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Resumo
Institucionalização do Golpe
No contexto de radicalização política do governo João Goulart, momento que crescia entre as esquerdas a
demanda pelas “Reformas de Base”, foi deflagrado, no dia 31 de março de 1964, um golpe militar que tiraria
João Goulart da presidência da República. O apoio de setores da população civil – como os empresários, as
grandes empresas e até mesmo setores da Igreja Católica – levam os historiadores a chamarem este episódio
de golpe “civil-militar”.
O golpe também teve apoio do governo norte-americano, que o considerava o caminho certo para afastar
uma possível “ameaça comunista” ao Brasil no contexto de Guerra Fria. É importante lembrar que Cuba
acabara de passar pela sua Revolução, ampliando o temor estadunidense de que os ideais de esquerdas se
espalhassem pela América.
Após o provisório governo do “Comando Supremo da Revolução”, Castelo Branco assumiu a presidência,
eleito de forma indireta. O governo ao longo da ditadura ocorreu através dos Atos Institucionais.
Pouco antes de deixar o governo, Castello Branco decretou a Lei de Segurança Nacional, segundo a qual
qualquer pessoa considerada desestabilizadora do regime instituído poderia ser alvo de severas punições.
O escolhido para suceder a Castelo Branco foi Costa e Silva (1967-69), ligado a linha dura. O novo presidente,
no entanto, teve que enfrentar a oposição dos setores civis ao regime, insatisfeitos com a permanência dos
militares no poder já por quatro anos. Em 1968 movimentos estouram por todo país, incentivados pela
chamada “contracultura” norte–americana, pelos movimentos estudantis de Paris e pela Primavera de Praga
na Checoslováquia. Os próprios políticos que apoiaram e legitimaram o golpe começaram a vê-lo com outros
olhos, pois suas garantias estavam limitadas.
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História
Os anos de chumbo
No Brasil, eventos como a “Passeata dos cem mil” e a morte do estudante Edson Luís demonstram a tensão
que se construía entre a Ditadura e seus opositores. A resposta do Governo para essa intensificação nos atos
foi, primeiramente, a proibição de manifestações em ruas de todo o país pelo Ministro da Justiça, em 5 de
julho. Em seguida, em um ato ainda mais radical do Governo é decretado em dezembro de 1968, o Ato
Institucional Nº5 (AI-5).
Este é considerado um dos capítulos mais tristes da história republicana brasileira. Com Emílio Garrastazu
Médici (1969-74) na presidência, a tortura foi instituída contra aqueles que se opusessem ao regime. Muitos
morreram, desaparecem ou foram obrigados a partir para o exílio. A tortura se intensificava enquanto no plano
econômicos os militares ressaltavam os avanços do dito “milagre econômico”.
Assim, apesar das perseguições, prisões arbitrárias e torturas ocorrerem nos porões da ditadura, silenciando
opositores, o país passava uma imagem de tranquilidade e crescimento para a população. Com o “milagre
econômico” (que apesar do enriquecimento, gerou uma alta concentração de renda e aprofundou as
desigualdades) e a conquista da Copa do Mundo de 1970, o clima de euforia se intensificou, ajudando a criar
a falsa imagem de um país próspero e que se modernizava. Aproveitando o contexto, o regime construiu um
forte esquema publicitário, que apelava para o nacionalismo e para a marginalização dos opositores, lançando
campanhas com frases como “Brasil, ame-o ou deixe-o” e “Brasil Potência”.
O milagre econômico, que gerou um crescimento econômico exponencial durante o governo Médici e
contribuiu para a legitimidade da ditadura começou a dar sinais de esgotamento, provocado principalmente
pela crise do petróleo em 1973. Em meio ao fim do período de crescimento e com a queda real do PIB,
cresceram as insatisfações e questionamentos à ditadura militar. O mandato de Médici chegava ao fim e era
necessário que o próximo presidente fosse alguém capaz de lidar com essas inquietações.
O general Geisel foi o escolhido para suceder o general Médici. Diante das críticas à crise econômica e às
próprias bases da ditadura militar brasileira, Geisel foi o escolhido para iniciar o processo de abertura política
lenta, gradual e segura. Esses foram os primeiros passos dados em direção a redemocratização do Brasil.
Com o fim do governo Geisel, Figueiredo foi o escolhido para terminar o processo de abertura política. Nesse
período, cresciam as pressões não só pela redemocratização, mas também pela Lei de Anistia.
Desde o início da ditadura militar, diversos cantores, escritores, políticos e estudantes foram perseguidos por
manifestarem oposição ao regime. Muitos acabaram assassinados e desaparecidos, mas alguns também
foram exilados, como Gilberto Gil e Caetano. Portanto, cresciam as demandas pelo retorno dessas pessoas.
Como já é de se imaginar, a Lei de Anistia também não foi uma tarefa simples, afinal, havia pressões de
militares por uma anistia que também os beneficiasse. Decidiu-se, então, por uma anistia que atingia tanto os
crimes realizados por militares e figuras próximas ao regime quanto os opositores da ditadura, exceto pelos
acusados de crimes de terrorismo e guerrilha armada.
Se hoje ainda temos debates em torno da Lei de Anistia (que manteve impune torturadores), é de se esperar
que logo após sua promulgação, em 1979, houvesse críticas. Grupos ligados a militares da linha dura ficaram
muito insatisfeitos com o retorno dos opositores exilados. Neste período, ocorreram diversos atentados
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História
terroristas, como a carta-bomba enviada à OAB e o famoso atentado do Riocentro, no qual houve a tentativa
de explosão de duas bombas em um show de MPB em homenagem ao dia do trabalhador.
Com o processo de abertura política marcado pelo afrouxamento da censura, o fim do AI-5, a lei de anistia,
etc., faltava ainda o cumprimento de uma grande demanda da população: o retorno de eleições diretas para
presidente, como exigia a emenda Dante de Oliveira.
Apesar das manifestações exigindo eleições diretas, como o famoso movimento das Diretas Já!, a emenda
não foi aprovada. O presidente que sucedeu a Figueiredo, eleito através de eleições indiretas, foi Tancredo
Neves. Porém, a precoce morte de Tancredo fez com que seu vice, José Sarney, assumisse a presidência,
marcando o fim à ditadura militar brasileira.
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História
Exercícios
a) As torturas e as perseguições políticas são matérias para ficção, pois o Brasil sempre foi um país
estável politicamente.
b) Havia receio dos setores mais progressistas do Brasil de que os norte-americanos invadissem o
país.
c) O medo, em relação ao comunismo, não existia no meio social, posto que o país, em especial suas
elites, sempre foi simpático às ideias comunistas.
d) Por ocasião do golpe houve um movimento civil conservador, inicialmente organizado em oposição
ao governo do presidente trabalhista João Goulart, manifestado nas Marchas da Família com Deus
pela Liberdade.
e) Não houve exílio de brasileiros, pois a Constituição de 1967 garantia a liberdade de expressão
política.
2. O Golpe de 1964 destituiu o presidente João Goulart e transmitiu o poder para uma Junta Militar, que
elegeu Humberto Castelo Branco como primeiro presidente militar do Brasil. Com o governo Castelo
Branco, o aparato repressor começou a ser implantado no país, e os primeiros casos de tortura e
censura começaram a ser registrados. Na questão partidária, o Brasil foi organizado com um modelo
de bipartidarismo. Os dois partidos que surgiram eram:
a) PSD e PMDB
b) Arena e MDB
c) PTB e Arena
d) PSD e PDS
e) MDB e PMDB
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História
O conteúdo da notícia, embora em situação e contexto diferentes, faz-nos lembrar a época em que a
censura foi aplicada com intensidade na ditadura militar, especialmente após 1968, quando a repressão
se tornou mais rigorosa com o AI-5, imposto num ambiente marcado por vários fatores, dentre eles o:
a) fim oficial do FGTS, o que irritou os trabalhadores pela perda dos valores depositados.
b) enfraquecimento da base política do governo no Congresso, com a recusa dos parlamentares em
permitir a perda da imunidade de um deputado para processo judicial.
c) apoio do chamado Tropicalismo, manifestação cultural de defesa da ditadura, principalmente por
meio da música.
d) movimento de revolta de Jacareacanga, no Pará, que contestava o regime, conseguindo, entre os
militares, cada vez maior número de adeptos.
e) apoio garantido pela compra pelo Brasil de um porta-aviões para ser incorporado à Marinha como
suporte aeronaval às medidas repressoras do governo.
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História
5. O golpe militar em 1964 foi acompanhado por alterações na organização política do Brasil, como a
cassação de direitos políticos, o fechamento de partidos e a censura. A partir de 1969, iniciou-se um
período conhecido como “milagre” econômico brasileiro, em que predominaram os investimentos em
bens de consumo duráveis, a exportação de manufaturados e a abertura do mercado ao capital
estrangeiro.
Foi também característica desse modelo econômico:
a) a criação da Companhia Siderúrgica Nacional.
b) o investimento de capitais nas pequenas indústrias.
c) a redução dos salários dos trabalhadores menos qualificados.
d) a extinção do Sistema Financeiro de Habitação.
e) a criação da Sudene.
7. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira [30/5] que o
impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello foi apenas um acidente na história do Brasil.
Sarney minimizou o episódio em que Collor, que atualmente é senador, teve seus direitos políticos
cassados pelo Congresso Nacional. “Eu não posso censurar os historiadores que foram encarregados
de fazer a história. Mas acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente que não devia ter
acontecido na história do Brasil”, disse o presidente do senado.
Correio Braziliense, 30/05/2011.
Sobre o episódio mencionado na notícia acima, pode-se dizer acertadamente que foi um
acontecimento:
a) de grande impacto na história recente do Brasil e teve efeitos negativos na trajetória política de
Fernando Collor, o que fez com que seus atuais aliados se empenhem em desmerecer este
episódio, tentando diminuir a importância que realmente teve.
b) nebuloso e pouco estudado pelos historiadores, que, em sua maioria, trataram de censurá-lo,
impedindo uma justa e equilibrada compreensão dos fatos que o envolvem.
c) acidental, na medida em que o impeachment de Fernando Collor foi considerado ilegal pelo
Supremo Tribunal Federal, o que, aliás, possibilitou seu posterior retorno à cena política nacional,
agora como senador.
d) menor na história política recente do Brasil, o que permite tomar a censura em torno dele,
promovida oficialmente pelo Senado Federal, como um episódio ainda menos significativo.
e) indesejado pela imensa maioria dos brasileiros, o que provocou uma onda de comoção popular e
permitiu o retorno triunfal de Fernando Collor à cena política, sendo candidato conduzido por mais
duas vezes ao segundo turno das eleições presidenciais.
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História
No referido contexto histórico, a manifestação do cartunista Henfil expressava uma crítica ao(à):
a) censura moral das produções culturais.
b) limite do processo de distensão política.
c) interferência militar de países estrangeiros.
d) representação social das agremiações partidárias.
e) impedimento de eleição das assembleias estaduais.
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História
10. A Operação Condor está diretamente vinculada às experiências históricas das ditaduras civil-militares
que se disseminaram pelo Cone Sul entre as décadas de 1960 e 1980. Depois do Brasil (e do Paraguai
de Stroessner), foi a vez da Argentina (1966), Bolívia (1966 e 1971), Uruguai e Chile (1973) e Argentina
(novamente, em 1976). Em todos os casos se instalaram ditaduras civil-militares (em menor ou maior
medida) com base na Doutrina de Segurança Nacional e tendo como principais características um
anticomunismo militante, a identificação do inimigo interno, a imposição do papel político das Forças
Armadas e a definição de fronteiras ideológicas.
PADRÓS, E. S. et al. Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul (1964-1985): história e memória. Porto
Alegre: Corag, 2009 (adaptado).
Levando-se em conta o contexto em que foi criada, a referida operação tinha como objetivo coordenar
a
a) modificação de limites territoriais.
b) sobrevivência de oficiais exilados.
c) interferência de potências mundiais.
d) repressão de ativistas oposicionistas.
e) implantação de governos nacionalistas.
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História
Gabarito
1. D
Um movimento civil conservador, apoiado pela igreja católica, é promovido em apoio a intervenção militar.
2. B
MDB representa o partido submisso de oposição e a Arena representa o partido do governo. Pode-se
fazer uma Alusão ao bipartidarismo dos EUA, que atuou diretamente no golpe de 1964.
3. B
O governo, dentre outros fatores, toma esta atitude extrema, pois, vê-se perdendo força no congresso,
algo inimaginável para o regime.
4. D
Todas as afirmações estão corretas.
5. C
O milagre econômico veio atrelado ao arrocho salarial de trabalhadores menos qualificados (maioria) na
intenção de reduzir a inflação.
6. D
A Lei de Anistia foi um dos elementos que compuseram a chamada distensão “lenta, gradual e segura”
do fim da ditadura militar. A Lei de Anistia permitiu que os torturadores não fossem julgados e presos, bem
como permitiu a volta ao Brasil de opositores ao regime que haviam sido exilados do país.
7. A
Podemos considerar uma estratégia política o desmerecimento deste importante evento histórico. A
redução para um “acidente histórico” desmerece o evento, bem como as profundas análises dedicadas a
tal.
8. B
No ano de 1979 o Brasil vivia um processo de redemocratização lenta, gradual e segura, que, apesar dos
debates pela Lei da Anistia, ainda limitava o acesso aos direitos políticos de muitos acusados de crimes
contra o governo.
9. D
A base de apoio de João Goulart era o trabalhador, logo, os discursos e reformas propostas pelo
presidente visavam fortalecer essa base.
10. D
A Operação Condor tinha como objetivo a repressão de movimentos oposicionistas, principalmente de
esquerda, na América Latina. Contando com apoio do Brasil, do Chile, da Argentina, do Paraguai, do
Uruguai, da Bolívia e dos EUA, em uma aliança com a C.I.A.