OS PROJETOS E AS CONSTRUÇÕES SOB NOVAS PLATAFORMAS DE
INTEGRAÇÃO – BIM POR: ISAMAR MAGALHÃES e SASQUIA HIZURU OBATA
As formas de desenvolvimento de projetos passaram das pranchetas e
calculadoras em passado recente para os computadores. Sob a forma digital de desenvolvimento pode-se dizer que os ganhos foram muitos desde a agilidade e produtividades evidentes até as evoluções de formas nunca antes imaginadas como possíveis. As formas orgânicas, os grandes vãos e alturas, foram desafios vencidos com a ajuda das evoluções computacionais, integrações entre processos e a automatização na forma de se projetar. As mudanças que foram gradativas, contínuas e em ritmo elevado, deram origem a uma nova maneira de se projetar com a criação de um modelo virtual preciso da construção, característica essa da tecnologia BIM (Building Information Modeling - Modelagem de Informações da Construção) que permite não só a integração de todas as informações do modelo, mas a integração de toda a equipe de modelamento, arquitetos, engenheiros, construtores, como também gerentes operacionais e proprietários. A tecnologia BIM parte do modelo tridimensional físico, atingindo todas as áreas de abrangência de uma construção, caracterizada atualmente pelos 7D de uma edificação sendo: 3D – Dimensões Físicas do Projeto, 4D –Simulação e Cronograma, 5D- Orçamento e Análises de Custo, 6D - Eficiência Energética e 7D - Operação e Manutenção das Instalações (Facilities Management). A tecnologia BIM exige de fato uma mudança da cadeia produtiva e de uso e operação da construção e especificamente na etapa de projeto há que primeiro contar a mudança da lógica e cronologia comum e se partir para uma nova atuação integrada do arquiteto ou do engenheiro, pois tudo deve ser resolvido durante a modelação, sendo que se busca a minimização de imprecisões e acabar com indefinições deixadas para serem resolvidas durante a construção, uma vez que se faz a modelagem virtual do que se irá construir e não se está mais projetando. Os sistemas, como estrutura e instalações elétricas, hidráulicas e ar condicionado (MEP em inglês) trabalham colaborativamente sobre o modelo sendo as interferências controladas com o auxilio de softwares específicos, levando a soluções compartilhadas. O desenvolvimento do trabalho envolve a equipe de todas as disciplinas na busca da melhor solução para os desafios apresentados. O resultado são edifícios mais eficientes não somente durante a construção, mas também durante todo o seu ciclo de vida. A Implantação do BIM não significa somente a substituição de softwares antigos por novos, mas sim o desenvolvimento de todo um processo que necessita de muito estudo e gestão e uma capacitação eficiente da equipe de trabalho. Como toda mudança de parâmetro, a evolução para a utilização do BIM não ocorrerá de maneira brusca, durante a implantação os projetos serão executados de forma híbrida, ou seja, parceiros de trabalho podem ainda não terem migrado para o processo. Mesmo dentro de uma empresa a migração ocorrerá de forma parcial, com a escolha de um projeto específico para dar início até que estejam confiantes da implantação global. É consenso que esta migração será de forma gradual, visto que nos softwares de modelação BIM é possível tanto importar como exportar arquivos padrão CAD. A empresa também pode definir a abrangência do Processo BIM, ou seja, analisar até que dimensão se quer alcançar. Nesta etapa se desenvolvem os conceitos de “BIG BIM “ou “little bim”. A capacitação dos profissionais da Indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção conhecida como AEC também de dará de forma gradual. Para os formandos é imprescindível que as Universidades e Centros de Tecnologia complementem a formação com a tecnologia BIM, e se ensine o trabalhar colaborativamente. Para os profissionais formados o desafio é maior e se dará conforme as exigências de mercado. No Brasil, Órgãos do setor AEC começam a se organizar para que o BIM seja introduzido, assim como a ABNT que tem sua Comissão de Estudo Especial CEE134 para padronização da Modelagem de Informação da Construção. Muitos defendem que a tecnologia BIM é para o futuro, mas o bom futuro se constrói sob bases sólidas e o agora é o melhor momento. Deve-se começar por entender que todas as possíveis análises que podem ser executadas através do processo BIM ainda não podem ser executadas por um único programa, o que torna necessário que estes programas possam conversar entre si, ou seja, é necessário, por exemplo, que o programa que faz a análise de eficiência energética consiga obter as informações físicas da construção desenvolvida em outra plataforma. Cada empresa desenvolvedora destes programas acaba por criar uma assinatura para seus documentos o que podemos verificar pela extensão dos arquivos gerados pelos mesmos. Como descrito acima, os programas BIM têm a necessidade de se comunicar entre si, surgindo assim o conceito de interoperabilidade, ou seja, todos precisam “falar” uma língua em comum. Em 1995, surgiu a Building Smart com o objetivo de padronizar os processos, fluxos de trabalho e procedimentos para o uso do BIM de forma aberta (OpenBIM) de modo que todos os programas BIM, independente de suas assinaturas possam interoperar. Deste modo foi criado o IFC (Industry Foundation Classes) que se trata de um formato de arquivo aberto e neutro para o OpenBIM, sendo este o idioma universal entre os programas BIM. Embora em constante evolução, durante a geração do IFC ainda podem ocorrer falhas durante o processo de importação/exportação mas por enquanto este é o modo de se fazer a compatibilidade entre todos os programasBIM.
Segundo o site oficial do Building Smart (1), certificadora do OpenBIM, estão
disponíveis atualmente mais de 150 diferentes programas capazes de importar/ exportar IFC. Em meio a tantas possibilidades, são listados abaixo alguns programas de acordo com suas características principais:
Software Característica Desenvolved Link para maiores
Principal or informações (2) AECOsim Modelação 3D Bentley http://www.bentley.com/en/prod ucts/brands/aecosim AECOsim 6D – Eficiência Bentley https://www.bentley.com/en/pro Energy Energética ducts/product-line/building- Simulator design-software/aecosim- energy-simulator Allplan Modelação 3D Nemetschek http://www.allplan.com Archicad Modelação 3D Graphisoft http://www.graphisoft.com/br/ Arquimedes 5D – Cype http://arquimedes.cype.pt/ Levantamento de custos CypeCAD Análise Cype http://www.cype.pt/ CypeCAD Estrutural MEP MEP (3) DDS-CAD MEP (3) Data Design http://www.dds-cad.net/ System - Nemetschek Eco 6D – Eficiência Graphisoft http://www.graphisoft.com/archic Designer Energética ad/ecodesigner_star/
Green 6D – Eficiência Autodesk https://gbs.autodesk.com/GBS/
Building Energética Studio Navisworks Simulação 4D, Autodesk http://www.autodesk.com.br/pro Análise do ducts/navisworks/overview Modelo Revit Modelação 3D, Autodesk http://www.autodesk.com.br/pro MEP(3), ducts/revit-family/overview Estrutural Robot Análise Autodesk http://www.autodesk.com/produ Estrutural cts/robot-structural- analysis/overview
Solibri Análise do Nemetschek https://www.solibri.com/
Vico Simulação 4D Trimble http://www.vicosoftware.com/pro
ducts/vico-office-4d-manager As tecnologias, programas, normas e procedimentos estão disponíveis para o setor AEC basta a decisão de mudar os parâmetros e mergulhar no mundo BIM.
(1) http://buildingsmart.org/ acessado em 02/11/2016
(2) Links acessados em 02/11/2016. (3) MEP - Instalações Mecânicas, Elétricas e Hidráulicas