e
por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.

No que se refere às licitações realizadas por consórcios, a Lei nº 11.107/05 alterou o


§8º do art. 23 da Lei Federal 8666/93, aplicando o dobro dos valores mencionados, quando
o consórcio for formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por
maior número.

20
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Assim temos o seguinte quadro:


Tabela 3 – Limites de Licitação
Contratações de obras e serviços de engenharia
Consórcios com até 3 Consórcios com mais
Modalidade Licitação comum
entes federados de 3 entes federados
Convite Até R$150.000,00 Até R$300.000,00 Até R$450.000,00
Tomada de preços Até R$1.500.000,00 Até R$3.000.000,00 Até R$4.500.000,00
Concorrência Acima de R$1.500.000,00 Acima de R$3.000.000,00 Acima de R$4.500.000,00

A Lei Federal 10.520/2002 trouxe como novidade o conceito de serviços comuns, definido
como aqueles serviços cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. O Pregão eletrônico foi
regulamentado, a nível federal, pelo Decreto Federal 5.450/2005. No início, entendeu-se que as
obras e serviços de engenharia não poderiam ser licitados na modalidade de Pregão. Entretanto,
com a edição do Decreto 5.450/2005 verificou-se, pelo art. 6º, que somente o Pregão Eletrônico
não se aplicava à contratação de obras de engenharia. A matéria foi pacificada e sintetizada na
súmula nº 257 do TCU.

SÚMULA 257

O uso do pregão nas contratações de serviços comuns de engenharia encontra amparo


na Lei nº 10.520/2002.

Assim, Serviços de engenharia cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser


objetivamente definidos pelo edital de licitação podem ser contratados na forma de Pregão.

1.3.1.2 Estimativa de impacto orçamentário financeiro

A estimativa de impacto orçamentário financeiro é a condição para a realização da licitação.


Antes de se iniciar um procedimento de licitação, o gestor deve se cercar de garantias de
possuir recursos orçamentário e financeiro para custear as despesas.

Conforme previsto no parágrafo 2º do art. 7º da Lei Federal 8666/93, as obras públicas


só podem ser licitadas quando houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o
pagamento delas decorrentes, no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo
cronograma;

21
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Art. 7º -

§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:

III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das


obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício
financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;

Esta ideia encontra-se alinhada como o previsto no art. 16 da Lei Complementar 101,
05/05/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece que as obras públicas somente
poderão ser licitadas quando houver disponibilidade orçamentária e financeira, atestada
mediante estimativa de impacto orçamentário-financeiro e declaração do ordenador de despesas
de que as despesas tem adequação orçamentária e financeira com a Lei Orçamentária Anual,
compatibilidade com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete


aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em


vigor e nos dois subsequentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária


e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e
com a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e


suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas
as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de
trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa


que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses
instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 4º As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

22
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Em resumo, obras públicas realizadas sem a previsão nos instrumentos de planejamento da


administração PPA, LDO e LOA não estão autorizadas em Lei. Em conformidade com o art. 15
da Lei de Responsabilidade Fiscal, estas deverão ser consideradas não autorizadas e lesivas
ao patrimônio público. Deve-se lembrar que nos termos do art. 15 da lei de responsabilidade
fiscal, a despesa realizada sem a estimativa deve ser considerada lesiva ao patrimônio público.
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio
público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto
nos arts. 16 e 17.

1.3.1.3 Declaração de compatibilidade com o PPA e LDO e adequação com a LOA


Com o objetivo de reduzir os riscos relativos à licitação e contratação da execução de
obras e serviços de engenharia sem disponibilidade orçamentária e financeira, a Lei de
Responsabilidade Fiscal, no seu art. 16, exigiu ainda que o ordenador de despesas declarasse
de próprio punho que o aumento de despesa relativos a operação e manutenção decorrentes
da criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental tem compatibilidade com o
Plano Plurianual. com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e adequação com a Lei Orçamentária
Anual.
Ex.: construção de um novo hospital sem previsão de recursos para aquisição de mobiliário,
equipamentos e mão de obras indispensáveis à sua operação.
Da mesma forma, a ausência é infração grave e a despesa realizada sem a declaração é
considerada não autorizada e lesiva ao patrimônio público.

1.3.1.4 Projeto Básico, orçamento e cronograma físico-financeiro


O projeto básico de uma licitação deve estar pronto quando do início da fase interna da
licitação, assim como o orçamento atualizado. Ao iniciar a fase interna da licitação deve-se
também atualizar o cronograma físico financeiro.

1.3.1.5 Edital de Licitação


A lei geral de licitações dita as diretrizes gerais para as licitações, enquanto que o Edital
disciplina cada certame impondo a ele características próprias. As cláusulas necessárias de um
edital de licitação encontram-se definidas no art. 40 da Lei Federal 8666/93.
Os responsáveis pelas unidades gestoras que licitam e contratam a execução de obras
e serviços de engenharia devem estar atentos para que não sejam inseridas nos editais
de licitação cláusulas abusivas, que venham a frustrar o caráter competitivo das licitações.
Exigências tais como: índices contábeis excessivos, garantia e capital social de forma cumulativa
etc. são exigências que frustram o caráter competitivo de uma licitação e colocam em risco o
procedimento.

23
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Quanto ao aspecto técnico de engenharia, tem-se observado que os editais de licitação têm
trazido exigências de qualificação técnica excessivas. As exigências de qualificação técnica nos
editais, apesar da discricionariedade do gestor, devem ser motivadas e devidamente justificadas
na fase interna do processo de licitação. Exigência de que o responsável técnico da empresa
realize as visitas técnicas, que o profissional indicado seja obrigatoriamente empregado da
empresa participante, exigência de acervo profissional não proporcional aos serviços a serem
contratados e serviços sem relevância técnica e econômica são restritivas e podem direcionar
o resultado da licitação. São irregulares à luz da lei de licitações e sujeitas às sanções e
penalidades previstas. Os gestores devem ficar atentos para que estas exigências não estejam
contidas nos seus editais de licitação. A elaboração do Edital de Licitação e a sua publicação
encerra a fase interna de um procedimento.

1.3.2 Fase Externa


A fase externa ou pública inicia-se com a publicação do instrumento convocatório, passa
pela recepção das propostas, habilitação dos licitantes, julgamento das propostas, recursos,
julgamento de recursos, adjudicação dos itens aos vencedores e a homologação do processo.

13.2.1 Publicidade do aviso de licitação

Um dos princípios fundamentais da licitação é a publicidade. Os avisos de licitação das


concorrências, das tomadas de preços devem ser publicados com antecedência nos seguintes
instrumentos de divulgação:

• No diário oficial da união – para obras financiadas parcial ou totalmente com recursos
federais ou garantidas por instituições federais;
• No diário oficial do Estado, ou do Distrito Federal - para obras executadas por órgão ou
entidade pertencente à Administração Pública Estadual, Municipal ou do Distrito Federal;
• Em jornal de grande circulação no Estado, no Município ou na região onde será realizada
a obra ou prestado o serviço,
Em função da modalidade de licitação e se tratando de obras e serviços de engenharia, o
prazo entre a publicação do edital e a abertura das propostas será:

• 45 dias - concorrência, quando o contrato for sob o regime de empreitada integral ou


quando a licitação for do tipo melhor técnica ou técnica e preço;
• 30 dias – concorrência, quando o contrato não for sob o regime de empreitada integral e
para Tomada de Preços do tipo melhor técnica ou técnica e preço;
• 15 dias – para as tomadas de preços do tipo menor preço.

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

No caso de convite, o prazo é de 5 dias contado da data da expedição do convite. É


importante ressaltar que por expedição do convite deve-se entender a data que o convite é
feito à empresa, ou seja, a data do recebimento na empresa. Neste caso, considera-se a data
do último convite. Qualquer modificação no instrumento convocatório que venha alterar as
condições para formulação das propostas exige nova publicidade pela mesma forma que se
deu o aviso de licitação, reabrindo o prazo inicialmente estabelecido.

1.3.2.2 Recepção das propostas


Cumprido o prazo estipulado no art. 21 da Lei de Licitações, que dispõe sobre as publicações,
no horário e local definido no Edital de Licitações devem ser protocolados as propostas das
empresas interessadas no certame. Para as licitações nas modalidades de convite, tomada de
preços e concorrência deverão ser protocolados dois envelopes, contendo respectivamente os
documentos de habilitação e os documentos de propostas financeiras. O serviço de protocolo
deve se resguardar para que os envelopes estejam lacrados, de modo que não sejam devassadas
as propostas.

1.3.2.3 Fase de habilitação dos licitantes


A comissão de licitação, após aberta a sessão pública, deverá proceder à abertura dos
envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos concorrentes, e a sua apreciação.
Depois de apreciada a documentação e divulgado o resultado, deve-se abrir prazo para recurso
pelos licitantes.
Transcorrido o prazo sem interposição de recurso ou após o seu julgamento, ou ainda, após
a denegação do prazo de recurso pelos licitantes, deve-se proceder à devolução dos envelopes
fechados aos concorrentes inabilitados, contendo as propostas.

1.3.2.4. Fase de julgamento das propostas, recursos, julgamento de recursos


Os envelopes contendo as propostas financeiras para as modalidades de convite, tomada
de preços e concorrência deverão ser abertos apenas depois de transcorrido o prazo sem
interposição de recursos para habilitação, ou depois de ter havido desistência expressa do
prazo de recurso, ou após o julgamento dos recursos. A comissão de licitação deve verificar
a conformidade de cada proposta com as exigências do edital de licitação e com os preços
correntes no mercado, ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda em atas de registro de
preços.
É importante o trabalho da comissão de licitação – CPL, que para o caso de julgamento
de licitações de obras deve contar com o apoio técnico de engenheiros. Na análise os critérios
devem ser objetivos. Não se admite critério sigiloso ou subjetivo.

25
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

A CPL deve estar atenta quanto aos preços unitários e preço global. Não se deve admitir
preços unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, que não demonstrem compatibilidade com
os insumos e salários de mercado, acrescidos dos encargos. A exceção encontra-se no caso
de materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, quando houver renúncia formal
à parcela ou à remuneração. Quando no julgamento houver empate entre duas propostas, a
classificação deve ser feita, obrigatoriamente, por sorteio.
A comissão de licitação deve sempre atentar para os critérios de aceitabilidade das propostas.
No caso de obras e serviços de engenharia, esses critérios encontram-se claramente definidos
no art. 48, abaixo transcrito:
Art. 48. Serão desclassificadas:
I - as propostas que não atendam às exigências do ato convocatório da licitação;
II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com preços
manifestamente inexequíveis, assim considerados aqueles que não venham a ter
demonstrada sua viabilidade através de documentação que comprove que os custos dos
insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes de produtividade são
compatíveis com a execução do objeto do contrato, condições estas necessariamente
especificadas no ato convocatório da licitação.
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente
inexequíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia,
as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos
seguintes valores:
a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinquenta por cento)
do valor orçado pela administração, ou
b) valor orçado pela administração.

Exemplo 4: Uma licitação cujo preço estimado foi de R$125.000,00. Três empresas
participaram do certame, foram habilitadas, e apresentaram as seguintes propostas:

Tabela 4 – preços do exemplo 4


Propostas Preços
P1 85.000,00
P2 90.000,00
P3 50.000,00
Soma 225.000,00
Média 75.000,00
70% da média 52.500,00
70% do valor estimado 87.500,00

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

Comparando as três propostas com o menor dos dois valores (R$52.500,00), verifica-se que
a proposta P3 apresenta preço inexequível, devendo ser desclassificada. Portanto, a vencedora
do certame deveria ser a proposta P1, no valor de R$85.000,00.

1.3.2.5. Recursos administrativos - julgamento dos recursos


Das decisões da CPL (habilitação, julgamento das propostas, anulação, revogação etc.)
cabe aos licitantes participantes verificarem a prática de ilegalidade, a impugnação por meio de
recurso administrativo. O prazo de recurso previsto na Lei de Licitações é de 5 dias, a contar da
intimação do ato ou da lavratura da ata. Para o caso de convite, o prazo de recurso é de 2 dias,
nos termos do art. 109 da Lei de Licitações.
Os recursos interpostos têm efeito suspensivo sobre o andamento da licitação. Interposto
um recurso, este será imediatamente comunicado aos demais licitantes, que poderão impugná-
lo no prazo de 5 dias. O recurso deverá ser dirigido à autoridade superior, por intermédio da
que praticou o ato, a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 dias úteis ou neste
mesmo prazo, encaminhar à autoridade superior, devidamente informada que deverá proferir
uma decisão no prazo de 5 dias.

1.3.2.6. Adjudicação e homologação do processo


A adjudicação é ato pelo qual o presidente da CPL transfere o objeto de uma licitação ao
primeiro licitante classificado. A Homologação é o ato pelo qual se convalida a adjudicação. É
o último ato de uma licitação. Com a homologação encerra-se a fase externa da licitação e o
processo é, então, encaminhado para parecer jurídico e assinatura do contrato.
A Comissão de Licitação deve ter como parceira o setor jurídico e o setor técnico. É
importante que todos tenham consciência da sua limitação, não ultrapassando a competência
do outro. É conselho que a CPL, a todo momento, se apoie no setor jurídico e no setor técnico,
procedendo a uma licitação exatamente nos molde que recomenda a Lei Federal 8666/93.

1.3.2.7 Cuidados a serem observados na licitação


Nas fases interna e externa da licitação devem ser tomados os seguintes cuidados:
1- As obras e serviços de engenharia somente poderão ser licitados se houver projeto
básico ou executivo disponível para consulta e orçamento detalhado em planilhas de
quantitativos e preços unitários;
2- As obras e serviços de engenharia somente poderão ser licitados quando houver
disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros no exercício em que se iniciará
e nos dois subsequentes;

27
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

3- Evitar exigências excessivas não razoáveis que venham a restringir o caráter competitivo
da licitação;
4- Parcelar o objeto da licitação é a regra, sempre que comprovado técnica e
economicamente viável. Em objetos divisíveis o não parcelamento deve ser motivado
e justificado;
5- Aplicar taxas de BDI diferenciadas para materiais e equipamentos de naturezas
diferenciadas, sempre que o parcelamento se mostrar inviável técnica e economicamente;
6- Disponibilizar nos editais para obras e serviços de engenharia o Projeto Básico
completo, suficientemente detalhado;
7- Disponibilizar nos editais os orçamentos, computando o BDI e as taxas de Encargos
Sociais;
8- Evitar nas planilhas o uso de unidades genéricas que não expressem os índices de
produtividade dos serviços;
9- Prever critérios de aceitabilidade de preços unitários e global:
10- Não estabelecer exigências excessivas e restritivas quanto à qualificação técnica:
11- Evitar critérios de julgamentos subjetivos;
12- Julgar a licitação em estrita conformidade com o instrumento convocatório;
13- Proceder à análise das planilhas orçamentárias das propostas, confrontando-as com
a planilha orçamentária do edital e os critérios de acessibilidade de preços unitários e
global.

1.3.3 Contrato
O contrato é o instrumento que regula a relação entre a Administração Pública e as
empresas. Este se regula por suas cláusulas, pelos preceitos de direito público, aplicando-lhes,
supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.
O contrato deve estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução,
expressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes,
em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se vinculam. As cláusulas
que devem conter um contrato administrativo encontram-se elencadas no art. 55 da Lei Federal
8666/93. O contrato decorrente de dispensa ou de inexigibilidade de licitação deve atender aos
termos do ato que o autorizou a sua formalização à respectiva proposta. No contrato decorrentes
de licitação, terminada a fase externa e depois de publicado o resultado, deverá ser convocado o
vencedor da licitação para assinar o contrato. Se o licitante vencedor não assinar o contrato, ou
não aceitar ou retirar instrumento equivalente, nos prazos e condições estabelecidas decairá, o
direito à contratação. Neste caso, será facultado à administração revogar a licitação ou convocar

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

os licitantes remanescentes, na ordem de classificação para assiná-lo, no mesmo prazo e nas


mesmas condições propostas pelo licitante primeiro classificado, inclusive quanto aos preços
atualizados.
Passados 60 dias da data da entrega das propostas, sem que a administração convoque os
licitantes vencedores para a assinatura do contrato, ficam os mesmos liberados dos compromissos
assumidos com a administração. É importante observar que o licitante classificado em primeiro
lugar que se recusar a assinar o contrato estará sujeito a sanções previstas no art. 81 da Lei de
licitações, uma vez que esta recusa caracteriza o descumprimento das obrigações assumidas.
A publicação resumida do extrato de contrato é condição indispensável para sua eficácia.
A administração deverá, após a assinatura do contrato, providenciar a publicação até o quinto
dia útil do mês seguinte ao da assinatura do contrato. A eficácia ocorre no prazo de vinte dias
da publicação.

1.3.3.1. Alterações contratuais


Os contratos regidos pela Lei Federal 8666/93 podem sem alterados unilateralmente pela
Administração ou por acordo entre as partes. Unilateralmente pela administração, na modificação
do projeto ou das especificações técnicas, por necessidade de adequação aos objetivos da
obra, ou simplesmente em decorrência de acréscimo ou supressão de serviços do seu objeto,
até o limite de 25% para obras e no caso de reforma até 50%. Por acordo ente as partes, quando
houver necessidade da substituição da garantia de execução ou for necessária a modificação
do regime de execução do contrato, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos
termos contratuais originários.
Nas alterações contratuais tem surgido, nas unidades gestoras, uma série de irregularidades
quanto à aplicação dos limites previstos no art. 65. Este é um ponto polêmico que merece ser
destacado. As supressões ou acréscimos devem obedecer aos limites previstos de 25% para
obras e 50% para acréscimos em reformas. Estes limites não podem ser ultrapassados.
Exemplo 5: Foi executado um contrato para reforma de um estádio para a copa do mundo
de futebol de 2014, por R$46Mi. Iniciadas as obras, foi feito um termo aditivo, tendo sido juntada
uma planilha alterando o valor para R$69Mi. Ao proceder à análise do termo aditivo, verificou-
se que houve supressões de serviços que somaram R$23Mi e Acréscimos no montante de
R$46Mi. Os aditivos encontram-se em conformidade com o art. 65 da Lei Federal 8666/93?
Análise da equipe de auditoria:
1- O projeto inicial foi completamente descaracterizado, passando o objeto de reforma para
a construção de um novo estádio – Reforma virou Construção de um novo estádio;
2- As supressões de serviços somaram R$23Mi, ou seja, 50% do valor do contrato – irregular
pois o objeto deixou de ser reforma – limite 25%;

29
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 01: Licitação e Contratação de Obras

3- Os acréscimos de serviços somaram R$46Mi, ou seja, 100% do valor do contrato.


Portanto, irregular – limite 25%.
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação
técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo
ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
II - por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem
como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos
termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de
circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação
do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos
do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra,
serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém
de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado,
ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica extraordinária e extracontratual.
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os
acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25%
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de
reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para
os seus acréscimos.
§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos no
parágrafo anterior

Ressalta-se que a variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto
no próprio contrato, as atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes
das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias
suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração de contrato. Neste
caso devem ser registrados por apostila, dispensando a celebração de aditamento e publicação.

30
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

Módulo 02: Política Nacional de Saneamento


1. Introdução:
A Política Nacional de Saneamento foi estabelecida pela Lei Federal 11.445/2007. Esta
aborda como saneamento o conjunto de serviços de abastecimento público de água potável;
coleta, tratamento e disposição final adequada dos esgotos sanitários; drenagem e manejo das
águas pluviais urbanas, além da limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos.
Neste módulo abordaremos a Política Nacional de Saneamento, Execução de Obras e
serviços de engenharia e Gestão de contrato e controles e o Geo-Obras.

Objetivos do módulo:
Apresentar a Política Nacional de Saneamento.

31
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

Figura 2 – Serviços que compõem o saneamento.

A Lei 11.445/2007 trouxe como princípios fundamentais da Política Nacional de Saneamento


a universalização do acesso e a integralidade, ou seja, com a publicação da lei os governos das
esferas municipais devem garantir o acesso ao saneamento (água tratada, coleta e tratamento
de esgoto, coleta de lixo e drenagem das águas de chuva) a todos os cidadãos.

É importante que a oferta dos serviços seja articulada com outras políticas públicas de
modo a obter maior eficiência e sustentabilidade econômica além de segurança, qualidade e
regularidade e integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos
hídricos. Um dos pilares da nova lei de saneamento é o controle social com a transparência
das ações pelos governos. Os titulares dos serviços públicos de saneamento básico poderão
delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação dos serviços de saneamento.
Deverão elaborar os respectivos planos de saneamento básico, fixar os direitos e deveres dos
usuários e estabelecer mecanismos de controle social.

Sempre que necessário os titulares deverão intervir na prestação de serviços e, se


necessário, retomar a operação dos serviços delegados.

As diretrizes da política federal de saneamento básico estabelecido foram:

• Equidade social e territorial no acesso aos serviços;


• Promoção da salubridade ambiental e maximização da relação benefício-custo;
• Promoção do desenvolvimento institucional do saneamento básico;
• Fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico;
• Minimização dos impactos ambientais advindos da implantação e desenvolvimento das
ações, obras e serviços.

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

Coube ao Governo Federal estabelecer as condicionantes da alocação de recursos públicos


federais e dos financiamentos com recursos da União, ou com recursos operados por órgãos
ou entidades da União. O Art. 11 da lei estabeleceu um conjunto de condições de validade dos
contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos de saneamento básico quais
sejam: plano de saneamento básico (geral ou específicos por serviço); estudo comprovando
viabilidade técnica e econômico-financeira da prestação universal e integral dos serviços;
normas de regulação e designação da entidade de regulação e de fiscalização; realização
prévia de audiências e de consulta públicas; mecanismos de controle social nas atividades
de planejamento, regulação e fiscalização e, as hipóteses de intervenção e de retomada dos
serviços.

1.2. Programa Nacional de Saneamento e Gestão dos Resíduos Sólidos


A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos considerados na lei como serviços públicos
são compostos pelas atividades de: coleta; transbordo e transporte dos resíduos; triagem
para fins de reuso ou reciclagem; tratamento, incluindo compostagem; e disposição final dos
resíduos. Refere-se também ao lixo originário da varrição, capina e poda de árvores em vias
e logradouros públicos e outros serviços de limpeza pública urbana. A Lei 11.445/2007 definiu
ainda que a sustentabilidade econômica financeira dos serviços de limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos urbanos sejam assegurados, sempre que possível, mediante remuneração
pela cobrança destes serviços, por meio de taxas ou tarifas e outros preços públicos, em
conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades. Portanto, embora
sejam licitados e contratados pela administração pública, quem paga os serviços de coleta de
resíduos sólidos urbanos, o tratamento e a disposição final é o cidadão.
É importante registrar que essa lei incluiu uma alteração na Lei 8.666/1993, permitindo
a dispensa de licitação para a contratação e remuneração de associações ou cooperativas
de catadores de materiais recicláveis. Quanto à elaboração dos planos, além de facultar a
elaboração de planos específicos por serviço, a lei exigiu que fossem editados pelos próprios
titulares. Exigiu ainda, que fossem compatíveis com os planos das bacias hidrográficas e
revistos ao menos a cada quatro anos, anteriormente ao Plano Plurianual. Se os serviços
envolverem a prestação regionalizada de serviços, os planos dos titulares que se associem
fossem compatíveis entre si.
A Lei 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que é um marco para
o setor. Instituíram, também, as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, incluídos os resíduos perigosos, à responsabilidades dos geradores e do
poder público.
Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve-se observar a seguinte ordem de
prioridade: Não geração de resíduos, redução dos resíduos, reutilização, reciclagem, tratamento
dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

Figura 3 – Prioridades na gestão e gerenciamento de RSU

Ao Estado ficou a tarefa de promover a integração da organização, do planejamento e da


execução das funções públicas de interesse comum relacionadas à gestão dos resíduos sólidos
nas regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões e controlar e fiscalizar as
atividades dos geradores sujeitas a licenciamento ambiental pelo órgão estadual do Sisnama.
A elaboração de plano estadual de resíduos sólidos será elaborada para vigência por prazo
indeterminado para uma visão de 20 anos e revisões a cada 4 anos. Além do plano estadual de
resíduos sólidos, os Estados poderão elaborar planos microrregionais de resíduos sólidos, bem
como planos específicos direcionados às regiões metropolitanas ou às aglomerações urbanas.
A elaboração e a implementação pelos Estados de planos microrregionais de resíduos
sólidos, ou de planos de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas, em consonância com
o previsto no § 1o, dar-se-ão obrigatoriamente com a participação dos Municípios envolvidos e
não excluem nem substituem qualquer das prerrogativas a cargo dos Municípios previstas pela
lei federal 12.305/2010. O plano microrregional de resíduos sólidos deve atender ao previsto
para o plano estadual e estabelecer soluções integradas para a coleta seletiva, a recuperação
e a reciclagem, o tratamento e a destinação final dos resíduos sólidos urbanos e, consideradas
as peculiaridades microrregionais, outros tipos de resíduos, etc.
A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos
previstos pela Lei Federal 12.305, é condição para o Distrito Federal e os Municípios terem
acesso a recursos da União ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços
relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados
por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade.
Terão prioridade os municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais para
a gestão dos resíduos sólidos, incluída a elaboração e implementação de plano intermunicipal,
ou que se inserirem de forma voluntária nos planos microrregionais de resíduos sólidos e
que implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas
de baixa renda.

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

1.3. Plano Nacional de Resíduos Sólidos


A lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS previu
a elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, sendo o seu processo de construção
descrito no Decreto no. 7.404/2010, que a regulamentou.Coube à União, por intermédio da
coordenação do Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Comitê Interministerial, elaborar o
Plano Nacional de Resíduos Sólidos.

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos tem vigência por prazo indeterminado e com um
horizonte de 20 (vinte) anos, com atualização a cada 04 (quatro) anos e conteúdo conforme
descrito nos incisos I ao XI do Artigo 15 da lei 12.305/2010. Com a regulamentação da Lei
12305/2010 mereceu destaque a construção de um Sistema Nacional de Informações sobre
a Gestão dos Resíduos Sólidos – SINIR. O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão
dos Resíduos Sólidos, SINIR, é um dos Instrumentos no qual a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS) está ancorada. A evolução do PRNS e sua concepção envolverá o Sistema
Nacional de Informações sobre Meio Ambiente (SINIMA) e o Sistema Nacional de Informações
Sobre Saneamento Básico (SINISA), atual SNIS coordenado pelo Ministério das Cidades no
que se refere aos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Os resíduos sólidos urbanos (RSU), que correspondem aos resíduos domiciliares e de


limpeza urbana (varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza
urbana), foram os que apresentaram uma maior quantidade de informações disponibilizadas
em diversos sistemas de informações de fontes oficiais (IBGE, MCidades). Compreendem uma
grande variedade de temas interrelacionados, tais como a logística reversa, a coleta seletiva, a
atuação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, a compostagem, a recuperação
energética, dentre outros, e se referem a questões que apresentam maior impacto nas relações
entre entes federados, em especial Estados e Municípios, com reflexos no processo de
elaboração dos demais planos de resíduos sólidos pelos entes federados (planos estaduais,
interfederativos e municipais).

O Decreto no. 7.404/2010, que regulamentou a PNRS, em seus artigos 53 e 54 estabeleceu


o vínculo entre os planos de resíduos sólidos (municipais ou intermunicipais) e os planos de
saneamento básico, no que tange ao componente de limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos urbanos. O componente limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos contemplado
na Proposta de Plano Nacional de Saneamento Básico - Plansab compreende as atividades,
infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
disposição final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e
vias públicas.

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

1.4. Planos Microrregionais, Metropolitanos ou de Aglomerações Urbanas de


Resíduos Sólidos
É extremamente importante a ênfase a ser dada ao planejamento em todos os níveis, do
nacional ao local, assim como ao planejamento do gerenciamento de determinados resíduos.
A exigência não é somente para a formulação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, mas
também dos Planos Estaduais, dos Municipais e dos Planos de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos de alguns geradores específicos.
Os Planos Municipais podem ser elaborados como Planos Intermunicipais, Microrregionais,
de Regiões Metropolitanas e de Aglomerações Urbanas. Para os territórios em que serão
estabelecidos consórcios, bem como para as regiões metropolitanas e aglomerados urbanos,
os estados poderão elaborar Planos Microrregionais de Gestão, obrigatoriamente com a
participação dos municípios envolvidos na elaboração e implementação.
As peculiaridades de cada localidade deverão definir o formato do plano regional ou
municipal, tendo como referência o conteúdo mínimo estipulado. As vocações econômicas,
o perfil socioambiental do município e da região, ajudam a compreender os tipos de resíduos
sólidos gerados, como serão tratados e a maneira de dar destino adequado a eles. A Lei
estabelece que serão priorizados no acesso aos recursos da União os estados que instituírem
microrregiões, para integrar a organização, o planejamento e a execução das ações a cargo de
municípios limítrofes na gestão de resíduos sólidos.

1.5. Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos


As dificuldades financeiras e a fragilidade da gestão de grande parte dos municípios
brasileiros para a solução dos problemas relacionados aos resíduos sólidos abrem espaço para
que as cidades se organizem coletivamente visando à construção de planos intermunicipais
de gestão integrada de resíduos sólidos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos incentiva
a formação de associações intermunicipais que possibilitem o compartilhamento das tarefas
de planejamento, regulação, fiscalização e prestação de serviços de acordo com tecnologias
adequadas à realidade regional.
O Governo Federal tem priorizado a aplicação de recursos na área de resíduos sólidos por
meio de consórcios públicos, constituídos com base na Lei nº 11.107/2005, visando fortalecer
a gestão de resíduos sólidos nos municípios. É uma forma de induzir a formação de consórcios
públicos que congreguem diversos municípios para planejar, regular, fiscalizar e prestar os
serviços de acordo com tecnologias adequadas a cada realidade, com um quadro permanente
de técnicos capacitados, potencializando os investimentos realizados, e profissionalizando a
gestão.
Quando comparada ao modelo atual, no qual os municípios manejam seus resíduos sólidos
isoladamente, a gestão associada possibilita reduzir custos. O ganho de escala no manejo

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

dos resíduos, conjugado à implantação da cobrança pela prestação dos serviços, garante
a sustentabilidade econômica dos consórcios e a manutenção de pessoal especializado na
gestão de resíduos sólidos.
Os estudos de regionalização são importantes para viabilizar a constituição de consórcios
públicos, pois fornecem uma base de dados capaz de facilitar o entendimento ou as negociações
entre os diferentes gestores municipais, agilizando o processo de constituição de consórcios.
O Estudo de Regionalização tem por objetivo a identificação de arranjos territoriais
(microrregiões) entre municípios, contíguos ou não, com o objetivo de compartilhar serviços ou
atividades de interesse comum, permitindo, dessa forma, maximizar os recursos humanos, de
infraestrutura e financeiros existentes em cada um deles, gerando economia de escala.
Os municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais para gestão dos
resíduos sólidos estarão dispensados da elaboração dos seus Planos Municipais de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos. Neste caso, o plano intermunicipal deve observar o conteúdo
mínimo previsto no Art. 19 da Lei nº 12.305/2010.

1.6. Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos


A elaboração dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS)
é condição necessária para o Distrito Federal e os municípios terem acesso aos recursos da
União, destinados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos. O conteúdo mínimo
encontra-se no Art. 19 da Lei 12.305/2010:
• Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no respectivo território, contendo a
origem, o volume, a caracterização dos resíduos e as formas de destinação e disposição
final adotadas;
• Identificação de áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada de
rejeitos, observado o plano diretor de que trata o § 1o do art. 182 da Constituição Federal
e o zoneamento ambiental, se houver;
• Identificação das possibilidades de implantação de soluções consorciadas ou
compartilhadas com outros Municípios, considerando, nos critérios de economia de
escala, a proximidade dos locais estabelecidos e as formas de prevenção dos riscos
ambientais;
• Identificação dos resíduos sólidos e dos geradores sujeitos a plano de gerenciamento
específico nos termos do art. 20 ou a sistema de logística reversa na forma do art. 33,
observadas as disposições desta Lei e de seu regulamento, bem como as normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
• Procedimentos operacionais e especificações mínimas a serem adotados nos serviços
públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, incluída a disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos e observada a Lei nº 11.445, de 2007;

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

• Indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços públicos de limpeza


urbana e de manejo de resíduos sólidos;
• Regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos sólidos de que
trata o art. 20, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do
SNVS e demais disposições pertinentes da legislação federal e estadual;
• Definição das responsabilidades quanto à sua implementação e operacionalização,
incluídas as etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos a que se refere o art.
20 a cargo do poder público;
• Programas e ações de capacitação técnica, voltados para sua implementação e
operacionalização;
• Programas e ações de educação ambiental que promovam a não geração, a redução, a
reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos;
• Programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das
cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda, se houver;
• Mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda, mediante a
valorização dos resíduos sólidos;
• Sistema de cálculo dos custos da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos, bem como a forma de cobrança desses serviços, observada
a Lei nº 11.445, de 2007;
• Metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas
a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente
adequada;
• Descrição das formas e dos limites da participação do poder público local na coleta
seletiva e na logística reversa, respeitado o disposto no art. 33, e de outras ações relativas
à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
• Meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito local, da implementação
e operacionalização dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos de que trata o art.
20 e dos sistemas de logística reversa previstos no art. 33;
• Ações preventivas e corretivas a serem praticadas, incluindo programa de monitoramento;
• Identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos, incluindo áreas
contaminadas, e respectivas medidas saneadoras;
• Periodicidade de sua revisão, observado prioritariamente o período de vigência do plano
plurianual municipal.

O Decreto 7.404/2010, que a regulamenta, apresenta, no Art. 51, o conteúdo mínimo,


simplificado em 16 itens, a serem adotados nos planos de municípios com população até 20 mil
habitantes.
• Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no respectivo território, com a
indicação da origem, do volume e da massa, a caracterização dos resíduos e as formas
de destinação e disposição final adotadas;

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

• Identificação das áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada de


rejeitos, observado o plano diretor de que trata o § 1o do art. 182 da Constituição e o
zoneamento ambiental, quando houver;
• Identificação da possibilidade de implantação de soluções consorciadas ou compartilhadas
com outros Municípios, considerando a economia de escala, a proximidade dos locais
estabelecidos e as formas de prevenção dos riscos ambientais;
• Identificação dos resíduos sólidos e dos geradores sujeitos ao plano de gerenciamento
ou ao sistema de logística reversa, conforme os arts. 20 e 33 da Lei nº 12.305, de
2010, observadas as disposições deste Decreto e as normas editadas pelos órgãos do
SISNAMA e do SNVS;
• Procedimentos operacionais e especificações mínimas a serem adotadas nos serviços
públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, incluída a disposição final
ambientalmente adequada de rejeitos, em consonância com o disposto na Lei nº 11.445,
de 2007, e no Decreto no 7.217, de 21 de junho de 2010;
• Regras para transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos sólidos de que
trata o art. 20 da Lei nº 12.305, de 2010, observadas as normas editadas pelos órgãos do
SISNAMA e do SNVS, bem como as demais disposições previstas na legislação federal
e estadual;
• Definição das responsabilidades quanto à sua implementação e operacionalização pelo
Poder Público, incluídas as etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos;
• Programas e ações de educação ambiental que promovam a não geração, a redução, a
reutilização, a coleta seletiva e a reciclagem de resíduos sólidos;
• Programas e ações voltadas à participação de cooperativas e associações de catadores
de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda,
quando houver;
• Sistema de cálculo dos custos da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos, bem como a forma de cobrança desses serviços, observado
o disposto na Lei nº 11.445, de 2007;
• Metas de coleta seletiva e reciclagem dos resíduos;
• Descrição das formas e dos limites da participação do Poder Público local na coleta
seletiva e na logística reversa, respeitado o disposto no art. 33 da Lei nº 12.305, de
2010, e de outras ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos;
• Identificação de áreas de disposição inadequada de resíduos e áreas contaminadas e
respectivas medidas saneadoras; e
• Periodicidade de sua revisão.

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O PGIRS pode estar inserido no Plano de Saneamento Básico integrando-se com os planos
de água, esgoto, drenagem urbana e resíduos sólidos, previstos na Lei nº 11.445/2007. Neste
caso deve ser respeitado o conteúdo mínimo definido em ambos os documentos legais. Para
os municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais para gestão dos resíduos
sólidos não há a necessidade de elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos. O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) deve
definir, no âmbito local ou regional, o órgão público que será a referência para entrega do Plano
de Gerenciamento, de forma a garantir a sistemática anual de atualização, visando o controle
e a fiscalização, o qual deverá orientar quanto a estes procedimentos, quanto às penalidades
aplicáveis pelo seu não cumprimento, assim como pela identificação dos responsáveis por:
• Atividades industriais;
• Agrosilvopastoris;
• Estabelecimentos de serviços de saúde;
• Serviços públicos de saneamento básico;
• Empresas e terminais de transporte;
• Mineradoras;
• Construtoras;
• Grandes estabelecimentos comerciais e de prestação de serviço.

A Lei 12.305/2010, no Art. 21 § 2º, estabelece que a inexistência do PGIRS não obste
a elaboração, implementação e operacionalização do Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos. O Decreto 7.404/2010, que a regulamenta, no Art. 56, afirma que os responsáveis
pelo Plano de Gerenciamento deverão disponibilizar ao órgão municipal competente, ao órgão
licenciador do SISNAMA e às demais autoridades competentes, com periodicidade anual,
informações completas e atualizadas sobre a implementação e a operacionalização do plano,
consoante as regras estabelecidas pelo órgão coordenador do SINIR, por meio eletrônico.

1.7. Logística Reversa


O conceito de logística reversa introduzido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos
- PNRS está associado à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. A
logística reversa é um instrumento caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial,
para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada.
A Lei nº 12.305/2010 definiu três diferentes instrumentos que poderão ser usados para a sua
implantação: regulamento, acordo setorial e termo de compromisso. O acordo setorial é um ato
de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores

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ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de


vida dos produtos. Por permitir grande participação social, o Acordo Setorial tem sido escolhido
como o instrumento preferencial para a implantação da logística reversa.
Para estudar e buscar soluções de modelagem e governança para cada uma das cadeias
de produtos escolhidas como prioritárias pelo comitê orientador, criado pela Lei 12.305, foram
criado cinco Grupos de Trabalho Temáticos – GTTs:
• embalagens plásticas de óleos lubrificantes;
• lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
• produtos eletroeletrônicos e seus componentes;
• embalagens em geral; e
• resíduos de medicamentos e suas embalagens.

O objetivo principal da criação desses grupos é a elaboração de uma minuta de edital de


chamamento para a realização de acordos setoriais bem como a coleta de subsídios para a
realização de estudos de viabilidade técnica e econômica para implantação de sistemas de
logística reversa – EVTE. Todos os grupos criados já concluíram seus trabalhos. A situação da
implantação da logística reversa dessas cadeias, em novembro/2013, está mostrada a seguir:
• Embalagens Plásticas de Óleos Lubrificantes – O Acordo Setorial foi assinado dia
19/12/2012;
• Lâmpadas de Vapor de Sódio e Mercúrio e de Luz Mista – Foram apresentadas duas
propostas. O processo de análise pelo MMA e a discussão com os setores proponentes
que se seguiu resultou na consolidação dessas em uma proposta conjunta que se encontra
em negociação para os ajustes finais após o que será objeto de consulta pública;
• Produtos Eletroeletrônicos e seus Resíduos – Foram apresentadas dez propostas que,
já analisadas pelo MMA, se acham em fase inicial de discussão com os proponentes;
• Embalagens em Geral – Foram apresentadas quatro propostas que se encontram em
fase de análise pelo MMA para posterior discussão com os proponentes;
• Descarte de Medicamentos – A minuta de Edital de Chamamento e o Estudo de Viabilidade
Técnica e Econômica foram aprovados pelo Comitê Orientador em reunião realizada em
08/08/2013. O Edital foi publicado em 10/10/2013 e estabeleceu o prazo de 120 dias
para apresentação de propostas.

Anteriormente outras iniciativas já tinham sido iniciadas com o objetivo de retornar os


resíduos provenientes de:
• Pneus;
• Embalagens de agrotóxicos;
• Óleo lubrificante usado ou contaminado (Oluc); e,
• Pilhas e baterias.

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1.8. O componente de limpeza urbana nos municípios – contratação dos


serviços
Lei nº 12.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus
princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada
e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluída os perigosos. Na lei ficou definida a a seguinte
classificação para os resíduos sólidos:
I- Quanto à ORIGEM:
a) RESÍDUOS DOMICILIARES: os originários de atividades domésticas em residências
urbanas;
b) RESÍDUOS DE LIMPEZA URBANA: os originários da varrição, limpeza de
logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
c) RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) RESÍDUOS DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E PRESTADORES DE
SERVIÇOS: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”,
“e”, “g”, “h” e “j”;
e) RESÍDUOS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO: os gerados
nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) RESÍDUOS INDUSTRIAIS: os gerados nos processos produtivos e instalações
industriais;
g) RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: os gerados nos serviços de saúde, conforme
definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do
SNVS;
h) RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: os gerados nas construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da
preparação e escavação de terrenos para obras civis;
i) RESÍDUOS AGROSSILVOPASTORIS: os gerados nas atividades agropecuárias e
silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;
j) RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE TRANSPORTES: os originários de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
k) RESÍDUOS DE MINERAÇÃO: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios;
II- Quanto à PERICULOSIDADE:
a) RESÍDUOS PERIGOSOS: aqueles que, em razão de suas características
de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco
à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma
técnica;
b) RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS: aqueles não enquadrados na alínea “a”.

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Conforme visto aos municípios ficou a tarefa de identificação dos resíduos sólidos, definir
os procedimentos operacionais a serem adotados nos serviços e limpeza urbana e de manejo
de resíduos, definir as regras para transporte e gerenciamento dos resíduos, desenvolver
programas e ações de educação ambiental que promovam a não geração, a redução, a
reutilização, a coleta seletiva e a reciclagem, etc.
Os municípios na sua busca por implementar as ações mínimas do PGIRS tem buscado
licitar com o setor privado na busca de empresas que para execução dos serviços de limpeza
urbana, tratamento e destinação final do lixo.

1.9. Licitações de Serviços de Limpeza Urbana e tratamento e destinação


final dos resíduos
As licitações para execução dos serviços de limpeza urbana incluem-se entre os serviços
de engenharia definidos no art. 1º da Instrução Normativa 09/2003 e sua contratação deve ser
realizada consoante o que prescreve a Lei Geral de Licitações, Lei Federal 8666/93. Especial
atenção deve ser dada ao projeto básico para os serviços de limpeza urbana, observando
rigorosamente seu programa o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
(PGIRS), em especial quanto ao sistema de cálculo dos custos da prestação dos serviços.
A tarifa referente aos serviços de coleta, tratamento e destinação final cobrada da sociedade
é função direta dos custos para execução dos serviços. Não se deve admitir a contratação com
sobrepreço de forma a onerar irregularmente os cidadãos dos municípios. As licitações para a
execução de serviços de limpeza urbana seguem na prática a mesma sistemática das demais
licitações, com uma fase interna e outra externa.

1.9.1 Fase Interna


Conforme visto anteriormente, a fase interna compreende o conjunto de etapas para a
preparação da licitação. Nesta fase, é definida a modalidade de licitação, elaborado o Edital
de Licitação com seus anexos e elaboradas a estimativa de impacto orçamentário-financeiro,
a declaração de que a despesa tem adequação e compatibilidade com o PPA e com a LDO e
adequação com a LOA.

1.9.2 Projeto básico


Os serviços de limpeza urbana, assim como qualquer serviços de engenharia, exige do
contratante a elaboração de um projeto básico. Estes são de natureza contínua e durante a
execução de um contrato o administrador tem por obrigação a realização das atividades de
fiscalização, apropriando os dados da sua execução: Quantidade de resíduos, setorização do
município, distâncias de deslocamento dos caminhões, valores pagos, etc. A apuração dos
dados referentes à limpeza urbana não é uma prerrogativa do administrador público e sim

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

uma obrigação. Ademais, estes dados foram necessários para que fosse elaborado o Plano de
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos – PGIRS.
O projeto básico, conforme já visto, é o conjunto de elementos necessários e suficientes
para caracterizar o serviço de engenharia a ser contratado. No caso de limpeza urbana deve ser
elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos e levantamentos realizados sobre a
execução do contrato anterior e consiste na logística para se realizar a limpeza, o tratamento e
a destinação final dos resíduos. Deve ser desenvolvido com as informações obtidas mediante a
execução e fiscalização dos serviços durante a vigência do contrato anterior. Não se admite que
as unidades gestoras que tenham que contratar regularmente os serviços de limpeza urbana,
não tenham o conhecimento da demanda e do custo real de se realizar a limpeza urbana do
seu município. Não se admite, tampouco, que seja dado às empresas a interessadas no objeto
a obrigação de elaboração do projeto básico, que por força do art. 7º deveria estar pronto e à
disposição dos interessados.
Os principais elementos relativos ao projeto básico para serviços de limpeza urbana, coleta
e varrição de sarjetas de vias e logradouros são:
• Metodologia e logística de execução;
• Plantas e itinerários contendo os deslocamentos garagem-setor-aterro-setor-aterro-
garagem;
• Planilhas de apuração das distâncias de deslocamento trecho a trecho por setor;
• Setores, frequência e turno de coleta (contendo os horários e início e término de cada
turno);
• Orçamento, detalhamento composição de custos unitários, detalhamento da composição
das Despesas Indiretas, detalhamento da Composição dos Encargos sociais;
• Premissas de cálculo utilizadas;
• Convenções coletivas de trabalho e demais normas municipais especiais.
• Metodologia de controle do acesso dos caminhões e pesagem nos aterros sanitários.

Os principais elementos para o Projeto básico de um aterro sanitário estão descritos abaixo:
• Metodologia de execução;
• Metodologia de gerenciamento e tratamento de resíduos sólidos.
• Plantas e memórias de cálculo
• Orçamento, composição de custos unitários, composição das Despesas Indiretas,
Composição dos Encargos sociais;
• Premissas de cálculo utilizadas;
• Estudo de impacto ambiental e relatório RIMA;
• Estudo de impacto de vizinhança;
• Estudos de viabilidade econômico-financeiro do aproveitamento dos produtos do aterro.

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

• Normas municipais especiais pertinente ao tratamento de resíduos sólidos;


• Identificação do local do aterro sanitário – Georreferenciamento.
• Metodologia de controle do acesso dos caminhões e pesagem nos aterros sanitários.

1.9.3 Orçamento
Apesar de ser um dos itens do projeto básico, iremos tratar deste tema de forma destacada,
em face de sua importância para o contribuinte. A definição de metodologia ou logística
equivocada para um serviço de limpeza urbana pode ocasionar em sobrepreço na licitação,
onerando de forma irregular a comunidade e ocasionando lucro excessivo ao prestador de
serviços. O orçamento deve ser elaborado com base em composições de custos unitários de
todos os serviços que compõem a planilha licitada. Não se deve confundir estimativa de custo
com orçamento.

Tabela 7 – Tabela de referência de produção de Resíduos Sólidos


Geração Percapta
Tamanho da cidade População Urbana (habitantes) até Máximo
(Kg/hab/dia)
Pequena 30.000 0,5 0,5
Média 500.000 0,50 a 0,80 0,8
Grande 5.000.000 0,80 a 1,00 1
Megalópole 20.000.000 acima de 1,00 1,5
Fonte: Magalhães, Alberto e Gonzaga Valéria

Na limpeza urbana de um município os serviços de maior técnica e financeiramente tem


sido a coleta domiciliar de lixo e a varrição. Para exemplificar o procedimento de orçamento
vamos destacar os serviços de coleta domiciliar. No orçamento dos serviços de coleta domiciliar
o primeiro ponto é levantar a produção de resíduos sólidos do município. A produção de lixo
deve ser feita a partir de levantamentos feitos durante a gestão do contrato que se encontra
prestes a expirar sua vigência. Somente na hipótese de não existir tal levantamento que será
utilizada a estimativa de quantidades. A estimativa da quantidade de lixo a ser coletado poderá
ser feita de forma expedita por meio de uma produção média tabelada. Para esta apuração
utiliza-se a tabela prática ao lado.
Conhecida a quantidade de lixo é possível conhecer a frota e a mão-de-obra necessária.
Conhecendo-se os setores e os deslocamentos dos caminhões dentro de cada setor e
deslocamento à garagem, ao aterro sanitário, etc. é possível o cálculo da quantidade de
combustíveis, pneus, manutenção, etc. conforme se verifica a seguir:
1- Cálculo de caminhões – Os caminhões coletores de lixo são implementados com
caçambas compactadoras de lixo. Estas são comercializadas com as seguintes características:

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Tabela 8 – Características das caçambas compactadoras de lixo

Caçamba
Capacidade em Volume (m³) Capacidade em massa (Ton)
6 3,24
8 4,32
10 5,4
12 6,48
15 8,1
17 9,72
20 10,8
25 13,5

Tabela 9 – Dimensionamento da frota


Quantidade de Caminhões Coletores para toda a coleta do Município
1 Quantidade de resíduos por mês toneladas Informado
(1)
2 Quantidade de Resíduos coletados/dia T/dia
30
3 Coleta diurna T/dia Informado
4 Coleta noturna T/dia Informado
5 Nº de viagens por período/caminhão unid. 2 (em média)
Capacidade da caçamba compactadora –
6 m³
especificada
Capacidade da caçamba compactadora –
7 Ton
especificada

⎧ (3) ⎫
8 Nº de caminhões coleta diurna unid. int eira ⎨ ⎬+1
⎩ [(5) ⋅(7)] ⎭

⎧ (3) ⎫
9 Capacidade utilizada da caçamba % ⎨ ⎬ ⋅100
⎩ [(5) ⋅(7) ⋅(8)] ⎭

⎧ (4) ⎫
10 Nº de caminhões coleta noturna unid. int eira ⎨ ⎬+1
⎩ [(5) ⋅(7)] ⎭

⎧ (4) ⎫
11 Capacidade utilizada da caçamba % ⎨ ⎬ ⋅100
⎩ [(5) ⋅(7) ⋅(8)] ⎭
12 Número de caminhões necessários Unid. se (8) > (10) então (8) senão (10)
13 Reserva técnica - 10% unid. (12)⋅10%
13 Número de caminhões unid. (12) + (13)

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O uso de caçambas compactadoras aumenta a eficiência no sistema de transporte de


resíduos sólidos. A escolha do tipo de caçamba compactadora a ser utilizada pelo município
deve ser feita levando-se em consideração as restrições locais: relevo da cidade, capacidade de
carga das vias, largura, etc. O dimensionamento da frota necessária é elaborado considerando
a quantidade de lixo por período dividida pela capacidade de carga da caçamba compactadora,
em toneladas. Em regra, ao valor encontrado adiciona-se 10% relativo à reserva técnica para o
caso de ser necessário a retirada de unidades para a manutenção.
O procedimento expresso na tabela prevê o cálculo do número de caminhões para a
coleta diurna e para a coleta noturna e compara os dois. O maior deles expressa o número de
caminhões-caçamba compactadoras necessários. Aplica-se o percentual de 10% como reserva
técnica encontrando o valor da linha 12. O número de caminhões encontra-se na linha 13, já
considerado a reserva técnica.
Em geral, verifica-se um equivoco nas unidades técnicas das unidades gestoras que
contratam os serviços de coleta de resíduos sólidos urbanos ao considerar como o número de
caminhões a soma das linhas 8, coleta diurna, com a linha 10, coleta noturna. Esta consideração
permite que os preços sejam superestimados ocasionando um sobrepreço e onerando de
sobremaneira o bolso do cidadão.
Deve-se ter em mente que a unidade de serviço que é utilizada durante o dia também
pode ser utilizada no período noturno. Daí o dimensionamento pelo maior entre os dois valores
encontrados.
2- Dimensionamento das equipes – As guarnições para os serviços de coleta são formadas
por 1 motorista e 4 garis. A reserva técnica é considerado um motorista para cada caminhão de
reserva e dois coletores para cada motorista de reserva. No dimensionamento, das guarnições
para realização dos serviços de coleta de resíduos, multiplica-se a quantidade de caminhões
compactadores pelo número de motoristas e garis, conforme apresentado:

Tabela 10 – Dimensionamento das guarnições


Dimensionamento de Mão de Obra (mensal)
Item Descrição Unid. Quantidade
Motoristas
1 Motorista Diurno Unid. (8) da tabela 9
2 Motorista Noturno Unid. (10) da tabela 9
3 Motorista Reserva Diurno Unid. 10% ⋅ (1)
4 Motorista Reserva Noturno Unid. 10% ⋅ (2)
Total de Motoristas (mensal) Unid. (1) + (2) + (3) + (4)

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Coletores
5 Coletor Diurno Unid. 4 ⋅ (1)
6 Coletor Noturno Unid. 4 ⋅ (2)
7 Coletor Reserva Diurno Unid. 2 ⋅ (3)
8 Coletor Reserva Noturno Unid. 4 ⋅ (4)
Total de Coletores (mensal) Unid. (5) + (6) + (7) + (8)

3- Custo de mão de obra – O custo de mão de obra é calculado multiplicando-se o número de


motoristas e garis pelo custo de remuneração respectivo já considerado a remuneração mensal,
insalubridade, encargos sociais, vale refeição, plano de saúde, vale transporte e uniformes. A
composição do custo de mão de obra para motoristas e garis deve levar em consideração os
direitos adquiridos nas convenções coletivas de trabalho.

Tabela 11 – Custo por empregado


Motorista Coletores
Item DESCRIÇÃO Diurno Noturno Diurno Noturno

1 Salário Mensal Convenção Convenção Convenção Convenção

20% Hora
20% hora normal
2 Adicional noturno Não Não normal
após 22:00
após 22:00
3 Insalubridade 40% SM 40% SM 40% SM 40% SM

4 Encargos sociais Mensalista Mensalista Mensalista Mensalista

Salário com encar-


5 SOMA (1:4) SOMA (1:4) SOMA (1:4) SOMA (1:4)
gos
Direitos trabalhistas – Convenção coletiva
6 Vale refeição Convenção Convenção Convenção Convenção
7 Plano de saúde Convenção Convenção Convenção Convenção
8 Vale transporte 52 x passe 52 x passe 52 x passe 52 x passe
Desconto emprega-
9 Sim Sim Sim Sim
do - 6%
10 Uniforme Convenção Convenção Convenção Convenção
SOMA SOMA
11 Direitos trabalhistas SOMA (6:10) – 9 SOMA (6:10) – 9
(6:10) – 9 (6:10) – 9
12 Custo mensal (5) + (11) (5) + (11) (5) + (11) (5) + (11)

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

Apurado o custo mensal de motoristas e coletores e multiplicando pela quantidade


dimensionada chega-se ao custo de mão de obra:

Tabela 12 – Custo de mão de obra


Custo de Mão de Obra (mensal)
Item Descrição Unid. Valores
Motoristas
1 Motorista Diurno Unid. (1) da tabela 10⋅(12) coluna 1 da tabela 11
2 Motorista Noturno Unid. (2) da tabela 10⋅(12) coluna 2 da tabela 11
3 Motorista Reserva Diurno Unid. (3) da tabela 10⋅(12) coluna 1 da tabela 11
4 Motorista Reserva Noturno Unid. (4) da tabela 10⋅(12) coluna 2 da tabela 11
Total de Motoristas (mensal) Unid. (1) + (2) + (3) + (4)
Coletores
5 Coletor Diurno Unid. (5) da tabela 10⋅(12) coluna 3 da tabela 11
6 Coletor Noturno Unid. (6) da tabela 10⋅(12) coluna 4 da tabela 11
7 Coletor Reserva Diurno Unid. (7) da tabela 10⋅(12) coluna 3 da tabela 11
8 Coletor Reserva Noturno Unid. (8) da tabela 10⋅(12) coluna 4 da tabela 11
Total de Coletores (mensal) Unid. (5) + (6) + (7) + (8)

4- Despesas operacionais – As despesas operacionais nos serviços de coleta de resíduos


sólidos urbanos referem-se às despesas com combustível, pneus e câmaras, manutenção,
lavagem, lubrificação, despesas com IPVA e licenciamento dos caminhões, monitoramento e
depreciação.

Tabela 13 – Despesas operacionais com veículos


RESUMO DO CUSTO COM VEÍCULOS COLETORES COM-
PACTADORES
DESCRIÇÃO
Combustível
Pneus e câmaras
Manutenção
Lubrificação e Lavagem
Licenciamento, seguro e IPVA de veículos
Depreciação
Monitoramento dos veículos com GPS via satélite
Custo operacional

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

No custo de depreciação está inserido o investimento feito sobre o caminhão mais o


implemento, caçamba compactadora. Nestes custos não são previstas parcelas referentes
ao custo de capital. Estas entram no computo das Despesas financeiras inseridas na taxa de
Benefícios e Despesas Indiretas – BDI.
5- Custo total – O custo total para os serviços de coleta de resíduos sólidos urbanos é dado
pela adição dos custos de mão de obra e operacional
custo total = custo de mão de obra + custo operacionbal
6- Custo por tonelada – Para se aferir o custo por tonelada de resíduos coletados deve-se
dividir o custo total pela quantidade de resíduos efetivamente coletados.
custo custo total
=
ton quantidade de resíduos coletada

7- Preço – O preço final aferido é o produto do custo por tonelada de resíduos coletada
multiplicado pelo BDI.
custo
Preço ⋅BDI
ton

Exemplo: Um município X tem uma população de 122.000 habitantes. Nos levantamentos


realizados durante a gestão do contrato de coleta de lixo verificou-se que a distância de
deslocamento é de 4.956 km mensais. Pela análise das convenções coletivas de trabalho,
firmadas pelo sindicato dos empregados na limpeza urbana e patronal verificou-se que o custo
de mão de obra para os empregados, já considerado vale transporte, uniforme etc. é de:
Motorista Diurno – R$2.385,67;
Coletor Diurno – R$2.069,22.
O regime de remuneração é de mensalista, a taxa de Encargos Sociais é de 75,30% e a
coleta no município é feita 100% durante o dia. Verificou-se que a taxa de Benefícios e Despesas
Indiretas foi de 25,90%. Na limpeza do município são utilizados veículos tipo VW implementados
com caçambas compactadoras de 15 m³. O consumo de combustível é de 2,0 km/litro e o custo
do diesel é de R$2,499 e o custo mensal de pneus para todos os veículos é de R$1.056,00.
Nestes termos, deseja-se calcular:
1- Quantos caminhões são necessários para realizar a coleta no município?
2- Qual o preço final dos serviços de coleta de resíduos por tonelada.?

Solução:
1 – número de caminhões
Adotando-se a tabela 7 estima-se a seguinte produção de resíduos:
Produção percapta = 0,50 a 0,80 kg/hab/dia. => considerando 0,65 kg/hab/dia teremos

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

Produção = 79.300kg - Produção = 79,30 ton/dia


Caçamba de 15 m³ --à Tabela 8 capacidade = 8,1 toneladas
Considerando que cada caminhão faz até 2 viagens por dia
N caminhões = inteiro[79,30/(2 x 8,1)] + 1 => N caminhões = inteiro (4,89) + 1
Ncaminhões = 4 + 1 => Ncaminhões = 5 caminhões
2- Preço por tonelada coletada
Quantidade de motoristas e coletores
Motoristas = 5 - Reserva (10%) = 1 è Motoristas = 6
Coletores = 4 x 5 = 20 – Reserva (2 por caminhão reserva) = 2 è Coletores = 22
Custo de mão de obra
Motorista = 6 x R$2.385,67 => Motorista = 14.314,02
Coletor = 22 x R$2.069,22 => Coletores = 45.522,84
Total de mão-de-obra = R$60.045,68
Custo operacional
custo do caminhão segundo tabela Fipe: R$133.313,00
custo da caçamba compactadora: R$85.000,00
Custo de depreciação para 60 meses com valor residual de 10% = R$13.098,00
Custo de combustível = 4.956 km/2,0 km/litro x R$2,499 => custo de combustível =
R$6.192,52
Custo de pneus = R$1.056,00
Custo de lubrificação e lavagem – 10% consumo de combustível = R$619,25
Licenciamento seguros e IPVA
IPVA – 1% do valor do veículo = R$1.333,13 Seguro contra incêndio – 4,5% = R$5.999,09
Taxa de licenciamento = R$66,32 è R$616,54 x 6 = R$3.699,24
Manutenção 80% do custo de caminhão em 5 anos = 11.204,96/mês
Total custo de operação = R$35.869,97
Custo de coleta = R$95.915,65
Custo por tonelada = R$40,31
BDI = 25,90
Preço por tonelada = R$50,75 /tonelada

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

Obs. Os dados deste exercício são meramente exemplificativos.


Para os serviços de varrição pública o procedimento é análogo diferenciando-se na forma
de se medir. Ao contrário da coleta domiciliar que a medição é feita em toneladas de resíduos
coletadas, na varrição a medida é feita em quilômetros de sarjeta.
A consideração básica é simples levanta-se a quantidade de vias a serem varridas medindo-
se o eixo. O índice de produtividade diário para a varrição pública varia de 2 a 6 quilômetros.
Este índice varia em função do relevo da cidade das condições das vias e do treinamento dos
garis. Cada equipe de varrição é constituída em média por 3 varredores sendo um fiscal para
cada grupo de 25 varredores. Considera-se uma reserva técnica de 5% de varredores.
Determinada a quantidade de varredores e os equipamentos necessários segue-se o
procedimento análogo ao da coleta domiciliar determinando o preço por quilômetro de sarjeta
varrida.

1.9.4 Fase Externa


A fase externa acontece da mesma forma para todas as licitações. Inicia-se com publicação
do Edital de Licitação e encerra com a homologação e adjudicação do objeto da licitação.

1.9.5 Contrato
Terminada a fase externa da licitação o licitante vencedor deve ser convocado para
a assinatura do contrato. Os serviços de limpeza urbana, contratados sob o regime da Lei
Federal 8666/93, são de natureza continuada e poderão ter sua vigência prorrogada por iguais
e sucessivos períodos até o limite de 60 meses, salvo os casos de concessão. A prorrogação
do prazo de vigência deverá ser feita anualmente mediante a formalização de termos aditivos.

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Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 03: Execução de Obras e Serviços de Engenharia
- Gestão do contrato e Controles

Módulo 03: Execução de Obras e Serviços de


Engenharia - Gestão do contrato e Controles
2.1. Introdução
A execução é a concretização do objeto da licitação. Depois de firmado o contrato e
publicado, a administração deverá designar um fiscal qualificado e habilitado para acompanhar
todas as etapas de execução da obra ou serviço. É necessário também que seja designado
um servidor para proceder à guarda e arquivo de toda a documentação da obra ou serviço de
engenharia e proceder a alimentação dos sistema de gestão adotado pela unidade gestora.
Este procedimento tem o objetivo de assegurar à administração que todos os serviços,
por ela contratados, sejam executados corretamente, de acordo com projetos, especificações,
planilhas de custo e contratos. Na verdade, ao proceder desta forma, o gestor está resguardando
para que a obra tenha uma gestão responsável. A gestão responsável de uma obra passa
sobretudo pelo registro da sua licitação, contratação e execução.
A organização dos registros relativos à execução da obra é da mais alta relevância e uma
das atividades mais importantes para a administração, devendo ser observada tanto para as
obras de execução direta como para as obras de execução indireta. Um sistema que permita
o controle das diversas obras e serviços de engenharia facilita o acesso às informações das
realizações da administração, permitindo tomar conhecimento, de forma rápida, em que estágio
a atividade se encontra.

53
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

O sistema de gestão de obras e serviço deve sempre apresentar respostas às seguintes


questões:
• O que?
• O que foi executado?
• Quantidade?
• Qual quantidade foi contratada
• Qual quantidade foi executada?
• Onde?
• Qual o local da execução?
• Quando?
• Qual o período de execução?
• Quem?
• De quem é a autoria da execução?
• De quem é a autoria do projeto?
• Quem fiscalizou a obra?

Nestes termos, a fiscalização e servidor designado para organizar a documentação deverão


estar atentos para que nada falte e todas as respostas sejam de fácil acesso. O responsável
pela fiscalização deve acompanhar a obra a cada passo da sua execução. Caso verifique a
necessidade de se substituir algum material, deve resguardar para que sejam mantidas as
mesmas características técnicas do exigido inicialmente em contrato e anexos.
As substituições devem ser justificadas por parecer técnico e não podem comprometer a
qualidade dos serviços. Para um controle efetivo, concomitante à execução, a administração
deverá adotar sistema de gestão que identifique a obra com precisão e todos os documentos
correlatos, bem como as anotações referentes às medições e aos pagamentos realizados.

Deverá ser efetuado, para cada obra ou serviço, o arquivamento dos documentos
correspondentes, com o objetivo de facilitar o controle e a fiscalização por parte da administração.
Os arquivos devem compreender os seguintes documentos:
• Projetos básico e executivo referentes à obra ou serviço;
• Orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus
custos unitários;
• Processo licitatório (no caso de execução indireta);
• Contrato firmado com a empresa executora da obra ou serviço e termos aditivos;
• Ordem de início dos serviços;

54
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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

• Indicação da localização da obra, inclusive, as coordenadas geográficas, Latitude e


Longitude;
• Termos de recebimento provisório e definitivo (no caso de execução indireta);
• Boletins de medição;
• Faturas, empenhos, notas fiscais e recibos;
• Requisições de materiais e registros de remanejamentos de materiais excedentes de ou
para outras obras;
• Documentos referentes a convênios (quando houver); e
• Fotos relativas a cada etapa, correspondente às medições realizadas;
• Livro de ordem (Diário de Obras);
• Demais documentos relativos à obra, tais como ofícios, atas, ocorrências, etc.

2.2. Obras por Execução Direta


A obra por execução direta é aquela realizada pelos órgãos e entidades da administração,
com utilização de mão-de-obra e outros recursos próprios do órgão ou entidades. Quando o
valor da aquisição de materiais necessários à execução das obras excederem ao limite para
dispensa de licitação, a contratação deverá ocorrer com cumprimento ao estabelecido pela Lei
Federal 8.666/93, observando em cada caso a modalidade pertinente.
Todas as obras e serviços de engenharia executados diretamente pela administração
devem ter acompanhamento de um responsável técnico, registrado no Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia de do Espírito Santo – CREA/ES, que responderá pela
sua execução. Os empenhos devem ser individualizados por obra ou serviço, de forma que
o total despendido naquelas atividades possa ser facilmente identificado e controlado pela
administração, devendo esta estar alerta para não adotar denominações diferenciadas para
uma mesma obra ou serviço.
Nos empenhos de aquisição de materiais, a administração deverá identificar a sua
destinação. Havendo necessidade de grandes compras para diversas obras, sem que se tenha,
de imediato, a destinação dos materiais, estes serão estocados em almoxarifado. À medida
que forem sendo utilizados devem ser anexados ao empenho documentos que registrem os
quantitativos e a destinação dos itens adquiridos (requisição de materiais, 2ª via de ficha de
controle de saída de almoxarifado, etc.).
A administração deve instituir o sistema de almoxarifado, visando o armazenamento e a
guarda dos materiais de obras, com rigoroso registro de entradas e saídas de materiais e sua
destinação. Deverá, ainda, designar um servidor responsável pelo seu controle. As unidades
utilizadas na descrição das quantidades dos materiais nos empenhos devem ser “unidades
técnicas” (m, m², m³, kg, polegada, etc.). Termos vagos como “padiola”, “balde” etc., que tornem
difícil a real identificação dos quantitativos empregados, não devem ser adotados.
Quando da contratação de mão-de-obra extra, nos empenhos referentes ao pagamento

55
Contratação de Obras E Serviços de Engenharia no Setor Público
Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

dessas, devem constar especificações quanto à natureza dos serviços prestados e a respectiva
quantificação.
Os registros de cada obra devem conter, além de toda a documentação pertinente, cópias
das fichas de controle dos equipamentos utilizados no empreendimento e das folhas de
pagamento dos funcionários da administração que trabalharam na respectiva obra, de forma
a facilitar a identificação dos recursos alocados. A transferência de qualquer material de uma
obra para outra, mesmo que seja proveniente de sobra, deve ser devidamente anotada em
controles de almoxarifado, de forma a deixar claro onde foram de fato empregados os materiais
adquiridos pela administração.

2.3. Obras por Execução Indireta


Nas obras ou serviço por execução indireta, quando do seu início, ou de cada etapa, nos casos
de execução parcelada, deverá ser emitida uma ordem de serviço. O projeto executivo deverá
ser elaborado, podendo ser realizado concomitantemente com a execução do empreendimento,
desde que também autorizado pela Administração (art. 7º § 1º, da Lei Federal n.º8.666/93).
Durante a execução do empreendimento contratado deverão ser mantidos no canteiro de
obra:
• Projetos, detalhes e especificações;
• Planilha orçamentária contratada;
• Cronograma físico-financeiro;
• Contrato;
• Livro de Ordem (Diário de obras - em que deverão ser anotados todos os fatos e problemas
ocorridos durante a execução da obra ou serviço, conforme estipula a Resolução Confea
1024/2008);
• Ato de designação do responsável pela fiscalização;
• Anotação de Responsabilidade Técnica - ART (projetos, execução, etc.);
• Ordem de serviço;
• Registro das alterações ocorridas durante a execução;
• Especificações técnicas e memorial descritivo;
• Relação dos profissionais que atuarão na obra ou serviço; e
• Boletins de medição com as memórias de cálculo.

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Ao ser iniciado o empreendimento, deverá ser exigido da empresa contratada o responsável


técnico habilitado junto ao CREA/MG, que responderá por sua execução, comprovada
pela apresentação da ART (art. 68, da Lei Federal n.º 8.666/93 e Lei Federal n.º 6.496/77,
regulamentada pela Resolução 429/98, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia – CONFEA.). Os profissionais responsáveis pela obra devem ser aqueles indicados
na fase de licitação para fins de comprovação de capacitação técnico-profissional, e, caso
venham a ser substituídos, deve-se fazê-lo por profissionais de experiência equivalente ou
superior, sempre com anuência da administração (art. 30, § 10.º da Lei Federal n.º 8.666/93).

2.4. Pagamento
A antecipação ou adiantamento dos pagamentos contraria o disposto na Lei Federal 4320/64
e põe em risco a execução completa da obra. Portanto, os pagamentos devem ser referentes
à efetiva execução dos serviços, estabelecidos no cronograma físico-financeiro e comprovados
mediante boletins de medição, devidamente preenchidos pelo responsável pela fiscalização e
acompanhamento do contrato. (art. 40, XIV, alínea “d”, da Lei Federal n.º 8.666/93). A forma de
pagamento constante do contrato deve guardar coerência com os termos do edital, obrigando-
se os responsáveis pela fiscalização e acompanhamento das obras à emissão de “boletins de
medição”, devidamente assinados por ambas as partes.
Tal boletim deverá conter, com exatidão, os quantitativos dos serviços executados, o qual o
valor total a ser pago. Recomenda-se que os boletins de medição, juntamente com as memórias
de cálculo, sejam anexados aos empenhos, e arquivados.

2.5. Termos Aditivos a Contratos


Quando houver necessidade de alteração contratual, seja por modificação do projeto ou
das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos, ou em decorrência
de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, ou, ainda, quando se fizer necessária
a prorrogação do prazo final de execução da obra ou serviço, a administração deverá efetuar
um termo aditivo ao contrato. Destaca-se que aditamentos, de prazo de execução ou de
quantitativos, só serão possíveis se estiverem tecnicamente justificados (art. 65, §§ 1.º e 2.º, da
Lei Federal n.º 8.666/93).

2.6. Recebimento
Terminada a obra, a empresa contratada participará o fato à administração que, no prazo
máximo de 15 (quinze) dias da comunicação, deverá emitir termo de recebimento provisório,
assinado pelo responsável no acompanhamento e fiscalização e pelo representante da empresa
executora (art. 73, inciso I, “a”, da Lei Federal n.º 8.666/93). No prazo de 90 (noventa) dias,
deverá a administração dar o recebimento definitivo. Antes da emissão do termo de recebimento

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

definitivo (art. 73, I, “b”, da Lei Federal n.º 8.666/93), a comissão ou o servidor designado pela
administração para fiscalizar a execução da obra, deverá efetuar vistorias regulares para
verificar a satisfatória execução do objeto contratado, observando se ocorreram vícios, defeitos
ou incorreções resultantes do processo construtivo ou dos materiais empregados. Deverá ser
verificado, ainda, se os serviços foram realizados de acordo com os projetos, especificações,
planilhas orçamentárias e normas técnicas relativas ao caso específico.
Caso sejam encontrados quaisquer vícios, defeitos ou incorreções, esses deverão ser
sanados pela contratada, às suas expensas (art. 69, da Lei Federal n.º 8.666/93). Os termos de
recebimento provisório e definitivo somente deverão ser emitidos quando do encerramento da
obra ou serviço, após sua verificação.

2.7. Atrasos na obra


Os atrasos na entrega da obra ou dos serviços deverão ser justificados tecnicamente pelo
contratado (em função da adequação de projetos, do aumento de quantitativos ou da ocorrência
de imprevistos) e, caso sejam aceitos pela fiscalização, deverão ser regulamentados formalmente
por meio de termos aditivos ao contrato, devendo-se também atualizar o cronograma da obra.
Ressalte-se que, neste caso, a realização dos pagamentos e reajustamentos deverá ser feita
em função do novo cronograma.
Quando os atrasos da obra não forem justificados ou quando a justificativa técnica não for
aceita pela fiscalização, as multas previstas no contrato deverão ser cobradas e, caso tenham
sido previstos reajustamentos, esses deverão ser efetuados em função do cronograma inicial
da obra (art. 86, da Lei Federal n.º 8.666, de 1993). Não devem ser pagos reajustes sem que
tenham ocorrido os avanços previstos inicialmente.

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Módulo 02: Política Nacional de Saneamento

REFERÊNCIAS
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – Licitações & Contratos – 3ª Edição
INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS – IBRAOP – Orientação Técnica OT
IBR 001/2006
BRASIL – Lei Federal 8666/93 – Lei Geral de Licitações
BRASIL – Lei Federal 11.445/2007 – Institui a Política Nacional de Saneamento
BRASIL – Lei Federal 12.305/2010 – Institui a Programa Nacional de Resíduos Solidos
BRASIL – Lei Federal 12.462 – Institui o Regime Diferenciado de Contratação - RDC
BRASIL – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - Plano Nacional de Resíduos Sólidos – Agosto de
2012;
BRASIL – Lei Complementar 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal
BRASIL – Lei Complementar 123/2006 – Estatuto da Micro e Pequena Empresa
FONSECA, ALBERTO E GONZAGA VALÉRIA – Metodologia para cálculo de preços de serviços
de limpeza urbana - 2006

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