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1ª impressão
Copyright © 2016 by James Fiorini
Título original
The Long And Winding Road
Capa
Celso Ávila
Diagramação
Mídia Publicidade
Índice Remissivo
James Fiorini
Revisão
João Evangelista Fiorini
Leir Miranda Esteves
Cláudia B. Lacerda Fiorini
Patrocínio
João Evangelista Fiorini
[2016]
Todos os direitos desta edição reservados à
JAMES MAIA FIORINI
Para Felipe Lacerda Fiorini
And in the end the love you take is equal to the love
you make
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MEU PAI SEMPRE FOI MUITO FÃ DOS BEATLES E
vivenciou a Beatlemania na época em que ela acontecia, por isso
me passou esse fanatismo pelos Beatles e em especial pelo Paul
McCartney. Em 1990, Paul estava em turnê mundial e anunciou
dois shows no Brasil. Seria a primeira vez que um Beatle viria
tocar no Brasil, e isso causou uma comoção nacional.
Fomos ao Rio de Janeiro, no estádio do Maracanã, em
1990 ver o show do Paul. Eu, com 15 anos de idade, junto com
meu pai, mãe, Ricardo, meu irmão, Robert, que é um grande
amigo, e minha prima Kennia. Como estávamos em família,
tivemos que ficar na arquibancada por receio da multidão que se
esperava para o show, no entanto bem longe do palco. A emoção
de vê-lo foi exatamente proporcional à decepção em ter ficado tão
longe do palco devido ao tamanho do estádio.
Depois de 17 anos, foi anunciado seu retorno ao Brasil
para uma série de 3 shows. Um em Porto Alegre, RS, e dois em
São Paulo, SP, em 2010. Achei então que seria minha grande
chance de tentar chegar perto do meu ídolo e, numa sorte
incalculável, conseguir um autógrafo no meu baixo Höfner, da
mesma marca e modelo usado por ele desde a época dos Beatles.
Em Porto Alegre, consegui reservar um quarto no Hotel
Sheraton, onde o Paul e toda a equipe ficariam hospedados. Estive
por duas vezes a trinta centímetros dele, quando passava pelo
Saguão do Hotel, porém com a segurança acirrada não consegui
meu tão sonhado autógrafo.
Voltei pra minha cidade bem frustrado, porém já
conformado, pois sabia o quanto seria difícil conseguir isso de um
ex-Beatle. Como minha tentativa em Porto Alegre não tivera
sucesso, tentei em São Paulo, hospedando-me também no hotel em
que estavam hospedados - Grand Hyatt Hotel. Como meu objetivo
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era conseguir o tão sonhado autógrafo, sacrifiquei-me em não ir ao
show no Morumbi para esperá-lo no Hotel, após o show, achando
que seria minha última oportunidade para chegar perto dele, pois,
retornando do show, a grande maioria de fãs ainda estaria no
estádio.
Fiquei por ali, no Hotel bem vazio, enquanto acontecia o
show. Por volta da 1 da manhã, uma amiga que tinha ido ao show,
Cláudia Tapety, me liga dizendo que o show tinha acabado e que o
Paul possivelmente retornaria ao Hotel. Não pensei duas vezes e
fui ao quarto, peguei meu baixo e voltei pro Saguão.
Sentei-me bem tranquilamente aguardando a grande hora.
Depois de uns quinze minutos, começou uma movimentação de
seguranças parecendo que chegava a hora de ele aparecer. Uma
pessoa da produção brasileira me disse que estavam formando uma
fila do lado de fora do Hotel e para eu ir pra lá. Fiquei bem
desconfiado, pois achava que no Saguão seria minha única
oportunidade de conseguir, porém o cara insistia e dizia que o Paul
iria receber umas 10 pessoas e que minha única chance de
conseguir seria ir pra fila que se formara do lado de fora. Decidi
acreditar nele e fui.
Um dos seguranças pessoais do Paul, Mike, estava
organizando a fila e dizendo pra todos ficarem calmos que o Paul
chegaria e atenderia todo mundo que estava na fila. Nesses
minutos que antecederam, o segurança pegou cada item que estava
na mão das pessoas e inspecionou minuciosamente, a fim de que
ninguém chegasse perto do Paul com algum objeto que não fosse
referente aos Beatles ou ao Paul. Inspecionou meu baixo e disse
com um meio sorriso algo do tipo YOU DID IT, MAN!!! Ele já
estava cansado de me ver em Porto Alegre e mesmo no Hyatt
sabendo então o quanto eu almejava aquilo. Disse também a todos
da fila que ninguém poderia tirar foto, filmar, ou perguntar nada
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pro Paul nem tentar um contato físico, tipo um abraço ou aperto de
mão. Todos logicamente concordaram com tudo.
Esperamos na fila, uns cinco minutos, quando o ônibus
estacionou em frente ao Hotel. O segurança pediu para irmos, um a
um, sem correr e sem gritar pra frente do Hotel e aguardar em uma
fila organizada. Eu, como já contava como certa a realização do
meu sonho, não tive pressa nem me mostrei aflito, ficando no
oitavo lugar da fila. Desceram os músicos e logo em seguida
desceu Paul, sem sorriso no rosto e com cara de cansado. Assim
que ele se posicionou em frente à fila, o funcionário dele que filma
a turnê, ligou a luz da câmera e passou a filmar aquele momento.
Aí sim Paul começou a sorrir e ser simpático com todos, fazendo
suas brincadeiras habituais. Ele atendia um a um e durava em torno
de 10 segundos aquele contato. Quando já havia atendido a metade
das pessoas, eu já estava mais próximo e vi que ele visualizou
todos que ali faltavam para atender, inclusive a mim. Neste
momento, Paul chama seu segurança e fala algo em seu ouvido. O
segurança veio até mim, pegou meu baixo Höfner e me pegou pelo
braço me afastando da fila, uns dez passos atrás. Sem entender
nada do que estava acontecendo, perguntava WHY? Ele com voz
ríspida e cara fechada falava somente PAUL NO SIGN FOR YOU,
PAUL NO SIGN FOR YOU. Eu, totalmente perplexo e sem ação,
disse que tudo bem se o Paul não quisesse autografar meu
instrumento, mas poderia autografar minha camisa, meu braço ou
qualquer objeto que ele quisesse, mas que não fizesse isso comigo.
Ele, ainda segurando meu braço disse NO, NO SIGN FOR YOU.
Vendo o Paul terminando de atender as últimas pessoas,
vi-o adentrando ao Hotel passando novamente bem perto de mim,
que, em numa última tentativa, gritei PAUL, PLEASE, PLEASE.
Ele ouviu e com uma cara bem sem saber onde olhar, seguiu em
frente.
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O segurança devolveu meu baixo e entrou também no
Hotel. Fiquei ali parado onde eu estava por uns dois minutos, sem
me mexer, parecendo que eu poderia acordar daquele pesadelo a
qualquer momento. Saindo daquele estado estático, entrei no Hotel
e peguei o elevador rumo ao meu quarto. No elevador estavam
duas pessoas brasileiras da equipe de apoio e três pessoas da
equipe do Paul, inclusive o cinegrafista oficial da turnê que tinha
acabado de filmar a sessão de autógrafos. Todos tentando me
consolar. O cinegrafista disse que não tinha entendido a atitude do
Paul, mas ele é assim mesmo. Quando ordena algo, sai de baixo...
A brasileira dizia que sabia exatamente como eu me sentia e que eu
não ficasse chateado... Só pude dizer que estava chocado com
tamanha falta de respeito e humanidade por parte do Paul, que eu
era um fã e não tinha medido esforços para estar ali. Cheguei ao
quarto, peguei minhas coisas em dois minutos e desci pro Saguão
com intuito de encerrar minha conta e ir embora pra minha cidade,
que fica há 220 km de SP.
Encerrando, pedi para pegarem meu carro que se
encontrava na garagem do Hotel e fui para a porta do Hyatt esperar
o manobrista.
Nessa hora veio o segurança que me tirou da fila com um
ar de piedade e soltou um - YEAH, SORRY MAN, THE NEXT
TIME...
Disse a ele que percorri o Brasil inteiro atrás desse meu
sonho e em dez segundos me tiraram o chão. Que não teria uma
próxima vez.
Chegando meu carro, peguei o caminho de volta e dirigi
240 km em estado de choque, autocriticando-me por ter feito tanta
coisa, mobilizado tanta gente e ter sido tratado com tanto
desrespeito.
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Capítulo 1
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Vitória-ES 08/11/2014 a 11/11/2014
A Preparação
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Bem, voltando ao meu pensamento de viver tudo isso
novamente, teria que bolar algo diferente para conseguir o tão
sonhado autógrafo e provar, de alguma maneira ao Paul
McCartney, que eu era realmente um fã de verdade e não um
aproveitador de autógrafos.
Felipe, meu filho de 11 anos, sempre acompanhou meus
gostos e, como eu, um grande fã dos Beatles. Sempre me pedia
para que o levasse em shows e eventos musicais, porém na maioria
das vezes a faixa etária para eventos e shows era acima de 18 anos.
Sem uma ideia formada ainda sobre o assunto perguntei ao Felipe
se ele gostaria de viajar comigo e tentar conseguir o autógrafo do
Paul. Ele, sem pestanejar, topou na hora! Pronto. O esqueleto da
nossa estratégia estava armado, porém faltava algo... Algo que
fosse maior. Que chamasse a atenção do Paul. Então tive a ideia de
confeccionar a roupa usada por ele na capa do LP Sgt. Peppers. Aí
sim, seria um diferencial para que o Paul visse que, além de querer
um autógrafo, éramos realmente fãs dos Beatles e
consequentemente, dele, o nosso ídolo - Paul McCartney!
As semanas que antecederam a viagem foram de ideias,
correrias e muitos detalhes a serem realizados. Comprei pela
internet uma caneta de escrita definitiva da marca Sharpie que
possivelmente Paul autografaria nosso baixo. Comprei também
pela internet uma camiseta dos Wings, banda do Paul após ele sair
dos Beatles.
Começou então um estudo aprofundado da roupa azul que
Paul usou na capa do disco. Muitos detalhes, costureira, medidas e
uma corrida contra o tempo. Procurei na região vários detalhes da
roupa, miçangas, broches e cordões, me tomando muito tempo e
trabalho para que reproduzisse a roupa nos mínimos detalhes.
Mandamos confeccionar então duas roupas. Uma pra mim e outra
para o Felipe. A ideia inicial era que nós dois vestíssemos as
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roupas e esperássemos Paul no saguão dos hotéis que ele
hospedaria.
Com a expectativa à flor da pele, tive a ideia de comprar
também um violão da marca Epiphone modelo Texan, que é o
mesmo modelo que Paul usa desde a época dos Beatles, para que,
se não conseguisse o autógrafo do Paul no baixo, pelo menos
conseguiria o autógrafo dos integrantes da banda no violão.
OK. Tudo já estava encaminhado... As roupas, a caneta,
violão... Com o boato de que Paul não autografava instrumentos,
comprei um vinil do LP dos Beatles Álbum Branco para que, em
uma oportunidade, ele pelo menos autografasse minha capa do
vinil.
Estava cercando de todos os lados pois, apesar de achar
que já seria uma grande aventura, vivida com meu filho, o
autógrafo era o que realmente almejávamos.
Dizia sempre ao Felipe que teríamos 99% de chance de
não conseguir o autógrafo, pois, como eu já tinha vivido tudo isso,
queria tirar toda a expectativa de sucesso do garoto, visto que eu
sabia o quanto era sofrido um insucesso na nossa meta. Ele, porém,
não tinha a real noção de que isso realmente era fato!
Fui à agência de viagens e comprei nossas passagens para
Vitória. Minha ideia era ir a Vitória e a São Paulo, já que seguir
Paul em todas as cidades ficaria bem mais caro.
Outro desafio era descobrir os hotéis em que Paul se
hospedaria.
Foi uma corrida atrás de informações, deduções e contatos.
Em Vitória me disseram que ele poderia ficar no Hotel Ilha do Boi
ou no Sheraton. Como em Porto Alegre, ele tinha ficado no
Sheraton, imaginei que ele poderia ficar na mesma rede de hotéis.
Reservei primeiramente no Sheraton. Alguns dias depois, como
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garantia, reservei no Hotel Ilha do Boi também, caso ele não
ficasse, eu cancelaria a reserva. Vitória OK!
No Rio de Janeiro, ele já tinha ficado no Copacabana
Palace, porém o local do show seria na Barra da Tijuca. Como
Copacabana é bem longe da Barra, poderia escolher um hotel mais
próximo. Li alguns comentários em alguns grupos de fãs que ele
poderia ficar no Sheraton da Barra, mas depois de uma conversa
com uma amiga que é intimamente ligada ao mundo Beatle, Lizzie
Bravo, me garantiu que ele ficaria no Copacabana Palace mesmo...
Reservei então as diárias caríssimas no Hotel lendário. Rio de
Janeiro OK!
Brasília seria a próxima parada de Sir McCartney. Vi que
uma rede de hotéis estava patrocinando o evento, então
dificilmente Paul ficaria em outro hotel. Reservei, porém, depois
de alguns dias, desistimos de ir a Brasília devido ao alto custo que
se tornaria a viagem.
Em São Paulo Paul já havia ficado no Hyatt Hotel e por
isso apostei nele reservando as diárias lá. São Paulo OK!
Tudo já caminhando, comprei as passagens de avião pra
mim e pro Felipe, indo pra Vitória dia 8/11 e voltando dia 11/11, já
que o show seria dia 10. Dia 11, pousaria no aeroporto em
Campinas, deixaria o Felipe e iria sozinho pro Rio de Janeiro pois
ele entraria na semana de provas e não poderia me acompanhar.
Dia 11 iria pro RJ e voltaria dia 13 pra Vargem Grande do Sul. Já
em SP, iriamos dia 23 e ficaríamos até dia 27, agora de carro pois a
distância é bem menor.
Com as datas se aproximando, via em mim um sentimento
que misturava ansiedade, nervosismo, alegria e até mesmo um
certo receio de uma nova frustração. Tentava colocar na minha
cabeça que o mais previsível seria eu encontrar a mesma
dificuldade que em 2010 e 99,9% de chance de acontecer
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exatamente o que aconteceu, ou seja, NÃO CONSEGUIR O
AUTÓGRAFO. Como estava indo com meu filho, a viagem já se
tornaria bem mais agradável e os sentimentos ruins bem mais
amenos.
Todo esse tempo que antecedeu à viagem, fiquei várias
noites sem dormir tamanha ansiedade. Toda noite pesquisava
vídeos sobre a chegada do Paul às cidades onde ele passava para
ver a rotina de saída dos hotéis, o que ele geralmente ignorava e as
preferências dele em atender os fãs. Quem era quem na imensa
equipe que o acompanhava e todos os mínimos detalhes, porém
cheguei à conclusão de que cada situação era diferente e que não
conseguiria definir como eles fariam aqui no Brasil.
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Sábado, 8 de Outubro de 2014
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Chegamos em Vitória por volta das 10:15h.
Desembarcamos e pegamos um taxi. Perguntei ao taxista se o
Hotel era longe, ele me disse que em Vitória não tinha nada longe
e em 15 minutos você ia pra qualquer lugar em Vitória. De fato,
em 15 minutos estávamos no Sheraton Vitória Hotel. Descemos do
táxi e logo na portaria já estranhei, pois não havia nenhuma
movimentação de que alguém da equipe, banda ou imprensa estaria
hospedado naquele Hotel. Fizemos o check in e subimos. Perguntei
ao mensageiro que nos ajudou com as malas se o Paul McCartney
se hospedaria ali, ele disse que tinham quartos reservados pra
equipe e que um pessoal iria ficar no Sheraton e outros no Hotel
Golden Tulip, porém ele achava que o Paul iria ficar no Golden,
pois era maior e melhor. Já foi um balde de água fria. Como
faríamos? Entrei na internet pelo celular rapidamente para ver se
tinha alguma notícia e logo vi no site thebeatles.com.br que o Paul
ficaria no Golden Tulip mesmo. Na mesma hora liguei para o
Hotel Ilha do Boi e cancelei a reserva que tinha feito dias antes.
Liguei no Golden Tulip para ver se tinha alguma vaga e por sorte
consegui um quarto duplo, já deixando reservado para o dia
seguinte.
Felipe estava adorando tudo, o quarto, a cidade, o frigobar
cheio de chocolates...
Como eu estava muito angustiado por talvez não conseguir
a vaga no Hotel que Paul se hospedaria, mesmo a recepcionista me
garantindo a reserva pelo telefone, descemos, pegamos um táxi e
fomos ao Golden Tulip.
Chegando lá, já senti uma atmosfera diferente da que senti
no Sheraton... Vi logo de cara o Mark Hamilton, chefe de
segurança de Paul. Naquela hora tive a certeza de que o hotel era
aquele! Fui até a recepção e confirmei a reserva para o dia
seguinte.
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Ficamos por ali alguns minutos e logo retornamos para o
Sheraton. Paramos um pouquinho na praia para que o Fê matasse
sua vontade de entrar no mar.
Passamos no McDonalds, compramos sanduíches e
voltamos para o quarto do Sheraton.
Eu estava muito aflito e com uma angústia grande em estar
no Sheraton e as coisas estarem acontecendo no Golden Tulip.
Desci e perguntei se poderiam cancelar minha diária já paga para
os dias subsequentes pois teria que fazer o check out. Sem a menor
dificuldade me atenderam e estornaram o valor da reserva. Pronto.
Descemos as malas e pegamos o táxi diretamente para o Golden
Tulip! Mesmo com a diária reservada somente para o dia seguinte,
conseguimos dar entrada no mesmo dia e já nos alojamos!
ÓTIMO!!! Naquele momento eu já estava no paraíso!!!
Até chegarmos a dar entrada já eram umas 18 horas...
Como estava tranquilo, e, ainda, nenhum sinal de qualquer chegada
do Paul, fomos a uma loja de conveniência comprar algumas
guloseimas para encher mais nosso frigobar.
Voltando para o Hotel, logo no bar da entrada, vimos o
Abe Laboriel Jr. e o Paul Wix Wickens. baterista e tecladista do
Paul, conversando e tomando alguns drinks. Subi com o Fê
rapidamente, pedi a ele que colocasse pelo menos a jaqueta de Sgt.
Peppers e pegamos também uma máscara que tínhamos levado,
com o rosto do Paul. Descemos e não perdemos tempo, fomos pra
perto deles e ficamos esperando eles terminarem de conversar com
um fã que tinha pedido uma foto. Eles olharam pro Fê, já vestido
de Sgt. Peppers e não deram muita atenção. O Fê ainda colocou a
máscara mas logo tirou. Nessa espera, estava ao nosso lado o
percussionista Silvio Charles que toca com o Lulu Santos, também,
nervoso, como nós, à espera para tirar uma foto com o Abe.
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Deixei-o pedir primeiro e logo depois nos aproximamos e pedi
para poder tirar uma foto. Nisto já eram 8h36min do dia 8/11/2014.
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Domingo, 09 de novembro de 2014
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Ficamos perambulando pelo saguão, às vezes indo à parte
de trás onde era a porta do estacionamento do Hotel, sempre com a
esperança de que Paul chegasse pela porta da frente.
Encontrei alguns amigos e figuras conhecidas da
Beatlemania nacional, como o José Carlos JC e sua esposa Janaína
Huang. Trocamos algumas palavras na porta do Hotel.
Sem nenhuma dica ou informaçao oficial, bem próximo
das 10 horas da manhã começa a formar uma fila em frente à porta
do saguão com a especulação de que o Paul chegaria as 11h30min
e passaria por ali. Nos colocamos logo à frente da porta, sendo os
primeiros e esperamos, como os outros, alguma notícia.
Próximo às 11h30min, começa uma movimentação e eis
que chega um carro com o principal funcionário e amigo do Paul,
John Hammel, trazendo algumas malas segurando o case do
famoso Beatle Bass nas mãos e dois cabides com ternos. Era um
grande indício de que Paul chegaria também pois eles sempre vêm
no mesmo voo. Aguardamos mais alguns minutos e veio um
segurança da equipe brasileira nos dizer que poderíamos desfazer a
fila, pois ele já tinha entrado pelos fundos e estava em seu quarto
descansando. Frustração para todos, porém, no fundo eu sabia que
ele, na maioria das vezes, não apareceria assim que chegasse de
viagem.
Balde de água fria em nossas cabeças, tratamos de ir
almoçar, e, como sabia que pelas próximas horas ele não sairia
mesmo, fomos ao shoping próximo dali.
Chegamos ao Shoping por volta das 12:30h e ficamos na
fila do Restaurante Outback, que abriria às 13h, para almoçar.
Terminamos, barriga cheia, demos algumas voltas pelo
shopping e voltamos para o Hotel.
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José Carlos, James e Janína Huang - Golden Tulip Vitória ES
Domingo 09/11/2014 14h17min
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Felipe com John Hammel - Golden Tulip Vitória ES
Domingo 09/11/2014 15h01min
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Aos poucos íamos encontrando pessoas que eu já tinha
visto em algum hotel em 2010. Um deles foi o Ricardo Martinelli,
um baterista de uma banda cover dos Beatles, chamada VIX
BEATLES, com o qual tinha compartilhado algumas experiências
em Porto Alegre. Ele chegou até mim e disse que tinha ficado feliz
em me ver. Conversamos um pouco no saguão e pela primeira vez
achei alguém realmente cordial com a nossa presença lá.
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não falava inglês, e se ela poderia acompanhá-lo até ele e ajuda-lo
a dizer algumas palavras. Dito e feito. Mais um Fã do Fê muito
importante para o nosso objetivo.
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pessoal da banda em frente ao elevador mesmo, pois com o
tumulto, vi que eles não iriam ficar por ali muito mais tempo.
Pedi ao Rusty, guitarrista, para tirar uma foto com o Fê e,
como o Paul Wix estava perto, se aproximou também.
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tirassem a foto com ele. Pessoal se divertiu com a roupa do Fê e
nunca vi uma foto com eles tão alegres assim.
Abe, Felipe, Brian Ray e Paul Wix Wickens - Golden Tulip Vitoria ES -
Domingo 09/11/2014 19h35min
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Segunda-feira, 10 de novembro de 2014
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Ficamos por horas e hora na porta da garagem, pois uma
Van, com várias bicicletas dentro estava estacionada na porta. Não
sei exato, mas creio que ficamos das 10horas da manhã até lá pelas
13 horas. Quando desistimos, começamos a andar pela calçada em
direção à frente do Hotel, foi quando o segurança que estava dentro
da Van com as bicicletas deu uma buzinada e nos chamou, eu e o
Fê, dizendo que viu que a gente estava sem tumultuar e disse que
éramos gente boa, falou que o Paul não iria andar de bicicleta e não
sairia por agora, que somente às 15h30min ele iria sair pelo
Saguão, cumprimentar todo mundo e em seguida iria pra passagem
de som, não retornando mais. Agradeci muito o gesto do segurança
e seguimos em frente; depois de uns 10 passos, ele buzinou
novamente e com um gesto nos pediu que guardássemos segredo.
Mostrei um OK pra ele e fomos pro Hotel.
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chocolatinho, e, que no quarto tinha. Disse a ele que iria subir, e
ele ficaria no Saguão esperando alguma movimentação. Eu estava
com a caneta no bolso da calça... Subi, peguei o chocolate e, assim
que desci, vi o Felipe desorientado em uma fila formada em frente
à saída, pois o segurança já tinha pedido pra formarem uma fila
que o Paul passaria pelo saguão em alguns instantes. Além de não
estar com ele, eu estava com a caneta, mas o acalmei e fiquei atrás
dele, aguardando também. O tempo foi passando e a cada minuto
parecia que iríamos ter a mesma surpresa de quando Paul chegara,
e que ele não passaria por ali, principalmente depois que eu vi que
os batedores da PM não estavam mais estacionados em frente ao
Hotel, como tinha visto alguns minutos atrás. Como o tempo foi
passando, algumas pessoas que tinham comprado o pacote HOT
SOUND pro show, que é um ingresso dando direito a verem a
passagem de som, teriam que chegar ao estádio bem mais cedo, e
não poderiam esperar mais, pois não chegariam a tempo. O rapaz
que estava com o Höfner Icon foi um que não pôde esperar.
Respirei aliviado quando o vi guardando o baixo no bag. Ele tentou
dizer ao Felipe que teriam que deixar os dois baixos juntos, pois
assim ficaria mais fácil do Paul autografar os dois, que um ajudaria
o outro... Fiquei bem irritado com essa tentativa de explorar o
apelo infantil do Felipe, já que anteriormente mal falou conosco.
Bom, diminuindo a quantidade de pessoas que estavam no
saguão, ficaria bem mais fácil de o Paul ver quem estava ali. Fiquei
um pouco preocupado, pois onde o Felipe estava era exatamente
em frente a uma pilastra e atrapalhava um pouco a visão. Disse ao
Fê que ficasse do outro lado do saguão, pois quando o Paul saísse
já iria vê-lo. Ele até tentou ficar lá, mas o segurança pediu para que
ele voltasse ao local onde estava.
Espera, espera e espera... Fê chegou até a perguntar ao
segurança que tinha nos dado a dica anteriormente se o Paul já
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tinha saído... Ele disse que era pra ele ficar onde estava, pois
estava tudo certo conforme o combinado. Fiquei mais aliviado.
Mais espera... Com o tempo, foram descendo algumas
pessoas com as malas do Paul. Isso já induzia que realmente depois
do show ele não voltaria para o Hotel, então teria que ser naquela
oportunidade, senão, só em outra cidade. O cinegrafista começou a
fazer algumas tomadas do pessoal, e filmou o Fê várias vezes. John
Hammel desceu logo em seguida e também filmou com uma
câmera GoPro. Em um momento, chegou perto do Fê e pediu para
ver o Höfner que ele estava segurando. O cinegrafista também
chegou perto e conversou algo com John, este olhou
minuciosamente o baixo, parecendo estar admirado com o garoto e
com o baixo.
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Assim que terminou de ver, devolveu ao Fê e parece que
elogiou. Foi ao centro do saguão e logo em seguida voltou tirando
do bolso uma palheta personalizada do Paul dando-a ao Fê. Todos
da fila ficaram felizes, e quanto ao Fê, ficou em êxtase!
Pedi ao Fê a palheta e a guardei no bolso.
Cada minuto que passava sabíamos que estaria próximo
para que o Paul descesse e a cada vez que o elevador vinha do
vigésimo andar, que era o andar exclusivamente dele, ficávamos
sem fôlego. Até que... Eis que desce Sir Paul McCartney! Assim
que saiu do elevador, não conseguíamos vê-lo, mas já sabíamos
que era ele devido aos gritos dos funcionários do Hotel que
estavam presentes para cumprimentá-lo. Paul caminha em direção
ao saguão apressadamente em direção à porta, sem ver o Felipe,
mesmo o segurança dele querendo apontar o Fê ao Paul. Nessa
hora fiquei apavorado, pois vi que o Paul não tinha visto
realmente. Paul chega até o meio do saguão e volta, parecendo que
iria em direção ao Felipe, mas algo muito estranho fez com que ele
fizesse um sinal de não a alguém e voltasse seu rumo à porta.
Gritarias e um amontoado de pessoas se fez... eu dizendo ao Fê -
VAI LÁ, FÊ, VAI LÁ - e Paul, já em frente à porta traseira do
carro, que o levaria ao estádio. O Fê, com medo dos seguranças,
só dizia - NÃO PODE, PAI, NÃO PODE - e todos da fila
dizendo: - VAI, FELIPE, VAI!! Até que o Fê cria coragem e corre
até o Paul, porém o segurança já tinha feito um cordão que não
deixaria ninguém se aproximar. O carro sai em direção à rua mas
uma multidão impedia a saída do mesmo. Falei novamente ao Fê
- VAI LÁ, FÊ!... Peguei-o pela mão, e ele, com o baixo, se põe em
frente à janela de trás do carro, onde Paul estava, já com a cara de
choro e desolado, pedia insistentemente mostrando o baixo. Paul
tenta abaixar o vidro do carro, mas parecia que, por motivo de
segurança, a janela não abria pois estava travada.... Paul realmente
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não conseguiu. Vimos nitidamente a cara de frustração do Paul
também em não atendera o pedido do menino. Vendo que ele não
conseguiria autografar naquela hora, fez um sinal com as mãos
como se quisesse dizer “DEPOIS, MAIS TARDE” ... e o carro sai
rapidamente em direção ao estádio.
Abracei o Fê, tentando consolá-lo, mas não adiantava. O
choro veio do fundo da alma... E ficamos ali por algum tempo
abraçados, um tentando consolar o outro. Eu, tentando ser forte,
para que pudesse dar apoio moral ao Fê. Algumas pessoas vieram
nos consolar, mas não adiantava. Felipe estava inconsolável.
Subimos ao quarto e a tristeza era nítida. O Fê estava engolindo
aquele choro.
Felipe trocou de roupa e, depois de alguns minutos,
descemos e fomos ao Shopping. Queria comprar uma chuteira que
ele tinha me pedido mais cedo a fim de tentar amenizar aquela
tristeza. Mas não adiantava... A cara de choro “segurado” ficou
estampada no rosto dele pelo resto do dia e parte da noite.
Indo ao shopping, a pé, passa um ônibus lotação do nosso
lado e aparece uma pessoa com a cabeça pra fora da janela
gritando - OLHA O PAUL McCARTNEY MENOOOOORRRR!
Naquela hora tivemos a certeza de que Felipe tinha saído em várias
reportagens locais, vestido de Sgt. Peppers.
Fomos ao shopping, compramos uma chuteira e voltamos
ao Hotel.
Quando chegamos, encontramos um mensageiro do Hotel
dizendo assim: - A esposa do Paul está na recepção. Esperamos um
pouco pra subir e vimos a Nancy Shevell colocar algumas malas
no porta-malas e entrar no carro. Assim que ela estava sentada no
banco traseiro, falei ao Fê para mandar um tchauzinho pra ela, e
ele o fez. Ela retribuiu, com um sorriso muito cordial.
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Subimos para o quarto e ficamos o resto da noite assistindo
à TV e logo adormecemos.
No dia seguinte, todos da equipe do Paul já haviam
deixado o Hotel. Descemos, tomamos café e pedimos para fazer o
Check out do quarto. Enquanto estava acertando a conta, ouvi o
gerente do Hotel dizer que a conta do quarto do Paul tinha ficado
15 mil reais; uma curiosidade bem inusitada para se ficar sabendo,
naquelas circunstâncias.
Pegamos um táxi e fomos para o aeroporto. Embarcamos
dia 11/11/2014 pela manhã e pousamos no aeroporto de Campinas,
onde a Cláudia, minha esposa, nos aguardava para levar o Felipe
pra Vargem. Eu pegaria ainda um voo para o Rio de Janeiro, onde
iria mais uma vez tentar encontrar Paul e, dessa vez, iria ao show.
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Capítulo 2
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Rio de Janeiro-RJ 11/11/2014 a 13/11/2014
Faltando Algo...
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Chorei a viagem toda. Parece que eu precisava ser forte ao
lado dele em Vitória, mas que, na verdade, estava extremamente
fragilizado e até me culpando um pouco por ter proporcionado
tamanha frustração por não ter conseguido o autógrafo.
Chegando ao Rio, peguei um táxi e segui para o
Copacabana Palace. O táxi estacionou em frente ao Hotel, desci e
me direcionei à recepção. Havia dois casais estrangeiros na minha
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frente e logo vi que era um local muito diferenciado. Um cheiro,
uma fragrância diferente que com o tempo foi até enjoando. Fui
recepcionado pelo funcionário que fez meu check in e me explicou
todo o funcionamento, me entregando até um mapa do Hotel.
Como cheguei às 12 horas, e minha entrada no Hotel estava
marcada somente para as 15, disse que, assim que ficassem pronto,
eles me ligariam. Peguei o ticket da mala que ficou guardada no
guarda volume e fui dar uma volta por Copacabana. Com o peito
apertado ainda, fiquei perambulando na redondeza, parando em um
restaurante de esquina, bem charmoso e aconchegante. Sentei-me
para almoçar e as lágrimas de novo brotaram em meu rosto. Estava
muito emocionado por estar ali sem meu companheiro maior, sem
a melhor companhia que eu poderia ter tido naquela experiência.
Felipe se mostrou o melhor amigo e o maior parceiro para aquela
aventura.
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Terminei de almoçar e fiquei à frente do Copacabana
Palace sondando algumas pessoas que ali estavam. Tinha uma
meia dúzia de fãs. Cheguei a conversar com alguns e logo adentrei
ao Hotel. Fui à recepção e disseram-me que meu quarto havia
acabado de ficar pronto. Acompanharam-me até o quarto e, como
de costume, perguntei ao mensageiro se o Paul já tinha chegado.
Ele disse que sim, que tinha chegado à noite, mas ele não o tinha
visto. Se soubesse de alguma informação, ele me passaria. Disse
também que a sua estadia anteriormente à sua visita ao Rio, tinha
passado várias vezes pelo saguão. Não acreditei muito que ele iria
me passar alguma informação, mas foi muito cordial comigo. O
quarto era muito luxuoso... Os corredores todos de carpete e o
elevador luxuoso também. Fiquei no quarto por alguns minutos e
logo desci para fazer um estudo do território.
Tudo era muito pomposo. Fui até a piscina e depois fiquei
no saguão por algum tempo. Não tinha movimentação nenhuma de
fãs ou alguém que estivesse esperando por Paul McCartney na
área. Vi primeiramente o Brian Ray pegando o elevador. Não
estava disposto a abordar nenhum músico, já que havia tirado fotos
com todos em Vitória e não queria gastar a minha imagem perante
eles. Fiquei por ali o dia todo, perambulando sem parar por todos
os locais.
Anoitecendo, encontrei Claudia Tapety e uma amiga do
Recife. Fomos conversando até um mercado perto contando casos
Beatlemaníacos.
Voltamos rápido e disse que iria entrar no Hotel pra ver se
havia alguma movimentação. Andei pelo saguão todo, fui à piscina
e olhando com bastante atenção, vi que Paul estava jantando no
restaurante em frente à piscina. Observei que os dois seguranças
pessoais dele estavam na porta do restaurante. Vi também que o
restaurante não estava fechado para o Paul, pois vários casais
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hospedados no Hotel entravam no restaurante para jantar,
normalmente. Não quis me aventurar a ir lá porque não iria jantar,
e também não teria a petulância em tentar um autógrafo naquela
situação. Seria uma atitude em vão. Sentei-me a beira da piscina e
tomei uma cerveja, sozinho. Fiquei uns 30 minutos e voltei para o
saguão. Esperei por Paul, mas nada... até que os dois seguranças,
que estavam com ele, desceram pelo elevador sem que eu os tenha
visto subir, ou seja, no restaurante possivelmente haveria um
elevador privativo para os quartos.
Peguei meu baixo e subi para o quarto.
Demorei a dormir devido a adrenalina e à tensão que me
cercavam o tempo todo.
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Quarta-feira, 12 de novembro de 2014
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eu iria ao show pois ela e um amigo iriam sair de Copacabana e
tinha lugar no táxi. Combinei com ela e seu amigo de sairmos as
13h para o show.
Fiquei no quarto até a hora de ir, coloquei minha camiseta
dos Wings e rumo ao HSBC Arena!
Enfrentamos trânsito até a Barra da Tijuca, chegando lá em
cima da hora de entrar, por volta das 16h.
Nos arredores do HSBC havia obras de engenharia.
Por este motivo, custou-nos a achar a entrada do Hot
Sound, mas deu tudo certo. Entramos e na entrada não revistaram
nada. Ganhei uma sacola, a revista do programa do show e um
crachá.
Entrei e sentei em uma mesa redonda todo decorada, com
televisões transmitindo um especial do Paul. Éramos uns 10 na
mesa... Notei que só se falava sobre Beatles e Paul McCartney.
Estava até meio chato pois era só pessoas falando as mesmas
coisas que todo mundo já sabia.
Logo foram servidos alguns petiscos, junto com espumante
e cerveja. Tudo muito requintado.
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O jantar foi servido, e o cardápio foi exclusivamente
vegetariano.
Sobremesa com sorvete e frutas vermelhas.
Começaram a se posicionar para a chamada ao Sound
Check e fiquei na porta, aguardando.
Assim que liberaram a saída pra pista, corri para o meio da
grade que separava a pista do palco e ali fiquei. Vesti minha
jaqueta de Sgt Peppers e já abri meu cartaz. Não demorou 10
minutos, e o Paul começou a passar o som. Ele parecia meio “frio”
com o pessoal, chegou a ler meu cartaz que pedia pra me chamar
ao palco, mas não deu muita atenção.
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Passou o som em 37 minutos e se despediu. Chamaram-
nos novamente para sair da pista e disseram que poderíamos voltar
pra pista se quiséssemos, sendo assim assegurando o melhor lugar
em frente ao palco, ou voltar para o salão, pois ainda estariam
servindo bebidas gratuitas para nós do Hot Sound. O HSBC Arena
era tão pequeno perto dos estádios que o Paul já fizera show que
não pretendia ficar na primeira fila para vê-lo, pois qualquer local
que eu ficasse na Pista Premium seria muito perto do palco.
Resolvi voltar ao salão e continuei bebendo e comendo até dar o
horário de começar o show.
Quando nos chamaram para a para pista, fiquei andando de
um lado para o outro para ver se encontrava alguém conhecido, e
não é que encontrei o Jorge Carvalho?!? Um grande amigo baixista
com quem eu havia tido contato somente pelo Facebook e que nos
prometíamos conhecer já há alguns anos e nunca dava certo. Ele
estava com sua filha e fiquei com eles o tempo todo do show. Foi
um show maravilhoso, com ótimas performances e uma visão
privilegiada, porém já sentia que minha emoção já não era a
mesma que sentira no passado. Acho que a ansiedade e a busca
incessante pelo autógrafo estava me tirando todas as forças e já não
me emocionava tanto assim.
Não esperei o show acabar e sai do HSBC em rumo ao
Copacabana Palace, com o intuito de pegá-los, por uma sorte, na
chegada ao Hotel. Achei rapidamente um táxi e fomos direto para
o Hotel.
Chegando lá, não havia sinal de ninguém esperando pelo
Paul. Nem hóspedes, nem fãs, nem ninguém. Subi, peguei o
Höfner e pedi que o guardassem no guarda-volumes do Hotel, pois,
se visse o Paul chegar ficaria fácil pegar o baixo. Esperei uns 40
minutos, e algumas Vans chegaram com um pessoal da equipe.
Fotógrafo, Managers, mas nenhum sinal do Paul. O segurança do
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Hotel disse que possivelmente ele não retornaria mais ao Hotel, e
assim aconteceu!
Subi, tomei um banho e dormi, frustrado mais uma vez.
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Quinta-feira, 13 de novembro de 2014
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56
Capítulo 3
57
58
São Paulo-SP 24/11/2014 a 27/11/2014
Final
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Segunda-feira, 24 de novembro de 2014
60
mas nenhum fã na porta do Hotel. Cenário muito diferente do visto
em 2010. Apenas um fotógrafo da Folha de SP estava na porta do
Hotel à espreita.
Vimos o Brian Ray ir até o restaurante muito rapidamente.
Estávamos certos de que naquele local seria mais complicado
tietar. No bar, em frente ao restaurante, havia um cara sentado que,
aparentemente, estava também esperando alguma movimentação.
Resolvemos ir ao quarto buscar o violão Epiphone Texan
para tentar pegar os autógrafos dos músicos da banda. Subimos,
pegamos o violão e descemos, ficando ali no balcão em frente ao
restaurante. Com o violão, já chamávamos mais atenção e isso me
preocupava um pouco.
Vimos o Rusty entrando no restaurante rapidamente, sem a
chance de abordá-lo. Pedi ao Felipe que ficasse calmo, pois
quando ele terminasse de almoçar, falaríamos com ele. Vimos
então que ele vinha em direção à saída do restaurante rumo ao
saguão, porém com um semblante sério e a passos largos. Chamei-
o pelo nome mostrando o violão e ele respondeu – ONE SECOND,
PLEASE....
Respeitamos e ficamos aguardando. Rusty foi até a
recepcionista, conversou algo e voltou. Pedi que ele autografasse o
violão e ele, muito cordialmente, autografou. Ainda dedilhou
alguma coisa e elogiou o violão.
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Rusty Anderson autografando nosso violão Epiphone Texan – Grand Hyatt
Hotel SP – Segunda-feira 24/11/2014 14h39min
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equipe me perguntou algo em inglês que deu a entender se o violão
era meu ou do Felipe... apontei pro Felipe dizendo que era dele.
Agradeci imensamente e eles subiram o elevador, deixando
registrado no violão suas assinaturas!!!
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Felipe segurando nosso Epiphone Texan - Grand Hyatt Hotel SP – Segunda-
feira 24/11/2014 15h00min
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Permanecemos mais um tempo por ali, porém sem nenhum
sinal do Abe.
Depois de algum tempo, subimos com o violão, deixando-
o no quarto e voltamos pro Saguão. Vimos o pessoal todo da
equipe, inclusive o Mike, segurança do Paul, que tinha conversado
com o Felipe em Vitória. Pedi ao Fê para ir cumprimentá-lo, mas o
Fê ficou acanhado e não quis ir.
Quase 5 da tarde, subimos para o vigésimo andar para
lancharmos no Club Hyatt. Entramos, um silêncio pairava no
ambiente. Logo vimos o Mark Hamilton sentado a uma mesa e em
seguida chegou o Mike, sentando-se com ele. Sentamos bem ao
lado e nos mantivemos muito discretos. O buffet era muito
luxuoso, com camarões gigantes, doces, frios, bebidas que ía desde
refrigerantes até Chandon, Black Label, etc... Comemos e
descemos pro Saguão.
Por volta das 18 horas, pegamos um táxi e fomos ao
Morumbi Shopping comprar algumas coisas para colocar no
frigobar. Estava chuviscando e muito vento.
Voltamos logo e ficamos mais um pouco vendo a
movimentação pelo Saguão, porém já sentira que o dia já tinha
encerrado. O Abe não tinha aparecido e nenhum sinal de que o
Paul daria as caras. Antes de subirmos, ficamos sentados nas
poltronas do Saguão, quando apareceu o segurança que tinha nos
ajudado em Vitória, Túlio. Este sentou junto a nós, nos
cumprimentando, dizendo que Paul desceria para o show por volta
das 15 horas do dia seguinte. Apareceu também um argentino que
tinha acabado de chegar, junto com um violão. Túlio pegou o
violão e tocou rusticamente Day Tripper. Ficamos felizes com essa
aproximação.
Subimos para o quarto cedo e descansamos o resto da
noite, até dormirmos. O Fê, como sempre, dormiu primeiro,
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exausto com tanta adrenalina sofrida no dia. Tínhamos realmente
que descansar, pois o dia seguinte prometia emoções fortes,
mesmo com a incerteza de que tudo daria certo.
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Terça-feira, 25 de novembro de 2014
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Subimos pro quarto e pedi ao Fê que colocasse sua roupa
de Sgt Peppers, pois, apesar de ser cedo, já iria familiarizando-se
com o pessoal que desceria pro Saguão.
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o Höfner. Ele me disse que o baixo não era dele, que era do
baixista da sua banda e que ele tinha levado uma Gibson, modelo
Rusty Anderson para o Rusty autografar e que já tinha conseguido
o autógrafo, por isso estava tranquilo. Ficamos por ali por algum
tempo. Chegando a hora do almoço, pedi um sanduíche pro Felipe,
e ele comeu no balcão do bar mesmo.
Subimos mais uma vez ao quarto, pois depois das 13 horas
não sairíamos mais do Saguão.
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Descemos com o baixo e sentamos novamente nas
poltronas.
Enquanto estávamos sentados, vi que um amigo que eu
conhecia pela internet, desde a época do Orkut, era o baixista da
maior banda cover dos Beatles no Brasil, Cesar Kiles. Fui em
direção à porta e, logo que ele entrou, imediatamente o
cumprimentei. Ele lembrava de mim também e conversamos
bastante. Apresentei-o ao Fê, o qual ficou extremamente feliz por
ser também fã da banda. Ele estava com sua esposa, Aline Kiles.
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Por volta das 15h30min, os argentinos começaram a ficar
em pé, em frente ao elevador. Vi que era cedo para já formar uma
fila, mas, como depois de formada, dificilmente conseguiríamos
um lugar privilegiado, levantamos também e coloquei o Fê
exatamente em frente ao elevador. Se o Paul descesse e passasse
ali, seria a primeira pessoa que ele veria e por isso só não assinaria
se houvesse um tumulto muito grande ou ele realmente não
quisesse autografar o baixo.
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Fila no Saguão aguardando a descida do Paul para o show - Grand Hyatt
Hotel SP – Terça-feira 25/11/2014 15h38min
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John Hammel desceu o elevador e passou por nós, vendo o
Felipe e sorriu. Logo após voltou e deu novamente uma palheta ao
Fê que novamente ficou em êxtase!
John Hammel dando uma palheta do Paul para o Felipe, pela segunda vez
nessa Turnê! - Grand Hyatt Hotel SP – Terça-feira 25/11/2015 16h24min
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Segurança pessoal de Paul, Mike, conversando com o Felipe - Grand Hyatt
Hotel SP – Terça-feira 25/11/2014 16h32min
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viesse, tínhamos que entregar a caneta destampada por conta da
correria. Minha posição em relação ao Felipe era exatamente atrás,
mas, como eu já estava extremamente traumatizado com toda a
história passada, pensei em colocar meu Iphone exatamente em
frente à minha cara, me escondendo, achando que o Paul poderia
se lembrar de mim por alguma situação e novamente negar aquele
tão sonhado autógrafo...
Exatamente às 16h35min do dia 25 de novembro de 2014,
o elevador desce do vigésimo quinto andar e ali estávamos
esperando por ele. Quando o elevador estava descendo disse ao Fê
para destampar a caneta. Ele disse que deixaria na ponta, pois
quando ele viesse era só destampar, porém disse que já poderia
destampar que ele já estava descendo!
Enfim, abriu-se a porta do elevador e o primeiro a sair foi
o Ady Mcgill, segurança pessoal do Paul, estendendo o braço com
um gesto de AQUI ESTÁ PRA VOCÊS, SIR PAUL
MCCARTNEY!
Paul saiu do elevador usando óculos escuros, uma calça
preta, camisa branca, jaqueta de nylon azul e uma outra jaqueta
preta por cima... Deu alguns passos e já apontou seu dedo
indicador da mão direita para o Felipe, como num gesto de que
DESTA VEZ EU AUTOGRAFAREI PRA VOCÊ, GAROTO!!!
Chegando perto, Felipe ainda diz PLEASE... Ele pega a caneta e,
por incrível que pareça, estava tampada, destampa a caneta e
pergunta:
- ALRIGHT, WHAT’S YOUR NAME?
Vi que o Fê ficou sem reação e em um instante não falou nada... eu
na mesma hora falei:
- FELIPE... e no mesmo momento o Fê falou também –
FELIPE.
Paul posicionou o baixo e disse:
76
- FELIPE? OK... LIKE F ? F ?
Felipe então respondeu - F…
Paul então começou a escrever porém a caneta deu uma falhada...
então ele disse:
- HERE WE GO... e começou a escrever!...
Escreveu no Hofner “TO FELIPE... PAUL”
“sem legenda”
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Foto tirada em nosso quarto no Hotel - Grand Hyatt Hotel SP
Terça-feira 25/11/2014 18h44min
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Felipe e César Kiles exatamente após conseguir o autografo e abaixo, Eu,
Felipe, Aline Kiles e Cesar Kiles - Grand Hyatt Hotel SP
Terça-feira 25/11/2014 16h46min
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Liguei no mesmo instante pra Cláudia e só consegui falar
que tínhamos conseguido, caindo em um choro incontrolável.
Disse que ligaria mais tarde e ficamos ali, comemorando. Parecia
que todos tinham conseguido o autógrafo, mas uma garota tinha
ficado sem, o que me fez lembrar o quanto era frustrante isso.
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Consegui postar o vídeo no meu perfil do Facebook, logo
após, e, com isso, já vieram centenas de comentários e pedidos de
amizade.
Quando nos despedimos do César, ele disse que tinha
trazido o violão Epiphone Texan dele e que estava no carro.
Perguntou se poderia deixar o violão comigo no Hotel, pois, estava
querendo voltar à noite após o show para tentar conseguir um
autógrafo do Paul no violão. Sendo assim, fiquei com o violão
dele. Subimos para o quarto e o Fê se trocou. Ligamos para meus
pais e irmãos. Papai estava em uma lanchonete em Alfenas
lanchando com a Mamãe e a ligação estava muito ruim, porém,
quando entenderam que nós conseguimos o autógrafo, começaram
a gritar de alegria!
Como já eram 17 horas, fomos ao Club Lounge Hyatt
para lancharmos. Tales, meu primo, tentou me ligar, mas sempre
caía a ligação. Tentei ligar e depois de algumas tentativas consegui
falar contando toda a aventura. Ficamos lanchando e em estado de
graça!...
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Voltamos para o quarto e fiquei mandando mensagens,
vendo as mensagens e descansando no quarto.
Ficamos vendo TV até anoitecer. O Canal Multishow iria
transmitir o show ao vivo. Fê dormiu logo, pois estava além de
muito feliz, exausto!
Fiquei vendo o show até tarde. Ao mesmo tempo em que
estava vendo o show, ficava olhando as mensagens pelo Facebook
e vi que tinha uma postagem curiosa da minha amiga Cláudia
Tapety dizendo que tinha sido desrespeitada na entrada do show
pelos policiais e estava indo pro Hyatt Hotel. Fiquei sem entender
nada.
Próximo ao final do show, Felipe já dormindo, não queria
acordá-lo para descer, porem queria ir ao Saguão para ver se havia
alguma movimentação. Resolvi descer e deixar o Fê dormindo,
pois, se ele acordasse, poderia me ligar ou mesmo descer.
Assim que desci vi a Cláudia Tapety sentada na poltrona,
toda molhada da chuva que tinha caído e muito nervosa, devido à
falta de respeito que ela tinha sofrido na entrada do show. Tentei
acalmá-la, conversando sobre o autógrafo. Ela ficou muito feliz.
Ofereci uma bebida a ela, um refrigerante, uma água. Disse-me,
então, para minha surpresa, que queria uma coisa mais forte -
Tequila! Ficamos conversando por alguns minutos. O César me
mandou uma mensagem dizendo que estava no carro e estava com
a esposa e o filho, que tinha chegado cedo e iria dar uma volta e
voltaria mais tarde. Alguns fãs começaram a se juntar em frente ao
Hotel. Encontrei um fã que tinha presenciado todo o episódio de
2010, Adriano Ribeiro, inclusive ele escreveu uma matéria para
um site sobre o acontecido. Conversei com ele e me pareceu
amigável.
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Eu e Cláudia Tapety - Grand Hyatt Hotel SP
Quarta-feira 26/11/2014 1h24min
84
tinha ido ao show naquele dia. Eu só tinha o canhoto do ingresso
do Rio e o ingresso do dia seguinte, que eu tinha comprado pra ver
o show com o Fê. Como o ingresso era muito pequeno, achei que
poderia ficar com eles, pois ninguém iria conferir qual dia era o
ingresso. Logo depois, vieram falar que somente hóspedes do
Hotel poderiam ficar na fila, pois era muita gente, e Paul não
conseguiria atender a todos. Eu tinha o cartão/chave do quarto,
então poderia ficar na fila, mas o César não, pois não estava
hospedado, por isso teria que sair. Pensei na minha outra chave,
que estava no quarto, e poderia ajudá-lo. Corri no quarto para
pegar a chave, aproveitando pra ver se o Felipe estava bem e
dormindo. Estava em um sono profundo. Peguei correndo a chave
e desci. Dei a chave pro César e ficamos ali, à espreita de o Paul
chegar. Muitos fãs que não eram hóspedes ficaram bem atrás,
longe da fila. Aquilo me deu uma tristeza muito grande, pois sabia
o quanto era frustrante para um fã ter o acesso negado. Na fila, vi
um argentino que estava com uma caneta Sharpie idêntica à minha
que Paul havia levado no momento do autógrafo. A emoção foi
tanta na hora do autógrafo que não vi se Paul tinha realmente
levado com ele a caneta ou tinha entregado a alguém, e me esqueci
de verificar os vídeos. Perguntei a ele se aquela caneta por acaso
não era a minha que Paul tinha levado. Ele, com um olhar
totalmente de culpa, disse que não, que aquela caneta era dele.
Depois de alguns dias, vi por um vídeo que Paul tinha entregado a
caneta nas mãos dele. Ou seja, ROUBOU minha caneta!
Então, com ingressos e cartões do Hotel na mão, ficamos
aguardando. A Aline Kiles, esposa do César, e seu filho desceram
do carro e se juntaram a nós. O filhinho dele estava dormindo e
ficou no colo o tempo todo. O segurança da equipe veio em
direção a cada um da fila olhando os itens que estávamos
segurando. Olhou para o meu vinil Álbum Branco e fez questão de
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ler The Beatles em auto- relevo. César perguntou sobre a
possibilidade de ele autografar o violão, respondendo que tudo
seria possível, mas que não acreditava que Paul autografasse.
Eis que chega o ônibus com toda a equipe, músicos e Sir
Paul McCartney sentado na parte superior do ônibus, na primeira
cadeira. Todos alvoroçados aguardando... O pessoal da equipe e os
músicos descem, por fim, Sir Paul McCartney sai do ônibus
rapidamente entrando por uma porta lateral à recepção, acenando
rapidamente. Todos ainda ficaram esperando se ele voltaria, mas
não. Ele não voltou!...
Fila dispersada, corações apertados e semblantes
extremamente desapontados, nos despedimos e subi para o quarto,
com o violão do Cesar que ele ainda deixou comigo para tentar
novamente no dia seguinte. Subi rapidamente e, quando chego ao
quarto, o Fê já trocando de roupa, chorando por não ter me
encontrado. Abracei-o, tentando acalmá-lo e expliquei que estava
lá embaixo tentando o autógrafo do Paul no vinil. Logo ele se
acalmou e dormimos, felizes por ter sido aquele dia, 25/11/2014
um dos dias mais felizes, gloriosos e marcantes da minha vida e da
vida do meu filho mais velho Felipe!!!
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Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014
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O Luthier Tiguez e Felipe – Luthieria do Tiguez
Quarta-feira 26/11/2015 11h28min
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guardado. Chegando ao Hotel, ele pediu pra tirar uma foto do
baixo.
O mensageiro do Hotel, que ali estava também,
parabenizou-nos e disse que todo o pessoal do Hotel tinha torcido
para que o Fê conseguisse o autógrafo.
Subimos para o quarto e guardamos o baixo, com o maior
carinho!...
Descemos e ficamos pelo Saguão, que já estava bem
movimentado para a espera da descida do Paul. Ficamos por ali, à
porta... Uma mulher da produção nacional do Paul chegou até nós
e deu uma palheta ao Fê, dizendo que tinham mandado entregar
pra ele. Era uma palheta preta, escrita OUT THERE. Parecia uma
palheta comum da turnê, diferente daquela que John Hammel havia
dado ao Felipe nas ocasiões anteriores. Agradecemos e o Fê não
acreditou na quantidade de palheta que ele tinha ganhado.
Ficamos no Saguão, não sabendo o que fazer quando Paul
descesse, pois já tínhamos conseguido o autógrafo. Eu iria ficar por
ali e tentar um autógrafo no meu Álbum Branco, mas o Fê estava
sem saber como ele iria ficar e agir, pois não queria dar a entender
ao Paul que estava ali se aproveitando mais uma vez da ocasião.
Foi aí que eu tive uma ideia! Como o Paul tinha sido tão cordial e
afetuoso com o Fê, era hora de agradecer de alguma maneira.
Pensei em comprar uma cartolina e escrever THANK YOU PAUL,
mas não havia nenhum local para que eu pudesse comprar uma
cartolina, então fui até o balcão na recepção e pedi alguma folha
grande ou qualquer coisa que eles pudessem me arrumar.
Arranjaram-me 3 folhas grandes, brancas, que ficaria perfeito!
Fomos para o bar em frente ao restaurante e pedi uma caneta preta
emprestada. Escrevi bem grande e rusticamente THANK YOU
PAUL - Felipe. Pedi ao Fê que colocasse a roupa novamente de
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Sgt Peppers e ficamos esperando a hora em que o Paul descesse
novamente.
Por volta das 14 horas começaram a formar uma fila
novamente, no mesmo local do dia anterior. Assim que chegamos à
fila, o Felipe estava trocando algumas palavras com uma fã
argentina, surpreendida por mim, com uma cara muito feia e
dizendo que ela já tinha conseguido vários autógrafos do Paul e
que aquilo era normal pra ela. Achei um absurdo naquela situação
uma afirmação como aquela. Tive a certeza de que nós dois éramos
pessoas não bem vindas naquele círculo de fãs argentinos. Tentei
posicionar o Felipe no mesmo local que ele tinha ficado e me
afastei um pouco.
Fila aguardando a saída do Paul para seu segundo show em São Paulo –
Grand Hyatt Hotel SP – Quarta-feira 26/11/2014 16h25min
90
Fila à espera do Paul – Grand Hyatt Hotel SP
Quarta-feira 26/11/2014 16h28min
91
Dentini. Disseram que estavam hospedados no Hotel também e que
eram do interior de São Paulo.
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mas naquela situação pela iminência da descida do Paul a qualquer
minuto, não tive como.
Ficamos nós dois então do lado de fora, bem atrás do carro
em que o Paul entraria.
Os seguranças fizeram um cordão de isolamento, mas pedi
para que o Felipe ficasse entre um segurança e outro, pois nosso
único objetivo seria que o Paul conseguisse ler o cartaz do Fê.
Foram muito cordiais.
John Hammel, que já tinha descido, passou por ali e leu o
cartaz, fazendo uma cara de feliz e dando um alô pro Fê.
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O Cesar Kiles estava com o violão Epiphone, mas a caneta
que tinha estava falhando. Fui até a fila do Saguão e pedi uma
emprestada a um fã, que tinha me emprestado anteriormente para a
escrita do cartaz. A maneira que eu o convenci para me emprestar
a caneta foi a que o Paul pegava uma caneta só e autografava todos
os itens apenas com uma caneta, então ele não iria precisar.
Dei a caneta ao Cesar e ainda brinquei com ele dizendo
que eu era o seu salvador da pátria desde a noite passada e queria
passe livre em todos os shows da banda dele. Ele disse que seria o
mínimo que poderia fazer por mim.
Ficamos naquele lugar por uns 15 minutos. Às 17h31min,
Paul McCartney desce novamente pelo mesmo elevador e segue a
mesma trajetória do dia anterior. Quando Paul saiu da recepção, o
Felipe o chamou insistentemente, chamando a atenção dele. Ele
deu uma paradinha, leu o cartaz, fez um gesto de positivo com o
polegar e disse: HEY, FELIPE, THANK YOU, fazendo um gesto
de agradecimento, uma reverência, e entrou no carro rapidamente.
Felipe só dizia Pai, ele falou meu nome, ele falou meu nome!
Ficamos extremamente emocionados, com essa
finalização que até, nos mais impossíveis sonhos, não teríamos
imaginado assim.
Os fãs logo se dispersaram e ficamos sem acreditar no que
tínhamos acabado de presenciar. O César nos ofereceu carona até
o estádio, pois dali eles já iriam embora. Aceitamos... Fui até ao
quarto para o Fê trocar de roupa. No elevador, encontramos o
Fernando, e ele estava indignado, dizendo que os argentinos
tinham tumultuado toda a fila e, quando o Paul chegou para
autografar, a caneta de um deles não pegou, e o Paul desistiu de
autografar, saindo sem autografar pra ninguém.
Fê trocou de roupa rapidamente e descemos. Enquanto o
Cesar foi buscar o carro no estacionamento. Encontramos a Lizzie,
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desolada, dizendo que estava extremamente decepcionada, que pra
ela era um grande sacrifício estar ali. Entendi a frustração dela.
Pedi que tirasse uma foto com o Fê e disse que já estava indo pro
show.
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conseguimos achar o seu final; resolvemos então esperar um pouco
no Shopping que fica em frente ao Estádio Allianz.
Enquanto esperávamos, liguei pra Cláudia, minha esposa,
contando toda a história, com mais calma. Demos uma volta no
Shopping, e em frente a uma loja ouvimos um vendedor falando
para o outro: - Ah, acho que vai ter show do John Lennon aí no
Estádio hoje... Caímos na gargalhada...
Por volta das 20:30h resolvemos procurar o final da fila e
finalmente o encontramos, porém ainda estava muito grande.
Enfrentamos a fila e logo entramos no Estádio. Subimos uma
escadaria até a arquibancada A e tivemos muita dificuldade de
achar um lugar pra sentar. Acabamos sentando em uns canos
aparentes que estavam do lado das cadeiras...
Esperamos alguns minutos enquanto passava um clip no
telão. O Felipe estava adorando tudo, pois nunca havia participado
de nada semelhante.
Paul McCartney entrou com a banda tocando Magical
Mistery Tour. Uma emoção sem igual! Estávamos muito longe e
só dava pra ver com perfeição pelo telão, mas o Fê estava amando.
Seu semblante era de quem estava em êxtase o tempo todo!
Assistimos ao show, muito emocionados, tanto ele quanto
eu!
Saímos antes do término, umas duas músicas, pois estava
chovendo e fiquei com receio de não conseguir táxi para retornar
ao Hotel.
Descemos as escadarias correndo e chegando à rua, ainda
comprei uma placa da turnê pro Fê e em seguida conseguimos o
táxi para retornar.
O retorno foi tranquilo, sem trânsito e bem rápido.
Chegamos ao Hotel e subimos para o quarto. Minha
certeza era de quase 100% de que o Paul não retornaria naquela
96
noite após o show, pois ele costuma sempre ir direto para o
aeroporto depois do último show. Mesmo assim, disse ao Fê que
iria ao Saguão apenas para olhar se haveria alguma movimentação,
mas que ele não precisaria se preocupar em descer, pois logo eu
subiria novamente.
Desci e havia já algumas pessoas, fãs, no Saguão,
esperando. Eu, descrente do seu retorno, fiquei observando tudo.
Depois de alguns minutos, aparece o Tulio Costa e o Mike,
ambos seguranças. Para minha surpresa, tive a certeza de que o
Paul voltaria ao Hotel. Liguei pro Fê no quarto e ele não atendeu.
Mandei uma mensagem e ele me retornou, dizendo que
estava no banho. Disse pra ele vestir roupa rápido, pois o Paul iria
retornar. Ele disse que iria descer. Eu disse então pra ele aguardar
no quarto que eu estava subindo pra pegar o vinil e desceríamos
juntos. Subi, peguei correndo o vinil e descemos rapidamente. Ali
já estava começando a formar uma fila, na qual o primeiro da fila
era um Fã que estava com um baixo Höfner modelo V63, com o
anseio de conseguir o autógrafo. Havia também uma moça que
tinha feito um banquinho, todo desenhado em homenagem aos
Beatles e queria entregar a ele. Engraçado é que eu sentia uma
certa hostilidade do pessoal da fila, principalmente do garoto com
o Höfner. Não sei se era impressão ou talvez eles já soubessem do
nosso autógrafo e não queriam mais a nossa presença.
Enfim, o segurança disse que o Paul retornaria e atenderia
todos, mas para fazermos uma fila organizada, distante da porta do
Hotel. Ficamos ali por alguns minutos. O Fê não estava na fila, e
disse à ele que se afastasse da fila, apenas para ficar olhando, já
que ele era o sortudo do ano e já havia conseguido tudo que um fã
dos Beatles sempre sonhou.
Depois de uma meia hora esperando e já começando a
garoar, o ônibus do Paul chega. Quando estacionou na porta do
97
Hotel, dava pra ver o Paul em pé, encostado nas primeiras
poltronas e conversando com Rusty. Ele chegou a ver a fila que
tinha se formado. O Pessoal da equipe desceu, os músicos e logo
em seguida o Paul desceu. Não deu pra vê-lo descendo, mas os
seguranças o conduziram até a porta lateral. Em seguida, Tulio
chama o pessoal do Corpo de Bombeiros para tirar uma foto com o
Paul. Eles posaram felizes, juntos com Sir McCartney!
98
Logo em seguida, Paul entrou. Ninguém chegou até a fila
para dar alguma satisfação e ficamos ainda uns 5 minutos
aguardando.
Eu fui o primeiro a deixar a fila, com a certeza de que ele
não viria mais, principalmente porque a chuva já estava
aumentando.
Naquele momento, encerrava nosso momento fã e nosso
último contato com Paul McCartney. Subimos pro quarto e ainda
demoramos a dormir, já que a adrenalina dos últimos
acontecimentos estava à flor da pele.
99
Quinta-feira, 27 de Novembro de 2014
100
Agradecimentos
Aos meus irmãos Celso e Ricardo, por sermos fiéis uns aos outros,
por rirmos juntos, chorarmos juntos, compartilharmos horas de
alegrias, tristezas e por sermos uma família unida... e também por
serem beatlemaníacos, como eu.
Ao Tulio Costa, que mesmo sem saber a dimensão do seu ato para
conosco, nos acolheu com sua atenção fazendo com que aquele
momento se tornasse inesquecível.
101
Ao Cesar Kiles, que nos fez muito felizes por estarmos ao seu lado,
de quem sempre fomos fã, em um momento único.
102
Ao Mike, o segurança que me expulsou da fila de autógrafos em
2010, mas que sempre olhou para o Felipe com ternura e
admiração.
103
104
Índice Remissivo
105
Club Lounge Hyatt - 60, 66, 68, 82
Copacabana - 22, 46, 47, 48, 51, 53, 55
Copacabana Palace Hotel - 22, 46, 47, 48, 53
Darci - 45, 55
David Tiguez - 88
Débora Anjos - 50
Epiphone - 21, 61, 63, 65, 70, 82, 94
Felipe Fiorini - 20, 21, 22, 25, 27, 31, 32, 34, 45, 36, 38, 40, 41,
42, 47, 59, 60, 61, 63, 64, 65, 66, 68, 69, 70, 73, 74, 75, 76, 77, 80,
82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96
Fernando - 28, 69, 91, 94
Gibson - 70
Golden Tulip Hotel - 25, 26, 27, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36
Go Pro - 39
Grand Hyatt Hotel - 13, 14, 16, 22, 60, 63, 65, 66, 68, 69, 70, 71,
73, 74, 75, 78, 80, 82, 83, 84, 88, 90, 91, 92, 93, 95
Hofner - 13, 15, 28, 36, 38, 39, 53, 59, 69, 70
HSBC Arena - 51, 52, 53
Ilha do Boi Hotel - 21, 22, 25
Iphone - 76
Janaina Huang - 29
João Evangelista Fiorini - 13, 82
John Hammel - 29, 30, 31, 39, 74, 89, 93
106
John Lennon - 96
Jorge Carvalho - 53
Kênnia Fiorini - 13
Kim MJ - 50
Lizzie Bravo - 22, 92, 94, 95
Lulu Santos - 26, 28
Magical Mistery Tour - 96
Maracanã - 13
Mark Hamilton - 25, 28, 66, 75
McDonald’s - 26
Mike - 14, 28, 66, 73, 75, 97
Morumbi - 14, 66
Morumbi Shopping - 66
Multishow - 83
Nancy Shevell - 41
Orkut - 71
Outback - 29
Out There - 89
Patricia Lins de Barros - 50
Paul McCartney - 13, 14, 15, 16, 19, 20, 21, 22, 23, 25, 26, 27, 28,
29, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 48, 49, 50, 51, 52,
53, 59, 60, 63, 66, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 82, 84, 85, 86, 87, 89, 90,
91, 92, 93, 94, 96, 97, 98, 99, 100
107
Paul Wix Winkens - 26, 27, 34, 35, 63
PM - 38
Porto Alegre - 13, 14, 21, 32
Rede Globo - 68
Ricardo Fiorini - 13
Ricardo Martinelli - 32
Rio de Janeiro - 13, 19, 22, 42, 45
Robert Ferreira - 13
Rusty Anderson - 34, 61, 63, 70, 98
Santos Dumont Aeroporto - 55
São Paulo - 13, 19, 21, 29, 59, 60, 90, 92
SBT - 36
Sgt. Peppers - 20, 26, 28, 41, 52, 69, 90
Sharpie - 20, 85
Sheraton Hotel - 13, 21, 22, 25, 26
Sílvio Charles - 26
Texan - 21, 61, 63, 65, 82
Tiguez Luthier - 87, 88,
Tribuna de Vitória - 32
Tulio Costa - 37, 66, 97, 98
Vargem Grande do Sul - 22, 42, 45, 55, 60
Vira Copos Aeroporto - 24
108
Vitória - 19, 21, 22, 24, 25, 27, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 39,
48, 50, 66, 69
Vix Beatles - 32, 36
Wings - 20, 51
109
1ª IMPRESSÃO [2016]
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