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FIGURA 1.2 – Rede Rodoviária da Área de Planejamento.

Fonte: Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER/MG).


1.4 Patrimônio histórico e cultural

O patrimônio histórico e cultural do Vale do Jequitinhonha destaca-se por sua


diversidade e singularidade, englobando cidades históricas, monumentos, tradições,
festas, música, dança e artesanato, e configurando um conjunto de manifestações
que, reconhecidamente, constituem uma das expressões mais ricas da cultura
brasileira.

Todo esse universo de elementos, aliado à bela paisagem natural, é que dá identidade
à região, constituindo-se na principal marca do Pólo Turístico. Além de Diamantina,
uma das mais belas cidades históricas brasileiras, patrimônio cultural da humanidade
pela UNESCO, e da cidade de Serro, outra jóia do patrimônio nacional, encontram-se
disseminadas por toda a Área de Planejamento diversas edificações de valor histórico,
remanescentes dos séculos XVIII e XIX, que são o testemunho maior da civilização
que se constituiu na região, em virtude, principalmente, da exploração do ouro e dos
diamantes. Cabe ressaltar, ainda, que Diamantina possui também um importante
conjunto de edificações do arquiteto Oscar Niemeyer, reconhecido internacionalmente
pela originalidade, plasticidade e avanços técnico-estruturais.

Fonte de renda para inúmeras famílias, o artesanato do Vale do Jequitinhonha,


principalmente suas peças em cerâmica, é conhecido em todo país e
internacionalmente, constituindo-se em forte elemento da identidade cultural da região.

Com rico calendário de festas religiosas e populares, o Vale do Jequitinhonha possui


grande manancial de tradições históricas e culturais, ainda pouco conhecido e
explorado, que se mantém vivo graças às ações empreendidas por diferentes
gerações, e que necessita, assim como acontece com o patrimônio material, de um
amplo trabalho de identificação, registro e proteção.1

1
O Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial foi instituído no Brasil apenas recentemente, em
2000. Seguindo o exemplo do Governo Federal, Minas Gerais também instituiu esse tipo de registro,
sendo que o primeiro bem registrado foi o processo artesanal de fabricação do queijo do Serro, típico
da região.
Em virtude das características do patrimônio histórico e cultural do Vale do
Jequitinhonha e do seu interesse para o desenvolvimento do turismo na região, é
importante traçar uma abordagem abrangente, incluindo não apenas os bens
materiais, mas também as suas diversas manifestações culturais, inclusive o modo de
viver e de fazer de seus habitantes. Apesar de ser uma as regiões mais pobres do
país, o Vale do Jequitinhonha apresenta-se extremamente rico no que se refere às
suas práticas e tradições culturais, muitas delas remanescentes dos grupos
formadores da nacionalidade brasileira, como é o caso das festas e outras
manifestações de origem africana.2

O interesse desse tipo de patrimônio para o turismo cultural no Pólo é inegável e


ganha maior relevância se abordado de forma integrada com os bens culturais de
natureza material, dando-lhe maior competitividade em relação a outros destinos
turísticos. Contudo, o resgate e a valorização desse patrimônio imaterial somente é
possível com a participação de todos os setores sociais, sobretudo das instituições e
comunidades locais, cabendo ao Poder Público, nas suas diferentes esferas de
governo, o papel de coordenar e articular esse processo, na perspectiva de um
planejamento sustentável. Para isso, é preciso que a discussão e as ações em torno
do patrimônio cultural deixem de ser uma prerrogativa dos especialistas da área para
se tornar uma preocupação de todos. Daí a importância, ao lado dos instrumentos
tradicionais de proteção, como inventários e tombamentos, dos Conselhos de Cultura
e Patrimônio e das iniciativas de educação patrimonial.

Em virtude da atual legislação sobre a distribuição do ICMS3 aos municípios, Minas


Gerais vem conseguindo avanços substantivos no que diz respeito à descentralização
e ao fortalecimento das políticas municipais de proteção e conservação do patrimônio
cultural.

Impulsionados pela possibilidade de conseguir maiores repasses do ICMS,


considerando-se a pontuação obtida com o critério do patrimônio cultural, todos os
nove municípios da Área de Planejamento possuem legislação específica e Conselho

2
Ver a respeito o item relativo aos produtos e atrativos da Área de Planejamento.
3
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicação.
Municipal de Proteção do Patrimônio. Alguns se encontram mais adiantados nesse
processo, com diversas ações, incluindo a realização de inventários e tombamentos;
outros vêm enfrentando dificuldades, tanto financeiras quanto técnicas, para atuar de
forma mais sistemática e abrangente nessa área. Contudo, o número de atrativos
turísticos que já se encontram protegidos por tombamento municipal é expressivo, e a
tendência é que os demais venham a receber o mesmo tipo de proteção. Tendo em
vista a grande presença de atrativos complementares, de valor local e regional, o
fortalecimento da gestão municipal do patrimônio cultural aparece novamente entre os
elementos estratégicos para a sustentabilidade do desenvolvimento turístico na região.

De outro lado, a existência de diversos tombamentos estaduais e federais na Área de


Planejamento garante uma presença maior no Pólo tanto do IEPHA/MG como do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), este inclusive com dois
escritórios na Área de Planejamento, a 16ª Sub-Regional, sediada em Diamantina,4 e
a 14ª, no Serro, em função do tombamento federal de seus núcleos históricos. A
cidade de Minas Novas, devido ao tombamento federal de duas edificações –
Sobradão e Capela de São José –, recebe assistência do IPHAN, a partir do escritório
sediado em Diamantina.

Considerando as dificuldades próprias da preservação histórica no Brasil, sobretudo a


falta de recursos financeiros para a realização de obras de restauração em imóveis ou
conjuntos tombados, que exigem equipe técnica especializada e, conseqüentemente,
um aporte financeiro maior, por parte tanto dos proprietários quanto dos órgãos de
patrimônio em todas as esferas de governo, o cenário que se apresenta em relação às
condições físicas e à capacidade de suporte do patrimônio histórico e cultural, tendo
em vista o desenvolvimento do turismo na Área de Planejamento, é bastante
favorável.

Ressalte-se o bom estado de conservação dos conjuntos arquitetônicos de Diamantina


e Serro, principais atrativos turísticos do Pólo. Para que Diamantina pudesse receber o
título de Patrimônio Cultural da Humanidade, houve grande movimentação dos
agentes locais para a promoção de investimentos privados e públicos na conservação

4
Cabe ressaltar que a Sub-Regional de Diamantina é a única no país que conta com uma equipe de
obras.
e restauração de seu patrimônio. Além disso, Diamantina e Serro estão inseridas no
Monumenta/BID (Programa de Revitalização de Sítios Urbanos através da
Recuperação do Patrimônio Cultural), com várias obras previstas e em andamento.
Também o IPHAN, por intermédio das duas sub-regionais, vem realizando outras
obras em Diamantina e Serro.

Considerando o bom estado de conservação da grande maioria das edificações do


núcleo histórico e as obras que estão sendo realizadas na cidade, o principal problema
de Diamantina hoje é o de conter a ocupação desordenada da serra dos Cristais, algo
que está interferindo de forma bastante negativa na paisagem histórica e na ambiência
da cidade. Cabe destacar que o centro histórico de Diamantina ganha ainda maior
excepcionalidade em virtude de estar emoldurado por esta serra, monumento tombado
pelo IEPHA/MG e que se constitui em importante ponto turístico, pela vista privilegiada
que oferece da cidade, especialmente do núcleo histórico. Não obstante, a serra dos
Cristais vem sendo ocupada, e é necessário deter urgentemente esse processo. Para
isso, além dos instrumentos legais e da atuação mais incisiva do Poder Público local, é
preciso que se faça uma ampla discussão com a sociedade, evidenciando os impactos
negativos dessa ocupação indevida, que prejudica a imagem, a qualidade ambiental e,
portanto, o potencial turístico de Diamantina.

Faz-se necessária também, sob a ótica da valorização do acervo histórico de


Diamantina, a complementação da rede subterrânea, pois existem ainda no núcleo
tombado algumas ruas onde a fiação elétrica interfere negativamente na paisagem
histórica, como é o caso da Rua da Glória, local do passadiço, um dos principais
símbolos da cidade.

Em virtude de seu valor histórico e arquitetônico, bem como da sua perspectiva de uso
enquanto equipamento cultural e turístico, a restauração do Clube Social da Praça de
Esportes, de autoria de Oscar Niemeyer, apresenta-se também bastante estratégica.
De grande beleza plástica, o prédio deverá abrigar um museu de arte, com espaços
para exposições e apresentações culturais. A proposta é que venha abrigar uma
exposição permanente sobre a obra do arquiteto em Diamantina, permitindo ao turista
uma melhor compreensão e valorização da convivência que existe na cidade entre a
arquitetura moderna de Niemeyer e o conjunto histórico colonial. Outra edificação que
está necessitando urgentemente de restauração é o antigo prédio da cadeia de
Diamantina. Situado num belo largo, ao lado da Igreja do Rosário, encontra-se
bastante degradado, interferindo negativamente na paisagem, destoando do estado
geral de conservação do conjunto tombado. O prédio pertence ao governo estadual e
foi cedido, por comodato, à Prefeitura de Diamantina, que tem projeto de instalar ali
um cine-teatro-café, ampliando assim a oferta de atrativos e de equipamentos de
apoio turístico.

Além do núcleo urbano da sede do município, deve ser destacado como de grande
interesse para o turismo o conjunto arquitetônico e paisagístico de Biribiri, tombado
pelo IEPHA/MG em 1998. Localizada próxima a Diamantina, Biribiri foi uma das
primeiras comunidades fabris criadas em Minas Gerais, em 1890. Com a desativação
da Companhia Industrial de Tecelagem, a localidade perdeu sua população, porém,
mantém preservado o seu conjunto urbano, com destaque para a Igreja do Sagrado
Coração de Jesus, um pequeno templo em estilo neoclássico, circundado por adro
murado em balaustrada e arborizado com altas palmeiras. O povoado está localizado
numa região com vários atrativos naturais, inclusive o próprio Parque Estadual do
Biribiri, e configura-se em produto turístico, já ocorrendo o aluguel de casas para
temporada. O estado geral de conservação é bom, apesar de serem necessárias
algumas obras de conservação na igreja. Além dessas obras, tornam-se necessárias a
realização de um plano de conservação preventiva para o conjunto tombado e a
instalação de equipamentos de segurança e combate a incêndio. Recomenda-se,
ainda, em virtude do interesse turístico, a elaboração de um projeto de resgate
histórico, agenciamento e sinalização interpretativa e educativa.

De modo geral, o conjunto arquitetônico da cidade do Serro também apresenta bom


estado de conservação, devendo-se ressaltar, no entanto, que as ações de
conservação preventiva devem ser constantes. O terreno acidentado exigiu esteios
muito longos, que sofrem a ação das chuvas e também do cupim de solo que, apesar
das imunizações, sempre volta a atacar, principalmente os pisos e a parte estrutural
próxima do chão. A falta de esgoto é outro problema que interfere negativamente no
bem tombado. No âmbito do Programa Monumenta/BID está prevista uma série de
projetos para o núcleo tombado, desde obras de restauração e paisagismo até
intervenções em infra-estrutura, como é o caso da urbanização dos córregos do
Vintém e do Lucas. Algumas edificações, contudo, que necessitam de obras de
conservação e restauração não estão contempladas nas ações desse Programa. A
esse respeito, destaca-se a Chácara do Barão do Serro, principalmente por ser um
dos monumentos turísticos mais visitados da cidade. Outra obra que se faz necessária
é a instalação de rede subterrânea, uma vez que a fiação aérea interfere
negativamente na paisagem histórica do núcleo tombado.

De grande interesse para o desenvolvimento do turismo, têm-se ainda, no município


do Serro, os distritos de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, que vêm
recebendo um número cada vez maior de turistas, em virtude de seu patrimônio
histórico e cultural, mas principalmente de seus atrativos naturais. Ambos possuem
imóveis tombados pelo IEPHA/MG, que necessitam de obras de restauração de
elementos artísticos e conservação preventiva, como a Igreja Matriz de Nossa
Senhora dos Prazeres, em Milho Verde e a Igreja de São Gonçalo, no distrito de São
Gonçalo do Rio das Pedras. Com o objetivo de evitar a descaracterização da
paisagem histórica e natural desses povoados, bem como impactos nocivos para a
população local, deverão ser tomadas medidas que garantam um constante
monitoramento do turismo nessas áreas, assegurando-se a sua sustentabilidade.

Por sua importância histórica no contexto do Vale do Jequitinhonha, Minas Novas é a


terceira cidade do Pólo com maior relevância em termos do patrimônio histórico e
cultural. Ainda mantém preservados diversos testemunhos do apogeu econômico que
experimentou no passado, destacando-se pela singularidade de seus exemplares da
arquitetura colonial. O “Sobradão”, tombado em nível federal, é considerado o mais
alto edifício de adobes e esteios erguido no Brasil. A Igreja de São José, também
tombada pelo IPHAN, destaca-se por ser o único exemplar conhecido no país de
partido octogonal da época colonial.

O centro histórico é formado praticamente por uma única rua. Existem edificações de
interesse que ainda não foram objeto de medidas de proteção, como a Igrejas de
Nossa Senhora do Amparo e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. A primeira foi
reformada pela paróquia em 1997, sofrendo várias descaracterizações.
O processo de adensamento do núcleo da cidade vem sendo responsável pela
demolição das edificações de interesse histórico e por sua substituição por
construções de arquitetura contemporânea, descaracterizando a sua ambiência e
reduzindo paulatinamente o seu potencial em termos do turismo histórico e cultural.
Minas Novas possui apenas seis imóveis tombados pelas diferentes esferas de
governo, requerendo-se um esforço conjunto dos órgãos de proteção e da sociedade
para evitar que o desgaste do tempo, aliado à falta de recursos e ao adensamento
desordenado da cidade, venha prejudicar ainda mais esse patrimônio de Minas e do
Brasil. Com a elaboração do Plano Diretor Municipal, uma das exigências
estabelecidas pelo PRODETUR/NE II, recomenda-se atenção especial ao setor,
mediante a adoção de instrumentos e medidas urbanísticas que venham garantir, em
consonância com o desenvolvimento socioeconômico, a preservação do patrimônio
histórico-cultural da cidade. Essa ação deve ser estendida a todos os municípios da
Área de Planejamento, devido ao seu valor estratégico em termos da sustentabilidade
do turismo.

É importante ressaltar que o patrimônio cultural de Minas Novas não se restringe às


edificações históricas. Destaca-se, ainda, por suas manifestações culturais, como é o
caso das festas do Divino Espírito Santo, do Rosário e do Carnaval – que é
responsável por atrair um grande número de visitantes – e, sobretudo, pelo artesanato,
realizado a partir de diversos materiais, como argila, madeira e algodão.

As obras de restauração arquitetônica do Sobradão, projeto do Governo de Minas


Gerais, visando à instalação do Museu Regional do Vale do Jequitinhonha,
interrompidas por falta de recursos, devem ser consideradas estratégicas para o
desenvolvimento do turismo no Pólo. Além do belíssimo acervo de peças do
artesanato do Vale do Jequitinhonha, o projeto do Museu contempla a instalação de
uma loja que além de contribuir para a divulgação e comercialização dos produtos do
artesanato da região, incluindo outros municípios com produtos de qualidade, como é
o caso de Capelinha e Turmalina, possibilitará a articulação com os agentes locais,
implementando uma política mais sistemática para esse importante setor, cujo
interesse é inegável em termos turísticos. Além do Sobradão, as capelas de São José
e São Gonçalo e a Igreja Matriz de São Francisco, monumentos tombados em Minas
Novas pelo IEPHA/MG, também necessitam de intervenção, pois se encontram em
estado precário de conservação.

Couto de Magalhães de Minas também se destaca na área do patrimônio histórico e


cultural pela presença de duas igrejas do século XVIII, as quais, apesar de seu
formato singelo, possuem elementos artísticos de grande relevância: a Igreja Matriz de
Nossa Senhora da Conceição, com magnífico forro atribuído a José Soares de Araújo,
e a Igreja do Senhor Bom Jesus do Matozinhos, também com diversos elementos
decorativos e belos forro. Ambas estão tombadas pelo IEPHA/MG. Essas duas igrejas
necessitam de intervenção. O forro da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos foi retirado
pelo IEPHA/MG, que ainda não teve condições de restaurá-lo, devido à falta de
recursos. Dada a sua importância enquanto atrativos turísticos, inclusive para a
viabilização dos roteiros que estão sendo previstos, recomenda-se a restauração
dessas duas igrejas. O município possui, ainda, na zona rural, o conjunto arquitetônico
de São Gonçalo das Canjicas, povoado que foi ocupado inicialmente por escravos que
trabalhavam na extração do diamante. Tombado pelo município, este conjunto
aparece entre os atrativos histórico-culturais da Área de Planejamento. Seu estado de
conservação é bom. Ainda não é objeto de visitação turística, mas para ter esse uso
será necessário promover um trabalho de monitoramento, com o objetivo de evitar a
sua descaracterização e impactos nocivos para a comunidade local.

Outro povoado que aparece entre os atrativos histórico-culturais da Área de


Planejamento é o de Penha de França, distrito de Itamarandiba, que, além do núcleo
histórico possui também diversos atrativos naturais. Apenas a Igreja da Penha
encontra-se tombada pelo município, sendo que o mesmo deveria ser feito para o
conjunto arquitetônico e paisagístico. Para esse mesmo caso, recomenda-se que o
desenvolvimento do turismo seja feito em consonância com medidas que evitem a sua
descaracterização e impactos nocivos para a comunidade local. É importante
mencionar que a partir desse diagnóstico foi elaborado pelo IEPHA projeto técnico
visando à reabilitação integrada do distrito, com o objetivo de preservar o seu
patrimônio histórico e ambiental.
Os demais monumentos existentes na Área de Planejamento aparecem no inventário
da oferta turística como atrativos de abrangência local e regional, não sendo capazes
de atrair por si mesmos fluxos intensivos de turistas.

Como já mencionado, parte significativa dos atrativos da região encontra-se tombada


pelos municípios. No âmbito do diagnóstico do documento principal do PDITS, foram
feitas recomendações mais específicas, buscando solucionar os problemas verificados
em cada conjunto ou imóvel tombado, assim como algumas proposições acerca da
gestão municipal do patrimônio cultural.5 Para que possam obter os repasses do
ICMS, pelo critério do patrimônio cultural, os municípios têm de apresentar o dossiê de
tombamento e um laudo técnico acerca do estado de conservação do bem. Ressalte-
se que não se considera, para efeito de pontuação, o bem que apresentar por dois
anos consecutivos laudo de vistoria comprovando estado de conservação precário,
estimulando o município a investir na restauração desses bens.

Grande parte dos atrativos levantados não tem ainda qualquer espécie de proteção.
Dada a sua relevância local, justifica-se apenas o tombamento pelo município, algo a
ser trabalhado com as cidades da Área de Planejamento, de modo a contribuir para a
preservação dos mesmos e a promoção do turismo na área.

Para a execução das ações do PRODETUR/NE II, sobretudo no que diz respeito à
valorização e promoção das manifestações culturais do Vale do Jequitinhonha, além
das administrações municipais e das diversas entidades locais, pode-se contar
também com a participação das instituições de ensino e pesquisa da região, sobretudo
a Universidade Federal de Minas Gerais, cuja presença se dá principalmente a partir
do Centro de Geologia Eschwege, em Diamantina, que vem desenvolvendo o
Programa Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha.

A possibilidade de obter recursos por meio do PRODETUR/NE II para a realização das


obras de restauração mais urgentes e consideradas de maior importância para o
desenvolvimento do turismo na região não contempladas nos programas e projetos já
existentes afigura-se como de extrema relevância, inclusive pelo seu efeito
multiplicador, abrindo novas possibilidades de investimento no patrimônio cultural da

5
E que constam do Volume 4 – Patrimônio Histórico e Cultural, do PDITS.
região. Contudo, apesar da existência de diversas edificações tombadas que
necessitam de obras de restauração, nem todas se enquadram nos critérios de
elegibilidade estabelecidos pelo PRODETUR para a avaliação de projetos de
recuperação do patrimônio histórico, sendo necessárias outras fontes de
financiamento, assim como o estabelecimento de parcerias entre os órgãos públicos,
os proprietários e a comunidade em geral.

1.5 Aspectos socioambientais

A Área de Planejamento possui um quadro natural peculiar e diversificado,


conformando paisagens de rara beleza cênica, as quais, muitas vezes, fazem pano de
fundo a inúmeras cidades e vilarejos do século XVIII que as complementam,
atribuindo-lhes grande bucolismo.

A manutenção dessas características, em particular da flora específica dos campos de


altitudes, do pouco que resta de Mata Atlântica, juntamente com a proteção dos
inúmeros cursos d’água ainda cristalinos que vertem das vertentes do Espinhaço, irá
favorecer o aproveitamento desse potencial para o desenvolvimento do turismo
voltado para a natureza e outras modalidades relacionadas, como o turismo esportivo
e o de aventuras. Isso já vem sendo feito de forma incipiente, mas não planejada, sem
os cuidados necessários para corrigir e prevenir os impactos negativos ao meio
ambiente da atividade turística.

A par dessas condições naturais únicas, a região é favorecida pelo número expressivo
de Unidades de Conservação, correspondendo, aproximadamente, a 25% da área
total dos municípios. São ao todo 14 Unidades de Conservação nas modalidades de
proteção integral e uso sustentável,6 distribuídas em oito municípios, conforme
explicita o QUADRO 1.1.

6
Como Unidade de Conservação de Proteção Integral são conhecidas as UC que tem como objetivo
básico preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com
exceção dos casos previstos na Lei 9985/2000. Unidades de Conservação de Uso Sustentável são
aquelas em que o objetivo básico “é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável
de parcela dos seus recursos naturais”. (Lei 9985/2000).
QUADRO 1.1
Áreas das Unidades de Conservação de Proteção Integral e de Uso Sustentável nos municípios da Área
de Planejamento

Unidades de Conservação de
Municípios Área (em ha)
Proteção Integral (1)
Estação Ecológica de Acauã Turmalina e Leme do Prado* 5.197,77
Parque Nacional Sempre Vivas Diamantina, Bocaiúva* e Olhos d'Água* e 124.000,00
Buenópolis
Parque Estadual do Rio Preto São Gonçalo do Rio Preto 10.755,00
Parque Estadual do Pico do Itambé Serro, Serra Azul de Minas* e Santo 4.700,00
Antônio do Itambé*
Parque Estadual da Serra Negra Itamarandiba 13.654,00
Parque Estadual do Biribiri Diamantina 16.998,66
Área total do grupo 175.305,43
Unidades de Conservação de Uso
Municípios Área (em ha)
Sustentável (2)
Área de Proteção Ambiental Águas Couto de Magalhães de Minas, 76.310,00
Vertentes Diamantina, Felício dos Santos, Rio
Vermelho*, Sto. Antônio do Itambé*, Serra
Azul de Minas* e Serro

Área de Proteção Ambiental do Rio Couto Magalhães de Minas 8.933,00


Manso
Área de Proteção Ambiental Santa Diamantina 13,00
Polônia
Área de Proteção Ambiental do Rio Turmalina 26.782,00
Araçuaí
Área de Proteção Ambiental Minas Novas 31.622,00
Nascentes do Rio Capivari
Área de Proteção Ambiental Felício Felício dos Santos 11.476,00
Reserva Particular do Patrimônio Diamantina 180,00
Natural Fazenda Cruzeiro
Reserva Particular do Patrimônio Diamantina 4.502,00
Natural Campos de São Domingos

Área total do grupo 159.818,00


Área total das UC de proteção integral 335.123,43
e de uso sustentável

Fonte: SEMAD/IEF/IBAMA – Agosto de 2003.


Elaboração: Fundação João Pinheiro
* Município que não integra a Área de Planejamento

Apenas Capelinha não possuía nenhuma Unidade de Conservação à época dos


levantamentos de campo realizados pela Fundação João Pinheiro. Entre essas
Unidades, merecem destaque o Parque Nacional Sempre-Vivas, em fase inicial de
implantação, quatro parques estaduais – Itambé, Biribiri, Serra Negra e Rio Preto,
estando este último já aberto à visitação – e a APA estadual Águas Vertentes.7

Apesar de essas condições tenderem a favorecer o desenvolvimento do turismo, a


região convive com passivos ambientais e com atividades antrópicas que vêm
impactando negativamente o meio ambiente. Entre essas, destacam-se a atividade
mineradora, que tem se desenvolvido sem o uso de técnicas adequadas de manejo,
gerando um quadro de degradação para os recursos hídricos; os permanentes
desmatamentos para formação de pastagens e ampliação de áreas de cultivo,
comprometendo o pouco que resta de Mata Atlântica na porção sudoeste da região; e
os desmatamentos do Cerrado para a produção de carvão sem plano de manejo,
constituindo ameaça para espécies com risco de extinção.

Deve-se ressaltar, também, que a implantação de grandes áreas de reflorestamento


com espécies homogêneas, em particular nas chapadas situadas no nordeste da Área
de Planejamento, além de seus impactos sociais negativos nas comunidades locais de
pequenos produtores rurais, gerou impactos no meio ambiente, comprometendo a
biodiversidade da região. Nesses reflorestamentos, nem mesmo as áreas legalmente
protegidas foram poupadas.

Acrescenta-se, ainda, o quadro precário de saneamento ambiental vigente na maioria


dos municípios, em particular quanto a abastecimento de água, esgoto e resíduos
sólidos, o que não só representa ameaça às condições de vida da população, como
compromete gradativamente a qualidade dos recursos hídricos da região.

Em síntese, podem ser destacados os seguintes pontos fortes e fracos relacionados


às condições ambientais da Área de Planejamento que podem ser inibidores ou
propiciadores do turismo sustentável.

7
Ressalta-se que os parques estaduais Biribiri, Itambé e Rio Preto estão com seus planos de manejo em
fase de conclusão, sendo elaborados com recursos do Ministério do Turismo, como contrapartida do
Governo Federal no PRODETUR-NE-II. (Elaboração a cargo da empresa de consultoria STCP –
Engenharia – Consultoria – Gerenciamento, sob a responsabilidade da SEMAD/IEF).
Pontos fortes:

• diversidade de ecossistemas naturais, destacando-se as paisagens características


da serra do Espinhaço, com sua rica e diversificada flora de campos rupestres,
conformando cenários de grande beleza, relativamente bem preservados, situados nas
proximidades dos centros de destino turístico, Diamantina e Serro;

• predominância de um clima ameno, com estações bem definidas no seu período


seco sendo que fora os períodos de maior pluviosidade que não ultrapassam a três
meses do verão, o fluxo turístico é favorecido por um longo período de estabilidade
climática;

• existência de um número expressivo de Unidades de Conservação, o que, além dos


atrativos naturais que abrangem, cria pré-condições institucionais para a proteção
ambiental; e

• número expressivo de atrativos naturais em toda a Área de Planejamento,


favorecendo uma distribuição equilibrada dos fluxos turísticos e o desenvolvimento do
ecoturismo.

Pontos fracos:

• não consolidação entre os atores sociais e na sociedade civil, de modo geral, dos
princípios do desenvolvimento sustentável, expondo os ecossistemas naturais a
constantes e permanentes impactos negativos, provenientes das atividades
antrópicas;

• quadro acentuado de pobreza da população rural, exercendo pressão de exaustão


sobre o meio natural, pela inexistência de alternativas de sobrevivência e pelo
desconhecimento de técnicas adequadas de manejo sustentável;

• desmatamento de matas nativas para a produção de carvão e para a expansão da


agropecuária;

• elevado índice de turbidez no rio Jequitinhonha e Manso, devido à atividade da


mineração;
• situação deficitária do saneamento ambiental na maioria dos municípios, com
destinação inadequada dos resíduos sólidos e lançamento in natura nos cursos d’água
dos efluentes de esgotos domésticos, industriais e da atividade rural, comprometendo
a qualidade dos recursos hídricos, representando ameaça para inúmeros atrativos
turísticos;

• elevado déficit hídrico na região, com a presença de vários cursos d’água secos;

• situação incipiente de implementação das Unidades de Conservação, com


ocorrência de conflitos de uso (por exemplo, a ocupação da Serra dos Cristais) e
ausência ou deficiências de infra-estrutura e de processo de gestão (em particular, as
Unidades de Conservação municipais foram criadas apenas visando a benefícios
fiscais, permanecendo desestruturadas e sem modelos de gestão);

• fragilidade institucional, tanto em nível dos municípios como do estado, sem recursos
humanos e meios necessários não só para fiscalizar, mas, sobretudo, para exercer um
trabalho de caráter educativo para implementar os princípios do desenvolvimento
sustentável;

• desconhecimento por parte das comunidades do potencial turístico representado


pelos atrativos naturais;

• atrativos turísticos não estruturados, implicando impactos diretos no meio ambiente,


ocasionados por visitantes, prejudiciais ao desenvolvimento do turismo sustentável,
destacando-se: poluição das águas de balneários, descaracterização da vegetação do
seu entorno e destinação inadequada de resíduos sólido; e

• deficiente infra-estrutura de acesso a inúmeros atrativos, inviabilizando seu uso para


o turismo.
1.6 Capacidade institucional

O diagnóstico acerca do desenvolvimento institucional da Área de Planejamento teve


como meta, no conjunto dos estudos feitos, identificar potencialidades e limitações,
ações, processos e diretrizes necessários à institucionalização de políticas municipais
de gestão.

Considerou-se como aspectos relevantes para a compreensão do diagnóstico


institucional nos municípios pesquisados o grau de capacidade de gestão,
planejamento, administração e implementação de políticas, como também a
capacidade de gestão das atividades turísticas, tendo como referência os seguintes
parâmetros para a avaliação da capacidade institucional dos municípios:

• Baixa capacidade institucional

– fragilidade nas ações de planejamento, execução, controle e avaliação de planos,


programas e projetos;

– fraca atuação quanto à aplicação de mecanismos de controle e fiscalização,


notadamente nas áreas financeira e de vigilância sanitária;

– baixa participação no controle urbanístico, na preservação ambiental e no


desenvolvimento social e econômico; e

– fragilidade na política de desenvolvimento institucional da Prefeitura, principalmente


com relação às políticas de pessoal.

• Média capacidade institucional

– ações parcialmente integradas, buscando apoios e parcerias para as políticas


públicas;

– existência de interação e integração com a sociedade local, os cidadãos e as esferas


de governo;
– articulação com os municípios vizinhos e busca parcial de soluções para problemas
comuns;

– ações parcialmente integradas para o processo de institucionalização da Prefeitura;


e

– razoável planejamento, execução, controle e avaliação das políticas públicas.

• Alta capacidade institucional

– desenvolvimento integral das ações políticas e administrativas para a efetividade das


ações e do aumento da qualidade de vida da população;

– integração satisfatória das ações entre o Poder Público local e a sociedade, as


instâncias regionais e os demais níveis de governo;

– clareza, transparência e eqüidade na arrecadação e aplicação dos recursos públicos


em planos e programas demandados pela população; e

– aplicação do planejamento como diretriz para a execução dos programas públicos.

Essa capacidade institucional foi estudada através de seis grandes agregados acerca
das políticas públicas locais:

a) desenvolvimento institucional das administrações municipais, com relação a


estruturas organizacionais, quadros de pessoal e planos de carreira, recursos
materiais e tecnológicos;

b) finanças municipais, compreendendo: análise dos tributos próprios, processos de


arrecadação, cobrança da dívida ativa, políticas e instrumentos de orçamento e de
gestão financeira, operacionalização das articulações, dos controles e da fiscalização;

c) planejamento urbano e infra-estrutura de obras e serviços;

d) saneamento, preservação ambiental e saúde;


e) desenvolvimento e integração social (educação, esporte e lazer), políticas culturais
e de apoio ao turismo, desenvolvimento e ação social, e infra-estrutura de
abastecimento alimentar; e

f) desenvolvimento econômico e do turismo.

Considerou-se que no conjunto do planejamento, execução, controle e avaliação das


políticas públicas nos municípios analisados existe baixa capacidade institucional para
10 das 14 políticas públicas analisadas. Em 4 delas, tem-se média capacidade
institucional: obras públicas, saúde, educação, esporte e lazer.

Em síntese, o levantamento de dados do diagnóstico institucional, aliado às


inferências analíticas e aos quadros de indicadores dos municípios pesquisados,
mostra uma realidade de baixa e média capacidade institucional em relação às
respostas requeridas de projetos inovadores, com baixo fomento às parcerias, à
geração de recursos e à integração local e regional, necessários à alavancagem de
processos de desenvolvimento econômico e social, geração de emprego e renda, e,
conseqüentemente, melhoria da qualidade de vida da população.

Os dados são demonstrativos de uma cultura gerencial com ações pouco integradas,
em que as fragilidades na condução de processos de planejamento e de
racionalização de esforços resultam em perdas em economia e eficácia, com
conseqüência nos resultados e no custo-benefício para os cidadãos.

As finanças municipais sinalizam para uma linha de dependência dos recursos


transferidos de outras esferas governamentais, com pouca sustentação para que os
municípios e a região possam alavancar, de imediato, uma ação inovadora para o
turismo.

Como nenhum dos municípios apresenta “alta capacidade institucional” em suas


ações, o diagnóstico aponta para a necessidade da análise e reversão de
expectativas, em que a estruturação do Plano Diretor e do Plano Setorial de Turismo
mais o envolvimento político e institucional das administrações municipais com a
sociedade e a iniciativa privada induzem ao suporte necessário ao desenvolvimento do
turismo sustentável.
1.7 Capacitação do setor privado envolvido com o setor turístico

A oferta cada vez mais abrangente e qualificada de equipamentos e serviços mais a


sua maior adequação às exigências e gastos dos turistas estão entre os principais
elementos dinamizadores da demanda. Como as ações de incremento e melhoria da
oferta de serviços dependem, essencialmente, de iniciativas dos empresários,
procurou-se conhecer e analisar o perfil, a cultura, os valores e os comportamentos
destes atores sociais, tendo em vista a identificação de ações de apoio, orientação,
assistência, formação e capacitação.

As pesquisas revelaram que, no geral, trata-se de empresários da própria região


(84,35%) (o Serro é o único município que apresenta maior percentual de empresários
de outras regiões, 36,36%); possuem no máximo o 2º grau de escolaridade (79,34%);
e estão na faixa etária entre 31 e 59 anos (69,39%).

A mão-de-obra empregada no setor apresenta capacitação ainda mais baixa que a


dos empresários (51,02% têm até o 1º grau e 89,12% possuem no máximo o 2º grau).

O associativismo na região revela-se frágil, com pouca participação do empresariado e


pouca eficácia na prestação de serviços aos seus associados. Apenas 16,33% dos
empresários participam ativamente de associações e 28,57% têm pequena
participação. No entanto, quando questionados sobre a importância do fortalecimento
do associativismo para melhorar a atividade empresarial da região, 54,43% dos
empresários responderam Muito importante e 24,49%, Importante.

Essas respostas revelam uma mudança radical no conceito dos empresários: o


associativismo atual, praticamente inexistente e ineficaz, se fortalecido, poderá tornar-
se um elemento dinamizador do desenvolvimento da atividade empresarial. Portanto,
há confiança e crença no associativismo, na parceria, na colaboração, na integração
de esforços, na interação dos agentes e na participação solidária de toda a
comunidade. Este é um recurso valioso no processo de desenvolvimento.

A investigação sobre os aspectos comercial e operacional dos estabelecimentos


também teve que se restringir à percepção e informações dos próprios empresários,
pela dificuldade de obtenção de dados quantitativos sobre os negócios privados. De
forma geral, o empresariado resiste em fornecer informações que possibilitem a
dedução de margem de lucratividade de seus negócios, temendo ações fiscalizadoras.
Este temor é ainda mais acentuado no caso de pequenas empresas, a despeito dos
esforços dos pesquisadores em esclarecer a natureza apenas técnica da pesquisa.

As respostas à indagação aberta sobre os principais problemas do abastecimento


fazem referência especial aos preços de alimentos e bebidas, em geral, e,
especificamente, a produtos hortifrutigranjeiros e carnes. Existem várias referências à
longa distância da CEASA de Belo Horizonte. Dentre os participantes, 48,98%
consideram difícil o abastecimento em seus negócios.

Outra constatação diz respeito à baixa integração das empresas turísticas locais às
redes usuais de comercialização do produto turístico (somente 20,41% das empresas
estão integradas). A solução desta deficiência implicará o incentivo à implantação de
estabelecimentos que propiciem maior integração da cadeia produtiva do setor. É
importante oferecer aos turistas a possibilidade de obter informações e, até mesmo,
adquirir antecipadamente os serviços de que irá necessitar durante sua visita à área.
Este aspecto revela a inexistência de estratégias de marketing com vistas à maior
integração do destino com os mercados identificados.

Ainda com relação à estratégia de marketing, observa-se a predominância de rádio


local como o veículo mais utilizado pelo conjunto de empresários pesquisados
(45,45% utilizam este veículo), exceto em Diamantina, Serro e Felício dos Santos. Em
Diamantina, 72,22% utilizam outros veículos, com destaque para a Internet. No Serro
e Felício dos Santos, é significativo o percentual dos que usam o folheto. No caso de
publicidade por meio de rádio e jornal, no geral, há referência expressa ao uso de
veículos locais. A abrangência apenas regional ou local das ações de divulgação e
propaganda empreendidas é pouco eficaz para atingir o público-alvo se a pretensão
for desenvolver o turismo em nível nacional.

Sobre investimentos futuros do setor privado, a quase totalidade dos pesquisados


manifesta intenção de realizar melhorias ou novos empreendimentos no setor (80%).
O tema dos recursos e dos investimentos é uma chave para o planejamento e a
execução de qualquer atividade, incluindo a turística. É impossível realizar qualquer
projeto ou plano de desenvolvimento turístico sem o aporte dos recursos financeiros e
humanos necessários à sua execução. Os empresários da Área de Planejamento têm
conceitos claros a esse respeito e apresentam predisposição para contribuir com
recursos próprios em projetos que, entendem, deverão contar também com recursos e
investimentos de terceiros. A expectativa sobre a possibilidade de serem atraídos
recursos e investimentos de fora é considerada “grande” para mais de 80% dos
empresários. Deverão ser, portanto, projetos realizados num esquema de ampla
parceria, com oferta de linhas de crédito acessíveis ao setor privado da região. Na
eficácia destas parcerias repousa a garantia do sucesso do programa.

1.8 Produtos turísticos e atrativos

1.8.1 Metodologia de construção do inventário da oferta turística, sistema de


classificação e hierarquia dos atrativos

Para a construção deste diagnóstico, realizou-se o Inventário da Oferta Turística para


todos os municípios da Área de Planejamento, utilizando a metodologia da
EMBRATUR, baseada no modelo da OEA, revisada em outubro de 1993. Houve
alteração somente no detalhamento e forma de apresentação de alguns itens dos
formulários, acrescidos das informações necessárias à elaboração do PDITS.8

8
Seguindo esta metodologia, os atrativos turísticos foram classificados nas seguintes categorias e tipos:
naturais: montanhas, planaltos e planícies, hidrografia, quedas d’água, fontes termais e hidrominerais,
unidades de conservação ambiental, grutas e cavernas, parques e áreas de caça e pesca; histórico-
culturais: sítios, edificações, obras de arte, instituições culturais; manifestações culturais: festas e
celebrações, gastronomia típica, artesanato, música e dança, feiras e mercados; realizações técnicas
e científicas contemporâneas: mineração, agropecuária, indústria, obras de arte e técnica e centros
científicos e técnicos; e acontecimentos programados: congressos e convenções, feiras e exposições
e realizações diversas.
Os atrativos foram hierarquizados também por meio da metodologia da EMBRATUR.
A avaliação e a hierarquização dos recursos turísticos permitem definir a importância
atual e futura de um atrativo em relação a outro de características semelhantes. Tal
processo baseou-se nos elementos de descrição dos formulários e na documentação
visual obtidos no levantamento feito em campo.9 Ao final, chega-se ao índice do
atrativo, que se insere em uma das seguintes hierarquias:

Hierarquia I – de 3,26 a 4,00 – Atrativo turístico de excepcional valor e grande


significado para o mercado turístico internacional, capaz, por si só, de motivar
importantes correntes de visitantes, atuais ou potenciais, tanto internacionais como
nacionais.

Hierarquia II – de 2,51 a 3,25 – Atrativo turístico muito importante, em nível nacional,


capaz de motivar uma corrente, atual ou potencial, de visitantes nacionais ou
internacionais, por si só ou em conjunto com outros atrativos contíguos.

Hierarquia III – de 1,76 a 2,50 – Atrativo turístico com algum interesse, capaz de
estimular correntes turísticas regionais e locais, atuais ou potenciais, e de interessar
visitantes nacionais e internacionais que tiverem chegado por outras motivações
turísticas.

Hierarquia IV – de 1,00 a 1,75 – Atrativo turístico complementar a outro de maior


interesse, capaz de estimular correntes turísticas locais.

1.8.2 Hierarquização e caracterização dos atrativos

Foram inventariados 384 atrativos na Área de Planejamento. Desses, a maioria (125)


está na categoria histórico-cultural, dos quais 50 são tombados, o que demonstra que

9
A hierarquização foi realizada pelos profissionais que fizeram os levantamentos em campo e pelos
coordenadores dos trabalhos, obedecendo aos critérios constantes da metodologia da EMBRATUR.
Para tanto, foram considerados os valores intrínsecos – como beleza cênica, importância ambiental,
cultural, histórica e social – e extrínsecos – como localização, acessibilidade, meios de transporte,
equipamentos e serviços turísticos oferecidos – dos atrativos, conforme os pesos e as ponderações
especificados no item 3.8 do Diagnóstico do PDITS.
a região tem um apelo histórico-cultural significativo, concentrado principalmente nas
cidades de Diamantina e Serro. Destaca-se também a beleza cênica da paisagem
regional, com atrativos de interesse turístico inseridos no conjunto de paisagens
características da serra do Espinhaço (112). Ressaltam-se, ainda, a riqueza e a
diversidade da cultura regional, seja no artesanato – em que peças em cerâmica e o
tapete arraiolo são reconhecidos internacionalmente –, nas festas e comemorações
tradicionais e folclóricas, populares e/ou cívicas, na música e dança ou ainda na
gastronomia típica (123). Foram inventariados acontecimentos programados (22) e
realizações técnicas e científicas contemporâneas (2), destacando-se o Festival de
Inverno da UFMG, realizado em Diamantina, que atrai um grande fluxo de turistas para
a cidade.

A distribuição dos atrativos inventariados por município da Área de Planejamento


consta das TAB. 1.8 a 1.13 e FIG. 1.3 a 1.7.

TABELA 1.8
Número e tipo de atrativos por município da Área de Planejamento do Pólo Turístico do Vale do
Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003

Realizações
Total de Histórico- Atrativos Manifestações Acontecimentos
Município técnicas e
atrativos culturais Naturais culturais Programados
científicas

Capelinha 23 7 5 10 1 0
Couto de M. de Minas 31 10 8 12 1 0
Diamantina 106 46 22 30 7 1
Felício dos Santos 11 0 8 3 0 0
Itamarandiba 29 10 11 6 2 0
Minas Novas 42 12 13 16 1 0
S. Gonçalo do R. Preto 23 5 6 6 6 0
Serro 89 29 28 29 2 1
Turmalina 30 6 11 11 2 0
TOTAL 384 125 112 123 22 2

Fonte: Pesquisa de campo realizada em 2003.


Elaboração: Turminas/Setur. Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estudos Econômicos e Sociais
(CEES).
TABELA 1.9
Atrativos histórico-culturais e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do Pólo Turístico do
Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003

Histórico- Hierarquia
Município
culturais 1 2 3 4 S/H
Capelinha 7 0 0 0 7 0
Couto de Magalhães de Minas 10 0 0 3 7 0
Diamantina 46 1 14 24 7 0
Felício dos Santos 0 0 0 0 0 0
Itamarandiba 10 0 0 1 9 0
Minas Novas 12 0 0 7 5 0
São Gonçalo do Rio Preto 5 0 1 0 4 0
Serro 29 0 11 10 8 0
Turmalina 6 0 0 0 6 0
TOTAL 125 1 26 45 53 0

Fonte: Pesquisa de campo realizada em 2003.


Elaboração: Turminas/Setur. Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estudos Econômicos e Sociais
(CEES).

FIGURA 1.3 – Atrativos histórico-culturais e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do Pólo
Turístico do Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003.
TABELA 1.10
Atrativos naturais e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do Pólo Turístico do Vale do
Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003

Atrativos Hierarquia
Município
Naturais 1 2 3 4 S/H
Capelinha 5 0 0 1 4 0
Couto de Magalhães de Minas 8 0 0 3 5 0
Diamantina 22 0 0 12 10 0
Felício dos Santos 8 0 0 2 3 3
Itamarandiba 11 0 0 2 7 2
Minas Novas 13 0 0 3 5 5
São Gonçalo do Rio Preto 6 0 1 2 2 1
Serro 28 0 0 6 12 10
Turmalina 11 0 0 1 8 2
TOTAL 112 0 1 32 56 23

Fonte: Pesquisa de campo realizada em 2003.


Elaboração: Turminas/Setur. Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de
Estudos Econômicos e Sociais (CEES).

FIGURA 1.4 – Atrativos naturais e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do Pólo Turístico
do Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003.
TABELA 1.11
Manifestações culturais e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do Pólo Turístico do Vale
do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003

Manifestações Hierarquia
Município
culturais 1 2 3 4 S/H
Capelinha 10 0 0 4 3 3
Couto de Magalhães de Minas 12 0 0 7 2 3
Diamantina 30 0 7 9 3 11
Felício dos Santos 3 0 0 1 2 0
Itamarandiba 6 0 0 1 0 5
Minas Novas 16 0 0 3 1 12
São Gonçalo do Rio Preto 6 0 0 5 0 1
Serro 29 0 3 8 9 9
Turmalina 11 0 0 5 3 3
TOTAL 123 0 10 43 23 47

Fonte: Pesquisa de campo realizada em 2003.


Elaboração: Turminas/Setur. Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estudos Econômicos e Sociais
(CEES).

FIGURA 1.5 – Manifestações culturais e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do Pólo
Turístico do Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003
TABELA 1.12
Acontecimentos programados e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do Pólo Turístico do
Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003

Acontecimentos Hierarquia
Município
Programados 1 2 3 4 S/H
Capelinha 1 0 0 0 1 0
Couto de Magalhães de Minas 1 0 0 0 1 0
Diamantina 7 0 1 5 0 1
Felício dos Santos 0 0 0 0 0 0
Itamarandiba 2 0 0 0 2 0
Minas Novas 1 0 0 0 0 1
São Gonçalo do Rio Preto 6 0 0 3 3 0
Serro 2 0 0 2 0 0
Turmalina 2 0 0 1 1 0
TOTAL 22 0 1 11 8 2

Fonte: Pesquisa de campo realizada em 2003.


Elaboração: Turminas/Setur. Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de
Estudos Econômicos e Sociais (CEES).

FIGURA 1.6 – Acontecimentos programados e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do


Pólo Turístico do Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003.
TABELA 1.13
Realizações técnicas e científicas contemporâneas e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento
do Pólo Turístico do Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003
Realizações Hierarquia
Município técnicas e
científicas 1 2 3 4 S/H
Capelinha 0 0 0 0 0 0
Couto de Magalhães de Minas 0 0 0 0 0 0
Diamantina 1 0 0 1 0 0
Felício dos Santos 0 0 0 0 0 0
Itamarandiba 0 0 0 0 0 0
Minas Novas 0 0 0 0 0 0
São Gonçalo do Rio Preto 0 0 0 0 0 0
Serro 1 0 0 0 1 0
Turmalina 0 0 0 0 0 0
TOTAL 2 0 0 1 1 0

Fonte: Pesquisa de campo realizada em 2003.


Elaboração: Turminas/Setur. Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estudos Econômicos e Sociais
(CEES).

FIGURA 1.7 – Realizações técnicas e científicas e hierarquia nos municípios da Área de Planejamento do
Pólo Turístico do Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais, 2003.
A maioria dos atrativos da Área de Planejamento enquadrara-se na hierarquia IV (141)
e III (132). Na hierarquia II, foram contabilizados 38 atrativos, sendo 1 em São
Gonçalo do Rio Preto – o Parque Estadual do Rio Preto – e a grande maioria
relacionada a atrativos histórico-culturais e manifestações culturais em Diamantina e
Serro. O Conjunto Arquitetônico da Cidade de Diamantina enquadrou-se na hierarquia
I. Os atrativos de hierarquia I e II, de maior valor turístico, indicam o turismo histórico-
cultural associado a atrativos naturais, como a marca do turismo da região. Não foram
hierarquizados 72 atrativos, seja por impossibilidade de visitação para verificação, falta
de informações que servissem de subsídios para o cumprimento dos critérios ou
natureza dos atrativos e da metodologia empregada.

Os dados confirmam a concentração dos atrativos em Diamantina e no Serro,


sobretudo os de maior valor turístico, fato para o qual contribui a importância de seus
conjuntos históricos e paisagísticos remanescentes do século XVIII, tombados pelo
patrimônio nacional.

Nos atrativos para os quais existem dados sobre o fluxo turístico, há registro de
visitação mais intensa nos fins de semana, feriados e férias escolares, indicando,
portanto, certa sazonalidade, o que acarreta um período de ociosidade tanto dos
atrativos quanto dos equipamentos de apoio turístico, prejudicando parcialmente o
aproveitamento do potencial turístico da região.

A existência de infra-estrutura e serviços aparece apenas em 15,2% dos atrativos


inventariados, resumindo-se, na maioria das vezes, a sanitários, telefones públicos,
ambulâncias, lanchonetes e, em alguns casos, acesso para deficientes e
equipamentos de segurança, revelando que os atrativos, em geral, não estão bem
preparados para receber os turistas.

Alguns dos principais atrativos turísticos da região – em especial, os distritos de Milho


Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras no Serro, e o distrito de Extração, em
Diamantina – localizados na Área principal de Planejamento e que também se
configuram como destinos turísticos têm acesso de terra precário e necessitam de
melhorias na sua pavimentação.
1.8.3 Produtos turísticos, demanda e relação qualidade/preço

As principais agências e operadoras que comercializam roteiros emissivos na região


são a CVC, a Andarilhos da Luz, a Saint Germain e a Wege-Eco Turismo. Foram
relacionadas apenas quatro agências de viagem e turismo nos municípios da Área de
Planejamento, todas elas localizadas em área urbana. Uma se localiza em Diamantina
e opera exclusivamente com turismo emissivo, enquanto as outras três (duas no Serro
e uma em Minas Novas) operam com receptivo, sendo que os poucos roteiros
oferecidos não cobrem toda a gama de atrativos da Área de Planejamento. Algumas
agências de Belo Horizonte (Saint Germain e Pampulha Turismo), São Paulo (CVC
Turismo) e Rio de Janeiro (ATS Turismo) operam roteiros na região, comercializando
alguns produtos, concentrados em Diamantina e Serro, normalmente restritos aos
núcleos históricos destas cidades.

Dentre os vários atrativos existentes na região, apenas 49 (13%) já são


comercializados por agências de turismo, configurando-se como produtos turísticos.
Dentre eles, 27 atrativos histórico-culturais, 13 atrativos naturais, 5 manifestações
culturais, 1 acontecimento programado e 1 é considerado realização técnica e
científica contemporânea. Este baixo percentual de produtos comercializados da
região, em face do número de atrativos existentes e de seu potencial de atração, pode
ser explicado por diversos fatores, como: dificuldades de acesso, limitações de infra-
estrutura geral e de visitação aos atrativos, falta de informações sobre os mesmos e
limitações de mercado.

Neste contexto, somente Diamantina e Serro destacam-se como produtos turísticos


atuais, atraindo fluxos de turistas regionais, nacionais e internacionais. Os demais
municípios possuem alguns produtos pontuais que podem ser trabalhados como
roteiros complementares ao núcleo Diamantina–Serro, permitindo que o turista
permaneça mais tempo na área e gere mais renda para todos. Dentre os demais
municípios, São Gonçalo do Rio Preto destaca-se como possível roteiro turístico
complementar ao núcleo Diamantina–Serro, pela presença de atrativos de hierarquia II
(Parque Estadual do Rio Preto e suas pinturas rupestres) e de certa infra-estrutura
turística em termos de oferta de hospedagem, alimentação e outros equipamentos,
além da sua proximidade a Diamantina (56km). Vários outros atrativos da Área de
Planejamento possuem potencial para se transformarem em produtos e serem
comercializados a médio (hierarquia III) e longo (hierarquia IV) prazos, desde que
supridas as deficiências em infra-estrutura e acesso.

O uso de pacotes turísticos é extremamente baixo e só ocorre para os municípios de


Diamantina e Serro, que apresentam relação qualidade/preço compatível com o
mercado e com destinos concorrentes, como as cidades de Ouro Preto e Mariana,
considerando-se as distâncias destes destinos a Belo Horizonte. Pelas entrevistas
realizadas com agências de viagens sediadas em Belo Horizonte e que operam
roteiros para Diamantina, os produtos turísticos locais satisfazem às expectativas dos
turistas, principalmente os atrativos histórico-culturais e as manifestações culturais
ligadas à música, como a Vesperata.

Ainda que ofereçam preços compatíveis e satisfaçam às expectativas dos turistas, os


produtos de Diamantina e Serro poderiam ser mais bem projetados e comercializados,
tanto na capital mineira quanto em outros centros, como São Paulo e Rio de Janeiro,
se os acessos a esses centros fossem melhorados e as distâncias fossem reduzidas e
as distâncias reduzidas. Nesta perspectiva, a atratividade do Pólo Turístico do Vale do
Jequitinhonha pode ser imensamente favorecida com a pavimentação da MG 010
entre Conceição do Mato Dentro e Serro,o que reduziria a distância entre a capital
mineira e a Área de Planejamento em aproximadamente 100 km.

1.8.4 Segmentos turísticos com potencial

A Área de Planejamento se caracteriza pelo forte apelo histórico, principal motivador


de fluxos turísticos. Porém, outros segmentos da atividade turística podem e devem
ser desenvolvidos como forma de aumentar a demanda e a oferta de atrativos, bem
como o tempo de permanência do turista na região.
O ecoturismo e as atividades ligadas à prática de esportes de aventura, embora ainda
não atraiam grandes fluxos para a região, têm um grande potencial, marcado pela
presença de diversos atrativos naturais e de Unidades de Conservação. Além disso, a
Área de Planejamento possui uma rica e diversificada cultura, manifestada
principalmente por meio do artesanato típico do Vale do Jequitinhonha, reconhecido
por sua singularidade e riqueza de detalhes, e pelas festas e celebrações cívicas e
religiosas.

Há também na região um potencial expressivo para a prática do agroturismo e do


turismo rural como atividade complementar, uma vez que nos municípios da Área de
Planejamento são fabricados vários produtos agrícolas, como: queijo, rapadura,
requeijão moreno, quitandas, doces e cachaça, que podem integrar roteiros para que o
turista conheça os processos de sua fabricação.

1.8.5 Produtos e atrativos turísticos complementares

Tendo em vista o diagnóstico de que a Área de Planejamento conta com um número


bastante incipiente de produtos comercializados em face dos atrativos e do potencial
existentes, torna-se necessário desenvolver roteiros complementares para esses
atrativos, visando a aumentar e diversificar a oferta turística, de modo a obter-se maior
período de permanência do turista na região.

Nesse sentido, foram sugeridos alguns roteiros (descritos no item 3.8 do PDITS) que
poderão ser comercializados, desde que preparados de forma adequada, e contando
que as deficiências em infra-estrutura e equipamentos turísticos sejam supridas.
Roteiros complementares deveriam ser criados, divulgados e comercializados em
todos os municípios para garantir maior retorno econômico aos mesmos.
1.8.6 Produtos e atrativos turísticos: Principais conclusões

Para que se explore de forma mais efetiva o potencial da grande diversidade de


atrativos existentes na Área de Planejamento, é necessário trabalhar as principais
restrições identificadas nesta seção, quais sejam:

• sanar as deficiências dos atrativos em geral (acesso, sinalização turística, infra-


estrutura e serviços, condições de conservação e preservação);

• atenuar a sazonalidade do turismo na Área de Planejamento mediante a realização


e divulgação de eventos em períodos de baixa demanda;

• divulgar os roteiros já existentes e consagrados pela demanda regional em


agências de outros estados e mercados emissivos;

• diversificar e ampliar a oferta turística, a partir da preparação e comercialização de


outros atrativos e roteiros turísticos complementares aos já existentes; e

• melhorar o sistema de turismo receptivo da Área de Planejamento,


comercializando produtos de todos os municípios.da região.

1.9 Qualidade e oferta de alojamento e outros equipamentos e serviços de apoio


ao turismo

Descreve-se abaixo a situação identificada na pesquisa relativa aos alojamentos e


demais equipamentos e serviços turísticos dos municípios da Área de Planejamento,
envolvendo os aspectos e as variáveis demandados no termo de referência do PDITS.

• Alojamentos hoteleiros

Referem-se a hotéis em geral, pousadas, lodges, hospedarias, pensões e apart-


hotéis.
Foram identificados 71 alojamentos na categoria de meios de hospedagem,
representando um universo de 889 unidades habitacionais e 2.015 leitos, gerando uma
média de 28 leitos por alojamento.

Diamantina tem 29,57% da oferta de alojamentos, seguido por Serro (22,53%),


Capelinha (9,87%), Itamarandiba (8,44%), São Gonçalo do Rio Preto (8,44%)
Turmalina (8,44%), Minas Novas (5,63%), Felício dos Santos (4,23%) e Couto de
Magalhães de Minas (2,87%).

Foram identificadas apenas 5 unidades habitacionais especiais, adaptáveis para


deficientes físicos, sendo 3 em Turmalina e 2 em Diamantina, o que denota a falta de
condições dos alojamentos para receber turistas com necessidades especiais.

Não há alojamentos filiados a cadeias nacionais ou internacionais. Apenas alguns, em


Diamantina (8) e Serro (5), são classificados pela EMBRATUR ou pelo Guia 4 Rodas.

A taxa média anual de ocupação na Área de Planejamento alcança 56,19%, sendo


53,41% na baixa temporada e 65,63% na alta, revelando que há oferta disponível de
alojamentos.

A média de permanência do turista na Área de Planejamento é de 2,5 dias.


Diamantina, São Gonçalo do Rio Preto e Serro apresentam as maiores médias, dada a
sua maior atratividade turística e por possuírem alojamentos e equipamentos de
melhor qualidade.

A média de preços da diária simples, com café da manhã para 2 pessoas é de


R$31,37, demonstrando que a hospedagem na Área de Planejamento é relativamente
barata.

Para os empresários do setor, 49,5% dos estabelecimentos encontram-se em bom


estado de conservação, 31,6% estão em estado regular e 9,4% estão mal
conservados. Não há dados disponíveis em 9,5% dos casos.

As necessidades de modernização mais solicitadas pelos proprietários e/ou


responsáveis pelos alojamentos hoteleiros referem-se à capacitação de funcionários
(44,7%), reforma e/ou ampliação dos estabelecimentos (34,2%) e aquisição de
equipamentos (21,1%).

A tecnologia de informática para a venda de diárias ainda é pouco difundida, sendo


mais utilizada como canal de comunicação para sugestões e reclamações por um
contingente muito pequeno de empreendimentos (apenas 18%).

A distância entre os municípios da região dificulta o desenvolvimento e a expansão do


turismo em Capelinha, Itamarandiba, Minas Novas e Turmalina, pois a grande maioria
dos atrativos e dos equipamentos e serviços encontra-se no eixo Diamantina, São
Gonçalo do Rio Preto e Serro, fazendo com que o turismo ali seja mais difundido.

A Área de Planejamento oferece bons hotéis e pousadas, principalmente em


Diamantina, Serro e São Gonçalo do Rio Preto, com serviços de boa qualidade e
funcionários mais preparados para receber e atender bem os turistas. Porém, existem
falhas no setor de alojamentos hoteleiros, que precisam ser sanadas. As maiores
deficiências apuradas pelas pesquisas dizem respeito a qualidade do atendimento e
dos serviços prestados, baixa capacitação de funcionários, equipamentos
inadequados e infra-estrutura em geral.

• Alojamento extra-hoteleiro

São caracterizados por flats, camping, colônia de férias, albergues da juventude e


motéis.

Existem 4 alojamentos, sendo 1 motel em Diamantina e 3 campings, localizados em


Capelinha, São Gonçalo do Rio Preto (no Parque Estadual do Rio Preto) e Serro.
Apenas o de Capelinha se encontra em mal estado de conservação.

Devido à grande oferta de atrativos naturais, os campings constituem alternativa de


alojamento para os turistas que buscam o ecoturismo e o turismo de aventura como
opção de lazer. O desenvolvimento de novos campings e o melhor aproveitamento dos
existentes poderão diversificar a demanda e a oferta de serviços de apoio ao turismo,
gerando empregos e renda para os municípios. Para tanto, deve-se considerar a
distância em relação aos atrativos e centros urbanos, os meios de acesso e as
condições ambientais gerais que determinarão a viabilidade desses empreendimentos,
bem como realizar os necessários estudos e medidas mitigadoras concernentes aos
seus impactos ambientais.

• Serviços de alimentação

Compreendem os restaurantes, pizzarias, choperias, cervejarias, bares, lanchonetes,


casas de chá, confeitarias, sorveterias e quiosques, dentre outros.

Foram identificados 52 estabelecimentos, com capacidade para 2.548 clientes. O total


de refeições servidas/dia é de 1.241, o que dá uma média de 137,9 refeições/dia por
município. Esses estabelecimentos têm condições de receber mais clientes do que
atendem e o preço médio das refeições é relativamente baixo.

Existem bons estabelecimentos gastronômicos, sobretudo em Diamantina e Serro.


Muitos necessitam de melhorias nos serviços prestados e na qualidade da comida que
servem, bem como de reformas e ampliações das instalações.

Recomenda-se que os restaurantes, de modo geral, divulguem e incorporem mais ao


seu cardápio a gastronomia típica do Vale do Jequitinhonha.

• Agências de viagens e turismo

Foram identificadas 4 agências de viagem e turismo, sendo 1 de turismo emissivo,


localizada em Diamantina, e 3 de receptivo, sendo 2 no Serro e 1 em Minas Novas.

Com o aumento do fluxo turístico para a região, como conseqüência da implantação


do PRODETUR/NE II, será necessário ampliar os serviços já existentes, bem como
abrir estabelecimentos que prestem serviços de turismo receptivo, especialmente em
Diamantina, como forma de garantir a complementaridade dos atrativos existentes nos
9 municípios da Área de Planejamento.

• Locadoras de veículos

Na Área de Planejamento, foram identificadas apenas 2 locadoras de automóveis,


sendo 1 em Turmalina e 1 em Diamantina.
Atualmente, a oferta deste serviço está equilibrada em relação à demanda, mas com o
incremento da atividade turística espera-se o incremento desse serviço.

• Transportadoras

Foram identificadas 6 transportadoras, sendo 2 em Capelinha, 2 em Diamantina, 1 em


Felício dos Santos e 1 em Itamarandiba, que, juntas, empregam 41 pessoas.

Os serviços caracterizam-se por fretamentos/aluguéis de ônibus e vans para passeios


e viagens turísticas, além de transporte de passageiros entre as cidades da região. Os
serviços oferecidos pelas transportadoras locais ainda são incipientes e necessitam de
melhorias para atender melhor à demanda turística que se pretende para a Área de
Planejamento. Há deficiências no transporte rodoviário municipal e intermunicipal nos
quesitos conforto e segurança.

• Animação e entretenimento

Refere-se às atividades de recreação e desportivas e aos estabelecimentos noturnos.

Foram identificados 37 estabelecimentos relacionados a este quesito que empregam


69 pessoas nos 9 municípios da Área de Planejamento. Minas Novas é o município
mais privilegiado, com 7 estabelecimentos. Esses estabelecimentos normalmente são
utilizados para jogos entre times esportivos, torneios locais e lazer.

Foram identificados 11 estabelecimentos noturnos – 5 boates ou discotecas, 3 salões


para dança e 3 casas de shows – que, juntos, empregam 42 pessoas em 7 dos 9
municípios (com exceção de Felício dos Santos e Serro).

• Artesanato

Vinte e nove estabelecimentos, incluindo as associações de artesãos, comercializam o


rico artesanato da região. Diamantina detém 41,3% desse contingente, seguida por
Serro (20,7%), Couto de Magalhães de Minas (17,2%), Minas Novas (13,8%),
Capelinha e São Gonçalo do Rio Preto (3,5% cada). A renda dos artesãos pode
aumentar caso haja maior organização, associativismo, divulgação e pontos de venda
em alguns desses municípios.
• Circuitos

Como mencionado, 5 municípios da Área de Planejamento estão inseridos no Circuito


Turístico dos Diamantes (Diamantina, Serro, Couto de Magalhães de Minas, Felício
dos Santos e São Gonçalo do Rio Preto), o que deverá implicar maiores incentivos na
preparação e divulgação dos atrativos turísticos destes municípios e dos demais que o
integram, visando ao aumento do fluxo turístico e do tempo de permanência do turista
na região. O Programa Estrada Real, que pretende, mediante um conjunto de ações,
construir um grande corredor turístico, de imensas potencialidades econômicas nas
áreas do turismo histórico, cultural, de negócios, gastronômico, rural, religioso,
ecoturismo, saúde e esportivo às margens da Estrada Real, passa por Diamantina e
Serro, abrangendo também, em sua área de influência, Couto de Magalhães de Minas,
Felício dos Santos e São Gonçalo do Rio Preto.

• Outros serviços públicos de apoio ao turismo

Faltam serviços de telefonia fixa nos distritos de Diamantina e Serro e de telefonia


móvel em Couto de Magalhães de Minas, Felício dos Santos e São Gonçalo do Rio
Preto.

Os terminais rodoviários não contam com postos de informações turísticas. Há


ausência de terminais rodoviários em Couto de Magalhães de Minas, Felício dos
Santos e São Gonçalo do Rio Preto, enquanto o terminal rodoviário de Diamantina
encontra-se já defasado e inadequado para suportar maiores fluxos e prestar melhores
serviços aos usuários.

Há serviços de táxi nos municípios para a realização de corridas locais e


intermunicipais. Todavia, falta maior capacitação a esses condutores e conhecimentos
sobre a região.

A Polícia Militar está presente em todos os municípios da Área de Planejamento,


sendo que os serviços de segurança pública estão mais bem estruturados em
Diamantina. Apesar disto, há aumento sazonal da criminalidade. O único quartel do
Corpo de Bombeiros existente na área localiza-se em Diamantina e atende a 34
municípios.
Constatou-se a inexistência de abatedouros municipais na Área de Planejamento.

A inexistência de um centro de convenções de porte médio limita a captação de mais


eventos na região, que poderiam ajudar a reduzir a sazonalidade turística e a
desenvolver a atividade na região.

1.9.1 Recomendações

• Alojamentos hoteleiros e extra-hoteleiros, investimentos em capacitação e


treinamento de funcionários; melhoria e ampliação dos alojamentos e dos serviços
prestados e de sua infra-estrutura; aquisição de equipamentos, bem como sua
divulgação, o que, para a maioria dos proprietários, torna-se, muitas vezes,
inviável, devido ao custo elevado destes investimentos.

• Serviços de alimentação: investimentos na qualidade dos serviços prestados;


capacitação de funcionários e, em alguns casos, em infra-estrutura; divulgação de
pratos típicos para as agências de turismo e a população local.

• Agências de viagens e de turismo: investimentos na ampliação de seus serviços,


aumentando a oferta de atrativos a serem comercializados e a sua área de
abrangência; e maior divulgação dos serviços prestados e dos atrativos turísticos
da região.

• Locadoras de veículos e transportadoras: por estarem em uma região rica em


atrativos naturais e histórico-culturais, as locadoras de veículos e as
transportadoras locais poderiam ampliar os seus serviços para atender a uma
possível demanda para muitos desses atrativos, desde que sejam feitos
investimentos na qualificação e ampliação de suas frotas, além de trabalhar em
parceria com agências de turismo local e de outras regiões que operam roteiros
turísticos na Área de Planejamento.
• Animação e entretenimento: as atividades de recreação e as promoções
desportivas e torneios de alcance local e regional podem ser uma oportunidade a
mais para atrair turistas de origem local e/ou regional para a Área de
Planejamento. Os estabelecimentos noturnos poderiam ser uma importante fonte
de entretenimento para o turista, mas para tanto precisam estar bem estruturados.
É importante, portanto, incentivar a utilização desses estabelecimentos para
shows, festas, festivais de música e dança ou simplesmente como local de lazer.

Para sanar as carências apontadas, os proprietários de alojamentos hoteleiros,


estabelecimentos gastronômicos, agências de viagens, transportadoras e outros
empreendimentos podem recorrer a algumas alternativas. Órgãos como o BDMG e o
BNB disponibilizam linhas de financiamento para investimentos em construção civil,
incluindo instalações telefônicas, elétricas e hidrosanitárias, móveis e utensílios e
aquisição de veículos. Há também instituições que desenvolvem programas de
capacitação e treinamento de funcionários, como o SEBRAE e o SENAC. Além disso,
o Programa Estrada Real está disponibilizando linhas de financiamento para
investimento, modernização e ampliação de estabelecimentos ligados ao turismo, ao
longo da Estrada Real.

O fato de alguns municípios estarem inseridos no Circuito dos Diamantes e no


Programa Estrada Real denota uma oportunidade a mais de geração de renda e
desenvolvimento local. Porém, para que isso ocorra de maneira sustentável é
necessário que tanto os atrativos e produtos quanto os equipamentos de apoio ao
turismo estejam adequadamente preparados para receber os turistas.

Existe uma relação entre a atividade turística e os alojamentos e demais


equipamentos existentes. O aumento do fluxo ou demanda turística na Área de
Planejamento, com certeza, influenciará no crescimento deste setor e,
conseqüentemente, na geração de renda e empregos.

Portanto, sensibilizar a comunidade e os setores público e privado para as


oportunidades que se colocam para a realização de investimentos em melhorias nos
equipamentos e serviços de apoio turístico, no seu marketing e na divulgação dos
atrativos da região é fundamental para se desenvolver o turismo na Área de
Planejamento.

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