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I. AS RAÍZES DO FUNDAMENTALISMO CRISTÃO.

O fundamentalismo cristão como movimento histórico-teológico tem a sua base


na ortodoxia protestante do século XIX e nasce no próximo século com a proposta de
defendê-la do liberalismo teológico. Para uma compreensão melhor dessas raízes
apresenta-se o desenvolvimento da ortodoxia protestante e o surgimento do liberalismo
teológico.

1.1 – A Ortodoxia Protestante

Roger Olson (1999. p.571) chama atenção para o fato de que antes da
ascensão do liberalismo teológico não havia fundamentalismo, embora existisse a
ortodoxia protestante. Paull Tillch procurou diferenciar a ortodoxia protestante do
fundamentalismo e a exaltou sobre o mesmo. Na sua visão a ortodoxia foi um
movimento maior e mais serio enquanto o fundamentalismo não passava de “(...) uma
forma primitiva de ortodoxia clássica.” (1999. p.272).
Entende-se por Ortodoxia Protestante o período da história nos séculos XVII e
XVIII, logo após a Reforma, onde os teólogos protestantes sistematizaram a teologia
dos reformadores ( ). Aqui o termo ortodoxia, do grego orthodoxia (de orthos “certo”
e doxa “opinião”), que originalmente significa crença correta, é sinônimo de
confessionalismo.
Para esse período da teologia protestante também é aplicada a denominação
“escolasticismo”. O historiador J. Gonzalez apresenta três razoes porque se chama
“escolasticismo protestante” a esse período: Primeiro porque enfatizar a sistematização
do pensamento teológico. Segundo por utilizar como método a filosofia de Aristóteles
e por fim porque a teologia era produto das escolas, nascia nas universidades. (1999.
p. 113).
Vandermoler, comentando sobre o escolasticismo protestante, aponta vários
fatores como elementos decisivos no crescimento da ortodoxia protestante: Primeiro,
a educação formal. Os protestantes em busca de um pensamento sistemático na
época utilizavam o método aristotélico em suas instituições de ensino. Segundo, o uso
da razão. Os teólogos estavam mais abertos em usar a razão como meio de
desenvolver uma teologia coerente a partir de uma variedade de textos bíblicos que
pudessem ser compreendidos e ensinados. Em terceiro e ultimo lugar, a controvérsia
doutrinária. A fim de alcançar uma formulação doutrinária bíblica, os protestantes
se lançaram num forte debato teológico fazendo uso da lógica escolástica.
Segundo Gonzalez (1999. p.110), o escolasticismo protestante entrou em
declínio no final do século XVIII, mas deixou dois legados importantes: Seu espírito de
rigidez confessional, apontado por Vandemoler no parágrafo supracitado como um dos
elementos contribuintes no crescimento da ortodoxia, e a sua doutrina da inspiração
das Escrituras. Na busca da defesa da melhor confissão como expressão das
Escrituras os teólogos escolásticos, de acordo com Gonzalez, tendiam a aceitar como
cristãos aqueles que defendiam seus pontos doutrinários e excluíam aqueles que
divergiam do seu ponto de vista confessional.
Com o objetivo de rebater a transição oral católica os teólogos protestantes
enfatizaram a inspiração das Escrituras, defendendo que o Espírito Santo [“...] não só
disse aos autores o que tinham de escrever, mas também lhes ordenou que
escrevessem”. Gonzalez acrescenta que eles radicalizaram a questão ao ponto de
afirmarem que [“...] os autores bíblicos não foram mais que copistas ou secretários do
Espírito Santo”. Essa posição levou, no seu modo de ver, a enfatizarem a inspiração
da Bíblia letra por letra. Roger Olson alinha-se a Gonzalez nesse pensamento ao
declarar que a ortodoxia protestante foi marcada pela [“...] forte ênfase às Escrituras
como verbalmente inspiradas, proposicionalmente infalível e mesmo inerrante”. (1999.
p.571).
Um dos grandes representantes da ortodoxia protestante no século XVII,
defensor extremado da inspiração verbal das Escrituras, foi o teólogo reformado
Francis Turretin (1623 – 1687). Francis nasceu e morreu em Genebra, Suíça,
é considerado um legítimo representante do escolasticismo protestante calvinista. Sua
principal obra foi Institutio Theologia e Elenectica, um manual de teologia sistemática
publicado em 1688. (Valdermolen. 1990. P. 580).
Turretin exerceu forte influëncia na teologia da Escola de Princeton (E.U.)
através do seu primeiro professor Archibald Alexander (1772-1851) que herdou de
Turretin a fidedignidade das Escrituras e o uso da razão para compreender a verdade
cristã. Segundo Olson, a escola de Princeton “[...] traduziu o escolasticismo e a
ortodoxia protestante do tipo Turretin para o contexto norte americano do século XX e
criou os alicerces teológico e doutrinário que dariam origem ao fundamentalismo no
século seguinte”. (1999. p. 570).
Dos sucessores de A. Alexander o mais destacável foi o seu aluno C. Hodge ( ).
Hodge adotou como base da sua teológica sistemática o livro de Turretin; defendeu a
inspiração verbal das Escrituras e a sua infalibilidade; no confronto com os liberais,
emergentes na sua época, fez forte crítica aos mesmos chegando à condenação. Para
Olson, “[...] os conceitos de Hodge sobre teologia e a doutrina das Escrituras o tornam
um precursor do fundamentalismo do século XX”. (1999. p.570).
Os teólogos de Princeton, apesar de não preverem o surgimento do
fundamentalismo, lançaram as suas bases ao apresentarem o Cristianismo como
doutrina correta, enfatizarem a inspiração e inerrância da Bíblia e fazerem forte
oposição ao liberalismo. Todavia, eles eram possuidores de um alto nível acadêmico
o que os diferenciavam dos fundamentalistas posteriores. (Olson. 1999. p.575).
Percebe-se, portanto, que o fundamentalismo cristão teve suas raízes no
escolasticismo protestante do século XIX vivido pelos teólogos da escola de Princeton
que enfatizavam o conservadorismo teológico baseado no conceito de inspiração
bíblica. Com o surgimento do liberalismo o fundamentalismo sente-se herdeiro do
conservadorismo teológico e parte para a defesa do cristianismo.

1.2 – O Liberalismo Teológico.

A modernidade foi marcada pelo progresso intelectual decorrente de diversos


movimentos econômicos, culturais e sociais na historia da Europa desde o fim da idade
média. A Renascença trocou a visão teocêntrica do mundo por uma leitura
antropocêntrica da vida. Enraizado no progresso científico advindo do Renascimento
surgiu no século XVIII o iluminismo. Esse movimento iniciado na Inglaterra
e rapidamente difundido por quase toda Europa condenava entre muitos absolutismos,
o poder da igreja, pois esse poder baseava-se em verdades reveladas pela fé, que
conflitava com a autonomia intelectual defendida pelo racionalismo iluminista.
O Iluminismo tinha seu pressuposto filosófico baseado no Racionalismo de
Descarte, no Empirismo de Luck e no Pietismo alemão, que segundo Martin Dher
(2006) entre outros aspectos valorizava a experiência humana. O Iluminismo anunciava
que o homem havia chagado à maioridade e, portanto deveria se libertar de todas as
autoridades externas (Bíblia, Igreja e Estado). O homem era autônimo, guiado pela lei
interna, como dizia Kant. O mundo deixou de olhar para os seus modelos clássicos do
passado, para olhar para o futuro onde o ser humano seria capaz de tudo.
Os Iluministas sonhavam com um mundo perfeito, regido pelos princípios da razão,
sem guerras e sem injustiças sociais, onde todos pudessem expressar livremente seu
pensamento.
O surgimento do Iluminismo trouxe fortes mudanças para a humanidade.
A religião passou a ser olhada de outra forma. Os iluministas tinham uma visão deísta
de Deus, criam que Ele havia criado o mundo, mas entregue a direção da humanidade
a si mesma e à sua razão. A religião cristã foi reduzida a ética onde o seu o principal
papel era a educação moral da humanidade e não a doutrinação de dogmas que
estavam além da razão. O crivo científico prevaleceu sobre a Bíblia, a razão foi
elevada sobre a fé, pois o sobrenatural não era mais aceitável para uma mente
moderna.
A Ortodoxia Teológica com seu “escolasticismo” não mais trazia respostas ao
homem moderno. Era necessário reconhecer as reivindicações da mente moderna e se
reinterpretar a fé cristã à luz da nova mentalidade. No desejo de adaptar as idéias
religiosas à cultura e à nova forma de pensar surge assim o liberalismo teológico,
disposto a repensar a fé cristã e transformá-la em termos que pudesse ser
compreendida. Roger Olson (2001) na sua abordagem histórica da Teologia Liberal
observa:

Os Teólogos estavam convencidos de que a cultura humana tinha dado um


salto quântico de avanço com o iluminismo e que a própria existência do
Cristianismo ...mais do que uma religião folclórica dependia de sua atuação
para entrar em harmonia com o que havia de melhor no projeto de
modernidade do iluminismo ou seja a Teologia cristã precisava se modernizar
ou deixaria de ser religião popular com atrativos e influencias universais
(p.553).

Os teólogos liberais apoderaram-se do pensamento moderno como ferramenta


de interpretação das Escrituras e fizeram dele autoridade orientadora nas questões
religiosas. O sobrenatural foi negado e os dogmas clássicos foram desprezados ou
reinterpretados em busca de compatibilidade com a modernidade. (Olson. 2001. p.)
O primeiro teólogo a romper com os conceitos ortodoxos do Cristianismo e fazer
uma reconstrução das doutrinas cristãs foi o pastor Friedrich Daniel E. Schleimacher
(1768-1834) apontado por muitos como o pai do modernismo teológico. Schleimacher
nasceu em Breslan filho de um capelão militar reformado. Foi influenciado pelo
Pietismo quando estudante, em seguida alimentou-se o pensamento iluminista através
da filosofia kantiana e mais tarde associou-se ao movimento romântico, que fazia na
época oposição ao racionalismo iluminista.
Com o objetivo de fazer o Cristianismo aceitável entre os seus amigos céticos
escreveu a obra: Da Religião: Discursos Em Resposta Aos Críticos Cultos. Nela ele
procurou mostrar que a essência da religião não estava na prova racional da existência
de Deus nem nos dogmas ou ritos, mas no sentimento de dependência total de Deus.
(2000. Grenz. p.49).
Na sua reconstrução teológica abandonou os conceitos tradicionais dos atributos
de Deus referindo-se a eles como expressão do sentimento humano em relação
a Deus. Atribuiu a Deus a causa absoluta de tudo até do mal. Repudiou a realidade dos
milagres, negou a eficácia da oração por achar que isso implicava na dependência de
Deus ao homem. Enfatizou demasiadamente a imanência de Deus ao ponto de ser
acusado de panteísta, para ele “[...] Deus é o poder imanente que está em tudo mais
além de tudo que todas as distinções que o caráter da criatura impõe sobre
a existência”. (2000. Grenz. p.55).
Schleimacher rejeitou a Bíblia como autoridade absoluta e a enxergou
simplesmente como “[...] registro das experiências religiosas das comunidades cristãs
primitivas” desfazendo-se do conceito ortodoxo da inspiração e inerrância bíblicas.
(1999. Olson. P.560).
Na sua Cristologia apresentou Jesus como simples homem possuidor de uma
consciência de Deus mais elevada.
As idéias de Schleimacher, no comentário de W.A. Hoffocker (p.359), tiveram
ampla aceitação no século XIX e a sua influencia pode ser sentida não somente na
morte do deismo iluminista na Europa, mas também na acedência são do liberalismo
teológico nos E.U. no século seguinte, palco de debate entre liberais
e fundamentalistas.
Os Teólogos sucessores de Schleimacher sustentaram a sua linha de
pensamento teológico e de forma progressiva desfizeram da essência do Cristianismo,
negando a intervenção de Deus na história humana através da revelação sobrenatural.
Fizeram de Deus um produto da mente humana. Tomaram a Bíblia como um livro
revestido de mitos e lendas e sujeitaram à alta critica reduzindo-a a um documento
humano repleto de falhas sem inspiração divina. Descreram da historicidade de Cristo,
da sua divindade e dos seus milagres ao fazerem divisão entre o Jesus histórico e o
Cristo da fé, segundo eles produto da criação dos discípulos primitivos. Adotaram o
Cristianismo como uma religião entre as demais cuja missão era apenas ética. Deste
modo, no final do século XIX e inicio do século XX o Cristianismo foi despido dos seus
principais dogmas de fé e visto apenas como um empenho moral onde Cristo deixou de
ser o salvador dos homens e passou a ser um mero bom exemplo para a humanidade.
Augusto Nicodemos (2000) em seu artigo sobre Fundamentalismo resume
o pensamento teológico liberal destacando os seguintes pontos:

(1) O caráter de Deus é de puro amor, sem padrões morais. Todos os homens
são seus filhos e o pecado não separa ninguém do amor de Deus. A
paternidade de Deus e a filiação divina são universais. (2) Existe uma
centelha divina em cada pessoa. Portanto, o homem, no íntimo, é bom, e só
precisa de encorajamento para fazer o que é certo. (3) Jesus Cristo é
Salvador somente no sentido em que ele é o exemplo perfeito do homem. Ele
é Deus somente no sentido de que tinha consciência perfeita e plena de
Deus. Era um homem normal, não nasceu de uma virgem, não realizou
milagres, não ressuscitou dos mortos. (4) O cristianismo só é diferente das
demais religiões quantitativamente e não qualitativamente. Ou seja, todas as
religiões são boas e levam à Deus; o cristianismo é apenas a melhor delas.
(5) A Bíblia não é o registro infalível e inspirado da revelação divina, mas o
testamento escrito da religião que os judeus e os cristãos praticavam. Ela não
fala de Deus, mas do que estes criam sobre ele. (6) A doutrina ou
declarações proposicionais, como as que encontramos nos credos e
confissões da Igreja, não são essenciais ou básicas para o cristianismo, visto
que o que molda e forma a religião é a experiência, e não a revelação. A
única coisa permanente no cristianismo, e que serve de geração a geração, é
o ensino moral de Cristo. (p.03 )

A teologia liberal se propagou na Europa e na América do Norte pelos


seminários e denominações de forma vigorosa a ponto de surpreender os protestantes
tradicionais. A contrapartida logo veio como reação conservadora conhecida como
Fundamentalismo. (Olson. 2001).
Os fundamentalistas viram o liberalismo como uma grande ameaça ao
Cristianismo que precisava ser combatida e eliminada da sociedade norte-americana.
J. G. Machem, fundamentalista militante, via o liberalismo como uma religião diferente
do Cristianismo: “o principal rival moderno do Cristianismo é o liberalismo’, disse ele,
“um exame dos ensinos do liberalismo comparado aos do Cristianismo demonstrará
que todas as questões os dois são movimentos totalmente oposto.” Desta forma,
verifica-se que o liberalismo teológico oportunizou o nascimento do fundamentalismo,
sem esse o fundamentalismo nunca teria existido.
II. ASPECTOS HISTÓRICOS DO FUNDAMENTALISMO CRISTÃO

O fundamentalismo como movimento é assinalado por diversos fatos que


ajudam identificá-lo. Pretende-se, portanto, neste capitulo observar alguns desses fatos
que marcaram o surgimento e a evolução desse movimento. Será a principio,
trabalhado o nascimento do fundamentalismo e o seu desenvolvimento no contexto
norte-americano em seguida será abordado o fundamentalismo contemporâneo e os
seus desafios.

2.1 - O nascimento e o desenvolvimento do fundamentalismo.

O fundamentalismo refere-se ao movimento conservador defendido por pastores


e professores de denominações históricas que visavam defender a fé cristã da
influencia do liberalismo. Na definição de Olson ( ) o fundamentalista “é um cristão
que defende um corpo de doutrina conservadora dos ataques e das influencias
modernas exige e pratica a exclusão de quem pensa de forma liberal”.
Como foi visto no capítulo anterior o fundamentalismo como movimento
histórico-teológico nasceu após o surgimento do liberalismo teológico que teve como
base a Ortodoxia protestante do século XIX. A ortodoxia protestante foi marcada pelo
uso do método escolástico e pela ênfase na inspiração verbal e na inerrância bíblica.
A escola de Pinceton traduziu a ortodoxia protestante européia para o contexto norte-
americano e lançou as bases teológicas e doutrinarias que deram origem ao
fundamentalismo.
Na análise sociológica de Ivo Pedro Oro (1996. p.62) o fundamentalismo foi
gerado num contexto onde a sociedade cristã norte-americana viu o seu ideal de nação
eleita sendo ameaçado pelos males sociais oriundos da guerra civil, da escravidão, dos
novos imigrantes e pelo surgimento da teoria evolucionista darwiniana. Ele comenta:

Considerando o modernismo teológico como ameaça à unidade e à pureza da fé e a


existência do cristianismo e da civilização cristã, o conservadorismo o ataca como
inimigo da fé. Negando-lhe a validade, o conservadorismo erigiu-se a condição de ser
ele o cristianismo verdadeiro. Reafirmou a inspiração da Sagrada Escritura, passando
à sua interpretação literal. (1996. p.62)
Como movimento declarado o fundamentalismo surgiu entre os anos 1910 e
1915 no seio de algumas igrejas protestantes norte-americanas quando foi lançada a
série de 12 volumes denominada “Os Fundamentais: um testemunho para a verdade”.
Segundo Velasco a publicação da serie objetivava a sistematização da teologia
conservadora. ( ) Foram distribuídas gratuitamente três milhões de copias e logo
alcançou toda sociedade norte-americana.
Alguns temas foram considerados fundamentais. Segundo Carl.T. McIntire os
oitenta e três artigos englobavam os seguintes temas:

(1) Uma declaração e defesa apologética das principais doutrinas cristãs (e.g., Deus,
a revelação, a encarnação, a ressurreição, o Espírito Santo, a inspiração);
(2) Uma defesa da Bíblia contra a alta critica alemã;
(3) Uma critica a movimentos considerados não-cristãos (e.g., romanismo,
eddyismo, mormonismo, racionalismo, darwinismo e socialismo);
(4) Uma ênfase dada à evangelização e às missões;
(5) Uma amostra de testemunhos pessoais dados por pessoas que contavam como
Cristo operara em sua vida. (1992, p. 191).

P. Velasques afirma que o movimento só veio ser designado como


“fundamentalista” em 1919 na conferencia Mundial dos cristãos fundamentalistas.
(1999, p.122). Embora o termo “fundamentalismo” tenha sido inventado em 1895 na
Conferencia Bíblica em Niágara. (ORO, 1996. p. 59). Em 1920 o termo passou a ser
usado pelos batistas para se referirem àqueles que defendiam os pontos dos
fundamentos e logo se aplicou a todos que rejeitavam o liberalismo e se aliavam
teologicamente com o conteúdo dos Fundamentos.
Na observação de McIntire o fundamentalismo histórico passou por quatro fases
de expressão sempre mantendo o mesmo espírito, crença e método. A primeira fase do
movimento foi na década de 1920 cujo objetivo foi expulsar das fileiras das igrejas os
inimigos do protestantismo ortodoxo expressos nos oitenta e três artigos dos
Fundamentos. Logo após o lançamento da serie essa lista se tornou menor e os
fundamentos menos abrangentes. Mais tarde foi adicionado o pré-milenismo como
ponto fundamental, embora nem todos concordassem com ele. O principal objetivo era
atacar o naturalismo, o liberalismo e todos os males que eles traziam à sociedade
norte-americana. Os defensores dos fundamentos da fé se organizaram fora das
igrejas e dentro das denominações reafirmaram a inerrância bíblica como doutrina
fundamental. Politicamente procuraram promulgar leis federais e estaduais contra o
ensino da teoria evolucionista de Darwin por entender que contrariava a verdade
bíblica, levando o tema até aos tribunais como no caso Scopes em 1925. (1999.
p.188)
Pedro Oro declara que “(...) o fundamentalismo foi favorecido, cultural e
politicamente, pela crença popular de que os EUA eram uma nação fundada sobre
princípios bíblicos” e que o “(...) clima de pós-guerra favoreceu o avanço do
fundamentalismo, já que isso coincidia com um amplo sentimento nacional.” (1996.
p.62). Inicialmente o fundamentalismo foi mais forte entre os presbiterianos e batistas
conservadores, mas logo depois se projetou socialmente e se difundiu entre muitas
denominações protestantes.
Na segunda fase que vai de 1920 ao inicio dos anos 40 os
fundamentalistas fracassam na tentativa de expulsar os liberais das grandes
denominações. Embora os conservadores fossem maioria os fundamentalistas perdem
a batalha contra o evolucionismo. Nesse período o fundamentalismo se divide e
surgem novas igrejas e denominações. G. J. Machem, considerado líder do movimento
entre os presbiterianos rompe com a sua denominação e forma a Igreja Presbiteriana
Ortodoxa. São formadas diversas associações, juntas missionárias, seminários,
institutos bíblicos, conferências bíblicas e jornais com o objetivo de evangelizar e
defender a fé cristã.
Nessa fase o fundamentalismo é marcado pelo espírito separatista e anti-social,
McIntere declara que:

Durante este período, a lição teológica distintiva que os fundamentalistas ensinavam


era que representavam o cristianismo verdadeiro, baseado numa interpretação literal
da bíblia e que essa verdade devia ser expressa concretamente de modo
organizacional, separada de qualquer associação com liberais e modernistas.
Chegaram a vincular uma pratica separatista com a sustentação dos fundamentos da
fé. Identificam-se, também, com aquilo que acreditavam ser puro na moralidade
pessoal e na cultura norte-americana.” (1999. P.189)

2.2- O Fundamentalismo cristão hoje.

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