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DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Dos mínimos sociais dos Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio à
agenda multissetorial e integrada
de Desenvolvimento Sustentável
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen
Aurélio, 1959- . II. Jannuzzi, Paulo de Martino. III. Fundação Getulio Vargas. Diretoria de Análise
de Políticas Públicas.
CDD – 351
Escritório
Praia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro | Rj, CEP 22250-900 ou
Caixa Postal 62.591 CEP 22257-970 | Tel (21) 3799-5498 | www.fgv.br
Presidente
Carlos Ivan Simonsen Leal
Vice-Presidentes
Sergio Franklin Quintella, Francisco Oswaldo Neves Dornelles e
Marcos Cintra Cavalcante de Albuquerque
Instituição de caráter técnico científico, educativo e filantrópico, criada em 20 de dezembro de 1944 como pessoa jurídica de
direito privado, tem por finalidade atuar, de forma ampla, em todas as matérias de caráter científico, com ênfase no campo das
ciências sociais: administração, direito e economia, contribuindo para o desenvolvimento econômico-social do país.
FGV/DAPP
Diretor
Marco Aurelio Ruediger
DAPP
(21) 3799-4300 | dapp.fgv.br | dapp@fgv.br
EQUIPE DE EXECUÇÃO
Coordenação Pesquisadores
Marco Aurelio Ruediger Equipe FGV DAPP
Coordenação Técnica
Paulo de Martino Jannuzzi
Revisão Editorial
Ana Maria Gomes de Freitas
DIRETORIA DE ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Dos mínimos sociais dos Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio à
agenda multissetorial e integrada
de Desenvolvimento Sustentável
COORDENAÇÃO
RIO DE JANEIRO
FGV DAPP
2018
0
0
0
0
0
Sumário
INTRODUÇÃO 8
CONCLUSÃO 76
Introdução
10
1960
1948
Décadas de
Declaração Universal dos
Desenvolvimento das
Direitos Humanos
Nações Unidas
2000
1990
Objetivos de
Cúpulas Sociais
Desenvolvimento
Mundiais
do Milênio
TRATA-SE DE UM
ALARGAMENTO
DA AGENDA DE
DESENVOLVIMENTO,
Objetivos de
UMA RUPTURA Desenvolvimento
COM CONCEPÇÕES Sustentável
MINIMALISTAS DE
POLÍTICAS PÚBLICAS
E DE REGULAÇÃO
ECONÔMICA.
Partindo dos desafios colocados pela Agenda ODM e mirando a pauta mais
densa e complexa dos ODS, esta publicação procura contribuir com um mosaico
multidimensional da situação social no país. No quadro de inquietudes políticas
e institucionais do Brasil atual, documentos como este ajudam a subsidiar o
bom debate técnico e político entre gestores públicos, parlamentares, mídia e
sociedade sobre os rumos que o país deve seguir nos próximos anos.
14
01
17
DO COMBATE À
FOME E À POBREZA
AOS DESAFIOS DA
PROTEÇÃO SOCIAL
18
Assim, com tal destaque, esse compromisso conformou o primeiro dos oito
Objetivos de Desenvolvimento da Declaração do Milênio, firmados em 2000
por representantes da quase totalidade dos países. Em tal documento, os países
se comprometeram a empregar esforços para que, até 2015, houvesse uma
redução expressiva da parcela de pessoas padecendo de fome e vivendo em
situação de pobreza em seus territórios. Tais compromissos foram repactuados
de forma mais ambiciosa na nova agenda, contemplando também a ampliação
da cobertura dos sistemas de seguridade e proteção social, a redução da
desigualdade, a promoção da segurança alimentar e nutricional. Não é uma
mudança incremental em políticas sociais, mas uma redefinição de princípios
estruturantes das mesmas.
Promoção
Combate à Redução da
da segurança
fome desigualdade
alimentar
Acesso à Promoção
Redução da
proteção do trabalho
pobreza
social decente
7 ONU. Relatório Sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Nova York: ONU, 2015.
8 SUNDARAM, J. K. The MDGs and poverty reduction. In: CIMADAMORE, A.; KOEHLER, G.;
POGGE, T. (Eds.). Poverty and the Millennium Development Goals. Vol.1. 1. Ed. Londres: Zed Books,
2016, p. 26-44.
20
35
31,1
30
25 23,6
22,9
21,9
20
16,3
15 13,5
12,2
10,2
10 8,6 8,1 8,2 8,0 7,8 8,3
7,0
5,3
5 4,0 3,7
2,9 3,1 2,5 3,1
0
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
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2012
2013
2014
2015
1992
1993
1994
1995
De fato, relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação (FAO) aponta que a prevalência de subalimentação caiu de 14,8% no
triênio 1990-1992 para menos de 5% nos anos 2000, piso estatístico adotado pela
organização para retirar um país do Mapa da Fome13. Pesquisa mundial posterior
da FAO, realizada em 2014, corroborou o quadro de mitigação da fome no país ao
estimar a insegurança alimentar severa em menos de 2% da população de 15 anos
ou mais. Tendência semelhante mostrou a investigação sobre insegurança alimentar
encartada em três edições da PNAD entre 2004 e 2013: situações mais graves
de privação de refeições e acesso ao alimento diminuíram de 6,9% para 3,2% dos
domicílios nesse período (Gráfico 2)14.
13 FAO. The State of Food Insecurity in the World. Roma: ONU, 2014.
14 IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2013: Segurança Alimentar. Rio de Janeiro:
MP, 2014.
23
18,7
18,0
14,8
9,9
6,5 6,9
4,6 5,0
3,2
Outra iniquidade social associada até pouco tempo à fome e à pobreza no país
era o trabalho infantil. Ao longo do período em análise, a parcela de crianças e
adolescentes de 10 a 17 anos em atividades laborais diminuiu expressivamente,
passando de 30% em 1992 para menos de 10% em 2015 (Gráfico 3). A maior
queda observada ocorreu entre crianças de 10 a 13 anos: 18% estavam
ocupadas em 1992, e menos de 3% em 2015. No meio rural, contudo, a taxa de
ocupação desse segmento era de 8% no final do período. Embora venha caindo
ao longo dos anos, o trabalho de adolescentes de 14 a 15 anos e de jovens de 16
a 17 anos ainda está em patamares elevados. Em contextos urbanos, o trabalho
infantil também é encontrado em segmentos médios da população15.
15 MONTAGNER, P. O trabalho infantil e o Programa Bolsa Família. Cadernos de Estudos Desen-
volvimento Social em Debate, Brasília, DF, n. 25, p. 86-98, 2016.
24
60
50,3
50
40
36,2
30
20 17,8 23,0
10 9,3
2,7
0
1992
1993
1995
1996
1997
1998
1999
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2007
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2011
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2013
2014
2015
16 a 17 anos 14 a 15 anos 10 a 13 anos
0,620
0,600 0,599
0,600
0,592
0,588
0,582
0,580
0,571
0,563
0,560
0,545
0,540
0,531
0,523
0,520
0,511
0,500
0,480
0,460
1992
1993
1995
1996
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2014
2015
Gini
17 WORLD BANK. Poverty and Shared Prosperity 2016: Taking on Inequality. Washington: World
Bank Group, 2016.
26
Uma das formas de dimensionar o acesso à proteção social no Brasil é por meio
do nível de formalização das relações de trabalho, isto é, da parcela de população
ocupada com registro em carteira ou, de forma mais compreensiva, pela parcela
dos ocupados com contribuição à previdência social. Avaliada segundo esse
último conceito, a taxa de formalização no país aumentou gradativamente nos
últimos 25 anos. Em 1992, cerca de 43,6% dos ocupados contribuíam para
algum instituto de previdência, em 2015 esse percentual chegou a 61,7%
(Gráfico 5). Em que pese o avanço de 18 pontos percentuais na cobertura
previdenciária da população ocupada, há outros 38% sem seguro contra
acidentes de trabalho e perda de capacidade laboral.
70
61,7
60 58,8
50 48,5
45,7
43,6
40
30
20
10
0
1992
1993
1995
1996
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2011
2012
2013
2014
2015
QUALIDADE DA
OFERTA E EQUIDADE
DE ACESSO DEVEM
ESTAR PRESENTES
NA FORMAÇÃO
EDUCACIONAL PARA
QUE QUALQUER
PESSOA POSSA TER
A POSSIBILIDADE DE
DESENVOLVER SEU
POTENCIAL.
18 UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas
de aprendizagem. Jontiem: ONU, 1990, p. 4.
19 UNESCO. Declaração de Dakar: Educação para Todos. Dakar: ONU, 2000.
20 ONU. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Nova York: ONU.
31
Acesso
universal à
educação básica, da
pré-escola ao ensino
médio, com
qualidade; Oportunidade de
Acesso universal de
acesso à educação
crianças à formação
técnica
básica escolar
e superior para
quem desejar;
Sociabilização
em valores
humanos
e sustentabilidade
ambiental
100
98,6
90
84,2 85,0
80 84,3
70
60 59,7
50
40
30
25,6
21,0
20
10
0 0
0 - 3 anos 4 - 5 anos
6 - 14 anos 15 - 17 anos
Fonte: IBGE/PNAD
33
60
50,9
50
48,4
40 42,0
30
24,5
24,3
20
12,4
10
0
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
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2005
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2012
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2014
2015
Anos Iniciais - Ensino Fundamental Ensino Médio
Desde 2005, os dados do IDEB vêm progredindo, mas evidenciam também que
esta melhora não ocorre de forma igual entre as diferentes etapas escolares
(Gráfico 8). Enquanto os melhores índices e progressos ocorrem nos anos iniciais
do ensino fundamental, etapa que já alcançou em 2015 a meta definida para
2017, o IDEB do ensino médio não apresenta qualquer evolução desde 2011,
com patamares abaixo de 5.
5,5
5,0
4,5
4,1
3,8 3,7 3,7
3,5 3,4
Fonte: INEP
401 407
337
Brasil OCDE
Fonte: OCDE
23 ONU. Declaração dos Direitos da Criança. Assembleia Geral das Nações Unidas, [S.l.], 1959.
24 UNICEF. A Convenção sobre os Direitos da Criança. Assembleia Geral das Nações Unidas, [S.l.],
1989.
41
Combate
às doenças
associadas à
pobreza Ampliação da oferta
de serviços à saúde, com
atendimento universal, da
prevenção aos cuidados com
doenças decorrentes da
Redução da “modernidade”
mortalidade
materno-infantil
A ONU IDENTIFICOU UM
DECLÍNIO CONSIDERÁVEL
NA MORTALIDADE DE
CRIANÇAS, AINDA QUE
NÃO NA INTENSIDADE
ESTABELECIDA NA META.
43
70
64
60
50 53
40
30
26
20 23 16
10 14
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
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2009
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2011
2012
2013
2014
2015
Mortalidade Infantil Mortalidade na Infância
Fonte: Grupo Interagências das Nações Unidas para Estimativas sobre Mortalidade Infantil (IGME), 2015
25 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília, DF, 16 jul. 1990, p. 13563.
26 São elas: hepatite B, sarampo, rubéola, caxumba, difteria, tétano, coqueluche, pneumonia por
haemophilus influenzae e poliomielite.
44
91,7 93,7
91,0 90,3 90,1
80,3
55,2
51,6
38,3 40,5
31,0
25,8
A razão da mortalidade materna passou de 143 óbitos de mulheres por 100 mil
nascidos vivos em 1990 para aproximadamente 60 por 100 mil em 2015, uma
diminuição de 58% no período (Gráfico 12). Favoreceram para essa queda os
elevados percentuais de partos realizados em hospitais (98%) e de mães com ao
menos uma consulta pré-natal (98%). As disparidades regionais são bem mais
expressivas que as apontadas para a mortalidade infantil. Em 2015, enquanto
Santa Catarina apresentava taxas de mortalidade materna de 30,9 por 100 mil
nascidos vivos, o Maranhão alcançava 99, 5 por 100 mil.
160
143
140
120
100
80
60 60
40
20
0
1990
1991
1992
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1995
1996
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2000
2001
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2014
2015
Fonte: IDB2013 - MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC
46
80,4
55,7
45,1
37,8 38,0
35
30
25
20
15
10
0
2004
2005
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2014
2015
Geral Homens Mulheres
32 Os números foram calculados levando em conta a população coberta ou cadastrada pelo servi-
ço sobre o universo da população brasileira. Este último, fruto da projeção populacional do IBGE.
49
63,3
60,5 60,2
58,1 58,0 58,9 59,9 58,1 57,5
55,6
53,4
51,5
48,3
43,6 44,7
36,3
24,3 25,8
21,4 23,0
18,2 18,0 18,5 19,5
2000
2001
2002
2003
2004
2005
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2013
2014
2015
Cobertura de Assistência Médica Privada
ENFRENTAR OS RESULTADOS DA
DESIGUALDADE DE GÊNERO NA
ESFERA PÚBLICA TAMBÉM É UMA
FORMA DE RESSIGNIFICAR OS
VELHOS PAPÉIS ATRIBUÍDOS ÀS
MULHERES NA VIDA PRIVADA.
33 ONU. Carta das Nações Unidas. Conferência das Nações Unidas sobre Organização Interna-
cional, São Francisco, 1945.
34 ONU MULHERES. The Four Global Womens’ Conferences 1975‒1995. Nova York: ONU,
2000.
35 ONU. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Nova York: ONU.
53
Alcançar a
Promover a igualdade igualdade de gênero
entre os sexos e a
autonomia das mulheres
e empoderar todas as
mulheres e meninas
Levar mais meninas à escola foi uma das metas estabelecidas no escopo dos
ODMs. Grandes beneficiárias da expansão do ensino básico no Brasil, elas são
maioria em todos os níveis de escolaridade atualmente. O maior volume de
mulheres nas escolas também se traduz em maior escolaridade deste grupo em
relação aos pares do sexo masculino. Vencida a barreira da entrada no sistema
educacional, outros desafios se impõem. Incentivar que mais mulheres optem por
carreiras tidas como masculinas pode produzir impactos positivos na redução da
desigualdade de rendimento entre os sexos.
37 MANN, A.; DiPRETE, T. Trends in Gender Segregation in the Choice of Science and Enginee-
ring Majors. Social Science Research, v. 42, n. 6, p. 1519-154, 2013. CHARLES, M.; BRADLEY, K.
Equal but Separate? A Cross-National Study of Sex Segregation in Higher Education. American
Sociological Review, v. 67, n. 4, p. 573-599, 2002.
38 BRUSCHINI, C.; LOMBARDI, M. R.; MIGLIORANZA, C. M.; RICOLDI, A. Trabalho, renda
e políticas sociais: avanços e desafios. In: BARSTED, L. L.; PITANGUY, J. (Orgs.). O progresso das
mulheres no Brasil 2003-2010. Rio de Janeiro: CEPIA/Brasília, DF: ONU Mulheres, 2011, p.
142-177. RIBEIRO, C. A. C.; SCHLEGEL, R. Estratificação horizontal da educação superior (1960
a 2010). In: ARRETCHE, M. (Org). Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos
cinquenta anos. São Paulo: Editora Unesp/CEM, 2015, p. 133-162.
55
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
2009 2015
Feminino Masculino
A SITUAÇÃO DA MULHER
NEGRA É UM CASO EXEMPLAR
EM QUE DUAS MARCAÇÕES
ESTRUTURANTES DA
DESIGUALDADE BRASILEIRA
PREJUDICAM A INSERÇÃO NO
MERCADO DE TRABALHO.
40 IPEA. Mulheres e trabalho: breve análise do período 2004-2014. Brasília, DF: MP, 2016.
57
R$ 2500,00
R$ 2000,00 1.913,78
1.724,07
1.445,85 1.686,78
R$ 1500,00
1.397,20 1.383,65
1.223,61
R$ 1000,00
912,83 921,65
R$ 500,00
R$ 0
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
2015
Brasil Masculino Feminino
41 CEPAL. Panorama Social de América Latina 2016: documento informativo. Santiago: ONU, 2016.
42 IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2014: síntese de indicadores. Rio de Janeiro:
MP, 2015.
43 Até o momento de elaboração deste relatório o IBGE não disponibilizou os microdados
relativos a essa variável para uso público.
59
94 93
90
81
19
10
6 7
44 MAZOTTE, N. Legislativo é o mais desigual dos três poderes em representação feminina.
Gênero e Número, Rio de Janeiro, 20 set. 2016. Disponível em: http://www.generonumero.media/
legislativo-e-o-mais-desigual-em-representacao-feminina-dos-tres-poderes/. Acesso em: set. 2017.
60
Por fim, no contexto de análise das diferenças de gêneros, cabe ainda ressaltar os
avanços do país na legislação de proteção e enfrentamento da violência contra
a mulher. Neste sentido, um dos grandes símbolos das políticas destinadas
às mulheres é a Lei Maria da Penha, que, aprovada em 2006, reconheceu
a obrigação do Estado em garantir a segurança das mulheres nos espaços
público e privado ao definir as linhas de uma política de prevenção e atenção no
enfrentamento à violência doméstica e familiar.
6.000 6
5.000 4.792 5
4.000 4
3.000 3
2.585
2.000 2
1.000 1
0 0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Números de mortes Taxas de homicídios
Muitas políticas ligadas a gênero foram adotadas nos últimos vinte anos. Contudo,
a despeito de todos os avanços, o Brasil ainda é bastante desigual no que tange às
questões de gênero e, em particular, vinculadas a raça. Diariamente, mulheres ainda
são discriminadas, marginalizadas e violentadas, estando longe de usufruir
de direitos iguais na vida em sociedade e no mercado de trabalho.
05
DOS PRINCÍPIOS DE
SUSTENTABILIDADE A
SUA CONCRETIZAÇÃO
EFETIVA NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS
64
Ao longo dos anos 2000, a preocupação com a questão ambiental retoma força
na agenda internacional de desenvolvimento frente a evidências científicas e
eventos impactantes da mudança climática. São progressos reveladores nesse
sentido a concretização do Protocolo de Quioto47, em 1997, e a realização
da Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, em 2011. Em diversos
46 ONU. Agenda 21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimen-
to, Rio de Janeiro, 1992.
47 ONU. Protocolo de Quioto. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáti-
cas, Quioto, 1997.
65
Melhores
condições de
Universalidade moradia
do acesso à água e
ao esgotamento
sanitário
Da integração Redução do
aos princípios de desmatamento
desenvolvimento e das emissões de
sustentável às políticas gases de efeito
e programas estufa
Sustentabilidade
do consumo
Garantia da
biodiversidade
48 Vide discussão dessa agenda específica em IPEA. Relatório Brasileiro para o Habitat III.
Brasília, DF: ConCidades/IPEA, 2016.
66
A evolução do acesso à água nas zonas rurais das regiões Nordeste e Norte foi
mais expressiva do que nas demais, atingindo 62% e 67% de atendimento dos
domicílios em 2015, respectivamente. Contribuíram para este avanço o Cadastro
Único de Programas Sociais, que permitiu a quantificação da demanda social
e a identificação dos domicílios-alvo, e o Programa Cisternas, que direcionou
recursos e arranjo operacional para o provimento do acesso à água.
49 Segundo definição utilizada pelo IPEA/DISOC, abastecimento adequado de água em domi-
cílios da área urbana corresponde a domicílios com água canalizada proveniente de rede geral
de distribuição em pelo menos um cômodo do domicílio. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/
retrato/indicadores_habitacao_saneamento.html. Acesso em setembro/2017.
67
100
93,5
85,5
80 75,9
60
41,7
40
20
0
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
2015
Urbano Rural
50 Segundo definição utilizada pelo IPEA/DISOC, esgotamento sanitário adequado em domi-
cílios da área urbana considera domicílios que possuem rede coletora de esgoto ou pluvial ou
fossa séptica ligada à rede coletora. Já o esgotamento sanitário adequado em domicílios da área
rural considera os domicílios com rede coletora de esgoto ou pluvial, domicílios com fossa séptica
ligada ou não à rede coletora. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/retrato/indicadores_habita-
cao_saneamento.html. Acesso em setembro/2017.
68
100
80
74,9
61,4
60
43,3
40
23,4
20
0
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
2015
Urbano Rural
Outro grande desafio a ser enfrentado no âmbito das políticas públicas voltadas
para cidades é o déficit habitacional. O indicador oficial usado para mensurá-lo
no país é calculado pela Fundação João Pinheiro (FJP) desde 1995 e considera
as moradias já existentes, mas que não estão em condições de atender
corretamente às necessidades dos moradores, seja por sua precariedade ou
por sua condição de deterioração em função do uso prolongado do tempo.
Considera-se também a necessidade de incremento de estoque de moradias
e fatores relacionados a condições adequadas de saneamento, passando pelo
percentual da renda das famílias que é gasto com aluguel e a adequação do tipo
de material utilizado na construção da habitação.
69
7.000.000
6.186.503
5.989.064
6.000.000
5.414.800
5.003.418
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
895.646
1.000.000 771.703
51 BRASIL. Déficit habitacional municipal no Brasil 2007. Brasília, DF: Fundação João Pinheiro,
2009.
70
52 BRASIL. Déficit habitacional no Brasil 2015: resultados preliminares. Belo Horizonte: Funda-
ção João Pinheiro, 2017.
53 IPEA. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: Relatório Nacional de Acompanhamento.
Brasília, DF: MP, 2014.
54 IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2015. Rio de Janeiro: MP, 2015.
55 IBGE. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: Relatório Nacional de Acompanhamento.
Brasília, DF: MP, 2010.
56 MELLO, D. Agropecuária é responsável por 69% das emissões de gases do efeito estufa.
Agência Brasil, São Paulo, 26 out. 2016. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-
-e-inovacao/noticia/2016-10/setor-agropecuario-e-responsavel-por-69-das-emissoes-de-gases.
Acesso em: out. 2017.
71
35000
30000 29.059
27.772
25000
20000
15000
10000
6.207
5000 4.571
0
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite — PRODES — INPE/MTCI.
Disponível em http://www.obt.inpe.br/prodes/prodes_1988_2016.htm, acesso em setembro/2017.
Nota: As taxas de 1993 e 1994 são a média de desmatamento entre esses dois anos e, portanto, possuem um
único valor.
Dos nove estados que compreendem a região da Amazônia Legal, o Mato Grosso
e o Pará foram os que apresentaram as maiores áreas de desmatamento entre
1992 e 2015. Os dois estados são conhecidos pelo desenvolvimento ostensivo
das atividades agrícolas nas últimas décadas, a chamada fronteira agrícola. No
período analisado, o Mato Grosso sofreu um desmatamento absoluto de 118.724
km2, o que corresponde a uma taxa média anual de 5.802 km2. A proporção da
área desmatada no estado equivale a 34,8% do total de terras desmatadas da
Amazônia Legal. Já o Pará, reconhecido historicamente como fonte de recursos
naturais, como o minério de ferro, e com o desenvolvimento da atividade agrícola
em plena ascensão nas últimas décadas, representou 33,8% do desflorestamento
72
total da Amazônia Legal. Por outro lado, ambos os estados tiveram peso na
redução da área total de desmatamento a partir de 2004, com uma queda de 86%
no Mato Grosso e de 76% no Pará.
4.000.000.000
3.500.000.000
3.000.000.000
2.500.000.000
2.000.000.000
1.500.000.000
1.000.000.000
500.000.000
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa com base nos dados do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)
SOCIAIS
INFRAESTRUTURAIS
ECONÔMICAS
AMBIENTAIS
Buscar respostas concretas para essas perguntas é o que propõe o projeto Políticas
Públicas para o Desenvolvimento Sustentável. Por meio da sistematização do
conhecimento técnico-científico e da avaliação de experiências internacionais e
nacionais nesse campo, a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação
Getulio Vargas orientados espera contribuir para o desenho de políticas e programas
públicos orientada à consecução integrada da tríade crescimento econômico-
desenvolvimento social- sustentabilidade ambiental.
79
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(21) 3799-4300