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PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DE UM
PLANO DE MANUTENÇÃO EM UMA
EMPRESA CERÂMICA
1. Introdução
2. Referencial Teórico
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empregos diretos, gerados por cerca de 7,4 mil empresas. Com faturamento de R$ 18 bilhões,
o setor tem grande margem para crescimento, desde que consiga vencer os desafios que
afetam diretamente sua competitividade.
Carvalho (2001) argumenta que a cerâmica estrutural ou cerâmica vermelha abrange
um grupo de materiais cerâmicos constituído por tijolos, telhas, tubos, lajotas, vasos
ornamentais, agregados leves de argila expandida, entre outros; geralmente fabricados
próximos dos centros consumidores, utilizando matérias-primas locais.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, a região Nordeste tem uma
produção de aproximadamente 21% da nacional, mas consome cerca de 22%, revelando ser
um pequeno importador de produtos de cerâmica vermelha (BEZERRA, 2010). No Nordeste,
os principais produtores são os Estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.
A SINDICER-RN (2001), - Sindicato da Indústria Ceramista para construção do Rio
Grande do Norte – realizou levantamentos com relação ao investimento no setor que indicam
que nos últimos 10 anos, a indústria cerâmica no Rio Grande do Norte tem crescido
significativamente. Segundo o SEBRAE (2012), a fabricação de blocos de vedação, telhas,
lajotas, tijolos e outros produtos proporcionam um faturamento anual de mais de R$ 208
milhões para a indústria ceramista do Rio Grande do Norte, que possui 186 empresas em
funcionamento. O setor lança todo mês no mercado mais de 111 milhões de peças e tem
demonstrado sinais de avanço. Na última década, registrou crescimento de 17%.
No estado, este setor é constituído principalmente por microempresas de gestão
familiar ou associativa, que apresentam baixa aplicação de tecnologia (SENAI, 2001). Sabe-
se que, por ser uma atividade que se utiliza de tecnologias arcaicas, não eficientes, porém
suficientes, tal segmento apresenta carência de profissionalismo, organização e
principalmente de planejamento.
“A cerâmica vermelha tem uma forte relação com o setor primário e isso se confirma,
principalmente, pelo uso de recursos naturais tais como, lenha e a argila” (SANTANA, 2008,
p. 34). Segundo a fonte, o processo produtivo pode ser caracterizado da seguinte forma:
Processo da matéria-prima: coleta, sazonamento, estoque e mistura;
Processo de beneficiamento: misturador, laminador e misturador;
Processo de fabricação: extrusão, corte e prensa;
Processo de queima e inspeção.
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2.2. Manutenção
De acordo com Kardec e Nascif (2013), a manutenção deve ter como principal
objetivo priorizar a eliminação das falhas que ocorrem de forma potencial, por meio da
análise das causas básicas, atreladas ao esforço do reparo com qualidade, associado à
operação e a engenharia na busca das soluções definitivas. O mesmo autor continua que, é
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necessário a manutenção dar ênfase à forma preditiva que funciona interligada aos softwares
de diagnóstico e à engenharia de manutenção.
Este mesmo autor comenta a Missão da Manutenção de uma forma ultrapassada, como
tentativa para reestabelecer as condições originais dos equipamentos/sistemas, porém muitas
empresas ainda vivem nesta situação. E conceitua à Missão da Manutenção atual como, a
tentativa de “Garantir a Disponibilidade da função dos equipamentos e instalações de modo a
atender a um processo de produção ou de serviço com Confiabilidade, segurança, preservação
do meio ambiente e custo adequado.” (Kardec e Nascif, 2013, p. 26).
De modo geral, Paskocimas (2010), menciona as três formas distintas em que a Gestão
da Manutenção pode atuar, são elas:
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3. Metodologia
Segundo Yin (2001), os estudos de caso vão além de uma estratégia meramente
explanatória. O autor define "Estudo de Caso, como outras estratégias de pesquisa, representa
uma maneira de se investigar um tópico empírico seguindo-se um conjunto de procedimentos
pré-especificados". Já para Gil (2002), o estudo de caso consiste no estudo profundo e
exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.
No presente estudo foi observado o processo produtivo bem como os equipamentos da
cerâmica em estudo e percebeu-se que na empresa não há nenhum controle ou procedimento
documentado de paradas, manutenção corretiva ou preventiva. Sendo assim após a análise do
processo sugeriu-se a elaboração de um plano de manutenção.
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para o processo de produção, tempo esse que pode ser de no mínimo 6 meses até anos. É
necessário também a madeira para a queima nos fornos.
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Depois da secagem dos tijolos, os mesmos irão passar por um tratamento térmico, a
queima. Esta etapa é considerada a mais importante diante deste estudo, pois o forno é o
gargalo do processo.
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Após a queima os produtos são retirados dos fornos e colocados pra expedição. Os
fornos utilizados atualmente pela empresa consomem bastante lenha para a queima, matéria-
prima que encarece o produto final, além de ser mais agressivo ao meio ambiente, por isso
sugere-se que a empresa adquira fornos do tipo contínuo em câmara pois eles serão mais
econômicos, já que o calor de uma câmera é passado para outra através de um exaustor.
4. Resultados e Discussões
A empresa, objeto de estudo, não possui uma gestão de manutenção bem estrutura,
sendo possível observar várias lacunas deixadas pela falta da mesma. A partir do estudo feito
foi possível propor algumas ferramentas para auxiliar na organização, estruturação e
implantação da manutenção na cerâmica.
No primeiro momento foram identificados os equipamentos e as máquinas envolvidas
no setor produtivo da organização. Logo que identificados, todos esses itens foram
“etiquetados” seguindo o conceito de tagueamento. Três níveis foram definidos, onde: o
primeiro refere-se à numeração da fábrica, que é 001, possibilitando que futuras filiais abertas
possam ser identificadas com outro número de tag, diferenciando-as; o segundo faz referência
às fases da produção, se diferencia do nível anterior por possuir códigos, como CRG
(Carregamento), PRO (Produção), SEC (Secagem) e QEM (Queima). Como explicitado na
Quadro 1.
UP TAG ÁREA
1 CRG-0001 Carregamento
2 PRO-0001 Produção
3 SEC-0001 Secagem
4 QEM-0001 Queima
Fonte: Autoria Própria (2014).
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O terceiro nível refere-se aos equipamentos que necessitam de manutenção. Para cada
uma das 13 (treze) máquinas que participam do processo de produção dos tijolos. Fazendo a
diferenciação de qual fase cada uma dessas máquinas se encontram no processo produtivo.
No setor de secagem as maquinas que necessitam de manutenção são carroças e moto,
que fazem o transporte dos tijolos, que não possuem nenhum tarugo, para os galpões onde
ocorrerá a secagem.
No setor de queima os equipamentos que necessitam e manutenção não são máquinas,
são cinco fornos que necessitam de vistoria e reparos periódicos. Dentre as formas de
manutenção se encontram limpeza e remoção de cinzas.·.
No último nível há mais detalhamento das máquinas, onde podemos identificar
máquinas especificas como é o caso das esteiras, ventulões e boquilhas. Nesse nível há uma
espécie de tag extra, onde identifica uma determinada máquina. O Tagueamento completo
esta explicitado no Quadro 2.
Quadro 2: Tagueamento da Cerâmica
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Outro plano elabora foi o roteiro de lubrificação das máquinas, onde se identifica os
equipamentos, a forma de lubrificação efetuada, a frequência que ela ocorre, seguido do dia,
responsável, horas de início e fim da manutenção e atividade. Para este também foi elaborada
um cronograma semanal de lubrificação.
Ainda foi elaborado um plano de manutenção preventiva, no qual estão discriminados
os equipamentos, a forma de manutenção, a frequência, o dia a ser realizada essa manutenção,
responsável, horas de início e fim da manutenção e atividade. Para este também foi elaborada
um cronograma semanal para a realização dessa manutenção, com duração de 1 (um) ano.
Foi observado que alguns equipamentos tem avaliação em um determinado período e alguns
componentes do mesmo requer avaliação em outro período, como no caso do Laminador
Destorreador, que tem uma avaliação quinzenal e os mancais, do mesmo, requer uma avalição
semanal.
Foi proposto, ainda, um modelo a ser seguido para a manutenção corretiva, onde para
que essa seja efetuada deve-se primeiramente identificar o problema, abrir uma solicitação de
serviço, essa solicitação deve ser avaliada, caso ela seja aceita abre uma ordem de
manutenção, logo em seguida há a programação dessa ordem de manutenção, depois essa
ordem é executada e encerrada.
Também foram identificados alguns itens de sacrifício, que são aqueles que sofrem
desgaste. Esses itens foram cordoalhos (fios utilizados no corte) e engrenagens. Esses
geralmente só são trocados quando quebram.
Os estoques de materiais para realizar a manutenção também foram definidos, assim
como as equipes de manutenção que são formadas por 5 (cinco) profissionais, nos quais 2
(dois) são executantes, 1 (um) é planejador, 1 (um) é supervisor de manutenção e 1 (um) é
gerente de manutenção. Todos eles necessitem ter uma formação técnica para tais funções.
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5. Conclusões
A gestão de manutenção ainda é um fator desconhecido por muitos gestores do setor
de Cerâmica Vermelha, portanto, ela ainda é um fator que gera vantagem competitiva entre as
empresas que atuam nesse mercado.
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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
BEZERRA, F.D. ; REINALDO FILHO, L.L. Informe Setorial Cerâmica Vermelha, Escritório Técnico de
Estudos Econômicos do Nordeste, ETENE, 2010.
CARVALHO, O.O. de. Perfil industrial da cerâmica vermelha no Rio Grande do Norte. FIERN/SENAI.
Natal, 2001.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
KARDEC, A.; NASCIF, J.; Manutenção - Função Estratégica. 4ª edição. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora,
2013.
SANTANA, A. Estudo de Mercado de Cerâmica Vermelha/ ESPM. Relatório completo – Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), 2008.
YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,2001.
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