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ª Carolina Grant
REVISTA CULT
Diversidade ou diferença?
Richard Miskolci
8 de setembro de 2015
Foi na virada entre as décadas de 1980 e 1990, quando alguns conflitos envolvendo
diferenças culturais ganharam visibilidade midiática, que emergiu a discussão teórica e
política sobre a diversidade e a diferença. Os conflitos raciais renovados nos Estados
Unidos, a ameaça separatista do Quebéc no Canadá devido a sua diferença linguística e
cultural em relação ao resto do país, além de outras formas de conflito na Europa, tudo
fazia refletir sobre a fragilidade dos princípios universalistas do direito e da cidadania
no chamado Primeiro Mundo.
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Faculdade Baiana da Direito – Direito e Diversidade – Prof.ª Carolina Grant
A perspectiva da diversidade não é pacífica, apenas busca contornar o conflito com uma
concepção de sociedade multicultural baseada na expectativa de que o reconhecimento
de grupos subalternizados não modificará as relações de poder e a própria concepção
vigente de justiça e direitos. De forma direta – e um tanto impressionista – é possível
dizer que constitui uma vertente política construída sob a perspectiva daqueles que
detêm o poder, já têm acesso a direitos e propõem estendê-los a outros sem modificar a
estrutura institucional em que se baseiam. Não é mero acaso que boa parte das políticas
envolvendo diversidade e multiculturalismo se apresentam como adendos, programas
complementares para “colorir” o já existente com uma suposta aura “democrática”.
A perspectiva das diferenças reconhece que os dilemas das nações contemporâneas são
resultado de conflitos entre as instituições estabelecidas e a emergência de demandas
dos já citados grupos sociais, portanto ela aponta para a necessária renegociação política
e cultural que pode criar sociedades mais justas. Ao reconhecer conflitos históricos, os
pensadores dessa linha também consideram salutar a transformação institucional para
negociá-los. Sobretudo, questionam a possibilidade de apenas estender direitos sem
problematizar a própria concepção vigente de cidadania, a qual contribuiu para
disseminar desigualdades.
Do universalismo às diferenças
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Faculdade Baiana da Direito – Direito e Diversidade – Prof.ª Carolina Grant
As diferenças no Brasil
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Faculdade Baiana da Direito – Direito e Diversidade – Prof.ª Carolina Grant
Há décadas era fato mundialmente conhecido de que temos uma das piores distribuições
de renda do mundo, mas até recentemente permaneciam insuficientemente
problematizadas outras formas de desigualdade. Na academia, até a mais evidente, a
desigualdade étnico-racial, tendeu a ser abordada como questão econômica ou de
“integração” por muitas décadas. E, mesmo no presente, gera divergências acaloradas
entre intelectuais que insistem em salvar o mito da democracia racial e aqueles que
propõem pensar em outros termos a forma como a sociedade brasileira efetiva e
cotidianamente lida com diferenças étnico-raciais. As divergências têm pendido para
seu reconhecimento em políticas como as ações afirmativas no ensino superior e em
concursos públicos.
A pauta de direitos das mulheres também tem sido bem sucedida. A luta feminista
alcançou vitórias admiráveis, as quais modificaram a ordem institucional, política, mas
também cultural. Há evidências empíricas de melhoras de indicadores de igualdade
entre mulheres e homens, como a aprovação da Lei Maria da Penha que pune a
violência contra mulheres, mas não foi aprovada a descriminalização do aborto. A
despeito dos sucessos, a agenda feminista precisa se manter e incrementar políticas
públicas para alcançar seus objetivos, o que – no ritmo atual – ainda pode levar algumas
décadas.
Fonte: <https://revistacult.uol.com.br/home/diversidade-ou-diferenca/>.