Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Ginestal Machado
Escola Básica 1 dos Leões - Biblioteca Escolar (Pólo 3)
1. O Contexto
«Temos de repensar os princípios fundamentais nos quais baseamos a educação das nossas crianças. Há que
celebrar o dom da imaginação humana.» (1)
______________________
Notas
(1) Ken Robinson, «Changing Education Paradigms»
A RBE, seguindo um modelo das escolas inglesas propõe um modelo de auto-avaliação das Bibliotecas
Escolares. Ele baseia-se num conjunto de princípios que visam dotar as bibliotecas escolares de uma
eficácia educativa junto dos seus utilizadores, numa palavra, a escola. O modelo promove através de um
conjunto de etapas, (desafio/evidências/informação/mudanças/impacto) observar, diagnosticar e intervir
holistamente, globalmente, sobre a BE e por isso sobre a Escola. O modelo assenta na ideia estruturante
de que a melhor forma de documentar a acção de uma Biblioteca é fazer uma gestão de «desenvolvimento
de práticas sistemáticas de recolha de evidências» (2).
Ross Todd definiu os princípios que permitiriam dotar as Bibliotecas Escolares de uma comprovada 2
eficácia, caso elas programasssem a sua acção em torno do essencial numa escola, a saber, o impacto nas
aprendizagens. Questão essencial na planificação, mas também na própria justifacação existencial das
Bibliotecas Escolares. Esta visão conduz-nos a uma observação atenta para a noção de «pesquisa-acção»
(3) que promove a validação das relações que se estabelecem ou não entre o processo e o valor que
originam.
A Biblioteca Escolar descola-se de uma visão que a promovia enquanto espaço de recursos, onde se
mantinha como grande critério «a relação custo-eficiência» (4), para se afirmar como um espaço de gestão
da eficiência que promove pela qualidade dos seus serviços. O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas
Escolares apresenta-se como um instrumento, talvez mais, uma ferramenta que permite a validação da
sua acção e a justificação da sua importância numa comunidade educativa. Organizado em quatro
domínios e suportado por um conjunto de indicadores o MABE foi estruturado para ser tomado como
pretença pelos professores biliotecários, mas também pela Gestão e docentes, no sentido de identificar os
aspectos formativos da organização naquilo que lhe é mais precioso, justamente, o processo de ensino-
aprendizagem. A investigação nesta área determinou três domínios que permitem esta intersecção entre a
Biblioteca Escolar e a organização, a saber, «1- A integração na escola e no processo ensino-
aprendizagem; 2 – O acesso aos recursos; 3 – A Gestão da Biblioteca Escolar» (5).
___________________
Notas
(2) Kebede (1999), «Performance Evaluation in Library and Information Systems of Developing Countries», in
Texto da Sessão
(3) Markless, in Texto da Sessão
(4) Cramm, in Texto da Sessão
(5) Scholastic Research, «School Libraries Work», In Texto da Sessão
(6) Ross Todd, «The 2001 IASL Conference»
De um ponto de vista genérico, esses desafios comportam áreas tão diversas, como o impacto das
tecnologias na Biblioteca, as dificuldades de aceitação do papel do PB e da dimensão do seu trabalho, a
falta de apoio às suas iniciativas, as dificuldades no financiamento, a construção das equipas ou o seu
estatuto como profissional da informação.
O Modelo de Auto-Avaliação pode ser uma ferramenta para ultrapassar algumas destas dificuldades.
«O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização» (7). A operacionalização aqui implicada
é sustentada por um conjunto de investigadores, podendo-se destacar Ross Todd e Carol Kuhlthau que
formularam as premissas de uma aprendizagem construtiva, realizada pelo aluno, como sujeito activo e 3
construída sobre as diferentes formas de informação que diferentes recursos oferecem.
O trabalho da Biblioteca Escolar tem de ser o de primordialmente reforçar o processo ensino-
aprendizagem e contribuir para as metas educativas da escola, combinando «aprendizagem, informação e
tecnologia» (8). O modo operandis da BE é realizar uma prática baseada em evidências (9). Ela justifica a
estratégia da construção de conhecimento e torna-se a razão da existência das Bibliotecas Escolares,
porque é pela EBP (evidence-based practice) que aquelas asseguram o seu futuro (10). Esta fusão de
informação, com tecnologia e aprendizagem é na verdade uma oportunidade e um convite para as
Bibliotecas Escolares dinamizarem uma «aprendizagem partilhada» (11), pois ao se conhecer de que forma
a BE apoia as metas educativas, torna mais visível a sua importância nuclear no seio da organização.
Evidentemente que esta nova janela de olhar o horizonte da escola e da aprendizagem, exige
competências, digamos significativas, ao Professor Bibliotecário. Tratemos primeiro das oportunidades e
depois dos requisitos do PB e da escola.
___________________
Notas
(7) Texto da Sessão
(8) Ross Todd, in «Jornal da Biblioteca Escolar»
(9) Ross Todd, in «Jornal da Biblioteca Escolar»
(10); (11); (12); (13) - Ross Todd,,«The 2001 IASL Conference»
(14) Carol Kuhlthau,«68 TH IFLA Council and General Conference»
(15); (16) Ross Todd, «The 2001 IASL Conference»; «68 TH IFLA Council and General Conference»
Perante estas dificuldades o PB tem a oportunidade de na sua Biblioteca traçar um plano de acção que
comprove que a prática da BE faz a diferença, traz ganhos, mais-valias formativas. No fundo contribui para
uma coesão social pelas oportunidades de satisfação pessoal com que compromete os seus utilizadores.
Assim, a EBP contribui para a função essencial da Biblioteca e da Escola. O EBP sustenta-se, de acordo
com a investigação feita (17), num conjunto de princípios de aprendizagem construídos numa faceta
colaborativa. Esse conjunto vasto de princípios (18) «definem as funções e papéis da equipa da biblioteca
na mudança para o trabalho de construção de conhecimento (...) são a base de desenvolvimento do
programa de bibliotecas para toda a escola» e constituem «uma base em torno do qual as evidências 4
podem ser recolhidas para mostrar a força do programa das bibliotecas» (19).
___________________
Notas
(17) Ross Todd, «68TH IFLA Council and General Conference»
(18) Ross Todd, «The 2001 IASL Conference»
(19) Ross Todd, «The 2001 IASL Conference»
(20) Ross Todd, «The 2001 IASL Conference»
(21) Ross Todd, «68TH IFLA Council and General Conference»
(22) Ross Todd, «The 2001 IASL Conference»
Existem naturalemente factores críticos. O PB intervém pouco naquilo que se pode chamar a
investigação educacional a nível local. A construção de uma comunidade de aprendizagem é dificultada
pela ideia de que os problemas locais são pouco representativos, que a recolha de evidências é difícil e não
é reconhecida integralmente no seu valor estratégico, ou que entre a Biblioteca e a aprendizagem dos
alunos há uma distância, um distanciamento difícil de integrar. E naturalmente a formação. É ela que
permite a reflexão desejável (23) nos processos e nas oportunidades que as tecnologias promovem. Há
assim um campo imenso de crecimento para que os Professores Bibliotecários assumam os desafios como
oportunidades de crescimento e de validação da sua função estratégica na escola. (24). 5
__________________
Notas
(23) Ross Todd, in «Jornal da Biblioteca Escolar»
(24) Ross Todd, «The 2001 IASL Conference»
(25) Ken Robinson, «Changing Education Paradigms»
Segundo a Unesco, nos próximos trinta anos, irá estudar mais gente através do sistema formal educativo
no mundo, do que desde o princípio da História. É indispensável dar forma e capacitar expressivamente a
imaginação como forma de aceder ao real, ao seu conhecimento e transformação.
A Biblioteca Escolar tem a oportunidade de numa realidade, onde se mantém uma normalização
educativa, onde a individualidade ainda é um luxo no sistema educativo, de iniciar um caminho longo, difícil,
mas motivante de contribuir para uma escola que responda melhor à vocação individual, à criatividade de
cada um. Um pouco na ideia de Agostinho da Silva, de cultivar o valor individual de cada um. A escola deve
6
promover a oportunidade de cada um poder construir o seu conhecimento.
As respostas antigas num mundo com um ecrã definido, organizado para uma industrialização em larga
escala e para um mundo laboral onde os certificados justificavam um posto de trabalho estão em clara
decadência e perderem o sentido que tiveram estruturalmente durante décadas.
Os princípios culturais que edificaram este tipo de sistema educativo mudaram e só com uma
diferenciação individual, tornando os sujeitos activos e criadores de ideias, a escola poderá traçar a
quadratura do círculo. (26)
Ela é complexa. Tentar enquadrar uma educação que sustente uma sociedade para a incerteza do século
XXI e que numa globalização, numa imensa Torre de Babel, consiga manter uma identidade cultural, em cada
criança, em cada comunidade.
É este o desafio da Escola e da Biblioteca Escolar. Contribuir para uma ideia nova, onde o conhecimento
construído seja uma oportunidade pessoal e um contributo transformador da sociedade.
__________________
Notas
(26) Ken Robinson, «Changing Education Paradigms»